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FACULDADE PROMINAS EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

ANATOMIA HUMANA

ADAMAR NUNES COELHO JÚNIOR

1
ANATOMIA HUMANA
ADAMAR NUNES COELHO JÚNIOR

1
FACULDADE PROMINAS EDITORIAL

Diretor Geral:Valdir Henrique Valério

Diretor Executivo:William José Ferreira

Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos

Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira

Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa

Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite


Carla Jordânia G. de Souza
Guilherme Prado

Design: Aline De Paiva Alves
Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Taisser Gustavo Soares Duarte
© 2021, Faculdade Prominas.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.

C672a Coelho Júnior, Adamar Nunes.


Anatomia Humana / Adamar Nunes Coelho Júnior. – 1. ed. Ipatinga, MG:
Editora Única, 2021.
153 p. il.

Inclui referências.

ISBN: 978-65-89764-23-6

1. Anatomia Humana. 2. Fisiologia Humana. 3. Corpo Humano. I. Coelho Júnior,


Adamar Nunes. II. Título.

CDD: 611
CDU: 611
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.

1
ANATOMIA HUMANA
1° edição

2
APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

É com muita honra que dirijo-me a você, felicitando-o pela escolha do seu curso. Es-
tou muito feliz, como não poderia deixar de ser, porque sou um apaixonado pela anatomia
humana e tudo que a cerca.
Sou professor universitário há 26 anos e, nesse tempo todo, a disciplina que mais
ministrei foi anatomia humana, seguida pela fisiologia humana. Logo, já estudei um pou-
quinho sobre o conteúdo que você está prestes a ler.
O livro que você está recebendo é fruto de um compilado de vários autores clássicos
e modernos somados aos conhecimentos que adquiri em todos esses anos sem, contudo,
ter a pretensão de esgotar o assunto, ao contrário, este livro apresenta de forma resumida,
porém direta e objetiva os principais assuntos que são estudados na maioria dos cursos da
área da saúde.
Estudar anatomia humana é um desafio tremendo, mas ao mesmo tempo, é muito
gratificante pois seus conteúdos são base para o entendimento das outras disciplinas na
sequência do seu curso. Por isto, não desanime diante das dificuldades encontradas no
estudo da anatomia, antes, porém, tome essas dificuldades como um desafio que prazero-
samente será vencido em uma leitura atenciosa e metódica.
Quero cumprimentar cada estudante e dizer que cada um que conheço me faz lem-
brar do meu começo. Sei que muitos estão assustados com tanto conteúdo, mas se tive-
rem disciplina e não permitirem que matérias se acumulem, certamente alcançarão êxito
em sua empreitada.
Faço votos que os momentos de estudo e leitura sejam intensos e extremamente
prazerosos. Bom estudo.

O autor.

3
LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:

FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas
quais você precisa ficar atento.

BUSQUE POR MAIS


São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.

VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.

FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.

GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.

4
SUMÁRIO UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA

1.1 Introdução .......................................................................................................................................................................................10


1.2 Terminologia anatômica ........................................................................................................................................................11
1.3 Divisão do corpo humano ....................................................................................................................................................13
1.4 Sistema tegumentar ...............................................................................................................................................................14
1.4.1 Introdução ..............................................................................................................................................................................14
1.4.2 Pele .............................................................................................................................................................................................14
1.4.2.1 Camadas da epiderme .........................................................................................................................................15
1.4.2.2 Cor da pele ...................................................................................................................................................................16
1.4.2.3 Derme .............................................................................................................................................................................16
1.4.2.4 Hipoderme ..................................................................................................................................................................17
1.4.2.5 Glândula da pele ......................................................................................................................................................17
1.4.3 Pelos ..........................................................................................................................................................................................18
1.4.4 Unha ..........................................................................................................................................................................................19
1.4.5 Funções do sistema tegumentar .........................................................................................................................20
1.4.5.1 Proteção ........................................................................................................................................................................20
1.4.5.2 Regulação da temperatura .............................................................................................................................21
1.4.5.3 Excreção ........................................................................................................................................................................21
1.4.5.4 Sensação .......................................................................................................................................................................21
1.4.5.5 Produção de vitamina D ...................................................................................................................................21
1.5 Aparelho locomotor .................................................................................................................................................................23
1.6 Sistema esquelético ................................................................................................................................................................24
1.6.1 Funções do esqueleto ....................................................................................................................................................24
1.6.2 Osso ...........................................................................................................................................................................................24
1.6.2.1 Composição do osso .............................................................................................................................................25
1.6.2.2 Tipos de ossos ...........................................................................................................................................................25
1.6.2.3 Relevo ósseos ............................................................................................................................................................26
1.6.2.3.1 Funções dos relevos ósseos .....................................................................................................................27
1.6.3 Localização dos ossos ...................................................................................................................................................28
1.6.3.1 Cabeça ............................................................................................................................................................................28
1.6.3.1.1 Ossos do crânio .................................................................................................................................................28
1.6.3.1.2 Ossos da face .....................................................................................................................................................29
1.6.3.1.3 Ossos da audição ..........................................................................................................................................30
1.6.3.1.4 Hióide .....................................................................................................................................................................30
1.6.2.2 Coluna vertebral .....................................................................................................................................................30
1.6.2.3 Caixa torácica ............................................................................................................................................................32
1.6.2.4 Membro Inferior ......................................................................................................................................................36
1.6.2.4.1 Cingulos ...............................................................................................................................................................37
1.7 Sistema muscular .....................................................................................................................................................................38
1.7.1 Músculo estriado esquelético ...................................................................................................................................39
1.7.1.1 Anatomia microscópica do músculo estriado esquelético .........................................................40
1.7.1.2 Contração o músculo estriado esquelético ............................................................................................41
1.7.2 Músculo estriado cardíaco..........................................................................................................................................42
1.7.3 Músculo Liso ........................................................................................................................................................................43
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................47

UNIDADE 2
SISTEMA CIRCULATÓRIO
2.1 Introdução ....................................................................................................................................................................................50
2.2 Coração ...........................................................................................................................................................................................50
2.2.1 Posição do coração ..........................................................................................................................................................51
2.2.2 Septos e valvas cardíacas ...........................................................................................................................................52
2.2.3 Vasos sanguíneos que chegam e que saem do coração .....................................................................53
2.2.4 Vascularização do coração .......................................................................................................................................54
2.2.5 Inervação do coração ....................................................................................................................................................55
2.2.6 Vasos sanquíneos ............................................................................................................................................................57
2.2.7 Artéria ......................................................................................................................................................................................58
2.2.8 Capilar .....................................................................................................................................................................................59
2.2.9 Veias .........................................................................................................................................................................................60
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................63

5
SUMÁRIO UNIDADE 3
SISTEMA RESPIRATÓRIO
3.1. Introdução ....................................................................................................................................................................................66
3.2 Estruturas do sistema respiratório ...............................................................................................................................66
3.2.1 Fossas nasais.......................................................................................................................................................................66
3.2.2 Faringe....................................................................................................................................................................................67
3.2.3 Laringe ..................................................................................................................................................................................67
3.2.3.1 Esqueleto da laringe............................................................................................................................................68
3.2.4 Traquei ..................................................................................................................................................................................69
3.2.5 Brônquios ............................................................................................................................................................................69
3.2.6 Bronquíolos ........................................................................................................................................................................70
3.2.7 Alvéolos .................................................................................................................................................................................70
3.2.8 Pulmões ................................................................................................................................................................................71
3.2.8.1 Membrana pulmonar (pleura) .....................................................................................................................72
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................75

UNIDADE 4
SISTEMA DIGESTÓRIO
4.1. Introdução ....................................................................................................................................................................................78
4.2. Estruturas do tubo digestivo ..........................................................................................................................................78
4.2.1 Boca ..........................................................................................................................................................................................78
4.2.1.1 Língua .............................................................................................................................................................................79
4.2.1.2 Dentes ...........................................................................................................................................................................79
4.2.1.3 Glândulas salivares ...............................................................................................................................................80
4.2.2 Esôfago ...................................................................................................................................................................................81
4.2.3 Estômago ..............................................................................................................................................................................81
4.2.4 Intestino delgado ...........................................................................................................................................................82
4.2.4.1 Duodeno ......................................................................................................................................................................83
4.2.4.2. Jejuno ..........................................................................................................................................................................83
4.2.4.3 Íleo ..................................................................................................................................................................................84
4.2.5 Intestino grosso ...............................................................................................................................................................84
4.3 Estruturas anexas do tubo digestivo .........................................................................................................................85
4.3.1 Fígado ......................................................................................................................................................................................85
4.3.2 Vesícula .................................................................................................................................................................................86
4.3.3 Pâncreas ...............................................................................................................................................................................87
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................92

UNIDADE 5
APARELHO GENITOURINÁRIO
5.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................95
5.2 Sistema urinário.........................................................................................................................................................................95
5.2.1 Rim ............................................................................................................................................................................................95
5.2.2 Ureter.......................................................................................................................................................................................97
5.2.3 Bexiga ....................................................................................................................................................................................98
5.2.4 Uretra .....................................................................................................................................................................................99
5.3 Sistema reprodutor masculino ....................................................................................................................................100
5.3.1 Testículo ..............................................................................................................................................................................100
5.3.2 Epidídimo ...........................................................................................................................................................................101
5.3.3 Ducto deferente .............................................................................................................................................................101
5.3.4 Vesícula seminal ...........................................................................................................................................................102
5.3.5 Próstata ...............................................................................................................................................................................102
5.3.6 Glândulas bulbouretrais ..........................................................................................................................................103
5.3.7 Pênis ......................................................................................................................................................................................103
5.4 Sistema reprodutor feminino .......................................................................................................................................104
5.4.1 Ovários .................................................................................................................................................................................104
5.4.2 Tubas uterinas.................................................................................................................................................................105
5.4.3 Úteros ..................................................................................................................................................................................106
5.4.4 Vagina .................................................................................................................................................................................107
5.4.5 Vulva .....................................................................................................................................................................................108

6
SUMÁRIO
5.4.6 Mama .................................................................................................................................................................................109
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................115

UNIDADE 6
SISTEMAS DE CONTROLE ORGÂNICO
6.1.Introdução .....................................................................................................................................................................................118
6.2 Hipófise ..........................................................................................................................................................................................118
6.3 Tireoide ...........................................................................................................................................................................................119
6.4 Paratireoide ...............................................................................................................................................................................120
6.5 Adrenal ..........................................................................................................................................................................................120
6.6 Pâncreas ........................................................................................................................................................................................121
6.7 Gônadas ........................................................................................................................................................................................122
6.8 Sistema nervoso ......................................................................................................................................................................122
6.8.1 Sistema nervoso central ..........................................................................................................................................122
6.8.1.1 Telencéfalo ..............................................................................................................................................................123
6.8.1.2 Núcleos da base ................................................................................................................................................125
6.8.1.3 Diencéfalo ..............................................................................................................................................................125
6.8.1.4 Sistema límbico .................................................................................................................................................127
6.8.1.5 Mesencéfalo ........................................................................................................................................................127
6.8.1.6 Metencéfalo ..........................................................................................................................................................127
6.8.1.7 Ponte .........................................................................................................................................................................128
6.8.1.8 Cerebelo .................................................................................................................................................................128
6.8.1.9 Miencéfalo .............................................................................................................................................................128
6.8.1.10 Formação reticular ........................................................................................................................................129
6.8.1.11 Medula espinhal ...............................................................................................................................................129
6.8.1.12 Estruturas que protegem o sistema nervoso central ............................................................129
6.8.1.13 Meninges .............................................................................................................................................................133
6.8.1.14 Líquor.......................................................................................................................................................................134
6.8.1.15 Barreira hematoencefalica .......................................................................................................................135
6.8.2 Sistema nervoso periférico ...................................................................................................................................135
6.8.2.1 Nervos cranianos ..............................................................................................................................................136
6.8.2.2 Nervo olfatório ou I par de nervo craniano ....................................................................................136
6.8.2.3 Nervo óptico ou II par de nervo craniano .......................................................................................136
6.8.2.4 Nervo oculomotor ou III par de nervo craniano .........................................................................137
6.8.2.5Nervo troclear ou IV par de nervo craniano ....................................................................................137
6.8.2.6 Nervo trigêmeo ou V par de nervo craniano ..............................................................................137
6.8.2.7 Nervo abducente o VI par de nervo craniano .............................................................................137
6.8.2.8 Nervo facial ou VII par de nervo craniano .....................................................................................137
6.8.2.9 Nervo vestibulococlear ou VIII par de nervo craniano ...........................................................138
6.8.2.10 Nervo glossofaríngeo ou IX par de nervo craniano ...............................................................138
6.8.2.11 Nervo vago ou X par de nervo craniano ..........................................................................................138
6.8.2.12 Nervo acessório ou XI par de nervo craniano .............................................................................139
6.8.2.13 Nervo hipoglosso ou XII par de nervo craniano ........................................................................139
6.8.2.14 Nervos espinhais .............................................................................................................................................141
6.8.3 Sistema nervoso autônomo ................................................................................................................................143
6.8.4 Sistema nervoso simpático .................................................................................................................................144
6.8.5 Sistema nervoso parasimpatico .......................................................................................................................145
6.8.6 Funções do Sistema nervoso autônomo ...................................................................................................145
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................................................................................147

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................149


REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................................150

7
UNIDADE 1
Estudaremos generalidades da anatomia humana como terminologia anatômica e
divisão do corpo humano para, logo em seguir, estudarmos o Sistema Tegumentar
que é constituído pela pele e seus anexos. Ainda estudaremos, nesta Unidade, o
CONFIRA NO LIVRO

Sistema Locomotor Humano que foi dividido em Sistema Esquelético e Muscular.

UNIDADE 2
Você encontrará uma abordagem sobre o Sistema Circulatório, também conhecido
como Sistema Cardiovascular, enfatizando o coração e os vasos sanguíneos com
destaque vascularização e inervação do coração.

UNIDADE 3
Estudaremos o Sistema Respiratório dividido em suas vias aéreas superior e inferior.
Estudaremos cada estrutura pertencente a este importante sistema e o que
acontece no interior do alvéolo (última estrutura da via aérea inferior). Além disto,
você vai perceber a inter-relação que existe entre o Sistema Respiratório e o Sistema
Circulatório (Unidade II) justificando o estudo destes dois sistemas em sequência.

UNIDADE 4
Abordagem direta sobre o Sistema Digestório. Você conseguirá fazer a distinção
entre Tubo Digestivo e Anexos do Tubo Digestivo e saberá que todas as estruturas
deste importante sistema que têm como objetivo, promover a digestão, “trabalham”
em sequência e em uma relação de interdependência. Cada estrutura tem sua
função própria que se complementa com a função da outra estrutura posicionada
logo à frente.

UNIDADE 5
O Aparelho Gênito Urinário que é constituído pelo Sistema Excretor (Urinário) e os
Sistemas Reprodutores Masculino e Feminino. Esses três sistemas, devido a sua
proximidade e por terem algumas estruturas comuns podem e devem estar juntos
em uma mesma unidade. Existem diferenças anatômicas e funcionais entre os
gêneros masculino e feminino até mesmo em alguns detalhes do Sistema Excretor.

UNIDADE 6
Você vai estudar as estruturas que fazem o sistema de controle e comando das
funções orgânicas. O Sistema Nervoso é a estrutura principal desta unidade, mas
o Sistema Endócrino é também abordado para demonstrar que as substâncias
produzidas por seus componentes (hormônios) são usadas também para incentivar,
aumentar ou inibir o funcionamento de outras estruturas. Você estudará a divisão do
Sistema Nervoso enfatizando a função de cada parte.

8
01
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA UNIDADE
ANATOMIA HUMANA

9
1.1 INTRODUÇÃO

Dangelo e Fattini (2004) definiram a anatomia como a ciência que estuda, macro e
microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Spence
(1991) já havia definido a anatomia como o estudo da estrutura de um organismo e das
relações entre suas partes.
O termo “anatomia” vem do grego; ana (parte) + tômus (corte), ou seja, a anatomia
estuda o corpo humano em suas diversas partes separadas e no conjunto delas. Também
é objeto de estudo da anatomia a inter-relação existente entre as diversas estruturas do
corpo humano. A inter-relação entre as diversas estruturas pode ser explicada pela locali-
zação anatômica, uma sendo ponto de referência da outra, estudo comparativo entre cada
estrutura abrangendo forma, tamanho, textura, relevância para esta ou aquela região do
corpo.
Importante salientar que os seres humanos são formados por células que são as me-
nores unidades estruturais e funcionais básicas. O conjunto de células similares quanto à
estrutura, funcionamento e origem embrionária, e que são mantidas juntas por quantida-
de variável de material intercelular, forma o tecido orgânico.
Os tecidos orgânicos se agrupam para formar órgãos que interagem entre si, de-
sempenhando funções interdependentes e complementares para formarem o sistema e o
somatório de todos os sistemas orgânicos forma o organismo.
Resumidamente temos:

CÉLULA TECIDO ORGÃO SISTEMA


Figura 1: Formação básica dos sistemas do organismo humano
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Os sistemas que, em conjunto, formam o organismo humano possuem funções dis-


tintas, bem delimitadas e específicas, porém estão agrupados de tal forma que a disfunção
de um deles pode ser capaz de causar prejuízo no funcionamento de outros.
No corpo humano existe um sistema complexo que controla o funcionamento de
todos os outros. Devido a sua complexidade anatômica e funcional, esse sistema é dividido
em três outros. Cada um guarda sua característica mas no geral, desempenham funções
interdependentes. Esse é o sistema nervoso que é formado pelo Sistema Nervoso Central
(SNC), Sistema Nervoso Perifério (SNP) e o Sistema Nervoso Autônomo ou Neurovegetati-
vo (SNA). Muitos sistemas possuem funções complementares e, por este motivo, podem
também serem divididos em aparelhos, exemplo: aparelho locomotor – formado pelos sis-
temas esquelético e muscular; aparelho gênito urinário ou urogenital – formado pelos sis-
temas urinário e genital masculino ou feminino.
Assim, como dito anteriormente, no nível estrutural mais básico, o corpo humano é
formado por células. No início da formação embrionária, células similares agrupam-se em
três folhetos: ectoderme (forma o tegumento do corpo e o sistema nervoso), endoderme
(forma o revestimento interno do tubo digestório e das estruturas associadas), mesoderme
(forma o esqueleto e os músculos do corpo).

10
FIQUE ATENTO
Os três folhetos embrionários dão origem aos quatro tipos de tecidos – epitelial; conjuntivo;
muscular e nervoso. O tecido epitelial cobre a superfície do corpo e forma as diversas cavida-
des corporais, ductos e vasos; o tecido conjuntivo deriva da mesoderme e forma ossos e car-
tilagens, tendões, ligamentos e fáscias e o sangue; o tecido muscular é formado por células
especializadas com capacidade de contrair e relaxar; o tecido nervoso, por sua vez, é forma-
do por células com prolongamentos protoplasmáticos que transmitem mensagens nervosas
por todo o corpo.

O agrupamento de tecidos forma o órgão que realiza atividades fisiológicas mais


complexas do que as que são realizadas por uma célula em sua individualidade. Um mes-
mo órgão pode ser formado por mais de um tecido. O estômago, por exemplo, é formado
em sua periferia, por tecido epitelial, mas sua parede média é formada por tecido muscu-
lar.
Os órgãos se “associam” a outros que são complementares em suas funções. A fun-
ção de um é interdependente da função de outro em um verdadeiro sinergismo, ou seja, a
função de um órgão é vital para o bom funcionamento de outro que por sua vez também
é fundamental para o bom funcionamento do primeiro. Essa organização forma o sistema
onde cada órgão cumpre sua parte específica na função geral daquele sistema, ou seja, o
somatório das funções dos órgãos é vital para as funções do sistema.

1.2 TERMINOLOGIA ANATÔMICA

Os anatomistas, para facilitarem o estudo e a compre-


ensão da localização das diversas estruturas do corpo huma-
no, criaram terminologias próprias que servem de base para o
estudo anatômico em todo mundo. Entender essas terminolo-
gias é imprescindível para a sequência do estudo da anatomia.
Inicialmente, é relevante conceituar a posição anatômica
(Fig. 1). De forma simples dizemos que posição anatômica é a
posição do corpo humano para ser estudado. Essa posição é o
ponto inicial para a avaliação de um doente pelo profissional da
saúde. Assim, posição anatômica consiste em: corpo humano
posicionado em decúbito dorsal (barriga para cima), membros
superiores estendidos ao longo do corpo com as palmas das
mãos voltadas para cima, membros inferiores estendidos ao
Figura 2- Posição anatômica
longo do corpo com tornozelos e pés em posição neutra.
Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007

Desta forma, o examinador (profissional de saúde, professor, aluno) analisa o corpo


humano de frente e deve imaginar uma linha passando exatamente ao centro do corpo.
Essa linha é chamada de linha média.
A linha média é uma linha imaginária que inicia-se no ponto mais alto da cabeça,
“desce” pelo meio da testa, nariz, boca, queixo e pescoço, “segue” no meio exato do tórax,
abdome, cicatriz umbilical, sínfise púbica, genitália e “continua” até uma região entre os

11
dois pés.
A linha média “corta”, “separa” o corpo humano em dois lados parecidos, não total-
mente iguais. Cada lado (direito e esquerdo), têm características semelhantes, porém de-
talhes que vão diferenciá-los em um olhar mais atento. Por exemplo: as mãos e os pés de
uma mesma pessoa podem ser ligeiramente diferentes no tamanho e até no formato; a
mama direita é diferente da mama esquerda; fígado, apêndice vermiforme são estruturas
localizadas do lado direito; o baço está localizado do lado esquerdo; a hemicúpula diafrag-
mática é mais elevada do lado direito, etc.
Todas as estruturas que estão localizadas mais próximas da linha média dizemos
que são estruturas mediais e aquelas que estiverem localizadas mais distantes da linha
média são laterais.

