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TÉCNICAS AVANÇADAS
DE MANUTENÇÃO
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3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - Análise Vibracional
4 2.1 Do surgimento aos dias atuais
16 3.2 A ferrografia
SUMÁRIO
17 3.3 O processo e tipos de análise da ferrografia
20 UNIDADE 4 - Termografia
21 4.1 Aplicações elétricas
32 UNIDADE 6 - Espectrografia
34 UNIDADE 7 - Hidráulica e Análise de Pressões
34 7.1 Hidráulica
39 UNIDADE 8 - Lubrificação
39 8.1 Tipos de lubrificantes
46 UNIDADE 9 - Pneumática
48 REFERÊNCIAS
3
UNIDADE 1 - Introdução
Os pontos A, B, C, são os locais deter- diada por uma análise teórica bem feita
minados para a medição. Os sensores dos (AMORIM, 2006).
aparelhos devem ser encostados nestes
Diversos métodos são utilizados no
pontos.
controle das fontes de vibrações, são
Além deste controle, deve existir eles: Controle das frequências naturais
uma pasta com toda documentação per- do sistema, inserção de mecanismos de
tinente à máquina (cópia da nota fiscal, amortecimento, tais como os neutraliza-
catálogo, desenhos e outros). dores e absorvedores de vibrações; con-
trole de folgas e eliminação de roçamen-
Não havendo catálogos, solicite ao
tos. (JESUS; CAVALCANTE, 2011).
fabricante (caso a máquina seja antiga, é
provável que não exista catálogo, então, O diagnóstico de problemas em máqui-
deve ser programada uma abertura para nas rotativas consiste em um processo
efetuar os desenhos) (SANTOS, 2010). de identificação das causas da origem da
vibração mediante a análise das mesmas,
2.2 Conceito e aplicações fazendo-se assim necessário conhecer
Segundo Rao (2009), qualquer movi- as características dos equipamentos e as
mento que se repete após um intervalo principais peculiares associadas a poten-
de tempo pode ser denominado vibra- ciais falhas.
ção. Silva (2009) concorda com Rao ao Eisenmann (1997 apud JESUS; CAVAL-
afirmar que um movimento periódico, tal CANTE, 2011) afirma que desbalance-
como uma oscilação de uma partícula, de amento é uma das fontes mais comum
um sistema de partículas ou de um corpo de vibração em máquinas e equipamen-
rígido, em torno de uma posição de equi- tos, enquanto Inman (2004 apud JESUS;
líbrio é definida como vibração. CAVALCANTE, 2011) cita que vibrações
O conhecimento das características causadas por desbalanceamento normal-
das respostas em vibração associadas a mente dominam o espectro e ocorrem na
defeitos comuns possibilita a identifica- frequência de rotação (1 x RPM). O des-
ção prévia dos mesmos nas mais diferen- balanceamento acontece devido a uma
tes máquinas, sem, no entanto, se fazer alteração no equilíbrio das forças radiais
necessária uma desmontagem investiga- que atuam sobre o eixo da máquina. A
tiva. causa mais comum é o acúmulo de ma-
terial sobre volantes de inércia, hélices
Há numerosas fontes de vibração em de ventiladores, hélices de ventoinhas
um ambiente industrial que tornam ne- de motores, etc., mas pode ser causado
cessárias manutenções frequentes e também por perda de massa como a que-
dispendiosas. O controle da vibração é bra de uma hélice, por exemplo. Se um
facilitado quando o agente motivador é componente específico (como ventila-
identificado pela análise da resposta do dor, motor, rotor, por exemplo), é afetado
sistema e, muitas vezes, as altas ampli- individualmente por desbalanceamento,
tudes de vibração podem ser eliminadas esse componente vibrará mais que os ou-
por uma atuação prática simples, subsi- tros, mas se a fonte for um acoplamento,
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ocorre de todo conjunto da máquina vi- as forças dinâmicas interagem entre si,
brar. excitando vibrações no sistema. Mesmo
com as máquinas bem alinhadas inicial-
O desalinhamento, ilustrado abaixo, é
mente, à frio, vários fatores podem afe-
um problema tão comum como o desba-
tar esse estado, tais como a dilatação
lanceamento. Em uma montagem me-
térmica dos metais (quando da máquina
cânica existem vários eixos, mancais e
em funcionamento), os assentamentos
acoplamentos com características dinâ-
de fundação e a deterioração de ancora-
micas diferentes. Quando o conjunto gira
gens (MELO, 2008).
