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A CASA PRAIEIRA: EXPERIÊNCIAS PROVENIENTES DA ARQUITETURA

VERNACULAR CEARENSE NA PROMOÇÃO DE UMA HABITAÇÃO COM


MELHOR CONFORTO TÉRMICO

Camilla Osugi Cavalcanti de Alencar1


Lucas Vinicius Oliveira Silva2
Lara Sousa Lira3

O trabalho busca trazer tanto uma reflexão sobre a arquitetura da atualidade como
expor as várias vantagens e abordagens da arquitetura vernacular cearense
conciliando o termo moradia e conforto térmico. A ligação com a construção do fazer
arquitetura e criação das técnicas construtivas contribui para a fundamentação da
abordagem das vantagens construtivas do vernacular na promoção do melhor
desempenho térmico das edificações, principalmente no nicho unifamilar. Essa
analise permite que um novo traço seja identificado: temos que fazer arquitetura
considerando a nossa cultura, pois na evolução do fazer foram encontradas soluções
para a melhoria do conforto ambiental.

Palavras chaves: vernacular; conforto térmico; arquitetura cearense.

1 Mestre, professora da Unifanor Wyden, camilaosugi@hotmail.com


2Estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unifanor Wyden,
lucas.oliveira1795@gmail.com
3 Estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unifanor Wyden, lara.jb@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO

A habitação é definida como local de moradia humana, onde nos protegemos


das intempéries do ambiente externo, seja eles naturais ou não, é formado por
estruturas fabricadas artificialmente por mão de obra humana, ou formas naturais
utilizadas com o mesmo propósito, como nos primórdios utilizamos as cavernas para
nos abrigar, é elemento básico para a vivencia humana, como mostra a Figura 6.“À
evolução humana passou a construir abrigos, casas e edifícios aliando a necessidade
de proteção e sobrevivência à beleza em um só ambiente” (SILVA; CHAVES, 2014).
Os conceitos atuais de habitação veem das concepções de espaço com a
idealização da cidade e seu conjunto formador, que caracterizam formas conjuntas de
habitações. A sociedade sempre significou termo determinante para a organização do
espaço, desde os primórdios da civilização a arquitetura e o urbanismo possuem
relevante importância na história do homem, exercendo formas de mudança do ser
humano perante a natureza.

Figura 1: Toca habitada na Serra da Capivara, Piauí, Brasil.


FONTE: Diniz, 2012

O habitar contemporâneo possui novas estruturas, não apenas no corpo físico


da moradia, mas em suas prioridades de utilização, as casas viraram apartamentos e
condomínios, a proteção ainda é a prioridade, mas agora tendo a realidade da
insegurança pública no qual os indivíduos devem se defender.
2.MÉTODOS UTILIZADOS
2.1 O panorama das tipologias habitacionais atuais