FIQUE ATENTO
Para entendermos melhor, consideremos os dois ossos do antebraço: rádio e ulna. Qual deles
está localizado na região medial desse segmento? Resposta: ulna. Lembrem que devemos
observar sempre a posição anatômica, dessa forma, com a palma da mão voltada para fren-
te, temos a ulna mais próxima da linha média, por isso ela está na região medial do antebra-
ço.
Um detalhe para facilitar ainda mais a localização dos ossos do antebraço é um ditado po-
pular: “o polegar é a antena do rádio”, onde lê-se polegar – primeiro dedo da mão e rádio –
osso do antebraço. (Fig. 3)

Outra terminologia que merece desta-


que é o binômio proximal e distal. Diz-se que
uma estrutura é proximal quando ela estiver
mais “próxima” da cabeça e distal quando esti-
ver mais “distante” da cabeça (Fig. 3). Exemplo:
o dedo polegar possui duas falanges uma pro-
ximal e a outra distal. Como localizá-las? Fácil: a
falange que estiver mais próxima da cabeça é
a proximal e a outra é a distal, então, a falange
Figura 3 – Posição anatômica dos ossos do antebraço. Notem
que o rádio está do mesmo lado que o polegar. que está na região que tem unha por ser mais
Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 distante é a distal, e a outra é a proximal. Pode-
mos, a grosso modo, dizer também que a falan-
ge que está na “ponta”, na “extremidade” é a distal.A parte da frente
do corpo dizemos que é a região anterior ou ventral e a parte de trás
é a posterior ou dorsal. Além disto, estruturas que estão localizadas
na parte “de cima” do corpo dizemos que são estruturas que estão
na parte “superior” ou “cranial” e as que estão na parte “inferior” ou
“caudal” são as contrárias.
Resumindo, temos os termos que são contrários: medial e la-
teral; proximal e distal, anterior e posterior e superior e inferior. Os
termos ventral e dorsal; cranial e caudal, para efeito de localização
das diversas estruturas corporais, não são muito usados.
Figura 4 – Proximal e distal
Fonte: Adaptado de Levine (2020)

12
Além disto, para facilitar ainda mais a
localização das diversas estruturas do cor-
po humano em uma visão mais espacial,
pensemos em dividí-lo em planos. Conse-
guimos separá-lo em quatro planos distin-
tos: sagital (mediano); frontal; transverso;
oblíquo. (Fig. 4).

Figura 4. Planos de divisão do corpo humano


Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003

1.3 DIVISÃO DO CORPO HUMANO


A maior parte dos autores de anatomia consideram que o corpo humano é dividido
em três partes (cabeça, tronco, membros). Nesta obra consideramos a divisão do corpo
humano em quatro partes (cabeça, pescoço, tronco e membros). (Fig. 5)
A cabeça é a região superior do corpo. É unida ao tronco pelo pescoço que é uma
porção mais estreita. Podemos dividir a cabeça em face (região anterior) e crânio (região
póstero superior).
O pescoço é a porção intermediária entre a cabeça e o tórax. Nesta região estão a
sete vértebras da coluna cervical e músculos próprios que vão permitir movimentos que
comumente dizemos serem movimentos da cabeça quando, na verdade, são do pescoço.
O pescoço, por ser região de transição, tem vasos sanguíneos com fluxo ascendente
e outro descendente, o mesmo é observado quando analisamos o sistema nervoso, prolon-
gamento do encéfalo (medula espinhal) “desce” pelo pescoço (no canal vertebral formado
pelas vértebras cervicais), nervos “descem” e “sobem” por esta região.
O tronco é dividido em tórax e abdome. No tórax existe a cavidade torácica e no ab-
dome a cavidade abdominal. Os membros são separados em membros superiores e mem-
bros inferiores. Os membros superiores se dividem em braço, antebraço e mão (palma e
dorso) e os membros inferiores se dividem em coxa, perna e pé (planta e dorso).
As extremidades dos membros superiores (mãos) e dos membros inferiores (pés)
também se dividem em três partes. A mão é dividida em carpo, metacarpo e falanges e o
pé é dividido em tarso, metatarso e falanges.
Ao analisarmos mão e pé é comum percebermos que a maioria dos estudantes ini-
ciais de anatomia confundem o carpo (mão) e o tarso (pé) como sendo nomes de ossos.
Esta confusão talvez esteja na forma como são estudadas as extremidades do corpo.
Carpo é uma região da mão. É a sua região proximal. É formada por oito ossos Tarso,
da mesma forma, é uma região do pé. É formado por sete ossos que, diferente dos ossos
do carpo, não estão posicionados em duas fileiras. No capítulo de sistema esquelético fala-
remos desses ossos.

13
Figura 5 – Divisão do corpo humano
Fontes: Borges, FAGUNDES. 2018

1.4 SISTEMA TEGUMENTAR

1.4 1 Introdução
O Sistema Tegumentar é o conjunto de estruturas que formam o revestimento
externo do corpo humano. É formado pela pele e suas estruturas acessórias (fâneros e
glândulas). Os fâneros são cabelos, pêlos e unhas. O Sistema Tegumentar proporciona ao
corpo um revestimento protetor.

1.4.2 Pele
A principal estrutura do Sistema Tegumentar é a pele. No adulto, a pele tem área
de aproximadamente 2 m² e espessura variável de 1 a 4 mm de acordo com a região.
Nas superfícies dorsais e extensoras a pele é mais espessa do que nas ventrais e flexoras.
Em áreas de pressão (palma das mãos e plantas dos pés) é também mais espessa e nas
pálpebras é bem fina.
A idade também influi na espessura da pele. Quanto mais nova, mais fina é a pele e
o contrário acontece quanto mais velho for a pessoa.
A pele possui elasticidade própria que também varia de acordo com a idade. Quanto
mais jovem maior é a distensibilidade da pele. A distensibilidade também varia de acordo
com a região do corpo, no dorso da mão é mais distensível do que na palma.
A pele forma o revestimento completo e externo do corpo. Ela é contínua com as
mucosas que revestem os sistemas respiratório, digestório e urogenital.

“A pele é composta de duas camadas principais:


epiderme e a derme. A epiderme é a camada su-
perficial formada por células epiteliais intimamente
unidas. A derme é a camada mais profunda forma-
da por tecido conjuntivo denso irregular. A derme
está conectada com a fáscia dos músculos por uma
camada de tecido conjuntivo frouxo chamada hipo-
derme”. (BORGES; FAGUNDES, 2018)

14
Em muitas áreas gordura é depositada
no tecido conjuntivo frouxo, formando
o tecido adiposo. A hipoderme conecta
frouxamente a pele à fáscia dos músculos
subjacentes o que permite a eles contrair-se
sem “repuxar” a pele (Fig. 6).

Figura 6. Camadas da pele


Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS &WILKINS, 2003

Em áreas onde não há músculos abaixo da derme, há somente uma pequena


quantidade de hipoderme e, em regiões onde áreas ósseas são muito superficiais, a pele
está aderida diretamente no periósteo (na região anterior da perna).
A epiderme deriva-se do ectoderma. A epiderme é geralmente muito fina. Possui
menos de 0,12 mm na maior parte do corpo, mas é mais espessa em áreas sujeitas a
constante pressão ou fricção, tais como sola dos pés e palmas das mãos. A pressão contínua
num dado local causa o espessamento da epiderme em calos e calosidades.

1.4.2.1 Camadas da Epderme


É possível identificar quatro camadas na epiderme quando ela é espessa. A camada
mais interna é a camada germinativa. Acima da camada germinativa existe a camada
granulosa, depois a transparente (lúcida) e a mais externa é a camada córnea. Em regiões
onde a epiderme é fina, frenquentemente falta a camada transparente.
É na camada germinativa que acontecem mitoses para substituir aquelas células
que são perdidas na camada mais superficial da epiderme. As células da camada basal
estão unidas entre si por desmossomos. As células mais profundas que estão em contato
com a derme, são cilíndricas.
A camada granulosa (granuloso – granular) possui células achatadas e estão
arranjadas em cerca de três planos de células, superficialmente à camada germinativa.
A camada transparente é superficial à camada granulosa. Consiste de várias camadas
de células achatadas intimamente ligadas, a maioria das quais tem limites indistintos e
perderam todas as suas inclusões citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas
gotículas de eleidina que é transformada em queratina assim que as células da camada
transparente tornam-se parte da camada córnea, a mais externa. Esta camada é mais
proeminente em áreas de pele mais espessa.
Camada córnea (cornu – corno – ponta) é a camada mais superficial da epiderme.
Desde que seu citoplasma tenha sido substituído por uma proteína fibrosa chamada
queratina, estas células mortas são referidas com corneificadas. As células corneificadas
formam uma cobertura ao redor de toda a superfície do corpo e não só protegem o corpo
contra invasão por substâncias do meio externo como também contribuem para a perda
menor de água do corpo.
As células das camadas mais superficiais da camada córnea são constantemente
perdidas como resultado da abrasão (atrito pela roupa, banho, massagens esfoliantes, etc).

15
1.4.2.2 Cor da pele

FIQUE ATENTO
A cor da pele é determinada principalmente pela presença e distribuição de um pigmento
escuro chamado melanina. A melanina é produzida por células chamadas melanócitos que
migram na epiderme e transferem o pigmento às células da camada germinativa.

As diferenças na cor da pele são devidas principalmente na quantidade de melanina


produzida e sua distribuição. As pessoas de pele escura têm uma grande quantidade de
melanina em todas as camadas da epiderme. Nas pessoas de pele clara, a relativamente
pouca melanina está distribuída entre as camadas da epiderme, exceto em áreas
intensamente pigmentadas, como os mamilos das mamas.
A presença de pigmento amarelo, caroteno, nas camadas da epiderme, em
combinação com a melanina, produz o matiz amarelado típico do povo oriental. A tonalidade
da pele é também devido a tom avermelhado proveniente dos vasos sanguíneos da derme
que “reflete” na epiderme.
Enquanto a quantidade de caroteno na pele é relativamente constante para cada
pessoa, mudanças na quantidade de sangue nos capilares da derme, ou na quantidade de
oxigênio do sangue desses capilares, pode causar mudança intensa e temporária na cor da
pele. Por exemplo: o rubor (vermelhidão) pode ser causado pela expansão do leito capilar,
enquanto o azulado, que é característico da cianose, resulta do decréscimo da quantidade
de hemoglobina oxigenada no sangue dos capilares.

1.4.2.3 Derme
A derme é uma camada de tecido conjuntivo fibroso irregular que se localiza abaixo
da camada germinativa da epiderme.
Em contraste com a epiderme, a derme desenvolve-se a partir da mesoderme
embrionária, assim como os músculos e o esqueleto. A derme é formada de fibras elásticas
e reticulares e colágenas. É bem suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A
derme contém também glândulas especializadas e órgãos dos sentidos. A espessura da
derme varia em diferentes locais, mas, em média é de cerca de 2 mm. É composta de duas
camadas: papilar e reticular.
“A camada mais externa da camada papilar está intimamente ade-
rida ao estrato basal da camada germinativa. Na palma das mãos
e planta dos pés, estas papilas estão dispostas em sulcos paralelos
e encurvados, o que obriga ao aparecimento na epiderme supraja-
cente das características impressões digitais, palmares e plantares.
Muitas papilas contêm alças capilares; outras contêm receptores
sensoriais especializados que reagem a estímulos externos, como
mudanças da temperatura e pressão”. (BORGES; FAGUNDES, 2018)

A camada reticular da derme consiste de feixes densos de fibras colágenas


orientadas em várias direções, assim formando um retículo. As fibras são contínuas com as
da hipoderme.

16
1.4.2.4 Hipoderme
A hipoderme não integra a pele, mas é importante porque fixa a pele nas estruturas
subjacentes. A hipoderme é tecido subcutâneo. É formada por tecido conjuntivo frouxo
com células adiposas depositadas entre as fibras. Em algumas regiões do corpo como
abdome e nas nádegas, acúmulo de gordura no tecido subcutâneo pode ser muito amplo.
A hipoderme é bem suprida de vasos sanguíneas e terminações nervosas.

1.4.2.5 Glândulas da pele

FIQUE ATENTO
A pele possui dois tipos básicos de glândulas: sebáceas e sudoríparas (Fig. 6). Existem outros
tipos de glândulas especializadas como: glândulas cerumosas (formadoras de cera) do me-
ato acústico externo, glândulas ciliares e as tarsais das pálpebras e as gândulas mamárias.

As glândulas da pele se desenvolvem a partir da ectoderme embrionária, como


invaginações sólidas. Os cordões em brotamento tornam-se tubos ocos e continuam a
crescer em direção à derme, formando as glândulas na pele e seus ductos associados.

“As glândulas sudoríparas ou sudoríferas estão distribuídas


na maior parte da superfície do corpo e não estão presentes
nos lábios, mamilos e porções da pele dos órgãos genitais. As
glândulas sudoríparas são glândulas merócrinas, cada uma
com a forma de um túbulo simples que se torna espiralado
dentro da derme. Quando estimuladas as glândulas secre-
tam solução aquosa de cloreto de sódio, com traços de uréia,
sulfatos e fosfatos. A quantidade de suor secretado depende
de fatores como a temperatura e umidade do meio, a quan-
tidade de atividade muscular e várias condições que causam
fadiga”. (SPENCE, 1991)
As glândulas sudoríparas que estão localizadas na axila, ao redor do ânus, no escroto e
nos grandes lábios da genitália feminina são usualmente grandes e se estendem até dentro
do tecido subcutâneo. Estas glândulas secretam num folículo piloso e não diretamente na
superfície da pele. Essas grandes glândulas são glândulas sudoríparas apócrinas, isto é,
parte do citoplasma das células secretoras está incluído na secreção, que é mais espessa e
mais complexa que o suor verdadeiro. As glândulas ceruminosas, que produzem cerume no
meato acústico externo, também são glândulas apócrinas que são consideradas glândulas
sudoríparas modificadas.
“As glândulas sebáceas desenvolvem-se a partir dos folícu-
los pilosos, e neles eliminam suas secreções. Sua secreção é
substância oleosa, rica em lipídeos. O sebo, secreção das glân-
dulas sebáceas, lubrifica a pele e os pêlos prevenindo-os do
ressecamento e contém substâncias tóxicas para algumas
bactérias. As glândulas sebáceas, que são estimuladas pela

17
presença dos hormônios sexuais, são particularmente ativas
durante a adolescência”. (SPENCE, 1991)

A maioria das regiões do corpo sem pêlos


(regiões glabras), como nas palmas das mãos e
as plantas dos pés, não têm glândulas sebáceas.
Entretanto, em algumas áreas onde faltam pelos,
como os lábios, a glande do pênis e os pequenos
lábios, há glândulas sebáceas que secretam
diretamente na superfície da epiderme.
Estruturalmente, as glândulas sebáceas são
do tipo alveolar simples, embora algumas sejam
alveolaras compostas (por exemplo as glândulas
tarsais das pálpebras). Funcionalmente, todas as
glândulas sebáceas são glândulas holócrinas.
Figura 8 – Estrutura anatômica da pele
Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007
1.4.3 Pêlos
Os pêlos se localizam por todo o corpo, mas são mais presentes na cabeça e nas
regiões axilares e púbicas e ausentes nos lábios, palmas das mãos, plantas dos pés, mamilos
e partes dos genitais externos. Os pêlos crescem devido a atividade mitótica de células
epidérmicas na base do folículo piloso. Uma camada externa de tecido conjuntivo que se
desenvolve a partir da derme, envolve o folículo. Uma porção da derme forma a papila do
pelo porque projeta-se do fundo de cada folículo. Terminando nos folículos pilosos existem
uma ou mais glândulas sebáceas, cuja secreção ajuda a amaciar o pêlo.
A matriz do pêlo é formada por células mitoticamente ativas que recobrem a papila
e a raiz do pêlo é a região que se situa logo acima da matriz. A haste do pêlo se desenvolve
a partir da matriz. A ponta livre da haste ultrapassa a superfície da pele. A medula do pêlo
é o núcleo central da haste do pêlo que consiste de células corneificadas dispostas em
espaços aéreos entre elas. O córtex do pêlo, que envolve a medula é formado de células
queratinizadas fortemente comprimidas. Por fora do córtex está a cutícula do pêlo, formada
de células queratinizadas endurecidas (Fig. 8). Os pêlos retos
são cilíndricos ou ovais enquanto os encaracolados são um
pouco achatados.
Embora haja muitas variações na cor dos pêlos, existem
apenas três pigmentos: preto (melanina), castanho e amarelo.
Combinações variadas desses três pigmentos produzem
as diferentes cores dos pêlos; a melanina é formada por
melanócitos do folículo e fica localizada no córtex e na medula
de cada pêlo.

Figura 9 – Anatomia do pêlo


Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 97)

18
FIQUE ATENTO
Os pêlos ficam gradualmente cinzentos à medida que envelhecemos. Esse processo é devido
à diminuição do pigmento, possivelmente como resultado de uma queda no nível de enzima
específica que é necessária para a produção da melanina. Quando os pigmentos acabam,
os pêlos tornam-se brancos.

Os folículos pilosos têm atividade cíclica com momentos de atividade alternando


com momentos de inatividade. Durante o período ativo as células na matriz de um
folículo dividem-se por mitose, empurrando as células mais velhas para cima e causando
alongamento do pêlo.
Durante os períodos inativos, quando as células da matriz não estão em divisão
mitótica, a raiz dos pêlos destaca-se da matriz e o pêlo gradualmente se move para fora
do folículo. O pêlo solto pode ser retirado do folículo por atrito ou escovação, ou pode
permanecer no folículo até o próximo período de atividade, quando o novo pêlo produzido
pela matriz o empurrará para fora.

FIQUE ATENTO
Os folículos pilosos de diferentes partes do corpo têm comportamentos distintos de ativida-
de cíclica. Por exemplo, no couro cabeludo os folículos podem permanecer ativos e causar
o alongamento contínuo dos pêlos por muitos anos antes de se tornarem inativos por um
período de meses. Em outras regiões do corpo, os folículos podem se manter ativos somente
por poucos meses e depois entrar em uma fase inativa. O corte dos pêlos ou o barbear, por
não afetarem a atividade cíclica dos folículos, não têm qualquer influência no crescimento
do pêlo.

Por causa da formação repetida de novos pêlos durante os períodos ativos, a queda
normal dos pêlos não indica a calvície. A calvície é uma característica genética que requer a
presença de hormônios masculinizantes, os andrógenos, para que a tendência hereditária
se torne efetiva. Por essa razão, a calvície é mais comum nos homens do que nas mulheres,
que podem ter herdado o caráter, mas não têm os andrógenos necessários para ativá-lo.

1.4.4 Unha

Nas superfícies dorsais das falanges distais dos dedos das mãos e dos pés, os
dois folhetos epidérmicos mais externos (camada córnea e camada transparente) são
intensamente corneificados, formando as unhas. O leito da unha é formado por células
germinativas. É onde a unha está posicionada. Esta camada é espessada abaixo da
extremidade proximal da unha, formando uma área esbranquiçada, com forma de meia
lua, chamada lúnula, que é visível através da unha.
A matriz da unha é a região espessada da camada germinativa. É nesta matriz
que ocorrem as mitoses, empurrando para frente as células previamente formadas que

19
já se corneificaram e, assim, causando o
crescimento da unha. Na extremidade
proximal da unha, forma-se o eponíquo
ou cutícula que é uma prega da epiderme
que se estende sobre a superfície livre.
O hiponíquo é a camada córnea que se
Figura 10- Anatomia da unha espessa e está localizado abaixo da ponta
Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 livre da unha. As unhas geralmente têm

uma coloração rosada por causa da rede de capilar que existe abaixo dela e que se torna
visível através das células corneificadas. (Fig. 9)

1.4.5 Funções o Sistema Tegumentar


O Sistema Tegumentar tem função de: proteção, regulação da temperatura do corpo,
excreção, sensação e produção de vitamina D.

1.4.5.1 Proteção
A pele forma uma barreira física que protege o corpo contra a invasão de
microrganismos e a entrada de substâncias estranhas do meio externo, incluindo a água.
Também protege contra o excesso da radiação ultravioleta e reduz grandemente a perda
de água do corpo. A superfície da pele está protegia por uma fina película líquida que
tende para a acidez (pH 4 a 6,9). Por causa de sua acidez, essa película pode atuar como
camada anti séptica e retardar o crescimento de microrganismos na superfície da pele.

1.4.5.2 Regulação da temperatura corporal


Mesmo sob condições de elevada temperatura do meio ou durante um exercício, a
temperatura do corpo se mantém normal, em parte porque uma considerável quantidade
de calor é perdida pela pele. As arteríolas da derme se dilatam quando a temperatura do
corpo começa a aumentar, trazendo maior volume de sangue para a superfície do corpo e
assim permite que o calor interno seja perdido para o meio. No mesmo instante, a superfície
corporal fica úmida, devido ao aumento da atividade secretora das glândulas sudoríparas.
A evaporação do suor facilita a perda de calor pelo corpo. Do mesmo modo, no frio, o calor
do corpo é conservado pela constrição das arteríolas da derme. Esta constrição diminui o
volume de sangue que circula pela superfície do corpo, de tal forma que menos calor será
perdido para o meio externo.
O fluxo de sangue pode variar intensamente. Em condições normais, o fluxo de
sangue no sistema tegumentar é de aproximadamente 400 ml por minuto, porém,
em condições extremas, mais de 2.500 ml de sangue podem circular pelos vasos deste
sistema por minuto. O arranjo dos vasos sanguíneos da pele torna possível esse enorme
fluxo sanguíneo. Existem extensos plexos venosos subcutâneos, localizados próximos
à superfície, além dos leitos capilares comuns, que são capazes de comportar grandes
volumes de sangue. Estes plexos permitem que o calor passe do sangue para a superfície
e então seja perdido pelo corpo. Além disso, em alguns locais é possível que o sangue
possa fluir nos plexos venosos diretamente a partir das artérias, por meio de anastomoses
arteriovenosas. (Fig. 10)

20
Figura 11– Regulação da temperatura corporal pelo sistema tegumentar
Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003

1.4.5.3 Excreção
Além do seu efeito refrescante, o suor funciona como um meio de excreção. Porções
pequenas de resíduos nitrogenados e de cloreto de sódio saem do corpo pelo suor.

1.4.5.4 Sansação
Devido a presença de terminações nervosas e receptores especializados, a pele
guarnece o corpo com muitas informações do meio externo. Alterações da temperatura, u
m toque suave e rápido ou não, pressão, e um trauma doloroso estimulam os receptores
tegumentares. Estes receptores, alertam o sistema nervoso central sobre o ocorrido e,
assim, possibilita que seja deflagrada uma ação apropriada. Esta ação pode ser simples e
automática, como retirar a mão do fogo, ou pode requerer um ato mais complicado, como
decidir que tipo de agasalho dever ser usado.

1.4.5.5 Produção de Vitamina D


A pele também participa da produção de vitamina D. Na presença de luz solar ou de
radiação ultravioleta, um dos esteroides (7-deidrocolesterol) encontrados na pele é alterado
de tal maneira que fora a vitamina D3 (colecalciferol). Depois de ser metabolicamente
transformada, a vitamina D3 participa da absorção de cálcio e de fosfato de origem
alimentar, A vitamina D3 é ainda importante na manutenção do nível ótimo de cálcio e
de fosfato no corpo, facilitando assim, o crescimento normal dos ossos e seu reparo pós
fratura.