Tipos de desalinhamento
Espectro de desbalanceamento
Espectro de desalinhamento
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Espectro de roçamento
É fato que as máquinas rotativas são triais, é ponto de partida para investigar
equipamentos utilizados nos diversos não só estes como outros fenômenos de
ambientes do cotidiano, tornando-se maneira contínua, contribuindo para so-
elementos indispensáveis nas atividades lucionar vários problemas em máquinas
humanas e devido ao alto nível de exi- industriais.
gência em tais especialidades, conhecer
o comportamento dinâmico dessas má-
quinas é fundamental.
O controle das perdas por desgaste deve ser projetadas para uma fácil substituição.
iniciar com o correto processo de fabricação O grau de exatidão da forma, tamanho, per-
do produto, incluindo a escolha do equipa- fil da superfície, rugosidade e folga entre
mento e lugar para instalação. Para estoca- as superfícies durante o funcionamento in-
gem deve-se considerar as partes a serem fluenciam o atrito e desgaste. A vida útil em
protegidas do desgaste. serviço depende muito da exatidão da mon-
tagem, por exemplo, alinhamento exato e
O design do produto pode reduzir efetiva-
limpeza de quaisquer superfícies sujeitas à
mente o desgaste de componentes, otimi-
falha do componente (SUSKI, 2004).
zando a transferência de força e movimento,
o uso apropriado de materiais e lubrificantes Tradicionalmente são aceitos quatro
em função da força, temperatura e ambien- modos de desgaste que estão represen-
te. Partes submetidas ao desgaste devem tados na Figura abaixo:
Modo de desgaste
Dessa forma, à medida que a amostra flui viscosidade do óleo, diminuição da velocida-
por sobre a lâmina, as partículas ferromag- de da máquina, etc.
néticas de maior tamanho são depositadas
Outro desgaste bastante comum é a Abra-
logo na entrada. Avançando-se no ferrogra-
são. Gera partículas assemelhadas a cavacos
ma, encontramos as partículas de tamanhos
de torno com dimensões de 2 a centenas
menores. Na saída, observamos as partícu-
de mícron. A principal causa para esse tipo
las de até 0,1 μm. Essas partículas são iden-
de desgaste é a contaminação por areia. Os
tificadas pela forma com que se alinham,
pequenos grãos de areia ingeridos pela má-
seguindo a direção das linhas de força do
quina se incrustam, por exemplo, num man-
campo magnético.
cal de metal patente e o canto vivo exposto
As partículas paramagnéticas ou não “usina” o eixo que está girando, tal qual um
magnéticas (ligas de cobre, alumínio, prata, torno mecânico.
chumbo, etc. e contaminantes como areia,
De forma geral, considera-se como indí-
borracha, fibras de pano, papel etc.) deposi-
cio de problema partículas maiores que 15
tam-se de forma aleatória. São encontradas
μm. Os vários tipos de partículas observadas
ao longo de todo ferrograma.
pela ferrografia recebem nomes que repre-
Ao final do bombeamento da amostra, sentam ora o tipo do desgaste (Esfoliação,
circula-se um solvente especial, isento de Abrasão, Corrosão, etc.), ora sua forma (La-
partículas, que “lava” o ferrograma, levando minares, Esferas, etc.) ou ainda a natureza
consigo o lubrificante. Até 98% das partícu- (Óxidos, Polímeros, Contaminantes Orgâni-
las presentes na amostra permanecem reti- cos, etc.).
das na lâmina. Após a secagem, o ferrograma
Existem regras bem definidas para a re-
está pronto para ser examinado no ferroscó-
presentação da taxa de incidência de cada
pio.
tipo de partícula num ferrograma. A repre-
Todo material utilizado na ferrografia é sentação da análise é feita de forma gráfica,
descartável. Um ferrograma, com cuidados onde barras horizontais indicam a incidência.
especiais, pode ser armazenado por até 4
anos. Cada tipo de desgaste pode ser identi- 3.3.2 Exame Quantitativo
ficado pelas diferentes formas que as partí-
culas adquirem ao serem geradas.