Os centros urbanos se multiplicam desenfreadamente e o aumento da


população a faz se concentra em áreas determinadas da cidade, o que causa diversos
problemas na sua estrutura organizacional e em seus traçados urbanos, provocando
uma mudança nos conceitos tradicionais de habitação, pois produzir habitação é
também produzir cidade e consequentemente implica em mudanças na prática da
arquitetura. (TRAMONTANO, 1998). Esse crescimento aliado a industrialização,
gerou a diversificação da sociedade. Já a modernização e a tecnologia abriram
fronteiras e permitiu a globalização unificando, de certa forma, o planeta, pessoas
separadas por milhares de quilômetros e com cultural totalmente diferenciadas
possuem o mesmo modelo de telefone, assistem a mesma programação através da
televisão e se comunicam via internet.
Baseado na unidade familiar contemporânea a residência atual, segue padrões
pessoais descaracterizados, seus hábitos mudaram, diferente de antigamente onde o
padrão familiar era praticamente o mesmo, formado pela autoridade paterna e por
laços conjugais, tendo em vista apenas a cultura da região, hoje em dia dá lugar, a
novos núcleos familiares heterogêneos onde diferentes pessoas, sejam da mesma
família ou agregados, convivem mesmo com culturas, gostos, ideais, divergentes e
permanecem em conjunto num mesmo elemento habitacional, ou como tem
aumentado à autonomia e independência do morar sozinho, a residência deixou de ser
apenas lugar de moradia, que se resumia a se abrigar, dormir, se proteger, agora novos
e diversificados usos são praticados dentro de casa, temos a redistribuição dos
ambientes de uma casa. (TRAMONTANO, 1998).
A arquitetura contemporânea possui caráter multifamiliar, a verticalidade
aumenta na visão das cidades, economia de tempo e espaço cada vez mais são
prioridades, aglomerar diversas famílias em apartamentos é cada vez mais comum,
pela praticidade que esse tipo de moradia gera, redefinindo o sistema de densidade,
circulação e formas de acesso dentro de uma cidade, nos deparamos com uma visão
plana apenas de muros altos e enclausurados, a vista só se olhar para cima dos
apartamentos cada vez mais altos.
As quantidades de apartamentos aumentam pela comodidade que trazem. O
preço elevado por espaços em áreas urbanas implica na diminuição de todos os tipos
de imóveis. Um único lote de terreno abriga dezenas ou centenas de famílias que
convivem em situações forçadas de intimidades, morando em cubículos mal
planejados, com pouco espaço e sem a vantagem de poder modificá-los.
Um novo panorama da habitação vem surgindo, o convívio de pessoas no
mesmo espaço tem novas possibilidades, esses mesmos buscam alcançar
determinados interesses em relação ao local onde moram, anseiam por praticidade e
comodidade, a casa deve ficar perto do trabalho, a localização e o entorno são
importantes, tudo isso requer um bom planejamento, estudo e adequação dos sistemas
projectuais.
Porém da mesma maneira que na casa vertical multifamiliar, existem novos
panoramas para o projeto de uma casa térrea unifamiliar contemporâneas. As diversas
tipologias habitacionais, todas elas exigem tecnologia em sua estrutura, os espaços
propostos devem articular de maneira livre, a casa deve responder de forma positiva
as necessidades humanas, esse conceito tão antigo da arquitetura vernacular, volta a
se afirmar no sistema construtivo atual de habitação agora com mais intensidade, pois
o aproveitamento natural deixou de ser apenas uma vantagem e se tornou uma
necessidade, uma prioridade.
A integração deve ser elaborada em conjunto, morador, ambiente, habitação,
sociedade e cidade. A forma de ocupação de uma residência em seu lote agora exige
bases da arquitetura sustentável, é de total relevância a adaptação de suas propostas
como construção aos anseios de preservação, com inovações em conceitos
construtivos. Tudo se refere ao compromisso que uma residência contemporânea deve
ter com o panorama ambiental atual.
É classificada como arquitetura contemporânea tudo que é produzido logo
após a pós- modernidade, dos anos 80 até hoje em dia, esse estilo é marcado por
tendências e readaptações dos estilos arquitetônicos anteriores, reinterpretando os
conceitos aprendidos no passado, não possui um segmento fixo, e utiliza de elementos
variados em sua composição, a sustentabilidade é uma das principais condicionantes
dessa arquitetura, levando em consideração as demandas globais, hoje se busca ao se
projetar uma habitação, técnicas que priorizem a integração entre a forma e a
tecnologia na adaptação de suas espacialidades, circulação, possibilidades de
aberturas, verticalidade, aproveitamento do ambiente externo. (BRAZIL, 2010)
A sensibilidade deve um ponto forte da contemporaneidade, a obra é sempre
bem pensada, sua utilização deve exercer um aproveitamento máximo, com isso as
funções que devem ser exercidas pela obra arquitetônica devem ser altamente bem
pensadas e adaptadas em seus conceitos, o uso de materiais de alta tecnologia,
associados a materiais rústicos e de princípios antigos numa mesma edificação,
mostra o contraste na formação dessa arquitetura.
A constante modificação no modelo familiar, do conceito de sociedade e do
panorama ambiental gera total necessidade de modificação na relação de habitação
contemporânea, o espaço da família é pensado juntamente com a autossuficiência
máxima que a casa pode exercer, a personalidade dos moradores deve estar presente
juntamente com condições de usos que respeitem seu redor e as características
naturais do local em que foi implantada.
Diversificada essa casa contemporânea segue para a adoção de elementos
vernaculares, com projetos que priorizam espaços integrados e que valorizam o
conforto ambiental necessário para uma habitação, potencializando seu uso e
proporcionando agradáveis sensações a seus moradores, os atuais profissionais já
adéquam esses elementos, muitos são simples, mas possuem excelente resultados,
técnicas tão usadas no passado, que respondem a diversas instancias no projeto de
novas residências, a releitura desses elementos aumenta as suas primordiais funções e
produzem melhores resultados, diminuindo os gastos de recursos
naturais,aproveitando as condições ambientais e reaproveitando materiais encaixando
perfeitamente o projeto no conceito de integração da sustentabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 A relação entre conforto térmico e e arquitetura vernacular