1.5 APARELHO LOCOMOTOR


O aparelho locomotor é formado por um conjunto de todas as estruturas envolvidas
na locomoção humana. Por questão prática, formam o aparelho locomotor o sistema
esquelético e o sistema muscular e, por esta razão, muitos autores consideram sistema
musculoesquelético.

21
Por uma questão funcional, não concordamos em unir os nomes dos dois sistemas
pois, “musculoesquelético” pode dar a ideia de estarmos falando apenas de músculos que
envolvem o esqueleto. Na verdade, se pensarmos apenas na locomoção humana de per
si, poderíamos pensar apenas nos músculos esqueléticos realmente, porém, o conceito de
locomoção que trazemos nesta unidade vai muito além dos movimentos corporais como
o aluno poderia pensar inicialmente. Pensamos também no movimento do sangue dentro
dos vasos sanguíneos, nas contrações rítmicas do coração, nos movimentos durante a
respiração, no trânsito intestinal ou mesmo na ejeção das substâncias químicas produzidas
pelas glândulas. Tudo isto é movimento e, como tal, é determinado por tipos diferentes de
músculos que veremos a seguir. Antes, porém, estudamos o sistema esquelético.

1.6 SISTEMA ESQUELÉTICO


Sistema esquelético é a união dos diversos tipos de esqueleto, ou seja, é o conjunto
de ossos, cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo humano e
desempenhar suas funções (Fig. 11).
O esqueleto divide-se em dois tipos: esqueleto axial (eixo do corpo, parte central)
e esqueleto apendicular (membros). O esqueleto axial é formado pelos seguintes ossos:
ossos da cabeça, ossos da caixa torácica, ossos da coluna vertebral. O esqueleto apendicular
é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores.
Articulando os dois tipos de
esqueleto existem os ossos de transição
(escápula, clavícula e ilíaco). Esses ossos
permitem a articulação do esqueleto
apendicular no esqueleto axial da seguinte
forma: o úmero, osso do braço, se articula
com a escápula que, por sua vez se articula
com a clavícula; e o fêmur, osso da coxa,
se articula com o ilíaco. A articulação
entre os esqueletos apendicular e axial
forma duas cinturas anatômicas que são
representadas por linhas imaginárias que
circundam as articulações. A primeira
cintura é chamada de cintura escapular
e é formada por uma linha imaginária
que circunda os dois ombros. É formada
Figura 12- . Esqueleto humano
pelos ossos escápula, clavícula e úmero
Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 direitos juntamente com a escápula,

clavícula e úmero esquerdos. A segunda cintura é a cintura pélvica que é formada por
uma linha imaginária que circunda os dois quadris. É formada pelos ossos fêmur e ilíaco
direitos juntamente com o fêmur e ilíaco esquerdos. O termo cintura vem de círculo ou
circunferência, por isso a linha imaginária “dá” a volta ao redor dos dois ombros e dos dois
quadris.

22
1.6.1 Funções do esqueleto
O esqueleto humano desempenha várias funções como suporte, movimento,
proteção, estoque ou reserva de minerais e participa da hematopoiese.
O esqueleto atua como arcabouço do corpo, dando suporte aos tecidos moles e
provendo pontos de fixação para a maioria dos músculos do corpo humano.
Pelo fato de muitos músculos estarem fixados ao esqueleto, e muitos ossos estarem
organizados, agrupados, articulados em articulações móveis, o esqueleto desempenha um
papel importante na determinação do tipo e extensão do movimento corporal.

FIQUE ATENTO
O esqueleto protege de lesões muitos dos órgãos vitais internos pois os envolve. É fácil en-
tender quando percebemos que o encéfalo está localizado no interior da cavidade craniana,
protegido por todos os ossos que formam o crânio, da mesma forma, ao analisarmos as es-
truturas da caixa torácica veremos que a proteção maior do coração, pulmões, vasos impor-
tantes se dá pelos ossos, o mesmo acontece com as estruturas nobres da cavidade pélvica.

O esqueleto é fonte de reserva de minerais. Cálcio, fósforo, sódio, potássio entre


outros, estão estocados, armazenados nos ossos. Estes minerais podem ser mobilizados e
distribuídos pelo corpo por meio do sistema circulatório de acordo com a necessidade de
cada região.
Após o nascimento, a medula óssea vermelha de certos ossos produz células
sanguíneas.
1.6.2 Osso
A unidade funcional do esqueleto é o osso que é formado por tecido conjuntivo.
É esbranquiçado, duro complexo e dinâmico, que está em constante atividade. Sua
principal característica é a mineralização de sua matriz óssea que é formada também de
fibras colágenas e proteoglicanas. No osso existem três tipos de células: osteócito (célula
madura, derivada do osteoblasto, célula óssea propriamente dita); osteoblasto (célula
jovem responsável pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea, colágeno,
proteoglicanas, glicoproteínas e, por isso, está relacionada com a formação óssea) e
osteoclasto (célula grande, polinucleada, responsável pela absorção da matriz óssea e de
células velhas do osso.
O indivíduo adulto possui 206 ossos. Esse número pode variar levando-se em conta
algumas situações: (1) fator etário – no nascimento, vários ossos são divididos para auxiliar
no momento do parto, permitir o crescimento de estruturas que eles protegem ou permitir
o desenvolvimento e crescimento da região onde estão; (2) fator individual – em algumas
pessoas, por característica hereditária podem existir ossos extranumerários como é o caso
do osso occipital que na verdade é osso único, ímpar, na grande maioria das pessoas, mas
em algumas, esse osso apresenta uma protuberância que é, na verdade, outro osso.
Os ossos possuem camadas. A camada externa do osso é o periósteo que é uma
dupla camada de tecido conjuntivo fibroso. A camada externa do periósteo é vascularizada

23
e inervada, a camada interna do periósteo
está fixada ao osso por feixes colágenos,
fibras perfurantes do osso ou Fibras
de Sharpey. A outra camada do osso é
o endósteo que é formado por tecido
conjuntivo frouxo e reveste o interior da
cavidade medular do osso (Fig. 12).

Figura 13 – Camadas do osso


Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016)

Os ossos possuem uma parte compacta e outra esponjosa. Em uma análise


microscópica do osso percebemos que o osso compacto é visto como sendo formado por
muitos sistemas organizados de canais interconectados. A unidade do osso compacto
é o sistema haversiano ou osteônio. Cada sistema haversiano tem um canal central
(canal central do osteônio ou Canal de Havers) que é rodeado por lamelas ou camadas
concentricamente arranjadas de osso.
Pelo fato dos osteônios estarem paralelos ao longo do eixo do osso, os canais aparecem
em secção longitudinal como longos tubos. Esta posição do sistema haversiano dá ao
osso, capacidade de resistir a forças compressivas. Cavidades pequenas, lacunas, estão
localizadas entre lamelas adjacentes num osteônio. Cada lacuna contém um osteócito.
Todas as lacunas estão interconectadas por finíssimos canalículos. Os osteócitos têm
pequenos processos protoplasmáticos nas suas superfícies que entram nos canalículos e
conectam com os processos celulares dos osteócitos localizados em lacunas adjacentes. No
ponto de contato, dentro dos canalículos, os processos celulares dos osteócitos adjacentes
são mantidos unidos por junções comunicantes que tornam possível a rápida passagem
de nutrientes e resíduos de um para o outro.
Cada canal central do osteônio (canal haversiano) contém pelo menos um capilar
sanguíneo, que proporciona uma fonte de nutrientes e um meio de eliminação de resíduos
dos osteócitos que estão alojados nas lacunas. Os nutrientes e resíduos somente podem
se difundir a curta distância através do tecido fluido das lacunas e canalículos, seja para
entrar ou sair do canal haversiano. Após entrar no osteócito, os nutrientes provenientes
dos vasos sanguíneos são distribuídos para osteócitos adjacentes por meio dos processos
citoplasmáticos dentro dos canalículos.
Os vasos sanguíneos que alcançam os canais são provenientes de vasos maiores que
se encontram localizados ou na superfície do osso (camada vascular do periósteo) ou na
cavidade medular. Os vasos sanguíneos, bem como os vasos linfáticos e nervos, entram
e saem da cavidade medular por meio dos canais nutrícios que perfuram o osso desde
a superfície e se comunicam com a cavidade medular. Os vasos sanguíneos de ambas
as fontes alcançam os canais centrais dos osteônio através dos canais perfurantes ou
Canais de Volkmann que correm perpendicularmente aos canais centrais dos osteônios.
Na superfície externa do osso, logo por baixo do periósteo, são encontradas várias lamelas
circunferenciais, que acompanham a circunferência da diáfise, como que rodeando à
distância um canal haversiano (Fig. 13).
O osso esponjoso é organizado de forma diferente do osso compacto. Embora os

24
osteócitos estejam alojados em lacunas
e estas se comuniquem através dos
canalículos, como no osso compacto, as
lamelas não estão arranjadas em camadas
concêntricas. As lamelas estão distribuídas
em várias direções que correspondem
às linhas de máxima pressão ou tensão.
Os capilares sanguíneos alcançam a
vizinhança dos osteócitos passando nos
espaços da medula óssea entre as placas
de osso formadas pelas lamelas.

Figura 14 – Visão interna do osso


Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003

1.6.2.1 Composição do osso


A substância intercelular ou matriz do osso é formada por dois componentes
principais: arcabouço orgânico e sais inorgânicos. O arcabouço orgânico é formado por
fibras colágenas semelhantes às encontradas nos demais tecidos conjuntivos. Cálcio e
fosfato são, em grande maioria, os sais inorgânicos do osso.
As fibras colágenas conferem ao osso grande força de tensão, fazendo com que
ele tenha resistência ao alongamento e à torção. Os sais permitem ao osso resistir à
compressão. Esta combinação de fibras e sais confere ao osso extraordinária força sem
torná-lo quebradiço. O mesmo princípio é usado para reforçar o concreto, onde cabos de
aço conferem a força de tensão, e o cimento, areia e brita fornecem a força de compressão.

1.6.2.2 Tipos de ossos


Existem vários tipos de ossos: longos; curtos; laminar, chatos ou planos; alongados;
pneumáticos; sesamóides e irregulares.
Os ossos longos são aqueles que apresentam o comprimento maior do que sua largura.
Os exemplos clássicos de ossos longos são: úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, falanges.
Reparem que osso longo não é necessariamente osso
comprido ou grande. Se compararmos o fêmur (maior
osso do corpo humano) com a falange proximal do
dedo indicador (segundo dedo da mão) perceberemos
facilmente uma diferença descomunal no tamanho,
porém, os dois ossos são longos pois o comprimento
deles é maior do que a largura.
O osso longo se divide em três partes: duas
extremidades que são as epífises proximal e distal e a
diáfise entre elas (Fig. 14). Esta divisão não é meramente
didática e sim anatômica e funcional. Entre a diáfise
e as epífises (proximal e distal) existem uma região
chamada fise óssea ou zona (área) de crescimento do
osso. Nestas regiões existem cartilagens epifisárias
Figura 15 – Divisão do osso longo que permitirão, em um processo de ossificação, o
Fonte: Adaptado de Martini, Timmons
crescimento do osso. A diáfise é o “corpo” do osso. No
e Tallitsch (2009)

25
seu interior existe uma cavidade denominada canal medular que abriga a medula óssea.
Por esta razão os ossos longos também são chamados tubulares.
Os ossos curtos são ossos pequenos que não possuem diferenças marcantes entre
suas dimensões. Os ossos do carpo e alguns ossos do tarso são exemplos de ossos curtos.
Os ossos laminares também chamados planos ou chatos ou ainda achatados, apresentam
comprimento e largura equivalentes predominando sobre a espessura. Esses ossos são
finos e um pouco curvos. Os exemplos clássicos desses ossos são ossos do crânio, escápula,
ilíaco, etc.
Os ossos alongados são curvos, achatados, longos, mas que não possuem canal
central, ou seja, não são tubulares como os ossos longos tradicionais. O exemplo deste tipo
de osso é a costela.
Osso pneumático é osso que possui, em seu interior, cavidades preenchidas por ar. A
palavra pneu significa “ar”, logo, osso pneumático é aquele osso que possui ar dentro dele.
Embora a definição deste tipo de osso possa dar idéia de osso “oco”, frágil, é justamente
o contrário. Esses ossos são muito resistentes, são fortes e suportam traumas que por sua
aparente fragilidade não suportariam. As cavidades destes ossos são preenchidas por ar,
em uma pressão absoluta, para conferir uma maior resistência àquela porção do osso.
Essas cavidades formam os “sinus” ou seios da face. Os ossos que são exemplos deste tipo
são: frontal, maxilar, etimóide, esfenoide, temporal.
Os ossos sesamóides são ossos que estão localizados entre tendões, membranas,
cápsulas. Os ossos sesamóides que estão localizados entre tendões são intratendíneos e os
localizados entre membranas, cápsulas são peri articulares. A patela é um exemplo de osso
sesamóide.
Os ossos irregulares são os mais fáceis de todos. São ossos que por sua aparência,
localização e formato, não se enquadram em nenhuma das outras classificações. São ossos
que não possuem forma geométrica definida. Temporal, zigomático, calcâneo, vértebras
são exemplos de ossos irregulares.
O Quadro 1, apresenta exemplos de todos os tipos de ossos do corpo humano,
separados em cada tipo e representados nas Figuras 15,16,17,18,19,20,21

1.6.2.3 Relevos ósseos

FIQUE ATENTO
Todo osso possui acidentes anatômicos também conhecidos como relevos ósseos. Esses re-
levos estão presentes de forma mais marcante em muitos ossos. São imperfeiçoes, detalhes
encontrados na superfície dos ossos. Podem ser protuberância, pontas, depressões, eleva-
ções, buracos. Os mais comuns são: superfície articular – extremidade proximal e distal do
osso que se articula com outro; crista – linha óssea proeminente, aguda; côndilo – proemi-
nência arredondada que se articula com outro osso; epicôndilo – pequena projeção localiza-
da acima ou no côndilo; sulco – vale entre duas projeções ósseas; faceta – superfície articular
quase achatada, lisa; fissura – passagem estreita como uma fenda; forame – buraco; fossa
– depressão, frequentemente usada como superfície articular; fóvea – depressão pequena
geralmente usada como fixação, mais do que articulação; cabeça – geralmente a extremi-
dade maior de um osso longo, frequentemente separada do corpo do osso por um colo es-
treitado; linha – margem óssea suave; meato – canal; processo – proeminência ou projeção;
espinha – projeção afilada; trocânter – processo globoso grande; tubérculo – nódulo ou pe-
queno processo arredondado; tuberosidade – processo amplo, maior do que um tubérculo.

26
Figura 16– Osso longo Figura 17 – Osso curto Figura 18 – Osso laminar, plano
Fêmur Ossos do carpo ou chato

Figura 19 – Osso pneumático Figura 20 – Osso alongado Figura 21 – Osso sesamóide


Esfenóide Costela Patela

Figura 22– Osso irregular


Vértebra

Quadro1 – Exemplos de todos os tipos de ossos do corpo humano


Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007

1.6.2.3.1 Funções dos relevos ósseos


Os relevos ósseos têm funções variadas. A primeira delas e mais óbvia é servir de
ponto de articulação com outro osso. Por exemplo: a cabeça do úmero se articula na
cavidade glenóide da escápula; a cabeça do fêmur se articula na fossa do acetábulo do
ilíaco.
Outra importante função dos relevos ósseos é servir de ponto de fixação de tendões,
ligamentos, membranas, capsulas. Por exemplo: o ligamento teres major fixa a fóvea da
cabeça do fêmur no fundo do acetábulo; o tendão patelar é fixado na tuberosidade tibial.
Servir de ponto de referência para localização de outras estruturas anatômicas também é
outra função do relevo ósseo. Por exemplo: para localizar a artéria radial palpa-se primeiro,
com a polpa digital do segundo e do terceiro dedos, o processo estilóide do rádio. A artéria
radial é mais facilmente palpável “escorregando” os dedos em direção à região medial do
antebraço. Ela estará bem em cima da extremidade distal do rádio.

27
Os relevos ósseos também servem como ponto de passagem de vasos, nervos,
tendões. Por exemplo: no sulco bicipital “passa” o tendão longo do músculo bíceps braquial;
pelos forames transversos das vértebras cervicais passa a artéria vertebral.

1.6.3 Localização dos ossos

1.6.3.1 Cabeça
Para melhor entendimento dividimos os ossos em ossos do crânio e ossos da face.

1.6.3.1.1 Ossos do crânio


Frontal : osso ímpar que forma a região ântero superior do crânio. Forma a testa.
Parietal: osso par; parietal direito e parietal esquerdo. Formam a maior parte da
abóboda craniana. Os parietais se articulam na linha mediana para formar a sutura sagital.
Tempora: osso par; temporal direito e temporal esquerdo. Formam juntamente com
o osso esfenoide a fossa média do crânio.
Occipital: osso ímpar, localizado na região posterior da cabeça, mais precisamente
na porção póstero inferior da abóboda craniana.
Esfenóide: osso ímpar. Estende-se completamente de um lado ao outro da cabeça.
Forma o assoalho da fossa média do crânio. Articula-se com o osso temporal e occipital. Vai
de um lado ao outro.
Etmóide: osso ímpar. Está situado no meio do assoalho da fossa craniana anterior
onde forma a maior parte das paredes da porção superior da cavidade nasal.
O Quadro 2 mostra os ossos do crânio por meio das Figuras 23 a 28.

Figura 23 – Frontal Figura 24 – Parietal Figura 25 – Temporal

Figura 26 – Occipital Figura 27 – Esfenóide Figura 28 – Etimóide

Quadro 2 – Ossos do crânio


Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007

28
1.6.3.1.2 Ossos da face
Frontal: é comum tanto no crânio quanto na face devido seu tamanho e formato.
Maxilar ou maxila : osso par. Formam a porção central do esqueleto facial. Com exceção da
mandíbula, todos os ossos da face se articulam com o maxilar.
Zigomático: osso par. São também chamados malar. Articulam-se com o maxilar e o
temporal para formar a proeminência da face (maçã do rosto). Também se articulam com
o frontal e com o esfenoide para formar parte do assoalho e da parede lateral da órbita
ocular.
Nasal : osso par. São dois ossos pequenos que se encontram na linha mediana da
face para formar o dorso do nariz.
Lacrimal : osso par. São ossos delicados e pequenos que ajudam a formar a face
medial da órbita ocular.
Mandíbula: osso ímpar. Possui um corpo horizontal com formato de ferradura e dois
ramos perpendiculares a ele. Se articula como os ossos temporais para formar a articulação
temporomandibular. Com o movimento dessas articulações (direita e esquerda) falamos,
mastigamos, etc.
Vômer: osso ímpar. É um delgado osso quadrangular que forma a porção póstero
inferior do septo nasal
Concha nasal inferior: osso par. Conchas nasais inferiores são alongadas e se projetam
medialmente das paredes laterais da cavidade nasal. Estão localizadas logo abaixo das
conchas médias do osso etmoide.
Palatino: osso par. Tem um formato da letra “L”. Formam a porção posterior do palato
duro (céu da boca).
O Quadro 3 mostra os ossos da face por meio das Figuras 29 a 36.
Figura 29 – Maxila Figura 30 – Zigomático Figura 31 – Nasal

Figura 32 – Lacrimal Figura 33 – Mandíbula Figura 34 – Vômer

Figura 35 – Concha nasal Figura 36 – Palatino


inferior

Quadro 3 – Ossos da Face Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007

29
1.6.3.1.3 Ossos da audição
Três minúsculos ossos estão localizados na cavidade da orelha média, cavidade
timpânica. Os ossículos são pares. Se localizam entre a membrana timpânica e a janela do
vestíbulo (janela oval), que separa a orelha média da orelha interna. O martelo está fixado
na face interna do tímpano. A bigorna se articula em sua porção anterior com o martelo e
em sua porção posterior com o estribo. O estribo prende-se na janela oval.
Quando o som entra pelo conduto auditivo externo (orelha externa) faz vibrar o
tímpano. Como o martelo está aderido ao tímpano, movimenta-se chocando contra a
bigorna que por sua vez faz o estribo movimentar e estimular as estruturas da janela oval.
A energia mecânica proveniente do som, ao chegar na cóclea é transformada em energia
elétrica e daí segue até o centro responsável pela audição.
O Quadro 4 apresenta os ossículos por meio das Figuras 37 ,38 e 39.

Figura 37 – Martelo Figura 38- Bigorna Figura 39 Estribo

Quadro 4 - Ossículos
Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS

1.6.3.1.4 Hióide
O osso hióide (Fig. 40) merece
destaque por ser um osso que não se
articula com nenhum outro. É osso ímpar.
Tem formato da letra “U” e está suspenso
por ligamentos no processo estiloides dos
ossos temporais. Está localizado logo acima
da laringe. Serve como ponto de fixação
dos músculos da língua e da faringe.

Figura 40 – Osso hióide


Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009) e Moore, Dalley e Agur (2014)

1.6.3.2 Coluna vertebral


A coluna vertebral é formada por ossos que estão posicionados em sequência. Ela
é dividida em cinco regiões que são formadas por ossos que guardam características
físicas idênticas entre eles. Seus ossos recebem o nome genérico de vértebras e somente
a primeira e a segunda vértebras cervicais têm nomes especiais, porém, ainda são mais
conhecidos pelo nome genérico. A primeira vértebra cervical chama-se Atlas e a segunda
Axis (Fig. 41). A Áxis possui um relevo ósseo conhecido por dente ou processo odontóide
que se articula com o Atlas. A primeira vértebra, Atlas, tem esse nome em alusão a um deus
grego (mitologia grega) que era representado pela figura de um homem que sustentava

30
o planeta Terra com as mãos e a
nuca. Assim, o Atlas é representado
pelo processo odontóide do Axis
(cabeça do deus Atlas), suas mãos
são as facetas articulares para o
osso occipital e o planeta Terra é a
cabeça.

