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Um guia

para o COF
Ronald Robson
2023
Sumário
Nota explicativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

O Guia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Elementos fundamentais da vida intelectual e postura filosófica


de Olavo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Circunstâncias político-culturais brasileiras e mundiais . . 12

Instrumentos da filosofia. . . . . . . . . . . . . . . . 13

Bases da lógica clássica . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Elementos mais particulares da filosofia de Olavo . . . . . 16

Crítica à filosofia contemporânea. . . . . . . . . . . . 17

Leitura do Fédon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Leitura das Meditações de Filosofia Primeira . . . . . . . 19

Reflexões sobre Louis Lavelle. . . . . . . . . . . . . . 19

A marcha dos abismos . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Leituras obrigatórias para todo estudante de filosofia. . . . 21

Apêndice: Anotação de Olavo para a aula 32 do COF . . . . 24


Nota
explicativa
Alguém poderia me perguntar – na verdade, alguém de fato per-
guntou – se existe mesmo necessidade de um guia para o Curso
On-Line de Filosofia (COF) de Olavo de Carvalho. Não seriam su-
ficientes, por exemplo, as recomendações que o próprio Olavo faz
ao longo das aulas?

Deveriam ser suficientes, sim. Mas a quantidade de manifesta-


ções que me chegam de pessoas que se dizem perdidas em meio
a tantas aulas, e que assim pedem uma orientação mínima acerca
de como estudá-las, testemunha que algum auxílio não fará mal
aos alunos mais experientes e, quem sabe, fará algum bem aos
menos experientes.

Perceba que digo algum auxílio, pois vai longe de mim a pretensão
de que estes poucos apontamentos forneçam um mapeamento ca-
bal e definitivo do COF. Mas é minha convicção que as linhas te-
máticas elencadas adiante, se distinguidas com clareza e remetidas
aos temas mais fundamentais da obra de Olavo – que discutirei ao
longo do curso “Introdução à filosofia de Olavo de Carvalho”, ao
qual você tem acesso –, são suficientes para manter ocupado os es-
tudiosos de Olavo por alguns anos.

Um guia para o COF | Ronald Robson | Nota explicativa 3


Claro, você pode fazer o que fiz: assistir à aula 1, depois à aula 2,
e assim prosseguir. Mas não é realista, convenhamos, esperar que
todos assistam a centenas de aulas para se pôr a par da filosofia de
um autor. Há porções da filosofia de Olavo que, se vistas a partir
do que circula em livros dele, serão no máximo entrevistas. Para
visualizá-las com clareza, será preciso ouvir o que Olavo nos diz
delas ao longo do COF. Este guia visa facilitar, entre outras coisas,
a passagem do Olavo dos livros para o Olavo do COF, de maneira
que se possa obter com maior facilidade um retrato mais completo
do seu pensamento.

Também um ideal de economia me orientou na redação deste docu-


mento. Sem nenhum demérito aos esforços pedagógicos de Olavo,
é fato que até a altura aproximada da Aula 250 ele já havia expos-
to todos os fundamentos de sua filosofia e lhes dado aplicações as
mais diversas. Já havia mostrado ao vivo, semana a semana, como
um filósofo lê filosofia; como um filósofo reflete sobre os fatos mais
imediatos da ordem política; e como um filósofo revisa a sua pró-
pria obra, corrigindo-a ou a desenvolvendo.

Muitas das aulas posteriores se dispersaram num sem-número de


temas do cotidiano político e cultural e em variações em torno dos
temas principais da filosofia de nosso autor. O que se compreende
inteiramente, ao se tratar de um curso ministrado ao vivo, literal-
mente de viva voz, na maior parte das vezes sem nada daquilo que
chamamos “preparação de aula”.

Muito naturalmente, o breve guiamento que ofereço irá incidir


principalmente sobre aquela primeira metade das aulas do COF.
Haverá remissão a muitas aulas posteriores – especialmente às de-

Um guia para o COF | Ronald Robson | Nota explicativa 4


dicadas à pesquisa das origens da “revolução diversitária” –, mas é
certo: compreendendo bem os grupos temáticos de aulas que aqui
delineio, o aluno não terá dificuldade alguma em acompanhar o
restante do COF.