Um projeto que opte por soluções sustentáveis possui apenas perspectivas


vantajosas, os recursos escolhidos para serem utilizados podem atingir
aproveitamento máximo em diversas relações, inclusive uma considerável eliminação
no desperdício que ocorre em obras, seja o de materiais ou o de aproveitamento das
condições ambientais do entorno, onde o projeto será aplicado.
Segundo com os dados de Moxon (2012, p.64):

Desde a Revolução Industrial no século XIX, quase toda a geração de


eletricidade tem sido um processo poluente. Hoje, a maioria das estações
de energia continua a queimar carvão, petróleo e gás natural para gerar
70% da eletricidade global. Isso conduz à poluição do ar, na forma de
emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças
climáticas.

O consumo energético não para de crescer e as reservas naturais estão se


esgotando, o uso de combustíveis fósseis como carvão e petróleo promoveu a emissão
de uma inumerável quantidade de gás carbônico na atmosfera. Todo esse cenário foi
gerado por muitas das formas de obtenção de energia, essa dependência provocou o
aquecimento anormal do planeta que vem prejudicando os ecossistemas de plantas e
animais e mudando o período de chuvas gerando mudanças drásticas do clima em
diversas regiões do mundo. (MOXON, 2012).
É obvio que no sistema atual de vivencia humana, não abriríamos mão dos
prazeres que a energia artificial nos gera, porém todos os processos causados na
transformação da natureza por formas de energias não renováveis mostram a
necessidade de adoção de geradores de energias alternativas.
Segundo Moxon (2012) o uso de energia renovável em larga escala, tais como
hidroelétrica, eólica e solar, resolveriam muitos desses problemas, mas faltam
incentivos como investimento e infraestrutura para apoiar esses meios, além do mais
que nenhuma produção de eletricidade é totalmente inócua.
Devemos assumir a sistemas de baixo custo energético já que é inexistente
uma forma de geração de energia que não prejudique o meio ambiente, o impacto que
causamos a natureza só será reduzido através da diminuição de seu consumo. “Em
primeiro lugar, deve-se reduzir a demanda de energia na edificação por meio do
projeto bioclimático; depois optar por produtos com eficiência energética; finalmente,
assegurar que a demanda de energia remanescente venha de uma fonte renovável”
(MOXON, 2012 p.66). É preciso encontrar novos meios para que haja a participação
da sociedade na consciência do uso responsável de energia apresentando projetos
flexíveis a sistemas de economia e aproveitamento energético.
Deparamos-nos então com a alternativa de desfrutar o que a natureza nos
oferece, que vai muito além de apenas utilizar como forma de energias as que são
consideradas como limpas, devemos aproveitar a energia proveniente do meio em que
vivemos, construindo formas de elaboração para projetos residenciais que aproveitem
vento e sol e tudo que eles podem oferecer para um excelente desempenho no
condicionamento térmico da construção (MONTEIRO et al, 2008).
O conforto térmico representa um condicionante que influencia diretamente a
satisfação humana em relação ao ambiente e é extremamente importante que uma
residência proporcione sensações positivas de ventilação e iluminação, pois a
interferência negativa desses fatores implica no desempenho da atividade humana que
está sendo desenvolvida dentro de seu interior (MEDVEDOVSKI et al, 2005).
É papel da arquitetura, principalmente da residencial, adequar seus projetos as
necessidades básicas humanas buscando amenizar qualquer situação de formas rígidas
de desconforto, como as que são provocadas pelas ações externas naturais, permitindo
a obra proporcionar em seus ambientes e composições espaços confortáveis que
tragam tranquilidade e integração com o espaço ao ar livre e climatização agradável e
adequada.
Entre o edifício e o natural deve existir uma integração, desde a concepção do
projeto ate a execução da obra, os processos de sistemas de produção devem servir
como guias para uma elevada qualidade sustentável da edificação, tudo isso deve ser
trabalhado sobre a consciência ambiental, climática e da formação de uma
consciência do cliente já que o processo de produção é apenas a fase inicial da vida de
um projeto arquitetônico, onde as medidas sustentáveis adotadas na edificação
dependem da perpetuação da sua unidade, o que foi estabelecido como ideal em seu
princípio, que é manter detalhes construtivos que explorem fatores naturais a seu
favor.
Diante da ameaça eminente do aquecimento global e a enorme adoção da
mídia ao termo sustentabilidade, cresce a preocupação já existe parte da população
ciente de que devemos mudar os métodos de construir e o conceito de habitar, o
arquiteto deve se empenhar na busca de atrair relações entre humano e obra, devem
ser elaboradas condições de conforto térmico concebendo estratégias que equilibrem
ventilação e iluminação de forma agradável, que originem benéficos as
condicionantes do prédio. A adaptação de elementos característicos da arquitetura
vernacular no sistema de condicionamento térmico da edificação conduz um bom
caminho para promovendo por completo o aproveitamento do meio ambiente.
3.2 A casa praieira: experiência proveniente da arquitetura vernacular cearence
para a melhoria do conforto térmico