Figura 41 – Atlas e Axis (Primeira e segunda vértebras da coluna cervical)


Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009)

A coluna vertebral é dividida em cinco regiões que são:


coluna cervical (7 vértebras), coluna torácica ou dorsal (12
vértebras), coluna lombar (5 vértebras), sacro (5 vértebras) e
cóccix (4 vértebras) (Fig. 42).
As vértebras (nome genérico) são também conhecidos
de forma técnica e didática da seguinte forma: letra inicial
maiúscula da região da coluna onde se encontra seguido do
número que corresponde a posição que a mesma ocupa nessa
região. Assim, como a coluna cervical possui 7 vértebras, elas
são conhecidas como C1, C2, C3, C4, C5, C6, e C7. A posição das
vértebras é sempre de proximal para distal, ou seja, de cranial
para caudal. Desta forma, as vértebras C1 e C2 são o Atlas e o
Axis, respectivamente.
A coluna torácica ou dorsal tem suas 12 vértebras
conhecidas pela inicial “T” (torácica) ou “D” (dorsal) seguida do
número que identifica a posição delas na região. Dessa forma
elas são T1, T2, T3 até T12 ou D1, D2, D3 até D12. A vértebra T1 se
articula com a vértebra C7 e a vértebra T12 se articula com a L1,
ou seja, a primeira vértebra da coluna torácica (T1) se articula Figura 42 – Divisão da coluna
com a última vértebra da coluna cervical (C7) e a última vertebral
vértebra da coluna torácica (T12) se articula com a primeira Fonte: : Adaptado de Martini,
vértebra lombar (L1). Timmons e Tallitsch (2009)
A coluna lombar é formada por cinco vértebras assim conhecidas: L1, L2, L3, L4, L5. Da
mesma forma obedece ao mesmo sentido de proximal para distal.
O sacro é formado por cinco vértebras que se fundiram formando um osso, mas é
possível identificar cada uma. S1, S2, S3, S4, S5 são os nomes de suas vértebras.
O cóccix é a última região da coluna vertebral. É formado por quatro vértebras que
se fundiram em um único osso, mas, a exemplo do sacro, é possível identificar cada uma.
Para diferenciar das vértebras cervicais que também iniciam com a letra C, as vértebras do
cóccix são conhecidas pelas letras “Ccx”. Assim, fica: Ccx1, Ccx2, Ccx3, Ccx4.
Na maioria dos espaços entre as vértebras existe uma estrutura localizada e apoiada
no corpo da vértebra que tem função de amortecer os impactos sofridos. Esta estrutura,
chamada de disco intervertebral, é formada por um tecido conjuntivo envolto por fibras
de colágeno (Fig. 43). No seu interior existem anéis fibrosos e um núcleo pulposo, de
consistência gelationosa, localizado na região central. Nem todos os espaços entre as
vértebras existem disco intervertebral. Entre a primeira e a segunda vértebra cervicais (C1-
C2), entre as vértebras do sacro, entre a quinta vértebra do sacro e a primeira vértebra do
cóccix (S5-Ccx1) e entre as vértebras do cóccix não existem disco intervertebral.

31
Ao contrário do que muitos
possam pensar, a coluna vertebral não
é reta. Ao analisar a coluna vertebral de
frente ou de costas (visão anterior ou
posterior) podemos ter essa errônea
impressão, mas ao analisar a coluna
vertebral de lado constatamos como
são suas curvaturas.
Suas curvaturas normais,
fisiológicas estão localizadas nas
Figura 43 – Anatomia do disco intervertebral regiões da coluna vertebral de forma
Fonte: MOORE, 2014 intercalada. A coluna cervical possui
a curvatura lordose da mesma forma que a coluna lombar. A coluna torácica possui a
curvatura normal chamada cifose da mesma forma que o sacro e o cóccix.
Portanto, lordose e cifose são nomes de curvaturas normais da coluna vertebral. O
que é anormal é o aumento da curvatura (hiperlordose ou hipercifose) ou a diminuição da
curvatura (hipolordose ou hipocifose).

1.6.3.3 Caixa Torácica


A caixa torácica é formada pelos seguintes ossos: esterno, costelas, clavícula, escápulas,
vértebras torácicas (Fig. 44).

O osso esterno é um osso achatado


e alongado. Está localizado ao centro
do tórax. É composto de três partes:
manúbrio, corpo e processo ou apêndice
xifoide. A porção superior do manúbrio
se articula com a extremidade esternal
das duas clavículas. Suas margens laterais
articulam-se com as cartilagens costais
da primeira e da segunda costelas. O
corpo do esterno articula-se nas suas
Figura 44- Caixa Torácica, visão anterior e posterior
margens laterais com com as cartilagens
Fonte: NETTER, 2000. costais da segunda costela (que também
compartilham com o manúbrio) até a sétima costela. O processo xifoide não se articula
com nenhuma costela. Ele serve de ponto de fixação de diversos ligamentos e músculos,
incluindo o músculo reto do abdome.
Uma curiosidade sobre o osso esterno é a forma como é escrito. A segunda letra
deste osso é “S” e não “X”. Externo significa lado de fora e não o nome do osso que, por sua
vez, é “esterno” (Fig. 45).
As costelas são 12 pares totalizando 24. Os primeiros sete pares articulam-se
posteriormente com as vértebras torácicas e anteriormente com o osso esterno por meio
das cartilagens costais. Estas são as costelas verdadeiras ou costelas vertebroesternais. Os
outros cinco pares são chamadas de costelas falsas.
Os primeiros três pares de costelas falsas (oitava, nona e décima) têm suas cartilagens
costais fixadas na cartilagem costal acima delas, são as costelas vertebrocondrais. As

32
cartilagens costais da décima primeira e da décima segunda constelas são curtas e não se
articulam com o osso esterno ou com outra cartilagem costal, são as costelas flutuantes ou
costelas vertebrais.
Assim, os 12 pares de costelas são distribuídas: sete
pares de costelas verdadeiras ou vertebroesternais, cinco
pares de costelas falsas, das quais, três pares são costelas
vertebrocondrais e duas são costelas flutuantes ou costelas
vertebrais (Fig 46). As cartilagens costais são formadas de
cartilagem hialina. Dão resistência ao tórax, servindo de
fixação anterior para a maioria das costelas. Ao mesmo
tempo, pelo fato de serem cartilagens, conferem flexibilidade
à caixa torácica para se expandir durante a inspiração e
retrair durante a expiração.
As clavículas são ossos pares, tem a forma de um “S”.
Figura 45- Osso esterno Possui duas extremidades: uma esternal que se articula
Fonte: NETTER, 2000. com o manúbrio do esterno e uma acromial que se articula
com o acrômio da escápula (Fig. 47).
As escápulas são ossos pares, em formato triangular
(Fig. 48). São delgado e achatado. Encontram-se sobre a
face posterior das costelas, da segunda à sétima. A margem
superior forma a base do triângulo com uma margem
medial (vertebral) e uma lateral (axilar). Sua extremidade
distal é o vértice do triângulo. Chama-se ângulo inferior da
escápula. O ângulo lateral forma a cavidade glenóide que se
articula com o úmero.

Figura 46- Costelas


Fonte: MOORE, 2014

Figura 47- Clavícula


Fonte: NETTER, 2000.

Os membros superiores são divididos em três partes


(Fig. 49). Sua região proximal é chamada braço e tem um
osso único chamado úmero. O úmero articula-se, em sua
região proximal, com a escápula e na sua região distal com a
ulna e o rádio formando o cotovelo.
A porção mediana do membro superior é o antebraço. Esta
Figura 48- Escápula região possui dois ossos: rádio e ulna. A ulna e o rádio se
Fonte: NETTER, 2000
articulam com o úmero em suas regiões proximais e com a
primeira fileira do carpo em suas regiões distais.
Os dois ossos do antebraço, na posição anatômica, estão paralelos. A ulna está
localizada na região medial do antebraço e o rádio na região lateral. Na sua extremidade
proximal, a ulna tem dois proeminentes processos: o maior, posterior, chamado olecrano
e o menor, anterior, chamado processo coronóide. Ela se articula com o úmero por meio
de seu olecrano que faz um “encaixe” quase perfeito na fossa do olecrano que é relevo

33
anatômico da extremidade distal e posterior do úmero.
Entre o rádio e a ulna existe uma membrana fibrosa, muito resistente chamada membrana
interóssea.
Em sua extremidade distal, a ulna é fina com
uma pequena cabeça arredondada chamada processo
estiloide. O processo estiloide da ulna se articula com
a primeira fileira do carpo mas tem um espaço maior
entre eles que permite o movimento de desvio ulnar do
punho em uma amplitude bem maior do que o desvio
radial.
O rádio possui uma extremidade proximal
pequena e cilíndrica que é a cabeça do rádio. A cabeça
do rádio articula-se com o capítulo do úmero e com a
incisura radial da ulna. Devido ao formato da cabeça do
rádio, durante os movimentos de supinação e pronação,
ele “gira” sobre a ulna permitindo esses movimentos.
Na extremidade distal do rádio existe o processo
estiloide que se articula com a primeira fileira do carpo,
mas, diferente da ulna, seu processo estiloide é grande
e resistente e existe espaço bem menor entre ele e a
primeira fileira do carpo.

Figura 49 - Ossos do membro superior


Fonte : Drake, Vogl e Mitchell (2015)

A extremidade distal do membro superior é a mão. A mão divide-se em três partes:


carpo, metacarpo e falanges. O carpo é a região proximal da mão, formada por oito ossos
dispostos em duas fileiras de quatro ossos. Os ossos do carpo são: primeira fileira – escafoide,
semilunar, piramidal e psiforme; segunda fileira – trapézio, trapezoide, capitato e hamato.
A primeira fileira do carpo se articula com o rádio e a ulna da seguinte forma: o escafoide
e o semilunar se articulam com o rádio e o piramidal se articula com a ulna. O psiforme
fica localizado um pouco mais acima. As articulações entre a primeira fileira do carpo e o
rádio e a ulna formam a articulação do punho. A segunda fileira do carpo se articula com
os metacarpos (Figura 50).

Figura 50- Ossos do carpo


Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015)

34
FIQUE ATENTO
Muitos alunos têm dificuldade de aprender os ossos do carpo. Você pode memorizar, inclu-
sive a posição de cada um, com uma dica simples. Os ossos da primeira fileira vamos gravar
apenas as duas primeiras letras de cada nome: ES, SE, PI, PI. Os ossos da segunda fileira va-
mos, memorizar as três primeiras letras: TRA, TRA, CA, HA. Fica mais fácil assim. Dá até para
cantar. A primeira fileira é ES, SE, PI, PI e a segunda é TRA, TRA, CA, HA

Existem cinco metacarpos que recebem o nome da posição que ocupam: primeiro,
segundo, terceiro, quarto e quinto metacarpos. O primeiro metacarpo é o que está do
mesmo lado do polegar que é o primeiro dedo da mão. Os metacarpos se articulam em
sua região proximal com a segunda fileira do carpo e em sua região distal com as falanges
proximais.

FIQUE ATENTO
O primeiro dedo, o polegar, é o dedo mais importante da mão. Este dedo é o único capaz
de fazer o movimento de oponência que consiste em fazê-lo tocar o quinto dedo. O polegar
possui duas falanges: uma proximal e outra distal. Os outros dedos da mão possuem três
falanges cada que são falange proximal, falange medial e falange distal. O termo “falange
medial” se refere à falange que está entre outras duas e, aqui, “medial” não se refere à linha
média (Fig. 51 ).

Em resumo, o membro superior possui 30 ossos


assim distribuídos: braço – um, antebraço – dois;
mão 27 (carpo – oito, metacarpo – cinco e falanges
– 14).

Figura 51: Falanges das mãos


Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015)

35
1.6.3.4 Membro inferior
Os membros inferiores são divididos em coxa, perna e pé (Figura 52). Sua região
proximal, a coxa, possui um único osso chamado fêmur. O fêmur é o maior osso existente
no corpo humano. Articula-se, em sua extremidade proximal, com o ilíaco para formar a
articulação do quadril e em sua região distal com a patela e a tíbia.
A cabeça do fêmur é a sua epífise proximal esférica que é voltada para a região
medial para se articular na fossa do acetábulo do ilíaco. No ponto mais alto da cabeça do
fêmur existe uma depressão chamada fóvea da cabeça do fêmur de onde o ligamento
teres major emerge para “prendê-la” no fundo do acetábulo.
Abaixo da cabeça do fêmur existe uma região estreitada chamada colo do fêmur. No
ponto onde o colo do fêmur “encontra” com o corpo do osso há dois processos: um grande
chamado trocânter maior e um pequeno, trocânter menor.
Na extremidade distal do fêmur existem relevos alargados que são os côndilos lateral
(mais distante da linha média) e o medial (mais próximo da linha média). Os côndilos do
fêmur se articulam com a tíbia. Na região ântero inferior entre os côndilos há um ponto
liso (face patelar) onde a patela se articula na extensão do joelho. Na região póstero inferior
há uma fossa profunda chamada fossa intercondiliana ou intercondilar (que está entre os
côndilos).
A perna possui três ossos: patela, tíbia e fíbula. A patela é um osso sesamóide e está
localizado, na verdade, entre a coxa e a perna. Tíbia e fíbula são os ossos próprios da perna.
A tíbia é um osso longo, robusto e está localizado na região ântero medial da perna e a
fíbula é osso longo, porém fino e está localizado na região lateral da perna.
A tíbia suporta o peso corporal
que é transmitido a ela pelo fêmur. Sua
extremidade proximal é alargada em
côndilos lateral e medial. As superfícies
superiores dos côndilos são achatadas e
irregulares em sua região central. Essa
região é conhecida como Plateau (ou platô)
tibial. Ela se articula com a extremidade
distal dos côndilos do fêmur. Sobre as
bordas do plateau tibial estão localizados os
meniscos que servem como uma espécie
de amortecedor para os impactos sofridos
pelo joelho. Na região anterior, um pouco
abaixo da extremidade proximal existe uma
tuberosidade chamada tuberosidade tibial
Figura 52 -Ossos do Membro Inferior (a) e do pé (b)
Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015)
ou tuberosidade da tíbia onde o tendão

patelar se insere. O tendão patelar é prolongamento do tendão do quadríceps que é um


grupamento muscular da região anterior da coxa. Ainda na região anterior, em uma área
conhecida popularmente por “canela”, existe uma margem que se estende por quase todo
o corpo do osso. Esta região é chamada de crista ou espinha da tíbia. Na extremidade distal
da tíbia existe o maléolo medial ou maléolo da tíbia. A face distal da tíbia é achatada par se
articular como o tálus (primeiro osso do tarso).
A fíbula é osso fino localizado na região lateral da perna. Sua extremidade proximal,

36
cabeça, se articula com o côndilo lateral da tíbia. Em sua extremidade distal, existe o maléolo
lateral ou maléolo da fíbula que se articula com a extremidade distal da tíbia e com o tálus.
Os maléolos medial (tíbia) e lateral (fíbula) e a face distal da tíbia se articulam com o tálus
e formam a articulação tíbio társica ou talocrural (tornozelo).
Embora seja muito fino, a fíbula tem papel fundamental. Serve como ponto de
ancoragem do ligamento colateral lateral do joelho, fixação de tendões de músculos e
forma a articulação do tornozelo juntamente com a tíbia e o tálus. Entre a tíbia e a fíbula
existe uma membrana fibrosa, densa, muito resistente, chamada membrana interóssea.
A extremidade distal do membro inferior é o pé. O pé é dividido em três partes: tarso,
metatarso e falanges. O tarso é uma região formado por sete ossos. O primeiro osso do
tarso chama-se tálus. Articula-se em sua região proximal com a tíbia e a fíbula e, em sua
região distal com o calcâneo (segundo osso do tarso).
O calcâneo forma o proeminente osso do calcanhar. Ele se articula com o navicular
e com o cubóideo. O osso navicular está localizado na região medial, enquanto o cubóideo
está localizado na região lateral. O navicular se articula com os três cuneiformes e o cubóideo
com o quinto metatarso.
Os três ossos cuneiformes (em forma de cone) são cuneiforme medial (mais próximo
da linha média), cuneiforme intermédio (entre os outros dois) e cuneiforme lateral (mais
distante da linha média). Assim, os ossos do tarso são sete: tálus, calcâneo, navicular,
cubóideo, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral.
Os metatarsos são em número de cinco. Recebem o nome da posição que se
encontram: primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto metatarsos. O primeiro metatarso
é o osso que está do mesmo lado que o hállux (primeiro dedo do pé).

1.6.3.4.1 Cingulos
O corpo humano possui dois cíngulos ou cinturas que são as cinturas escapular e
pélvica. A cintura escapular está localizada na região superior do tórax. É formada pelos
ossos clavícula, escápula e úmero. A cintura é uma linha imaginária que interliga as duas
articulações dos ombros.
A cintura pélvica é formada pelos ossos fémur, ilíaco e sacro. Assim como a cintura
escapular, a cintura pélvica é uma linha imaginária que interliga as articulações dos quadris.
Os humanos, devido sua condição bípede e postura ereta, adotam padrões de
marcha que são facilitados e melhorados pelas cinturas. Durante a marcha, exercemos
o que chamamos de dissociação das cinturas. A cintura escapular gira para um lado
enquanto que a cintura pélvica gira para o outro. Assim, quando o membro inferior
direito é posicionado a frente do corpo, o membro superior esquerdo o “acompanha” em
movimento coordenado e, quando o membro inferior esquerdo é posicionado a frente o
membro superior direito é quem faz o mesmo movimento. O ato de balançar os braços
de forma rítmica e coordenada com os membros inferiores permite ao ser humano uma
marcha mais eficiente com mais desenvoltura e independência.

37
Figura 53 - Cintura Escapular Figura 54- Cintura Pélvica
Fonte: Adaptado de Netter (2014) Disponível em: https://bit.ly/3y0ATlF . Acesso em: 12 maio 2020.

1.7 SISTEMA MUSCULAR


O Sistema muscular é o conjunto de órgãos denominados músculos dotados
da capacidade de diminuir o seu comprimento (contração) e retornar à posição inicial
(relaxamento). Os músculos determinam toda a dinâmica do corpo humano, desde o
deslocamento dos ossos até o trânsito intestinal.
Kura e Spassim (2013) definiram o sistema muscular como um conjunto constituídos
por três tipos de tecidos musculares que formam os músculos esqueléticos, liso e cardíaco.
Anatomicamente, os músculos são definidos como estruturas que apresentam capacidade
de se contrair quando estimulados. O termo miologia (mio = músculo; logia = estudo) é
utilizado para definir o estudo dos músculos.
A função dos músculos é dependente de sua localização. A ação muscular é o
resultado da ação das células musculares individuais e no conjunto com outras. As células
musculares são as que melhor exibem a propriedade da contratilidade. Como resultado,
as células musculares são importantes em atividades tais como movimento de várias
partes do corpo, propulsão de materiais através do corpo e a expulsão de resíduos. Além
disto, a contração dos músculos produz calor que pode ser usado para a manutenção da
temperatura corporal.

FIQUE ATENTO
O tecido muscular constitui cerca da metade do peso total do corpo humano e, por causa
de suas muitas funções, contribui para a manutenção da homeostase.

O corpo humano é dotado de três tipos de músculos: músculo estriado esquelético,


músculo estriado cardíaco e músculo liso.

38
1.7.1 Músculo Estriado Esquelético

Os músculos estriados esqueléticos encontram-se revestindo o esqueleto. São de


contração voluntária, ou seja, estão sob o controle consciente do indivíduo. Entretanto, sob
diversas condições, as contrações desses músculos não requerem um propósito consciente.
Por exemplo, uma pessoa usualmente não tem que pensar na contração dos músculos
envolvidos na manutenção da postura. De qualquer forma, a ação melhor entendida para
esse tipo de músculo é, de fato a voluntária; se o indivíduo quiser andar, seus músculos
contrairão de forma a permitir todo o complexo movimento da marcha.
Nas diversas situações do dia a dia, é pouco provável ou mesmo quase impossível
que apenas um único músculo estriado esquelético seja “recrutado” para desenvolver um
movimento. O movimento corporal, por mais simples que seja até os mais complexos é um
somatório de ações de vários músculos esqueléticos, ao mesmo tempo.
Macroscopicamente o músculo estriado esquelético possui elementos distintos e
facilmente identificados. O músculo é formado por uma parte central vermelha chamada
de ventre muscular, que está posicionada entre dois ou mais tendões que são estruturas
esbranquiçadas que fixam o músculo ao osso. O ventre muscular é a parte contrátil e o
tendão é a parte que tem elasticidade baixa e uma resistência muito alta.

FIQUE ATENTO
A fixação do músculo ao osso é feita pelas suas extremidades por meio dos tendões de
origem e de inserção. O tendão de origem estará fixando o músculo ao osso em sua parte
inicial, ou seja, que não apresentará movimento, já o tendão de inserção estará fixando o
músculo ao osso, em sua parte final. A contração muscular é a aproximação do ponto de
inserção ao ponto de origem. Logo, o tendão de inserção fixa o músculo no osso que está
no segmento que será movimentado em função da contração daquele músculo. Assim,
quando um músculo estriado esquelético se contrai ele se encurta e “puxa” seu ponto de
inserção, promovendo o movimento.

Cada músculo estriado esquelético


é composto de numerosas células
musculares individuais, chamadas fibras
musculares. As fibras musculares estão
mantidas unidas por delgadas bainhas de
membranas de tecido conjuntivo chamada
fáscias. Epimísio é a fáscia que envolve
o músculo. A fáscia também penetra o
músculo, separando as fibras musculares
em feixes chamados fascículos. Esta fáscia
Figura 55: Estrutura de um músculo esquelético
é o perimísio. Extensões muito delgadas da
Fonte: NETTER (2000)
fáscia, chamadas de endomísio, envolvem
a membrana celular de cada fibra muscular (Figura 55). Os vasos sanguíneos e os nervos
passam no músculo com as bainhas de fáscia para alcançar cada célula muscular.