Recomendo, por fim, a leitura de meu breve ensaio “Elemen-


tos da filosofia de Olavo de Carvalho”. Ter uma visão sintética da
obra de Olavo, como a que esboço lá, pode ser de grande utilida-
de a quem pretende movimentar-se entre os grupos de aulas que
organizo adiante.

Bons estudos.

Ronald Robson
jul. 2023

Um guia para o COF | Ronald Robson | Nota explicativa 5


Recomendações

1 Assista às 32 primeiras aulas de forma contínua, sem saltos.


Só depois se sinta à vontade, se for o caso, para dirigir-se a
alguma zona do pensamento de Olavo que lhe interesse no
momento, para tanto saltando até outro grupo de aulas, con-
forme o ordenamento que irei oferecer. Essas primeiras au-
las são fundamentais para que o aluno se familiarize com o
estilo intelectual de Olavo e adquira uma noção clara do que
encontrará pela frente.

2 O COF não é um podcast. Jamais, mas jamais mesmo – ou,


vá lá, apenas em último caso, em caso de absoluta impossi-
bilidade de arranjar circunstância mais propícia, embora me
custe muito acreditar nisso –, jamais ouça as aulas enquanto
dirige, ou enquanto pega ônibus, ou enquanto cozinha. É ver-
dade que algumas aulas de conteúdo mais leve não serão de-
masiado prejudicadas por uma atenção dividida; mas, sobre-
tudo no começo, talvez nenhuma aula lhe pareça muito leve.
Portanto, separe um tempo para somente assistir às aulas, e
o faça sem pressa, sem cair na tentação de maratonar aulas.

3 Tome notas acerca dos principais tópicos que lhe interessa-


rem numa determinada aula. Se possível, anote o minuto exa-

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to da aula em que Olavo passa a tratar do tema. Já me ocor-
reu de uma década após certa aula do COF ter de procurar
um comentário que Olavo fizera durante ele, do qual eu só
tinha uma recordação vaga. É grande a felicidade de encon-
trar num caderno não só a indicação da aula exata, como do
momento preciso em que Olavo faz o comentário buscado.

4
Se você não entendeu uma aula ou algum comentário espe-
cífico de Olavo, não insista em vão. Deixe que se passem al-
guns dias e só depois retorne àquela aula. Se mesmo assim
não lhe ficar claro, afinal, o sentido daquela lição, não se de-
sespere. Siga adiante, assista a outras aulas. Caso se trate de
um tópico importante do pensamento dele, Olavo irá reto-
má-lo incontáveis vezes, o que tornará mais fácil a sua com-
preensão com o passar do tempo.

5
Não separe o seu caderno de anotações do COF (sim, use
caderno, de modo que possa com facilidade manusear tudo
num bloco só) de seu caderno geral de anotações de estudo,
ou de reflexões de qualquer natureza (por exemplo, com base
em alguma leitura sugerida por Olavo). Várias passagens do
meu livro Conhecimento por presença tiveram origem em re-
ações minhas às aulas de Olavo, que eu anotava ao cabo delas
e quase como desenvolvimentos diretos delas. O COF não é
um cursinho a mais que você irá fazer. Ele rapidamente se
torna o eixo de todas as suas atividades intelectuais. Portan-
to, não as separe dele.

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6 O necrológio é apenas o primeiro de algumas dezenas de
exercícios que Olavo irá propor ao longo do COF. Não caia
no erro em que eu mesmo caí algumas vezes: o erro de ficar
satisfeito com apenas “entender” de que se trata o exercício,
apreender a sua “lição”, mas não colocá-lo de fato em prática.
Quando Olavo lhe disser para deitar-se no chão e sentir tudo
o que se passa ao seu redor, faça-o; quando lhe disser para fe-
char os olhos e construir mentalmente um quadrado, faça-o.
No pensamento de Olavo é grande a ênfase na experiência.
Portanto, experimente.