(DR)
Segundo Almeida (2006), a Ferrografia
O desgaste mais comum é a Esfoliação. Quantitativa, ou ferrografia de leitura dire-
São partículas geralmente de 5 μm, poden- ta (Direct Reading = DR) utiliza os mesmos
do atingir 15 μm. Sua forma lembra flocos de princípios da ferrografia analítica. A diferen-
aveia. A Esfoliação é gerada sem a necessi- ça está no formato do corpo de prova e no
dade de contato metálico, mas apenas pela método de leitura.
transmissão de força tangencial entre uma
peça e outra por meio do filme lubrificante. O corpo de prova (conjunto tubo precipita-
A quantidade e o tamanho dessas partículas dor) é formado por uma mangueira de PTFE,
aumentarão caso a espessura do filme seja um tubo de vidro e uma mangueira de dre-
reduzida devido à sobrecarga, diminuição da nagem. O tubo de vidro é instalado sobre o
campo magnético especial, da mesma forma
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que o ferrograma. Duas regiões deste tubo Assim como no ferrograma, as partículas
são iluminadas de baixo para cima por uma se precipitam de forma ordenada por tama-
fonte de luz controlada. A sombra formada nho. O tubo precipitador é divido em duas
pelas partículas que se depositam no tubo é regiões onde se encontram as partículas
observada por fotocélulas ligadas ao circuito maiores que 5 μm, chamadas Grandes (Large
micro processado. = L) e menores ou iguais a 5 μm, chamadas
Pequenas (Small = S).
UNIDADE 4 - Termografia
dade e paradas de custo muito elevado. com poeira, que tenha falta de fase, que
esteja desalinhado ou desbalanceado,
Classe 2: quando sua falha causa pa-
ou até mesmo se seus rolamentos estão
radas à produção, porém restritas a uma
danificados, evitando com essas análi-
parte da unidade.
ses a queima desse motor ou a parada de
Classe 3: quando sua falha pode ser algum processo por conta disso (FLUKE,
facilmente contornada através de mano- 2009).
bras ou redundâncias, sem interromper a
Além de inspeções termográficas em
produção.
equipamentos mecânicos e elétricos,
Ainda, esses mesmos autores de- também existe uma ampla utilização
monstraram a importância e a eficiência em demais processos. Um exemplo é no
da análise termográfica, na qual, com a diagnóstico de construções que pode-se
implantação deste programa, torna-se utilizar o termovisor para inspeção de
possível minimizar os custos de manu- umidade em telhados, no qual, através
tenção elétrica e maximizar a disponibili- da diferença de temperatura se compa-
dade dos painéis de comando elétrico as- rada a outros pontos do telhado, pode-se
sistidos, evitando-se falhas prematuras verificar vazamentos de água e demais
e paradas indesejáveis da produção por danos nas estruturas causados por infil-
falhas em componentes que integram os trações (FLUKE, 2009).
painéis elétricos (BRITO; ALVES; FILHO,
São vantagens de uma inspeção
2011).
termográfica:
4.2 Aplicações mecânicas excelente custo/ benefício – o cus-
As inspeções eletromecânicas e me- to de uma inspeção termográfica em re-
cânicas abrangem uma grande variedade lação à economia que ela proporciona é
de equipamentos. A geração de imagens imensurável, pois um bom programa pre-
térmicas provou ser inestimável para a ventivo de inspeções periódicas e inter-
inspeção de equipamentos, tais como venções adequadas elimina a ocorrência
motores e equipamentos giratórios. A de falhas imprevistas e paradas não pro-
maior parte dessas aplicações é qualita- gramadas. Além de minimizar a ocorrên-
tiva, a imagem térmica atual é normal- cia de prejuízos materiais e até humanos;
mente comparada com a anterior e, con-
sem interrupção do processo pro-
sequentemente, feito comparações para
dutivo – para apresentação de melhores
se detectar quais as partes do motor que
resultados, as inspeções devem ser reali-
estão gerando um aumento da tempera-
zadas nos períodos de plena atividade ou
tura, e as possíveis causas de isso estar
carga;
acontecendo. Motores são inspecionados
termicamente porque são muito suscetí- segurança – as inspeções são reali-
veis a falhas relacionadas ao calor. Captar zadas a distâncias seguras, sem necessi-
imagens térmicas de um motor ao longo dade de contato físico entre a instalação
do tempo pode ser de grande valor, pois e o inspetor, e permite maior segurança
pode revelar, se um motor está entupido na estocagem de produtos;
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aumento da confiabilidade – há
uma maior confiança no sistema de tra-
balho, reduzindo-se, assim, os itens em
almoxarifado (SOUZA; PIRES; ALVES,
2010).