39
1.7.1.1 Anatomia microscópica do músculo estriado esquelético
Quando observados ao microscópio, os músculos esqueléticos possuem bandas
transversas alternadamente claras e escuras dando-lhes um aspecto de estrias, daí serem
chamados de estriados.
Na análise do músculo esquelético ao microscópio observa-se que as fibras
musculares têm uma estrutura subcelular regular. As fibras musculares esqueléticas
são multinucleadas com aproximadamente 10 a 100 micra de diâmetro e com muitos
centímetros de comprimento. Cada fibra contém desde várias centenas até vários
milhares de estruturas regularmente dispostas, chamadas de miofibrilas que se estendem
ao longo do comprimento da célula. Quando as miofibrilas estão aumentadas, parecem
ser estriadas transversalmente, pela presença de faixas alternadamente claras e escuras.
As faixas escuras são chamadas anisotrópicas ou Banda A; as faixas claras são chamadas
isotrópicas ou Banda I. Atravessando o centro tem-se uma densa linha Z que dividem
as miofibrilas numa série de segmentos repetitivos chamados sarcômeros. No centro do
sarcômero encontra-se uma região pouco menos densa, referida como Banda H. Uma fina
e escura Banda M atravessa o centro da Banda H.
O sarcômero possui dois tipos distintos de miofilamentos posicionados
longitudinalmente; filamentos grossos e filamentos finos. Tantos os filamentos grossos
como os delgados são compostos de proteínas. Os filamentos grossos consistem de uma
proteína chamada miosina. Uma molécula de miosina é formada por duas subunidades
idênticas. As duas subunidades estão fortemente enroladas uma na outra de tal forma
que a molécula completa de miosina apresenta duas fileiras de cabeças bulbosas fazendo
saliência numa extremidade da haste reta. Um filamento grosso contém aproximadamente
200 moléculas de miosina arranjadas de tal maneira que as hastes das moléculas estão
enfeixadas juntas com as cabeças formando as pontes cruzadas voltadas para fora.
As moléculas de miosina se orientam em direções opostas, de cada lado do centro do
filamento grosso, com as hastes das moléculas diretamente dirigidas para o centro.
Os filamentos finos dos sarcômeros
são compostos pelas proteínas actina,
tropomiosina e troponina. A porção
actina do filamento delgado é composta
de subunidades esféricas ou globulares
de actina chamada actina-G (de actina
globular). Estas subunidades de actina-G
estão organizadas numa dupla cadeia de
actina-F (de actina fibrosa). A estrutura da
actina-F relembra duas cadeias de pérolas
enroladas uma na outra em espiral, com
cada pérola equivalendo a uma subunidade
de actina-G. Embora as subunidades de
Figura 56: Sarcômero actina-G sejam esféricas, elas têm uma
Fonte: MOORE (2014) polaridade definida e prendem-se uma
na outra da frente para trás. Associada com cada cadeia de subunidades de actina-G
encontram-se as moléculas filiformes de tropomiosina. As moléculas de tropomiosina
alinham-se ponta a ponta ao longa da superfície das cadeias de actina, e cada molécula
de tropomiosina cobre aproximadamente sete subunidades de actina-G.

40
1.7.1.2 Contratação do músculo estriado esquelético
Os músculos estriados esqueléticos são músculos de contração voluntária que
requerem estimulação do sistema nervoso para se contrair. Os neurônios (célula nervosa)
que suprem as fibras musculares esqueléticas são chamados neurônios motores. As
terminações desses neurônios motores aproximam-se das membranas das células
musculares esqueléticas em pontos especializados chamados junções neuromusculares
ou mioneurais.

FIQUE ATENTO
Quando um impulso nervoso alcança uma junção neuromuscular, um neurotransmissor
químico chamado acetilcolina é liberado nas ramificações terminais do neurônio. A ace-
tilcolina causa mudança na permeabilidade da membrana da célula muscular na junção
neuromuscular. Da membrana plasmática, o impulso passa ao longo dos túbulos T para o
interior da célula e transmite o impulso nas áreas centrais da célula muscular. Os túbulos T
ajudam a assegurar a resposta uniforme, coordenada da célula. Como o impulso se espalha
através da célula pelos túbulos T, ele pode afetar o retículo sarcoplasmático, já que, na área
da tríade, os túbulos T e o retículo sarcoplasmático estão intimamente aproxi-
mados um do outro. A chegada do impulso estimulador resulta na liberação
temporária de íons cálcio do retículo nas cisternas terminais. A liberação de
íons cálcio do retículo sarcoplasmático inicia a contração muscular
Disponível em: https://bit.ly/36TilYj . Acesso em: 22 maio 2020.

A contração muscular requer energia. A energia é fornecida por um composto


chamado adenosina trifosfato (ATP) – substância produzida pelas células e largamente
usada por elas numa variedade de processos que requerem gasto de energia. Quando o
ATP é “quebrado” em adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico, libera-se energia. É
esta energia que é usada par suprir as atividades celulares que requerem energia, tal como
a contração muscular.
Os eventos celulares de contração muscular ocorrem da seguinte forma: numa célula
muscular em repouso, com adequado suprimento de ATP, uma molécula de ATP liga-se à
cabeça de uma molécula de miosina. A molécula de miosina é capaz de desenvolver uma
atividade enzimática e quebra o ATP em ADP. A energia liberada nesta ação é transferida
para a miosina, produzindo uma forma de miosina altamente energizada.
Guyton, Hall (2017) afirmaram que além do local para ligação do ATP, a cabeça da
molécula de miosina tem um outro sítio ativo que pode ligar-se a um sítio complementar
de uma subunidade de actina do filamento delgado. A miosina altamente energizada tem
uma forte tendência para ligar-se à actina. Numa fibra muscular relaxada, não estimulada,
entretanto, esta ligação é impedida pela tropomiosina, que se situa ao longo da superfície
da actina e bloqueia fisicamente a interação entre a miosina altamente energizada e as
subunidades de actina. Entretanto, a fibra muscular quando estimulada, os íons cálcio
são liberados do retículo sarcoplasmático e ligam-se às moléculas de troponina que estão
presas tanto à troponina como à actina. Esta ligação dos íons cálcio à troponina enfraquece
a ligação entre a troponina e a actina. Isso permite à tropomiosina mover-se para longe
da posição de bloqueio. Com a tropomiosina “fora do caminho”, a miosina altamente
energizada pode ligar-se com as subunidades de actina-G”.

41
Quando a miosina energizada se combina com a subunidade de actina, sua energia
é descarregada. Esta descarga de energia produz uma força que faz com que a cabeça
da miosina (ponte cruzada) que está ligada à actina sofra uma rotação de tal forma que
o filamento que contém a actina é puxado para o centro do sarcômero. Após numerosas
repetições deste processo, o filamento delgado é puxado além do filamento grosso, as
linhas Z do sarcômero se aproximam uma da outra e a célula muscular encurta.
A liberação de cálcio devido ao estímulo temporário e os íons ficam, na verdade, livres
por período muito curto. Logo após sua liberação, os íons cálcio são rapidamente recolhidos
pelo retículo sarcoplasmático. Com o retorno dos íons cálcio ao retículo sarcoplasmático, a
troponina reforça sua conexão com a actina, empurrando a tropomiosina novamente para
sua posição de bloqueio de modo que não seja mais possível a interação entre a miosina
altamente energizada e a actina. Isto faz com que os miofilamentos retornem à sua posição
original e o músculo relaxa.

1.7.2 Músculo Estriado Cardíaco


O músculo estriado cardíaco, miocárdio (Figura 57), é uma das paredes do coração.
Localiza-se entre o epicárdio e o endocárdio. Ele é constituído por músculo estriado cardíaco
e consiste em feixes entrelaçados de células imersas em tecido conjuntivo altamente
vascularizado.
O músculo estriado cardíaco é de contração
involuntária. Encontra-se revestindo a
parede média do coração. Suas células são
mononucleadas, têm estriação transversal
e possuem filamentos grossos contendo
miosina e filamentos delgados contendo
actina que são arranjados em sarcômeros
regularmente ordenados e miofibrilas.

Figura 57: Músculo Estriado Cardíaco


Fonte: HANSEN; LAMBERT (2007)

FIQUE ATENTO
Os eventos contráteis básicos que ocorrem nas células musculares cardíacas são semelhan-
tes àqueles que ocorrem nas células musculares estriadas esqueléticas. Entretanto, as célu-
las musculares cardíacas têm túbulos T mais largos e um retículo sarcoplasmático menos
desenvolvido que as células musculares esqueléticas.

As células do músculo estriado cardíaco são menores e estão unidas entre si por
detalhes da membrana plasmática chamadas de discos intercalares. Graças aos discos
intercalares, um estímulo recebido em uma região do coração é transmitido a todas as
células musculares estriadas cardíacas, levando todo o coração a se contrair.
A frequência cardíaca é a quantidade de vezes que o músculo contrai em um minuto.
A frequência pode variar de acordo com as condições do corpo, tipo de atividade física,
situações de estresse físico e emocional e em condições desfavoráveis de saúde.

42
1.7.3 Músculo Liso

Os músculos lisos são de contração involuntária. Encontram-se revestindo as paredes


de vasos, órgãos, vísceras, glândulas. As fibras musculares lisas são mononucleadas, com
forma de fuso e são menores do que as fibras musculares esqueléticas. As fibras musculares
lisas não desempenham atividade anaeróbica tão bem como as fibras musculares estriadas
esqueléticas porque sua estrutura não é tão desenvolvida como a das fibras musculares
esqueléticas.
As fibras musculares lisas possuem filamentos grossos que contêm miosina e
filamentos delgados que contêm actina e tropomiosina. Entretanto, os filamentos não
estão organizados em sarcômeros regularmente ordenados. As fibras musculares lisas não
possuem estrias. Os músculos lisos produzem os movimentos das pontes cruzadas entre
miosina e actina para gerar força e, geralmente se acredita que a contração do músculo
liso ocorra por um mecanismo de deslizamento de filamentos similares ao dos músculos
esqueléticos.
Os músculos lisos apresentam externamente uma camada de glicocálix. Seu
sarcolema tem um grande número de vesículas de pinocitose, enquanto que no
sarcoplasma encontram-se mitocôndrias, retículo endoplasmático rugoso, grânulos de
glicogênio e aparelho de Golgi pouco desenvolvido, além da presença de miofilamentos
de actina e miosina dispostos em uma trama tridimensional e não organizados como nas
fibras musculares estriadas.

FIQUE ATENTO
O músculo liso pode ser dividido em dois tipos: músculo liso multiunitário e músculo liso uni-
tário. O músculo liso multiunitário é composto por fibras musculares separadas e discretas,
que se contraem independentemente das outras, exemplo: músculo ciliar dos olhos, mús-
culos piloeretores. Os músculos lisos unitários são milhares de fibras musculares lisas que
se contraem juntas. São ligadas por muitas junções comunicantes dos quais os íons fluem
livremente de uma célula para outra, exemplo: músculos das paredes da maioria das vísce-
ras do corpo incluindo o intestino, músculos das paredes dos ductos biliares, músculos nas
paredes dos ureteres, do útero, etc.

As fibras musculares lisas, além da capacidade contrátil, podem sintetizar fibras


colágenas, elásticas e proteoglicanas, neste caso seu reticulo endoplasmático rugoso é
bem desenvolvido. O músculo é inervado pelo sistema nervoso autônomo simpático
e parassimpático e não possui placas motoras. Os axônios formam dilatações no tecido
conjuntivo localizado entre as fibras musculares lisas.

43
GLOSSÁRIO
• Abdome – Região do tronco localizada entre o músculo diafragma e a pelve
• Anatomia – Ciência que estuda o corpo humano em suas diversas partes separadas e no
conjunto delas. Também é objeto de estudo da anatomia a inter-relação existente entre as
diversas estruturas do corpo humano.
• Antebraço – Segmento do membro superior localizado entre o cotovelo e o punho.
• Braço – Segmento do membro superior localizado entre o ombro e o cotovelo.
• Carpo – Região da mão formada por oito ossos
• Caudal – Parte inferior do corpo ou em direção para baixo.
• Célula – Menores unidades estruturais e funcionais básicas do corpo humano.
• Coxa – Segmento do membro inferior localizado entre o quadril e o joelho.
• Cranial – Parte superior do corpo ou em direção para cima.
• Distal – Diz-se da estrutura que está mais distante da cabeça.
• Ectoderme – Folheto embrionário. Forma o tegumento do corpo e o sistema nervoso.
• Endoderme – Folheto embrionário. Forma o revestimento interno do tubo digestório e das
estruturas associadas.
• Linha média – Linha imaginária que passa exatamente ao centro do corpo, no sentido
crânio caudal. Inicia-se no ponto mais alto da cabeça, segue pelo centro da face, tórax,
abdome, pelve e prolonga-se até o chão. Divide o corpo humano em dois lados (direito e
esquerdo) parecidos, não idênticos.
• Medial – Diz-se da estrutura que está mais próxima da linha média ou linha mediana.
• Mesoderme – Folheto embrionário. Forma o esqueleto e os músculos do corpo.
• Tarso – Região do pé formada por sete ossos.
• Tórax – Região superior do tronco até o músculo diafragma.
• Perna – Segmento do membro inferior localizado entre o joelho e o pé.
• Posição anatômica – É a posição do corpo humano para ser estudado. Consiste em: corpo
humano posicionado em decúbito dorsal (barriga para cima), membros superiores esten-
didos ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas para cima, membros inferiores
estendidos ao longo do corpo com tornozelos e pés em posição neutra.
• Proximal – Diz-se da estrutura que está mais próxima da cabeça
• Tecido – Estrutura formada por um conjunto de células similares quanto à estrutura, fun-
cionamento e origem embrionária, e que são mantidas juntas por quantidade variável de
material intercelular.
• Camada córnea – Camada mais externa da epiderme
• Camada germinativa – Camada mais interna da epiderme.
• Camada granulosa – Camada da epiderme localizada acima da camada germinativa.
• Camada papilar – Camada da derme.
• Camada reticular – Camada da derme.
• Camada transparente ou lúcida – Camada da epiderme localizada acima da camada
granulosa.
• Córtex do pêlo – Estrutura do pêlo envolve a medula do pêlo. É formado de células quera-
tinizadas fortemente comprimidas
• Derme – Camada da pele que se localiza abaixo da camada germinativa da epiderme.
• Desmossomo – Estrutura compartilhada entre as células que tem a função de fazer a jun-
ção entre elas. O desmossomo (desmos –ligação e soma – corpo) é formado por proteínas.
• Distensibilidade – Propriedade da pele. Capacidade da pele de se distender, inchar, au-
mentar, crescer para vários lados.

44
GLOSSÁRIO
• Epiderme – Camada superficial da pele.
• Eponíquo ou cutícula – Prega da epiderme que se estende sobre a superfície livre.
• Fâneros – Estrutura acessória da pele. São os cabelos, pêlos e unhas.
• Folículo piloso – Estrutura que dá origem ao pêlo.
• Glandula apócrina – Tipo de glândula exócrina que elimina sua secreção com porções do
citoplasma.
• Glândula holócrina – Tipo de glândula exócrina que elimina toda célula com sua secreção.
• Glândula merócrina – Tipo de glândula exócrina. Sua secreção é liberada sem perda do
citoplasma.
• Glândulas sebáceas – Glândulas responsáveis pela formação e excreção do sebo que é
uma secreção oleosa e rica em lipídeos com função de lubrificar pele e pêlos evitando o
ressecamento.
• Glândulas sudoríparas – Glândulas responsáveis pela formação e excreção do suor
• Haste do pêlo – Região do pêlo que se desenvolve a partir da matriz
• Hipoderme – Camada de tecido subcutâneo formado por tecido adiposo.
• Hiponíquo – Camada córnea que se espessa. Está localizado abaixo da ponta da unha.
• Leito da unha – Região formada por células germinativas. É onde a unha está posicionada.
• Lúnula – camada espessada abaixo da extremidade proximal da unha, esbranquiçada,
com forma de meia lua.
• Matriz da unha – É a região espessada da camada germinativa.
• Matriz do pêlo – É formada por células mitoticamente ativas que recobrem a papila e a
raiz do pêlo.
• Medula do pêlo – É o núcleo central da haste do pêlo que consiste de células corneificadas
dispostas em espaços aéreos entre elas
• Melanina – Proteína que tem ação como pigmento. Responsável pela cor dos olhos, cabe-
los e da pele. É secretada pelos melanócitos.
• Melanócito – Célula que secreta a melanina.
• Pele – Estrutura principal do sistema tegumentar, estrutura de revestimento do corpo hu-
mano.
• Sistema Tegumentar – Conjunto de estruturas que formam o revestimento externo do cor-
po humano.
• Unha – Junção das duas camadas mais externas da epiderme (córnea e transparente) e
intensamente corneificadas.
• Acidente anatômico – Todo detalhe localizado na superfície de todos os ossos. Pode ser
forames (buraco) saliências, protuberâncias, pontas, extremidades, etc.
• Aparelho locomotor – Conjunto de todas as estruturas envolvidas na locomoção humana.
• Apêndice xifoide – Mesmo que processo xifoide.
• Atlas – Primeira vértebra da coluna cervical.
• Axis – Segunda vértebra da coluna cervical.
• Caixa torácica – Estrutura formada por ossos e músculos. É o arcabouço da cavidade torá-
cica. Protege as estruturas anatômicas que estão localizadas em seu interior.
• Canal de Havers – Canal central do sistema haversiano.
• Canal de Volkmann – Canais por onde passam os vasos sanguíneos para alcançarem os
canais centrais dos osteônios.
• Cartilagem costal – Cartilagem que “une” costelas com o esterno.
• Cavidade medular – Espaço onde se localiza a medula óssea.

45
GLOSSÁRIO
• Cavidade torácica – Espaço formado pela caixa torácica.
• Canal perfurante – Mesmo que Canal de Volkmann.
• Cifose – Curvatura normal da coluna vertebral localizada na coluna torácica, no sacro e no
cóccix.
• Cíngulo – Mesmo que cintura.
• Cintura escapular – Linha imaginária que “une” os dois ombros.
• Cintura pélvica – Linha imaginária que “une” os dois quadris.
• Costelas vertebrais – São também chamadas de costelas flutuantes porque não se articu-
lam com o esterno. São a décima primeira e a décima segunda costelas.
• Costelas vértebrocondrais – São também chamadas de costelas falsas. Suas cartilagens
costais são fixadas na cartilagem costal acima. São as costelas oitava, nona e décima.
• Costelas vertebroesternais – São chamadas também de costelas verdadeiras. Costelas
que se articulam com as vértebras torácicas e diretamente com o esterno. São as sete pri-
meiras costelas.
• Desvio radial – Movimento de inclinação do punho em direção ao rádio.
• Desvio ulnar – Movimento de inclinação do punho em direção à ulna.
• Diáfise – Parte central do osso longo. É localizada entre as fises ósseas
• Disco intervertebral – Estrutura formada por tecido conjuntivo envolto por fibras de co-
lágeno. No seu interior existem anéis fibrosos e um núcleo pulposo, de consistência gela-
tionosa, localizado na região central. Tem função de amortecer os impactos sofridos na
coluna vertebral.

46
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Em qual posição o corpo humano deve estar para ser estudado?

a) Sentado.
b) Deitado de lado.
c) Inclinado.
d) Posição confortável.
e) Posição anatômica.

2. O termo medial se refere a:

a) estruturas que estão mais próximas da cabeça.


b) estruturas que estão mais distantes da cabeça.
c) estruturas que estão na parte superior do corpo.
d) estruturas que estão mais próximos da linha média.
e) estruturas que estão mais distantes da linha média.

3. A coloração da pele é dada por um pigmento principal. Qual é o nome dele?

a) Melanina.
b) Melanócito.
c) Actina.
d) Miosina.
e) Glutamina.

4. Alguns anatomistas se dividem em considerar a hipoderme como camada da pele, mas


na verdade ela é:

a) terceira camada da pele.


b) segunda camada da pele.
c) tecido subcutâneo.
d) tecido glandular.
e) estrutura de transição entre a primeira e a segunda camadas.

5. Quais são as camadas do osso?

a) Periósteo e endósteo.
b) Periósteo e trabécula.
c) Períósteo e esponjoso.
d) Trabécula e endósteo.
e) Endósteo e esponjoso.

6. Como se divide os ossos longos?

47
a)Fise proximal, diáfise e fise distal.
b) Cabeça e corpo.
c) Fise e corpo.
d) Cabeça e fise.
e) Região proximal e região distal.

7. Quais são as paredes do coração?

a) Endocárdio, miocárdio e epicárdio.


b) Endocárdio, miocárdio e pericárdio.
c) Endocárdio e miocárdio.
d) Endocárdio, e pericárdio.
e) Endocárdio, epicárdio e pericárdio.

8. Que estrutura separa os dois átrios dos dois ventrículos?

a) Septo interatrial.
b) Septo interventricular.
c) Septo atrioventricular.
d) Septo do nodo sinoatrial.
e) Septo de purkinge.

48
02
UNIDADE
SISTEMA CIRCULATÓRIO

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2.1 INTRODUÇÃO
O Sistema circulatório é também conhecido como sistema cardiovascular. É formado
pelo coração, vasos sanguíneos e capilares. Tem a função de permitir que o sangue circule
por todo o corpo levando nutrientes às células e trazendo gás carbônico para ser eliminado
pela expiração.
Devido as condições anatômicas e funcionais, o sistema circulatório é interdependente
do sistema respiratório. A disfunção de um pode ser muito prejudicial ao outro. Por este
motivo, a Unidade 3 abordará sobre o sistema respiratório, mas, para ficar um texto mais
fluido, conexões entre os dois sistemas serão citadas nesse capitulo.
O coração é o órgão vital do sistema circulatório. Tudo se inicia e termina nele.
Graças ao coração o sangue segue seu curso nos vasos e cumpre sua função. Mas, de nada
adiantaria um coração para impulsionar o sangue se não existissem os vasos sanguíneos
para funcionar como uma “via expressa” para passagem do sangue, ou seja, mesmo
concordando que o coração, por ser o órgão impulsionador da circulação samguínea, possa
ser considerado como a principal estrutura, reconhecemos a grande relevância dos vasos
sanguíneos. Desse modo, um sem o outro provocaria uma anormalidade incompatível
com a vida.

2.2 CORAÇÃO

Hansen e Lambert (2007) afirmaram que o coração


é uma bomba contráctil propulsora de sangue. Tem
a forma aproximada de um cone, apresentando
uma base, um ápice e face esternocostal, diafrag-
mática e pulmonar. Situa-se na cavidade torácica,
atrás do osso esterno, acima do músculo diafragma,
no espaço compreendido entre os dois sacos pleu-
rais (mediastino). Sua maior parte está à esquerda
da linha média.
As paredes do coração são constituídas por três camadas distintas. A mais externa é
o epicárdio. A camada média é a mais espessa e é formada pelo miocárdio. A camada mais
interna é o endocárdio, já demonstrado na Figura 58.
Envolvendo toda estrutura do coração existe um saco seroso de tecido conjuntivo
fibroso que o protege e o separa dos outros órgãos do mediastino. Essa estrutura é o
pericárdio. Em seu interior contém líquido com finalidade de proteger o coração contra
atritos durante as movimentações das contrações.
O coração é dividido em quatro compartimentos ou câmaras ou cavidades. Duas
superiores (átrios) e duas inferiores (ventrículos).

