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AUTOMATIZAÇÃO DO TESTE DE EQUILÍBRIO DINÂMICO:

Y BALANCE TEST
Íris Monalisa Guimarães Sandes – sandesmonalisa@gmail.com
Isadora dos Santos Menah Barbara – isadoramenah@gmail.com
Alexandre Lasthaus (Orientador) – alexandre.lasthaus@mackenzie.br

RESUMO

Este trabalho consiste na automatização do teste de equilíbrio dinâmico (Y Balance Test) utilizado
principalmente na área da fisioterapia traumato-ortopédica e esportiva para avaliação do desempenho
físico musculoesquelético dos indivíduos após cirurgia ortopédica, além de possibilitar a identificação
do risco de lesão nos membros inferiores. Primeiramente, foi realizado um estudo teórico sobre a
origem e a caracterização do Y Balance Test, assim como, os procedimentos para sua execução, o
cálculo do composite score e os princípios de funcionamento dos componentes eletrônicos e assim
realizar a automação do processo de execução do teste. Para a construção do protótipo deste projeto
foi utilizada uma placa Arduino Uno conectada ao sensor ultrassônico - HC-SR04 - e ao módulo
bluetooth - HC-05 – para, respectivamente, coleta e envio dos dados adquiridos durante o
procedimento. Os componentes eletrônicos foram dispostos na base de madeira do protótipo
possibilitando o cálculo do deslocamento linear máximo, também definido como alcance, realizado
pelo paciente nas três posições pré-definidas do Y Balance Test. Os dados coletados pelo sensor são
enviados para um aplicativo desenvolvido pelo grupo, utilizando a plataforma MIT App Inventor.
Durante o projeto, foi concluído que a automação do teste é uma opção viável de modo a analisar e
acompanhar a evolução do desempenho de equilíbrio dinâmico dos pacientes, pois simplificou sua
execução, tornou-se acessível devido ao baixo custo de montagem, otimizou a ferramenta de uso
complementar, assim como permitiu o acesso ao histórico de pacientes possibilitando estudos
epidemiológicos.

Palavras-chave: Automação. Equilíbrio Dinâmico. Fisioterapia.

DYNAMIC BALANCE TEST AUTOMATION:

Y BALANCE TEST
ABSTRACT

This work consists of the automation of the dynamic balance test (Y Balance Test) used mainly in
traumato-orthopedic and sports physiotherapy to evaluate the musculoskeletal physical performance
of individuals after orthopedic surgery and allows the identification of the risk of injury in the lower

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limbs. First, a theoretical study on the origin and characterization of the Y Balance Test was
performed, as well as the procedures for its execution, the calculation of composite score and the
principles of operation of the electronic components for the automation of the test execution process.
For the construction of the prototype of this project it was used an Arduino Uno board connected to
the ultrasonic sensor - HC-SR04 - and to the bluetooth module - HC-05 - to, respectively, collect and
send the values acquired during the procedure. The electronic components were placed in the wooden
base of the prototype allowing the calculation of the maximum linear displacement, also defined as
reach, performed by the patient in the three pre-defined positions of the Y Balance Test. The data
collected by the sensor are sent to a software developed by the group, using the MIT App Inventor
platform. During the project, it was concluded that the test automation is a viable to analyze and
monitor the evolution of the dynamic balance performance of patients, because it simplified its
execution, became accessible due to the low cost of assembly, optimized the tool for complementary,
as well as allowed access to the history of patients enabling epidemiological studies.

Keywords: Automation. Dynamic Balance. Phisioterapy.

1 INTRODUÇÃO

Um atleta, nas suas práticas esportivas, está sujeito a maior frequência de lesões,
principalmente aqueles que utilizam os membros inferiores. Em um estudo de medicina esportiva
com 1302 atletas, aproximadamente 36% apresentaram patologia no joelho, sendo a lesão do LCA
(Ligamento Cruzado Anterior) o problema mais comum entre jogadores de futebol
(TAHIRBEGOLLI et al., 2018).
Portanto, em vista dos diferentes tipos de lesões, o YBT (Y Balance Test) é um método
complementar de avaliação na fisioterapia esportiva determinante para o atleta retornar suas
atividades. Este dispositivo avalia e identifica o risco de patologia nos membros inferiores, além de
monitorar a evolução do paciente após lesão no joelho, sendo uma ferramenta aliada ao fisioterapeuta,
principalmente na área esportiva (FILIPA et al.,2010).
Além disso, o YBT possibilita também estudos epidemiológicos identificando riscos de lesões
obtidos através de cálculos de índices de desempenho, sendo um dado de comparação de performance
dos pacientes (GREENBERG et al., 2019).
No que se refere à origem do YBT, o instrumento SEBT (Star Excursion Balance Test) é
também uma maneira de avaliar o equilíbrio postural dinâmico, sendo o YBT chamado de SEBT
modificado (LINEK et al., 2017). No entanto, quanto a diferença, este é uma maneira mais prática e
ágil de mensuração devido à utilização de apenas três direções para avaliação. No que lhe concerne,