7
Leia o máximo de livros recomendados por Olavo, mas
aprenda a ler os autores citados, comentados ou recomen-
dados naqueles livros, independentemente de Olavo os ter
mencionado. Um livro leva naturalmente a outro; você pre-
cisa se habituar a esse trânsito e sentir-se à vontade para fa-
zê-lo com segurança. Décadas atrás Olavo disse a uma alu-
na que é preciso “introjetar o professor”, a fim de que você
consiga emular as reações dele quando o próprio não estiver
mais presente. Olavo não está ao seu lado apontando o que
você deve ler ou não, ou como deve ler; mas, após introjetar
vagarosamente a figura dele, você o sentirá como parte sua,
como uma capacidade intelectiva sua, que precisa ser expan-
dida. Olavo viveu a vida dele, você vive a sua. Honre o seu
mestre: leve a obra dele a partes que ele jamais imaginaria,

Um guia para o COF | Ronald Robson | Recomendações 8


dê aplicações às lições dele que jamais passariam pela cabeça
dele. O mesmo, portanto, no que diz respeito às leituras.

8 Muita gente não se aproveitou do COF por ter assumido


uma posição de mero espectador. Olavo lia Platão, e a pessoa
apenas ouvia Olavo lendo e comentando Platão. Olavo lia
Lavelle, e... idem. O mesmo para Maréchal, para Russel etc.
Não: se Olavo dedicar um grande número de aulas à leitura,
por exemplo, das Meditações de Descartes, sinta-se obrigado
a você mesmo também fazer essa leitura por conta própria,
enquanto acompanha as aulas. De que modo você imagina
que irá compreender as lições de Olavo sobre como ler filoso-
fia se você mesmo não se arrisca à leitura de filósofos?

9 Se você cansar das aulas do COF a determinada altura, está


tudo bem. Não só pelo que já comentei no item 3. Eu mes-
mo, acredite ou não, passei dois anos sem assistir a uma aula
sequer de Olavo, pois naquele período meus interesses esta-
vam em outra parte do orbe intelectual. E, tão logo voltei a
assisti-las, foi com a alegria de quem o fizesse pela primeira
vez. Portanto, caso seja necessário, descanse uma semana,
descanse um mês. As pausas às vezes são frutíferas.

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O guia

Elementos fundamentais da vida


intelectual e postura filosófica
de Olavo
AULAS: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14

Será grande a insistência de Olavo nessas aulas para que passemos,


em diversas frentes da vida, do que é mero “conceito”, imagem con-
fusa sem efetivo correspondente real, para o “fato”, para a firme afir-
mação do que nos é dado, do que nos chega, e não do que projeta-
mos, voluntariosos, na realidade.

Disse e repito: nas diversas frentes da vida, seja no modo de conhe-


cer – e assim iremos despir as palavras de seus sentidos rotineiros,
para ver o que de fato dizem –, seja na formação da personalidade
– e assim iremos nos guiar de acordo com padrões móveis de ideal
humano, segundo a imagem que construímos para nós mesmos a
partir do exercício do necrológio, por exemplo.

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Olavo defenderá que um fortalecimento do senso de identidade e
unidade biográfica é necessário e prévio a qualquer atividade inte-
lectual mais alta. É essa unidade que resistirá às dispersões da vida,
permanecendo una e única em meio à multiplicidade. As ferramen-
tas linguísticas que adquirimos por meio da literatura, bem como
a ampliação das possibilidades morais que vêm com a ampliação
das possibilidades ficcionais, colaboram naquele fortalecimento do
senso autobiográfico.

O testemunho solitário, de quem se vê sozinho numa intuição do


real, deve ser visto como a fonte única de autoridade. A atividade
filosófica requer um retorno contínuo às experiências originárias e
à verdade do testemunho individual, o qual jamais deve ceder fren-
te a pressões coletivistas. Essa postura é essencial à vida do espírito,
integra sua ética.

