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ORTOPEDIA, REABILITAÇÃO
E MEDICINA DO ESPORTE
Editor da série
Moisés Cohen
Coordenadoras -~
Patrícia Parreira
~-Ihaís \lerri Baratella Manole
Fisioterapia aquática
N
Editor da série
Moisés Cohen
Patrícia Parreira
COHEN
ORTOPEDIA, REABILITAÇÃO
E MEDICINA DO ESPORTE Manole
Copyright© 2011 Editora Manole Ltda., por meio de contrato com o Instituto Cohen de Ortopedia,
Reabilitação e Medicina do Esporte.
Logotipo: Copyright© Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.
Projeto gráfico: Departamento Editorial da Editora Manole.
Editoração eletrônica: Alexandre Miasato Uehara.
Capa: Departamento de Arte da Editora Manole.
Imagens do miolo: gentilmente cedidas pelos autores.
Ilustrações: Guilherme José de Paula Rodrigues.
Fisioterapia aquática/ [editores] Patrícia Parreira, Thaís Verri Baratella, Moisés Cohen . --
Barueri, SP: Manole, 2011. -- (Reabilitação Instituto Cohen)
Vários autores
Bibliografia.
ISBN 978-85-204-5238-7
1. Fisioterapia 2. Hidroterapia I. Parreira, Patrícia. II. Baratella, Thaís. III. Cohen, Moisés. IV. Série.
10-11303 CDD-615.853
NLM-WB 520
ADRIANO PEZOLATO
Especialista em Fisioterapia Aquática pela União das Faculdades Claretianas
(Uniclar). Mestrando em Ciências Médicas do Departamento de Biomecânica,
Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Professor-assistente
das Disciplinas Fisioterapia Aquática e Bases, Métodos e Técnicas de Avaliação
em Fisioterapia e Supervisor de Estágio em Hidroterapia e Fisioterapia Esportiva
do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá. Membro do
Conselho da Associação Brasileira de Fisioterapia Aquática (ABFA).
V
Fisioterapia aquática
ARIANE ZAMARIOLI
Especialista em Reeducação Postural Global (RPG) e Ortopedia - Traumatismo
Raquimedular. Mestre e Doutoranda do Departamento de Biomecânica, Me-
dicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da FMRP-USP. Colaboradora da
Disciplina Anatomia Geral e do Sistema Locomotor da FMRP-USP.
VI
Autores
KARINA MANO
Graduada em Fisioterapia pela Unesp. Especialista em Aparelho Locomotor no
Esporte e Fisioterapia do Aparelho Locomotor no Esporte pela Unifesp. Especia-
lista em Aspectos Fisiológicos e Biomecânicos do Exercício Físico pela Faculdade
de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
VII
Fisioterapia aquática
MARCELO ROQUE
Especialista em Piscina Terapêutica pela Unicid.
MAURÍCIO GARCIA
Fisioterapeuta Gestor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina
do Esporte. Fisioterapeuta Membro do Centro de Traumatologia do Esporte
( Cete) da Unifesp.
MOISÉS COHEN
Professor Adjunto Livre-docente e Chefe do Departamento de Ortopedia e
Traumatologia da Unifesp.
VI 11
Autores
PATRÍCIA PARREIRA
Graduada em Fisioterapia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
Especialista em Aparelho Locomotor no Esporte pela Unifesp. Fisioterapeuta
do Instituto Cohen no Setor de Reabilitação Aquática.
ROBERTA ROSAS
Especialista em Exercício na Agua. Fisioterapeuta Aquática do São Paulo Futebol
Clube.
RON FULLER
Graduado em Artes e Ciências pelaAcademyofHealth Sciences, EUA. Especia-
lista em Técnicas de Fisioterapia em Reabilitação Aquática. Professor Adjunto
da Disciplina Terapia Aquática e Ortopedia Avançada do Departamento de Fi-
sioterapia da Faculdade de Clínica da Franklin Pierce University, EUA. Membro
da Biofeedback Foundation of Europe (BFE) e da New Hampshire State Board
of Physical Therapy.
IX
Fisioterapia aquática
X
A Deus, pela força e proteção constantes, que não nos deixou
desanimar diante das dificuldades.
Aos meus pais, José Lourenço e Nilze, pelo amor incondicional e
suporte familiar inabalável.
Aos meus irmãos, Luiz Eduardo, Ana Paula, Priscila (cunhada-irmã)
e Luiz Fernando, por sempre acreditarem em mim, muitas vezes
mais do que eu mesma.
Aos meus sobrinhos, Eduardo, Pedro, Gabriel, Bárbara e Giovana.
Ao Dr. Moisés, professor, chefe e amigo, que proporcionou a
realização de mais este sonho.
Aos amigos, Simone Dal Corso, Benno Ejnisman, Felipe Alloza,
Marcelo Wajchenberg, Rafaela Carvalho e Ligia Leme, por
dedicarem parte do seu tempo lendo cada manuscrito.
E à Thaís, por sua paciência ilimitada e sua arte singular em
transformar os momentos de estresse em risos, e o trabalho, em
diversão.
Patrícia Parreira
Dedico este livro primeiramente a meus pais.
A meu pai, Carlos, pelo amor, pela dedicação e pelo exemplo de perseverança.
A minha mãe, Vera, pelo amor, pelo carinho e por ser grande incentivadora
de minha profissão.
Aos meus irmãos, Marcelo e Andréa.
A eles, que são meus exemplos de vida e conquista.
Com profunda gratidão, dedico este livro também ao Dr. Moisés Cohen, por
acreditar em nosso sonho, encorajar-nos e ajudar-nos a concretizá-lo.
Agradeço à Ligia Leme e ao Paulo Cintra, por doarem seu tempo e atenção
aos detalhes deste projeto e por serem grandes mestres dedicados à sua
profissão.
Aos médicos, fisioterapeutas e pacientes que reconhecem a eficácia e os
benefícios do tratamento na água.
A todos que acreditaram em nosso sonho e nos ajudaram a concretizá-lo,
cada um a seu modo.
Ao André, pelo carinho, pela paciência e pela
compreensão de todos estes anos.
À equipe do Instituto Cohen, este livro tem um pouco de todos vocês.
Por fim, agradeço à Patrícia Parreira, pelo aprendizado, pelos muitos anos de
trabalho juntas e, acima de tudo, pela amizade.
XV
Apresentação
XVII
Fisioterapia aquática
Maurício Garcia
Fisioterapeuta Gestor do Instituto Cohen de
Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.
Fisioterapeuta Membro do Centro de Traumatologia do
Esporte (Cete) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
XVIII
Prefácio
É com enorme prazer que escrevo o prefácio deste livro sobre reabilitação aquá-
tica, o primeiro de uma série de publicações que objetiva divulgar a experiência
do Instituto Cohen após mais de 1O anos de atuação nas áreas de ortopedia, me-
dicina do esporte e reabilitação.
O início das atividades se deu em julho de 1999 com a missão de ser um ser-
viço de excelência em ortopedia, medicina do esporte e reabilitação, por meio
da integração dos profissionais e da troca de informações diuturnamente, com
discussões de casos, reuniões clínicas, revisão de artigos e cursos de atualização.
Nossos objetivos não seriam alcançados sem a dedicação dos profissionais que
estão conosco desde o início e dos que se somaram ao grupo desenvolvendo um
trabalho de altíssimo nível.
O resultado é muito gratificante, e a crescente procura de nossos serviços por
interessados de várias partes do Brasil sinaliza o reconhecimento nacional do
Instituto Cohen, o qual, com muito orgulho, participou da formação e do trei-
namento de inúmeros profissionais que se tornaram referências em diversas re-
giões do país.
Agradeço a equipe do Instituto Cohen de Ortopedia, Medicina do Espor-
te e Reabilitação, e parabenizo de modo especial as coordenadoras deste livro,
XIX
Fisioterapia aquática
Moisés Cohen
Professor Adjunto Livre-docente e Chefe do
Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unifesp.
XX
Fisiologia da imersão
Luiz Fernando Martins Kruel • Cristine Lima Alberton • Stephanie Santana Pinto
INTRODUÇÃO
O exercício executado no meio aquático é uma ótima opção para reabilitação
e treinamento físico, acarretando melhorias, assim como o exercício no meio ter-
restre, em diversos componentes da aptidão física. 1 Dentre essas melhorias, des-
tacam-se aumentos na força muscular, na habilidade para desenvolver as ativida-
des cotidianas, no equilíbrio postural, na flexibilidade, na composição corporal e
no condicionamento cardiorrespiratório, quando a atividade for acompanhada de
uma prescrição adequada para tais objetivos. Além disso, a atividade física reali-
zada nesse meio tem como vantagem o reduzido impacto nos membros inferio-
res, que pode ser em torno de quatro vezes menor do que o impacto resultante do
mesmo exercício executado em meio terrestre. Esse fato é de grande importância
para o trabalho com pessoas que apresentam limitações musculares e articulares. 2
Os exercícios aquáticos também têm sido recomendados pela sua capacidade de
permitir mobilização articular precoce, especialmente na fase inicial de um pro-
grama de reabilitação, uma vez que podem ser utilizados para melhoria do condi-
cionamento neuromuscular.
Além disso, é importante ressaltar que se pode esperar que o exercício físico
aquático produza reações fisiológicas diferentes destas ao ar livre, em razão tan-
to do efeito hidrostático da água no sistema cardiorrespiratório quanto da sua ca-
pacidade de intensificar a perda de calor comparada ao ar. 3 Essas alterações fisio-
Fisioterapia aquática
lógicas são decorrentes das propriedades físicas da água. Dentre tais propriedades,
destacam-se a pressão hidrostática, a força de empuxo, a termocondutividade da
água e a força de resistência ao movimento.
O príncipio de Pascal afirma que a pressão do líquido é exercida igualmente so-
bre todas as áreas da superfície de um corpo imerso e em repouso a uma determi-
nada profundidade. Essa pressão aumenta proporcionalmente à profundidade e à
densidade desse líquido. Dessa forma, a pressão hidrostática atua em todas as di-
reções com a mesma magnitude. Quanto maior a pressão externa, como por exem-
plo, a pressão da água sobre o corpo, menos o corpo age para aumentar a pressão
do retorno venoso. Sendo assim, essa propriedade física é responsável pelas prin-
cipais alterações fisiológicas durante a imersão.
O princípio de Arquimedes afirma que todo corpo, parcial ou totalmente imer-
so em um fluido sofre uma força igual ao peso do volume de líquido deslocado por
esse fluido, com sentido contrário à força gravitacional da Terra. Logo, os indiví-
duos imersos na água estão submetidos a duas forças que atuam em sentido con-
trário: a gravidade e a flutuação. Em decorrência disso, o peso hidrostático (peso
aparente) é reduzido na água, uma vez que ele é a força resultante da diferença en-
tre o peso corporal (força gravitacional) e o empuxo. 4
Já a força de resistência (FR), a qual é a sobrecarga natural exercida pela água,
pode ser compreendida pela equação geral dos fluidos. Essa propriedade depen-
de da densidade do meio (p ), da área projetada (A), da velocidade de execução (v)
e do coeficiente de forma (Cf), podendo ser expressa como FR = Vi · p · A · v2 • Cf.
O principal componente que afeta diretamente a força de resistência ao movimen-
to no meio aquático é a velocidade de execução, visto que esta é elevada ao quadra-
do e diretamente proporcional a ela.
Além disso, a imersão afeta a termocondutividade, sendo esta 25 vezes maior
que a do ar. A facilitação da troca de calor entre o corpo e o meio aquático, em tem-
peratura termoneutra, exerce uma influência importante nas respostas fisiológicas
nesse meio. Arborelius et al. 5 sugerem uma temperatura termoneutra de 28ºC no
meio terrestre e de 35ºC no meio aquático. Cabe salientar que esses valores po-
dem ser alterados com o exercício, pois os mecanismos de perda de calor corpo-
ral no exercício aquático são diferentes destes na terra, visto que a evaporação -
2
Fisiologia da imersão
3
Fisioterapia aquática
das por esse meio, também pode ser responsável por essa alteração na FC. Isso ocor-
re pelo fato de que a necessidade de redistribuir o sangue da região central para a pe-
riferia (membros inferiores e superiores) é diminuída. Dessa forma, essa condição
também auxilia a manutenção do volume sanguíneo aumentado na região central do
corpo, gerando readaptações no sistema cardiovascular, como a queda na FC. 8
Contudo, é importante salientar que a magnitude da redução da FC no meio
aquático está relacionada a fatores como a temperatura da água, a profundidade de
imersão e a FC de repouso dos sujeitos fora da água.
Com relação à profundidade de imersão, existe um consenso na literatura es-
pecífica de que quanto mais imerso está o corpo, mais acentuada é a diminuição
da FC, visto que maior é a pressão hidrostática atuando sobre o corpo. O estudo
de Kruel4 demonstra que, a partir da imersão na profundidade do quadril, ocorre
uma redução significativa de 10,6% na FC, atingindo, na profundidade do pescoço,
uma queda de 18,7%. Tal comportamento foi comprovado pelos estudos de Coer-
tjens et al. 9 e Kruel et al. 10 Essas respostas da FC em diferentes profundidades po-
dem ser observadas na Tabela 1.1.
TABELA 1.1 Comportamento da frequência cardíaca em indivíduos de ambos os sexos nas diferentes situações experimentais
nos meios terrestre eaquático, com temperatura da água em 30ºC.
Kruel4 Kruel et al.1º Coertjens et ai.9
Frequência cardíaca N=S4 N=193 N=39S
18a2Sanos 18a6Sanos 7 a 7Sanos
Decúbito dorsal na terra 74' 72' 74'
Ortostase na terra 86ª 85ª 86ª
Imersão até otornozelo 86ª 85ª 86ª
Imersão até ojoelho 84ªb 85ª 86ª
Imersão até oquadril 77b 78b 78b
Imersão até acicatriz umbilical 73' 74bc 75'
Imersão até o processo xifoide 70' 72' 73'
Imersão até os ombros 70' 72' 73'
Imersão até o pescoço 70' 72' 73'
Imersão até os ombros com braços fora da água 74' 72' 73'
Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas (p ~ 0,05).
4
Fisiologia da imersão
TABELA 1.2 Estudos que analisaram o comportamento da frequência cardíaca (FC) em indivíduos imersos na profundidade do
pescoço, em diferentes temperaturas de água, comparadas com o meio terrestre.
Autor Temperaturas Resultados
Srámek et al. 11 14, 20 e32ºC Queda significativa da FC na água em 20 e32ºC eaumento significativo em 14ºC
Kruel 4 30ºC Queda significativa da FC
Watenpaugh et al.6 34,6ºC Queda significativa da FC
8
Queda significativa da FC na água em temperaturas iguais ou menores que 35ºC
Craig & Dvorak 35, 36 e37ºC
eaumento significativo em 36 e37ºC
5
Fisioterapia aquática
tes idades e gênero não exercem influência sobre o comportamento da FC. 4 Dessa
forma, é possível destacar que, quando os indivíduos estão imersos em temperatu-
ra termoneutra, apresentam uma menor sobrecarga no sistema cardiovascular.
Outro aspecto fisiológico, ainda não muito explorado na literatura específica, é a
resposta da pressão arterial (PA) no meio aquático. O estudo de Watenpaugh et al. 6 não
encontrou diferença significativa nas PA sistólica, diastólica e média nas primeiras 2
horas de imersão (34,6ºC) em repouso, comparadas ao meio terrestre. Entretanto, ou-
tro estudo que analisou a PA em diferentes temperaturas observou uma redução nas
PA sistólica e diastólica em temperaturas de água de 32 e 20ºC. Essa provável diminui-
ção na PA pode ser explicada pela redistribuição sanguínea causada pela ação da pres-
são hidrostática, que conduz a uma redução na atividade da renina plasmática e um
aumento na concentração do peptídio natriurético atrial, provocando maior diurese e
natriurese. Logo, o meio aquático pode proporcionar uma resposta aguda atenuada de
PA, propiciando uma reabilitação segura para algumas populações especiais.
Por outro lado, o consumo de oxigênio (VO2), ao contrário das respostas da FC
e da PA, as quais apresentam uma tendência de serem menores em meio aquático,
não apresenta esse comportamento durante a imersão do corpo em repouso. Es-
tudos demonstram que o V02 é semelhante entre os meios. 13•14 No entanto, o es-
tudo de Kruel et al. 14 salienta o comportamento diferente do VO 2 em relação à FC,
uma vez que esta diminui com a imersão comparada à situação em ortostase, mas
é similar à situação de decúbito dorsal no meio terrestre. Todavia, o VO2 apresen-
ta um aumento significativo da situação em decúbito dorsal no meio terrestre para
a imersão, conforme demonstrado na Figura 1.1. Concordando com esses dados,
Mekjavic & Bligh 15 analisaram a resposta do VO2 em imersão nas temperaturas de
água de 1O, 15 e 20ºC e encontraram aumentos significativos em todas as situações.
Os autores justificam que na água fria ocorre uma diminuição da temperatura da
pele associada a um aumento da frequência respiratória. Esses fatores ocasionam
um aumento no VO2 do músculo respiratório. Reforçando esse aumento do VO2
em imersão, esses autores também analisaram a resposta do VO 2 em imersão em
40ºC e encontraram os mesmos resultados. Logo, esse comportamento não depen-
de apenas da temperatura fria da água, visto que a ação da pressão hidrostática e
a consequente concentração de sangue no tórax permitem que coração e pulmões
6
Fisiologia da imersão
5- - 160
- 140
4-
- - - ·---
ab ----- ----- - - -·b
- 120
3- . - --
a -- - ------ -
.
- 100
- 80
B .
2- A
~
- 60
A
- 40
1-
- 20
o 1 1
o
DD OR IM
FIGURA 1.1 Comportamento da frequência cardíaca edo consumo de oxigênio entre as situações de repouso em decúbito dorsal
(DD), ortostase (OR) eimersão até oprocesso xifoide (IM).
Letras minúsculas distintas representam diferenças estatisticamente significativas no consumo de oxigênio (p < 0,05). Letras maiúsculas distintas
representam diferenças estatisticamente significativas na frequência cardíaca (p < 0,05). Fonte: Dados de FC de Kruel 4 ede V02 de Kruel et al.14
7
Fisioterapia aquática
meio terrestre e que também pode ser interessante para obesos, idosos e indivíduos
com problemas nos tecidos moles. Por frm, podem-se salientar os exercícios aquáti-
cos executados na posição vertical, tais como a hidroginástica e a hidroterapia, que
são uma forma alternativa de condicionamento físico constituída de exercícios espe-
cíficos e baseada no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga. 4
Alguns estudos têm sido realizados avaliando as alterações fisiológicas nessas
modalidades e, da mesma forma que na condição de repouso, apresentam respostas
de FC atenuadas no meio aquático. 2•7•12•17•18 Cabe salientar que esse comportamento
é dependente da intensidade de esforço, ou seja, quando a atividade é realizada na
mesma intensidade em ambos os meios. Essas respostas ocorrem pelo fato de que,
durante o exercício na água, tanto o retorno venoso como o volume sistólico são afe-
tados pela combinação da pressão hidrostática, aumentada nas regiões inferiores do
corpo, com a temperatura da água, as quais tendem a deslocar o volume sanguíneo
periférico para a região central do corpo, assim como no repouso. 5
No entanto, quando a velocidade de deslocamento horizontal é fixa, observa-se
uma maior FC no meio aquático, uma vez que a intensidade de esforço é maior
para essa condição, pois a resistência oferecida ao movimento na água é mais in-
tensa do que na terra, em razão da maior densidade do meio líquido. 19 Esse com-
portamento deixa claro que a prescrição do treinamento com base na FC no meio
aquático não deve ser executada tomando como referência os valores máximos
terrestres. Portanto, quando o controle da intensidade de esforço for importante,
deve-se realizar a prescrição por meio de fórmulas de correção da FC máxima para
o meio aquático ou de testes máximos específicos executados nesse meio. 20
As respostas de PA em exercício, por sua vez, apresentam o mesmo padrão de
comportamento descrito na situação de repouso. Enquanto alguns estudos mos-
traram respostas similares de PA em intensidades submáximas e máximas de es-
forço entre os meios, 7•12 outros observaram menores valores de PA sistólica e dias-
tólica nos exercícios em meio aquático. 2 1•22
OVO 2, que reflete a intensidade de esforço, pode ser modificado de acordo com
o aproveitamento das propriedades físicas da água. Dentre essas propriedades, des-
tacam-se a força de resistência ao movimento e a força de empuxo, que exercem in-
fluência sobre os movimentos resistidos e assistidos, respectivamente. A força de re-
8
Fisiologia da imersão
1
, ,
I
.,.
FIGURA 1.2 Diferentes velocidades angulares, resultantes de um mesmo exercício praticado em um ritmo de execução fixo em
diferentes amplitudes.
9
Fisioterapia aquática
FIGURA 1.3 Área projetada, modificada pelo uso do corpo de diferentes maneiras.
Um fator que deve ser salientado é que diferentes exercícios, que envolvem di-
ferentes áreas projetadas e amplitudes de movimentos, quando executados em um
mesmo ritmo de execução, apresentam distintas respostas cardiorrespiratórias. O es-
tudo de Alberton et al. 24 analisou as respostas de FC e VO2 de oito exercícios aquá-
ticos. Estes foram realizados sem deslocamento horizontal, combinando membros
inferiores e superiores, com diferentes áreas projetadas e massas musculares envolvi-
das, em um ritmo de 60 batidas por min. Como resultado principal, o exercício que
apresentou uma maior intensidade de esforço foi o chute frontal (90º) com flexão e
extensão horizontal de ombros (V02: 16,48 ± 3,49 mL · kg- 1 • min-1). Esse movimen-
to apresenta uma grande área projetada, tanto de membros superiores quanto de in-
10
Fisiologia da imersão
Consumo de oxigênio
35
A
30 -
B
-.--..e: 25 -
'
e
·-E D
-s· 20 -
'
•
-- ·-
E
•
........ . ,..
15-
-
o
>
E
..... T
T -- ·-
10 - T
FIGURA 1.4 Consumo de oxigênio (V02) dos diferentes exercícios de hidroginástica. Lii
Letras distintas indicam diferenças significativas entre os exercícios (p s 0,05): chute frontal com flexão eextensão horizontal de ombros (CH-FE);
chute frontal com empurra à frente (CH-EM); corrida estacionária com flexão e extensão horizontal de ombros (CO-FE); deslize frontal com flexão
e extensão horizontal de ombros (DF-FE); deslize lateral com flexão e extensão horizontal de ombros (DL-FE); corrida estacionária com empurra à
frente (CO-EM); deslize frontal com empurra à frente (DF-EM); deslize lateral com empurra à frente (DL-EM). Fonte: adaptado de Alberton et al.24
11
Fisioterapia aquática
12
Fisiologia da imersão
vimentos, que apresentam uma troca de apoio de um membro inferior para o ou-
tro, aproveitando-se do efeito da flutuação, o qual acarreta uma força peso resul-
tante menor para ser deslocada no meio aquático, comparada ao peso total que
deve ser deslocado no meio terrestre. 2•18
A ação da força de empuxo sobre o segmento corporal pode ser visualizada na
Figura 1.5. As respostas de V02 no meio aquático podem ser maiores, iguais ou me-
nores que as do meio terrestre, de acordo com as propriedades físicas da água ex-
ploradas durante a execução dos exercícios. 27 Esse comportamento é importante,
visto que a intensidade de esforço pode ser manipulada a fim de adequar o progra-
ma de exercícios para diferentes populações e objetivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o tema abordado, deve-se considerar que o corpo imerso sofre
alterações fisiológicas que devem ser compreendidas pelos profissionais da área da
13
Fisioterapia aquática
14
Fisiologia da imersão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Fisioterapia aquática
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16
Fisiologia da imersão
17
Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
Flávia Gomes Martinez
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A cinesiologia e a biomecânica humana têm dedicado sua atenção para a ma-
nifestação motora no ambiente terrestre e, para tanto, muitos instrumentos evoluí-
ram do ponto de vista tecnológico, na busca de respostas mais específicas e fide-
dignas sobre a complexa motricidade humana.
Os movimentos realizados no meio líquido têm merecido a atenção de muitos
autores, 1-9 dados os seus indiscutíveis efeitos benéficos percebidos empiricamen-
te. No entanto, não possuem uma clara sistematização como aqueles realizados
em ambiente seco. Com base nos princípios físicos da água, descritos no capítulo
anterior, somados aos temas já explorados pela cinesiologia humana, procura-se
uma forma didática e reflexiva de abordar o movimento humano no meio líquido.
Para tanto, é necessária a utilização de conceitos fundamentais das ciências do mo-
vimento, como planos e eixos, graus de liberdade articular e princípios de torque
que regem as alavancas, para que tais conhecimentos sejam associados aos efeitos
do complexo físico do ambiente aquático sobre o corpo humano.
Os exercícios na água são realizados com o objetivo de fortalecer músculos,
prover endurance (resistência muscular localizada), melhorar a flexibilidade, ree-
ducar gestos motores e postura, desenvolver propriocepção, equilíbrio e sensibili-
dade cinestésica/consciência corporal, 5•7•8 auxiliando no processo de prevenção, re-
cuperação ou reabilitação de funções motoras. As piscinas terapêuticas são cada
vez mais comuns e a hidrocinesioterapia necessita ainda de uma abordagem mais
Fisioterapia aquática
INTRODUÇÃO
Não há dúvidas quanto às diferenças entre os elementos gasosos, sólidos e líquidos.
O meio líquido possui propriedades e princípios físicos que interagem mecânica e fi-
siologicamente com o corpo submerso, estático ou em movimento. Tais interações di-
ferem da relação que esse corpo tem com o ambiente seco, o seu habitat natural. Tan-
to o profissional que atua ministrando aulas de natação e hidroginástica, como aquele
que programa exercícios para reabilitação necessitam aprofundar seus conhecimen-
tos sobre esse ambiente fluido, tão cinético e prazerosamente terapêutico.
Costuma-se dizer que a água é quem faz o papel do terapeuta e que os fisiotera-
peutas são apenas facilitadores da recuperação do paciente. O próprio paciente, a
partir da sua motivação, da sua adesão ao tratamento, da própria vontade de conhe-
cer o seu corpo e de se empenhar em busca de um resultado, é o responsável pela
melhora, dependendo, é claro, de uma razoabilidade no tocante ao prognóstico.