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o SEBT utiliza-se de oito direções para determinação do controle postural dinâmico (KINZEY;
ARMSTRONG, 1998).
Também é possível observar em um estudo com 25 pacientes a discussão quanto à segurança
dos resultados obtidos através de cálculos determinísticos com a utilização do YBT no qual foi
utilizado mensurações de forma manual através de fita métrica. Além disso, o estudo também ressalta
a importância da aplicação da ferramenta para produção de dados que possibilitem diferenciação dos
pacientes por tipo de lesão (GREENBERG et al., 2019).
Para atender a demanda identificada através do estudo de diversos artigos acadêmicos e aos
tipos de produtos disponíveis no mercado, identificou-se a oportunidade de desenvolvimento de um
dispositivo microprocessado proporcionando análise de performance ao usuário, agilidade na entrega
de resultados, diferenciação por tipo de lesão e segurança no acompanhamento da evolução do
paciente.
O público-alvo do dispositivo YBT são pacientes de alta performance - praticantes de esportes
- que se utilizam dos membros inferiores para prática de salto ou corrida, ou seja, a vivência de
atividades físicas de impacto articular. Além de pacientes pós-cirúrgicos ou advindos de tratamentos
conservadores de membros inferiores que não possuam contraindicação para realização do teste. Por
conseguinte, através do teste é possível realizar a análise do escore composto para a perna apoiada na
base central do instrumento, disponibilizando dados para análise da evolução do paciente, assim
como, obtenção de valores proficientes para estudos de casos comparativos.
As principais motivações para o desenvolvimento deste dispositivo microprocessado deram-
se por alguns fatores como a utilização do aparelho YBT para testes de desempenho dos pacientes
pós-cirúrgicos de membros inferiores, para a avaliação de desempenho do equilíbrio dinâmico dos
esportistas possibilitando a identificação dos eventuais riscos de lesões, assim como para pacientes
advindos de tratamentos conservadores sem contraindicação para realização do teste.
Sendo assim, o objetivo deste projeto é analisar as possibilidades de modernização da maneira
como é executado o teste YBT empregando tecnologias propostas em diversos estudos acadêmicos
através de conceitos de automação e promovendo melhorias no âmbito da fisioterapia traumato-
ortopédico e esportiva com a utilização do instrumento de teste YBT para equilíbrio postural
dinâmico.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ORIGEM DO Y BALANCE TEST


O teste de equilíbrio dinâmico inclui métodos de avaliação como Star Excursion Balance Test
(SEBT) e o Lower Quarter Y-Balance Test (YBT). Devido a importância de ambos é fundamental a

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obtenção de valores quantitativos para avaliação do desempenho dos pacientes (POWDEN et al.,
2019).
O SEBT começou como um teste composto por quatro linhas se cruzando no mesmo ponto
central, resultando em oito direções. Dessa forma, o indivíduo fica no centro das direções e alcança
com a perna contralateral o máximo de alcance, mantendo uma única perna apoiada na região central.
Atualmente, o SEBT foi reduzido para três direções, surgindo a versão YBT, criado com intenção de
maximizar a execução do teste (POWDEN et al., 2019).

Figura 1 – Direções do SEBT e do YBT.