Vale guardar...
A análise termográfica, sendo um pro-
cesso não destrutivo e que é realizado
com o funcionamento da máquina com
carga total, pode identificar o defeito
logo em seu início, com a antecedência
necessária que possibilite o planejamen-
to da parada do sistema e um reparo sim-
ples e de baixo custo (SANTOS, 2009).
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UNIDADE 5 - Ultrassom
Como exemplo citam-se os fundidos, que sável pela perda de parte da intensidade
apresentam grãos de grafite e ferrita com ou energia da onda sônica; a divergência se
propriedades elásticas distintas. A mudança pronuncia à medida que a fonte emissora é
das características elásticas de ponto num afastada das vibrações acústicas. Tal fenô-
mesmo material é chamada anisotropia, que meno pode ser observado ao detectar um
é mais significativa quando o tamanho do defeito pequeno com o feixe ultrassônico
grão é de 1/10 do comprimento de onda. central do transdutor; nesta condição, a am-
plitude do eco na tela do aparelho é máxima.
b) Absorção – absorção é a energia ce-
No entanto, quando o transdutor é afastado
dida pela onda para que cada partícula do
lateralmente ao defeito, a amplitude dimi-
meio execute um movimento de oscilação,
nui, indicando uma queda na sensibilidade
transmitindo vibração às outras partículas
de detecção do mesmo defeito. A diferença
do próprio meio; esse fenômeno ocorre sem-
de sensibilidade ou altura do eco de reflexão
pre que uma vibração acústica percorre um
entre a detecção do defeito com o feixe ul-
meio elástico.
trassônico central e a detecção do mesmo
c) Atenuação sônica – a onda sônica, defeito com a borda do feixe ultrassônico é
ao percorrer um material qualquer, sofre em considerável.
sua trajetória efeitos de dispersão e absor-
ção que resultam na redução da sua energia. 5.2 Aplicações do ultrassom
Os resultados dos efeitos de dispersão e ab- É largo o campo de aplicação do utrassom
sorção, quando somados, resultam na ate- ou área de abrangência, indo de transfor-
nuação sônica. madores, passando por painéis, motores,
Na prática, esse fenômeno pode ser vi- geradores, cabos e terminações; isoladores;
sualizado na tela do aparelho de ultrassom, barramentos; barramentos blindados; relés;
quando se observam vários ecos de reflexão disjuntores; muflas/ terminações; caixas de
de fundo provenientes de uma peça com su- passagem; outros equipamentos elétricos.
perfícies paralelas. As alturas dos ecos dimi- As aplicações deste ensaio não destrutivo
nuem com a distância percorrida pela onda. são inúmeras: soldas, laminados, forjados,
A atenuação sônica é importante quan- fundidos, ferrosos e não ferrosos, ligas me-
do se inspecionam peças em que este fator tálicas, vidro, borracha, materiais compos-
pode inviabilizar o ensaio. Soldas em aços tos, tudo permite ser analisado por ultras-
inoxidáveis austeníticos e peças forjadas em som. Indústria de base (usinas siderúrgicas)
aços inoxidáveis são exemplos clássicos des- e de transformação (mecânicas pesadas),
ta dificuldade. O controle e avaliação da ate- indústria automobilística, transporte maríti-
nuação nestes casos é razão para justificar mo, ferroviário, rodoviário, aéreo e aeroes-
procedimentos de ensaio especiais. Alguns pacial: todos utilizam ultrassom. Mesmo em
valores de atenuação podem ser encontra- hospitais, a primeira imagem de um feto hu-
dos num quadro extraído do livro de Krau- mano é obtida por ultrassom. Modernamen-
tkramer “Ultrasonic Testing of Materials”. te, o ultrassom é utilizado na manutenção
industrial, na detecção preventiva de vaza-
d) Divergência do feixe sônico – a mentos de líquidos ou gases, falhas opera-
divergência é um fenômeno físico respon- cionais em sistemas elétricos (efeito corona),
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Vantagens
- Ao contrário dos ensaios por radiações penetrantes, o ensaio por ultrassom não
requer planos especiais de segurança ou quaisquer acessórios para sua aplicação.