O conhecimento das diferenças entre a água e a terra, sobretudo dos efeitos que
a água provoca sobre o paciente, são imprescindíveis para o fisioterapeuta. As reper-
cussões do ambiente aquático sobre os corpos do terapeuta e do paciente podem ser
identificadas por meio de informações, como: a profundidade da piscina em relação
à altura do paciente (linha de água), a postura adotada pelo paciente, os pontos de fi-
xação (ou não), a velocidade do movimento, os implementas utilizados, bem como
o comportamento das forças interativas com os corpos durante cada fase do exer-
cício. Explorar quais músculos, articulações, sistemas de ajuste postural e caracterís-
ticas biomecânicas estão envolvidos no programa hidrocinesioterapêutico é um ato
importante para o programa terapêutico de cada paciente.
Primeiramente, é necessário entender a interação entre três elementos: o ar, o
corpo humano, com seus segmentos e componentes (elementos líquidos e sóli-
20
Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
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Fisioterapia aquática
Exercícios terapêuticos
Exercício terapêutico é aquele programado e instrumentalizado para um obje-
tivo terapêutico. 16 Todavia, os exercícios apresentados aqui podem também ser uti-
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
Materiais
Antes de se apresentar a classificação dos exercícios, deve-se pensar sobre o ma-
terial disponível para a fisioterapia aquática e demais atividades no meio líquido. Os
materiais também podem ser categorizados conforme a força que tendem a explorar
mais, ou mesmo sua relação com a água. A seguir, serão apresentadas algumas pro-
postas de implementas e materiais disponíveis nas piscinas terapêuticas atualmente.
Flutuadores ou materiais que exploram empuxo: são materiais com baixa densi-
dade, como, por exemplo, os aquatubos (Figura 2.1 ). Podem ser de material plástico
e inflável (ou não), de etaflon, isopor, plástico ou etano-vinil-acetato (EVA). A mas-
sa e o volume do implemento são as variáveis determinantes da sua flutuabilidade. 8
As diferentes capacidades de flutuação dos implementas é resultado da razão de sua
massa por seu volume, de forma que implementas aerados ou infláveis são menos
densos, portanto mais flutuantes. A escolha do material vai depender do conforto, da
aplicabilidade, do objetivo do exercício ou da proposta terapêutica.
Os flutuadores podem ser usados para dar suporte ao corpo do paciente duran-
te terapia manual ou exercícios passivos. Também são utilizados para exercícios
ativo-assistidos, facilitados e resistidos, como será descrito a seguir.
•
-- .
I
(
(
FIGURA 2.1 Ae B Aquatubos, também conhecidos como noodles, espaguetes, macarrões ou minhocas. L1i
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Fisioterapia aquática
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
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Fisioterapia aquática
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
Exercícios passivos
Como os exercícios em seco, são movimentos realizados por forças externas. O
objetivo desta prática costuma envolver ganho de amplitude de movimento arti-
cular (ADM), relaxamento, analgesia, tração ou decoaptação articular, mobilização
articular, além de oferecer estímulos extero e proprioceptivos, entre outros. O ideal
é que a musculatura do paciente esteja relaxada.
O exercício passivo na água pode ser realizado: pela mão do terapeuta ou do
próprio paciente; pela pressão anterior da água ou pelo fluxo de esteira, quando
um movimento cria turbulência; pela força de flutuação. Esses exercícios serão dis-
cutidos a seguir.
Passivos manuais: constituem todo o grupo, a gama de manobras e possibi-
lidades da terapia manual na água, a qual ganhou um espaço muito grande nos
últimos anos. A piscina terapêutica é um ambiente muito rico para a aplica-
ção de diversas manobras, mobilizações, massagens, pompages e alongamentos
manuais, uma vez que o manejo do paciente fica muito facilitado pelo suporte
da flutuação. Além disso, as posturas do fisioterapeuta também são mais versá-
teis na água. As Figuras 2.8 e 2.9 ilustram algumas possibilidades de exercícios
• • • •
passivos manuais na piscina.
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Fisioterapia aquática
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
Passivos pelo fluxo de esteira: após a aplicação de uma força, uma vez que a
velocidade crítica da água é muito baixa, é comum um fluxo turbulento como re-
sultado. Sabe-se que na área posterior ao deslocamento se cria uma área de pressão
reduzida. 8- 10 Isso forma o fluxo de esteira, o qual é capaz de realizar movimentos
articulares com o segmento na superfície da água. Esse tipo de proposta terapêu-
tica, também chamada de mobilização passiva, é uma boa estratégia para relaxa-
29
Fisioterapia aquática
Passivo pela flutuação: são exercícios realizados pelo empuxo, após um movi-
mento ativo ou passivo realizado previamente. Têm o objetivo de ganho de ampli-
tude de movimento (ADM) por meio de uma força de flutuação rotacional. Por
exemplo, para ganho de ADM de rotação interna, estando o paciente de pé e com
os ombros submersos, ele realiza uma hiperextensão de ombro com um flutuador
na extremidade distal do membro superior, de forma que a força de flutuação rea-
lize a rotação interna passiva (Figuras 2.12 a 2.16).
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
FIGURA 2.14 Abdução passiva de ombro pelo empuxo (alongamento de adutores). Lli
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Fisioterapia aquática
Exercícios ativo-assistidos
São exercícios nos quais a musculatura agonista recebe auxílio de forças externas
para a realização do movimento. Podem ser assistidos por diferentes forças, como
a mão do terapeuta, a inércia de movimento do fluxo da água (fluxo de esteira) ou
mesmo a flutuação, se o movimento for realizado de forma lenta. Se a opção for o flu-
xo de esteira, a condução do fisioterapeuta deve ser precisa e no momento certo, para
que se aproveite a força externa auxiliar do movimento (Figuras 2.17 e 2.18).
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
FIGURA 2.17 Exercício ativo-assistido de adução de quadril, pelo fluxo de esteira esustentado
pelo empuxo. Aterapeuta provoca uma abdução passiva do membro inferior esquerdo do pacien-
te, causando um fluxo turbulento, cujo arrasto criado primeiro provoca uma abdução passiva do
quadril direito, enquanto que aesteira, ativa quando aforça do terapeuta cessa, auxilia opaciente
aaduzir oquadril direito. Aterapeuta deve pedir para opaciente aduzir oquadril no momento em
que ofluxo de esteira éformado, logo após otérmino da força aplicada por ela. Lfi
FIGURA 2.18 Flexão de joelho assistida pelo fluxo de esteira e sustentada pelo empuxo.
Aterapeuta puxa o quadril do paciente, provocando uma extensão passiva do quadril. Ofluxo
turbulento causado pelo movimento da terapeuta provoca ofluxo de esteira, que auxilia o pa-
ciente na flexão de joelho realizada após otérmino da aplicação da força da terapeuta. Lfi
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Fisioterapia aquática
Exercícios de facilitação
Os exercícios de facilitação são indicados para grupos musculares que têm força
muscular menor do que 3 (não vencem a gravidade), como, por exemplo, lesões de
nervos periféricos ou sequelas de lesões centrais (músculos paréticos). Além disso,
esses exercícios podem ser utilizados em gestos que envolvam músculos tensos, es-
pasmódicos e/ ou doloridos, a frm de prover uma variação de comprimento muscu-
lar sem desencadear tensão. A sustentação do segmento, proporcionada pela flutua-
ção, auxiliará o paciente no movimento, uma vez que o peso do segmento é reduzido
pelo uso de flutuadores. Este tipo de movimento assemelha-se aos chamados ''movi-
mentos de polià', conhecidos pela fisioterapia terrestre (Figuras 2.19 e 2.20).
No caso de o paciente ter déficit de força importante, o fisioterapeuta pode au-
xiliá-lo manualmente. Os exercícios de facilitação na água seguem o princípio de
que, quanto maior o volume do flutuador ou o número de flutuadores, mais faci-
litado será o movimento, já que a redução do peso do segmento aumentará. Além
disso, há uma relação entre o torque do empuxo e o torque gravitacional. Quanto
maior o braço momento do empuxo, maior o seu torque e, portanto, mais facilita-
do será o movimento. Todavia, braços mecânicos mais longos também aumentam
o torque gravitacional, o que confere à gradação desse tipo de exercício a necessi-
dade de pesquisas para a quantificação de forças externas.
Tais exercícios devem ser realizados na superfície da água e de forma lenta, para
evitar grande turbulência. Dessa forma, a posição do paciente na água varia con-
forme o movimento que se deseja facilitar. Deve ficar claro que alguns pacientes
têm contraindicações para certos posicionamentos, o que requer flexibilidade na
técnica de facilitação e criatividade do fisioterapeuta.
Exercícios resistidos
Várias forças resistentes podem se acumular durante uma atividade aquática. Com
fmalidade didática, propõe-se uma classificação de exercícios aquáticos quanto às for-
ças resistentes predominantes, sem, todavia, afirmar que esta é a única força atuando
sobre os segmentos corporais. Ao termo força de arrasto, pode-se atribuir o somató-
rio dos efeitos da resistência da própria turbulência, da fricção ou atrito e da visco-
sidade da água. Esse termo8 é muito utilizado pelos profissionais da área de natação.
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Fisioterapia aquática
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
FIGURA 2.21 Exercício resistido por tubo elástico: fortalecimento de flexores do cotovelo e
punho (ênfase no bíceps braquial). Líi
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FIGURA 2.23 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de extensores de quadril e joelho.
fnfase: isquiotibiais, glúteo máximo equadríceps. Lii
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Fisioterapia aquática
FIGURA 2.24 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de depressores de escápula, adutores
de ombro eextensores de cotovelo. Enfase: peitoral menor, peitoral maior esternal etríceps braquial. L1i
FIGURA 2.25 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de depressores de escápula, adutores
de ombro, extensores de cotovelo, flexores e rotadores de coluna dorsolombar. Enfase: peitoral menor, peitoral maior esternal,
tríceps braquial, serrátil anterior eoblíquo externo. L1i
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
A B
FIGURA 2.26 Exercício resistido pelo empuxo combinado estático-dinâmico: extensão do cotovelo com estabilização da cintura esca-
pular eombros. Líi
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Fisioterapia aquática
Todavia, para resistir somente a adução pelo empuxo, precisam ser adotadas
três posturas. De 180 a 90º, o paciente adota o decúbito ipsilateral; de 90 a Oº, opa-
ciente adota a posição vertical (ortostase ou agachado, conforme a profundidade
da piscina) e para realizar a hiperadução, somada à flexão do ombro, o paciente
adota o decúbito contralateral. Para resistir à abdução, os decúbitos são: de O a 90º:
ipsilateral; 90 a 180º: de cabeça para baixo, posição que limita bastante os exercí-
cios resistidos pelo empuxo de abdução do ombro em toda a sua ADM.
Essas características conferem aos exercícios resistidos pelo empuxo certa limi-
tação em algumas amplitudes de movimento de algumas articulações, o que exige
do fisioterapeuta criatividade e senso crítico ao desenvolver seu programa de tra-
tamento, variando as formas de resistência conforme o objetivo de tratamento.
Há uma forma de se realizar contração isotônica concêntrica de grupos antago-
nistas com o uso de flutuadores: quando, em vez de desacelerar o movimento a fa-
vor do empuxo, realiza-se o movimento ''forçado'' contra e a favor do empuxo, de
forma a incrementar a velocidade do movimento no sentido da flutuação. Nesse
caso, a resistência será oferecida pelo fluxo turbulento formado, bem como pelo
peso da água, sua viscosidade e pressão hidrostática, embora haja uma força ascen-
dente auxiliando o movimento. Isso determina normalmente cargas de resistên-
cia mais baixas do que aquelas oferecidas somente pela turbulência. Esse exercício
pode ser classificado como misto do tipo 3, como será visto adiante.
Os exercícios resistidos pela turbulência/arrasto são aqueles realizados com uma
velocidade que seja capaz de formar turbulência. Na realidade, somam-se as resis-
tências oferecidas pela viscosidade do fluido, do atrito ou fricção e da resistência,
oferecida na parte posterior do segmento, em razão da turbulência formada, o que
chamamos de força resistiva de arrasto. Para tanto, os exercícios devem ser realiza-
dos com velocidade superior à velocidade crítica da água, a fim de provocar o efei-
to de turbulência, a qual determina redemoinhos que provocam o efeito de sucção
sobre o segmento em movimento. Este deve estar submerso e pode estar no senti-
do horizontal, paralelo em relação à água, na vertical ou na diagonal.
A resistência provocada pela turbulência/arrasto é proporcional ao quadrado
da velocidade implantada pelo movimento. Portanto, o aumento da velocidade au-
menta a resistência de modo significativo ao movimento. Os exercícios realizados
42
Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
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Fisioterapia aquática
FIGURA 2.27 Ae B Exercício misto tipo 1: extensores eadutores de ombro estabilizam os halteres contra oempuxo enquanto flexores
eextensores horizontais atuam contra aturbulência/arrasto. Lii
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
FIGURA 2.28 Ae B Exercício misto tipo 2:depressores de escápula, extensores de ombro ede cotoveloatuam isometricamente contra
oempuxo, enquanto rotadores de ombro agem contra aturbulência/arrasto. ai
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Fisioterapia aquática
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sistematização de exercícios realizados no meio líquido possibilita o desen-
volvimento de programas de exercícios terapêuticos e de condicionamento físico
mais específicos. Além disso, o desenvolvimento de análises cinesiológicas de ges-
tos motores pode colaborar com estudos mais aprofundados sobre programas de
condicionamento físico, treinamento e reabilitação em piscinas.
A classificação hidrocinesiológica ou hidrocinesioterapêutica é apenas um passo
para o aprimoramento científico na área, já que há ainda a necessidade de instrumen-
talização de mais centros de pesquisa sobre o movimento humano na água, tendo em
vista a expansão das atividades aquáticas como fator preventivo e terapêutico.
46
Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
47
Fisioterapia aquática
entre exercícios resistidos, métodos terapêuticos, como Bad Ragaz e Halliwick, trei-
no proprioceptivo e reeducação de gestos e posturas, em casos ortopédicos, trau-
matológicos, reumatológicos ou neurológicos.
O final da sessão pode ser constituído de relaxamento, mobilizações passivas,
alongamentos, massoterapia ou nados, mergulhos e deslocamentos na horizon-
tal, ou mesmo turbilhão (ou hidromassagem), se a piscina tiver essa possibilidade.
O princípio de que ''cada caso é um caso'' também é importante aqui, além do tipo
de serviço que a piscina terapêutica possui, a dinâmica de atendimentos, o número
de fisioterapeutas e pacientes, bem como implementas, material disponível, pro-
fundidade e estrutura da piscina.
A escolha dos procedimentos deve sempre ir ao encontro dos objetivos do tra-
tamento. Os princípios de esforço subjetivo são usados em exercícios resistidos, e
os parâmetros de carga e número de repetições devem seguir os princípios das teo-
rias de treinamento. Número de repetições alto e cargas baixas pressupõem resistên-
cia muscular localizada. O intervalo entre as séries é importante, e o número de sé-
ries deve ser baixo no início (uma ou duas) e progredir até aproximadamente três
ou quatro séries de cada exercício. A programação e a progressão do tratamento in-
cluem a troca de exercícios já fáceis para o paciente ou aparentemente improdutivos
naquela fase do tratamento, estando sempre ligadas a objetivos bem defmidos.
O trabalho de fortalecimento muscular na água, bastante discutido, aparente-
mente é mais limitado do que em ambiente seco. Pode-se ganhar força muscular
na água, mas esse ganho tem limitações que o ambiente seco não tem. Uma das ra-
zões para explicar isso é a dificuldade de estabilização do corpo na água, o que li-
mita a produção de força pelos músculos. Além disso, as cargas são limitadas pela
velocidade de movimentos, podendo chegar a um limite para pacientes fortes e
atletas com alta potência muscular.
Necessita-se da alta fisioterapêutica e do encaminhamento para atividades de ma-
nutenção ou mesmo atividades em seco. A velocidade a ser escolhida para a realiza-
ção dos exercícios é voluntária, o que também é uma limitação, pois há pacientes que
têm pouca consciência corporal para atingir altas velocidades. O comando verbal é
aqui muito importante, além da motivação e da percepção de esforço subjetivo.
No caso de se utilizar a flutuação como alternativa de resistência, a limitação
inclui o poder de flutuação do implemento, que, quando muito alto, pode desesta-
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Hidrocinesioterapia - Mecânica dos fluidos
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50
Marcha no ambiente aquático
Ana Maria Forti Barela
INTRODUÇÃO
1
Andar e correr são formas do movimento humano consideradas como marcha.
No entanto, em termos clínicos, marcha se refere predominantemente ao andar.
O andar é uma ação motora complexa que requer o controle de vários elemen-
tos que interagem e atuam sincronizadamente dentro de um contexto específi-
co. Sendo assim, um padrão de movimento coordenado e controlado é decorren-
te da interação entre a estrutura corporal, o movimento que se deseja realizar e o
ambiente em que esse movimento ocorre. A interação entre estrutura corporal e
ambiente só é possível por meio de forças externas, sendo a força da gravidade e
a força de reação as mais comuns. Porém, dependendo do contexto em que o an-
dar ocorre, como por exemplo, o ambiente aquático, outras forças externas tam-
bém estão presentes, tais como as forças de arrasto e empuxo. Essas forças podem
alterar o padrão da marcha, facilitando alguns aspectos dessa forma de locomo-
ção e dificultando outros.
O objetivo deste capítulo é apresentar as principais características do ambiente
aquático e como estas contribuem para as alterações do andar nesse ambiente. Es-
sas informações devem ser levadas em consideração antes de se propor um pro-
grama de intervenção do andar, ou por meio do andar, no ambiente aquático.
Fisioterapia aquática
DESCRIÇÃO
Ambiente aquático
O ambiente aquático é cada vez mais utilizado para treinamento, intervenção
e prática de atividade física. Esse ambiente apresenta características específicas
que podem facilitar ou dificultar a execução dos movimentos. Um corpo que se
encontra imerso na água recebe uma pressão exercida pela água. Essa pressão
é uma força que atua perpendicularmente em cada ponto da superfície corpo-
ral dividida pela área dessa superfície. O modo como a pressão é transmitida na
água (ou em qualquer fluido) é enunciada pelo princípio de Pascal. De acordo
com esse princípio, a pressão aplicada em uma piscina terapêutica, por exemplo,
é transmitida sem qualquer alteração a todos os pontos da água e às paredes da
piscina. Dessa forma, se a pressão dentro da água for alterada em decorrência de
um simples movimento de alguém na piscina, o aumento de pressão será o mes-
mo em todos os pontos desta. Além disso, quanto maior a profundidade do cor-
po de uma pessoa que se encontra no meio aquático, maior será a pressão sobre
esse corpo. Sendo assim, para sustentar o peso de alguém parado na posição ver-
tical na piscina terapêutica, a pressão sob a extremidade inferior (base) é maior
do que na extremidade superior (ápice).
No ambiente aquático, há também a força empuxo que atua sobre o corpo
imerso na água. Empuxo é uma força que tem a mesma direção da força peso
(produto da massa de um corpo pela ação da gravidade), mas em sentido con-
trário (Figura 3.1), e é enunciada pelo princípio de Arquimedes. Conforme esse
princípio, um corpo que está parcial ou totalmente submerso na água recebe
uma força de empuxo para cima que é igual ao peso do volume de água desloca-
do por esse corpo. Uma outra maneira de expressar o conceito de empuxo é por
meio da densidade, que mede o quanto de massa de um corpo há por unidade de
volume (densidade= massa/volume), ou seja, se a densidade de um corpo imer-
so for igual ou menor que a densidade da água, o corpo irá flutuar, e se a densida-
de for maior, ele irá afundar. A força empuxo que atua em um corpo ocorre por-
que a pressão da água é maior na base do que no ápice desse corpo.
52
Marcha no ambiente aquático
FIGURA 3.1 Forças peso eempuxo que atuam no corpo imerso na água. ai
Conforme a definição da força empuxo, pode-se afirmar que a força total atuan-
te sobre um corpo parado e imerso na água é a diferença entre o peso desse corpo e a
força empuxo. O resultado dessa diferença é o peso corporal aparente, não sendo cor-
reto dizer que o peso do corpo diminui quando imerso na água. Na realidade, o que
diminui é o peso corporal aparente. Por exemplo, as porcentagens de imersão do cor-
po humano na água, na altura da crista ilíaca, do processo xifoide do esterno e da séti-
ma vértebra cervical (C7) são respectivamente 57, 71e85%. De acordo com Harrison
et al., a redução do peso corporal aparente do corpo imerso nas mesmas alturas cor-
responde a 75a100%, 50 a 75% e O a 25% do peso corporal, respectivamente. 2
Além da pressão e da força empuxo, quando o corpo humano ou seus segmen-
tos se movimentam imersos no meio líquido, outras forças interferem nos movi-
mentos realizados. Nesse caso, são as forças de arrasto, que atuam na mesma di-
reção do movimento, mas em sentido contrário, o que proporciona resistência ao
movimento; e as forças de propulsão, que atuam na mesma direção e sentido do
movimento, facilitando-o (Figura 3.2). A força de arrasto depende da densida-
de da água, da área frontal e da velocidade de movimento do corpo. Sendo assim,
quanto maior um desses três aspectos ou todos, maior a força de arrasto e, conse-
quentemente, maior a res1stenc1a ao moVlffiento.
• • A • •
53
Fisioterapia aquática
Para entender melhor a relação entre a área frontal e a força de arrasto, deve-se
imaginar (ou experimentar) empurrar ou puxar uma pessoa em uma piscina, posi-
cionada verticalmente (em pé) e horizontalmente (deitada). Certamente, será mais
fácil empurrar e puxar essa pessoa quando ela estiver deitada, pois a área frontal
que se movimenta contra a força de arrasto é menor nessa posição do que quando
ela estiver em pé na piscina.
FIGURA 3.2 Forças de arrasto ede propulsão que atuam no corpo que se movimenta na água. Lii
Por causa das forças presentes no ambiente aquático, algumas vantagens e des-
vantagens podem ser constatadas quando se realizam movimentos dentro da água.
Como a força empuxo se opõe à força da gravidade e reduz o peso corporal aparente,
3
há diminuição das forças de compressão nas articulações, e os movimentos podem
ser realizados mais livremente na água do que na terra. 4 Por outro lado, a força de ar-
rasto proporciona resistência ao movimento, dificultando sua execução e podendo
reduzir sua velocidade. Porém, a resistência ao movimento pode propiciar fortaleci-
mento muscular e tempo maior para execução dos movimentos. Além disso, ao se
movimentar contra a resistência da água, o ambiente aquático é alterado constante-
mente, o que pode melhorar a capacidade de manutenção de equilíbrio.
54
Marcha no ambiente aquático
•••
•
Passo •
••
••
• •••
•
•
Passada
FIGURA 3.3 Representação esquemática referente ao passo (contato de um pé seguido de contato do pé contralateral na super-
fície) eà passada (dois contatos sucessivos do mesmo pé na superfície).
FIGURA 3.4 Períodos de apoio ede balanço, eos três intervalos do período de apoio: apoio duplo inicial, apoio simples eapoio
duplo final do andar, de acordo com aclassificação de Perry.5
55
Fisioterapia aquática
* Centro de massa é um ponto imaginário em torno do qual a massa corporal está igualmente distribuída em todas as
direções; a força da gravidade atua para baixo através desse ponto imaginário.
56
Marcha no ambiente aquático
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Passada(%)
FIGURA 3.S Média (±desvio-padrão) das componentes vertical ehorizontal anteroposterior da força de reação do solo (FRS),
durante uma passada de adultos jovens sem queixas de comprometimento no aparelho locomotor andando em velocidade confor-
tável eautosselecionada nos ambientes terrestre (AT, área sombreada) eaquático (AA, linha preta).
As forças foram normalizadas pelo peso corporal (PC) no AT epelo PC aparente no AA.
57
Fisioterapia aquática
* Plataforma de força consiste em duas superfícies rígidas, uma superior e uma inferior, que são interligadas por senso-
res de força, medindo a força de reação do solo. Para maiores detalhes, consultar: Barela AMP, Duarte M. Utilização da
plataforma de força para aquisição de dados cinéticos durante a marcha humana. Brazilian Journal of Motor Behavior,
no prelo.
58
Marcha no ambiente aquático
ças à força empuxo, e não há tanta necessidade de ativar os músculos para susten-
tar o corpo contra a força da gravidade. Porém, exige-se mais a permanência dos
músculos ativados na água para vencer a força de arrasto à medida que a pessoa
se movimenta para a frente. Sendo assim, o padrão de ativação muscular depen-
de da quantidade de redução do peso corporal aparente e da velocidade adotada
para andar na água.
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o 20 40 60 80 100
Passada(%)
FIGURA 3.6 Média (± desvio-padrão) dos ângulos articulares do tornozelo, joelho e quadril durante uma passada de adultos
jovens sem queixas de comprometimento no aparelho locomotor, andando em velocidade confortável eautosselecionada nos am-
bientes terrestre (AT, área sombreada) eaquático (AA, linha preta).
Valores positivos indicam dorsiflexão do tornozelo eflexão do joelho e quadril; valores negativos indicam flexão plantar do tornozelo eextensão do
joelho e quadril.
59
Fisioterapia aquática
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Passada(%) Passada(%)
FIGURA 3.7 Média(± desvio-padrão} da atividade eletromiográfica (EMG} normalizada pelo valor médio dos músculos gastroc-
nêmio medial (GM}, tibial anterior (TA}, cabeça curta do bíceps femoral (BFCC}, vasto lateral (VL}, cabeça longa do bíceps femoral
(BFCL}, tensor da fáscialata (TFL}, eretor espinhal (EE} ereto do abdome (RA} durante uma passada de adultos jovens, sem queixas
de comprometimento no aparelho locomotor, andando em velocidade confortável eautosselecionada nos ambientes terrestre (AT,
área sombreada} eaquático (AA, linha preta}.
Por fim, mas não menos importante, ao se analisar o padrão do andar dentro e
fora da água referente às componentes da FRS, aos ângulos articulares dos mem-
bros inferiores e à ativação muscular dos principais músculos em termos de varia-
bilidade de movimento, verifica-se que adultos jovens e idosos apresentam mais
variabilidade para andar em ambiente aquático do que em ambiente terrestre. 9 Tal
constatação pode ser atribuída principalmente a dois fatores: primeiro, o ambiente
60
Marcha no ambiente aquático
61
Fisioterapia aquática
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais características do ambiente aquático, uma vez que estas contri-
buem para as alterações do andar nesse ambiente, são apresentadas neste capítulo,
de modo a contribuir para formas de intervenção no ambiente aquático por meio
do andar. Apesar do padrão de movimento articular ser semelhante quando se anda
nos ambientes aquático e terrestre, as estratégias adotadas para se andar nesses dois
ambientes são diferentes, principalmente em razão das forças empuxo e arrasto,
que estão presentes no ambiente aquático. Ao se propor um programa de interven-
ção do andar, ou por meio do andar, no ambiente aquático, é preciso considerar as
características de quem será submetido à intervenção, as características do ambien-
te aquático e a diversidade entre ambiente aquático e terrestre, uma vez que a meta
principal de um programa de intervenção é (re )estabelecer o andar ou se utilizar
deste no ambiente aquático e favorecer uma marcha eficiente no ambiente terrestre,
o qual corresponde ao cotidiano das pessoas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Enoka RM. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2.ed. São Paulo: Manole, 2000.
