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2013
Conceito
1. Privar/Privatizar/Versatilizar
Um dos denominadores comuns das propostas avaliadas é a de possuírem
espaço condicionado:para além da área reduzida, esta condição implica na
versatilidade com que se usa o espaço domésticomas também no tipo de
serviços oferecidos. É corrente vermos associadas certas utilidades a
desafogo económico, mas que,sem ser luxos, sãoconfortáveis por permitirem
a não sobreposição de usos ou a simultaneidade dos mesmos. Uma lavandaria
evitaria o uso da cozinha no processo de tratamento da roupa, uma casa de
banho (banheiro) de serviço liberaria a principal de usos ligeiros
durante o período dos banhos, rentabilizando o espaço destinado a um
número limitado de pessoas. Neste caso estamos não só a contabilizar área
adicional, mas acabamentos e peças sanitárias adicionais, etc.
Legendas
Grivegnée (1953), Charles Carlier
Overschie, 1957, Van den Broek (1898 – 1978) e Bakema (1914 – 1981)
Complexo Zezinho Magalhães Prado, 1968, Fábio Penteado (1928), Vilanova Artigas
(1915 – 1985) e Paulo Mendes da Rocha (1928)
Cozinhar em Marselha: Corbusier faz perdurar este Tipo nas suas unidades
de habitação, mas interpretado de modo mais aberto: o balcão fronteiro à
cozinha e à sala possui uma abertura confortável e a parte superior do
mesmo consiste numa prateleira de fácil acesso. Melhora-se o contacto
entre os convivas, no que consiste numa evolução da cozinha
funcionalista: esta considera a preparação das refeições um acto único e
intervalado, que antecede o consumo, enquanto Corbusier admite que a
preparação faz parte do convívio, antes, durante e depois da refeição.
1.2.2. Passar pessoas…: o processo acima descrito tem ainda fortes raízes
funcionalistas, postura queesquecia um pouco a humanidade do habitante.
As suas necessidades de relacionamento eram descuradas num ideal de vida
asséptico, em que o objetivo era o ‘necessário’ e não o possível. Talvez
como reacção, talvez como reflexo de um modo de vida enraizado, outros
processos existem de tornar mais franca a relação entre cozinha e sala,
ou seja, entre as pessoas.
O modo de vida mais liberal dos nórdicos induziu a relações menos rígidas
entre os espaços da casa. No espaço comum da célula, onde se procura
interligar os espaços, começa a desenhar-se um Tipo queparece ser popular
no final dos anos 1950: uma cozinha corredor, perpendicular á fachada,
com uma zona para mesa junto desta, aberta para a sala de estar.Nuno
Portas identifica este Tipo (4), mas refere também que na Suécia é comum
guardar este espaço para refeições correntes, adicionando uma mobília de
jantar mais formal na sala comum (5).
Este exemplo oferece uma porta de correr que une os dois quartos
secundários. Mais do que providenciar uma passagem pretende-se criar um
espaço de brincar comum, mantendo o carácter recolhido da zona destinada
à cama.
1.4. Desvios
Propostas há que sobressaem pela sua singularidade, não pelo seu carácter
extremo ou experimental, mas por pequenas características que não
influenciam o carácter ‘vivível’ da célula (o que não é o caso de
determinadas utopias).
1.5. Concluindo
Dentro da mesma análise, outros temas foram sendo sugeridos (como por
exemplo o modo como a organização da casa manifestava a estrutura
familiar, real ou idealizada) que se formalizaram numa Tese de
Doutoramento ('A Célula Mínima na Experiência da Habitação de Custos
Controlados', Pedro Fonseca Jorge, Faculdade de Arquitetura da
Universidade do Porto, 2012). O fundamento deste trabalho não consistiu
em estudar habitação social para fazer habitação social, mas sim produzir
uma análise do século XX no âmbito do habitar (grande território de
experimentação), 'descobrindo' soluções empregues por variados autores
(conhecidos e desconhecidos na História 'oficial' da Arquitetura). Na
verdade, o objetivo subjacente foi o de encontrar soluções espaciais que
pudessem ser também usadas na habitação corrente, menos restringida no
espaço e no custo. Consequentemente, produzir casas mais racionais na
distribuição social e dotadas de mecanismos que se adaptassem a soluções
atuais.
notas
1
http//www.answers.com/topic/va-den-broek-bakema-2, [10.2008]
2
Kazuyo Sejima (1956) e Ryue Nishizawa (1966)
3
Tx/y, em que x é o número de quartos e y corresponde ao número de camas.
4
Portas, Nuno,‘A Habitação Social: proposta para a metodologia da sua
arquitectura’, Porto: Edições FAUP, 2004, 1.ª edição.
5
Portas, Nuno, ‘Funções e Exigências de Áreas da Habitação, Informação Técnica:
Edifícios’, Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Fevereiro de 1969
6
Bertil Engstrand e Hans Speek
7
Attilio Mariano e Carlo Perogalli
8
Bandeirinha, José António,‘O processo SAAL e a arquitectura no 25 de Abril de
1974’, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2007, ISBN: 978-972-8704-
76-6
9
Portas, Nuno, ‘Funções e Exigências de Áreas da Habitação, Informação Técnica:
Edifícios’, Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,Fevereiro de 1969
10
Portas, Nuno, ‘Funções e Exigências de Áreas da Habitação, Informação Técnica:
Edifícios’, Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Fevereiro de 1969
11
Portas, Nuno,‘A Habitação Social: proposta para a metodologia da sua
arquitectura’, Porto: Edições FAUP, 2004, 1.ª edição.
referências bibliográficas
Aymonino, Carlo, ‘La Vivienda Racional: ponencias de los congresos CIAM 1929-
1930’, Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1973.
French, Hilary, 'Key Urban Housing of the Twentieth Century', Londres: Laurence
King Publishing Ltd, 2008, pág. 38.
Teige, Karel, ‘The Minimum Dwelling’, Cambridge, Massachusetts: The MIT Press,
2002.
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