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Direito previdenciário

Professor: Marcelo Tavares

Assistência Social

Resumo

Assistência social
Artigo 203 e 204, CF/88
Lei 8742/93 – Lei orgânica da assistência social – LOAS

Conceitos e diretrizes
Assistência social é um programa estatal de proteção a pessoas carentes em situação de maior exposição
social, tal como a gestação, maternidade, infância, adolescência, idade avançada e deficiência física.

Observe que o foco está em pessoas carentes, diferente da saúde pública, que estudamos na aula anterior,
que é universal, não se pode discriminar pessoas que tenham renda, por exemplo. A assistência social é
seletiva.

Em relação as diretrizes temos que, a assistência social é prestada através de um sistema único de
assistência social, é um sistema descentralizado, hierarquizado. É regido de acordo com o princípio da
gratuidade e o princípio da seletividade em favor das pessoas carentes.

Seção IV

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a


promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora


de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à

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própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a
lei.

O artigo 203, V, CF, nos traz o beneficio de prestação continuada.

O artigo 204, CF traz uma organização administrativa.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas


com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de
outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:

I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas


gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas
às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de
assistência social;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na


formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa


de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de


19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos
ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

Benefício de prestação continuada – BPC


Artigo 203, V, CF

Constitui no pagamento de 1 salário mínimo mensal, não cabe a 13ª parcela, como ocorre com
aposentadoria e pensão. Esse beneficio deve ser pago ao idoso ou deficiente físico e necessitado.

A verificação de quem é idoso para esse fim está no artigo 34 do estatuto do idoso (mais de 65 antes). A
definição de deficiente físico é daquele com dificuldade para o trabalho ou de inserção social de forma
permanente.

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O benefício do salário mínimo está previsto no art. 203, V, CF, regulamentado pelo artigo 20 da LOAS. A
definição de necessitado consta da redação do artigo 20, § 3º da LOAS, consiste naquele, cuja renda
familiar per capta seja inferior a ¼ do salário mínimo.

Em 1995, houve uma ADI 1232/DF, em que se discutiu o critério de constitucionalidade dessa previsão de
renda familiar per capta inferior a ¼ do salário mínimo.

Para o STF, essa definição era constitucional. Dentro dessa unanimidade o supremo se dividiu em duas
correntes: a) a previsão do critério era absoluta, deveria ser auferida de forma temática, pega a renda e
divide pelo número de pessoas, se deu igual ou superior a ¼ do salario mínimo, aquela pessoa não tem
direito ao BPC; b) a parte vencida (5 ministros) entendeu que a o critério é relativo e não absoluto, ele
servia para iniciar a avaliação, mas que a vista de determinadas condições peculiares do caso concreto, a
administração deveria garantir o pagamento do benefício, se a renda ultrapassasse um pouco do salario
mínimo, mas as condições indicassem a necessidade do pagamento.

A decisão na ADI gera efeito vinculante, e a maioria decidiu que o critério era absoluto. Apesar disso, o
judiciário continuou entendendo ser um critério relativo. Isso ensejou por parte do INSS apresentação de
reclamações ao supremo, pelo desrespeito a decisão da ADI. Em regra, os ministros não acolhiam essas
reclamações, sob o argumento de que não cabe a reclamação fazer analise de fato.

Diante disso, o supremo decidiu revisitar essa matéria, e apesar de ter entendido ser constitucional o
critério, numa declaração de inconstitucionalidade superveniente sem pronúncia de nulidade, passou a
entender que o critério é inconstitucional – RE 567985. O §3º do artigo 20 da LOAS, é considerado
inconstitucional, mas ele é valido, no sentido de que ele pode ser utilizado exatamente como o judiciário
estava fazendo, como um inicio de avaliação, dependendo de outras condições peculiares daquele caso.

Art. 34 do estatuto do idoso diz que a concessão do BPC não deve ser considerada na renda familiar per
capta quando o idoso fizer o pedido do benefício. O STF decidiu que o pagamento de BPC para idoso ou
deficiente ou de benefício previdenciário no valor de 1 salário mínimo não deve ser considerado na
apuração da renda familiar para outro BPC. O supremo alargou a interpretação e concedeu maior justiça.
RE 580963.

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