Fonte: Lima (2015)

O SEBT e o YBT possuem três direções em comuns: anterior, posteromedial e posterolateral


conforme figura 1. Estudos comparativos demonstram que os testes não devem ser usados
indistintamente e que o fisioterapeuta ou médico precisa escolher usar um ou outro método como
avaliação e/ou ferramenta de reabilitação (JAGGER et al., 2020).
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO YBT
O YBT é um teste de equilíbrio dinâmico que requer força, flexibilidade e propriocepção. Este
dispositivo é utilizado para avaliar desempenho físico musculoesquelético, identificar risco de lesão
nos membros inferiores e analisar a evolução fisioterapêutica de pacientes pós-cirúrgicos ortopédicos
e traumatológicos com ênfase na área de esportes (PLISKY et al., 2009).
As mensurações obtidas com aplicação do YBT possibilitam avaliar os membros inferiores,
estes são: tornozelo, joelho e quadril. O teste relaciona músculos por toda a parte inferior sendo uma
ferramenta clínica que requer estabilização dinâmica de um membro para análise das três direções de
estudo: região anterior, posteromedial e posterolateral (DEJONG; MANGUM; HERTEL, 2020).

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Figura 2 - Posições do YBT: A - Alcance Anterior; B - Posterolateral; C – Posteromedial.

Fonte: Linek et al. (2017)

O objetivo do teste é manter a posição em uma única perna e exercer força de extensão máxima
com a perna colateral de modo a fornecer um valor de maior alcance mantendo o equilíbrio postural
dinâmico. O dispositivo permite avaliar a ocorrência da lesão no mesmo membro consistindo em um
apoio como base central e três tubos fixados nas direções, conforme indicado na figura 2, de alcance
anterior, indicado na posição A, posteromedial, indicado na posição B, e posterolateral, indicado na
posição C (PLISKY et al., 2009).
Dessa forma, o teste ocorre quando o paciente empurra o alvo sobre o tubo em que a distância
de alcance máximo é obtida com uma fita métrica, sendo o passo de medição de 5mm, desse modo,
os valores obtidos estão relacionados a perna apoiada, sendo os ângulos entre as direções representado
na figura 3 (PLISKY et al., 2009).
As medições são descartadas pelo operador caso o paciente não mantenha a postura na
plataforma, se não permaneceu em contato com o alvo, se utilizou o indicador para restabelecer a
postura e/ou se não retornou o pé para posição inicial (PLISKY et al., 2009).

Figura 3 - Ângulos e posições do YBT.

Fonte: Plisky et al. (2009)

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Ensaios com YBT foram realizados para análise de cinemática dos membros inferiores como
dorsiflexão do tornozelo no plano, flexão do joelho e flexão do quadril em que a média dos três
ensaios para cada posição foi calculada e normalizada para determinar o alcance máximo do
movimento além do equilíbrio postural. É possível observar no estudo a importância da utilização
dessa ferramenta de equilíbrio dinâmico para análise das medidas de alcance máximo dos membros
inferiores conforme valores mostrados na tabela 1. Sendo, estes valores calculados com uso do
programa Excel (DEJONG; MANGUM; HERTEL, 2020).

Tabela 1 - Resultados obtidos com o YBT para membros inferiores.

Fonte: Dejong; Magnum; Hertel (2020)

À vista disso, para aumentar a segurança dos resultados é recomendado que se realize nove
tentativas (incluindo seis tentativas de julgamento e três medições) para que então seja analisado a
média dos valores obtidos para cada direção. O valor proveniente da análise faz uso da fórmula 1
(LINEK et al., 2017).
Fórmula 1 – Valor de referência de análise

Fonte: LINEK et al. (2017)

A soma das três direções de alcance é calculada para avaliação de desempenho. O escore
composto é calculado a partir da distância total da excursão dividindo-a por três vezes o comprimento
do membro (WESTRICK et al., 2012).
O comprimento do membro inferior consiste na distância entre a espinha ilíaca
anterossuperior e o maléolo medial. Os resultados do escore composto são obtidos a partir dos valores