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Figura 59: Cavidades cardíacas
Figura 58 : Pericárdio Fonte: Hansen e Lambert (2007)
Fonte: Netter (2000)

2.2.1 Posição do coração


O coração adulto é um órgão em forma de cone (como já foi dito no início do capítulo).
Tem o tamanho aproximado de uma mão fechada do mesmo indivíduo. Suas dimensões
são aproximadamente: 12 cm de comprimento, 9 cm de largura (na base). No homem
adulto o coração pesa 280 a 340 g e na mulher adulta o peso é de 230 a 280 g.
A base do coração está voltada para cima, para trás e para a direita, ao nível da segunda
e terceira costelas. Está formada principalmente pelo átrio esquerdo, parte do átrio direito
e a porção proximal dos grandes vasos que penetram pela parede posterior do coração.
Da base, o coração projeta-se para baixo, para frente e para a esquerda, terminando em
um ápice arredondado que ocupa o quinto espaço intercostal esquerdo, cerca de 8 cm
da linha medioesternal. A face diafragmática se localiza entre a base e o ápice, e repousa
sobre o músculo diafragma. Ela envolve os ventrículos direito e esquerdo. A face anterior
do coração, formada principalmente pelo ventrículo e átrio direitos é denominada face
esternocostal.
A margem superior do coração é
formada pelos átrios e é a região por onde
os grandes vasos entram no coração. A
margem inferior se localiza por trás da
porção inferior do esterno e se estende até
o quinto espaço intercostal esquerdo onde
termina no ápice. Está formada, em sua
maior parte, pelo ventrículo direito e uma
pequena porção do ventrículo esquerdo
ao nível do ápice. A margem direita do
Figura 60: Margens do coração coração é formada pelo átrio direito e se
Fonte: Hansen e Lambert (2007) localiza cerca de 2,5 cm à direita do osso

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esterno. A margem esquerda apresenta-se constituída principalmente pelo ventrículo
esquerdo, com o átrio esquerdo formando a sua porção superior. Ela ocupa o espaço até
o ápice, situando-se ao nível da junção da segunda costela esquerda com a respectiva
cartilagem costal.

2.2.2 Septos e valvas cardíacas


Os septos separam o coração nos quatro compartimentos ou câmaras. O septo
interatrial separa os átrios direito e esquerdo; o septo inteventricular separa o ventrículo
direito do ventrículo esquerdo e o septo atrioventricular separa os átrios dos ventrículos.
Os septos funcionam como uma parede, barreira para a passagem do sangue. Os septos
interatrial e interventricular tem função extraordinária: impedem que o sangue que está
do lado direito do coração se misture ao sangue do lado esquerdo e o septo atrioventricular
fixa as valvas cardíacas para controlar a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos.

No lado direito do septo atrioventricular


existe a valva tricúspide que comunica o átrio
direito com o ventrículo direito. No lado esquerdo
do septo atrioventricular existe a valva bicúspide
ou mitral que comunica o átrio esquerdo com o
ventrículo esquerdo.
As valvas garantem o fluxo sanguíneo em
uma única direção, dos átrios para os ventrículos
e impedem o retorno.
Emergindo do ventrículo direito, na região
superior do coração existe a valva pulmonar
que controla a saída do sangue do ventrículo
direito para o tronco pulmonar. Do outro lado,
Figura 61: Septos e Valvas Cardíacas emergindo do ventrículo esquerdo, na região
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)
superior do coração existe a valva aórtica que
controla a saída do sangue do ventrículo esquerdo para a artéria aorta.
Embora os ventrículos sejam compartimentos localizados abaixo dos átrios, próximos
do ápice do coração, os vasos sanguíneos que emergem deles “saem” por cima pois “usam”
a estrutura do septo interventricular e
interatrial para ascenderem até a base
do coração (parte superior).
As quatro valvas cardíacas
têm funcionamento em pares: as
valvas atrioventriculares (tricúspide
e bicúspide) têm o mesmo
funcionamento, porém em tempos
distintos das valvas pulmonar e aórtica
que tem o mesmo funcionamento
entre elas. Dessa forma temos: valvas
tricúspide e bicúspide abertas – valvas
pulmonar e aórtica fechadas; valvas
tricúspide e bicúspide fechadas – valvas Figura 62 : Valvas cardíacas
pulmonar e aórtica abertas. Disponível em: https://bit.ly/3y04dIM . Acesso em: 22 maio 2020.

52
2.2.3 Vasos sanguíneos que chegam e que saem do coração
O sangue chega ao coração levado por veias e “sai” do coração pelas artérias. Ao átrio
direito chegam as veias cavas superior e inferior que levam sangue venoso do corpo todo
ao coração. Ao átrio esquerdo chegam quatro veias pulmonares (duas de cada pulmão)
que levam, ao coração, sangue arterial.

FIQUE ATENTO
Do ventrículo direito emerge o tronco pulmonar que se divide em dois ramos formando a
artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda. Essas artérias transportam sangue
venoso para os dois pulmões para sofrerem a hematose, um processo químico de troca
gasosa onde o CO2 do sangue venoso é eliminado por meio da expiração e o O2 que foi ins-
pirado, vai para o sangue tornando-o arterial. Portanto, hematose é a troca gasosa do CO2
(que é um gás que o corpo já não precisa mais) pelo O2, essencial para o funcionamento
das células.

Do ventrículo esquerdo “sai” a artéria aorta que leva sangue arterial para todo o
corpo por meio de suas ramificações. A exceção do tronco pulmonar que origina as artérias
pulmonares direita e esquerda, todas as outras artérias derivam diretamente da artéria
aorta ou indiretamente, são ramificações dos ramos primeiros da artéria aorta.

Toda vez que tocarmos uma veia,


não importa o local dela, nem mesmo
sua relevância para aquela região, o
sangue que está fluindo em seu interior,
obrigatoriamente está retornando ao
coração. O contrário acontece com a
artéria. Toda vez que tocarmos uma artéria,
sabemos que o sangue que está fluindo
em seu interior, saiu do coração em direção
ao restante do corpo.
Figura 63: Vasos que “chegam” e que “saem” do coração
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

FIQUE ATENTO
Não podemos ser simplistas e repetir erros de pessoas que ainda não estudaram a fundo
a anatomia e fisiologia do sistema respiratório no tocante ao sangue que circula em veias
e artérias. Nem toda artéria transporte sangue arterial. As artérias pulmonares direita e
esquerda transportam sangue venoso porque emergiram do ventrículo direito onde existe,
em maior concentração, sangue venoso da mesma forma que nem toda veia transporta
sangue venoso. As quatro veias pulmonares (duas de cada pulmão) transportam sangue
arterial para o coração porque o sangue venoso sofreu a hematose e agora é arterial, desse
modo, só existe sangue arterial para ser transportado pelas veias pulmonares ao átrio es-
querdo.

53
2.2.4 Vascularização do coração
O coração é órgão repleto de sangue, porém, por mais paradoxo que possa parecer,
é um dos órgãos que mais necessitam de sangue. O sangue que circula em suas câmaras
é destinado a ser distribuído para o corpo todo.
O coração é dotado de um sistema de artérias e veias (coronárias) para suprir as
necessidades deste órgão (Fig. 64 e 65). Logo na emergência da artéria aorta, o primeiro
ramo surge em direção ao músculo cardíaco, são as artérias coronárias direita e esquerda. A
artéria coronária direita dá origem a duas outras artérias que são a artéria marginal direita
e a artéria interventricular posterior. Estas artérias vão irrigar a margem direita e a parte
posterior do coração. A artéria coronária esquerda passa superficialmente ao ápice do átrio
esquerdo, em seguida emite um ramo interventricular anterior e um ramo circunflexo
que dá origem à artéria marginal esquerda. Na face diafragmática as duas artérias se
anastomosam formando o ramo circunflexo.
Em resumo, a artéria coronária direita forma a artéria marginal direita, artéria
descendente posterior, artérias posteriores do ventrículo esquerdo e a artéria coronária
esquerda forma a artéria descendente anterior, ramo circunflexo, artéria marginal esquerda,
artérias atrioventriculares e artérias posteriores do ventrículo esquerdo.
As artérias coronárias levam sangue arterial para todo o tecido cardíaco.
O sangue venoso é coletado por diversas veias que desembocam na veia cardíaca
magna do coração que se inicia ao nível do ápice do coração, sob o sulco interventricular
anterior e segue o sulco coronário da esquerda para a direita, passando pela face
diafragmática, par ir desembocar na porção terminal da veia cava superior. A parte final
deste vaso (últimos 3 cm), forma uma dilatação que recebe o nome de seio coronário.
O seio coronário recebe ainda a veia média do coração que percorre de baixo para
cima o sulco interventricular posterior e a veia pequena do coração que margeia a borda
direita do coração.
Assim todo o tecido cardíaco é suprido de nutrientes e o CO2 produzido por ele pode
ser eliminado da mesma forma que o CO2 produzido por outras áreas do corpo também é
eliminado.

Figura 64: Artérias e veias coronárias. Visão anterior Figura 65: Artérias e veias coronárias. Visão posterior
Fonte: Netter (2011) Fonte: Netter (2011)

54
2.2.5 Inervação do coração
A inervação do coração se dá por meio intrínseco e extrínseco. Devido à relevância
funcional do coração, a interrupção de funcionamento cardíaco causa óbito e por isso a
inervação deste órgão é diferente. Ela é múltipla e, embora esteja sob o controle imediato
do sistema nervoso autônomo, ela também depende de células excitocondutoras do
próprio miocárdio conhecidas em conjunto como sistema nodal e de grupos especiais de
neurônios que se aglomeram em gânglios que constituem o plexo cardíaco. (GUYTON;
HALL, 2017)
Segundo Guyton; Hall (2017) O sistema nervoso autônomo (SNA) desempenha um
tipo de inervação cardíaca denominada extrínseca, pois provém de neurônios situados fora
do coração e que nele atuam de maneira involuntária. Este sistema é subdividido em porção
simpática (excitatória para a maioria dos órgãos) e parassimpática (inibitória para a maioria
dos órgãos), cujas funções, em condições fisiológicas, se complementam sinergicamente.
Entretanto, em situações específicas, é possível que haja predomínio da ação do simpático
ou do parassimpático a fim de adequar a atividade cardíaca ao funcionamento corpóreo,
em termos de perfusão tecidual.
A regulação do coração pelo SNA se origina no centro cardiovascular localizado no
bulbo. Esta região do tronco encefálico recebe influxos de vários receptores sensoriais e dos
centros encefálicos superiores, como o sistema límbico e o córtex cerebral. Desta forma, o
centro cardiovascular regula o fluxo sanguíneo aumentando ou diminuindo a frequência
de impulsos nervosos nos ramos simpáticos e parassimpáticos do sistema nervoso.

FIQUE ATENTO
Assim, a atuação do sistema nervoso simpático e parassimpático no coração é bem distin-
ta, uma vez que o simpático aumenta os batimentos cardíacos (sendo ativado, por exemplo,
em situações de estresse ou exercícios físicos) e o parassimpático os diminui (predispondo,
por exemplo, à bradicardia necessária para que o indivíduo adormeça). Portanto é possível
afirmar que no sistema circulatório o SNA regula a frequência e a força dos batimentos
cardíacos.

Os impulsos nervosos parassimpáticos chegam ao coração via nervo vago o qual age
inicialmente no nó sinoatrial (SA) ou sinusal, posteriormente no nó atrioventricular (AV) até
que sejam propagados para todo o miocárdio atrial. Sua ação ocorre de modo dependente
da liberação de acetilcolina nas terminações pós-ganglionares, por meio de receptores
muscarínicos M2.
O sistema nodal é também chamado de inervação cardíaca intrínseca. Esta última
nomenclatura considera o fato de que ele se localiza no interior do próprio tecido cardíaco
e é vital para a instauração e coordenação dos batimentos cardíacos. Esta inervação é
realizada por uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas cujas células são
auto rítmicas e auto excitáveis. Assim, as fibras musculares deste complexo permitem
a iniciação espontânea e a condução de impulsos elétricos os quais desencadeiam a
contração sincronizada do miocárdio e a manutenção do ritmo cardíaco adequado.
Esta rede de células condutoras inicia e coordena a contração cardíaca. Tais células
são agrupadas sob a denominação de nós, de forma que sua organização se dá por meio de

55
quatro componentes básicos: o nó sinoatrial, o nó atrioventricular, o fascículo atrioventricular
(com seus ramos de condução direito e esquerdo) e os ramos subendocárdicos.
É no nó sinoatrial (SA) que a excitação cardíaca tem início. Ele fica situado na parede
atrial direita, inferiormente à abertura da veia cava superior, e tem por função permitir a
propagação do impulso nervoso ao longo das fibras musculares atriais. Dele, o potencial
de ação é direcionado ao nó atrioventricular (AV), o qual se situa no septo interatrial,
anteriormente à abertura do seio coronário. Deste nó, o potencial de ação é propagado ao
longo do fascículo atrioventricular o qual se bifurca em ramos direito e esquerdo, que por
sua vez se estendem pelo septo interventricular. Desta forma, após o potencial de ação
ser conduzido ao longo do fascículo atrioventricular, atinge os ramos direito e esquerdo os
quais cruzam o septo interventricular e seguem em direção ao ápice do coração. Assim,
o feixe e seus ramos representam a única conexão elétrica entre átrios e ventrículos
sendo considerada a única via de comunicação elétrica entre a massa muscular atrial e a
ventricular.
Por fim, um conjunto de miofibrilas condutoras que formam o plexo subendocárdico
(fibras de Purkinje) conduz rapidamente o potencial de ação, primeiro ao ápice do ventrículo
e depois ao restante do miocárdio ventricular.
As células do nó SA geram o ritmo mais rápido e, por isso são consideradas de
“marca-passo” cardíaco. Delas, o impulso nervoso é transmitido através de vias condutoras
para os átrios e para o nó AV. Assim, o potencial
de ação gerado no nó SA se propaga ao longo do
complexo estimulante do coração e se dispersa
para excitar fibras musculares contráteis atriais e
ventriculares (Fig. 66).
Quando o impulso nervoso atinge o nó AV, ele
é retardado por cerca de 40 milissegundos a fim de
permitir que os átrios ejetem completamente seu
conteúdo antes que a contração dos ventrículos
se inicie. Portanto, o sistema condutor atrial é
organizado de tal modo que o impulso cardíaco
não se propaga dos átrios aos ventrículos muito
rapidamente, mas ao contrário, ocorre um retardo
fisiológico.
Células de transição mais delicadas e de
Figura 66: Inervação do coração
Fonte: Hansen e Lambert (2007) morfologia mais próxima às células cardíacas
normais se estendem do nó AV para o feixe
atrioventricular e seus ramos. As mesmas se tornam contínuas a células de aparência
distinta, chamadas fibras de Purkinje as quais se ramificam extensivamente na região
subendocárdica dos ventrículos. A estrutura destas células é altamente especializada e
adaptada ao funcionamento do sistema de condução do coração.
Ao atingir o ápice do coração, as fibras do plexo subendocárdico emitem uma
grande quantidade de ramificações e seguem uma volta de quase 180 graus em direção à
base do coração, por meio de um trajeto na parede lateral de cada ventrículo. Todas estas
ramificações têm por finalidade aperfeiçoar a chegada da maior quantidade de impulsos
nervosos em menor tempo possível a todo o sincício ventricular.
Os ramos se dispersam lateralmente em torno de cada camada ventricular e

56
retornam em direção à base do coração, e suas extremidades finais penetram o miocárdio
por cerca de um terço de sua espessura, ficando contínuas às fibras musculares do coração.
Consequentemente, uma vez que o estímulo atinja o sistema condutor de Purkinje ele se
dispara de modo quase imediato por toda a massa muscular dos ventrículos.
De modo geral, toda a inervação cardíaca possibilita ao coração ser diretamente capaz
de gerar respostas reflexas tanto a partir de comandos deflagrados pelo sistema nervoso
simpático quanto do parassimpático, permitindo ajustes do débito cardíaco e da resistência
vascular periférica. Desta forma, é possível que a homeostasia corpórea seja mantida e que
haja estabilização e manutenção da pressão arterial sistêmica durante diferentes situações
fisiológicas. Vale ressaltar que o nó SA se desenvolve na quinta semana de gestação e
que o nó atrioventricular e o fascículo atrioventricular são derivados de células na parede
esquerda do seio venoso e células do canal atrioventricular.
Historicamente, os efeitos cardiotrópicos autonômicos têm sido bem estudados e
atribuídos aos estímulos extrínsecos excitatórios simpáticos e inibitórios parassimpáticos.
No entanto, tem-se evidenciado que o controle neurocárdico é bem mais complexo,
devido à ação de uma rede de neurônios intrínsecos que formam numerosos gânglios
amplamente espalhados nas câmaras cardíacas, os quais constituem o plexo cardíaco.

2.2.6 Vasos Sanguíneos


Após deixar o coração, o sangue flui pelo sistema vascular. Os vasos sanguíneos
transportam o sangue por todo o corpo, permitem a troca de nutrientes, produtos de
metabolismo, hormônios e outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial, e
retornam ao coração. O tamanho dos vasos e a espessura de suas paredes variam de acordo
com a pressão do sangue no seu interior.

FIQUE ATENTO
As artérias maiores, de grande calibre, se dividem em artérias menores, que, por meio de
sucessivas outras divisões, formam as arteríolas e, na continuidade das divisões das arterío-
las formam os capilares. A cada divisão da artéria, formando outras na sequência, o calibre
diminui.

Os capilares convergem para vasos muito pequenos denominados vênulas, que


por sua vez, confluem para formar vasos maiores denominados veias. As grandes veias
“retornam” o sangue para o coração.
Após o sangue deixar os capilares, sua pressão continua a diminuir. Ela é bem menor
próximo ao átrio direito do coração, nas veias cavas superior e inferior. Com a progressiva
mudança de capilares para vênulas e veias, o diâmetro dos vasos e a espessura de suas
paredes aumentam, embora a área da secção transversal total diminua. A pressão venosa
é sempre mais baixa que a pressão arterial e as paredes das veias nunca são mais espessas
do que as artérias de mesmo calibre.
As artérias “levam” o sangue para o corpo todo por meio de suas divisões, ou seja,
uma artéria de maior calibre vai “precisar da ajuda” de uma artéria de calibre menor e que
é ramo direto da primeira e, em sequência até os capilares, garantindo que cada parte do

57
corpo receba sua porção ideal de nutrientes.

FIQUE ATENTO
As veias, ao contrário das artérias, “trazem” sangue do corpo todo para o coração. Cada vê-
nula “envia” seu conteúdo de sangue para uma veia à sua frente que é continuação dela.
A partir daí veias de menores calibres enviam sangue para veias de maiores calibres e, ao
final, “chegam” nas veias cavas superior e inferior e, daí para o coração.

A variação na espessura das paredes dos vasos sanguíneos se deve à presença ou


ausência de uma ou mais das três camadas de tecido que as constituem, bem como nas
diferenças de espessura entre essas camadas. A túnica íntima é a camada mais interna.
Apresenta-se formada por uma camada de epitélio pavimentoso simples denominado
endotélio, uma camada de tecido conjuntivo e uma membrana basal. O endotélio da túnica
íntima é a única camada presente em vasos de todos os calibres, sendo contínuo com o
endocárdio. A camada média é frequentemente mais espessa e apresenta-se formada por
fibras musculares lisas, a maioria arranjada de uma forma circular, misturadas com fibras
elásticas.
A camada mais externa é a túnica externa ou adventícia. Essa camada, relativamente
fina de tecido conjuntivo, contém fibras elásticas e colágenas, colocadas no sentido paralelo
ao longo eixo do vaso. Separando a túnica íntima e a túnica média há uma fina camada de
fibras elásticas denominada lâmina elástica interna. Frequentemente ocorre a presença
de uma camada similar de fibras elásticas, a lâmina elástica externa, entre a túnica média
e a túnica externa.
As paredes dos grandes vasos são muito espessas para serem nutridas por difusão do
sangue. Desta forma, elas são supridas por seus próprios vasos nutrientes, os vasa vasorum
(vaso dos vasos) que se localizam na túnica externa e se originam do próprio vaso que
nutrem ou de outros vasos situados na periferia.

2.2.7 Artéria
A composição das paredes das artérias difere, de
acordo com o diâmetro do vaso. As grandes artérias como a
artéria aorta e seus principais ramos e o tronco pulmonar são
chamadas de artérias elásticas. As paredes dessas artérias
são compostas de três túnicas (túnica íntima, túnica média
e túnica externa ou adventícia)
A túnica média das artérias de grande calibre é
Figura 67: Anatomia da artéria
bastante espessa e contém, além de fibras musculares lisas,
Fonte: Moore (2014) uma quantidade muito grande de fibras elásticas.
Durante a sístole ventricular, as artérias são estiradas quando o sangue é ejetado
do coração. Durante a diástole ventricular, a retração das paredes dessas artérias ajuda a
manter a pressão no interior dos vasos.
As artérias musculares são aquelas de pequeno calibre onde suas túnicas médias
consistem quase que inteiramente de células musculares lisas, com poucas fibras elásticas.

58
Pelo fato dessas artérias conduzirem sangue através do corpo, são também chamadas de
artérias de distribuição.
Quando o diâmetro do vaso arterial é menor que 0,5mm, é chamado de arteríola. As
arteríolas possuem uma luz pequena e uma túnica média relativamente espessa, composta
quase que completamente por fibras musculares lisas, com muito pouco tecido elástico.
Nas arteríolas menores, próximas a capilares, a membrana elástica externa
desaparece e a túnica média é gradualmente reduzida até ficar composta apenas por
células musculares lisas dispersas.
As arteríolas desempenham um papel maior na regulação do fluxo sanguíneo
para os capilares. Quando a musculatura lisa da túnica média se contrai, os vasos sofrem
constrição, que limitam o fluxo sanguíneo para os capilares. Quando a musculatura relaxa,
a luz das arteríolas aumenta, os vasos sofrem vasodilatação que permite ao sangue entrar
livremente nos capilares.

2.2.8 Capilar
Na maioria dos tecidos, a rede capilar é formada por metarteríolas, que conectam
diretamente arteríolas e vênulas e capilares verdadeiros que se ramificam e confluem para
as metarteríolas.
Um esfíncter pré capilar circunda cada capilar verdadeiro no ponto onde ele se origina
de uma metarteríola. A contração e relaxamento destes esfíncteres ajudam na regulação
do fluxo sanguíneo através dos capilares.
Os capilares possuem paredes muito finas. Como consequência, eles são o local
onde ocorrem trocas de materiais entre o sangue e o líquido intersticial. A estrutura dos
capilares varia de um local para outro do corpo, mas em geral, um capilar consiste de uma
parede simples de células endoteliais envoltas por uma lâmina basal fina da túnica íntima.
Uma única célula endotelial pode formar a circunferência completa de um capilar
pois a túnica média e a túnica externa não estão presentes. As células endoteliais estão
unidas entre si por junções comunicantes. Fendas preenchidas por líquido ocorrem
entre as células epiteliais adjacentes. Em alguns capilares, as células endoteliais possuem
pequenas janelas ovais denominadas fenestrações que são normalmente cobertas por um
diafragma muito fino.

