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DISPOSITIVO PARA ANÁLISE DE PRESSÃO PLANTAR EM PALMILHAS

UTILIZANDO PIEZOELÉTRICOS DE BAIXO CUSTO

Conference Paper · October 2016

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Mario Elias Marinho Vieira José Jair Alves Mendes Júnior

Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR) Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR)
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Marcelo Bissi Pires Sergio L. Stevan Jr.

Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR) Federal University of Technology - Paraná (UTFPR), Ponta Grossa/PR, Brazil
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XXV Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica – CBEB 2016
DISPOSITIVO PARA ANÁLISE DE PRESSÃO PLANTAR EM PALMILHAS
UTILIZANDO PIEZOELÉTRICOS DE BAIXO CUSTO
M.E.M. Vieira*, J.J.A. Mendes Jr*, M.B. Pires* e S.L. Stevan Jr*
*Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, Brasil
e-mail: {mariovieira;josej;mpires}@alunos.utfpr.edu.br; sstevanjr@utfpr.edu.br
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar
uma alternativa de baixo custo para palmilhas
instrumentadas na medição dinâmica da pressão plantar.
Foram utilizados sensores piezoelétricos comerciais de
fácil acesso e baixo custo. O processamento do sinal é
realizado por filtros passa-banda com amplificadores de
carga. Os dados foram analisados na plataforma
LabVIEW™. O sistema se mostrou viável em análises de
movimentos e apresentou informações que podem ser
utilizadas para futuras avaliações, como: tipo de pisada,
tipo de arco do pé, intensidades de pressão plantar por
região e análises de marcha humana.
Palavras-chave: Piezoelétrico comercial, palmilha
instrumentada, pressão plantar.
Abstract: This work aims to present a low-cost
alternative to instrumented insoles for the dynamic
measurement of plantar pressure. Commercial
piezoelectric sensors with easy access and low cost
were used. The signal processing is performed by band-
pass filters with charge amplifiers. Data were analyzed
in LabVIEW™ platform. The system proved feasible in
analysis of movement and presented information that
can be used for future assessments of type trodden bow
type of the foot, plant pressure intensities by region and
analysis of human gait.
Keywords: Commercial Piezoelectric, instrumented
insole, plantar pressure.
Introdução
A pressão plantar é a ação resultante o contato dos
pés e uma superfície durante as atividades locomotivas
diárias, a qual normalmente não se dá de forma
uniforme seja pela característica do terreno, seja pela
característica individual do cada ser humano[1]. As
medições da pressão plantar possibilitam análises que
podem ser fundamentais correções ortopédicas,
avaliações médicas, para o reconhecimento de padrões
entre faixas etárias e até para correto desenvolvimento
de um atleta, entre outras aplicações [1-6].
Equipamentos de pressão plantar podem ser estáticos,
como em plataformas, ou dinâmicos, como sistemas
instalado dentro do tênis ou do calçado do indivíduo,
vulgarmente chamados de in-shoe.
A tecnologia de palmilhas instrumentadas in-shoe
garante liberdade para as coletas de dados serem
realizadas em ambientes externos e em situações
cotidianas ou específicas do indivíduo em questão,
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como por exemplo: corridas em pistas, caminhadas,
impactos em saltos e quedas, etc [2, 4-6]. Este modelo
de sistema é baseado em medir a pressão plantar entre o
pé do indivíduo e a sola do tênis, tendo como interface
uma palmilha instrumentada [1-2,4-6]. Os principais
requisitos gerais para um bom funcionamento são:
mobilidade, baixa quantidade de dados, ser confortável
dentro do tênis, leve (peso inferior a 300g) e baixo
consumo de energia para ter uma boa autonomia [1].
Neste panorama, este trabalho apresenta o
desenvolvimento de uma palmilha instrumentada de
baixo custo destinada para medições de pressão plantar
dentro de um calçado em situações dinâmicas. Como a
medição dinâmica implica em movimento, evita-se que
o indivíduo realize uma pisada não natural (controlada
ou conscientemente corrigida) em consultório e/ou
laboratório, bem como pisadas dinâmicas simuladas
(como um passo em plataformas estáticas).