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de distância de alcance dividido pelo comprimento do membro e multiplicado por 100, média do
alcance e o alcance para todos os sujeitos (LIMA, 2015).
2.3 MECATRÔNICA APLICADA AO YBT
Nesta seção serão discutidas as principais características de funcionamento do sensor de
proximidade que serviu de base para o desenvolvimento da automação do YBT: sensor ultrassônico,
Arduino UNO, interface HC-05 e MIT App Inventor.
2.3.1 Sensor Ultrassônico
Entre os sensores de proximidade utilizados atualmente, encontram-se os sensores
ultrassônicos, cujo funcionamento está fundamentado no princípio da reflexão das ondas sonoras
(ALBUQUERQUE; TOMAZINI, 2011).
Na década de 1870, Francis Galton realizou alguns dos primeiros experimentos conhecidos
sobre tecnologia ultrassônica, ele utilizou apitos geradores de ondas ultrassônicas para testar o limite
superior de audição de animais utilizando uma faixa de frequência em torno de 3 a 30 kHz
(WEBSTER, 1999).
Segundo Cheeke (2012), o ultrassom iniciou realmente seu desenvolvimento no campo
tecnológico com o desenvolvimento de transdutores submarinos durante a Primeira Guerra Mundial.
Nesse período, o ao Unido e a França estabeleceram um programa conjunto para detecção de
submarinos.
A partir disso, estimulou o trabalho pioneiro de Paul Langevin, físico francês, que geralmente
é creditado como o pai do campo da ultrassonografia. Portanto, as décadas de 1940 e 1950 foram
períodos de pesquisas e desenvolvimento na área da tecnologia ultrassônica.
O sensor é um termo utilizado para dispositivos sensíveis à determinada forma de energia
presente no ambiente, representado na figura 4, à exemplo das energias térmica, cinética e luminosa,
associando informações sobre uma grandeza que precisa ser mensurada, como temperatura, corrente
elétrica ou posição (ALBUQUERQUE; TOMAZINI, 2011).

Figura 4 - Formas de energia de um sensor.

Fonte: Albuquerque; Tomazini (2011)

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As ondas ultrassônicas são ondas mecânicas na faixa de frequência acima de 20 kHz, além da
capacidade da audição humana. Para a emissão e detecção dessas ondas, transdutores piezoelétricos
são aplicados para converter energia elétrica em energia mecânica (WEBSTER, 1999).
O tempo decorrido entre o instante de emissão da onda e o instante em que o sinal refletido é
recebido consiste em uma referência para o cálculo da distância, conhecido como tempo de voo
(WEBSTER, 1999).
Além disso, para calcular a distância utilizando o tempo de reflexão do pulso com o sensor
ultrassônico HC-SR04, representado na figura 5, é fundamental conhecer a velocidade do som no
meio que a onda se propaga (WEBSTER, 1999).

Figura 5 – Sensor Ultrassônico (HC-SR04)

Fonte: Cytron Technologies (p. 5, 2013)

Este cálculo está explicitado na fórmula 2, sendo “d” a variável que representa a distância, “c”
é a velocidade do som no meio e “t” é o tempo entre a emissão e recepção da onda ultrassônica
(WEBSTER, 1999):
Fórmula 2 – Cálculo da distância

Fonte: Webster (1999)

De acordo com o manual do fabricante Cytron Technologies, o HC-SR04 inicia a medição


quando o pino trigger recebe um pulso de 5 Vcc durante 10 µs no mínimo. Desse modo, o sensor
emite oito ciclos de ondas ultrassônicas de 40 kHz.
O receptor ao detectar a onda refletida, ativará o pino echo com 5 Vcc, cujo período de
ativação corresponde ao tempo de envio e recepção desta onda. O funcionamento supracitado pode
ser verificado na figura 6.

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Figura 6 – Funcionamento do HC-SR04

Fonte: Cytron Technologies (p. 7, 2013)


2.3.2 Arduíno UNO
O Arduino, representado na figura 7, consiste em um microcontrolador Atmel da AVR, com
entradas e saídas embutidas em uma única placa. Sua plataforma de programação e desenvolvimento
IDE (Integrated Development Environment) explora como base a linguagem do tipo C (ORTIZ,
2019).
A placa Arduino permite a exportação de dados para uma plataforma externa quando
conectado a uma rede, possibilitando exportar dados recebidos através da utilização de sensores para
algum site que poderá exibi-los no formato de um gráfico (MCROBERTS, 2011).

Figura 7 – Placa Arduino UNO

Fonte: Mcroberts (2011)

Sendo o IDE um software de livre acesso onde foi possível desenvolver a programação
executada no Arduino, utilizaram-se configurações de entradas e saídas da placa para estruturar as
instruções de aplicabilidade, possibilitando a interação do hardware com o software (MCROBERTS,
2011).
2.3.3 Interface HC-05
O módulo bluetooth HC-05 e o sensor ultrassônico são placas secundárias conectadas ao
Arduino com o objetivo de ampliar as possibilidades de utilização, pois estes hardwares são
implementados para execução de uma função específica (CASTRO, 2016).