2. Harrison RA, Hillman M, Bustrode S. Loading of the lower limb when walking partially
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land and in water. J Electromyogr Kinesiol 2008 Jun; 18(3): 446-54.
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Marcha no ambiente aquático
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dois níveis de imersão no ambiente aquático [cd-rom]. XI Conferência Brasileira de
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9. Barela AMF. Análise biomecânica do andar de adultos e idosos nos ambientes aquático
e terrestre [tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.
63
Biofeedback aquático por EMG
Ron Fuller • João Douglas Gil
INTRODUÇÃO
O biofeedback aquático por eletromiografia (EMG) foi desenvolvido a partir da
necessidade de validar objetivamente a reabilitação aquática. Com a tendência cada
vez mais forte de uso de técnicas de reabilitação baseadas em evidências, a terapia
aquática precisou mostrar que também pode apresentar estrutura objetiva e medi-
das quantitativas. Já que a maioria dos resultados aquáticos observados é de natu-
reza subjetiva, foi necessário enfatizar os dados objetivos para avançar na evolução
da terapia aquática. Assim o biofeedback por EMG de solo se estabeleceu como uma
ferramenta valiosa no campo da psicofisiologia. Fisioterapeutas e terapeutas ocu-
pacionais o utilizam com grande sucesso nas patologias de ombro e joelho, gra-
ças a técnicas de reabilitação baseadas em pesquisas desenvolvidas por Jenny Mc-
Connell.
Os movimentos aquáticos também precisavam de pesquisas para apoiar a ale-
gação de que constitui parte essencial da comunidade de reabilitação. A terapia
aquática e a cura apresentam uma longa história. Ambas são mencionadas em di-
versas passagens bíblicas, mas uma em particular trata da imersão em água para
a cura de uma doença. 1 É quase desnecessário dizer que o uso da água para curar
os enfermos sobreviveu ao teste do tempo. Porém, atualmente, são necessárias
evidências para validar seu efeito particular sobre o corpo humano e explorar o
modo como a técnica pode ser refinada a fim de ajudar o paciente a alcançar efei-
to terapeut1co maxrmo.
A • ' •
Fisioterapia aquática
8/0FEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO
Antes de aprofundar os conhecimentos sobre o biofeedback aquático por EMG,
é importante saber mais sobre os princípios da eletromiografia de solo e do biofee-
dback, separadamente. Os princípios baseados no movimento sobre o solo são im-
portantes para o desempenho dos tratamentos aquáticos e constituem a base de
como realizar, interpretar e direcionar as sessões de reabilitação.
O que é EMG?
Eletromiografia (EMG) é o método usado para avaliar a função muscular
através do estudo da atividade elétrica gerada pelo músculo. Ela também pode
ser usada para detectar processos neuropáticos ou miopáticos. Quando o múscu-
lo é estimulado a se contrair, o sinal é iniciado no sistema nervoso central (SNC)
e deve alcançar um neurônio motor alfa. O sinal é transmitido ao longo das fi-
bras musculares, nas quais ocorrem eventos eletrofisiológicos e eletroquímicos
que causarão a despolarização e repolarização mensurável dessas. Esse evento é
chamado de potencial de ação muscular e constitui a soma da energia de todos
os potenciais de ação muscular detectados pelo eletrodo de gravação. De modo
geral, a intensidade da contração muscular é controlada pela frequência de im-
pulsos nervosos que inervam as fibras musculares. Conforme mais potenciais de
ação motora são gerados, o músculo se contrairá com mais intensidade e o sinal
de EMG aumentará. O sinal é captado pelos eletrodos de superfície, amplificados
e convertidos em um sinal digital. Eles podem ser mostrados como sinais puros
de EMG de superfície (sEMG) ou RMS (valor quadrático médio). Um sinal puro
de sEMG é o sinal não processado de uma contração muscular (despolarização e
repolarização). Ela é mostrada como picos positivos e negativos durante um in-
tervalo de tempo (Figura 4.1). O sinal RMS é mais fácil de ler e ocorre no plano
positivo do gráfico (Figura 4.2). Constitui uma fórmula matemática que conver-
te os sinais sEMG em valores quantificáveis.
O que é biofeedback?
O biofeedback é um programa de treinamento no qual a pessoa recebe informa-
ções sobre processos fisiológicos (recrutamento muscular, frequência cardíaca ou
pressão arterial), as quais não estão normalmente disponíveis para os pacientes du-
66
Biofeedback aquático por EMG
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200 -------------------------------------------------------------------
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30 40 so
rante a realização dos exercícios, com o objetivo de obter seu controle consciente.
Ele oferece a pacientes e terapeutas a capacidade de monitorar e controlar os pro-
cessos de reabilitação a partir da observação e da manipulação desses sinais para al-
cançar o fim ou efeito desejado.
67
Fisioterapia aquática
Posturas de teste
Postura estática: avalia o nível de repouso muscular em posição estática. As in-
formações daí obtidas estabelecem medidas quantitativas. O sEMG estático deve
ser feito em conjunto com outros testes manuais de avaliação para validar achados
físicos de espasmo, hipertonicidade e restrição da amplitude do movimento. Esse
tipo de análise também pode ser usado para determinar mudanças anormais de
postura através da comparação bilateral dos mesmos músculos em posição estáti-
ca. A diferença entre ambos deve ser inferior a 40%.
Postura dinâmica: avalia a tensão muscular através de diversos planos de mo-
vimento. As informações daí obtidas estabelecem medidas qualitativas. No teste
dinâmico, pelo menos duas regiões musculares devem ser observadas quan-
to à simetria, desequilíbrio (agonista versus antagonista) e tempo de ativação e
desativação. Estudos mostram que, no teste dinâmico, o paciente deve realizar
pelo menos cinco repetições sem considerar o primeiro movimento devido à fal-
ta de confiabilidade do padrão do primeiro movimento. Isso propiciará um pa-
drão de movimento consistente e válido para avaliação.
Análise do sinal
A avaliação do sinal de EMG é feita diante de duas posturas de teste (estática e
dinâmica) (Figura 4.3). O sinal gerado em cada uma dessas posturas pode ser ana-
lisado em três dimensões diferentes: amplitude, tempo e espectro de força. A seguir,
será definida cada dimensão.
Análise de amplitude
Baseline ou nível de repouso: o sinal é gerado quando o músculo está totalmente
relaxado. O sinal de sEMG de um músculo em repouso deve estar abaixo de 5 mcV
(microvolts).
Contração média (média do sEMG durante a contração): é um indicador do ní-
vel de força e resistência muscular (ao realizar uma contração isométrica).
68
Biofeedback aquático por EMG
1 1 ' 1 1 1 1
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45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
Análise temporal
Tempo de ativação: é o tempo que o músculo leva para iniciar uma contração.
Tempo de desativação: é o tempo que o músculo leva para retornar ao baseline.
Análise espectral
Frequências médias/medianas: esses sinais indicam a taxa de diminuição de
uma contração muscular e a taxa de fadiga muscular (ao realizar uma contra-
ção isométrica).
69
Fisioterapia aquática
70
Biofeedback aquático por EMG
71
Fisioterapia aquática
pesquisadores eram audaciosos, mas seus equipamentos de EMG não eram avan-
çados o bastante para fornecer-lhes os dados críticos que precisavam, como fadiga
muscular e índices mais rápidos de amostragem. Em 1979, um trabalho publicado
por Okamoto e Wolf 1º mostrou correlações excelentes entre eletrodos de superfí-
cie e agulha durante o registro da EMG aquática.
Nos anos 1990, estudos publicados por Fujisawa et al., 15 Fuller et al., 16 Pink et
al., 17•18 e Põyhõnen et al. 19 avaliaram ombros e joelhos em ambiente aquático utili-
zando EMG. Cada um desses trabalhos forneceu pesquisas sólidas que puderam
ser usadas na reabilitação aquática.
Fujisawa et al. 15 analisaram por EMG a atividade isométrica de flexão e abdução
dos ombros a 30º, 60º e 90º e rotadores do ombro em amplitude média e em rotação
total interna e externa. Os resultados mostraram reduções significativas da ativida-
de muscular do supraespinal, assim como da atividade de outros músculos avaliados
por EMG de solo e aquática. Essa informação forneceu dados valiosos sobre a reabi-
litação precoce de lesões do ombro, como rupturas do manguito rotador.
Fuller et al. 16 avaliaram o nível de atividade do músculo vasto medial oblíquo
no solo e na água, em profundidades no nível da cintura e do tórax. Os resultados
mostraram uma redução de 50% da atividade na EMG (comparado aos valores no
solo) com água no nível da cintura, e uma redução de 75% nos resultados da EMG
(versus valores no solo) no nível do tórax. Esse trabalho também mostrou a vali-
dade da técnica de EMG aquática (50 participantes), assim como a capacidade de
usar profundidades diferentes para manipular a quantidade de peso suportado e,
portanto, o nível de controle de dor e o rendimento do músculo vasto medial oblí-
quo na reabilitação da síndrome da dor patelofem oral.
Por volta da mesma época, Põyhõnen et al. 19 publicou um trabalho que ava-
liou a reprodutibilidade, ensaio a ensaio e dia a dia, da EMG aquática, bem como
a comparação entre atividade muscular e a produção de força. Os resultados mos-
traram que a força subaquática e as medidas de EMG eram altamente passíveis de
reprodução. Essa pesquisa mostrou que os dados do cenário aquático eram com-
paráveis aos obtidos no solo. Tal achado substanciou as conclusões anteriores de
que o exercício aquático pode ser medido quantitativa e qualitativamente. Nessa
década, diversos artigos foram publicados. Em 2001, Põyhõnen publicou um estu-
do comparando a atividade muscular e a força de resistência do atrito durante exer-
72
Biofeedback aquático por EMG
cícios de extensão e flexão dos joelhos com os pés descalços e vestindo botas de
resistência HydroTone®. Os resultados mostraram uma redução precoce do nível
de atividade dos músculos agonistas com a ativação coincidente dos antagonistas.
Além disso, um nível mais alto de resistência foi alcançado com o uso das botas
HydroTone® em comparação ao movimento com pés descalços. Clinicamente, o
trabalho mostrou que exercícios aquáticos com acessórios para aumentar a área su-
perficial frontal podem estimular o sistema neuromuscular.
Um artigo interessante foi publicado em 2000 por Kelly et al.20 e colocou em se-
gundo plano o estudo escrito por Fujisawa et al. 15 O trabalho de Kelly passou do tes-
te estático para movimentos dinâmicos do ombro, especificamente dos músculos do
manguito rotador. Os resultados mostraram que, para os seis músculos avaliados na
água, a ativação muscular nas duas velocidades mais baixas de teste (30º/ s e 45º/ s)
foi significativamente menor do que a observada no movimento realizado sobre o
solo. A significância clínica desse trabalho sugere que movimentos lentos do ombro
na água produzem níveis mais baixos de ativação dos músculos do manguito rotador
e músculos sinérgicos, permitindo assim que o movimento seja iniciado mais cedo,
na fase pós-operatória, sem comprometer a recuperação cirúrgica.
Em 2001, Stowell et al. publicaram um trabalho que propôs uma interven-
ção em solo e água para melhorar a mobilidade funcional de uma pessoa após le-
são espinal incompleta em C6. O estudo testou a mobilidade e a ativação mus-
cular dos pacientes utilizando diversas ferramentas de avaliação (deambulação
com a assistência de dispositivo(s), escores da American Spinal Injury Associa-
tion [Asia], EMG). O objetivo do estudo foi utilizar o efeito de flutuação da água
em lugar do sistema de esteira com sustentação do peso corporal (BWSTS) para
facilitar a geração de um padrão central e aumentar a mobilidade funcional do
paciente. Os resultados mostraram um aumento dos escores de EMG no solo e
na água, assim como da mobilidade funcional dos pacientes, enquanto os escores
da Asia e os testes musculares manuais (MMT) continuaram inalterados. Clini-
camente, isso mostra que o ambiente aquático pode facilitar a geração de um pa-
drão central e aumentar a capacidade funcional de um paciente com lesão espinal
(C6) incompleta (1 ano após a lesão), além de levantar a hipótese de mudança do
padrão de escolha dos testes MMT como ferramenta definitiva de avaliação do
nível futuro de função muscular do paciente.
73
Fisioterapia aquática
APLICAÇÕES NA REABILITAÇÃO
O biofeedback eletromiográfico aquático apresenta um papel significativo na
reabilitação dos pacientes. O uso do componente EM G para verificar o que está
acontecendo enquanto os pacientes se movem na água permite que os fisiotera-
peutas utilizem a parte de biofeedback para ensinar os pacientes a tirar máximo
proveito das rotinas de exercícios na água. A seguir, serão descritos alguns exem-
plos do uso de biofeedback aquático por EMG na reabilitação de pacientes.
Ortopedia: o biofeedback eletromiográfico aquático pode ser usado para reabi-
litar pacientes com reconstrução de LCA, síndrome de dor patelofemoral, lesões
74
Biofeedback aquático por EMG
75
Fisioterapia aquática
76
Biofeedback aquático por EMG
FIGURA 4.7 Bombeamento do bulbo externo para remoção do ar da veste AcquaSense™. Líi
77
Fisioterapia aquática
78
Biofeedback aquático por EMG
se possa obter o máximo das sessões de tratamento. Em termos gerais, tudo o que
seria feito com a unidade de biofeedback eletromiográfico de solo pode ser reali-
zado na água. As observações gráficas, entretanto, serão diferentes em ambiente
aquático. O conhecimento prático das propriedades físicas da água e de seu efei-
to sobre o exercício aquático tornará seu tratamento de biofeedback eletromiográ-
fico mais benéfico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(eds.). Biomechanics III. Basel: S Karger, 1992. p.446-52.
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Fisioterapia aquática
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Biofeedback aquático por EMG
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tyle swimming: an electromyographic cinematographic analysis if twelve muscles. Am
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knee exercises under water. Clin Biom 2001; 16:496-504.
81
Aspectos dermatológicos na
reabilitação aquática
Shirlei Schnaider Borelli
INTRODUÇÃO
Muitas vezes, as atividades dentro da água, sejam estas terapêuticas ou recreativas,
após trauma ou cirurgia, requerem o uso de curativos permeáveis ou semipermeá-
veis. Dentre os mais importantes conceitos sobre cicatrização, é necessário ressaltar
a abordagem multidisciplinar no tratamento das feridas, priorizando entender o pa-
ciente como um todo e não considerar simplesmente o curativo ou a ferida.
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES
Dealey1 mostra que as qualidades de um produto eficaz para o tratamento de
feridas devem incluir:
• facilidade de remoção;
• conforto;
• não exigência de trocas frequentes;
• boa relação custo/benefício;
• manter o leito da ferida com umidade ideal e as áreas periféricas secas e protegidas;
• facilidade de aplicação;
• adaptabilidade (conformação às diversas partes do corpo).
84
Aspectos dermatológicos na reabilitação aquática
Limitações: requer cobertura secundária e não deve ser usado em feridas secas
ou com baixo exsudato, pois pode haver aderência e maceração da pele adjacente.
85
Fisioterapia aquática
A bota de Unna é composta por uma bandagem impregnada com pasta de óxi-
do de zinco a 10%, que não endurece, mais glicerina, petrolato e agentes antissép-
ticos e estimulantes da cicatrização.
Indicações:
• feridas secas;
• queimaduras ou feridas com dano parcial de tecido;
86
Aspectos dermatológicos na reabilitação aquática
Benefícios:
• formação de uma camada protetora da pele;
• ação como barreira à contaminação de ferida;
• impermeabilidade à água e a outros agentes;
• permeabilidade ao oxigênio e ao vapor úmido;
• adaptação aos contornos do corpo;
• possibilidade de visualização direta da ferida e vascularização;
• possibilidade de ser cortado em diversos tamanhos;
• permissão para banhos;
• não requer cobertura secundária;
• não requer troca diária.
Limitações:
• permeabilidade a alguns agentes tópicos aquosos;
• descolamento gradativo nas áreas já epitelizadas;
• possível ocorrência de hipersensibilidade;
• não se deve usar o produto nas primeiras 24 horas de pós-operatório, por sua
liberação de exsudato.
87
Fisioterapia aquática
Ação: na membrana celular, ativando a tirosinacinase, que, por sua vez, entra
em contato com o DNA, estimulando a divisão e a proliferação celular.
Benefícios:
• ativação de macrófagos e fibroblastos;
• aceleração da granulação tecidual.
Limitações:
• necessidade de troca diária no mesmo horário (uma vez/ dia - 12 horas depois,
lavar com solução salina e fazer outro curativo, mantendo o meio úmido);
• necessidade de cobertura secundária;
• eficácia ainda não comprovada para não diabéticos;
• custo elevado.
Indicações:
• feridas exsudativas (drenos), limpas, em fase de granulação;
• feridas superficiais (placa); feridas com cavidade (almofadas).
88
Aspectos dermatológicos na reabilitação aquática
Benefícios:
• auxílio no desbridamento autolítico;
• promoção de granulação tecidual;
• remoção do excesso de exsudato e diminuição do odor da ferida.
Limitações:
• impossibilidade de utilização em feridas secas ou com pouco exsudato;
• impedimento da visualização da ferida, transparência em outros;
• possibilidade de ser recortado, apresentando diversas formas (Elasto-gel®) e ta-
manhos padronizados.
Observações:
• não requer cobertura secundária;
• não requer troca diária, pode-se fazer a troca a cada 48 horas.
Indicações:
• feridas secas ou com pouco exsudato, com necrose, pois há auxílio na remoção
de crostas. Quando se associa o produto ao alginato, pode ser utilizado em feri-
das com moderado exsudato;
89
Fisioterapia aquática
Ação:
• efeito quimiotáxico para leucócitos;
• favorecimento da angiogênese;
• promoção de desbridamento autolítico;
• estabelecimento do meio úmido ideal.
Benefícios:
• possibilidade de uso em várias fases da cicatrização;
• ausência de dano no tecido de granulação;
• promoção de alívio e conforto.
Limitações:
• o produto não deve ser utilizado em feridas cirúrgicas fechadas, feridas com
muito exsudato ou colonizadas por fungos ou sobre a pele íntegra;
• requer cobertura secundária (gaze não aderente, hidropolímero ou filme trans-
parente, conforme o volume de exsudato );
• risco de maceração do tecido adjacente;
• requer troca em intervalos que variam de 12 a 24 horas.
90
Aspectos dermatológicos na reabilitação aquática
Indicações:
• feridas secas, com pouco ou médio exsudato, lesões em fase de granulação;
• feridas com dano parcial de tecido;
• feridas com ou sem necroses.
Benefícios:
• auxílio no desbridamento autolítico e estímulo à angiogênese;
• redução do risco de infecção (oclusivo), pois a camada externa do produto atua
como barreira térmica aos gases, barreira microbiana e mecânica;
• promoção de isolamento térmico;
• estímulo angiogênico (diminuição da tensão de oxigênio), granulação e epite-
lização;
• não requer troca diária; possibilidade de trocas em intervalos maiores (até 5 ou
6 dias), o que deve ser realizado quando se observar extravasamento ou desco-
lamento;
• possibilidade de uso em associação com ácidos graxos essenciais;
• proteção das terminações nervosas, redução da dor.
Limitações:
• contraindicação para feridas com dano total e queimaduras de terceiro grau;
• contraindicação para feridas fúngicas ou infectadas;
• risco de maceração do tecido adjacente;
• risco de odor desagradável, por reação do exsudato com o ativo.
Modo de utilização:
• lavar o leito da ferida com soro fisiológico a 0,9% e secar a pele ao redor;
• medir a ferida e selecionar o tamanho, de forma que ultrapasse a borda em pelo
menos 3 cm;
91
Fisioterapia aquática
Novas tecnologias
A engenharia de tecidos (Apligrar e Dermagraft®), segundo Kirsner, 2 é um cam-
po multidisciplinar de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias, cujo objetivo é
controlar o crescimento e o desenvolvimento da matriz celular para a reparação e
substituição do tecido humano. De acordo com esse autor, os implantes cutâneos
podem ser classificados em três tipos: matriz dérmica, matriz dérmica com células
e uma estrutura celular com camada dupla.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos grandes avanços verificados nas últimas décadas, muito há para
ser descoberto, não só sobre a compreensão acerca dos diversos fatores e fenô-
menos envolvidos com o processo de reparação tissular, mas, simultaneamente,
sobre a crescente pesquisa e descoberta de novos recursos e tecnologias para in-
tervir nesse processo, em especial nos países subdesenvolvidos, nos quais ainda
são elevadas a incidência e a prevalência de lesões crônicas, particularmente as
úlceras nos pés e pernas em portadores de diabetes. Embora os dados brasileiros
sejam pouco precisos, alguns autores estimam que quase 3% da população bra-
sileira é portadora desse tipo de lesão, que se eleva para 10% no caso de diabé-
ticos, e que aproximadamente 4 milhões de pessoas sejam portadoras de lesões
crônicas ou tenham algum tipo de complicação no processo de cicatrização. Tais
dados requerem dos profissionais não só maiores conhecimento e preparo para
lidar com esse problema, como implica maior investimento em pesquisas, tan-
to para quantificar de forma mais precisa tal população como para buscar novos
recursos e tecnologias, com menor custo e maior eficácia, além de mais adequa-
dos e mais acessíveis à população brasileira.
92
Aspectos dermatológicos na reabilitação aquática
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93
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
Aline Mizusaki !moto de Oliveira • Daniel Antônio de Oliveira • Kelson Nonato Gomes da Silva
INTRODUÇÃO
A reabilitação pode ser definida como um tratamento realizado sob orientação
médica, com o objetivo de proporcionar independência a indivíduos com função
comprometida decorrente de um processo patológico. 1
O fisioterapeuta deve relacionar os achados clínicos com o acometimento em si
e, desse modo, elaborar um plano de tratamento para o paciente. 2•3
O sucesso da reabilitação depende da qualidade da avaliação e, por isso, o pro-
fissional de saúde deve ter embasamento teórico-prático. 4•5 Podem-se ordenar as
etapas da avaliação fisioterapêutica da maneira que será apresentada a seguir.
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
Na identificação do paciente, dados como nome, idade, gênero, atividade es-
portiva e atividade ocupacional são coletados.
HISTÓRIA
Estima-se que 80% das informações necessárias para explicar o problema do
paciente sejam coletadas durante a história. 6 São pontos importantes da história:
como e quando surgiu o problema, o uso de medicamentos, o histórico cirúrgico,
se o quadro se encontra em fase aguda ou crônica, lesões preexistentes e comorbi-
dades. Quando se fala em avaliação de pacientes para o tratamento em piscina, os
casos descritos a seguir são considerados contraindicações. 7
Fisioterapia aquática
96
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
NÍVEL DE DOR
A intensidade da dor pode ser mensurada por meio da escala analógica visual
(EAV) de O a 10.9 O paciente é solicitado a classificar a sua dor atual, uma vez que
O representa nenhuma dor e 10 representa a pior dor já sentida por ele. 10 Pode-se
também a classificar como aguda ou crônica. 9
A dor do paciente pode ser constante, variável ou intermitente. Na dor variá-
vel, a intensidade é o que varia e pode ter como causa um fator mecânico. Esse fa-
tor mecânico pode ser o resultado da deformação do colágeno que comprime as
terminações nervosas livres. Desse modo, movimentos ou posições específicas de-
vem influenciar a dor de natureza mecânica.
Outros sintomas também devem ser questionados, como a presença de pares-
tesia, fraqueza muscular e irradiação.
MEDICAÇÃO
É importante que o paciente seja questionado sobre o uso de medicação, pois
isso pode ter impacto sobre os achados clínicos. Analgésicos, relaxantes muscula-
res e anti-inflamatórios podem mascarar os sinais e sintomas do paciente. De acor-
do com a melhora do paciente, o consumo de analgésicos deve diminuir. O uso
prolongado de corticoides pode causar mudanças no sistema musculoesquelético,
como osteoporose e diminuição de resistência do tecido conectivo. 10
INSPEÇÃO
A inspeção é iniciada quando o paciente entra no consultório. Essa observa-
ção fornece as informações de como o paciente segura, por exemplo, o braço, se há
uma marcha antálgica e quanto desconforto o paciente demonstra ter. Além disso,
deve-se verificar a presença de edema, assimetria (óssea, muscular e postural), de-
formidades, cicatrizes e a presença ou não de hipotrofia muscular. 11 A presença de
feridas e sangramentos são contraindicações para a prática da hidroterapia. 7
Em casos de dor anterior do joelho, um desalinhamento patelar pode estar as-
sociado, resultando em alteração do ângulo Q. Este pode ser definido como o ân-
gulo formado pelo cruzamento de duas linhas imaginárias, a primeira constituída
da espinha ilíaca anterossuperior até o ponto médio patelar; a segunda, da tube-
97
Fisioterapia aquática
S: scapular malposition
I: inferior medial border
C: coracoid pain
K: dyskinesis of scapular movement
PALPAÇÃO
A palpação é importante para checar qualquer mudança vasomotora, como
o aumento na temperatura da pele, o qual pode sugerir um processo infla-
matório; localizar edema, identificar restrições miofasciais e locais doloro-
sos. Cada articulação em particular possui as regiões principais a serem pal-
padas. Durante a palpação, deve-se levar em consideração se o acometimento
98
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE
Em casos de pacientes com déficit de sensibilidade, as áreas menos sensíveis
estão mais predispostas a queimaduras. Assim, a temperatura da água da piscina
deve ser verificada antes de o paciente entrar e apenas a temperatura próxima da
corporal deve ser utilizada. 7
As raízes dorsais dos nervos espinhais são representadas por regiões senso-
riais chamadas dermátomos. 17 Existe uma determinada sobreposição de dermá-
tomos, por isso, é importante testar a área afetada de forma completa. A compres-
são da raiz nervosa pode causar hipoestesia. É também um sintoma decorrente
de acometimento nervoso e parestesia. Esta pode ser definida como uma sensa-
ção anormal de agulhada e dormência. Além disso, a lesão de fibras nervosas in-
terfere na motricidade, resultando em déficit motor e/ ou sensitivo. A avaliação
de dor, temperatura, pressão, vibração e sensações discriminativas também faz
parte da avaliação da sensibilidade. Em casos de pacientes que não apresentem
sintomas neurológicos, pode-se realizar um exame mais breve. 17
99
Fisioterapia aquática
---- ...