A par do fortalecimento do senso autobiográfico e do valor do tes-


temunho solitário, há uma ênfase na tolerância ao desconhecido.
É aceitando que há zonas desconhecidas da realidade que o indi-
víduo se abre ao conhecimento; e é em espírito de tolerância ao
real que se desenvolve a técnica filosófica, que vem a somar-se à
educação linguística, à educação do imaginário, à absorção da cir-
cunstância concreta que se vive no Brasil e à aquisição das técnicas
da pesquisa erudita. Chega-se assim ao cume de um esforço para
impedir que a educação meramente disciplinar prevaleça sobre a
educação autêntica.

Lição da maior importância: aceitar a realidade da realidade é ques-


tão de honestidade intelectual que nos permite alcançar o análogo

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metafísico daquilo que é a confissão na ordem da moral (cf. a res-
peito especialmente as Aulas 13 e 14).

Circunstâncias político-culturais
brasileiras e mundiais
AULAS: 16 | 17 | 22 | 30 | 69 | 72 | 78 | 94 | 101 | 104
105 | 106 | 111

São muitas, são até mesmo exageradamente numerosas as aulas em


que Olavo se dedica a comentar as circunstâncias político-culturais
nacionais e globais. Muitas dessas suas intervenções atendem a pro-
blemas de ocasião; outras, para além da acuidade da análise pon-
tual, deixam mais explícitos os fundamentos da filosofia política de
nosso autor. É a esse último tipo de aula que dou maior importância
neste guia, limitando-me a apontar umas poucas.

Chamo especialmente atenção para a Aula 69, sobre movimento


revolucionário, e para a aula 72, com considerações muito precisas
sobre a sociedade brasileira.

As aulas 78 e 111 apresentam uma sistematização dos temas de filo-


sofia política caros a Olavo e, nesse sentido, representam coisa rara
em sua atuação de cientista político, já que só vez ou outra se dedi-
cou a expor os fundamentos teóricos de suas análises, preferindo,
isto sim, deixá-los à vista ou mais ou menos subtendidos no curso
de suas críticas.

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Remeto o leitor à seção mais adiante, sobre “Elementos mais parti-
culares da filosofia de Olavo”, para que lá encontre indicações quan-
to a temas mais específicos da crítica de Olavo à modernidade que
se integram também à sua leitura da política e cultura contemporâ-
neas. É o caso, por exemplo, da paralaxe cognitiva.

É preciso dar especial importância às reflexões de Olavo por oca-


sião de seu debate com Alexander Dugin. Em nenhuma outra parte
de sua obra, escrita ou falada, Olavo se obrigou a ser mais sistemá-
tico na aplicação da tipologia espiritual do poder, da teoria do sujeito
do poder e da teoria dos três blocos globalistas. Leia o debate e assista
com muita atenção as aulas 104 a 106.

Instrumentos da filosofia
AULAS: 20 | 21 | 33 | 43 | 56 | 57 | 59 | 76 | 80 | 84 | 97

A filosofia é, para Olavo, uma técnica, não uma ciência.

Uma ciência requer que todos os seus procedimentos técnicos se-


jam reduzidos a um princípio comum. Em filosofia, ao contrário, os
princípios da leitura de textos filosóficos não podem ser reduzidos
a um eixo comum que também será suficiente para fundamentar,
por exemplo, os movimentos do pensamento dialético. A técnica fi-
losófica, portanto, utiliza elementos os mais díspares tendo por fim
“a busca da unidade do conhecimento na unidade da consciência e
vice-versa”, definição que Olavo dá à filosofia.

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Contudo, por mais que o indivíduo se compenetre do sentido dessa
definição, ele pouco avançará na pesquisa filosófica caso desprovi-
do dos instrumentos da filosofia, das técnicas necessárias à ativida-
de filosófica.

É preciso aprender a ler filosofia e como lidar com conceitos, con-


trapostos à realidade vivida que simbolizam. Disso tratam, por
exemplo, as Aulas 20 e 21.

Qual a relação entre atividade filosófica e estudo da história da filo-


sofia? Como devemos fazer do conhecimento do passado um meio
de novas experiências hoje? Vale consultar a Aula 33 a respeito.

Uma exposição mais direta do que é a técnica filosófica se encontra


nas aulas 43 e 95.

A Aula 81 é um apanhado extremamente feliz de vários elementos


que Olavo deixara dispersos em outras aulas. É o mais claro e direto
resumo da ética intelectual de Olavo.

