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O que é cultura pop?

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O REI DO POP A coletânea King of Pop, de 2008, foi lançada em mais de vinte países. As faixas do álbum
foram escolhidas pelo público na internet. Acima, as edições brasileira, turca, polonesa e japonesa

A morte do cantor Michael Jackson no dia 25 de junho de 2009 comoveu o


mundo, que lamenta a perda de um artista que inovou na música, na dança,
nos videoclipes e se destacou pelo seu jeito excêntrico de ser. A mídia deu
bastante atenção ao assunto e clama o cantor como um dos maiores ícones da
cultura pop mundial. Mas o que é, afinal, essa cultura de que tanto se fala?
"Na verdade, ela tem origem na chamada Pop Art dos anos 60", diz Martin
Cézar Feijó, professor do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e
História da Cultura, da Universidade Mackenzie. Ele explica que esse
movimento surgiu diretamente das artes plásticas, mais especificamente
ligado ao pintor e cineasta americano Andy Warhol, autor de pinturas de
rostos de figuras famosas como as atrizes Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor.
"Trata-se de um tipo de arte que tenta reproduzir ícones dos meios de
comunicação, em uma época que coincide com o auge do cinema e da
televisão e com a explosão de certas bandas e artistas, como os Beatles".
Segundo o professor, a cultura pop foi emanada dos meios de comunicação
em uma tentativa de dialogar com a arte erudita, desde a pintura e a escultura
até a música, a dança e a literatura. "É uma representação artística que tem
grande difusão na mídia e que aspira atingir um público cada vez maior",
afirma o especialista. Apesar disso, ela não deve ser confundida com a cultura
de massa. "É um estágio posterior. A pop já faz parte do universo das mídias
individuais ou em rede. Essa individualidade, que tem um cunho massivo - e
não de massa -, se refaz por meio de diferentes combinações que cada
indivíduo ou consumidor é capaz de criar como novidade", explica Gelson
Santana Penha, professor do curso de Mestrado em Comunicação da
Universidade Anhembi-Morumbi.
Gelson esclarece que a cultura pop nasce em meio à explosão do consumo
individual "e apaga as diferenças entre imagem e realidade, reprodução e
original". É por essa razão, por exemplo, que o cantor Michael Jackson pode
ser considerado um ícone da cultura pop. "Ele não é um exemplo para
ninguém, isto é, ele tinha um tipo de existência que estava mesmo na 'Terra do
Nunca', no plano da imaginação, da fantasia. E o pop é exatamente isso: ele é
muito mais consumido do que vivido; é a arte dialogando com o consumo sem
pudor", afirma Martin Feijó. Dentro desse contexto, outra importante
característica da cultura pop é a de que ela alimenta produtos voltados para
um público essencialmente jovem, exercendo influência sobre ele,
principalmente na moda e no estilo. "Quando surgiu o grupo The Who, nos
anos 60, houve um movimento de estilo de roupas coloridas e calças justas,
que é um tipo de estética que influenciou muito os jovens daquela época",
lembra o professor.
Na música, além de Michael Jackson, outros artistas também podem ser
apontados como ícones do pop. "A grande referência foi Elvis Presley, o
branco que cantava como negro, e que no Brasil 'contaminou' Roberto Carlos
e Erasmo Carlos, ao mesmo tempo que contaminava John Lennon e Paul
McCartney em Liverpool, na Inglaterra", destaca Martin Feijó. "Elvis, Beatles
e James Brown são os artistas que antecedem Michael Jackson", completa. Os
dois professores citam a cantora Madonna como outro grande ícone da cultura
pop contemporânea. "Atualmente, toda manifestação cultural, como um
desfile de escola de samba visto pela TV ou o Dalai Lama, tende a ser pop. A
cultura pop desconhece a barreira cultural, por isso seu caráter planetário",
finaliza Gelson Santana.

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