- -c2
.._.,,,, .....,.__ C3 Região anterior do pescoço
(3
(4
(5
T1
T2
T6
T7
T8
Nervo T9
Nervo --T~
lO=::::::=_-A-~~U\.- T10 Umbigo
radial ulnar
T11
T12
.
-- . -
anterior \ ~
Nervo
cutâneo LS LS
lateral da
panturrilha
Nervo
peroneiro
superficial
51 51
- - - - - L S Região anterior
Ramos do calcanhar e pé
cutâneos
do nervo
safe no
100
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
B
(2
(4
'
(5
(6
Nervo Nervo
ulnar radial
(6
Polegar
(8 ~"'t----\--\-4-t--53 (8
51 52 o-+-----+--+--++-- 54 •
~-+--+---t---\1-- 55
Dedos
, .
Nervo m1n1mo e
mediano anular
52 55 Perianal
Nervo
cutâneo 51
lateral
da coxa
Nervo
cutâneo
femoral
posterior
Nervo
cutâneo
lateral da
panturrilha
Nervo
•
peroneiro
superficial +f-1"1-----L4 Região anterior do
calcanhar epé
Nervo -\\-- - L5Pé
sural
FIGURA 6.2 Ae B Dermátomos inervados pelas raízes dorsais dos nervos espinhais eregiões inervadas por nervos periféricos.
Fonte: adaptado de http://www.sistemanervoso.com
101
Fisioterapia aquática
TESTES ESPECÍFICOS 17
Dor: a sensação de dor é realizada utilizando um alfinete ou um objeto pontia-
gudo, iniciando-se a partir da área anestesiada para a normal.
Temperatura: é realizada utilizando dois tubos de ensaio, um com água quente
e outro com água fria. Os dois tubos são colocados em contato com a pele dopa-
ciente e pede-se para identificar o quente e o frio.
Pressão: uma pressão firme é aplicada na região do ventre muscular.
Vibração: é testada utilizando um diapasão de 128 Hz (preferível). O avaliador
vibra o diapasão batendo na mão e o coloca firmemente sobre uma proeminência
óssea do paciente (maléolo, patela, epicôndilo e crista ilíaca).
Reação de equilíbrio: é testada a habilidade do paciente de manter o equilíbrio
em resposta a alterações no centro de gravidade.
Reação de proteção: é a habilidade do paciente de se estabilizar e proteger o cor-
po em resposta a estímulos nos quais o centro de gravidade fica fora da base de su-
porte.
TESTES E MEDIDAS
Amplitude de movimento (ADM)
A amplitude de movimento disponível na articulação é baseada no estado arti-
cular das superfícies, na mobilidade e capacidade de deformação dos tecidos mo-
les, no grau de contratura, na idade (a amplitude de movimento tende a diminuir
com a idade) e no gênero (em geral, as mulheres têm maior mobilidade articular
que os homens). 18
102
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
103
Fisioterapia aquática
FLEXIBILIDADE
A diminuição de flexibilidade ou um encurtamento adaptativo são muito co-
muns em disfunções posturais. Esse encurtamento pode ser devido à diminuição
de AD M secundária a trauma, imobilização prolongada e hipertonia. Geralmente,
a mensuração da flexibilidade é feita por meio do flexímetro ou goniômetro (Figu-
ras 6.5, 6.6 e 6. 7 A, B e C). Uma forma subjetiva para a mensuração da flexibilidade
é o exame do ponto em que existe uma tensão excessiva da musculatura. 19•2º
FIGURA 6.6 Posicionamento para teste de flexibilidade do músculo reto femoral. Lfi
104
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
FIGURA 6.7 A, Be C Verificação do movimento de inclinação lateral da coluna por meio do flexímetro. Lfi
105
Fisioterapia aquática
• grau 1: músculo com evidência de leve contração, porém sem movimento efetivo;
• grau O: músculo sem evidência de contração.
Teste isocinético
O conceito de exercício isocinético foi desenvolvido por James Perrine ao final
dos anos 1960. Esse conceito envolve uma velocidade fixa, preestabelecida e dinâ-
mica, com uma resistência que é totalmente adaptável através de toda a amplitude
de movimento (ADM). Isocinética significa que o exercício é realizado com uma
velocidade fixa e com uma resistência adaptável. 21 O exercício isocinético é a úni-
ca maneira de sobrecarregar um músculo de modo dinâmico até a sua capacida-
de máxima, através de cada ponto em toda a extensão da ADM. Portanto, a resis-
tência varia até ser exatamente igual à força aplicada pelo atleta em cada ponto na
ADM. As finalidades do teste isocinético são:22
106
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
107
Fisioterapia aquática
Reflexos
A integridade do reflexo pode ser vista como a integridade da via neural. Os
reflexos tendinosos profundos utilizam o fuso muscular para determinar o esta-
do dos sistemas nervosos periféricos aferente e eferente. O reflexo é uma unidade
programada em que determinado estímulo de um receptor leva a uma resposta au-
tomática de um efetor. Qualquer músculo que possui um tendão é capaz de produ-
zir um reflexo. Cinco desses músculos são regularmente testados: bíceps (CS), bra-
quiorradial (C6), tríceps (C7), quadríceps (L4) e aquileu (Sl). 25
A ausência do reflexo significa uma interrupção do arco reflexo. Uma hiper-re-
flexia demonstra a lesão dos centros corticais inibitórios. 25
TESTES ESPECIAIS
Os testes especiais para cada área são dependentes da real necessidade e da estrutu-
ra de cada articulação. Existem inúmeros testes específicos para cada articulação. São
realizados apenas se existe um indício de que eles podem ser úteis para se chegar a um
diagnóstico.Ajudam a proporcionar informação sobre o grau do dano tecidual.26
TESTES FUNCIONAIS
Timed up and go test (TUG): é um teste de mobilidade básico que reflete a ha-
bilidade de transferência da posição sentada para a posição em pé e de andar uma
distância curta. Pede-se para os pacientes completarem o teste da forma mais rápi-
da possível. As instruções são: levantar de uma cadeira padrão com os braços, uti-
lizando os braços da cadeira, se necessário, andar 3 metros (marcados com uma
fita), retornar e sentar novamente. Sugere-se aos indivíduos que usem um calça-
do confortável. Antes de registrar o tempo, os indivíduos devem fazer uma tentati-
va para conhecer o teste. Após a familiarização, dois testes são registrados e o que
apresentar melhor tempo é utilizado para análise. 27
Teste de alcance funcional (functional reach test): é um teste de equilíbrio que
mensura a maior distância que a pessoa consegue alcançar, enquanto fica em pé,
sem dar nenhum passo. Uma fita métrica é colocada em uma parede no nível do
ombro. O indivíduo é solicitado a posicionar o braço estendido na altura do om-
bro e a partir daí alcançar o mais longe possível, sem sair do lugar. Duas fami-
108
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
liarizações são feitas, seguidas de três registros nos quais a distância é anotada.
O melhor valor é utilizado para análise, e uma maior distância reflete um melhor
desempenho. 28
Teste funcional para articulação do ombro (one-arm hop test): é um teste de
desempenho para atletas que auxilia na decisão de retorno ao esporte. O teste re-
quer que o paciente fique em posição de flexão, porém apoiando apenas um bra-
ço enquanto o outro fica nas costas. O paciente usa o seu braço para impulsionar o
tronco para um step de 10,2 cm. O tempo gasto para o paciente realizar cinco repe-
tições do movimento, da forma mais rápida possível, é registrado e comparado ao
membro contralateral. Com treinamento adequado, um tempo menor que 10 se-
gundos é considerado normal. 29 É importante que o paciente já esteja na fase avan-
çada da reabilitação, pois esse é um teste que exige um bom preparo físico.
109
Fisioterapia aquática
Salto triplo (tripie hop test): é similar ao salto em distância, exceto pelo fato de
o paciente saltar três vezes consecutivamente e a pontuação ser feita da distância
do ponto inicial (ponta dos dedos) até o ponto final (calcanhar), após o terceiro
pulo. Um estudo relatou uma alta correlação entre a força concêntrica isocinética
do quadríceps e o tripie hop test. 33
Teste do salto de 6 metros: o avaliador marca uma distância de 6 metros e opa-
ciente pula em uma perna só ao longo dos 6 metros. O tempo é mensurado em
milésimos de segundos e comparado aos saltos feitos com a outra perna. Esse tes-
te avalia força, resistência muscular, propriocepção e equilíbrio do joelho. É reco-
mendado para atletas que estão retornando ao esporte. 34
Salto em crossover: o paciente se posiciona atrás de uma linha inicial e uma ou-
tra linha é traçada com uma fita métrica e colocada perpendicularmente a essa. O
paciente se posiciona à direita da linha perpendicular e é solicitado a pular para o
lado esquerdo e assim sucessivamente até completar três saltos. A pontuação é a
distância entre a ponta dos dedos inicial e o calcanhar após o terceiro salto. 35•36
Agachamento em uma perna (single leg squat): o paciente se equilibra em uma
perna e flexiona o joelho. O grau de flexão do joelho é mensurado com um goniô-
metro e comparado com a perna não envolvida. 37
11 o
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
83
62,07
D Lyshom
41 43,68 45,98
39===1.36;7-8----r--
40 --r-;:::::::::
D IKDC
20 --+-1
FIGURA 6.10 Evolução de um paciente submetido àreconstrução dos ligamentos cruzados (anterior eposterior) do joelho. Lii
111
Fisioterapia aquática
112
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
da, além de uma grande variedade de afecções dos MMSS. 47 Contém trinta ques-
tões que mensuram a função física e sintomas, incluindo dois itens relacionados
à função física, seis itens relacionados a sintomas e três que avaliam o aspecto so-
cial. Existem dois módulos adicionais de quatro itens facultativos: um para atle-
tas ou músicos e outro para demais trabalhadores. A pontuação final é calculada
aplicando fórmulas estabelecidas para analisar as primeiras trinta questões e ou-
tra fórmula é separada para pontuar os módulos facultativos. Foi traduzido e va-
lidado para a língua portuguesa em 2005. 48
113
Fisioterapia aquática
Constant-Murley Score
O questionário Constant-Murley Score avalia dor (máximo de 15 pontos), ativi-
dade de vida diária (20 pontos), função (20 pontos), amplitude de movimento (40
pontos) e força muscular (25 pontos). A pontuação é somada para atingir o máxi-
mo de 100 pontos. Quanto maior a pontuação, melhor é a função do ombro ava-
liado. Esse questionário não passou por processo de tradução e/ ou validação para
a língua portuguesa. 54
114
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
115
Fisioterapia aquática
American Orthopaedica Foot and Ankle Society - the ankle hindfoot scale
{AOFAS) específico para acometimentos do tornozelo e retropé
Em 1994, a American Orthopaedic Foot and Ankel Society desenvolveu 4 esca-
las de avaliação para as diferentes regiões anatômicas do pé, podendo ser aplicadas
em diferentes lesões e tipos de tratamentos: tornozelo e retropé, mediopé, articu-
lação metatarsofalângica (MTF) do hálux, e região do tornozelo e retropé. O ques-
tionário é de fácil aplicação e compreensão, composto por nove itens, os quais são
divididos em três categorias: dor (40 pontos); aspectos funcionais (50 pontos); e
alinhamento (10 pontos), totalizando 100 pontos. Essa escala foi traduzida e vali-
dada para a língua portuguesa por Rodrigues et al. 2006. 68
116
Avaliação fisioterapêutica em ortopedia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Fisioterapia, assim como outras áreas da saúde, necessitam de métodos de ava-
liação que proporcionem informações quantitativas e qualitativas à respeito do estado
de saúde do paciente, tanto como meio para permitir avaliar a situação atual do mes-
mo como para acompanhá-lo no decorrer da reabilitação, e assim, poder intervir da
melhor forma possível na melhora do quadro clínico. No momento, contamos com
instrumentos de avaliação que possibilitam a geração de dados objetivos e subjetivos,
e dessa forma podemos acompanhar, intervir e melhorar o programa de reabilitação
proposto. Portanto, no presente capítulo, buscamos agregar instrumentos de avalia-
ção que permitam o fornecimento de dados objetivos como o Timed up & go, gonio-
metria, artrômetro KT-1000, além de questionários funcionais específicos para cada
articulação (ex: membros inferiores (Lysholm, ADLS, FAOS etc); membros superio-
res (UCLA, TSO, DASH etc); coluna (Roland Morris), assim podemos adotar me-
didas de reabilitação baseadas em evidências científicas maximizando o respaldo da
atuação fisioterapêutica na equipe multidisciplinar.
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121
Fisioterapia aquática
122
Reabilitação aquática nas afecções das
colunas cervical, torácica e lombar
Patrícia Parreira • Thaís Verri Baratella
INTRODUÇÃO
As lesões caracterizadas por dor na coluna (lombar e/ ou cervical) têm adquirido
grande importância nas últimas décadas, por afetarem uma parcela importante da
população economicamente ativa. Estudos epidemiológicos relatam que 80% da po-
pulação mundial sofrerá de dores na coluna algum dia de suas vidas. 1 Na maioria dos
casos (90%) a dor desaparece em 12 semanas, sem prejuízos a longo prazo. 2 No Brasil,
dentre as disfunções musculoesqueléticas, as doenças da coluna são a primeira causa
de pagamento de auxílio-doença e a terceira causa de aposentadoria por invalidez. 1
A literatura específica que fala de reabilitação descreve diversas formas de se tratar
as dores lombares, e uma delas é a reabilitação aquática. A reabilitação precoce, por
meio da fisioterapia aquática, permite a realização de exercícios em um ambiente se-
guro e isento de sobrecargas, pois as propriedades físicas reduzem as forças compres-
sivas e de cisalhamento na coluna, o que evita os efeitos deletérios do repouso. 3
A COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral humana deve conciliar duas funções simultâneas: a de suporte,
que exige um grau de rigidez; e a de movimento, que requer flexibilidade. Além disso, a
coluna vertebral deve proteger a medula espinal. Essas funções são a base fundamental
para a realização de qualquer movimento humano. A eficiência do movimento periféri-
Fisioterapia aquática
REABILITAÇÃO AQUÁTICA
Independentemente do tipo de lesão, a dor torna-se incapacitante, limitando
os movimentos da coluna. O repouso absoluto muitas vezes é contraindicado por
causar atrofia e fraqueza muscular. 9 Nessa fase aguda da patologia, os exercícios
em terra não são toleráveis, pois aumentam as cargas compressivas nas vértebras. 2•3
Na água aquecida, essas cargas são bem reduzidas devido à flutuação, favorecen-
do um programa de reabilitação mais intenso e precoce sem prejudicar os tecidos
em fase de cicatrização. 2
124
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
Pittler et al. realizaram uma metanálise para avaliar a efetividade da terapia aquá-
tica no tratamento da dor lombar. Observaram melhora do quadro álgico na escala
analógica de dor (intervenção versus controle) após o tratamento na água. 2•6
Langridge et al. 7 realizaram um estudo no qual comparavam exercícios na
água com exercícios realizados na fisioterapia convencional. Concluíram que após
3 meses de tratamento, 85% dos participantes submetidos à fisioterapia aquática
reduziram o nível da dor e 96% melhoraram a qualidade de vida. 8
Com o calor, há redução do espasmo muscular e da dor (ciclo espasmo/ dor),
graças ao maior aporte de sangue e oxigênio para os tecidos lesados. Tal fenômeno
proporciona aos pacientes o preparo necessário para os exercícios em terra. 8
O programa de reabilitação aquática engloba correção da marcha antálgica,
melhora do quadro álgico, ganho de mobilidade, fortalecimento muscular, con-
trole postural e condicionamento.
MARCHA
Andar na água torna-se um exercício de estabilização quando é solicitada a ma-
nutenção da postura. As caminhadas para a frente na água (Figura 7.1 A e B) forta-
lecem isometricamente os músculos abdominais e os grupos musculares que man-
têm a postura apropriada. 5 O fortalecimento isotônico ocorre nos músculos que
estão dinamicamente envolvidos na marcha.
A 8
125
Fisioterapia aquática
MOBILIZAÇÃO
A água com temperatura a 34ºC aumenta a circulação periférica, melhorando a
nutrição e a retirada dos catabólitos dos tecidos. 5 Consequentemente, a muscula-
tura alterada pela postura inadequada pode ser mais bem alongada e manipulada
na água. 5•9 No estudo realizado por Caetano et al., no qual foi comparado o alon-
gamento dentro e fora da água, concluiu-se que o ambiente aquático favorece o ga-
nho de flexibilidade sem acarretar lesão muscular. 10
O calor da água também promove a diminuição dos espasmos musculares por
diminuir a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas. A condução sensi-
tiva tátil torna-se mais relevante do que a condução sensitiva dolorosa, por serem
as fibras táteis mais largas e rápidas para a condução do estímulo do que as fibras
nociceptivas. 5•9 Dessa forma, o estímulo tátil da água por todo o corpo ajuda na di-
minuição da sensação da dor.
Outros fatores importantes são a decoaptação articular e o relaxamento da
musculatura antigravitacional, causados pelo empuxo da água, quando diminuem
a descarga de peso corporal ao solo. 3•5
As mobilizações ou pompagens lombar (Figura 7.2) e cervical (Figura 7.3) tam-
bém são realizadas, pois além de serem prazerosas, melhoram a circulação venosa
e linfática, levam ao relaxamento muscular, alongam e reduzem tecidos cicatriciais
e reduzem edema, promovendo a sedação da região massageada. 5 Esses efeitos
vêm ao encontro do estudo realizado por Konrad et al. 11 Nesse estudo, os autores
compararam três tratamentos para dor lombar não específica, aplicados em três
respectivos grupos: fisioterapia aquática com exercícios, tração subaquática e mas-
sagem dentro da água. Cada grupo foi tratado durante 4 semanas e os pacientes fo-
ram avaliados em dois momentos: ao final da reabilitação e 12 meses depois de fi-
nalizado o estudo. A prescrição de analgésicos e a escala de dor reduziram nos três
grupos tratados, na primeira avaliação e após 1 ano da intervenção.
126
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
FLEXIBILIDADE E MOBILIDADE
O alongamento na água aquecida pode ser usado na fase de reabilitação de uma
lesão e na presença de rigidez muscular, sendo recomendado como um meio de
127
Fisioterapia aquática
128
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
129
Fisioterapia aquática
EXERCÍCIOS ESTÁVEIS
Na fase inicial da reabilitação, são preconizados exercícios de contração isomé-
trica do tronco, evitando movimentos desconfortáveis ao paciente.
Durante a execução do exercício, pede-se a contração do transverso do abdo-
me associada à respiração. A respiração controlada auxilia na estabilização lombar,
pois a contração do diafragma contribui no controle postural, graças à elevação da
pressão intra-abdominal.
Pode-se fortalecer a musculatura abdominal utilizando uma bola ou prancha
(Figura 7.5). Com o paciente em pé, mantendo a contração do transverso do abdo-
me e a correção postural, movimenta-se o flutuador, vencendo a força do empuxo
e a densidade da água.
130
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
131
Fisioterapia aquática
EXERCÍCIOS INSTÁVEIS
Na fase mais avançada da reabilitação, são introduzidos exercícios instáveis,
que exigem bom controle motor do paciente. Nesses exercícios, os pacientes es-
tão flutuando na piscina. Na água existe, além do centro de gravidade no corpo, o
centro de flutuação (descrito no Capítulo 2). Quando ambos os centros estão ali-
nhados em um plano vertical, apenas as forças vetoriais verticais estão aparentes, o
que pode produzir uma força compressiva ou de distração do corpo. Quando esses
pontos não estão alinhados, teremos o resultado da força rotacional. A contração
da musculatura abdominal e o alinhamento corporal evitam essa rotação. 5
Os músculos paravertebrais (Figura 7.8) podem ser fortalecidos com o pacien-
te em prono, segurando um espaguete em cada mão, contraindo os glúteos e man-
tendo a postura.
132
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
1
-· --- ___:~ ---~--
133
Fisioterapia aquática
dos atuais afirmam que o músculo transverso abdominal, apesar da direção das
fibras transversas, apresenta grande participação no controle espinhal. Esse mús-
culo, bem como o multífido, nos testes realizados em diferentes direções de mo-
vimento do tronco e dos membros, tem papel independente de outros músculos
do tronco. Essa independência confirma a hipótese de que os músculos profundos
são os principais responsáveis pela função de estabilidade da postura, enquanto os
superficiais se relacionam prioritariamente com o movimento angular amplo.
A função de estabilização do tronco pode ser também explicada pelos múscu-
los profundos, que estão localizados mais próximos da linha de gravidade do cor-
po e do eixo de rotação das articulações intervertebrais. 4•5•15•16
Músculos como o longo do pescoço, longo da cabeça, semiespinhais cervicais
e alguns segmentos do multífido proporcionam estabilidade à coluna cervical.
Exercícios que reeducam o sistema proprioceptivo da coluna devem exigir
que o indivíduo realize movimento dos membros superiores e inferiores, como
desafio de manter ativos esses músculos estabilizadores durante movimentos an-
gulares periféricos. 5•15
O terapeuta que projeta um programa de educação postural e fortalecimento
deve assegurar-se de que o paciente compreende que alterações posturais não se-
rão alcançadas rapidamente e não permanecerão sem trabalho constante. 5•15
Os exercícios de estabilização da coluna podem ser introduzidos precocemente
no plano de tratamento realizado na água. Isso se deve ao efeito de eliminação da
sobrecarga que a flutuação tem sobre a coluna, à ação da pressão hidrostática e à
densidade na estabilização.8
A estabilização postural em um meio instável é uma habilidade neuromuscu-
lar complexa, que exige ajustes precisos na tensão muscular em resposta a cargas
flutuantes. 4•5•15•16
Pode-se iniciar com o paciente sentado sobre uma prancha (Figura 7.10). A ha-
bilidade inicial requerida nessa atividade é a capacidade de equilibrar-se com a
postura correta. A progressão inclui abertura e fechamento alternado dos mem-
bros, com auxílio ou não da visão. Nesse exercício, todo o controle do equilíbrio
ocorre no tronco.
134
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
·>
•
CONDICIONAMENTO
O treinamento cardiovascular é importante como complemento dos processos
de reabilitação e facilitação transitórios para um programa regular de condiciona-
mento físico. O condicionamento na fase final da reabilitação de uma lesão da co-
luna serve como importante medida preventiva. 5•6•9•11•17•18
Na água, o paciente pode participar de atividades de treinamento cardiovascu-
lar que em qualquer outro meio envolveriam níveis prejudiciais de impacto sobre a
coluna. Com a evolução da reabilitação, a profundidade da água é diminuída, for-
necendo sobrecarga progressiva a fnn de facilitar a transição para a atividade na fi-
sioterapia terrestre. 5•6•9•11•17•18
Ao dedicar atenção minuciosa à posição da coluna e à técnica, as atividades de
treinamento cardiovascular também lidam com a força do tronco e a estabilidade
da coluna vertebral.
Dundar e Solak quiseram avaliar a efetividade do exercício aquático no trata-
mento de dor lombar crônica, utilizando o condicionamento como uma das for-
mas de intervenção. Foram comparados dois grupos, um exercitando-se dentro e
135
Fisioterapia aquática
136
Reabilitação aquática nas afecções das colunas cervical, torácica e lombar
zida, mas de alta intensidade. No estudo realizado por Kaneda et al., 19 utilizou-se
uma análise de movimento sincronizado para investigar a atividade de quadril e
músculos do tronco durante a corrida em água funda, em relação à mesma ativi-
dade fora da água. A eletromiografia de superfície foi utilizada para investigar a
atividade dos músculos adutor longo, glúteo máximo, glúteo médio, reto abdo-
minal, oblíquo abdominal externo e eretores da coluna. As porcentagens de con-
tração voluntária máxima de cada músculo foram maiores durante o deep water
running (Figura 7.12). 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exercício aquático pode ser implementado com segurança como ferramen-
ta de reabilitação das lesões na coluna vertebral. As propriedades da água forne-
137
Fisioterapia aquática
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139
Reabilitação aquática
nas afecções do ombro
Patrícia Parreira • Thaís Verri Baratella
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o processo de reabilitação foi retardado para permi-
tir a cicatrização dos tecidos e a estabilização dos reparos, fazendo que as estruturas
com afecção ficassem imobilizadas com talas gessadas ou órteses. 1•2•3•4 Os exercí-
cios dentro da água, em razão das propriedades físicas dessa substância, principal-
mente a flutuação e os benefícios do calor, propiciam relaxamento muscular e fa-
cilitação dos movimentos, acelerando o processo de reabilitação sem danos aos
tecidos em cicatrização, evitando atrofia muscular, limitação das amplitudes de
movimento articular e dor. 1•2•3•4•5
O OMBRO
O ombro é uma articulação de alto grau de mobilidade e, graças à sua forma-
ção anatômica de pouca congruência entre a cabeça umeral - grande e esférica
- e a pequena e rasa cavidade glenoidal, possui maior predisposição a instabili-
dades. 1 Um bom equilíbrio entre a mobilidade e a estabilidade é necessário para
manter a função articular. Para isso, a articulação solicita a ação dos tecidos ad-
jacentes para manter a estabilidade, através da sincronia entre estruturas de fun-
ções estática e dinâmica. 6•7•8
Fisioterapia aquática
142
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
REABILITAÇÃO AQUÁTICA
As propriedades físicas da água são a base para a elaboração de um progra-
ma de reabilitação dentro da piscina. Dentre todos os efeitos físicos da água,
destacam-se a flutuação e a pressão hidrostática. A ação conjunta dessas pro-
priedades auxilia na restauração da função neuromuscular em pacientes sub-
metidos à cirurgia ou com lesões, tornando viável a realização de movimentos
que seriam dolorosos ou impossíveis de se realizar na fisioterapia convencional,
em um primeiro momento.