Desvantagens
- O ensaio por ultrassom de materiais com ondas superficiais é aplicado com seve-
ras restrições, pois somente são observados defeitos de superfície; para detectar
este tipo de descontinuidade, existem ensaios não destrutivos mais simples, como
os ensaios por líquidos penetrantes e por partículas magnéticas, que em geral são
de custo e complexidade inferiores aos do ensaio por ultrassom.
sidade, por meio do controle de escala los eletrodos e pela carcaça externa. Um
calibrada em faixas fixas com variações transdutor emite um impulso ultrassôni-
de 10, 50, 250 e 1.000mm. co que atravessa o material e reflete nas
interfaces, originando o eco. O eco retor-
Quando a velocidade de propagação é
na ao transdutor e gera o sinal elétrico
alterada no aparelho, nota-se claramen-
correspondente.
te que o eco de reflexão produzido por
uma interface muda de posição na tela O transdutor pode ser classifica-
do osciloscópio, permanecendo o eco do em três tipos: normal ou reto,
original em sua posição inicial. O apare- angular e duplo-cristal:
lho de ultrassom é basicamente ajustado
para medir o tempo de percurso do som a) O transdutor normal ou reto é o
na peça ensaiada por meio da relação S = chamado cabeçote monocristal gerador
v x t, onde o espaço percorrido S é pro- de ondas longitudinais perpendiculares
porcional ao tempo t e à velocidade de à superfície de acoplamento. É construí-
propagação v. do a partir de um cristal piezelétrico com
uma das faces colada num bloco rígido
A unidade de medida do material tam- denominado amortecedor e outra face
bém pode ser ajustada em centímetros, protegida por uma membrana de borra-
metros, etc. Dependendo do modelo e do cha ou por uma resina especial. O bloco
fabricante do aparelho, pode existir um amortecedor serve de apoio para o cris-
controle específico da velocidade ou, na tal e absorve as ondas emitidas pela face
maioria dos casos, um controle que tra- colada a ele. A face de contato do trans-
balha junto com o da escala do aparelho. dutor com a peça deve ser protegida con-
Nesse caso, existe uma graduação de ve- tra desgaste mecânico por meio de mem-
locidade em metros por segundo em re- branas de borracha finas e resistentes ou
lação aos diferentes materiais de ensaio camadas fixas de epóxi enriquecido com
por ultrassom. óxido de alumínio. Em geral, os transdu-
tores normais são circulares, com diâme-
Os componentes principais do equipa-
tro de 5 a 24 mm, com frequência de 0,5,
mento de ultrassom são os cristais e os
1, 2, 2,5, 4,5 e 6 MHz. Outros diâmetros e
transdutores.
frequências existem, porém para aplica-
Cristais são materiais que apresen- ções especiais.
tam o efeito piezelétrico responsável por
transformar a energia elétrica alternada
b) O transdutor angular é assim
chamado em razão de o cristal formar
em oscilação mecânica e a energia mecâ-
um determinado ângulo em relação à su-
nica em elétrica. Os cristais são monta-
perfície do material. O ângulo é obtido
dos sobre uma base que funciona como
pela inserção de uma cunha de plástico
suporte ou bloco amortecedor. Tipos de
entre o cristal piezelétrico e a superfí-
cristais são quartzo, sulfato de lítio, tita-
cie. A cunha pode ser fixa, sendo então
nato de bário e metaniobato de chumbo.
englobada pela carcaça, ou intercambi-
O transdutor, também chamado de ável; neste último caso, um transdutor
cabeçote, é formado pelos cristais, pe- normal é preso com parafusos que fixam
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a cunha à carcaça. Uma vez que a práti- cristais são conectados ao aparelho de
ca é trabalhar com diversos ângulos (35, ultrassom por um cabo duplo; o aparelho
45, 60, 70 e 80 graus), a solução de um deve ser ajustado para trabalhar com dois
único transdutor com várias cunhas é cristais. Os cristais são montados sobre
mais econômica; no entanto, é necessá- blocos feitos de plástico especial de bai-
rio maior cuidado no manuseio. O ângulo xa atenuação. Devido a essa inclinação,
nominal, sob o qual o feixe ultrassônico os transdutores duplos não podem ser
penetra no material, vale somente para usados para qualquer profundidade, pois
inspeção de peças de aço; se o material fora da zona de inclinação a sensibilidade
for outro, determina-se o ângulo real de se reduz. Possuem sempre uma faixa de
penetração por meio de blocos de cali- inspeção ótima, que deve ser observada.