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Este módulo, representado na figura 8, converte o sinal de uma porta serial para bluetooth,
permitindo a comunicação do hardware com software externo, viabilizando assim a leitura e
comando de sensores e atuadores de forma remota (VIEIRA, 2014).

Figura 8 - Módulo bluetooth HC-05

Fonte: Mcroberts (2011)


2.3.4 MIT App Inventor
Para o desenvolvimento de um aplicativo Android é necessário apresentar domínio dos níveis
intermediário ou avançado em linguagem de programação (LATTMANN, 2016).
Diante disso, o Google e o MIT (Massachusetts Institute of Technology) desenvolveram uma
ferramenta de acesso livre na Internet que auxilia o desenvolvedor apresentando uma plataforma
objetiva e simples (NOGUEIRA, 2018).
Visando a praticidade de execução, a sua programação consiste em associação de blocos
lógicos de forma análoga a um quebra-cabeça, possibilitando também realizar testes e construir
interfaces em um ambiente de simulação (NOGUEIRA, 2018).
Por não exigir nível avançado de conhecimento em programação conta com agilidade em criar
aplicativos para dispositivos móveis. Sendo assim, o MIT App Inventor é uma programação realizada
em blocos, representado na figura 9, favorecendo agilidade de desenvolvimento de softwares, além
de dispor de uma plataforma gratuita, possuindo diversos projetos relacionados à automação com esta
ferramenta. (BEGHINI, 2013).
Figura 9 – Exemplo de programação em blocos na plataforma MIT App Inventor.

Fonte: Acervo das autoras (2020)


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3 METODOLOGIA
3.1. PESQUISA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta fase do projeto foram consultados livros, periódicos da área médica e artigos científicos
sobre o funcionamento e aplicações do sensor ultrassônico HC-SR04, microcontrolador Arduino,
módulo de comunicação HC-05 e a plataforma de desenvolvimento de aplicativo App Inventor.
Além disso, foi realizado a análise de artigos científicos referentes a aplicabilidade do YBT,
bem como a função deste dispositivo.

3.2. DESENVOLVIMENTO DO APLICATIVO


Nesta etapa do projeto desenvolveu-se um aplicativo para sistema operacional Android com
utilização da plataforma MIT App Inventor escolhida devido à sua praticidade de programação com
utilização de blocos e elementos visuais de programação.
Dessa forma, com o intuito de proporcionar na interface do usuário elementos quantitativos
dos resultados da performance do paciente (score) foi disponibilizado acesso ao histórico por meio
de um banco de dados para acompanhamento da evolução individual dos indivíduos.
Com isso, o aplicativo foi projetado com três telas fornecendo informações como cálculo da
pontuação composta, histórico da identificação do paciente com o tipo de lesão e banco de dados com
as informações coletadas durante a execução do teste.
O código de programação foi gerado para efetivação do cálculo e do banco de dados com a
utilização do recurso de programação em blocos disponibilizado na plataforma, conforme mostrado
na figura 10.
Figura 10 – Código fonte para banco de dados.

Fonte: Acervo das autoras (2020)

À vista disso, o fluxograma que ilustra a transição de informações entre os elementos do


funcionamento do aplicativo está evidenciado na figura 11, representando a lógica de programação
desenvolvida para o projeto.
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Figura 11 – Exemplo da lógica de programação do aplicativo

Fonte: Acervo das Autoras (2020)

O download deste aplicativo está disponibilizado através do QR Code na figura 12, bem como
seu arquivo básico de extensão “. aia”, disponível através do link:
https://drive.google.com/file/d/1CTkLIjmWu017Kfawzk03pGWLHdNgqJm6/view?usp=sharing.
Neste formato o arquivo pode ser importado dentro da plataforma MIT App Inventor para quaisquer
alterações em sua programação.
Figura 12 – QR Code para download do App

Fonte: Acervo das Autoras (2020)


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3.3 DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO
Neste estágio do projeto, realizou-se a junção do protótipo mecânico YBT à configuração
eletrônica responsável pelo encaminhamento dos dados do alcance detectado através do sensor
ultrassônico. O sensor identifica a variação do alcance e transfere os valores através de comunicação
via bluetooth para o app.
Para a montagem mecânica do protótipo foram utilizadas duas placas quadradas de madeira,
cujos lados medem 33 cm, e uma haste retrátil fixada entre elas, representado na figura 13, com o
intuito de simular a aplicação do YBT em um indivíduo.