O efeito da flutuação (força contrária à ação da gravidade) permite que os exer-
cícios ativos sejam feitos mais cuidadosamente na terapia aquática, servindo como
uma transição segura para as terapias ativas na fisioterapia convencional. 1•2•3•4•5 Es-
tudos demonstraram que na posição de 90º de abdução ou flexão, o peso do braço
pode ser reduzido em oito vezes. 1º· 11
A pressão hidrostática é a pressão dos líquidos. Quando um corpo é imerso, os
fluidos exercem a pressão em todas as direções, agindo como uma força estabiliza-
dora e aumentando os gatilhos sensoriais nas articulações imersas. 1•2•3•4•5 Essa pres-
são, em conjunto com o efeito da flutuação, pode estimular os proprioceptores de
pele e gerar um biofeedback ao paciente. 1•2•3•4•5
O programa de reabilitação aquática do ombro tem como objetivos o alívio da
dor, o movimento funcional, o fortalecimento muscular, o treinamento sensório-mo-
tor e, no caso dos atletas, o condicionamento e o treino de gesto esportivo para o re-
torno ao esporte.
ANALGESIA
A dor ou o desconforto na articulação do ombro são sinais clínicos muito
comuns na reabilitação ortopédica. 8 Pode ser resultado de traumas, degenera-
ções, cirurgias, lesões nervosas, entre outras. 8 O aquecimento simultâneo de
diversas articulações alivia a dor e auxilia no relaxamento e na diminuição do
espasmo muscular. 1•2•3•4 •5 O calor relativamente brando reduz a sensibilidade
das terminações nervosas sensitivas e, à medida que os músculos são aqueci-
dos pelo sangue que os irriga, seu tônus diminui, ocorrendo a elevação do li-
1234 5
miar de dor. • • ••
143
Fisioterapia aquática
144
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
menor estiver pouco flexível. 12•13•14 Nos pacientes com síndrome do impacto pri-
mário, o encurtamento do peitoral menor pode contribuir com a compressão das
estruturas subacromiais, já que diminui o espaço subacromial. 12 Alterações pos-
turais também podem indicar algum encurtamento do peitoral menor, como é o
caso de protrusão e rotação medial do ombro, aumento da cifose torácica e anterio-
rização da cabeça. Em experiência clínica, foram observados melhores resultados
para o alongamento do músculo peitoral menor quando realizado passivamente,
com o paciente em supino sendo elevado na região torácica pelo terapeuta.
O ganho de amplitude de movimento pode ser realizado com auxílio do empuxo,
com ajuda do terapeuta ou através dos flutuadores.
Os movimentos em que há ganho de ADM com auxílio do empuxo são aqueles
provocados pela força da flutuação. Na Figura 8.1, o paciente é orientado a relaxar
a musculatura e deixar que o empuxo se encarregue de elevar o seu braço. Não há
sobrecarga dos tecidos, pois o movimento é realizado de forma lenta e o braço ape-
nas se elevará se o paciente conseguir relaxar.
145
Fisioterapia aquática
O ganho de ADM com auxílio do terapeuta (Figura 8.2) pode ser realizado
com o paciente sentado em uma plataforma ou na posição supina. Como roti-
na, nesse setor, utiliza-se a posição supina, pois dessa forma todo o membro su-
perior fica envolto pela água, sofrendo ação das suas propriedades. O paciente
consegue relaxar pela ação da água quente e sente-se seguro, porque a pressão
hidrostática está ''apoiando'' todo o membro superior. Para o terapeuta, há faci-
lidade de mobilizar tanto o ombro quanto a escápula do paciente, sem as restri-
ções da maca, por exemplo.
146
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
as atividades diárias são dolorosas e o medo de aumentar a dor faz o paciente limi-
tar seus movimentos. Dentro da água, com o limiar álgico maior e com o auxílio das
propriedades físicas, o paciente realiza os movimentos que são impossíveis de se
fazer fora da água.
FORTALECIMENTO/REEQUILÍBRIO MUSCULAR
Muitos pacientes têm dificuldade de movimentar o ombro no início da reabilita-
ção. Essa incapacidade não está apenas relacionada à dor e à ansiedade, mas também
a uma dificuldade neurofisiológica de ativar os músculos apropriadamente. O movi-
mento ativo precoce do ombro após uma cirurgia ou lesão é importante para restau-
rar a cinemática normal do ombro e sua função. 8•9•12 Na água, o movimento ativo é
mais fácil e seguro de ser realizado, graças à ação das propriedades do meio líquido.
Na reabilitação aquática, existe uma classificação para o tipo de exercício reali-
zado diferente da fisioterapia convencional. Os exercícios são classificados em: ati-
vo-assistido, de facilitação e resistido. 15
Nos exercícios ativo-assistidos, o movimento é auxiliado pelas propriedades fí-
sicas da água e pelas suas forças. 15 Um exemplo é o exercício de abdução dos om-
bros, com o paciente em supino. É solicitado ao paciente que abduza os braços, en-
quanto seus membros inferiores são tracionados pelo terapeuta. O movimento é
realizado pela força de arrasto ou pela pressão exercida pela água (Figura 8.3 ).
Nos exercícios de facilitação 15, o paciente realiza o movimento ativamente com
o uso de flutuadores reduzindo o peso do braço. São exercícios facilitados, mas
não assistidos.
Os exercícios resistidos 15 podem ser realizados de diversas formas no meio lí-
quido: por resistência da flutuação, pela turbulência, por flutuadores, por resistência
manual, entre outras. Pode-se combinar mais de um tipo de resistência, formando
os considerados exercícios mistos.
No processo de reabilitação do ombro, primeiramente os músculos do mangui-
to são fortalecidos, promovendo uma boa estabilização dinâmica do ombro antes
do fortalecimento dos motores primários (deltoide, peitoral maior, peitoral menor
e grande dorsal). Dessa forma, evita-se a descentralização da cabeça do úmero du-
rante os movimentos.
147
Fisioterapia aquática
148
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
FIGURA 8.4 Ae B Fortalecimento do manguito rotador usando a densidade da água e oflutuador. Lii
149
Fisioterapia aquática
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Reabilitação aquática nas afecções do ombro
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Fisioterapia aquática
O PAPEL DA ESCÁPULA
Na elevação do braço, normalmente a escápula realiza rotação superior (pelo
trapézio superior), inclinação posterior (pelo trapézio inferior) e rotação lateral
(pelo serrátil anterior). 7•12•14 O desequilíbrio da atividade dos músculos que estabi-
lizam a escápula ocasiona uma latência muscular das porções média e inferior
do trapézio, em resposta a uma perturbação súbita do ombro; redução na força
do serrátil anterior na protração do ombro; diminuição da atividade muscular das
152
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
TREINAMENTO SENSÓRIO-MOTOR
Atualmente, sugere-se uma definição mais ampla de propriocepção como a
informação relativa a três submodalidades: o senso de posição articular (orien-
tação articular no espaço); a cinestesia (percepção de movimento); e a sensação
de resistência (reconhecer forças internas articulares). 6•12•14 Todas as submodali-
dades são perceptíveis de forma consciente e inconsciente mediante o controle
neuromuscular.
O objetivo da reabilitação proprioceptiva é maximizar o estímulo sensitivo com
esforços submáximos. 6 Por meio da repetição estruturada, o controle neuromus-
cular pode ocorrer em nível subconsciente. A articulação deve, em seguida, expe-
rimentar a velocidade, a amplitude e as extensões em amplitudes necessárias para
recriar a atividade funcional. 16
153
Fisioterapia aquática
154
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
o meio aquático favorece a diminuição desta. 5•16 Contudo, sabe-se que o treina-
mento sensório-motor não é trabalhado apenas no apoio, mas também em outras
atividades de igual importância, como alterações de velocidade, de movimento e
equilíbrio. 13•16 Dessa forma, o meio aquático é capaz de fornecer um gatilho senso-
rial valioso para a restauração da função proprioceptiva, e isso ocorre por meio
dos princípios físicos e efeitos fisiológicos. 16
A viscosidade fornece um ambiente com resistência tridimensional, que facilita o
feedback proprioceptivo por meio de padrões funcionais de movimento.2•4•5•16 A visco-
sidade permite a aceleração e a desaceleração em níveis submáximos controlados, que
podem ser intensificados aumentando a velocidade do movimento, a área de super-
fície de resistência e adicionando peso à alavanca do movimento. 1•2•4•5•16 Essa atividade
proprioceptiva habilita o paciente a incorporar, mais precocemente e com segurança,
níveis avançados de estabilização dinâmica no esquema de reabilitação.
FIGURA 8.10 Paciente realizando flexão, adução eabdução segurando abola. Uma bola cheia de ar mantida em-
baixo da água em variadas profundidades eposições pode aumentar as demandas de estabilização do ombro. Lfi
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Fisioterapia aquática
FIGURA 8.11 Movimento alternado dos membros superiores na prancha de equilíbrio. Líi
156
Reabilitação aquática nas afecções do ombro
CONDICIONAMENTO/GESTO ESPORTIVO
Em razão do treinamento mais intenso, das competições mais frequentes e do
menor tempo para o repouso, alguns atletas são propensos a lesões por sobrecarga.
Essas lesões, como tendinopatias, bursites e fraturas por estresse, muitas vezes exi-
gem o afastamento mais prolongado de seu esporte ou treinamento.
Pesquisas relatam que 3 semanas de inatividade podem conduzir a uma perda
significativa de aptidão cardiovascular, e que 6 semanas de repouso podem levar a
uma diminuição de até 14 a 16% no máximo do consumo de 0 2 •
Como um meio alternativo, muitos atletas têm encontrado em programas de reabi-
litação na água uma forma de manter a mobilidade articular, a força e a resistência car-
diovascular durante a sua recuperação das lesões. Os efeitos fisiológicos da flutuabilida-
de e da pressão hidrostática sobre o sistema cardiovascular colocam o coração em uma
modalidade de treinamento; o volume de ejeção aumenta, assim como o débito cardía-
co, favorecendo o treinamento mesmo antes de o atleta começar a exercitar-se. No caso
de um nadador, que já é adaptado ao ambiente aquático, pode-se começar com os
movimentos apenas de perna, mantendo o membro superior imóvel (Figura 8.13).
Quando a ADM estiver completa e a musculatura suficientemente forte, inicia-se
o treino do gesto esportivo com a correção dos movimentos. A reabilitação estará
completa quando as manobras específicas do esporte que o atleta pratica estiverem
totalmente restauradas, sem haver dor e diminuição da habilidade funcional.
157
Fisioterapia aquática
~~~~=----==--~~~' :.__~_:____.::=-------==~::31>-·~~
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exercício aquático é um complemento seguro e eficaz na recuperação das lesões
do ombro. Os exercícios dentro da água, graças às propriedades físicas desta, princi-
palmente a flutuação e os benefícios do calor, propiciam relaxamento muscular e faci-
litação dos movimentos, acelerando o processo de reabilitação com segurança.
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Reabilitação aquática nas afecções do ombro
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159
Reabilitação aquática nas
afecções do quadril
Adriano Pezolato • Daniel Augusto Carvalho Maranho • Ariane Zamarioli
INTRODUÇÃO
A articulação do quadril está sujeita a grandes solicitações mecânicas, o que a
torna suscetível a alterações degenerativas, principalmente na presença de anor-
malidades anatômicas ou biomecânicas.
As afecções do quadril têm seus sintomas quase sempre agravados pela carga
imposta à articulação com déficits funcionais variados.
A água é um meio excelente para a reabilitação das afecções do quadril, particu-
larmente por sua capacidade de redução da carga articular. Outra vantagem da rea-
bilitação aquática é proporcionar ao paciente um ambiente seguro para a descarga
progressiva de peso, tão necessária na reabilitação pós-operatória do quadril.
Devido à demanda crescente em busca dessa forma específica de intervenção,
faz-se oportuno aprimorar a compreensão do fisioterapeuta para o tratamento aquá-
tico adequado e, fundamentado em evidências científicas.
ANATOMIA FUNCIONAL
A articulação do quadril ou coxofemoral é composta pela porção proximal do
fêmur e pela cavidade acetabular da pelve, sendo esta formada por três ossos: ílio,
ísquio e púbis.
Fisioterapia aquática
162
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
OSTEOARTROSE
É uma doença degenerativa crônica caracterizada pela deterioração da cartila-
gem e pela neoformação óssea nas superfícies e margens articulares. 3 A osteoar-
trose é a causa mais comum de dor no quadril. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que 25% dos indivíduos acima de 65 anos sofrem de dor e incapaci-
dade associadas à essa doença. 4
163
Fisioterapia aquática
164
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
165
Fisioterapia aquática
Uma revisão recente concluiu que o exercício aquático diminui a dor e melhora
a função em indivíduos com osteoartrose do quadril. O tipo e o volume de exercício
considerados ideais ainda não estão claros e definidos. 12
Gill et al. verificaram que pacientes com osteoartrose do quadril que aguarda-
vam a artroplastia relatavam alívio da dor por pelo menos 24 horas após a realiza-
ção de exercícios aquáticos. 13
Imersão e exercício em temperaturas terapêuticas (32 a 33ºC) facilitam o rela-
xamento e o alongamento muscular. Alongamentos suaves diminuem os espasmos
musculares e ajudam no restabelecimento do comprimento muscular ideal (Figu-
ras 9.1, 9.2 e 9.3). Alongamentos vigorosos devem ser evitados em quadris com
alta irritabilidade. Equipamentos com flutuabilidade positiva, como os aquatubos,
podem ser utilizados para facilitar e aumentar a intensidade do alongamento. A
prática de adicionar esses equipamentos aos exercícios de alongamento é muito
comum, no entanto, o fisioterapeuta deve evitar o uso em casos específicos, cuja
sintomatologia possa ser exacerbada com a amplitude de movimento máxima.
166
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
167
Fisioterapia aquática
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Reabilitação aquática nas afecções do quadril
Exercícios com apoio unipodal são eficazes para o fortalecimento do glúteo mé-
dio. Na reabilitação convencional em terra, a carga pode induzir o aparecimento
de sintomas e os exercícios com apoio unipodal podem não ser tolerados. No meio
aquático existe o princípio físico do empuxo, que permite que os exercícios com
169
Fisioterapia aquática
apoio unipodal sejam realizados com menor descarga de peso, o que facilita a rea-
bilitação. Dessa forma, os exercícios que se mostravam provocativos em terra são
agora aliados para o fortalecimento muscular específico. Movimentos das extre-
midades superiores, sem ou com equipamentos, como luvas ou pranchas, associa-
dos ao apoio unipodal, são recomendados para o aumento da força dos abdutores
do quadril ipsilateral ao apoio (Figuras 9.6 e 9. 7). Piscinas com diferentes níveis de
piso auxiliam o fisioterapeuta na escolha da profundidade ideal para que o pacien-
te se exercite sem a reprodução dos sintomas.
1 r 1 ·
~- --- -- - 1 !'
-a
FIGURA 9.6 Apoio unipodal com movimento dos mem- FIGURA 9.7 Apoio unipodal com movimento dos mem-
bros superiores (luvas). ai bros superiores (prancha). ai
170
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
Por aliviar a carga articular, os exercícios em água profunda (deep water exer-
cises) são valiosos para os pacientes cujos sintomas se exacerbam com míni-
ma descarga de peso em água rasa (profundidade abaixo do processo xifoide).
A mimetização dos padrões de movimentos normais, com ausência de carga
deletéria, para a articulação é outra vantagem desses exercícios (Figura 9.8). O
restabelecimento da cinemática normal evita a instalação de movimentos com-
pensatórios que desorganizam a cadeia cinética do membro inferior, predispon-
do os pacientes a desalinhamentos articulares e ao aumento dos sintomas.
171
Fisioterapia aquática
ARTROPLASTIA DO QUADRIL
A artroplastia ou substituição articular está indicada nos estágios finais do pro-
cesso da doença e é realizada com o objetivo de alívio da dor e melhora da função.
A fixação cimentada ou não cimentada pode influenciar nas restrições de sus-
tentação de peso. 14 Quando os componentes acetabular e femoral são cimentados,
em geral a descarga de peso é total já nos primeiros dias de pós-operatório. Quan-
do há componente não cimentado, a descarga de peso fica limitada até que ocorra
osteointegração da prótese. Tem sido postulado que a sustentação total de peso em
implantes não cimentados pode afetar a fixação do implante. 14
A artroplastia pode ser realizada por meio de vários acessos cirúrgicos, que por
sua vez também podem influenciar na função do quadril e na reabilitação. Os aces-
sos anteriores utilizam o intervalo entre os músculos tensor da fáscia lata e sartório
e poupam os músculos abdutores, porém são utilizados com menos frequência.
Os acessos laterais são mais utilizados e podem ser anterolaterais, laterais ou pos-
terolaterais. Os acessos anterolaterais e laterais envolvem desinserção parcial do
glúteo médio ou osteotomia do trocânter maior. Estão associados à fraqueza dos
músculos abdutores no pós-operatório e apresentam menores taxas de luxação
pós-operatória da prótese. O acesso posterolateral preserva relativamente os mús-
culos abdutores, porém apresenta maior taxa de luxação pós-operatória.
172
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
173
Fisioterapia aquática
174
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
da linha mediana deve ser evitada. Inicialmente, os movimentos devem ser lentos
com predomínio das contrações submáximas. A motivação do paciente para a re-
alização de movimentos rápidos e associados a fortes contrações deve ser restrin-
gida pelo fisioterapeuta, consciente dos riscos de luxação.
Movimentos de circundução do quadril em pequenas amplitudes são sugeridos
para manter a mobilidade articular e prevenir contraturas musculares e adesões
capsulares.
Exercícios de agachamento, avanço e step são incorporados entre a quarta e a
sexta semana nas artroplastias não cimentadas e entre a primeira e a terceira se-
mana nas próteses cimentadas. Para o exercício de avanço, aconselha-se apoiar o
pé do membro não operado sobre uma plataforma ou step (Figura 9.9). Essa estra-
tégia limita a ADM de flexão do quadril do membro operado durante a prática do
exercício. A progressão do exercício consiste na transição do apoio do pé da plata-
forma para o chão da piscina com consequente aumento da flexão do quadril.
É recomendado nos exercícios no step que o paciente evite o apoio das mãos no
corrimão ou nas bordas da piscina, a fim de maximizar o recrutamento muscular
175
Fisioterapia aquática
176
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
IMPACTO FEMOROACETABULAR
Vários fatores estão associados à etiologia da osteoartrose. Embora o mecanis-
mo fisiopatológico do processo degenerativo que afeta o quadril displásico seja
bem compreendido, muitas artroses idiopáticas necessitam de maior esclareci-
mento. Existem evidências crescentes de que o impacto femoroacetabular (IFA)
exerça papel fundamental na etiologia mecânica da osteoartrose do quadril. 6
O impacto femoroacetabular é o contato anormal da porção proximal do fê-
mur com a borda do acetábulo (Figura 9.11), que ocorre em posições de flexão e
rotação interna do quadril e que pode produzir lesão do complexo condrolabial e a
consequente degeneração articular. 19 A síndrome é mais comum em adultos jovens
que praticam atividades físicas. Os conceitos acerca da síndrome de impacto femo-
roacetabular são recentes e o entendimento vem se aperfeiçoando rapidamente.
177
Fisioterapia aquática
178
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
A B
e D
FIGURA 9.12 Ae B Quadril normal (A), lesão do tipo pincer (B), lesão do tipo cam (C) ecombinação das lesões (D).
179
Fisioterapia aquática
O a 2 semanas
O ingresso precoce ao tratamento aquático (primeira semana de pós-operató-
rio - PO) requer a utilização de um filme impermeável para cobrir as incisões ci-
rúrgicas (Figuras 9.13 e 9.14).
180
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
FIGURA 9.15 Exercício de ADM para a rotação medial "limpador de para-brisa'~ Líi
181
Fisioterapia aquática
------------------,.~ ,..,
182
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
3 a 4 semanas
Nesse período, os pacientes são instruídos a liberar uma das muletas e, para al-
guns, no final da quarta semana, a sustentação de peso já é completa. A progres-
são para níveis de menor profundidade é uma das metas a serem incorporadas ao
tratamento aquático. Os exercícios de ADM passiva são mantidos e, enquanto a
ADM aumenta, maior vigor é imposto às técnicas. A adição de dispositivos de flu-
tuação, como os aquatubos, aumenta o torque de flutuação, levando as articulações
ao máximo de suas amplitudes. O alongamento controlado dos glúteos, iliopsoas,
isquiotibiais, quadríceps e trato iliotibial facilita o restabelecimento da ADM do
quadril e minimiza a dor miofascial.
Os exercícios isométricos dão lugar aos isotônicos ou de ADM ativa, com ex-
ceção dos músculos flexores, em casos de liberação parcial do psoas. Contrações
isométricas submáximas para os flexores do quadril têm início a partir da tercei-
ra semana de PO. A resistência é dada inicialmente pela própria água, com movi-
mentação contra o empuxo. Antes de incorporar equipamentos de resistência, o
fisioterapeuta aquático deve explorar a velocidade do movimento como uma im-
183
Fisioterapia aquática
5 a 8 semanas
O treinamento neuromuscular é enfatizado com exercícios de equilíbrio que
desafiam o paciente em todos os planos de movimento. Uma adaptação para a
água do star balance pode ser vista como uma ótima opção para o ganho de esta-
184
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
FIGURA 9.18 Alcançar com membro superior ipsilateral ao apoio - direção anterior. Lii
FIGURA 9.19 Alcançar com membro superior ipsilateral ao apoio - direção lateral. Lii
185
Fisioterapia aquática
Equipamentos que aumentam a área de contato frontal com a água são in-
troduzidos para maximizar o ganho de força dos músculos do quadril. Torno-
zeleiras, aquafins, theratubings e Hydroboot® são opções a serem utilizadas nos
programas aquáticos de resistência progressiva (Figuras 9.20 e 9.21). Deve-se
tomar cuidado para que não haja uma progressão abrupta na resistência confe-
rida ao exercício, levando em consideração a reinserção do lábio e o tempo de
osteointegração.
Exercícios funcionais como avanços, step up e down, agachamento unipodal
são adicionados ao programa e visam a reproduzir as atividades de vida diária. A
resistência elástica também pode ser usada em meio aquático. O fortalecimento
dos rotadores mediais e laterais do quadril em posição funcional, isto é, com a ar-
ticulação em posição neutra, pode ser alcançado por meio da rotação para a frente
e para trás da pelve ipsilateral ao membro afetado (Figuras 9.22 e 9.23).
186
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
FIGURA 9.22 Fortalecimento dos rotadores externos com resistência elástica. Lii
187
Fisioterapia aquática
FIGURA 9.23 Fortalecimento dos rotadores internos com resistência elástica. Líi
9 a 12 semanas
Esta fase é caracterizada pela corrida em água rasa e pelo treinamento plio-
métrico. Saltos para a frente, para trás, para os lados com aterrissagem bipodal
(jumps) ou unipodal (hops) são algumas das variações disponíveis a serem incor-
poradas ao treinamento. A especificidade do gesto esportivo é enfatizada nesse pe-
ríodo do tratamento.
188
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
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Fisioterapia aquática
190
Reabilitação aquática nas afecções do quadril
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um número crescente de pesquisas demonstra os benefícios do exercício tera-
pêutico aquático no tratamento da osteoartrose do quadril, considerada a principal
causa de dor nessa articulação.
É possível, em alguns casos de osteoartrose do quadril, atrasar a intervenção ci-
rúrgica pelos ganhos obtidos com o tratamento aquático. A redução da dor, o au-
mento da mobilidade articular e o incremento da força muscular estão entre as
principais alterações percebidas pelo paciente e evidenciadas por essas pesquisas.
Em condições cirúrgicas, a intervenção aquática é valiosa no intuito de facilitar
e acelerar a recuperação funcional do indivíduo. Dessa forma, a reabilitação aquá-
tica deixa de ser uma opção para se tornar uma parte importante do tratamento
das afecções do quadril.
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193
Reabilitação aquática nas
afecções do joelho
Priscila Nigri Press • Patrícia Parreira • Thaís Verri Baratella
INTRODUÇÃO
A reabilitação aquática vem sendo cada vez mais indicada pelos clínicos e utili-
zada como forma de tratamento autônoma ou conjunta com a fisioterapia conven-
cional para a reabilitação das lesões musculoesqueléticas. O tratamento na água
permite realizar exercícios precocemente com diminuição controlada da descarga
de peso e com o mínimo de carga. Dois fatores devem ser levados em consideração
na reabilitação na água: o primeiro é a pressão hidrostática, que faz uma compres-
são na articulação, minimizando o edema de uma lesão aguda enquanto o exercí-
cio é realizado; o segundo é a flutuação, que pode assistir, resistir ou apenas reali-
zar a sustentação do membro.Na articulação do joelho, o tratamento é direcionado
especificamente para cada afecção e as restrições são determinadas pelo grau da le-
são ou pelo tempo de cirurgia.
•
•
Fêmur •
•
Fêmur
•
•
Patela
•
Cartilagem ---11-- Cartilagem
Meniscos ___._
• 1
• L1gamento
• • • 1~ '
da patela •
• •
• • •
• •
Tíbia
•
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•
Tíbia
•
•
196
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
197
Fisioterapia aquática
198
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
TRATAMENTO
Antes de iniciar um programa de reabilitação na água, é necessário que o fi-
sioterapeuta conheça as propriedades físicas da água, as respostas fisiológicas ob-
servadas com a imersão e o exercício, bem como o efeito que a temperatura da
água pode exercer no exercício. Finnerty e Corbitt11 relatam que a temperatura de
33,3°C é o ponto de indiferença térmica da pele em relação à água, o que provo-
ca efeito sedativo.
Um programa de reabilitação para as lesões nos joelhos consiste em diminui-
ção do edema, melhora da dor, amplitude de movimento, marcha, força, flexibilida-
de, resposta sensório-motora, condicionamento e relaxamento. 12 É importante que
todos os pacientes sejam avaliados em relação às contraindicações do tratamento
na piscina. É realizada uma anamnese completa em solo, para que se determinem
as metas e os objetivos da fisioterapia aquática.
Os pacientes pós-cirúrgicos poderão iniciar o tratamento quando estiverem
aptos clinicamente e não apresentarem sinais de infecções ou exsudação da sutura.
É importante que o local da incisão cirúrgica tenha uma proteção externa, como
curativos oclusivos (Figura 10.2).
199
Fisioterapia aquática
Mobilização patelar
A rigidez e o edema causam menor mobilidade da patela. O ganho de mobili-
dade aprimora o aumento da amplitude de movimento de flexão e extensão, auxi-
liando na correção do movimento da marcha.
A mobilização deve ser realizada nos sentidos craniocaudal e lateromedial. A
mobilização da patela deve ser realizada com muita cautela, principalmente nos
pós-cirúrgicos. Nesses casos, é importante conhecer o método cirúrgico e quais
cuidados devem ser tomados como, por exemplo, as cirurgias de realinhamento
da patela e release lateral da patela. A mobilização feita na área reparada pode inter-
ferir na cicatrização do tecido. Estruturas comumentes afetadas, como o corpo adi-
poso infrapatelar, devem ser poupadas em razão da sua alta sensibilidade à dor no
joelho. Devem-se evitar danos no tecido reparado (Figura 10.3). 14
200
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
--................