bração feitos desse mesmo material. A Em certos casos, os transdutores duplos
mudança do ângulo deve-se à mudança são utilizados com focalização, isto é, o
de velocidade no meio. O cristal piezelé- feixe é concentrado em uma determina-
trico somente recebe ondas ou impulsos da zona do material para a qual se deseja
ultrassônicos que penetram na cunha na máxima sensibilidade.
direção paralela à de emissão, em senti-
Existem problemas de inspeção que
do contrário. A cunha de plástico funcio-
não podem ser resolvidos nem com trans-
na como amortecedor para o cristal pie-
dutores retos nem com angulares. Quan-
zelétrico após a emissão dos impulsos. O
do se trata de inspecionar ou medir ma-
transdutor angular apresenta sapatas de
teriais de reduzida espessura, ou quando
acrílico feitas para proporcionar ângulos
se deseja detectar descontinuidades
de transmissão bem definidos. Entretan-
logo abaixo da superfície do material, a
to, o uso contínuo e o consequente des-
zona morta existente na tela do apare-
gaste das sapatas poderão alterar o de-
lho impede uma resposta clara. O cristal
sempenho do transdutor. Esse problema
piezelétrico recebe uma resposta num
pode ser agravado quando a pressão do
espaço de tempo curto após a emissão, e
dedo do operador incidir sobre as bordas
suas vibrações não são amortecidas su-
do transdutor, fazendo com que o des-
ficientemente. Neste caso, somente um
gaste ocorra de modo irregular e alteran-
transdutor duplo-cristal, capaz de sepa-
do significativamente o ângulo nominal.
rar a emissão da recepção pode ajudar.
c) O transdutor duplo-cristal é o
De todo modo, para realizar a inspe-
mais indicado e largamente utilizado nos
ção, o transdutor deve ser acoplado à
procedimentos de medição de espessu-
peça; quando isso é feito, estabelece-
ra por ultrassom. Apresenta dois cristais
-se uma camada de ar entre a sapata do
incorporados na mesma carcaça, leve-
transdutor e a superfície da peça. Esta
mente inclinados em relação à superfície
camada ar impede que as vibrações me-
de contato e separados por um material
cânicas produzidas pelo transdutor se
acústico isolante. Cada um deles funcio-
propaguem para a peça em razão das ca-
na somente como emissor ou somente
racterísticas acústicas (impedância acús-
como receptor, sendo indiferente qual
tica) muito diferentes das do material a
deles exerce cada uma das funções. Os
31
Guarde...
As aplicações deste ensaio – ultras-
som – são inúmeras: soldas, laminados,
forjados, fundidos, ferrosos e não ferro-
sos, ligas metálicas, vidro, borracha, ma-
teriais compostos, tudo permite ser ana-
lisado por ultrassom. Na manutenção, é
aplicado na detecção de vazamentos de
líquidos ou gases, falhas operacionais em
sistemas elétricos, vibrações em mancais
e rolamentos.
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UNIDADE 6 - Espectrografia
Também conhecida como Análise Espec- investiga a natureza química de uma subs-
trográfica, essa técnica, embora preditiva, tância pelo exame do seu espectro, deno-
é aplicada ao seguimento veicular, isto é, minado “Espectro de Fraunhofer”, mas há
quando se deseja monitorar veículos de pas- indícios que ela não possui a precisão exigida
seio, tratores, caminhos, empilhadeiras, etc. quando aplicada a partículas maiores da or-
dem de 10 micra (0,010 mm), o que também
O princípio básico partilhado por todas as
é dito por Medeiros (2010) em estudo que
técnicas espectroscópicas se resume basica-
utilizou a espectroscopia Raman para moni-
mente em um feixe de radiação eletromag-
torar a cura de tinta epóxi aplicadas em tan-
nética direcionado para uma determinada
ques de armazenamento de petróleo.
amostra e, na sequência, observa-se como a
amostra se comporta a um determinado es- Conforme Medeiros (2010, p. 2), é impor-
tímulo. A resposta obtida normalmente é re- tante ressaltar que os artigos que utilizam a
gistrada como uma função do comprimento espectroscopia Raman ao invés de DSC para
de onda da radiação, em função do compri- estudar a cura de resinas termofixas, são
mento de onda, sendo conhecido como um muito recentes e sua metodologia de análise
espectro (GUIMARÃES, 2013). ainda se encontra em desenvolvimento.