FIQUE ATENTO
Embora um simples capilar possua cerca de 0,5 a 1 mm de comprimento e 0,01mm de di-
âmetro, os capilares são tão numerosos que sua superfície total no corpo é estimada em
600 m2. Isso proporciona uma ampla superfície através da qual podem ocorrer trocas de
substâncias.

Essas substâncias podem entrar ou sair dos capilares por quatro caminhos: (1) através
das junções comunicantes que unem as células endoteliais entre si; (2) diretamente, através
da membrana celular; (3) no interior de pequenas vesículas com membranas; (4) no caso
dos capilares que apresentam fenestrações, através dos poros entre as células endoteliais.
As arteríolas em determinadas estruturas, mais do que conectam com capilares,

59
desembocam em canais vasculares relativamente grandes que possuem as paredes muito
finas. Esses canais são os sinusóides que possuem as paredes tão finas, que normalmente
assumem a conformação dos espaços nos quais se localizam, deixando de ter a aparência
cilíndrica.
Em alguns sinusóides, o endotélio que os reveste é descontínuo, com espaços
presentes entre as células; em outros o endotélio possui pequenos poros que são fechados
por finos diafragmas, como nos capilares fenestrados. Sinusóides são característicos do
fígado, baço, medula óssea e algumas glândulas endócrinas.

2.2.9 Veias
As veias, que recebem sangue das vênulas, possuem as mesmas camadas das artérias.
Porém, a túnica média das veias é bem mais delgada e possui poucas fibras musculares.
A túnica externa forma a maior parte da parede da veia, sendo bem mais espessa que a
túnica média, embora apresente poucas fibras elásticas.
As veias não apresentam membranas elástica externa ou interna. Possuem uma luz
maior e paredes mais finas do que as artérias. As paredes das veias, assim como as das
artérias, recebem irrigação através dos delgados vasa vasorum.
Algumas veias apresentam válvulas que
direcionam o fluxo sanguíneo no sentido do
coração. Essas válvulas possuem forma similar
à das válvulas semilunares da aorta e tronco
pulmonar. Quando o sangue contido nas
veias, tenta retornar, as cúspides das válvulas
se enchem de sangue, impedindo o retorno.
Válvulas são mais comuns nas veias dos
membros inferiores onde o sangue é conduzido
contra a força da gravidade e o seu movimento
depende, amplamente, da contração dos
músculos esqueléticos situados ao seu redor.
Nas vênulas próximas aos capilares,
Figura 68 : Anatomia de uma veia
Fonte: Moore (2014) as paredes são revestidas internamente por
endotélio da túnica íntima, circundado por uma túnica externa muito fina. As vênulas
maiores, situadas mais afastadas dos capilares são envolvidas por uma quantidade pequena
de fibras musculares lisas que formam uma túnica média fina.

GLOSSÁRIO
- Efeito cardiotrópico – Também chamado de efeito cardiotrófico é um conjunto de eventos
que acontecem no coração por ação dos estímulos extrínsecos excitatórios simpáticos e
inibitórios parassimpático.
- Endocárdio – Parede interna do coração.
- Epicárdio – Parede externa do coração.
- Esfíncter pré capilar – Estrutura formada por músculo liso que circunda cada capilar ver-
dadeiro no ponto onde ele se origina de uma metarteríola.
- Face esternocostal – Face anterior do coração, formada pelo ventrículo e átrio direitos
- Face diafragmática – Face do coração que se localiza entre a base e o ápice e está repou-

60
GLOSSÁRIO
sada sobre o músculo diafragma. É formada pelos ventrículos direito e esquerdo.
- Fascículo atrioventricular – Mesmo que Feixe de Hiss.
- Feixe de Hiss – Feixe de células especializadas que invadem os ventrículos penetrando o
septo interventricular dividindo em ramos direito e esquerdo conduzindo o impulso ner-
voso.
- Fibras de Purkinge – São pequenos grupos de células condutoras terminais, também cha-
madas de ramos subendocárdicos. Chegam até a parede externa dos ventrículos.
- Hematose – Troca gasosa que ocorre no alvéolo. O gás carbônico é eliminado e o oxigênio
é absorvido.
- Linha medioesternal – Linha média (imaginária) que passa ao centro do corpo dividindo-
-o em dois lados (direito e esquerdo) parecidos. A linha média passa exatamente ao centro
do osso esterno.
- Luz – Espaço interno de vasos.
- Margem inferior do coração – Localiza-se por trás da porção inferior do esterno e se esten-
de até o quinto espaço intercostal esquerdo.
- Margem superior do coração – É formada pelos átrios e é a região por onde os grandes
vasos entram no coração.
- Metarteríolas – Pequeníssimas artérias que formam a rede de capilar e conectam direta-
mente arteríolas e vênulas.
- Mediastino – Região central do tórax localizado entre os dois pulmões. O coração se en-
contra nesta região.
- Miocárdio – Parede muscular do coração.
- Nó ou nodo atrioventricular – Grupo de células especializadas localizadas no final do sep-
to interatrial, logo acima da transição dos átrios para os ventrículos.
- Nó ou nodo sinoatrial – Marca passo cardíaco. Onde a inervação do coração tem início.
Está localizado na junção entre a veia cava superior e o átrio direito.
- Pericárdio – Bolsa serosa de tecido conjuntivo fibroso que reveste toda estrutura do cora-
ção.
- Plexo cardíaco – Rede de neurônios intrínsecos que formam numerosos gânglios ampla-
mente espalhados nas câmaras cardíacas.
- Plexo subendocárdico – Conjunto de miofibrilas condutoras. Conjunto de fibras de Purkin-
ge.
- Ramos subendocárdicos – Mesmo que fibras de Purkinge.
- Sangue arterial – Sangue rico em oxigênio.
- Sangue venoso – Sangue rico em gás carbônico.
- Septo – Estrutura que separa o coração nos quatro compartimentos.
- Septo atrioventricular – Separa os átrios dos ventrículos
- Septo interatrial – Separa os dois átrios.
- Septo interventricular – Separa os dois ventrículos.
- Sistema Circulatório – Mesmo que sistema cardiovascular. É formado pelo coração, vasos
sanguíneos e capilares.
- Sistema coronário – Conjunto de artérias e veias que nutrem o coração.
- Sistema nodal – Conjunto de células excitocondutoras prontas para fazerem a inervação
intrínseca do coração.
- Sistema vascular – Conjunto de vasos sanguíneos.
- Sístole ventricular – Contração do ventrículo.
- Tronco pulmonar – Artéria que emerge do ventrículo esquerdo e se ramifica em duas ar-
térias pulmonares, direita e esquerda. Transporta sangue venoso aos pulmões para acon-
tecer a hematose.
- Túnica adventícia – Parede externa da artéria e da veia.
- Túnica íntima – Parede interna da artéria e da veia.
- Túnica média – Parede média da artéria e da veia.

61
GLOSSÁRIO
- Valva aórtica – Localizada na emergência da artéria aorta.
- Valvas atrioventriculares – São as valvas localizadas no septo atrioventricular: tricúspide
e bicúspide.
- Valva bicúspide ou mitral – Comunica o átrio esquerdo com o ventrículo esquerdo.
- Valva pulmonar – Localizada na emergência do tronco pulmonar.
- Valva tricúspide – Comunica o átrio direito com o ventrículo direito.
- Válvulas venosas – Válvulas existentes em algumas veias, especialmente nas dos mem-
bros inferiores que permitem o fluxo sanguíneo para uma única direção.
- Vasa vasorum – Vasos sanguíneos que irrigam as paredes das veias e das artérias.
- Veia – Vaso sanguíneo que transporta sangue venoso com exceção das quatro veias pul-
monares que transportam sangue arterial ao átrio esquerdo.
- Veias cavas superior e inferior – Veias que “chegam” ao átrio direito.
- Veias pulmonares – Veias que “chegam” ao átrio esquerdo.
- Vênula – Pequena veia.

62
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Quais são as paredes do coração?

a) Endocárdio, miocárdio e epicárdio.


b) Endocárdio, miocárdio e pericárdio.
c) Endocárdio e miocárdio.
d) Endocárdio, e pericárdio.
e) Endocárdio, epicárdio e pericárdio.

2. Que estrutura separa os dois átrios dos dois ventrículos?

a) Septo interatrial.
b) Septo interventricular.
c) Septo atrioventricular.
d) Septo do nodo sinoatrial.
e) Septo de purkinge.

3. Quais válvas comunicam o átrio direito com o ventrículo e o átrio esquerdo com o
ventrículo esquerdo, respectivamente?

a) Tricúspide e Bicúspide.
b) Aórtica e pulmonar.
c) Tricúspide e pulmonar.
d) Bicúspide e aórtica.
e) Bicúspide e tricúspide.

4. Quais vasos sanguíneos chegam ao átrio direito?

a) Veias pulmonares.
b) Artéria aorta.
c) Tronco pulmonar.
d) Artéria pulmonar.
e) Veia cava superior e veia cava inferior.

5. Analise as alternativas abaixo e marque a correta.

a) Todas as artérias “transportam” sangue arterial.


b) Todas as veias “transportam” sangue venoso.
c) As artérias “chegam” no coração.
d) As veias saem do coração.
e) Todas as veias “transportam” sangue em direção ao coração.

6. O coração como todo órgão do nosso corpo necessita de sangue. Qual sistema vascular
irriga o coração?

63
a) Sistema Vaso vasorum.
b) Sistema mesentérico.
c) Sistema coronário.
d) Sistema arterial cardíaco..
e) Veias ázigos

7. Qual estrutura funciona como marca passo cardíaco?

a) Nodo sinoatrial.
b) Nodo sinoventricular.
c) Nodo atrioventricular.
d) Feixe de Hiss.
e) Sistema de purkinge.

8. No corpo humano existe um tipo de vaso sanguíneo que “une” uma artéria à uma veia.
Essa estrutura é formada por uma rede ou emaranhado de pequenos vasos. Qual é o nome
dessa estrutura?

a) Seio vascular.
b) Trama vascular.
c) Capilar sanguíneo.
d) Vênulas.
e) Arteríolas.

64
03
SISTEMA RESPIRATÓRIO UNIDADE

65
3.1 INTRODUÇÃO

O sistema respiratório promove o suprimento ideal e constante de oxigênio ao corpo


humano e a remoção eficiente do dióxido de carbono produzido nas suas atividades.

FIQUE ATENTO
A troca de dióxido de carbono por oxigênio ocorre no interior dos pulmões. Essa troca recebe
o nome de hematose. O ar, para alcançar o local onde a troca será realizada deve primeiro
ser filtrado, aquecido e umedecido. A entrada de ar se dá pelo nariz ou pela boca e passa
por “caminhos” que o levarão à última ramificação de bronquíolos e daí para alvéolos onde
a troca acontece. Este caminho por onde o ar passa é denominado “via aérea” e pode ser
dividida em superior e inferior.

Do ponto de vista anátomo funcional,


esta divisão (Fig. 69) é bem aceita pois funções
diferentes são desempenhadas nas duas vias. Na
entrada, o ar é filtrado, aquecido e umedecido
pelas fossas nasais (parte integrante da via aérea
superior ou Sistema Respiratório Superior) e sofre
a hematose no alvéolo (parte da via aérea inferior
ou Sistema Respiratório Inferior) mas, na “saída”,
o ar passa pelo mesmo caminho porém, de
forma contrária, da via aérea inferior em direção à
superior e depois para o meio externo.

Figura 69: Vias aéreas


Fonte: Silverthorn (2011)

A via aérea superior é extratorácica e consiste de fossas nasais, faringe e laringe,


enquanto que a via aérea inferior é intratorácica e consiste de traquéia, brônquios,
bronquíolos, alvéolos. Os brônquios são ramos da traquéia. Os primeiros são os brônquios
fontes ou principais e estão localizados fora dos pulmões. A partir dos brônquios lobares
(primeiro ramo dos brônquios fontes) todas as outras estruturas da via aérea inferior estão
localizadas dentro dos pulmões.

3.2 ESTRUTURAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

3.2.1 Fossas nasais


O ar entra no sistema respiratório através das narinas que o conduz ao vestíbulo
do nariz. A parte inferior do vestíbulo contém pêlos que servem para filtrar o ar retendo
as maiores partículas que podem entrar no sistema respiratório durante a inspiração. O
vestíbulo do nariz é revestido de epitélio escamoso estratificado que é contínuo com a
pele.

66
Durante a trajetória do ar por toda
a extensão das fossas nasais, é aquecido e
umedecido. É aquecido porque a mucosa nasal
é ricamente vascularizada, formada por uma
trama vascular com vasos de pequeníssimos
calibres por onde o sangue flui promovendo
atrito em suas paredes e, consequentemente,
aumentando a temperatura local. A umidade
natural das fossas nasais é transmitida ao
ar por meio do muco nasal produzido pelas
células da mucosa. O ar para penetrar em
toda a extensão do pulmão deve ser filtrado,
aquecido e umedecido para ter a capacidade
Figura 70: Fossa nasal de se “espalhar” por todo pulmão.
Fonte: Netter (2011)

3.2.2 Faringe
A faringe é um tubo que serve tanto ao sistema respiratório quanto ao sistema
digestório. Comunica-se com as fossas nasais pelas coanas; com a cavidade oral por meio
das fauces; com o ouvido médio através dos óstios das tubas auditivas; com a laringe através
da glote e com o esôfago.
A faringe se divide em três partes: naso, oro e laringofaringe. A nasofaringe está
localizada imediatamente atrás das fossas nasais. A mucosa da nasofaringe é semelhante
à das fossas nasais e é formada por epitélio colunar pseudo estratificado.
Nas paredes laterais da orofaringe
recebe as tubas auditivas que conectam
a orofaringe com a cavidade do ouvido
médio. Localizadas perto das aberturas
das tubas auditivas estão pequenas
massas de tecido linfoide chamadas
tonsilas tubárias. Em sua parte posterior,
está a tonsila faríngea.
A orofaringe e continuação da
nasofaringe estendendo desde o palato
mole até a laringofaringe.
A laringofaringe estende-se desde
a orofaringe até o esôfago. Comunica-
se anteriormente com a laringe. Como
a orofaringe, a laringofaringe serve de
Figura 71: Faringe passagem ao ar e alimento. É revestido
Fonte: Netter (2000) por um epitélio escamoso estratificado.

3.2.3 Laringe
A laringe está entre a laringofaringe e a traquéia, situada abaixo dela. Qualquer
substância sólida que entra na laringe, como alimento, é geralmente expelida por uma
tosse violenta como mecanismo de proteção.
A laringe forma a proeminência laríngea, comumente conhecida como “pomo

67
de Adão”, na face anterior do pescoço. Esta proeminência é particularmente visível nos
homens após a puberdade, quando a laringe torna-se maior do que nas mulheres.

3.2.3.1 esqueleto da Laringe

A laringe é formada por nove cartilagens: três ímpares e três pares que são mantidas
juntas e unidas ao osso hióide acima e à traqueia abaixo por ligamentos e músculos (Fig. 71
e 72).
A cartilagem tireóidea é a maior das cartilagens ímpares. Ela é formada pela fusão
na linha mediana de duas placas achatadas anteriormente, produzindo a proeminência
laríngea. As placas permanecem separadas posteriormente, deixando uma ampla abertura
na laringofaríngea.
A cartilagem cricóidea situa-se abaixo da cartilagem tirioidea. Sua região posterior é
mais larga do que a anterior.
A epiglote é a terceira cartilagem ímpar. Em sua extremidade mais estreita é fixada
na face interna da região anterior da cartilagem tireóidea e sua porção superior livre se
estende como uma aba atrás da base da língua. Durante a deglutição, a laringe é puxada
para cima, encostando-se na epiglote que tende a desviar sólidos e fluidos para longe da
abertura da laringe, em direção ao esôfago.
As cartilagens aritenóideas são pares e muito importantes para a região. Cada
cartilagem aritenóide tem a forma de uma pequena pirâmide e se localiza na borda
superoposterior da cartilagem cricóidea. A extremidade posterior das cordas vocais fixa-se
nas cartilagens aritenóidea e o movimento das cartilagens é responsável pela variação de
tensão das cordas ou pregas cristais.
As outras cartilagens pares, cuneiformes e corniculadas, são pequenas e muito
relacionadas om as cartilagens aritenóideas.

Figura 71: Laringe. Visão anterior. Figura 72: Laringe. Visão posterior
Fonte: Netter (2010) Fonte: Netter (2010)

68
3.2.4 Traqueia
A traqueia é um tubo de aproximadamente 11 cm de comprimento e 2,5 cm de
diâmetro. Estende-se desde a laringe até o nível da sexta vértebra torácica, onde se divide
em dois ramos que são os brônquios principais direito e esquerdo ou fontes. A traqueia
possui uma série de anéis de cartilagens em forma da letra “C” que têm função de impedir
que as paredes desse tubo se colapsem.
As cartilagens são revestidas por uma membrana fibroelástica. As fibras elásticas
formam uma camada importante nas paredes de todas as partes seguintes da árvore
respiratória. Músculos lisos e densas fibras de tecido conjuntivo mantém os anéis unidos
posteriormente, fechando as aberturas dos anéis em “C” e formando a parede membranácea
ou membranosa da traqueia.

FIQUE ATENTO
A traqueia inicia-se logo abaixo da cartilagem Cricóide (laringe) e termina na Cartilagem
Carina.

Quando a passagem do ar pela via


aérea superior é impedida, pode-se criar
algumas vezes um caminho direto para o
ar na traqueia, cirurgicamente, através da
parede anterior do pescoço, entre o segundo
e o terceiro anéis cartilaginosos. Este
procedimento é chamado traqueostomia.
A mucosa da traquéia é revestida por
um tecido epitélial pseudo estratificado
colunar ciliado que contém numerosas
glândulas mucosas. Como os cílios se
movem para cima, eles tendem a carregar
partículas estranhas e excessiva secreção
mucosa para fora, desde os pulmões até a
faringe, onde são deglutidos.
Figura 73 :Traquéia. Visão anterior e posterior
Fonte: Netter (2011)

3.2.5 Brônquios
A traquéia se divide em dois ramos curtos: brônquios principais direito e esquerdo . As
paredes dos brônquios principais, como na traquéia, são formadas por anéis incompletos
de cartilagem.
Cada brônquio principal ou primário ou fonte divide-se em ramos menores, os
brônquios lobares ou secundários, sendo um para cada lobo do pulmão. Os brônquios lobares
estão situados no interior dos pulmões. No interior dos pulmões, os anéis de cartilagem dos
brônquios são substituídos por pequenas placas de cartilagem que circundam o brônquio

69
completamente.
Os brônquios lobares se dividem em brônquios
segmentares ou terciários que continuam se dividindo
repetidamente até formar os finíssimos bronquíolos.

Figura 74: Brônquios


Fonte: Gray (2010)

3.2.6 Brônquíolos
Cada bronquíolo divide-se em vários bronquíolos ainda menores que também se
dividem até formarem os bronquíolos terminais (Fig. 75). Ao final de cada bronquíolo
terminal existem, aderidos a eles, diminutos sacos de paredes finas, posicionados como
um cacho de uvas, chamado de alvéolos pulmonares.
As paredes dos bronquíolos não contêm cartilagens e são circundadas por músculos
lisos.

3.2.7 Alvéolos
Os alvéolos são sacos (bolsas) localizadas na extremidade dos bronquíolos terminas.
Nunca estão sozinhos. Sempre estão posicionados em grupos de alvéolos agrupados como
cacho de uva.
O epitélio que reveste os alvéolos, contém dois tipos de células. As primeiras são
células escamosas simples através das quais os gases se difundem rapidamente, são as
células alveolares tipo I. Distribuídas entre as células escamosas simples estão células
arredondadas ou cuboidais chamadas células alveolares tipo II que secretam uma
substância química chamada surfactante.
Cada alvéolo possui uma porção
de surfactante em seu interior que tem
o objetivo de impedir o colabamento das
paredes do alvéolo.
Também são encontradas nos alvéolos,
células fagocíticas que são algumas
vezes chamadas de células de poeira pois
frequentemente contém partículas de
carbono capturadas do ar inalado.
Circundando cada alvéolo existe o
capilar sanguíneo repleto de gás carbônico
(CO2) para ser trocado pelo oxigênio (O2) que
Figura 75 : Bronquíolos e alvéolos acabara de chegar. A troca gasosa ocorre na
Fonte: Netter (2011) membrana alvéolo capilar.

70
3.2.8 Pulmões

Os pulmões são órgãos esponjosos com formato semelhante à de um cone, com


o ápice pontiagudo de cada um sobrepassando o estreito espaço do alto da cavidade
torácica, atrás da clavícula. A base de cada pulmão é larga e côncava e está apoiada na
superfície convexa do músculo diafragma.
A face costal dos pulmões, que se posiciona contra as costelas, é arredondada
seguindo a curvatura das costelas.
Os pulmões têm aproximadamente 25 cm de comprimento e pesam cerca de 700
gramas, mas possuem diferenças sutis entre eles.

FIQUE ATENTO
Embora os dois pulmões estejam localizados no interior da cavidade torácica e desempe-
nhem a mesma função, possuem formatos e divisões um pouco diferente. O pulmão esquer-
do apresenta uma concavidade para “alojar” o coração que é chamada de incisura cardí-
aca. Isto dá ao pulmão esquerdo um aspecto ligeiramente mais delgado do que o pulmão
direito.