Os dados são visualizados e analisados por meio de
uma interface gráfica e quantitativa. Como requisito
fundamental desta proposta, as análises realizadas são
somente em condições dinâmicas: passos, passadas,
caminhadas, corridas, saltos, etc. O principal diferencial
deste é a utilização de sensores piezoelétricos comercias
de fácil acesso e baixo custo. Todos os outros
equipamentos referenciados aqui [1-6] utilizam sensores
exclusivos, desenvolvidos pelos autores, ou seja, são de
alto custo, dificultando o acesso à tecnologia.
Materiais e métodos
Sensores Piezoelétricos - Os sensores piezoelétricos
possuem a característica de apresentar uma alteração de
carga elétrica proporcional a direção aplicada ao
estresse mecânico. O contrário também ocorre, ou seja,
haverá deformação proporcional à aplicação de um
campo elétrico [7]. Por essas características, os sensores
piezoelétricos são amplamente usados nos âmbitos
comerciais, industriais [8] e em aplicações médicas [9].
Atuadores, ventiladores e limpadores ultrassônicos
piezoelétricos são algumas das aplicações usando seu
princípio de fonte geradora de eletricidade [10]. Em
circuitos eletrônicos, são encontrados largamente em
ressonadores e em filtros (cerâmicos e de ondas
acústicas) [10]. Seu uso como sensor dinâmico de força,
vibração, pressão, sensor ultrassônico, de toque, choque
mecânico e acelerômetro é bem recorrente [7-13].
Porém, aplicações recentes demonstram novos conceitos
para seu uso, como um sistema de monitoramento de
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pulso [12], gerador de tensão a partir de exalação
humana [13] e sensor táctil.
A Figura 1 apresenta o sensor piezoelétrico
comercial (a) e seu sinal em comparação com a ação do
movimento (c). Durante o período de t1 a t2, ocorre a
aplicação da força, provocando o pico de tensão (b). Se
a força continuar sendo aplicada, o sinal volta para o
valor de repouso (entre t2 e t3). Parando a aplicação de
força (t3), há uma resposta de amplitude oposta (t4), com
pico abrupto, e em seguida o sistema volta para o
repouso (após t4). Para forças estáticas, o sistema
permanece na tensão de repouso; porém em diferenças
de forças, há a mudança no valor de tensão. Logo, a
resposta do piezoelétrico ocorre de forma dinâmica e
por isso só pode ser usado em sistemas de medição
dinâmica e não estática.
Figura 1: a) Sensor piezoelétrico comercial. b) as ações
impostas ao sensor e em c) a resposta do sensor
piezoelétrico em função da ação sobre o mesmo.
crescentes de força.
A Figura 2 apresenta uma aquisição de sinais
provenientes de um sensor piezoelétrico de 15 mm
através de um osciloscópio. Impulsos de força crescente
foram aplicados usando um material de apoio, com o
sensor inserido na parte inferior do material. A partir
dessa aquisição, pode-se concluir que:
i) a tensão resultante do sensor é dependente da força,
quanto menor a força, menor a amplitude da tensão e
o contrário é verdadeiro; e
ii) dependendo do valor da força, a amplitude de tensão
pode ultrapassar altos valores (como pode ser visto
na Figura 2, na última aplicação de força, no sinal
mais à direita onde o sensor forneceu mais de 60 V
pico-a-pico).
Figura 2: Sinal obtido de um sensor piezoelétrico de
diâmetro de 15mm em função da aplicação de impulsos.
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Condicionamento de sinais - Eletricamente, os
sensores piezoelétricos possuem alta impedância [14] e
dependendo da força aplicada o sinal do piezoelétrico
pode possuir alta amplitude quando aplicado um degrau
com força abrupta (conforme pode ser visualizado nas
Figuras 1 e 2). Por este motivo, um amplificador de
carga foi projetado, de modo a que apresentem uma
razão de atenuação de um décimo do valor de tensão
para enquadrá-la à faixa de leitura do sistema de
medição, conforme apresentado na Figura 3.
Figura 3: Amplificador de carga projetado.