Na Aula 110 há muitas observações novas sobre a escolarização dos


“problemas filosóficos” e como deve o indivíduo posicionar-se em
relação a eles, se quiser fazer filosofia de fato.

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Bases da lógica clássica
AULAS: 48 | 53 | 56 | 60 | 62 | 63

Olavo sempre preveniu seus alunos acerca dos vícios geralmente


originados do estudo especializado e inadvertido da lógica, em es-
pecial a lógica matemática desenvolvida a partir do séc. XIX e cul-
tivada segundo um espírito neopositivista, mais tarde, pela escola
analítica. Contudo, não descuidou ele próprio de introduzir os alu-
nos do COF no estudo da lógica clássica.

As lições de Olavo a respeito são, em sentido amplo, lições de lógica


aristotélica, de teoria da predicação. Uma diferença clara entre a sua
abordagem e a encontrada em outros autores é sua fuga do forma-
lismo, o que o afasta de manuais mais tradicionais, e uma constante
remissão dos aspectos lógicos dos fenômenos a seus fundamentos
ontológicos.

São aulas são, portanto, não só de teoria da linguagem e da validade


dos juízos, mas também aulas de teoria do ser, ainda que, a princí-
pio, não pareçam ser.

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Elementos mais particulares da
filosofia de Olavo
AULAS: 2 | 9 | 10 | 13 | 15 | 23 | 24 | 27 | 32 | 37 | 38
40 | 44 | 57 | 58 | 61 | 64 | 69 | 74 | 78 | 79 | 82 | 83
91 | 92 | 107 | 115 | 217 | 218 | 219 | 220 | 253 | 289 | 456

Por “elementos mais particulares da filosofia de Olavo” entendo


aquelas zonas mais explicitamente criativas do seu pensamento: a
cunhagem de novos problemas, novos métodos e até mesmo novos
termos. São esses os conceitos que tenderão cada vez mais a ser
identificados com a “filosofia de Olavo de Carvalho”. Caso você te-
nha a curiosidade ou necessidade de ir diretamente até eles, indico
as seguintes aulas:

Atos sem testemunha: aula 2

Confissão e método da confissão: aulas 9 e 13

Conhecimento por presença: aula 10

Eu substantivo (alma humana imortal): aulas 57, 61, 64, 79

Metafísica: aulas 107 e 289

Milagre: aula 38

Paralaxe cognitiva: aula 40

Princípio de autoria: aula 32

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Teoria das 12 camadas da personalidade: aulas 83 e 253

Teoria dos quatro discursos: aulas 167 e 399

São especialmente importantes as aulas em que Olavo se empenha


em ordenar e sistematizar o seu próprio pensamento. Por isso reco-
mendo vivo estudo das aulas 32, 82, 92 e 456.

Embora me sinta um pouco vexado de fazê-lo, tomo licença para


indicar as aulas em que Olavo lê e comenta meu ensaio “Elementos
da filosofia de Olavo de Carvalho” (Aulas 217 a 220). Que eu saiba,
foi a única vez que ele se debruçou sobre alguma reflexão ampla que
outra pessoa fizera acerca de sua filosofia. Aprende-se muito com
seus comentários, correções e desenvolvimentos

Crítica à filosofia contemporânea


AULAS: 58 | 65 | 66 | 67 | 68 | 70 | 90 | 100 | 102

Com O jardim das aflições (1995) Olavo lançou bases firmes para
uma visão crítica da cosmovisão científica moderna. Seus estudos
de Husserl e de Eric Voegelin refinariam sua perspectiva, da qual os
produtos mais maduros de encontram no COF.

Atentem bem às aulas 90, 100 e 102.

E se aproveitem da primeira aula do curso “Filosofia da Ciência”,


que Olavo transmitiu ao vivo também aos alunos do COF (aula 58).
Olavo vai da antiguidade à modernidade nessa aula, oferecendo

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uma visão clara e ampla de sua crítica ao mundo moderno e das
bases metafísicas do seu pensamento.