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201
Fisioterapia aquática
cionará maior controle dos exercícios, quando estes forem iniciados de maneira
segura e correta.
Verifica-se na literatura específica15•16•17 uma eficiente melhora da dor e da am-
plitude de movimento em pacientes com osteoartrite de joelho que fizeram um
programa de reabilitação aquática. Tovin et al. 18 compararam os exercícios feitos
em água e em terra na reconstrução do ligamento cruzado anterior e relataram
melhora da AD M e menor derrame articular nos exercícios em água em relação ao
grupo que os realizou em solo.
Para realizar a amplitude de extensão, posicionar o paciente sentado em
uma plataforma com extensão do joelho. Pode-se utilizar a técnica de contra-
ção e relaxamento do músculo quadríceps, que estimula a extensão ativa do joe-
lho (Figura 10.5).
Marcha
A marcha realizada na água difere da realizada no solo em razão dos efeitos da
flutuabilidade e da densidade. O primeiro assiste e resiste ao movimento durante a
deambulação, juntamente à turbulência. A deambulação realizada na água é mais
202
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
lenta, permitindo que o paciente tenha maior controle para corrigir os movimentos
em um ambiente livre de risco de novas lesões. 19 A marcha deve ser observada
atentamente e corrigida pelo fisioterapeuta.
A profundidade da água deve ser determinada em função do grau de susten-
tação de peso permitido. Quando o paciente estiver inapto à descarga de peso
dentro da piscina, a descarga pode ser iniciada na posição supina, que permite a
simulação das fases da marcha. Essa posição proporciona a realização de estabi-
lizações rítmicas em graus variáveis de flexão do joelho e tornozelo, utilizando os
padrões da técnica de Bad Ragaz. A plataforma flutuante pode ser um bom recur-
so em piscinas mais rasas nas quais o paciente ainda não pode realizar descarga
de peso total (Figura 10.6).
FIGURA 10.6 Auxílio de plataforma flutuante para controle da descarga de peso. Líi
203
Fisioterapia aquática
Alongamento
No ganho de flexibilidade realizado na água aquecida, ocorre diminuição das
forças gravitacionais promovendo diminuição da dor, e relaxamento muscular au-
mentando a mobilidade. 21
Existe um consenso na literatura específica a respeito da importância da
flexibilidade para esportes que requerem grandes amplitudes de movimento.
Atualmente, porém, não se encontra na literatura específica um consenso a res-
peito de frequência, intensidade, volume e duração para realizar um programa
de treinamento.
O tempo dos alongamentos varia consideravelmente, e é possível encontrar
estudos que aplicam alongamento por 15, 30, 60 e 120 segundos. Acredita-se que
essa diferença em relação ao tempo de alongamento pode ser atribuída às limita-
ções dos estudos e às diferenças nos métodos empregados. No entanto, na práti-
ca clínica em questão, utilizam-se três séries de 30 segundos de alongamento no
final do tratamento.
Wang et al. 22 realizaram um programa de reabilitação aquática para pacien-
tes com osteoartrite de joelho e observaram um aumento no ganho de flexibilida-
de dos flexores de joelho, sem especificar quais músculos obtiveram esse benefício.
Daren et al. 23 relataram melhora no ganho de amplitude de movimento do múscu-
lo isquiotibial no alongamento realizado dentro da água em indivíduos sadios.
O grupo muscular a ser alongado deve ser escolhido de acordo com a necessi-
dade de cada paciente e a atividade realizada. Para a articulação do joelho, priori-
za-se o alongamento dos músculos flexores e extensores, bem como os adutores e
abdutores do quadril.
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Reabilitação aquática nas afecções do joelho
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Fisioterapia aquática
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Reabilitação aquática nas afecções do joelho
Fortalecimento
Força é a capacidade de vencer uma resistência exterior, ou de atuar contra ela por
meio da tensão muscular. Os exercícios que são realizados contra uma resistência tor-
nam os músculos mais fortes em resposta à sobrecarga imposta, ou seja, o estresse em-
pregado no músculo. O fortalecimento aumenta a capacidade oxidativa, promove al-
gumas modificações ultraestruturais do tecido muscular e aumenta a ativação neural.
Os exercícios de fortalecimento podem ser realizados precocemente no ambiente
aquático, pois as propriedades físicas da água auxiliam na execução do movimento,
diminuindo a sobrecarga no tecido em cicatrização. Os exercícios são iniciados com
maior amplitude e menor velocidade, evoluindo para menor amplitude e maior ve-
locidade, o que gera aumento do arrasto e maior resistência ao movimento. O uso de
flutuadores e materiais não flutuantes aumenta a resistência do movimento.
O fortalecimento muscular deve ser realizado de acordo com a necessidade
individual de cada paciente.
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Fisioterapia aquática
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(continua)
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Fisioterapia aquática
(continua}
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Reabilitação aquática nas afecções do joelho
Treinamento sensório-motor
Durante esta etapa do processo de reabilitação, é enfatizada a recuperação to-
tal dos pacientes, visto que a restauração dos elementos estáticos ou dinâmicos
de contenção e o fortalecimento muscular adequado não preparam a articulação
para os movimentos necessários nas atividades de vida diárias (AVDs). Atual-
mente, utiliza-se o termo treinamento sensório-motor para incluir a totalidade
do sistema por meio das vias sensoriais (aferentes) e motoras (eferentes). A pa-
lavra propriocepção geralmente utilizada não é empregada de forma correta,
pois a definição realizada por Sherington em 1906 se refere apenas às vias sen-
soriais aferentes. 25 •26
O objetivo do treinamento é melhorar a função das articulações e dos múscu-
los não isoladamente, mas em conjunto, e isso ocorre como consequência da me-
lhora dos mecanismos de controle neuromuscular para a função adequada das
articulações. O treinamento é essencial, podendo ser muito diferente de acordo
213
Fisioterapia aquática
O treino das AVDs é muito importante; por exemplo, um paciente idoso sub-
metido a um processo cirúrgico de artroplastia de joelho apresenta receio em
realizar tarefas simples como sentar e levantar e pode estar inconscientemente
deixando de descarregar o peso no membro acometido, sobrecarregando o
membro contralateral.
Esse tipo de exercício permite a correção e simulação dessas atividades, contri-
buindo com a independência e a melhora da qualidade de vida.
Durante o treinamento na piscina terapêutica, a pressão hidrostática, jun-
tamente à flutuação, estimula os proprioceptores da pele. A força de arrasto faci-
litará o movimento a ser realizado de maneira controlada; em contrapartida, a
214
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
215
Fisioterapia aquática
brio pode ser realizado em apoio unipodal com o membro posicionado no cen-
tro da prancha.
Pliometria
O treinamento pliométrico tem sido empregado desde o final dos anos 1960,
mas, a partir dos anos 1980, passa-se a ter mais evidência científica de que esse
treinamento, combinado com o treino de força, alcança maior desempenho físi-
co quando comparado apenas ao treino de força. O objetivo do treinamento plio-
métrico é melhorar a potência do músculo, facilitando os impulsos neurológicos, e
aumentar a tensão muscular gerada no componente elástico do músculo por meio
de um programa de treinamento bem estruturado. Atualmente, o treino para me-
lhorar a força explosiva é mais estudado e enfatizado dentro dos programas de rea-
bilitação em atletas.
Marteli et al. 28 relataram que o treino pliométrico, dentro da piscina, reduz a
força do impacto e a carga excêntrica. Embora a flutuação reduza o reflexo de esti-
216
Reabilitação aquática nas afecções do joelho
RETORNO AO ESPORTE
Pode-se utilizar o ambiente aquático para iniciar precocemente o treino do ges-
to esportivo, por permitir maior facilidade na execução deste graças à menor so-
brecarga sobre o corpo e, principalmente, a articulação do joelho.
A reprodução do gesto esportivo estimula o atleta a aderir ao programa de rea-
bilitação e pode ser incluído desde as primeiras sessões - por exemplo, um joga-
dor de basquete que realizou uma cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado
anterior pode associar o arremesso ao treino de equilíbrio.
Um aspecto importante é manter o condicionamento físico do atleta durante o
processo de reabilitação, o que pode ser realizado mais precocemente no ambien-
te aquático em atividades como o deep running.
Pode-se levar para a piscina os equipamentos comuns à prática de cada moda-
lidade esportiva que, obviamente, possam ser colocados dentro da água.
É importante que o treino do gesto esportivo seja enfatizado no local onde é reali-
zada a sua prática esportiva para que o atleta readquira a confiança necessária para
o retorno ao esporte.
Relaxamento
Na prática clínica, o ideal é que a fisioterapia na água seja realizada em 50 min, des-
tacando os minutos finais para os exercícios de relaxamento, principalmente para de-
sacelerar e proporcionar maior bem-estar ao paciente antes de finalizar a sessão de
217
Fisioterapia aquática
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A articulação do joelho é muito vulnerável a lesões, principalmente em razão
da demanda da prática esportiva recreacional ou pela exigência de aumento do de-
sempenho nos atletas profissionais. Reabilitar o joelho em ambiente aquático, além
de transmitir uma sensação lúdica e de independência para os pacientes, otimiza
a recuperação por meio das propriedades da água. A pressão hidrostática envolve
todo o corpo e promove uma sensação de segurança ao paciente, e a flutuabilida-
de facilita os exercícios pela diminuição da carga. A água aquecida ajuda na redu-
ção do sintoma doloroso e no relaxamento muscular.
Alguns exercícios não podem ser realizados fora da água, pois pode haver com-
prometimento do processo de cicatrização tecidual, além de dificuldade na execu-
ção. A terapia aquática para a recuperação das lesões no joelho tem a vantagem de
contar com as propriedades físicas da água e do calor, diferenciando-se da terapia
convencional no solo.
Muitos exercícios podem ser implementados para a reabilitação das lesões na ar-
ticulação do joelho, seja no tratamento conservador ou pós-cirúrgico. Elaborar um
programa de reabilitação que considere os aspectos patológicos, físicos e particulares
de cada indivíduo talvez seja a tarefa mais admirável do fisioterapeuta. Acredita-se
que divulgar a experiência clínica em fisioterapia aquática possa auxiliar e despertar
o interesse de outros profissionais para esse tipo de terapia.
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219
Fisioterapia aquática
220
Reabilitação aquática nas afecções
de tornozelo e pé
Patrícia Parreira • Lara Emmeline dos Santos Piazza • Karina Mano
INTRODUÇÃO
A extremidade distal do membro inferior é composta pela interação entre os
ossos da perna, do tornozelo e do pé, somando 28 ossos e 57 articulações que fun-
cionam como uma unidade. 1
O pé constitui-se de três unidades funcionais: o retropé, formado por ossos do
tarso e pela articulação subtalar, que tem apoio do talo sobre a parte superior do
calcâneo; o mediopé, também constituído pelos ossos do tarso, navicular e cuboi-
de, que formam a articulação társica transversa pela sua junção com o talo e o cal-
câneo e pelos três cuneiformes; e o antepé, composto pelos cinco ossos metatársi-
cos e pelos quatorze ossos falângicos. 1 O formato articular, a orientação de seu eixo,
a cápsula, os ligamentos de apoio e os movimentos que ocorrem na superfície arti-
cular são determinantes na biomecânica normal do tornozelo e do pé. 1
A articulação do tornozelo e os ligamentos que a circundam representam uma
estrutura complexa cuja propriedade mecânica é altamente dependente de sua in-
tegridade ligamentar. É essa integridade capsuloligamentar, conformação articular
com todos os mecanorreceptores íntegros associados à força e ao tempo de reação
muscular normal, que determina sua estabilidade articular. 2
Fisioterapia aquática
REABILITAÇÃO DO TORNOZELO
Não é incomum que a descarga de peso esteja restrita às lesões de tornozelo e
pé, sendo muitas vezes acompanhada de imobilização. A piscina é um ambiente
ideal para a reabilitação de lesões que limitam a sustentação de peso. Uma compre-
ensão clara do efeito da flutuação sobre a sustentação de peso e do tipo corporal
do paciente e sua relação com as atividades baseadas em terra deve permanecer
dentro das restrições à sustentação de peso. 6 O fortalecimento da extremidade
inferior na piscina pode começar precocemente, aproveitando ao mesmo tem-
po o ambiente de gravidade reduzida e a disponibilidade de resistência duran-
te toda a ADM. 6
222
Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo e pé
MARCHA
Até o momento, não há muitas informações disponíveis sobre o padrão de marcha
no ambiente aquático. 7 Mais especificamente, há dados sobre as diferenças e seme-
lhanças no ciclo da marcha. Em razão disso, algumas dúvidas surgem no processo
de reabilitação de pacientes com distúrbios no sistema locomotor. 7
No trabalho realizado por Barela et al., foi comparada a marcha nos ambien-
tes terrestre e aquático. Constatou-se que dentro da água ocorre mudança no posi-
cionamento do pé para tocar a superfície de contato, em decorrência de diminui-
ção do comprimento e frequência da passada. As alterações constatadas podem
ser atribuídas às características físicas da água e à redução da velocidade para an-
dar no ambiente aquático. 7
As respostas neuromusculares podem ser menores no meio aquático quando
a velocidade da caminhada também é menor nesse ambiente. Contudo, em cami-
nhadas aquáticas aceleradas, a atividade dos músculos propulsores pode ser supe-
rior, comparada à mesma fora da água. No que diz respeito à caminhada em piscina
funda, as respostas neuromusculares diferem daquelas encontradas durante a cami-
nhada em meio terrestre, em razão da ausência das forças de reação com o solo. 8
Harrison et al. constataram que a marcha em ritmo aumenta as cargas sobre o
apoio estático em até 76%. 6•9
Na prática clínica, pode-se observar que os pacientes que treinam marcha den-
tro da água apresentam maior segurança e equilíbrio no momento em que as mu-
letas são retiradas. Esse fato deve-se à instabilidade do meio aquático, que promo-
ve o treino de equilíbrio, e à descarga progressiva de peso sobre a articulação.
Existem diversas maneiras de treinar a marcha dentro da água, cada qual com
o seu objetivo.
Os pacientes que sofreram alguma lesão no tornozelo geralmente passam por
uma fase de imobilização. Ao entrar no meio aquático sem qualquer dispositivo
que dificulte sua caminhada, o indivíduo necessita que o seu padrão de marcha
seja restabelecido. Portanto, inicia-se o trabalho com a marcha anterior.
Durante esse treino, o terapeuta orienta o paciente sobre como realizar as fa-
ses da marcha, priorizando os movimentos realizados pela articulação do torno-
zelo e pé. É importante conscientizá-lo sobre a flexão dorsal e a flexão plantar, que
223
Fisioterapia aquática
.a Tt
-
224
Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo e pé
MOBILIZAÇÃO
Há pouco consenso na literatura especializada sobre a melhor conduta após
reparos na articulação do tornozelo. No entanto, após a reconstrução cirúrgica,
a reabilitação funcional precoce mostrou-se superior a 6 semanas de imobilização
em relação ao momento de voltar ao trabalho e aos esportes. 1º· 11
Qualquer período de imobilização pode resultar na perda dos movimentos fi-
siológico de uma articulação. Após uma lesão aguda de tornozelo, os movimen-
tos podem se tornar dolorosos e restritos. Um exemplo é o arco de movimento
da flexão dorsal, que diminui mesmo quando a articulação fica imóvel por cur-
tos períodos. 12
A limitação do movimento de flexão dorsal após uma entorse lateral do torno-
zelo é comum, podendo perdurar-se até a reabilitação e gerar dor e instabilidade
nessa articulação, trazendo déficits funcionais para o paciente. 12•13
Os exercícios de ADM podem ajudar a manter os movimentos articulares, ali-
viar a rigidez, promover a produção e a qualidade de líquido sinovial, e restaurar
a flexibilidade. A flutuabilidade e o calor da água promovem os relaxamentos tan-
to geral quanto específico para os grupos musculares ao redor das articulações. 14 A
turbulência da água e a temperatura ''bloqueiam'' as terminações cutâneas relacio-
nadas ao tato, à temperatura e à pressão, aumentando o limiar de dor, favorecendo
a mobilização indolor. 15
No trabalho realizado por Tovin et al., pacientes submetidos a cirurgia de
reconstrução do ligamento cruzado anterior foram randomicamente divididos
em dois grupos, um de fisioterapia convencional apenas e outro de fisiotera-
pia convencional associada à fisioterapia aquática. Constatou-se que o grupo
reabilitado na piscina obteve melhores resultados na avaliação do questioná-
rio Lysholm. 16
FORTALECIMENTO
Uma vez que a ADM é alcançada e a dor é superada, é hora de iniciar o treino
de força na reabilitação. Os exercícios de fortalecimento devem focar, de modo
geral, o condicionamento dos músculos que agem no tornozelo, bem como de todo
o membro inferior. 4
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Fisioterapia aquática
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Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo epé
227
Fisioterapia aquática
Treinamento sensório-motor
Numerosos mecanorreceptores estão presentes na cápsula articular, nos liga-
mentos, nos músculos, na pele, no tornozelo e no pé. Também existem muitos me-
canorreceptores localizados na planta dos pés, dispostos na parte anterior do cal-
câneo, sob a cabeça dos metatarsos e sob o hálux, porém ainda há algum debate
a respeito da verdadeira localização dos órgãos proprioceptivos necessários para
manter a estabilidade da articulação do tornozelo. 1
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Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo epé
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Fisioterapia aquática
CONDICIONAMENTO
As corridas aquáticas são uma forma efetiva de condicionamento cardiovas-
cular. Exercícios em água profunda estão sendo utilizados em programas de trata-
mento e condicionamento para um grande número de populações de reabilitação.
Isso é especialmente constatado no campo da medicina esportiva, na qual corri-
das aquáticas são utilizadas como uma forma eficiente de condicionamento car-
diovascular em atletas com lesões, bem como em outros que desejam um exercí-
cio aeróbico de baixo impacto. 20 Os efeitos do treinamento na água incluem não
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Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo e pé
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Fisioterapia aquática
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Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo e pé
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236
Reabilitação aquática nas afecções de tornozelo e pé
237
Introdução ao sistema sensório-motor
Paulo Felix de Araujo Cintra Neto • Vanessa Cristina Silva Reis
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, associações de ortopedia e medicina esportiva têm dado
atenção considerável aos assuntos relacionados ao papel da propriocepção de me-
diar a função muscular e contribuir na estabilização articular. 1
A Foundation for Sports Medicine Education and Research adotou o termo
''sistema sensório-motor'' para descrever as integrações centrais, sensoriais, moto-
ras e as estruturas envolvidas nas manutenções da integridade das articulações e de
postura durante os movimentos corporais. Pode-se citar, entre esses termos, pro-
priocepção e controle neuromuscular. Na realidade, tais termos são partes do todo
que é o sistema sensório-motor. 2
A utilização do termo sistema sensório-motor descreve os mecanismos envolvi-
dos na aquisição dos estímulos sensoriais e na conversão destes em um sinal neural
agregado à transmissão desses sinais em vias aferentes para o sistema nervoso central.
Além disso, o sistema sensório-motor é responsável pelo processo, pela integração do
sinal neural, pelos vários centros do sistema nervoso central e outros centros gerado-
res de comando, bem como pelas respostas motoras que resultam em ativação muscu-
lar para locomoção, realização de atividades funcionais e estabilização articular. 3
O objetivo do treinamento sensório-motor é melhorar a função das articulações e
dos músculos não isoladamente, mas em conjunto, e isso ocorre como consequência da
Fisioterapia aquática
240
Introdução ao sistema sensório-motor
AVALIAÇÃO
Até o presente momento, não se encontra na literatura específica uma forma
de avaliação que consiga mensurar a efetividade do sistema sensório-motor. As
formas mais comuns são os testes de controle postural, cinestesia, senso de posi-
ção articular (que pode ser realizado de forma ativa e passiva), resistência ao mo-
vimento por meio da produção de força e, atualmente, o senso de velocidade. Já
no ambiente aquático, torna-se ainda mais difícil encontrar na literatura específica
uma forma de avaliação reprodutível e validada cientificamente.
Contudo, observa-se na prática clínica a necessidade de instalar meios de ava-
liação reprodutíveis, mesmo que não validados, para que se possa acompanhar a
evolução do tratamento ao longo do tempo.
A maior parte dos artigos utiliza em seus métodos de avaliação medidas de ta-
refas motoras, como equilíbrio, agilidade e saltos. Estes não são verdadeiros testes
de propriocepção, gerando ainda controvérsias na literatura específica a respeito
5
da efetividade do treinamento sensório-motor na recuperação da propriocepção.
241
Fisioterapia aquática
TREINAMENTO
O treinamento sensório-motor tem sido realizado em diferentes ambientes, que
variam de acordo com o objetivo a ser alcançado. Um exemplo clássico e muito co-
nhecido é o treino em quadras de areia ou trampolim acrobático, que permite, por
meio de uma superfície instável, o aprimoramento do controle neuromotor.
Exercícios realizados no ambiente aquático têm sido recomendados principal-
mente na fase inicial da reabilitação, por permitirem precoce mobilização ativa e
por melhorar a função neuromuscular. 6
O treinamento aquático pode prover um meio ideal para conseguir esses ob-
jetivos, graças aos efeitos positivos e às propriedades físicas da água no corpo hu-
mano, como diminuição da dor, aumento da amplitude de movimento, flexibilida-
de, restauração precoce da mobilidade articular, redução do edema e aumento do
aporte sanguíneo para os músculos. 7
A pressão hidrostática auxilia na diminuição da descarga de peso sobre os mem-
bros inferiores e na resolução de edemas. Considera-se que uma das principais van-
tagens da piscina terapêutica é a redução das forças na sustentação do peso.
A força de flutuação também pode auxiliar a facilitar o deslocamento de todo o
corpo, como, por exemplo, durante a marcha, que, em compensação à viscosidade,
provoca resistência ao deslocamento. 8
O movimento em meio aquoso é dependente da forma do corpo ao se deslocar
na água e da velocidade, podendo ser modificado de inúmeras maneiras e criando
as mais diversas situações terapêuticas. A força de arrasto pode ser utilizada para
facilitar os movimentos, tanto do paciente quando do terapeuta. Uma vez que opa-
ciente estiver posicionado atrás do terapeuta, o movimento de resistência será ven-
cido pelo terapeuta e facilitado para o paciente. O inverso é verdadeiro.
Observa-se na literatura específica que a imersão leva a um maior tempo de
reação muscular em todos os níveis de imersão estudados. O estudo de Põyhõ-
nen et al. apresentado neste capítulo também demonstrou diferenças na resposta
diante da imersão, de acordo com a musculatura estudada. 9
A refração é a mudança de direção de um raio de luz quando este passa de um
meio para outro de densidade diferente. Na piscina, o efeito de refração dá a im-
pressão de que a piscina é mais rasa do que ela é na realidade, provocando distor-
242
Introdução ao sistema sensório-motor
243
Fisioterapia aquática
FIGURA 12.2 Exercício de equilíbrio para tronco utilizando odisco inflável. Líi
244
Introdução ao sistema sensório-motor
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Fisioterapia aquática
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Introdução ao sistema sensório-motor
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Fisioterapia aquática
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Introdução ao sistema sensório-motor
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Fisioterapia aquática
250
Introdução ao sistema sensório-motor
temperatura e também pelo seu envolvimento direto com a água. Desse modo, as
modalidades terapêuticas se somam e aumentam a eficácia do resultado final.
A propriedade de suporte conferida pela água dá ao paciente com alteração do
equilíbrio corporal tempo para reagir quando há risco de queda. Estímulos vesti-
bulares ajudam a melhorar a resposta de equilíbrio pela estimulação dos múscu-
los antigravitacionais, localizados no tronco e nas extremidades. A efetividade dos
exercícios aquáticos quanto ao ganho funcional no controle postural, antes e de-
pois do tratamento, foram estudados em 54 pessoas idosas de 7 4 a 90 anos, de am-
bos os sexos. Ao final da pesquisa, o grupo de pacientes com exercícios na água
apresentou melhora do seu controle postural. 10 O domínio do meio aquático tam-
bém é facilitado com auxílio dos movimentos básicos da natação, principalmente
com crianças e idosos em busca de reeducação funcional. 8
O treino tanto fora como dentro da água possuem um desenvolvimento bem
definido:
251
Fisioterapia aquática
252
Introdução ao sistema sensório-motor
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254
Condicionamento físico na água
Roberta Rosas
INTRODUÇÃO
Os exercícios aquáticos acompanham o homem desde o início dos tempos.
Gregos e romanos já praticavam caminhadas terapêuticas em diferentes profundidades
e com diversos objetivos. Mais recentemente, a década de 1980 foi um marco para a
evolução dos exercícios aquáticos. A hidroginástica foi a primeira modalidade do
fitness aquático que conquistou adeptos em academias, clubes e hotéis. Mostrando
que é possível condicionar-se no meio líquido sem riscos de lesões, as modalidades
aquáticas vêm atendendo grupos de maturidade, gestantes, obesos, atletas, sedentários
e indivíduos em processo de reabilitação.
Nos anos 1990, os exercícios na água começaram a se expandir, criando moda-
lidades específicas para atender necessidades especiais. Foi a partir desse momento que
surgiram grupos de corredores aquáticos por meio de deep running e water running,
deep water, hidrosport, ciclismo aquático, além dos diversos recursos que foram desen-
volvidos pela indústria do fitness aquático com o intuito de incrementar o treinamento fí-
. ,
s1co na agua.
Os resultados têm sido surpreendentes: melhora da qualidade de vida, melhora
nas condições de saúde e melhora da performance de atletas de alto nível, propician-
do mais um recurso em busca da longevidade no esporte. Hoje, o treinamento na
Fisioterapia aquática
• força da gravidade, que puxa o corpo para baixo e está diretamente relacionada
à densidade corpórea;
• força de empuxo, que empurra para cima.
256
Condicionamento físico na água
257
Fisioterapia aquática
EQUILÍBRIO TÉRMICO
Ao realizar o treinamento, o corpo sofre alterações que vão facilitar ou difi-
cultar o treinamento físico. Uma das primeiras variações percebidas pelo cor-
po humano na imersão é a regulação da temperatura corporal. O corpo possui
mecanismos para evitar o superaquecimento, com os quais o objetivo é man-
ter o equilíbrio entre a produção e a perda de calor, exigindo um ajuste fino.