De uma maneira geral, as técnicas espec- Fitch (2004) é outro autor que colabora
troscópicas fornecem informações detalha- com as apreciações acima ao ressaltar que a
das sobre os níveis de energia das espécies análise espectrográfica tem sido usada des-
em estudo, particularmente no caso da es- de a Segunda Guerra Mundial para estabe-
pectroscopia vibracional, na qual os espec- lecer e quantificar a presença de metais de
tros representam a “impressão digital” das desgaste a aditivos nos óleos lubrificantes e
moléculas devido à maior riqueza de deta- fluidos hidráulicos, mas com ressalvas.
lhes proporcionada pelos níveis de energia
Tem havido muitos estudos conflitantes
vibracionais (FARIA, 1997).
em relação à utilidade e precisão da análise
A espectroscopia Raman estuda a inte- espectrográfica. Os que duvidam dizem que
ração da radiação eletromagnética com a a técnica não pode detectar partículas maio-
matéria, sendo um dos seus principais obje- res do que 10 micra e que não determina
tivos a determinação dos níveis de energia dados quantitativos referentes a tamanho
vibracional de átomos ou moléculas. Tam- e contagem de partículas. Um estudo publi-
bém é possível obter informações sobre a cado na revista Lubrication Engineering
estrutura molecular e as ligações químicas envolvendo mais de 150 amostras de óleo
presentes. Nas moléculas, a região espectral usado coletadas de caixas de engrenagens
onde as transições são observadas depende industriais, compressores, transmissões e
do tipo de níveis envolvidos, eles podem ser sistemas hidráulicos, concluiu que:
eletrônicos, vibracionais ou rotacionais (SIL-
1) Altos níveis de contaminação nesses
VA, 2005).
sistemas contribui para níveis maiores de
Segundo Pereira (2010), a espectrografia desgaste, aceleram o processo de desgaste
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Portanto, ao projetar uma estação de bom- ponível refere-se à “carga energética líqui-
beamento, deve-se considerar essa perda da e disponível na instalação” para permitir
de energia. a sucção do fluido, ou seja, diz respeito às
grandezas físicas associadas à instalação e
Cavitação, por sua vez, é um fenômeno
ao fluido.
semelhante à ebulição, que pode ocorrer na
água durante um processo de bombeamen- O ideal seria a bomba afogada, pois está
to, provocando estragos, principalmente no sempre cheia com produto a bombear, evi-
rotor e palhetas, e é identificado por ruídos tando aeração ou cavitação. Para as bombas
e vibrações. Para evitar tal fenômeno, de- não afogadas é recomendável afogá-la, por
vem-se analisar o NPSH requerido e o NPSH meio de sistemas de enchimento e retenção
disponível. do produto no interior da bomba e da tubula-
ção, evitando assim problemas de funciona-
O NPSH (Net Positive Succion Head) dis-
mento, conforme ilustrado abaixo:
São defeitos que podem surgir com Para efeito da NR-13, serão considerados,
as bombas de engrenagem: como “caldeiras” todos os equipamentos que
simultaneamente geram e acumulam vapor
eixo travado quando o mancal é com bu- de água ou outro fluido.
chas;
As caldeiras ditas flamotubulares são
rolamentos danificados; aquelas em que os gases provenientes da
bomba travada em função de produto combustão “fumos” (gases quentes e/ou
solidificado (existem bombas com camisa de gases de exaustão) atravessam a caldeira
vapor para diminuir este problema); no interior de tubos que se encontram cir-
cundados por água, cedendo calor a esta.
acoplamento danificado; Enquanto as caldeiras aquatubulares são
falta de pressão (as juntas devem ter a as mais comuns tratando-se de plantas ter-
menor espessura possível, diminuindo assim melétricas ou geração de energia elétrica em
este problema); geral, exceto em unidades de pequeno porte
(SANT0S, 2010).