Leitura do Fédon
AULAS: 112 | 113 | 117

1) “Como ler livros de filosofia”, 2) “qual a relação entre o registro


escrito de uma filosofia e a vida do filósofo”

Olavo retornará incontáveis vezes a esses dois temas. Será especial-


mente útil acompanhá-lo em sua leitura do Fédon, diálogo em que
vemos Sócrates diante da morte. Com isso, o aluno não só começa-
rá a cumprir parte da carga de leituras obrigatórias que Olavo lhe
impôs (veja mais adiante), como também verá ao vivo Olavo extrair
de Platão muitos dos elementos que ele considera indispensáveis a
toda atividade filosófica. Vários desses elementos, aliás, se tornaram
muito característicos da própria filosofia de Olavo.

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Leitura das Meditações de
Filosofia Primeira
AULAS: 118 A 137

René Descartes é um autor-chave na trajetória de Olavo.

Descartes não pode ser considerado uma de suas maiores influên-


cias de Olavo, nem tampouco se pode situar Olavo na tradição ide-
alista em cuja origem está Descartes. Mas foi contra o grande filóso-
fo francês que Olavo se levantou muitas vezes, ao longo de décadas,
a culminar no livro Visões de Descartes (2013).

Toda a crítica de Olavo à filosofia moderna passa por Descartes;


toda a reconstrução que Olavo empreende de uma imagem mais
completa do eu se articula como uma resposta ao “eu” cartesiano.
Daí a importância dessas aulas.

Reflexões sobre Louis Lavelle


AULAS: 186 A 198 | 200 | 201 | 202 | 205

Olavo afirma na aula 10 que os filósofos de que menos discorda são


Aristóteles e Louis Lavelle. E discorda menos deste último que da-
quele, o que é uma afirmação muito forte. Acompanhar as reflexões
de Olavo sobre um filósofo tão central para a sua formação é coisa

Um guia para o COF | Ronald Robson | O guia 19


que irá esclarecer vários dos fundamentos da filosofia de Olavo e
vários dos procedimentos que ele empregava ao ler outros filósofos.

A marcha dos abismos


AULAS: 365 | 366 | 367 | 395 | 396 | 414 A 422

Olavo chegou a concluir o primeiro volume desse livro importan-


tíssimo, mas não concluiu os demais volumes, dos quais, contudo,
deixou muitos excertos. Se você quiser saber quais eram as preocu-
pações finais de Olavo, a que ele estava aplicando as suas décadas de
atividade filosófica ao fim da vida, é fundamental ir até essas aulas.

Suas teses sobre a “revolução diversitária” são muito originais. Ola-


vo revisa toda a história da tradição revolucionária e encontra as
raízes dos mais variados problemas da modernidade avançada – do
genocídio por regimes totalitários até a ideologia de gênero – em
autores e acontecimentos nos quais dificilmente outra pessoa no-
taria alguma relação. Nosso filósofo está, aí, no pico de sua capa-
cidade dialética de lidar com elementos díspares e reduzi-los a um
princípio comum.

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9 leituras obrigatórias para todo
estudante de filosofia
AULA 97

O estudante que tiver chegado à aula 97, e que o tiver feito com
atenção aos ensinamentos de Olavo e com diligência nas leituras e
exercícios que ele recomenda, estará apto agora a buscar a cultura
filosófica indispensável à prática da filosofia em sentido estrito. Pri-
meiro Olavo familiarizou o aluno com o espírito da filosofia, com a
prática filosófica; agora, com o aluno no limiar da maioridade inte-
lectual, Olavo irá cobrar dele as leituras abaixo.

Ouça com atenção os comentários a cada um desses títulos.

Abaixo de alguns itens da lista abaixo, insiro comentários que ano-


tei à época, com base no que diz Olavo ao correr da aula.

1. Os diálogos de Platão
Os mais importantes são A República e As Leis; deve-se começar
por aquele primeiro. O texto platônico é como uma peça de teatro
e deve ser lido como tal: com imaginação do que vive cada um dos
personagens, sem, num primeiro momento, perguntar-se pelo acer-
to ou erro do que é dito. Deve-se atentar especialmente às hipóteses
propostas, que se sucedem em série, e à sua confrontação dialética.