Figura 13 – Vista superior do protótipo YBT

. Fonte: Acervo das autoras (2020)

Na haste do protótipo foi encaixado um bloco pequeno de madeira para que o paciente pudesse
empurrá-la permitindo que o sensor realize a leitura do deslocamento deste bloco em relação à base,
conforme vista frontal do protótipo na figura 14.

Figura 14 – Vista frontal do protótipo YBT.

Fonte: Acervo das autoras (2020)

O circuito representado na figura 15 exemplifica a parte eletrônica do protótipo, exibindo a


placa Arduino conectada ao sensor ultrassônico HC-SR04 e ao módulo bluetooth HC-05. Os dados
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do deslocamento são provenientes do estímulo físico do sensor sendo transmitidos para o aplicativo
através da interface HC-05.

Figura 15 – Eletrônica do protótipo YBT.

Fonte: Acervo das autoras (2020)

3.4 TESTE DO PROTÓTIPO MICROPROCESSADO


De acordo com a literatura, no estudo do equilíbrio dinâmico é recomendado a execução de
nove tentativas (sendo três medições para cada direção). Para análise do desempenho do paciente
recomenda-se que seja analisado o escore composto. Uma medida é posicionada em cada direção,
com um intervalo de 0,5 cm (LINEKZ et al., 2017).
O processo de leitura dos valores de alcance, com intervalo de 0,5 cm, é proveniente do
deslocamento do objeto sobre a guia, este valor aparece na primeira tela do aplicativo onde é definido
a direção do movimento (Anterior, Posteromedial ou Posterolateral).
O indivíduo posicionado no centro da base de apoio movimenta a perna empurrando o objeto
na máxima distância possível de executar. Este processo é repetido três vezes para permitir o cálculo
escore composto necessário para análise da evolução do paciente (WESTRICK et al., 2012).
O sensor emite sinais ultrassônicos e com o sinal de retorno possibilita o cálculo com base no
tempo (entre envio e retorno) a distância do objeto deslocado encaminhando o valor via bluetooth
para o aplicativo.
A transferência dos dados ocorre através de programação no Arduino e um conjunto de
hardware como o módulo HC-05, placa Arduino, sensor, entre outros.
Por fim, as três leituras realizadas pelo sensor em cada direção dão origem ao cálculo do
escore composto.

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Figura 16 – Teste Prático do YBT.

Fonte: Acervo das autoras (2020)

O teste de funcionamento do protótipo, figura 16, ocorreu a partir de trinta repetições para
mensurações das distâncias na direção Anterior com o objetivo de avaliar o erro entre a leitura do
sensor ultrassônico e a leitura realizada por meio de uma trena envolvendo intervenção humana.
A figura 17, mostra o instante do teste comparativo entre os dois tipos de análise.

Figura 17 – Teste Comparativo entre sensor e trena.

Fonte: Acervo das autoras (2020)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a análise dos resultados foram obtidos trinta valores de distância percorrida para direção
Anterior, sendo registrado para análise comparativa de erro estatístico. Sendo o erro estatístico
calculado a partir da quantificação da variação das mensurações de cada amostra coletada, ou seja, o

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quanto cada valor da mensuração realizada pelo humano está próximo do valor real calculado pelo
sensor. Os valores estão demonstrados na tabela 2:

Tabela 2 – Valores Amostrais

Fonte: Acervo das autoras (2020)

Foram utilizadas análises repetidas da variação de medidas para determinar o range permitido
do erro, sendo a variação menor que 0,2 cm trivial, de 0,2 cm a 0,5 cm pequeno, maior que 0,5 cm a
0,8 cm moderado e maior de 0,8 cm fora do aceitável (FUSCO et al., 2019).
Como pode-se ver na tabela 2, a curva das medições do erro comporta-se dentro de um
intervalo de valor máximo de 1,3 cm e valor mínimo de -0,3 cm, de modo que para cada valor de
comparação de resultado entre analógico-digital está dentro do aceitável em 83,3% das mensurações.
A amplitude da variação do erro de leitura é de 1,6 cm, sendo este a delimitação do intervalo
da curva de propagação do erro.
A curva da propagação do erro, figura 18, mostra ainda variações abruptas de valores do erro
de uma amostra para outra, ou seja, não tem relação com o valor, mas sim com a intervenção humana,
portanto, passível de erro. Diferentemente, da leitura feita digitalmente, em que o sensor detecta
através de ondas ultrassônicas a variação do objeto deslocado pelo paciente.