Quando se realiza um treinamento físico na água, é necessário avaliar as con-
dições de temperatura da água. A temperatura recomendada para o treinamen-
to aquático é entre 27 e 29ºC, para que o calor produzido pelo exercício seja dis-
sipado, evitando desconforto térmico. Cerca de 30% do calor é dissipado pela
cabeça, sendo muito importante a observação do aumento de estresse térmico
ao se utilizarem toucas de borracha ou silicone. Estas aumentam a temperatu-
ra nas regiões occipital e frontal e aumentam também a sensação térmica, po-
dendo interferir na performance.
258
Condicionamento físico na água
259
Fisioterapia aquática
PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO
O treinador é responsável por direcionar, orientar e planejar o treinamento do
seu atleta conforme os objetivos principais e intermediários no processo. Essa li-
derança deve ser exercida na periodização de uma maneira consciente com a par-
ticipação integral do atleta.
Deve-se considerar ''atletà' a pessoa que treina com intensidade moderada a
elevada, com uma dedicação ao esporte e seus treinos específicos e complementa-
res por cerca de 2 a 3 horas por dia, independente do nível de desempenho atléti-
co. Alguns atletas desenvolvem outra profissão durante o dia, fazendo com que o
desgaste se torne elevado; o treinador deve considerar todo esse ritmo de vida na
periodização do treino.
Confiar no trabalho planejado significa melhorar habilidades motoras, capa-
cidades biomotoras e características psicológicas. Essa integração de equipe mul-
tidisciplinar, junto ao treinador do atleta, será o grande caminho para o sucesso
nos resultados atléticos.
260
Condicionamento físico na água
Princípio da especificidade
A especialização de cada modalidade esportiva leva em consideração as adap-
tações fisiológicas e anatômicas. Pesquisadores demonstram que o corpo humano
se adapta a diversas atividades. Tal adaptação não se resume à parte fisiológica,
mas às características técnicas, táticas e psicológicas. A especialização é um pro-
cesso complexo, no qual os exercícios específicos devem ser introduzidos de ma-
neira progressiva na intensidade e no volume planejados.
Um programa de treinamento de força deve considerar o sistema de energia do-
minante no esporte e os músculos motores primários. A especificidade do treina-
mento é também o mecanismo mais importante para a adaptação neural específi-
ca do esporte. Para os esportes cíclicos de resistência aeróbia, o ideal é que o trabalho
muscular mantenha a característica localizada com predomínio para a resistência.
No caso da corrida de longa duração, quase 100% do volume do treino é específi-
co; no caso de saltadores em altura, aproximadamente 40% do volume é específico e
os 60% restantes se referem à força dos membros inferiores e à potência do salto.
Para os esportes que exigem força e potência para determinados movimentos,
como nos arremessos, saltos e chutes, deve-se ser específico ao máximo, conside-
rando o ângulo do movimento, sua velocidade e amplitude. Quando se elabora um
treinamento aquático, pode-se afirmar que grande parte dos movimentos terres-
tres pode ser transportada para a água. Nessa transferência, observa-se que os atle-
tas de diferentes esportes apresentam uma melhoria na qualidade e na economia
do movimento específico.
261
Fisioterapia aquática
Princípio da variabilidade
No treinamento sistemático contínuo e planejado, é importante diversificar os
estímulos, com o objetivo de modificar o recrutamento muscular e propiciar o es-
tímulo central com carga muscular variada. Isso se dá em alguns momentos do trei-
namento conforme o microciclo e a evolução do atleta. A duração, a frequência se-
manal e o volume dependerão da modalidade e do período de treinamento.
Princípio da reversibilidade
É o princípio que trata do processo de destreinamento. Nota-se o declínio da
condição física assim que se para de treinar. A inatividade durante 6 semanas re-
sulta em redução de 14 a 16% no VO 2 máximo, queda no volume sistólico e redução
na atividade enzimática da mitocôndria. Diversos trabalhos mostram a redução do
desempenho quando o atleta se encontra incapacitado para continuar seus trei-
nos, em situações como: lesões musculares, articulares e ósseas, situações de pós-
cirúrgico, processos fisioterápicos. O exercício na água pode manter e algumas ve-
zes melhorar a capacidade de treinamento desses atletas.
A reversibilidade é o princípio que ajuda a comprovar a eficiência do exercício
na água e é um dos mais importantes, pois permite que o atleta não tenha perdas
importantes da sua evolução. Treinamentos na modalidade de deep running (DR)
concentram a maior parte dos trabalhos científicos. Observa-se que corredores
amadores já obtiveram suas melhores marcas em maratonas quando realizaram
parte do treinamento dentro da água, através do DR.
As adaptações periféricas decorrentes de treinamentos específicos sofrem
decréscimo ao fim do treinamento. Porém, podem ser minimizados quando o
262
Condicionamento físico na água
TREINAMENTO FÍSICO
O condicionamento físico que visa gerar saúde tem por objetivo aumentar a ca-
pacidade de trabalho físico, promovendo a redução da gordura corporal e aumen-
tando o tecido magro, a densidade óssea e a mobilidade. Quando o treinamento tem
por objetivo a competição e o treinamento de alta performance, o risco de lesões nas
estruturas óssea, ligamentar, muscular e articular está sempre presente. Isso faz com
que técnicos e treinadores elaborem melhor quando e como introduzir o treinamen-
to na água para minimizar esses efeitos e prolongar a vida útil desse atleta.
Alguns dos componentes do desempenho esportivo estão na Figura 13.l são
descritos a seguir
Força, resistência e flexibilidade são as capacidades mais importantes para uma
boa performance. A capacidade dominante é aquela mais exigida pelo esporte, por
exemplo, a resistência aeróbia é a capacidade dominante nas corridas de longa dis-
tância. A maioria dos esportes exige um desempenho máximo em pelo menos
duas dessas capacidades. A relação entre força, velocidade e resistência é funda-
mental para as qualidades físicas dos atletas.
263
Fisioterapia aquática
Individualidade
Capacidade de Técnica
biológica
rendimento esportivo
Força Flexibilidade
Velocidade Resistência
FORÇA
O treinamento muscular próximo da sua capacidade máxima aumentará sua
potência. A sobrecarga pode ser feita com equipamento padronizado para levan-
tamento de pesos, roldanas ou molas, barras imóveis e dispositivos isocinéticos.
O aspecto mais importante para a melhoria da força é o nível de tensão muscular.
O trabalho pode ser desenvolvido sistematicamente com carga progressiva, com
pesos como: resistência, treinamento isométrico, isocinético e excêntrico. A força
pode ser classificada em:
Força máxima:
• dinâmica: forças de impacto, de tração e de empurrão;
• estática: forças de manutenção, de tração e de pressão.
264
Condicionamento físico na água
VELOCIDADE
A velocidade motora é a capacidade de executar, no menor tempo possível, um
ou mais movimentos. Esses movimentos podem ser acíclicos ou cíclicos. A veloci-
dade pode ser classificada em:
265
Fisioterapia aquática
FLEXIBILIDADE
A flexibilidade é a combinação da elasticidade muscular e da mobilidade ar-
ticular. Os movimentos de flexibilidade são executados com grande amplitude,
envolvendo uma ou mais articulações. A flexibilidade é elementar para uma boa
execução de movimentos sob aspectos quantitativos e qualitativos. Um estudo
realizado com praticantes de hidroginástica apresentou melhora na capacida-
de de flexão do quadril após apenas uma sessão de treino. O meio aquático per-
mite explorar com grande ênfase exercícios de alongamento ativo, propiciando
uma melhora significativa na flexibilidade.
RESISTÊNCIA
O potencial aeróbio é a capacidade do corpo de produzir energia na presença
de oxigênio.
A resistência é a capacidade de prolongar o tempo de atividade com uma deter-
minada intensidade. O objetivo do treinamento é melhorar essa condição confor-
me as especificidades, reduzindo e retardando o surgimento da fadiga.
Resistência geral: refere-se ao trabalho que envolve cerca de um sétimo da mus-
culatura esquelética total. É limitada pela capacidade do sistema cardiovascular e
pelo fornecimento de oxigênio.
Resistência específica: é caracterizada pela força específica, representada por me-
nos de um sétimo da musculatura esquelética total. É limitada pela capacidade anae-
róbia, resistência de força, resistência de velocidade, resistência de força rápida e pela
própria técnica, ou seja, o gesto de movimento específico.
Analisando a partir da demanda energética, têm-se as resistências aeróbia e
anaeróbia.
A resistência aeróbia é o potencial ou a capacidade que o corpo tem de produ-
zir energia na presença de oxigênio. É a condição do organismo de transportar oxi-
gênio pelo corpo por meio do desenvolvimento dos sistemas respiratório e cir-
culatório, causado pelo aumento do volume de ejeção no débito cardíaco, que é
266
Condicionamento físico na água
MÉTODOS DE TREINAMENTO
Os métodos de treinamento consistem em organizar o plano de treinamento,
visando a aprimorar as capacidades biomotoras, psicológicas, técnicas e táticas.
No campo da fisiologia, o treinamento ideal é aquele que consegue reproduzir
as necessidades específicas do esporte, avaliando tais necessidades em relação às
resistências de longa, média e curta duração, no que diz respeito tanto à capacidade
aeróbia quanto à anaeróbia.
267
Fisioterapia aquática
268
Condicionamento físico na água
Velocidade da corrida.
4. Método de competição .___ _ _ _ _. .: . .
Teste econtrole da corrida.
269
Fisioterapia aquática
CONTROLE DE INTENSIDADE
Ao aplicar uma metodologia, é importante saber quantificar a carga de traba-
lho necessária para que o estímulo gere resposta de treinamento e performance. A
frequência cardíaca (FC) é um dos parâmetros mais simples para controlar a in-
tensidade. Fornece informações cardiovasculares e pode ser mensurada através de
eletrocardiograma, auscultação por estetoscópio ou pela palpação sobre a artéria
radial ou carótida ou ainda através do monitor de FC. É a maneira de controlar a
intensidade do exercício. É através desse controle que é possível conferir se o tra-
balho está com intensidade suficiente para aumentar a FC em até 70% do máximo
e, assim, proporcionar melhora na capacidade aeróbia. Isso equivale a aproximada-
mente 50 a 55% da capacidade aeróbia máxima, que é o mínimo para induzir me-
lhora pelo treinamento.
270
Condicionamento físico na água
Para alguns autores, a frequência cardíaca deve sofrer uma redução de cerca de
15%. A justificativa para essa redução se dá pela pressão exercida sobre os sistemas
e órgãos corporais, pois esta altera os sistemas vascular e respiratório. É possível
que a pressão hidrostática seja responsável indiretamente pela diminuição da fre-
quência cardíaca durante a imersão do corpo. No meio líquido, a pressão age como
um compressor sobre todos os sistemas do corpo, inclusive sobre o sistema vas-
cular, facilitando o retorno venoso. Porém, outros autores consideram esses valo-
res desprezíveis, considerando que o ideal é manter os valores resultantes do cál-
culo puro.
Para complementar a utilização do cálculo de intensidade durante o exercício,
é recomendada a utilização da escala subjetiva de esforço de Borg ou a de Wilder
e Brennan.
A escala subjetiva de esforço de Borg classifica o exercício de 6 a 20, subdivi-
dido em diferentes intensidades, que possuem correlação linear com a frequência
cardíaca e com o nível motivacional para cada resposta metabólica. As subdivisões
são mostradas na Tabela 13 .2.
271
Fisioterapia aquática
Outra escala muito utilizada foi desenvolvida por Wilder e Brennan e segue uma
linha direcionada para atletas corredores e praticantes de exercícios aquáticos. A
utilização dessa tabela para corredores auxilia na transferência do esforço exerci-
do em terra para a água, promovendo uma melhor percepção da intensidade (Ta-
bela 13.3).
TABELA 13.3 Percepção subjetiva de esforço (adaptada por Wilder eBrennam para deep runnig}
Classificação para corredores Classificação para não atletas
Nível 1 Ritmo de trote Nível 1 Muito leve
MODALIDADES AQUÁTICAS
Os exercícios aquáticos têm obtido excelentes resultados em todos os segmen-
tos: atleta profissional, atleta amador, gestantes, obesos, sedentários e idosos. A evo-
lução do fitness aquático vem se transformando para atender as necessidades de
cada grupo. A seguir, serão descritas algumas das modalidades desenvolvidas em
clubes, academias, centros de treinamento e reabilitação.
272
Condicionamento físico na água
273
Fisioterapia aquática
Hidrosport
Foi publicado que o trabalho pliométrico desenvolvido na água mantém os
mesmos resultados dos treinamentos realizados em solo, porém com menor
274
Condicionamento físico na água
Ciclismo aquático
Na década de 1980, a primeira bicicleta aquática surgiu na China. Em segui-
da, isso também aconteceu na França, nos Estados Unidos, na Itália e, finalmente,
no Brasil, em 2001. O ciclismo aquático aparece, assim, com o objetivo de produ-
zir uma nova maneira de se exercitar na água, em função do baixo risco de lesões,
atraindo adeptos de todos os níveis, sendo, portanto, um programa de treinamen-
to ao qual praticamente não existe contraindicação.
Caminhada aquática
Koszutta, na realização da caminhada aquática, apresentou um gasto de 460
kcal - ritmo de 4,2 km/h. Esta é a atividade aquática mais antiga, uma vez quero-
manos e gregos já utilizavam essa modalidade para gerar bem-estar geral, princi-
palmente com objetivos terapêuticos.
275
Fisioterapia aquática
Corrida aquática
Osinski mostrou que correr 400 m na água equivale a correr 1,4 km na terra.
A corrida aquática surgiu pela necessidade de melhorar os resultados em termos
de performance e qualidade de vida e pela facilidade de ser praticada em qual-
quer profundidade de piscina. Hammer e Morton avaliaram as respostas do trei-
namento de 8 semanas em piscina rasa (1 m de profundidade), onde o treina-
mento aquático substituiu o treinamento de corrida em terra, concluindo que a
piscina rasa satisfaz o princípio da especificidade.
Pode-se dizer que a corrida em esteira aquática se torna ainda mais interes-
sante, pois agregam os efeitos citados com a possibilidade de uma melhor mo-
nitoração do exercício. As esteiras possuem um painel eletrônico que faz moni-
toração wireless de batimentos cardíacos, cálculo do gasto calórico, comando de
velocidade (O a 9 km/h - contínua) e inclinação (13%, com intervalos de 1%). Po-
de-se até fazer programação de uma série, de acordo com o objetivo do exercí-
cio, permitindo uma melhor elaboração e execução do treinamento, sendo, por-
tanto, ainda mais eficiente.
FÓRMULA DA EFICIÊNCIA
A maior dificuldade em desenvolver um treinamento aquático com resultados
eficientes é analisar cada movimento nos seguintes aspectos: área de superfície,
velocidade do movimento, amplitude de movimento, sequência ideal dos movi-
mentos, grupo muscular envolvido e exploração da corrente da água.
MATERIAIS
Alguns materiais foram desenvolvidos especificamente para uso em água, ou-
tros podem ser adaptados da terra para a água. Podem-se classificar os equipa-
mentos que permitem aumentar a intensidade do exercício em:
276
Condicionamento físico na água
OBJETIVOS DO TREINAMENTO
O treinamento de um atleta de qualquer nível competitivo precisa ser elabora-
do para aperfeiçoar vários aspectos gerais, específicos, técnicos e táticos.
277
Fisioterapia aquática
PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO
O planejamento estruturado com objetivos a curto, médio e longo prazo fa-
zem com que o atleta alcance sua melhor performance nos períodos estabelecidos.
A organização dos treinos permite que o atleta seja submetido a cargas variáveis,
visando à melhoria das capacidades biomotoras técnicas, táticas e psicológicas
com embasamento científico e metodológico. O treinamento deve ser inteligente,
no qual o treinador saiba o momento correto de aumento de volume, sobrecarga
e recuperação, para evitar lesões e supertreinamento. Para isso, utiliza-se a didática
da periodização do treinamento, que auxilia na evolução e na eficiência do proces-
so, por meio do macrociclo e microciclo.
O treinamento físico consiste em elaborar fases do treinamento, levando em
consideração histórico do atleta, potencial fisiológico, habilidades motoras e os ob-
jetivos gerais e específicos.
O treinamento físico geral, independente da modalidade, consiste em melhorar a
capacidade de trabalho por meio de treinamentos que promovem aumento do volu-
me de treino, intensidade e melhora nas capacidades físicas e motoras. A duração des-
sa etapa dependerá do nível do atleta e do grau de exigência dos objetivos do ano.
O treinamento específico consiste em elevar o desenvolvimento das caracterís-
ticas fisiológicas e metodológicas do desporto.
278
Condicionamento físico na água
279
Fisioterapia aquática
MACROCICLO
O macrociclo é a programação a longo prazo que define as diretrizes dos trei-
nos, avaliações e competições. É considerado um macrociclo o período de 2 a 6
semanas de microciclos. Os macrociclos são definidos como: preparatório, com-
280
Condicionamento físico na água
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O treinamento aquático pode ser integrado no programa de condicionamento
físico em diversos momentos da periodização. A combinação entre o conhecimen-
to do treinamento desportivo e as variações do corpo imerso na água sugerem que
o hidrotreinamento pode ser utilizado para melhorar algumas capacidades biomo-
toras e ajudar na longevidade esportiva de seus praticantes.
Na relação entre reabilitação, prevenção e treinamento, uma das principais
vantagens do meio líquido é proteger naturalmente as articulações e os músculos,
evitando lesões no aparelho locomotor. Além disso, tal meio permite que pessoas
em processo de reabilitação estimulem gradativamente a área acometida, aprimo-
rando a condição física geral e específica, respeitando e seguindo os princípios do
treinamento, principalmente no que diz respeito à individualidade biológica.
Algumas questões ainda não são conclusivas, as limitações nos estudos têm
sido uma das maiores dificuldades na comprovação dos inúmeros benefícios do
hidrotreinamento. Dentre estas, podem se destacar como deficiências: as avalia-
ções específicas, a estruturação da metodologia, a escolha da modalidade aquática,
além de serem encontrados grupos heterogêneos no que diz respeito a composição
e densidade corporal, estatura, adaptação ao meio líquido e habilidade aquática.
281
Fisioterapia aquática
282
Condicionamento físico na água
Elaboração das sessões de treinamento conforme sistema energético, gesto técnico enecessidade metabólica do atleta
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Relaxamento aquático
Marcelo Roque
INTRODUÇÃO
Um dos efeitos que chamam a atenção durante o trabalho de fisioterapia aquá-
tica é o de relaxamento muscular, provocado pela flutuação decorrente da ação do
empuxo contrabalanceado com a gravidade, associado ao calor acumulado pela
água e transmitido para os músculos e demais tecidos moles.
De acordo com James McMillan, que desenvolveu o método Halliwick, 1 o tô-
nus é influenciado pela mensagem dada por meio da energia proprioceptiva esti-
mulada pela gravidade. Em outras palavras, o tônus está ligado à função do peso.
Depois que os efeitos do peso (força gravitacional) forem neutralizados em torno
de 15 min de imersão, o tônus de uma pessoa diminui automaticamente. Essa mu-
dança de tônus dura aproximadamente até 1 hora e meia após se deixar a piscina,
tendo relação direta com a atividade realizada após a terapia.
O termo relaxamento pode ser utilizado para descrever o efeito que essas mo-
dernas técnicas terapêuticas produzem. A explicação dessa teoria se deve ao fato
de que o relaxamento muscular é o resultado de um estado ao qual se é conduzi-
do ao receber passiva ou ativamente essa prática, consistindo em mais efeitos tera-
pêuticos do que apenas o relaxamento muscular. Esse estado de relaxamento me-
lhora a oxigenação e a irrigação do cérebro e gera também produção de endorfinas
capazes de propiciar momentos de prazer.
Fisioterapia aquática
TÉCNICAS
Atualmente, existem diversas técnicas e protocolos que podem levar a um es-
tado de relaxamento. Cada técnica tem sua particularidade e leva a diversos níveis
psicofísico-mentais.
Algumas práticas associam, no atendimento de terapia aquática, a temperatura
elevada da água, próxima da temperatura corporal, a movimentos suaves e lentos
de 1 hora com silêncio absoluto e pouca iluminação. Manipulam-se pontos cor-
porais específicos que levam a um estado de sedação profundo e uma sensação de
bem-estar. Tal sensação é elevada pela secreção de hormônios e endorfinas produ-
zidos pela estimulação desses pontos, assim como pelo alongamento suave das li-
nhas de energia conhecidas como meridianos.
Trata-se de submeter o paciente à flutuação, conduzindo seus movimentos pas-
sivamente no ritmo da respiração. Suavemente, alongam-se os músculos, disso-
ciando-se as cinturas, liberando as regiões enrijecidas do corpo, trabalhando com
muita delicadeza as estruturas corporais. Manipula-se suave, mas fortemente, a
coluna vertebral, sem provocar dor, associando posturas semelhantes ao tai chi
chuam, com seus movimentos lentos, e respeitando os fundamentos biomecânicos
como os princípios físicos da água e a biomecânica corporal. Não necessariamente
se trabalham indivíduos acometidos de alguma patologia específica, pode-se atuar
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida em diversos níveis.
Watsu® 2
É a primeira forma de trabalho corporal aquático. Harold Dull começou a de-
senvolvê-la em 1980, flutuando seus estudantes de zen shiatsu em água morna,
aplicando seus alongamentos e movimentos. Desde então, com a ajuda de inúme-
ros outros cursos, clínicas e spas em todo o mundo, o Watsu®tem evoluído no que
muitos consideram o mais profundo desenvolvimento em trabalhos corporais.
286
Relaxamento aquático
287
Fisioterapia aquática
288
Relaxamento aquático
Healing Dance® 4
Possui muitos aspectos, todos baseados no poder de cura do movimento. Con-
siste em impulsos rítmicos de pressão, tato e movimento proprioceptivos dados
ao corpo. A dança pode ser uma mensagem subliminar dentro de cada movimen-
to e da parte mental, subconsciente do paciente. O Healing Dance® tem grandes
variedades técnicas originais, reflete como a água e o corpo naturalmente se mo-
vem juntos e, além disso, tira proveito da tridimensionalidade da água com gran-
des movimentos dinâmicos.
Uma variedade de técnicas de mecânica corporal avançada, tais como se mover
com o desequilíbrio criativo e através da piscina, ajuda a criar não só movimentos
maiores, mas também mais sutis. A essência do Healing Dance® é fluxo, liberdade
e leveza. O terapeuta torna-se mais confiante para improvisar e responder melhor
às necessidades do paciente.
Jahara®s
É um trabalho de integração corporal realizado em água morna, que promove
alinhamento postural e relaxamento profundo. Fundamenta-se na compreensão
da estrutura musculoesquelética do corpo humano e no uso eficiente das proprie-
dades físicas da água, sendo uma técnica ativa e passiva. Em sua parte passiva, o
terapeuta flutua o paciente com o auxílio de um flutuador, como se fosse um ter-
ceiro braço, e harmoniosamente trabalha para trazer a estrutura do corpo a uma
posição de equilíbrio. Nos exercícios ativos, o terapeuta, por meio da orientação
verbal e do toque, auxilia o paciente a desenvolver sua consciência postural e co-
ordenação motora.
Em razão da sua sólida fundamentação, rapidamente o método Jahara® adqui-
riu grande aceitação entre fisioterapeutas e terapeutas corporais nos EUA, Suíça,
Alemanha, Israel e Argentina. Desenvolvido por Mário Jahara, brasileiro radicado
na Califórnia, é atualmente utilizado no treinamento de profissionais em escolas
de nível secundário e superior, em clínicas de reabilitação e em SPAs.
Tecnicamente, o Jahara® é um trabalho bastante eficiente e funciona por meio
de muita delicadeza e com uso de flutuadores como se fossem extensões dos bra-
ços, o que o torna bastante interessante para atendimento de indivíduos de alta
289
Fisioterapia aquática
Aquadinamic® 6
É um trabalho corporal aquático desenvolvido com o intuito de alcançar eficiência
e eficácia em terapias para pacientes em reabilitação física e/ou psíquica, que necessi-
tam ser atendidos em um curto espaço de tempo em piscinas terapêuticas. Movimen-
tos com a intenção de minimizar a espasticidade são usados para diminuir a rigidez e
ganhar amplitude de movimento, melhorar a respiração, diminuir a frequência cere-
bral e diminuir as síndromes de dores miofasciais, melhorando a qualidade de vida.
No Aquadinamic®, existe uma parte em flutuação com o rosto fora da água e, caso o
paciente tenha condições, este é levado à submersão com segurança e facilidade.
CARACTERÍSTICAS
As técnicas de relaxamento são desenvolvidas primordialmente em água aque-
cida, a ponto de o calor ser capaz de propiciar relaxamento muscular e articular.
Dá-se ênfase a movimentos corporais, respeitando as amplitudes de movimento
de cada articulação. Realizam-se ''alongamentos'' musculares suaves e indolores,
pressionando pontos específicos. O ambiente deve ser silencioso para que se atin-
ja um alto grau de relaxamento.
290
Relaxamento aquático
291
Fisioterapia aquática
292
Relaxamento aquático
OBJETIVOS
Os objetivos podem ser voltados tanto para a parte física quanto a psíquica,
proporcionando relaxamento. Quando a técnica é realizada em grupo, em atendi-
mentos coletivos, objetiva-se integrar os participantes.
A técnica Aquadinamic® modifica as condições biomecânicas de corpos acome-
tidos por patologias, síndromes e distúrbios corporais. Objetiva também a diminui-
ção do tônus muscular e oxigenação das células, em especial, as células nervosas.
Tal técnica diminui a rigidez causada por patologias, síndromes e distúrbios,
assim como aquela proveniente de estado emocional alterado; promove um pro-
fundo estado de relaxamento com mudanças no sistema nervoso autônomo; atua
no sistema simpático e reforça o sistema nervoso parassimpático; além de ter pro-
fundos efeitos sobre os sistemas neuromusculares.
Essas mudanças beneficiam pacientes com uma grande variedade de necessi-
dades especiais, ajudam a diminuir a tensão muscular e a aumentar a amplitude
de movimento. O apoio da água propicia isenção da compressão das articulações.
Como essas técnicas diminuem o espasmo muscular e o sistema de guarda (prote-
ção) muscular, aumentam sua amplitude de movimento e promovem relaxamento
profundo. O ritmo suave proposto em água morna, juntamente às repetições de tor-
ção de tronco e alongamentos, é útil na diminuição de tônus muscular anormal.