Este amplificador comporta-se como um filtro
passa-faixa ativo. Considerando que 98% das
componentes de força de caminhada tem frequência
abaixo de 10 Hz e 99 % abaixo de 15 Hz, e ainda que é
necessário realizar o desacoplamento DC, conforme
critérios descritos por [17]; e considerando os valores de
capacitores e resistores comerciais, as frequências de
corte (fc, figura 3a) inferior e superior calculadas foram
de 1,59 Hz e 15,91 Hz. Os filtros foram projetados com
base nas frequências citadas acima, tendo o filtro passa-
alta composto por R1 (1 MΩ) e C1 (100 nF); já o filtro
passa-baixa é composto por R2 (100 kΩ) e C2 (100 nF).
Outro ponto de extrema importância é a associação
dos resistores de R3 (220 kΩ) e R4 (270 kΩ). Usando
essa topologia, o sistema apresentará um offset do sinal
(Voffset, Figura 3a), que não ficará em nível analógico de
0 V e sim o valor da queda de tensão do resistor R4.
Essa queda de tensão é de 2,70 V, o que deixa o offset
mais da metade do range total de alimentação (5 V). Tal
valor foi escolhido pois a aplicação de força resulta em
uma tensão mais abrupta que a saída de tensão em uma
na região plantar. Desta forma, os estágios posteriores
de aquisição não apresentarão problemas de saturação e
de sobretensão, com o ganho de 0,1 (Ganho, Figura 3a).
Confecção da palmilha de baixo custo – Nos
sistemas in-shoe, não há um consenso entre os pontos
exatos para melhor absorção e medição da pressão
plantar. A literatura também não fornece dados precisos
explicando o detalhamento dos pontos. A grande
quantidade de pesquisa procura distribuí-los entre as
regiões do pé [1]. O pé pode ser dividido em 4 regiões,
conforme ilustrado na Figura 4, em: Retropé, Mediopé,
Antepé e Hálux [3-4], [15]. O Hálux (dedão) faz parte
da região do Antepé, porém foi distinguido de sua
região para facilitar análises posteriores em relação ao
metatarso, que também compõe o Antepé.
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Em relação à quantidade de pontos da divisão da
região plantar, a hipótese mais utilizada é a verificação
de quais análises serão realizadas com a palmilha
instrumentada [1]. Como por exemplo: no Retropé, para
medição somente da pressão da região, é necessário
somente um ponto que cubra a região; já para medição
do tipo de pisada (supinada, pronada ou neutra) são
necessários no mínimo dois pontos; e assim para todas
as regiões plantares [3-4,15].
Para determinação da nossa distribuição dos
sensores, foram considerados quatro tipos de pisada,
que, de fora para dentro do pé, são: a) supinador, em
que a pisada é para fora (forçando a parte externa do
pé); b) neutra, em que a pisada é realizada de forma
correta; c) pronador, em que a pisada é deslocada para
dentro (forçando a parte interna do pé); e o quarto tipo é
d) uma intensificação do terceiro tipo, em que tem-se
um pronador acentuado, onde a pisada também é torta
para dentro, porém com uma intensificação no ângulo
de deformação [16].
Cada região possui um número específico de
sensores, sendo: 5 no Retropé; 3 no Mediopé; 5 no
Antepé; e 1 no Hálux. A Figura 4 apresenta os sensores
posicionados na palmilha com suas identificações
numéricas e das regiões plantares.
Figura 5: Palmilha instrumentada com a identificação
dos sensores e das regiões plantares.
Ao analisar a palmilha proposta, é possível afirmar a
função de alguns sensores por meio de sua localização,
como por exemplo: o sensor 7 é responsável pela
detecção de pé chato (plano); já os sensores 6 e 8
medem a intensidade de pés pronados ou supinados; e
os sensores 1, 2, 4 e 5 são utilizados para medições de
pisadas tortas com o calcanhar; entre outras. Além
disso, cada sensor apresenta a intensidade da pressão
plantar em sua região determinando a característica de
pisada do indivíduo.