A arquitetura Cearense possui bases de caráter popular, constatando em duas


formas adaptativas climáticas concebendo em duas arquiteturas vernaculares
marcantes para a cultura e história do estado: a praieira e a do sertão, com conceitos e
realidades parecidos, pois são de um povo humilde que buscava sobreviver através do
que a natureza oferecia e com isso vinha à necessidade de adaptação ao meio em que
viviam condicionadas a intempéries climáticas.
A ideia de desenvolvimento de elementos que possibilitem a uma edificação a
alternativa de possuir sistemas de adaptação do vento e iluminação natural não é
nova, a relação entre a prática da arquitetura e esse tipo de aproveitamento é antiga e
rústica, o intuito de produzir sensações térmicas agradáveis no interior de uma
residência, sempre veio sendo desenvolvida por diversas culturas e no Ceará não foi
diferente, usamos como exemplo a cultura pesqueira e seu conceito de habitação, tão
marcante no nosso estado e ainda presente na vida de muitas famílias, o objetivo
dessa construção, feita com baixos recursos tanto financeiros quanto de mão de obra,
era a integração com o natural, como podemos verificar com o que foi dito por Lima
Júnior (2007, p. 57).

Poder controlar o meio, poder sobre os materiais e forças físicas, poder


financeiro, estético e psicológico. Para o pescador, a casa é um instrumento
de trabalho, é apoio para a família, é um meio e não meramente um fim no
que diz respeito aos objetivos com que ela é construída e mantida.

O modo de vida dos pescadores é simples e ecológica, a estética das


residências possui soluções práticas e inteligentes, apesar da precariedade dos
materiais utilizados, as casas respondem a todas as necessidade do cotidiano que é
totalmente ligado ao mar e ao trabalho como pescador, integrando barco e casa, pois
ambos servem de moradia e abrigo para o homem, é prioridade entender o meio
ambiente, saber quando ocorre a cheia da maré, as mudanças que o vento provoca na
topografia, todos esses conhecimento são passados de pai para filho e marcados pelas
tentativas de acertos e erros nas construções. É preciso prever o clima e suas variações
com o decorrer das mudanças de estações que seguem ao ano, levar em consideração
os fatores natureza se como a natureza se comporta é marcante na elaboração desse
tipo de habitação como explica Lima Júnior (2007, p. 65).

O clima também influencia, de maneira surpreendente, a planta da casa.


No Ceará, na praia de Peroba, encontramos uma casa muito singela que
desrespeitava um pouco aquela situação de que na sala se vê os fundos da
casa pelo corredor/circulação que dá acesso ao(s) quarto(o). Essa casa
tinha um desenho de planta “desencontrada”, deixando sempre uma parede
perpendicular à parede lateral criando uma espécie de labirinto. O porquê?
Para que o vento não cruze a casa e traga areia (fina e constantemente)
para os ambientes mais internos. Do mesmo modo, as casas na vila de
Praia Nova – CE têm muito poucas aberturas. No máximo a porta e uma
pequena janela para que o vento não traga areia. As poucas aberturas são
voltadas para o sol poente (para o máximo aproveitamento de luz através
das pequenas aberturas). Além disso, é muito comum encontrarmos
anteparos em frente à porta para barrar a força do vento e o que ele
carrega.

A estrutura das casas é composta de maneira simples, possui elementos


marcantes que as caracterizam como tal, a planta segue em formato retangular, com
sala na entrada e quartos distribuídos pela lateral, com a cozinha quase sempre
desconectada da planta e banheiro do lado de fora do “corpo” da residência. Como
coberta predomina o uso de telha cerâmica ou de barro e o uso de palha, compondo as
duas águas do telhado. A quantidade de janelas e aberturas é reduzida levando em
consideração evitar a insolação, por isso o cuidado especial em planeja onde será
posicionada cada janela, evitando o sol porém pensado para que haja um bom
aproveitamento do vento.