Um guia para o COF | Ronald Robson | O guia 21


2. Metafísica, de Aristóteles
Aqui, a técnica de leitura já será outra. Como se trata de obra cons-
tituída a partir de notas de aulas, deve-se imaginar o professor Aris-
tóteles lhes dando vida numa exposição oral. É preciso buscar o
fundo existencial de cada argumento afirmado ou negado ao longo
da obra – como vive quem pensa assim, que tipo de experiência tem
quem defende determinada ideia etc. O texto deve ser dramatizado
na mente, deve ser tornado um teatro de ideias.

3. Confissões, de Santo Agostinho


É uma leitura mais fácil por já vir em forma de relato pessoal. O de-
senvolvimento do espírito filosófico é exposto como encadeamento
de experiências e acontecimentos exteriores como interiores, mas
principalmente interiores.

4. Suma contra os gentios, de Santo Tomás de Aquino


Cada questão desta obra é por si um drama intelectual inteiro:
lança-se uma hipótese, com todos os argumentos a seu favor; em
seguida a hipótese contrária, com os seus respectivos argumentos
favoráveis; e a síntese final, que o autor oferece após realizar o con-
fronto dialético entre aquelas hipóteses. Olavo escolhe esta obra, e
não a Suma Teológica, por ser mais puramente filosófica, por não se
basear na autoridade da Bíblia nem na tradição da Igreja, que era
estranha aos gentios, isto é, judeus e muçulmanos.

Um guia para o COF | Ronald Robson | O guia 22


5. De Primo Principio, de Duns Scot
É leitura extremamente difícil. A cada linha se nota a tensão en-
tre o filósofo enquanto alguém que trata as questões com a mera
força da razão e enquanto alguém que só recebe e expressa uma
verdade divina.

6. Discurso de Metafísica, de Leibniz

7. Filosofia da Revelação, de Schelling


Uma grande advertência de Schelling: “Não desprezem o princípio
de identidade, porque o princípio de identidade é Deus”.

8. Investigações Lógicas, de Edmund Husserl


SOMENTE A INTRODUÇÃO

9. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcen-


dental, de Edmund Husserl

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Apêndice

Anotação de Olavo para a aula 32 do


Curso On-line de Filosofia

Um guia para o COF | Ronald Robson | Apêndice 24


Ideia e Teoria
Concreto e universal
Conhecimento público e experiência individual
1 – Ciência e Filosofia – Piaget1
2 – Poesia e Filosofia
3 – Teoria dos 4 discursos
4 – Gêneros literários
5 – Astrocaracterologia
6 – Teoria da verdade como domínio
7 – Teoria do Direito como Garantia
8 – Teoria do Poder
9 – Teoria do Império
10 – Teoria da Origem da Autoridade
11 – Teoria da Moral → Princípio de Autoria
12 – Teoria da linguagem alquímica
13 – Trauma de emergência da Razão
14 – Conceito de Psique
15 – Teoria do sujeito da história
16 – Mente revolucionária
17 – Paralaxe cognitiva
18 – Contemplação amorosa
19 – Conhecimento por presença
20 – Camadas da personalidade

1
Piaget aparece aqui não como uma fonte do pensamento de Olavo, mas como um seu objeto de crítica; em especí-
fico, a concepção de Piaget da filosofia como provedora tão somente de “orientação” no mundo do conhecimento, ao
passo que “conhecimento” propriamente dito só seria produzido pela ciência.

Um guia para o COF | Ronald Robson | Apêndice 25


A aula 32 do COF (14 de novembro de 2009) é, em parte, uma revisão
do curso até aquele momento e um conjunto de orientações de Ola-
vo acerca de como aproximar-se de sua filosofia. Para ordenar sua
exposição, ele tomou a nota cujo autógrafo reproduzimos na página
anterior. Embora não tenha se atido à ordem dos temas ao longo
da aula, vale a pena consultar a lista e tê-la sempre em mente como
aquilo que o filósofo considerava o principal do seu pensamento.

Um guia para o COF | Ronald Robson | Apêndice 26

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