293
Fisioterapia aquática
ATLETAS
Os atletas beneficiam-se com os trabalhos corporais aquáticos em razão dos re-
laxamentos muscular e mental, do aumento do processo de regeneração do corpo
e do aumento da amplitude de movimento das articulações.
A recuperação é tão importante quanto o treinamento. Às vezes, não há tem-
po suficiente para recuperação e especialistas estão procurando novas maneiras de
acelerar e melhorar a recuperação natural dos processos do corpo de um atleta.
A água morna utilizada na terapia corporal aquática diminui a tensão muscu-
lar e ativa a parte parassimpática do sistema nervoso autônomo, que é responsável
pelo processo de regeneração do corpo. A água morna também prepara os múscu-
los e articulações para os alongamentos e permite combinações de alongamentos
musculares em direções e planos impraticáveis em terra.
Durante uma competição, cada atleta tem que ter uma contração muscular
ideal, na maioria dos casos, um pouco maior que a normal. Mesmo uma única ses-
são de relaxamento aquático pode diminuir essa tensão, o que significa que devem
ser evitadas sessões para os atletas 2 ou 3 dias antes da competição.
DANÇA PASSIVA
Outras técnicas utilizam os movimentos de dança para mobilizar o corpo pas-
sivamente, em flutuação, mobilizando regiões do corpo que comumente estão en-
rijecidas e contraídas por acúmulo de tensão. Na maioria das vezes, não se tem
o objetivo de utilizar esse trabalho para curar ou reabilitar fisicamente quem o
pratica, mas de apenas estimular o ''curador interno'' (termo utilizado pelos pra-
ticantes desse tipo de trabalho que equivale em parte ao sistema imunológico).
Quando o corpo é submetido à flutuação, o sistema nervoso recebe uma dimi-
nuição de seus sentidos de propriocepção e até mesmo a musculatura responsável
pela manutenção da postura não é mais requisitada, permitindo que parte do sis-
tema nervoso autônomo deixe de ser utilizada. A maior possibilidade que a água
tem de armazenar calor em relação ao ar relaxa a musculatura, os tendões e demais
estruturas de tecidos moles.
Proporcionando relaxamento e bem-estar, essa técnica pode ser a ideal para sub-
meter o paciente a diversos tratamentos que tenham como princípio a diminuição
de dor e o ganho de amplitude de movimento.
294
Relaxamento aquático
DESCOMPRESSÃO ARTICULAR
Enquanto os músculos relaxam e as articulações são aliviadas de sua função de
suportar peso, estas se descomprimem. O movimento torna-se mais livre e menos
doloroso e a necessidade de tensionar e proteger diminui. A água simula a falta de
gravidade, diminuindo a compressão nas articulações doloridas.
295
Fisioterapia aquática
CALOR
O tecido conectivo mole aquecido pela água antes do alongamento aumenta-
rá a extensibilidade do tecido encurtado. Músculos relaxam e alongam-se mais fa-
cilmente, tornando o alongamento mais confortável para o paciente. À medida que
a temperatura intramuscular aumenta, o tecido conectivo cede mais facilmente ao
alongamento passivo e a sensibilidade dos OTGs aumentam, o que torna mais pro-
vável que ele não dispare e iniba a tensão muscular. O aquecimento também dimi-
nui a possibilidade de microtraumas aos tecidos moles durante o alongamento e,
desse modo, pode diminuir a dor muscular tardia que ocorre após os exercícios.
O OTG é a estrutura que liga a musculatura aos ossos e tendões. Sua característi-
ca elástica permite que o músculo seja estendido a certo ponto sem que haja dani-
ficações ao músculo. À medida que se estende a musculatura, o OTG vai se adap-
tando à ''novà' situação do músculo, permitindo esse estiramento. Um método de
alongamento no qual se pode verificar o funcionamento do OTG é o alongamen-
to de 3 segundos, no qual, a partir de uma angulação dita como limite, vê-se que a
musculatura, após um tempo, se adapta e possibilita maior angulação.
MEDO
Embora não sejam aparentemente atingidos e novamente experimentados, é
de se presumir que um medo subliminar e uma consequente desconfiança pos-
sam sobrevir ao mau manuseio da cabeça do paciente, principalmente em uma
sessão em que se chega a um nível mais profundo de vulnerabilidade (Moshe
Feldenkrais, fundador do método Feldenkrais, afirma que o mesmo reflexo de
sobressalto é mecânico, gerando avanço nos desalinhamentos de postura e per-
turbações na respiração).
296
Relaxamento aquático
RESPIRAÇÃO
Usa-se a respiração para proporcionar a cadência dos movimentos e a transi-
ção de uma posição para a outra. Pode-se usar também a respiração para potencia-
lizar os efeitos quando se visa, por exemplo, a uma maior amplitude de uma ma-
nobra miofascial.
Durante todo o trabalho, respeita-se a frequência respiratória. A respiração é de
suma importância durante um bom atendimento. Ela dará o ritmo dos movimen-
297
Fisioterapia aquática
tos da terapia. Deve-se aprender a induzir uma respiração saudável. Pode-se fa-
zer isso submergindo o tórax e, consequentemente, aumentando a pressão no gra-
dil torácico e provocando uma expiração profunda, que induzirá a uma inspiração
também profunda. No momento da inspiração, auxilia-se retirando a pressão do
tórax com uma flutuação. Um detalhe importante é que a face do paciente sem-
pre esteja acima da superfície, sem que a água toque regiões próximas ao nariz e à
boca. Outro detalhe é que o terapeuta realize a submersão e a flutuação utilizando
as forças das próprias pernas, com flexão e extensão dos joelhos.
COLUNA CERVICAL
A região cervical é uma estrutura do corpo estreita e altamente irrigada, que é
passagem para inervações, artérias, veias, estruturas dos sistemas respiratório e di-
gestivo, assim como possui glândulas específicas. Ainda na cervical, encontra-se
presente o reflexo tônico cervical (RTC), que faz qualquer desnível ou movimento
abrupto contrair a musculatura. Consequentemente, todo o corpo responde a esse
comando, despertando-se.
Uma boa sessão de relaxamento seria aquela em que o recebedor relaxa e solta
completamente seu pescoço, rotando de um lado para o outro com total confiança.
Em razão do sistema articular diferenciado e complexo da cervical, os movi-
mentos em hiperextensão por muito tempo não são, na maioria das vezes, muito
agradáveis durante a sessão. Deve-se evitar ao máximo realizar esses movimen-
tos. Nesses casos, a dor pode surgir de um estiramento excessivo. Normalmente, essa
dor é proveniente de:
298
Relaxamento aquático
Algumas pessoas são muito mais sensíveis que outras, em razão de acidentes,
operações, deterioração das articulações e discos intervertebrais ou simplesmente
porque possuem a cervical longa. O tempo de duração de uma hiperextensão é um
fator importante. Realizar o movimento inicial ou final muito rapidamente de uma
hiperextensão pode não criar problema algum, mas deixar a cervical ou a lombar
hiperestendida por muito tempo geralmente causa irritação.
COLUNA LOMBAR
Assim como a região cervical, a região lombar também é uma lordose. Uma hi-
perlordose provocada por uma sustentação indevida durante muito tempo pode
não ser agradável e provocar lesões. Por isso, durante todo momento em que opa-
ciente estiver sobre os cuidados do terapeuta, essa região deverá receber atenção
máxima, principalmente em se tratando de um indivíduo que apresenta alguma
patologia ou distúrbio de coluna vertebral.
299
Fisioterapia aquática
APORTE PSICOLÓGICO
Profissionais não psicólogos não fornecem psicoterapia ou aconselhamento,
no entanto, podem ser ouvintes inestimáveis, dando apoio incondicional e sem
julgamento.
Saber ouvir nesse momento também é importante. Expressões faciais do ouvinte
ou qualquer movimento que represente uma tentativa de expressão pode ser danoso
ao processo. Notada a necessidade de indicação de um psicólogo, esta também deve
ser feita de forma sutil e com muito cuidado. De preferência, permitir que o próprio
paciente interprete que necessita de um auxílio profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As terapias aquáticas são ferramentas imprecindíveis para profissionais de rea-
bilitação que escolheram o meio líquido como seu principal meio físico de atua-
ção. Nestas poucas linhas procuro colocar a disposição algumas informações sim-
ples e concisas do que se tratam. As terapias aquáticas se desenvolvem a cada dia
tanto em reabilitação quanto em busca por qualidade de vida. O mais importante
de tudo é que, a cada dia mais e mais pessoas a utilizam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Mcmillan J. The role of water in rehabilitation. Fysioterapeuten 1974; 43-6, 87-90, 236-
40.
2. George A.Apostila Watsu®. São Paulo, 1997.
3. George A.Apostila Healing Dance®.1999.
4. George A. Apostila Water Dance®. 1998.
5. Jahara M. JAHARA - O suave poder na água. Disponível em: http://www.jahara.com.br.
Acessado em 07 de outubro de 2010.
6. Roque M. Apostila Aquadinamic®. 2008. p.36.
7. Odent M. Birth and breastfeeding: rediscovering the needs of women during pregnancy.
Clariewbooks, 2007. Hillside House, 2007 p .7.
300
Instalação e segurança no ambiente aquático
Maurício Garcia
PISCINA TERAPÊUTICA
A necessidade de criar este manual de hidroterapia mostra claramente que o tema
está concretizado no mercado como um serviço de fisioterapia fundamentado nos
conhecimentos científicos de seus benefícios, por meio de uma abordagem segura,
confiável e eficaz, com a atuação de profissionais especializados na técnica.
Os resultados são atingidos de forma bastante eficiente, mas exige-se que a piscina
tenha uma atenção especial nas suas instalações, assim como as áreas de circulação e
anexos, como vestiário e casa de máquinas, com o objetivo de oferecer plenas condições
de segurança, higiene e principalmente acessibilidade adequada ao atendimento.
Não há como pensar em uma atividade em piscina terapêutica sem pensar em se-
gurança. Um ambiente inseguro expõe claramente seus usuários a acidentes e estes,
por definição, são eventos indesejáveis e inesperados, que causam danos pessoais,
materiais (danos ao patrimônio) e financeiros, ocorrendo de modo não intencional.
Independente da gravidade do acidente, quando este se associa a um processo de rea-
bilitação, contribui para agravar a situação do paciente e o essencial é entender que
isso deveria ser previsto.
Parece um paradoxo prever um acidente, mas um bom projeto da piscina tera-
pêutica, com a escolha de pessoas especializadas no planejamento e construção, as-
sociada à preferência por materiais de qualidade, minimiza ocasiões indesejáveis
e inesperadas.
Fisioterapia aquática
REQUISITOS
O que se busca nos tratamentos realizados em uma piscina terapêutica são
resultados satisfatórios, confiáveis, tecnicamente corretos e seguros. Para que se
esteja focado nesse propósito, é imprescindível que a piscina proporcione ao fi-
sioterapeuta plenas condições de trabalho, não esquecendo jamais a higiene e a
acessibilidade adequada para o atendimento.
Quando se fala em piscina terapêutica, sabe-se que este local engloba muito
mais do que apenas o reservatório de água. É importante visualizar os anexos que
compõem o local de trabalho, como:
• sala de máquinas;
., .
• vest1ar1os;
• área complementar externa da piscina;
• equipamentos de acessibilidade;
• acessórios que favoreçam o tratamento;
• normas e procedimentos do uso que incluem os cuidados com a higiene.
302
Instalação esegurança no ambiente aquático
303
Fisioterapia aquática
mos patogênicos, baixa turbidez e apresentar condições físico-químicas que não pre-
judiquem a saúde e o bem-estar dos pacientes, poupando também os equipamentos.
Essas características são obtidas por meio do tratamento físico, que engloba a
filtração, o aquecimento e o tratamento químico, com a adição de desinfetantes e
outros produtos químicos. A isso se dá o nome de sistema de recirculação e trata-
mento. No mercado, há estojos de testes para verificação instantânea do teor do
cloro, pH e até alcalinidade. A leitura é feita por meio de uma escala colorimétrica,
após a adição de um reagente numa amostra da água da piscina.
Apesar de tais facilidades, é recomendado que se contrate o serviço de um
laboratório de análises da água para que esta possa ser analisada com fidedignidade
e, consequentemente, geração de um laudo que libere o uso da piscina terapêutica
dentro da norma NBR 10818, que regulamenta as condições exigíveis da qualidade
da água da piscina, contendo as seguintes especificações:
Projeto preliminar
Como o próprio nome diz, esse projeto preliminar antecede o projeto definitivo.
Apesar de parecer óbvio ou redundante, há necessidade de se realizar muitos proje-
tos preliminares até que se chegue ao ideal para as necessidades estabelecidas.
Esses vários projetos preliminares são realizados não só por novas necessidades
ou negligência de algum item, mas principalmente pelo limite de orçamento que
se dispõe. Muitas vezes, o que se tem de mais moderno e seguro não se encaixa no
orçamento inicial do projeto, necessitando-se de algumas adequações sem perder a es-
sência do negócio.
304
Instalação esegurança no ambiente aquático
Projeto definitivo
Com as adequações pertinentes do projeto preliminar, parte-se para o projeto
definitivo, no qual se deve olhar outra vertente de construção dessa piscina terapêu-
tica. Primeiramente, deve-se fazer a periodização dos gastos previstos no orçamen-
to, depois definir claramente as etapas de execução, os acabamentos, as instalações
e simulações de todo o processo.
No projeto definitivo, não serão abordados aspectos referentes à saúde pública,
à transmissão de doenças e à importância epidemiológica das doenças, que deverão
ser previstos pelos profissionais que atuarão no cotidiano.
Há no mercado muitos consultores com experiência no processo e, dependendo da
disponibilidade do orçamento, pode-se prever a atuação desses profissionais com
o objetivo de minimizar ocorrências que poderiam ser evitadas.
Segurança e operação
Partindo-se do princípio de que o projeto da piscina terapêutica foi executado
dentro de todas as especificações corretas, dois aspectos são intimamente relacio-
nados: a segurança e a operação. Para que o local da piscina terapêutica seja
considerado seguro e saudável, devem-se observar os cuidados para prevenir aci-
305
Fisioterapia aquática
Cuidados gerais
Deve ser impedido o acesso à piscina de pessoas alcoolizadas, drogadas e que
visivelmente apresentem sinais de infecção. Somente deve ser permitido o acesso de
pessoas que fizeram uso da ducha ou chuveiro.
Evitar alimentos, bebidas, fumo, papéis, cremes, protetores solares, óleos e recipien-
tes de vidro não apenas dentro do tanque, mas também nas áreas adjacentes a ele.
Manter sempre uma linha de emergência, como telefone ou rádio, com os con-
tatos de hospitais e prontos-socorros próximos.
306
Instalação esegurança no ambiente aquático
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O bom senso e a responsabilidade pessoal dos envolvidos no processo são de
fundamental importância para garantir a segurança da realização de um tratamento
na piscina terapêutica.
É inviável abranger todas as situações de risco de uma piscina terapêutica, mas,
partindo de um bom projeto para a construção, operação e utilização da piscina e
respeitando as normas técnicas e a legislação vigentes, minimizam-se os riscos de
ocorrências indesejáveis.
BIBLIOGRAFIA
1. Campion MR. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Manole, 2000.
2. Ruoti RG, Morris DM, Cole AJ. Reabilitação aquática. São Paulo: Manole, 2000.
3. Wilder RP, Cole AJ, Becker BE. Aquatic strategies for atletic rehabilitation. ln: Functional
rehabilitation of sports and musculoskeletal injuries. Gaithersburg: Aspen, 1998.
4. ABNT. Disponível em: http://www.abnt.org.br.Acessado em 27 de agosto de 2010.
307
Índice remissivo
A ambiente aquático 20
acetabular 172 amplitude 9
acetábulo 178 de movimento 27
adaptação neural 261 anaeróbia 267
adrenalina 260, 273 análise dos exames complementares 47
afecções 161 análises da água 304
do quadril 191 anamnese 47
musculoesqueléticas 112 ângulo Q 98
agachamento(s) 170,175 apoio unipodal 215
em uma perna 110 articulação
água profunda 171 do joelho 195
alcalinidade 306 do quadril 161
alongamento(s) 126, 166, 204 patelofemoral 197
na água 127 tibiofemoral 197
alterações artrômetro 107
cardiovasculares 25 7 artroplastia 172
fisiológicas 3 de joelho 214
histológicas 189 do quadril 172
Fisioterapia aquática
310
fndice remissivo
corrida 12 doença(s)
aquática 276 de Legg-Calvé-Perthes 164
estacionária 83 infecciosas 96
coxofem oral 161 dor 97
curativos intensidade 97
oclusivos 199 lombar 112, 125
permeáveis 83 na coluna 129
D E
dança passiva 294 educação postural 134
deambulação 173, 250 elevador da escápula 142
débito cardíaco 3 empuxo 41,181,226
decoaptação articular 126 envelhecimento 249
deep treino sensório-motor 249
running 217 equipamentos 166
water 274 escápula 142
water running 234 espaço subacromial 145
déficit de extensão 201 espasmo muscular 125, 293
deltoide 142 esporte 217
densidade estabilidade 141
do meio líquido 21 estabilidade
relativa 256 articular 239
dermátomos 99 da coluna 134
desalinhamentos articulares do complexo lombopélvico
171 (core) 156
descarga de peso 173 do tornozelo 222
diabetes 92 lombopélvica 131
diminuição da ativação 148 postural 134
dinâmica 264 estabilizadores dinâmicos
disfunção 240
da marcha 174 estática 264
postural 104 esteira aquática 276
311
Fisioterapia aquática
estímulo(s) F
angiogênico 91 feedback 240
sensitivos 240 feedforward 240
estiramento 296 fêmur 197
estresse 295 feridas
evaporação 259 fúngicas 86
evolução 103 secas 85, 37
exame físico 47 superficiais 99
exercício(s) 7 fibras nervosas 46
aeróbio 136 fibromiálgicos 47
abdominal 133 fisioterapia aquática 12, 302
aquáticos 47, 129 flexão
ativo-assistidos 147 do joelho 201
combinados do quadril 21, 56
dinâmicos 39 e extensão 174
estático-dinâmicos 41 flexibilidade 104
complexos 46 flutuabilidade 225
de estabilização 125 flutuação 34
de facilitação 34, 147 flutuador 23
estáveis 186 flutuadores 32,113
funcionais 149 fluxo
instáveis 181 da água 29
isométricos 175 de esteira 21
isotônicos 174 laminar 21
mistos sanguíneo 54
do tipo 1 43 turbulento do líquido 172
do tipo 2 44 força 132
do tipo 3 45 compressiva 186
na água 26 da gravidade, 256
pliométricos 247 de arrasto 13, 207
ponte 131 de empuxo 47, 256
resistidos pela turbulência 129 de flutuação 242
312
fndice remissivo
313
Fisioterapia aquática
314
fndice remissivo
o pre-carga excentr1ca
' A •
ortostase 6 247
osteoartrite 197 preparo físico 99
de joelho 202, 204 pressão 14
osteoartrose 163, 164 arterial 6
osteófitos 164 diastólica 6
sistólica 3
p hidrostática 2, 256
padrão princípio( s)
do andar 56, 61 de Arquimedes 2
fásico 58 de Pascal 20
tônico 58 físicos 19
palpação 98 físicos da água 144
parâmetros funcionais 111 processo coracoide 20
paravertebrais 129 produtos químicos 306
passivos manuais 27 programa exercícios 21
patela 197 projeto
pelve 165 definitivo 30 5
peso preliminar 304
corporal 163 propriedades
hidrostático 7 físicas 8
pH 306 físicas da água 26
piscina 7 propriocepção 84
funda 7 proprioceptores 214
rasa 7
plano de tratamento 127 Q
pompagem lombar 27 quadríceps 197, 202
pompages 87 quadril 177,183
posição funcional 186 queimaduras 91
pós-operatório 125
postura 105 R
potência 109 radiação 259
315
Fisioterapia aquática
316
fndice remissivo
317
Miniatlas colorido
Fisioterapia aquática
Fisiologia da imersão
Consumo de oxigênio
35
A
30 ...
B
25 ... e
-e:
.........
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·-E D
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15
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1-
E T
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2-M
Miniatlascolorido
•
-- .
'(
1
FIGURA 2.1 Ae B Aquatubos, também conhecidos como noodles, espaguete, macarrões ou minhocas.
3-M
Fisioterapia aquática
FIGURA2.4 Harpa.
4-M
Miniatlas colorido
5-M
Fisioterapia aquática
6-M
Miniatlascolorido
7-M
Fisioterapia aquática
9-M
Fisioterapia aquática
10-M
Miniatlas colorido
A B
FIGURA 2.23 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de extensores de quadril e joelho.
fnfase: isquiotibiais, glúteo máximo equadríceps.
FIGURA 2.24 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de depressores de escápula, adutores
de ombro eextensores de cotovelo. fnfase: peitoral menor, peitoral maior esternal etríceps braquial.
11-M
Fisioterapia aquática
FIGURA 2.25 Ae B Exercício resistido pelo empuxo combinado dinâmico: fortalecimento de depressores de escápula, adutores
de ombro, extensores de cotovelo, flexores e rotadores de coluna dorsolombar. fnfase: peitoral menor, peitoral maior esternal,
tríceps braquial, serrátil anterior eoblíquo externo.
FIGURA 2.26 Exercício resistido pelo empuxo combinado estático-dinâmico: extensão do cotovelo com estabilização da cintura esca-
pular eombros.
12-M
Miniatlas colorido
FIGURA 2.27 Ae B Exercício misto tipo 1: extensores eadutores de ombro estabilizam os halteres contra oempuxo enquanto flexores
eextensores horizontais atuam contra aturbulência/arrasto.
FIGURA 2.28 Ae B Exercício misto tipo 2: depressores de escápula, extensores de ombro ede cotovelo atuam isometricamente contra
oempuxo, enquanto rotadores de ombro agem contra aturbulência/arrasto.
13-M
Fisioterapia aquática
FIGURA 3.1 Forças peso eempuxo que atuam no corpo imerso na água.
FIGURA 3.2 Forças de arrasto ede propulsão que atuam no corpo que se movimenta na água.
14-M
Miniatlas colorido
1 1
300 - - - - - -1- - - - - - t - - 1- - - t --- ---1--- - -- -~ - --- -
1 1 1 1
200 ... 11+1>- - - - -1-- --- -t- - - t --- ---1-- -- -~- --- -
1 1 1 1
100 - - - -1- - - - - - +- - - --- --- 1-- --·------
o +--~W
1 1 1 1
_l_ l ______ 1__ _
-100 - - - - _J __ - - -
1 1 1 1
1 1 1 1 1
_ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _I _ _ _ _ _ _ l _ _ - ______ l ______ I ___ _ - - - - - - ,- - - - - -
1
-300 1 1
-·- --- -
1
1
1
-400 --------------------- -------------------- - -- ---
1
1
1 1 1
-soo ------
71
--------------------------------------------
72 73 74 75 76 77
-- --- - ·-- --- -
78 79 80
300 -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -.- - - - - -- - -- - -- - -- - -- - -- -. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
200 -------------------------------------------------------------------
' 1
1 1
1 1
100
o +---~_J__~~--+--~~~~~~~~~~+--~~~~--+--~~~_::,,_----,__~~~~
30 40 50
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Fisioterapia aquática
200 - - - - -1 - - - - - - +- - - - - - - 1- - - - - - - 1 - - - - - - +- --1- - - - - - -1 - - - - - -
-200 - - - -
1
1 - - - - -
1
- 1 - - - -
1
- -,- - - - - -
1
-, - - - - -
1
- T -
1
--,- --- --,1 --- ---
400 - - - - ~ - - - - - - + - - - - - - 1- - - - - - -1 - - - - - - + - - - - - - -1- - - - --~ - - - - - -
45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
200 -------- 1 1 1
---------------------------------------- ~~---------------
1 1 1 f 1 1
'
1
1 1 1 1 1 1
O +--+'~+--+~-+====F~-t-----+~-+----j~-+-~1==:::::i::::~+---+-~+--+-__:+=-+-~+---l
45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
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Miniatlas colorido
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Fisioterapia aquática
18-M
Miniatlascolorido
... 1
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Fisioterapia aquática
FIGURA 6.7 A, Be C Verificação do movimento de inclinação lateral da coluna por meio do flexímetro.
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Miniatlas colorido
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Fisioterapia aquática
83
71,26
62,07
D Lyshomem
41 43,68 45,98
40 39 36;-78---r- 0 IKDC
20 -+-1
0---4--1---
jul-2005 ago-2005 set-2005 out-2005 nov-2005 dez-2005 jan-2006
1º mês 2ºmês 3ºmês 5ºmês 7ºmês
FIGURA 6.10 Evolução de um paciente submetido à reconstrução dos ligamentos cruzados (anterior eposterior) do joelho.
•-
•
A B
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Miniatlas colorido
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Fisioterapia aquática
24-M
Miniatlas colorido
8
FIGURA 7.9 Ae B Exercício abdominal.
-
FIGURA 7.10 Estabilização postural.
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Fisioterapia aquática
A B
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Fisioterapia aquática
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Miniatlascolorido
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Fisioterapia aquática
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Fisioterapia aquática
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1 ! 1 / i
~
-
I
-- ------~
-
- D
FIGURA 9.6 Apoio unipodal com movimento dos mem- FIGURA 9.7 Apoio unipodal com movimento dos mem-
bros superiores (luvas). bros superiores (prancha).
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Fisioterapia aquática
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Miniatlas colorido
FIGURA 9.16 Exercício isométrico para os abdutores do FIGURA 9.17 Exercício isométrico para os abdutores do quadril
quadril aOº. a90º.
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Fisioterapia aquática
FIGURA 9.18 Alcançar com membro superior ipsilateral ao apoio - direção anterior.
FIGURA 9.19 Alcançar com membro superior ipsilateral ao apoio - direção lateral.
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Fisioterapia aquática
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Miniatlascolorido
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Fisioterapia aquática
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Fisioterapia aquática
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Fisioterapia aquática
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•
'
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Fisioterapia aquática
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Fisioterapia aquática
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Fisioterapia aquática
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Miniatlas colorido
51-M
Fisioterapia aquática
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Miniatlascolorido
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FIGURA 12.7 Treino do gesto esportivo.
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Fisioterapia aquática
54-M
Miniatlas colorido
Relaxamento aquático
55-M
Fisioterapia aquática
56-M
A escassez de livros que abordem a hidroterapia com
ênfase na reabilitação musculoesquelética impulsio-
nou a elaboração deste Fisioterapia aquática, dedicado
a estudantes e profissionais de saúde interessados em
aprofundar-se no tema.
Manole