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Figura 18 – Propagação do Erro

Fonte: Acervo das autoras (2020)

Sendo assim, o percentual das mensurações estão fora do aceitável em 16,7% das amostras,
ou seja, cinco testes apresentaram erro maior que 0,8 cm, conforme exposto na figura 19.

Figura 19 – Análise do Erro

Fonte: Acervo das autoras (2020)

No gráfico referente à média móvel da propagação do erro, conforme figura 20, é importante
observar que as leituras executadas pelo sensor foram próximas das leituras executadas manualmente
através da trena, sendo os valores -0,2 cm, -0,3 cm e -0,2 cm responsáveis pelos menores erros
identificados.
Isso demonstra que, as análises executadas manualmente podem conter valores diferentes do
alcance longitudinal real.

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Figura 20 – Média móvel da Propagação do Erro

Fonte: Acervo das autoras (2020)

De acordo com a tabela 3, o valor médio da propagação do erro é de 0,5 cm sendo a média
aritmética do erro das mensurações. Além disso, o desvio padrão tem valor de 0,4 cm o que denota o
quão próximos estão os valores quanto à homogeneidade dos dados.
Enquanto a variância tem valor de 0,16 que significa o quão próximo o valor médio está dos
demais valores das amostras.
Tabela 3 – Valores de Análise

Fonte: Acervo das autoras (2020)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante ressaltar que apesar de sua importância no âmbito da fisioterapia traumato-


ortopédica e esportiva, a análise do dispositivo comumente utilizado é realizada de modo manual,
além de ausência de um processo automatizado para o cálculo da pontuação composta. Estas
particularidades dificultam o acompanhamento ágil do progresso dos pacientes, o que evidenciou
diversas oportunidades de desenvolvimento de melhorias aplicando as técnicas de automação
presentes neste projeto englobando conceitos de eletrônica, software e mecânica.
Sendo assim, a automação desenvolvida se mostrou adequada para compor este projeto devido
à praticidade de integração entre o sensor ultrassônico com a placa Arduino, possibilitando a
transferência das leituras do alcance do paciente via bluetooth para o aplicativo.

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Portanto, para atender esta demanda, foi desenvolvido um dispositivo microprocessado
proporcionando agilidade na entrega de avaliação da performance dos pacientes e segurança nos
valores analisados.
A melhoria esperada com a possibilidade de diagnóstico automatizado é obtida através da
visualização dos indicadores de performance no aplicativo, ou seja, o dispositivo YBT é integrado a
um programa de celular proporcionando praticidade na execução do teste e possibilidade de estudos
epidemiológicos.
A partir dos resultados obtidos, conclui-se que o sistema digital demonstrou medições
similares às obtidas manualmente por um humano, com a vantagem de armazenar digitalmente os
valores das mensurações, mantendo o histórico dos pacientes e evitando erros humanos na realização
das leituras do alcance.
Sendo assim, este projeto multidisciplinar entre as áreas da engenharia mecatrônica,
fisioterapia e saúde do esporte poderá trazer benefícios à futuros estudos promovendo praticidade e
agilidade na análise dos casos clínicos com uso do Y Balance Test. Recomenda-se que seja realizada
pesquisas futuras para avaliar a aplicabilidade e validade do dispositivo em populações saudáveis e
patológicas.

REFERÊNCIAS

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Aplicações. São Paulo: Érica, Saraiva, 2011.

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AGRADECIMENTOS

Aos nossos familiares, agradecemos o apoio e incentivo durante nossa caminhada e,


principalmente, na conclusão deste trabalho de conclusão de curso.
Nossos agradecimentos ao “Instituto Mayrink – Fisioterapia Especializada” pelo suporte na
construção do YBT e por permitir que acompanhássemos a execução do teste de rotina em sua
unidade.
Agradecemos ao Felipe Bizari pela doação dos materiais necessários à construção mecânica
do dispositivo.

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