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PET no RECURSO ESPECIAL Nº 1.776.

017 - RJ (2018/0224488-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


REQUERENTE : PRECE - PREVIDENCIA COMPLEMENTAR
ADVOGADOS : MÔNICA GOES DE ANDRADE MENDES DE ALMEIDA -
RJ064037
GILZA MARIA MONTEIRO PASTURA - RJ061414
OSWALDO LUIZ FRANCO REGO - RJ108607
MARCUS COSENDEY PERLINGEIRO - RJ096965
REISE AGUIAR PAIVA LIMA - RJ202596
REQUERENTE : UBIRATAN DE GUSMAO CAMPELO LIMA
REQUERENTE : MAGDA DAS CHAGAS PEREIRA
REQUERENTE : IGUASSU DA COSTA PINTO
REQUERENTE : ANA CLAUDIA PENHA
REQUERENTE : PEDRO EVANDRO FERREIRA
ADVOGADOS : JOSE ROBERTO DE ALBUQUERQUE SAMPAIO E OUTRO(S)
- RJ069747
JOÃO GABRIEL MAFFEI BALTHAR - RJ172751
JÉSSICA LEONE SANTOS - RJ202154
REQUERIDO : OS MESMOS
INTERES. : HELIO ALVIM RIBEIRO
ADVOGADO : PRISCILA NOYA PINHEIRO - RJ155685
INTERES. : JOAO LOURENCO XAVIER
ADVOGADO : WELLINGTON SANTANA DE SOUZA - RJ117652

DECISÃO

Cuida-se de pedido efetuado pela Superintendência Nacional de


Previdência Complementar - Previc para ingresso no presente feito na qualidade de
amicus curiae, com o consequente recebimento da manifestação em anexo.

Efetivamente, é de se reconhecer que a Superintendência Nacional de


Previdência Complementar - Previc, responsável pela regulação e fiscalização do
Setor, desempenha atividades e detém atribuições legais que se relacionam com o
objeto da subjacente ação, na qual a Entidade Fechada de Previdência Complementar
autora tem por propósito obter a reparação pelos prejuízos por ela suportados em razão
de práticas alegadamente ilegais atribuídas aos ex-diretores demandados, o que, em
tese, produze reflexos negativos ao respetivo plano, aos beneficiários e participantes,
e, reflexamente, ao próprio Sistema.

Em cumprimento ao art. 202 da Constituição Federal, a Lei Complementar


n. 109, de 2001, em seu art. 3º, dispôs que a ação estatal, no setor, tem por propósito
atender a determinados objetivos, a seguir explicitados, cuja normatização,
coordenação, supervisão, fiscalização e controle das atividades das entidades de
previdência complementar serão realizados por órgão ou órgãos regulador e

Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA22282233 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 25/06/2019 18:02:56
Publicação no DJe/STJ nº 2698 de 27/06/2019. Código de Controle do Documento: FB05ADC3-92B0-4307-91D4-4B7135077A13
fiscalizador (no caso, a Previc), nos seguintes termos:

Art. 3º A ação do Estado será exercida com o objetivo de:


I – formular a política de de previdência complementar;
II – disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades reguladas por
esta Lei Complementar, compatibilizando-as com as políticas
previdenciárias e de desenvolvimento social e econômico-financeiro;
III – determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira e
atuarial, com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência e o
equilíbrio dos planos de benefícios, isoladamente, e de cada entidade de
previdência complementar, no conjunto de suas atividades;
IV – assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso às
informações relativas à gestão de seus respectivos planos de benefícios;
V – fiscalizar as entidades de previdência complementar, suas operações
e aplicar penalidades; e
VI – proteger os interesses dos participantes e assistidos dos planos de
benefícios.
[...]
Art. 5º A normatização, coordenação, supervisão, fiscalização e controle
das atividades das entidades de previdência complementar serão
realizados por órgão ou órgãos regulador e fiscalizador, conforme
dispostos em lei, observado o disposto no inciso VI do art. 84 da
Constituição Federal.
[...]
Art. 42. O órgão regulador e fiscalizador poderá, em relação às entidades
fechadas, nomear administrador especial, a expensas da entidade, com
poderes próprios de intervenção e de liquidação extrajudicial, com o
objetivo de sanear plano de benefícios específico, caso seja constatada
na sua administração e execução alguma das hipóteses previstas nos
arts. 44 e 48 desta Lei Complementar.
[...]
Art. 44. Para resguardar os direitos dos participantes e assistidos poderá
ser decretada a intervenção na entidade de previdência complementar,
desde que se verifique, isolada ou cumulativamente:
[...]
II – aplicação dos recursos das reservas técnicas, provisões e fundos de
forma inadequada ou em desacordo com as normas expedidas pelos
órgãos competentes;

E, a fim de dar concretude a tais comandos constitucionais, a Lei n.


12.154, de 23.12.2009, dispôs:

Art. 1º Fica criada a Superintendência Nacional de Previdência


Complementar – PREVIC, autarquia de natureza especial, dotada de
autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, vinculada ao
Ministério da Previdência Social, com sede e foro no Distrito Federal e
atuação em todo o território nacional.
Parágrafo único. A PREVIC atuará como entidade de fiscalização e de
supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência
complementar e de execução das políticas para o regime de previdência
complementar operado pelas entidades fechadas de previdência
complementar, observadas as disposições constitucionais e legais
aplicáveis.
Art. 2º Compete à PREVIC:
I – proceder à fiscalização das atividades das entidades fechadas de
previdência complementar e de suas operações:
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II – apurar a julgar infrações a aplicar as penalidades cabíveis;
[...]
VI – decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades
fechadas de previdência complementar, bem como nomear interventor ou
liquidante, nos termos da lei;

Como se constata, os regramentos constitucionais e legais acima


referidos corroboram, in totum, com a compreensão de que os fatos da causa guardam
absoluta pertinência com as atividades e com as competências da PREVIC e
evidenciam, em si, inequívoca relevância e repercussão social, a legitimar sua
intervenção, no presente feito, na qualidade de amicus curiae.

Nesse contexto, a pretensão de intervenção no feito encontra respaldo no


art. 138 do CPC/2015, in verbis:

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a


especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento
das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de
competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a
oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a
intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas.

Em arremate, defiro a intervenção da PREVIC como amicus curiae, a


quem concedo poderes para, além de opor embargos de declaração, juntar memorial e
fazer sustentação oral nas hipóteses em que admitida e no momento processual
adequado (§ 1º e § 2º do art. 138 do CPC/2015).

Publique-se e intimem-se.
Retifique-se a autuação.
Brasília (DF), 21 de junho de 2019.

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

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