No Ceará encontramos alguns alpendres nas fachadas poentes (principais),


estes têm função de “quebrar” o sol que castiga a fachada frontal da casa.
Estes alpendres acabam gerando um terraço diferenciado que não depende
da coberta ou da sustentação principal da casa em sentido estrutural.
(LIMA JÚNIOR, 2007, p.47).

Outros elementos que ajudam no conforto térmico dessas residências são


elementos vazados presentes logo abaixo da coberta. Podem ser fabricados como
estruturas com frestas ou serem apenas aberturas na própria estrutura da parede, serve
para arejar o ambiente interno e promovem a circulação do ar, também proporcionam
a entrada de iluminação em seu interior.
Os materiais que constituem a composição das estruturas dessas casas são
diversos, seguindo a pesquisa de Lima Júnior (2007) onde são reunidos alguns deles,
podemos pontuar os seguintes:
 Taipa: Presente em construções vernaculares em todo o território do Ceará,
possui muito bom isolamento térmico, tendo melhor duração em climas quentes e
secos. Possui rápida e fácil execução adaptado as ações do meio como o vento e o
movimento das dunas no decorrer do ano;
 Madeira: esse tipo de construção pode ocorrer em duas vertentes: usando a
madeira aparelhada emadeira roliça, como é encontrada na natureza. Essa
variação determinará o tipo de estrutura em que a madeira será empregada, se
será aparente, como elemento estético, se será elemento estrutural ou usado na
estrutura da coberta.
 Palha: seguindo o pensamento de arquitetura vernacular em que a construção é
feita com aquilo que se tem a mão, a palha de coqueiro se sai como material,
pode ser traçada para haver maior vedação e resistência, ou ser usada de maneira
pura, como é encontrada, sua desvantagem é a durabilidade fragilidade, porém
aproveita bem o clima e a ventilação, resultando em uma boa adaptação ao meio.
Compõem estruturas de vedação, divisórias internas e externa e coberta.
Notamos a preocupação do uso de materiais locais que possuem boa
integração com o entorno e com o clima litorâneo, de noites e dias quentes com alto
teor de umidade. “É interessante que os materiais empregados tenham baixa inércia,
isto é, que não armazenem calor, pois a energia se desprenderia à noite, em função da
mudança de gradiente térmica, tornando o ambiente muito quente.” Muito além da
preocupação com a adaptação do entorno e do clima, essas residências representam
uma cultura que fez base para o desenvolvimento do estado e no âmbito arquitetônico
representa elementos que compõem um novo parâmetro para adequação de projetos
ecológicos contemporâneos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Focando na arquitetura vernacular cearense descobrimos sua rica gama de
elementos produzidos de forma rudimentar, mas que propiciam ao elemento
construído soluções confortáveis de aproveitamento e capitação de luz e ventilação,
possuindo aspectos que nos permitem enxergar diversas soluções arquitetônicas
baseadas em seus elementos nos levando ao objetivo dessa pesquisa que foi estudar e
analisar os conceitos da arquitetura vernacular, mostrando todo o seu potencial
adaptativo para as novas exigências de uma arquitetura que cause menos impacto
ecológico, acentuando a capacidade dos elementos encontrados nesse estilo
construtivo de adequar as suas soluções proporcionando um bom conforto térmico
dentro para a projeção de um projeto residencial contemporâneo sustentável através
de elementos da arquitetura vernacular melhorando assim o bem estar de seus
moradores e harmonizar a obra com a sustentabilidade.
O vínculo do homem com a sua moradia é muito próximo. Ela reflete sua
posição social, os seus princípios, os valores e estilo de vida.
O que deve ser relevante é que essa arquitetura representa um meio de
construção inteligente e eficaz, é a arquitetura do passado que também é a que
precisamos no presente para preservar nosso futuro, sem exigir de grandes
investimentos econômicos, apenas de vontade, estudo e sabedoria em sua execução,
associam às tecnologias limpas da atualidade a produtividade vernácula e artesã
representando projeção de projetos que estabelecem medidas que maximizam a
utilidade de obras de edifício se priorizam o aproveitamento de energias naturais
através de seus elementos construtivos. A partir do resgate da arquitetura vernacular
mostrar que é possível conciliar arquitetura, desenvolvimento sustentável e conforto
térmico.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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