Para conexão dos sensores ao circuito de
condicionamento, utilizou-se o cabo flat, por sua
flexibilidade, maleabilidade e de espessura viável para
aplicação. São 28 vias (duas para cada sensor); todos os
pontos negativos estão conectados entre si e também as
referências da placa de condicionamento de sinais e de
aquisição de sinais.
Resultados e Discussão
Para uma melhor apresentação dos sinais coletados,
a Figura 5 (a) representa a posição do pé em três etapas
de um passo. Na parte inferior da Figura 5 (b), são
apresentados os sinais temporais de uma medição
dinâmica dos 14 sensores sobrepostos. Ainda no
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gráfico, é possível ver as indicações da região com
maior intensidade de pressão durante o movimento,
iniciando-se no retropé (através do sensor 1), seguido do
mediopé, antepé e por último, finalizando o movimento
do pé, o Hálux, (visualizado pelo sensor 13). Os
sensores são ativados quando a pressão plantar
pressiona-os na palmilha, indicados com a parte positiva
dos sinais no gráfico. No momento em que essa pressão
é no sentido contrário (descompressão), obtém-se as
partes negativas dos sinais.
Figura 4: Formas de apresentação dos dados: (a) Tela
de apresentação da escala de cores e posição dos
sensores com seus respectivos valores; (b) Divisão dos
sinais por região plantar e a identificação de cada
sensor.
Figura 6: Sinais de um passo comparados com as
posições plantares durante o movimento.
Esse resultado foi somente para apresentar o
movimento do passo executado pela pessoa, mas só
fornece dados simples, como por exemplo: a pressão de
pico, os tempos de ativação dos sensores, e o
comportamento dos sensores conforme a região
pressionada. Para análises mais específicas em relação a
pressão plantar são necessários outros tipos de
apresentações dos resultados, como por exemplo, em
forma de cores e pontos no pé (Figura 7).
Para apresentação dos resultados, utilizou-se o
software LabVIEW™. O programa desenvolvido foi
dividido em abas, possibilitando selecionar os dados a
serem analisados. A Figura 7 (a) apresenta a disposição
gráfica dos sensores na região plantar e a pressão
exercida sobre eles. A escala de cor é definida pela
intensidade de pressão plantar medida, o verde
representa os pontos sem pressão, do verde para o
vermelho os pontos em pressão e por último, do verde
para o azul os pontos em descompressão do sensor. O
ponto verde escuro encontrado na região do Antepé,
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representa o aviso de que o sensor não está funcionando
ou não está conectado. Com esse tipo de análise e
apresentação dos dados é possível detectar
características como pé plano, tipo de pisada,
intensidade de pressão plantar, entre outras.
A segunda aba do programa é responsável por
apresentar os gráficos de pressão divididos entre as
regiões plantares. A Figura 7 (b) exibe os quatro
gráficos, sendo o primeiro do Retropé, o segundo do
Mediopé, o terceiro do Antepé e o último do Hálux. As
cores de cada gráfico representam os sinais de cada
sensor. O Canal 13, correspondente ao Hálux, é
separado dos demais por se tratar da região das falanges
(dedos). O eixo horizontal representa o tempo, sendo as
análises temporais em segundos; já o eixo vertical
continua como tensão (V).
Após a apresentação desses resultados e de como
eles são apresentados ao usuário, o sistema mostrou-se
operante e correspondeu aos objetivos esperados para a
viabilidade da utilização de sensores comercias de baixo
custo nesta aplicação.
Considerações Finais
O sensor piezoelétrico comercial correspondeu de
forma positiva para medições de pressão plantar em
situações dinâmicas. O sistema como um todo
apresentou a capacidade de fornecer informações para
análises de pressão plantar, como: pé plano, tipos de
pisada (supinada, pronada ou neutra) e intensidade de
pressão plantar por região plantar. A aplicação futura
desse sistema será desenvolvido em duas áreas distintas:
acompanhamento fisioterápico e análise de marcha em
esportes que utilizam a corrida como fundamento
principal.
Agradecimentos
Agradecemos aos colaboradores deste trabalho
Fabrício F. Vieira e Sidiney Venerano pela ajuda no seu
desenvolvimento.
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