muito ruído em função de engrenagens
danificadas; Dentre as falhas que podem ocorrer
com essas caldeiras, citam-se:
vazamento nas gaxetas;
superaquecimento – é ocasionado
chaveta desgastada. por incrustações ou camadas de vapor de-
positadas sobre as superfícies dos tubos das
7.4 Caldeiras a vapor caldeiras que podem reduzir a taxa de trans-
Segundo a NR 13, caldeiras a vapor são ferência de calor;
equipamentos destinados a produzir e acu-
fadiga térmica – esse tipo de corrosão
mular vapor sob pressão superior à atmos-
é resultante de esforços de tração cíclicos,
férica, utilizando qualquer fonte de energia,
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que são acelerados quando operados em um são mais severa, a exem¬plo de quando não
ambiente corrosivo; exista atuação simultânea das pressões in-
terna e externa.
ocultamento – Hide-Out – é o decrés-
cimo de concentrações de sais minerais so- Vasos de pressão podem ser construídos
lúveis na água da caldeira, tais como fosfato, de mate¬riais e formatos geométricos va-
sulfato, cloreto e hidróxido de sódio. Aconte- riados em função do tipo de utilização a que
ce em zonas de elevada taxa de transferên- se destinam. Dessa forma, existem vasos de
cia de calor. As consequências são a falta de pressão esféricos, cilíndricos, cônicos, etc.,
refrigeração das paredes dos tubos onde ele construídos em aço carbono, alumínio, aço
se estabelece. inoxidável, fibra de vidro e outros materiais
(NR 13).
7.5 Vasos de pressão Testes hidrostáticos (TH’s) ou testes de
Vasos de pressão são equipamentos que pressão são aplicados em vasos de pressão e
armazenam fluidos pressurizados, objeti- outros equipamentos industriais pressuriza-
vando atender a finalidades diversas na in- dos como tanques ou tubulações, com o ob-
dústria de processamento contínuo, como a jetivo de aferir se haverá ocorrência de vaza-
indústria química, a petroquímica, de petró- mentos ou se haverá ruptura. São realizados
leo, ou ainda, na área nuclear, na indústria de com os equipamentos fora de serviço, atra-
alimentos, na geração de energia, etc. São vés de sua pressurização com água (teste
diversas as aplicações de vasos de pressão hidrostático), ar comprimido (teste pneumá-
que assumem formas e tamanhos bastante tico) ou outro fluido disponível, em pressões
variados em virtude da sua função precípua, superiores às pressões operacionais ou de
que é a de contenção de um fluido pressu- projeto, normalmente na ordem de 1,5 vezes
rizado, sem que apresente vazamento (PE- a PMTA (pressão máxima de trabalho admis-
REIRA FILHO, 2004). sível). Simula-se então uma condição opera-
Nas disposições gerais da Norma Re- cional mais rigorosa, objetivando a garantia
gulamentadora NR 13, encontramos de que em serviço normal (a pressões mais
que: baixas) não ocorrerão falhas ou vazamentos.
Vasos de pressão estão sempre submeti- No Brasil, a realização dos testes falados
dos simul¬taneamente à pressão interna e à acima deve seguir a Norma Regulamenta-
pressão externa. Mesmo vasos que operam dora – NR 13 – Manual Técnico de Caldeiras e
com vácuo estão submetidos a essas pres- Vasos de Pressão.
sões, pois não existe vácuo absoluto. O que A NR-13 exige a aplicação de TH’s perió-
usualmente denomina-se vácuo é qualquer dicos em todos os equipamentos classifica-
pressão inferior à atmosféri¬ca. O vaso é dos como vasos de pressão, sempre que o
dimensionado, considerando-se a pressão produto da pressão máxima operacional (em
di¬ferencial resultante que atua sobre as kPa) pelo seu volume (em m3) seja igual ou
paredes, que poderá ser maior interna ou superior a 8. Em função da classificação pelo
externamente. produto da pressão pelo volume, a frequên-
Há casos em que o vaso de pressão deve cia de TH’s é definida.
ser di¬mensionado pela condição de pres-
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Vantagens Desvantagens
UNIDADE 8 - Lubrificação
UNIDADE 9 - Pneumática
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