Fissuras dividem os pulmões em lobos. O pulmão direito possui duas fissuras


dividindo-o em três lobos. A fissura oblíqua separa o lobo superior ou ápice do lobo médio
e a fissura horizontal separa o mesmo lobo médio do lobo inferior ou base.
O pulmão esquerdo também possui uma fissura oblíqua o separando em lobo
superior ou ápice e lobo inferior ou base. Isto acontece na maioria das pessoas, entretanto,
existem um número considerável de pessoas que possuem uma variação anatômica em
seu pulmão esquerdo: outra fissura oblíqua separa o lobo da língula do pulmão esquerdo
que está posicionado entre os dois outros sendo uma espécie de lobo médio .
O pulmão direito é ligeiramente mais curto e mais largo do que o pulmão esquerdo
em função da hemicúpula diafragmática direita ser mais elevada do que a esquerda por
causa do fígado que a “empurra” para cima.
Embora os dois pulmões tenham formato e divisões diferentes possuem a mesma
capacidade ventilatória. Em cada pulmão existem a mesma quantidade de divisões dos
brônquios, bronquíolos e alvéolos posicionados de forma semelhante dando a cada um a
capacidade ventilatória igual.
Os dois pulmões são separados por um
espaço chamado mediastino onde o coração está
localizado. Na face medial de cada pulmão existe
uma região chamada hilo pulmonar. O hilo é a região
onde estruturas “entram e saem” dos pulmões, ou
seja, brônquios, vasos sanguíneos, vasos linfáticos
e nervos . Dessas estruturas, somente os brônquios
apenas “entram” nos pulmões, enquanto as outras,
vasos sanguíneos e linfáticos e nervos terem
componentes que “entram e outros que saem”, ou
Figura 76 : Pulmões seja, existem vasos e nervos “entrando” e outros
Fonte: Gray (2010)

71
vasos e nervos “saindo” dos pulmões.
Os dois pulmões durante a
inspiração se enchem de ar, inflando.
A expansão dos pulmões é total em
situações normais devido à capacidade
de complascência pulmonar. Os pulmões
se expandem para frente e para trás,
para cima e para baixo e também para os
lados durante a inspiração. Na expiração,
o volume de ar que entrou no pulmão
durante a inspiração é eliminado e os dois
pulmões se retraem em sentido inverso.

Figura 77: Hilo Pulmonar


Fonte: Netter (2011)

3.2.8.1 Membrana Pulmonar ( Pleura)


Cada pulmão é envolvido por uma
membrana com dois folhetos chamada
pleura. As duas paredes das pleuras, ou
folhetos, são formadas por membrana
serosa. A porção da pleura que adere
firmemente aos pulmões é a pleura visceral
ou pulmonar e a porção da pleura que está
em contato com a cavidade torácica é a
pleura parietal.
As camadas visceral e parietal das
pleuras são contínuas e ocupam quase
Figura 78: Pleura visceral e parietal
toda a extensão dos dois pulmões não
Fonte: Silverthorn (2011)
estando presentes no hilo pulmonar. Entre
as duas camadas da pleura existe uma cavidade ou espaço pleural que é extremamente
delgada e preenchida pelo fluido pleural que é secretado pela pleura para reduzir o atrito
entre os dois folhetos durante os movimentos respiratórios.

GLOSSÁRIO
- Alvéolos – São sacos (bolsas) localizadas na extremidade dos bronquíolos terminas. Nunca
estão sozinhos. Sempre estão posicionados em grupos de alvéolos agrupados como cacho
de uva.
- Brônquios fontes ou principais – Ramos diretos da traquéia.
- Brônquios lobares – Brônquios fontes que penetraram os pulmões.
- Brônquios segmentares ou terciários – Ramos dos brônquios lobares.
- Bronquíolos – Ramificações dos brônquios.
- Bronquíolo terminal – Último ramo dos bronquíolos.
- Carina – Última cartilagem da traquéia. É o ponto onde a traquéia se divide em brônquios
direito e esquerdo.

72
GLOSSÁRIO
- Cartilagens aritenóideas – São tipos de cartilagens da laringe. Cada cartilagem aritenóide
tem a forma de uma pequena pirâmide e se localiza na borda superoposterior da cartila-
gem cricóidea.
- Cartilagem corniculada – Tipo de cartilagem par da laringe.
- Cartilagem cricóidea – Situa-se abaixo da cartilagem tirioidea. Sua região posterior é mais
larga do que a anterior.
- Cartilagem cuneiforme – Tipo de cartilagem par da laringe.
- Cartilagem tireóidea – É a maior das cartilagens ímpares da laringe. Ela é formada pela
fusão na linha mediana de duas placas achatadas anteriormente, produzindo a proemi-
nência laríngea.
- Células alveolares tipo I – Células escamosas simples através das quais os gases se difun-
dem rapidamente.
- Células arredondadas ou cuboidais – São células alveolares tipo II. Secretam uma subs-
tância química chamada surfactante.
- Coanas – Região de comunicação entre as fossas nasais e a faringe.
- Complascência pulmonar – Capacidade de expansão do pulmão.
- Cordas ou pregas vocais – Estrutura par localizada na laringe que é fixada em sua extre-
midade posterior por cartilagens aritenóideas. Ao vibrar produz som.
- Epiglote – É a terceira cartilagem ímpar. Sua extremidade mais estreita é fixada na face
interna da região anterior da cartilagem tireóidea e sua porção superior livre se estende
como uma aba atrás da base da língua. Durante a deglutição, a laringe é puxada para
cima, encostando-se na epiglote que tende a desviar sólidos e fluidos para longe da aber-
tura da laringe, em direção ao esôfago.
- Faringe – Tubo que serve tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório. Comunica as
fossas nasais, com a laringe.
- Fauce – Região de comunicação entre a faringe e a cavidade oral.
- Faringe – Tubo que serve tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório. Comunica as
fossas nasais, com a laringe.
- Fauce – Região de comunicação entre a faringe e a cavidade oral.
- Fissura horizontal – Fissura que separa o lobo médio do lobo inferior ou base no pulmão
direito.
- Fossas nasais – Estrutura da via aérea superior com função de filtrar, aquecer e umedecer
o ar.
- Glote – Abertura da laringe.
- Hematose – Troca gasosa do gás carbônico do sangue venoso pelo oxigênio do ar. Aconte-
ce no alvéolo.
- Hemicúpula diafragmática – Metade do diafragma que é formado por duas hemicúpulas,
uma direita, outra esquerda.
- Hilo pulmonar – Região localizada na face medial do pulmão por onde estruturas “en-
tram” e “saem”.
- Incisura cardíaca – Concavidade do pulmão esquerdo para “alojar” o coração.
- Laringe – Estrutura de transição entre a faringe e a traquéia.
- Laringofaringe – Parte da faringe que se comunica com a faringe.
- Lobo da língula – Lobo do pulmão esquerdo que é uma variação anatômica. Nem todas
as pessoas possuem.
- Lobo inferior ou base – Lobo inferior dos pulmões direito e esquerdo.
- Lobo médio – Lobo do pulmão direito localizado entre os lobos superior e inferior.
- Lobo superior ou ápice – Lobo superior dos pulmões direito e esquerdo.

73
GLOSSÁRIO
- Mediastino – Região central do tórax localizado entre os dois pulmões. O coração se en-
contra nesta região.
- Membrana alvéolo capilar – Membrana do alvéolo em íntimo contato com o capilar san-
guíneo. É o local onde ocorre a hematose.
- Nasofaringe – Parte da faringe que se comunica com as fossas nasais.
- Orofaringe – Parte da faringe que se comunica com a cavidade oral.
- Osso hióide – Osso que não se articula com nenhum outro osso. Está localizado na região
antero superior do pescoço que mantém as cartilagens da laringe juntas e unidas.
- Óstio da Tuba auditiva – Orifício de comunicação do sistema auditivo com a faringe e a
cavidade oral.
- Pleura – Membrana com dois folhetos que reveste os pulmões.
- Pleura parietal – Folheto da pleura que está em contato com a cavidade torácica.
- Pleura visceral ou pulmonar – Folheto da pleura que está em contato íntimo com os pul-
mões.
- Pomo de Adão – Saliência da cartilagem tireóide da laringe.
- Proeminência laríngea – Mesmo que Pomo de Adão.
- Sistema Respiratório – Conjunto de estruturas que permitem a entrada e saída do ar e
realizam a hematose.
- Sistema Respiratório – Conjunto de estruturas que permitem a entrada e saída do ar e
realizam a hematose.
- Surfactante – Substância química no interior do alvéolo que impede seu colabamento.
- Tonsila faríngea – Mesmo que adenoide. Massa de tecido linfoide.
- Tonsila tubária – Mesmo que amígdalas. Massa de tecido linfoide.
- Traquéia – É um tubo de aproximadamente 11 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro.
Estende-se desde a laringe até o nível da sexta vértebra torácica, onde se divide em dois
ramos que são os brônquios principais direito e esquerdo ou fontes.
- Traqueostomia – Orifício feito na traquéia cirurgicamente para desobstruir a passagem
do ar
- Vestíbulo do nariz – Região inicial das fossas nasais.
- Via aérea inferior – Estruturas intratorácicas do sistema respiratório. Traquéia, brônquios,
bronquíolos, alvéolos, pulmões.
- Via aérea superior – Estruturas extratorácicas do sistema respiratório. Fossas nasais, farin-
ge e laringe

74
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Quais estruturas do sistema respiratório são extratorácicas?

a) Fossas nasais, faringe e laringe.


b) Fossas nasais, faringe, laringe e traqueia.
c) Fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios.
d) Fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos.
e) Somente pulmão é intratorácica.

2. Como se divide a faringe?

a) Naso, oro e laringofaringe.


b) Oro e laringofaringe.
c) Câmaras proximal e distal.
d) Câmaras anterior e posterior.
e) Regiões superior e inferior.

3. Para que servem as fossas nasais?

a) Apenas para fazer o ar entrar no corpo.


b) Permitir a entrada e saída do ar, somente.
c) Aquecer, umedecer e filtrar o ar.
d) Somente aquecer o ar.
e) Somente umedecer o ar.

4. Qual é o nome da troca gasosa que acontece no interior do alvéolo?

a) Difusão.
b) Perfusão.
c) Capilarização.
d) Troca gasosa.
e) Hematose.

5. Como é dividido o pulmão direito?

a) Lobos superior, médio e inferior.


b) Lobos superior e inferior.
c) Lobos proximal, medial e distal.
d) Lobos proximal e distal.
e) Lobos proximal e medial.

6. Qual é o nome da última cartilagem que é a bifurcação da traqueia?

a) Cricóide.

75
b) Tireóide.
c) Carina.
d) Farina.
e) Regina.

7. Qual é o nome do lobo do pulmão esquerdo que é uma variação anatômica

a) Lobo superior.
b) Lobo inferior.
c) Língula.
d) Lobo médio.
e) Base.

8. Qual é o nome por onde “entram” e “saem” estruturas importantes no pulmão?

a) Forame pulmonar.
b) Fissura pulmonar.
c) Septo pulmonar.
d) Pleura.
e) Hilo pulmonar.

76
04
SISTEMA DIGESTÓRIO UNIDADE

77
4.1 NTRODUÇÃO
Cada célula do corpo humano necessita de um suprimento constante de energia
para realizar suas funções próprias. O alimento fornece os materiais básicos para a produção
dessa energia, desenvolvimento do metabolismo.
A maioria dos alimentos não consegue entrar na corrente sanguínea e serem
diretamente distribuídos às células. Para isso o sistema digestivo é necessário, pois modifica
o alimento ingerido por meio de processos mecânicos e químicos de modo que, no final,
possam atravessar a parede do trato gastrinstestinal e entrar na corrente sanguínea e
linfática.
O sistema digestório ou sistema digestivo é formado por estruturas que se conectam
em sequência, em uma espécie de tubo, daí o nome “tubo digestivo” e também por outras
que não fazem parte do tubo mas têm relação direta com ele. Algumas estruturas são
mais decisivas e marcantes do que outras. Essas estruturas são chamadas “anexo do tubo
digestivo”
O sistema digestório é, portanto, formado pelas estruturas que compõem o tubo
digestivo juntamente com os anexos.

FIQUE ATENTO
As atividades desempenhadas pelo sistema digestório podem ser divididas em seis pro-
cessos básicos: (1) ingestão do alimento pela boca; (2) movimento do alimento ao longo do
tubo digestivo; (3) preparação mecânica do alimento para a digestão; (4) digestão química
do alimento; (5) absorção do alimento digerido para os sistemas circulatório e linfático; (6)
eliminação das substâncias não digeridas e restos metabólicos do corpo.

4.2 ESTRUTURAS DO TUBO DIGESTIVO

O tubo digestivo é formado por um conjunto de estruturas que se sucedem e estão


em contato físico nas suas sequências a ponto de quando uma estrutura “termina”, “inicia”
outra.
Possui dois orifícios: um de entrada (boca) e outro de saída (ânus). As estruturas que
formam o tubo digestivo são: boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso,
ânus.

4.2.1 Boca
A boca é a primeira parte do sistema digestivo. É por onde o alimento “entra” pelo
corpo, óbvio que em situações normais. A face interna dos lábios e o restante da boca são
revestidos por uma mucosa que tem uma camada superficial de células pavimentosas não
queratinizadas. Nenhum alimento é absorvido na boca, já que as células de revestimento
não são capazes de fazer absorção. A camada superficial estratificada protege contra
alimentos abrasivos.
A boca é formada pela cavidade oral que possui os seguintes elementos: dentes,
língua, teto, glândulas salivares.

78
O teto da boca é formado
anteriormente pelo palato duro e
posteriormente pelo palato mole. O palato
duro é formado pelos ossos palatinos e
maxilares. O palato mole que se estende
posteriormente ao palato duro, separa a
cavidade oral da nasofaringe. É composto
principalmente por músculos. O palato
mole é “empurrado” para cima durante
a deglutição, bloqueando a entrada da
cavidade do nariz via faringe e servindo
para prevenir que alimentos e bebidas
possam entrar na cavidade nasal.
Figura 79: Boca
Fonte: Netter (2011)
A úvula é uma pequena saliência muscular
que vem da margem posterior do palato mole. Serve como um coxim prevenido o palato
mole de ser “empurrado” para a cavidade nasal durante a deglutição.

4.2.1.1 Língua
A língua se encarrega em distribuir o alimento pela boca para ser mastigado e, ao
final da mastigação, ela “empurra” o alimento para trás para ser deglutido. A língua forma
o assoalho da cavidade oral. É composta por feixes de músculos estriados esqueléticos
cobertos por uma membrana mucosa. Os
músculos extrínsecos da língua se originam no
hióide, na mandíbula e no processo estiloide dos
ossos temporais.
A membrana mucosa que cobre o dorso da
língua é modificada pela presença de numerosas
pequenas projeções chamadas papilas que variam
de forma.
As papilas filiformes estão distribuídas em
fileiras com o formato da letra “V” invertido para
trás do fundo da língua. Nas papilas valadas e nas
fungiformes são encontrados botões gustatórios.
As papilas filiformes tornam a superfície da língua
rugosa. A face dorsal posterior da língua contém
Figura 80: Língua um agregado de pequenos nódulos linfáticos
Fonte: Netter (2011)
chamado de tonsila lingual. Graças às papilas
linguais sentimos o paladar dos alimentos (Fig. 80)
A língua está apoiada no assoalho da boca e fixada por uma prega da membrana
mucosa chamada frênulo da língua.

4.2.1.2 Dentes
Os dentes surgem na boca a partir dos alvéolos localizados ao longo dos processos
alveolares dos ossos maxilares e mandíbula. Cada dente é composto, na sua maior parte,
de uma substância dura, chamada dentina. A parte visível do dente é a coroa. A dentina da

79
coroa é coberta por esmalte que é mais duro.
O cemento, uma substância semelhante a
osso, cobre a dentina da raiz e ancora o dente
na membrana periodontal que reveste o
alvéolo.
A região central do dente contém uma
cavidade pulpar, na qual são encontrados
vasos sanguíneos, nervos e um tecido
conjuntivo chamado polpa. Essa cavidade
estende-se para baixo, em cada raiz, pelo
canal radicular.
Há quatro tipos de dentes, nomeados
de acordo com sua função ou formato. Cada
Figura 81: Dentes permanentes superiores e inferiores tipo de dente executa uma função específica:
Fonte: Netter (2011)
os dentes da frente chamados de incisivos,
cortam. De cada lado dos incisivos existem os dentes caninos que perfuram o alimento.
Os pré-molares e molares têm coroas largas com cúspides arredondadas que ajudam a
triturar e dilacerar os alimentos.
Nomalmente dois conjuntos de dentes desenvolvem-se durante a vida de uma
pessoa. Existem 20 dentes decíduos ou de leite que irrompem através da gengiva a
intervalos regulares. Todos os dentes decíduos estão presentes por volta dos dois anos e
meio de vida.
Existem 32 dentes permanentes que tomam o lugar dos decíduos a partir dos seis
anos de idade, aproximadamente. Os terceiros molares (dente do siso) são os últimos a
irromper, geralmente entre 17 e 25 anos de idade.

4.2.1.3 Glândulas Salivares


As glândulas salivares secretam na boca 1.000 a 2.000ml de saliva por dia. As
glândulas secretam essa quantidade toda para, inicialmente, manter a cavidade oral
úmida. A maior parte da saliva é secretada por três pares de glândulas salivares, que são
ativadas principalmente pelo estímulo associado ao alimento. Essas glândulas são do
tipo tubuloalveolar. O maior par de glândulas salivares são as glândulas parótidas, estão
localizadas abaixo e a frente das orelhas, na face posterior do músculo masseter que é o
principal músculo da mastigação.
As glândulas submandibulares
estão localizadas medialmente ao ângulo
da mandíbula. As glândulas sublinguais
estão localizadas no assoalho da boca.
As glândulas paróticas produzem
uma secreção serosa aquosa, as
sublinguais produzem secreção mucosa e
as submandibulares produzem secreção
mista de serosa e mucosa.

Figura 82: Glândulas Salivares


Fonte: HANSEN e LAMBERT (2007

80
Além de conservar a mucosa da boca úmida e de limpar a boca e os dentes, a saliva
ajuda na preparação do alimento, tornando-o úmido, permitindo a formação do bolo
alimentar e tornando-o mais fácil de ser mastigado e deglutido. As secreções das glândulas
salivares contêm uma enzima chamada de ptialina que é uma amilase salivar que dá início
à digestão dos carboidratos.
Embora as glândulas salivares estarem na cavidade oral, elas não fazem parte do
tubo digestivo e sim, dos anexos do tubo digestivo.

4.2.2 Esôfago
O esôfago é um tubo muscular que une, comunica, a faringe ao estômago. Está
localizado atrás da traquéia, atravessa o mediastino e passa através do diafragma por meio
de uma abertura chamada hiato esofágico. Mede aproximadamente 25 cm.
O alimento é movido ao longo do esôfago por ondas de contração dos músculos da
parede do esôfago, peristaltismo. Na porção superior, próximo à faringe, o esôfago possui
músculos estriados esqueléticos e no restante do esôfago é revestido por músculos liso.

4.2.3 Estômago
O esôfago, após ter passado pelo diafragma, “abre-se” no estômago. O estômago
prepara os alimentos ingeridos, por meio mecânico e químicos para a digestão. O estômago
está posicionado à esquerda da linha média, logo abaixo do diafragma. A abertura do
esôfago no estômago é chamada óstio cárdico ou cárdia e a saída do estômago, na junção
com o intestino delgado é o esfíncter pilórico ou piloro. Tanto a cárdia como o piloro têm
funcionamento como de uma válvula
permitindo o movimento apenas em uma
direção.
O estômago possui duas curvaturas
côncavas voltadas para a direita, uma
grande e outra pequena. A pequena
curvatura está ligada à face inferior do
fígado por um mesentério constituído por
uma dupla camada de peritônio visceral
chamado omento menor. Essas duas
camadas separam-se na curvatura menor
Figura 83: Mucosa do Estômago
Fonte: Netter (2011)
e formam a serosa nas faces do estômago.
As membranas, na grande curvatura formam o omento maior que é um mesentério
pregueado que forma uma espécie de cortina que cobre a face anterior do colo transverso
do intestino grosso e as flexuras do intestino delgado.
A parte principal do estômago é chamada de corpo gástrico. O fundo do estômago,
ou fundo gástrico projeta-se acima da entrada do esôfago. O corpo do estômago afunila-se
inferiormente para formar o piloro.
A parede do estômago é formada por quatro camadas (túnicas) básicas que são
típicas do trato digestivo. No estômago, entretanto, as células epiteliais da mucosa são
mais cilíndricas simples do que estratificadas pavimentosas como no esôfago.
Quando o estômago está vazio, a mucosa e a submucosa formam pregas
denominadas pregas gástricas ou rugas. No estômago cheio, essas pregas são achatadas.

81
Na mucosa gástrica existem glândulas
gástricas que secretam o suco gástrico.
As glândulas gástricas se localizam no
corpo, glândulas gástricas próprias,
e no fundo do estômago, glândulas
gástricas fúndicas. As glândulas
gástricas possuem quatro tipos básicos
de células: (1) células mucosas do colo –
localizadas perto das fovéolas gástricas;
(2) células do zimogênio – secretam
pepsinogênio, um precursor da enzima
digestiva pepsina; (3) células parietais
– produzem o ácido clorídrico; (4)
Figura 84: Omento maior
células enteroendócrinas, argentafins
Fonte: Netter (2011) – produzem o hormônio gastrina.
As glândulas da cárdia (glândulas cardias) e as glândulas pilóricas secretam
principalmente muco. As células da mucosa do estômago produzem uma camada de
muco que adere na mucosa revestindo e protegendo-a.
O ácido clorídrico mata a maioria das bactérias que tentam entrar no trato digestivo
por meio do alimento. Além disso, ajuda na digestão de proteínas e converte o pepsinogênio,
que é inativo, em pepsina. A pepsina inicia a digestão das proteínas rompendo certas
ligações químicas que mantêm os aminoácidos unidos, formando pequenas cadeias de
aminoácidos chamados polipeptídeos. A gastrina estimula a secreção do ácido clorídrico
pelas células parietais.
O estômago tem uma camada muscular, túnica muscular. Além das camadas
circular e longitudinal, a parede do estômago tem uma camada oblíqua de músculo
entre a camada circular e a submucosa. Essa camada adicional de músculo na parede
torna possível contrações muito fortes no estômago e ajuda na sua principal função que é
amassar o alimento e misturá-lo com os sucos digestivos.

4.2.4 Intestino Delgado


O estômago esvazia-se no intestino
delgado, a mais longa e mais sinuosa
porção do trato digestivo medindo cerca
de seis metros. O intestino delgado une-
se ao intestino grosso pela valva ileocecal.
É revestido por epitélio cilíndrico simples
que contém células especializadas para
absorver nutrientes, que é a principal função
do intestino delgado. O intestino delgado se
divide em três partes: duodeno, jejuno e íleo.

Figura 85: Intestino Delgado


Fonte: Netter (2011)

82
4.2.4.1 Duoeno
O duodeno representa os primeiros 25 cm do intestino delgado. Ele é encurvado ao
redor da cabeça do pâncreas. Possui duas curvaturas côncavas voltadas para a esquerda.
O canal do colédoco (vindo
do fígado) e o canal pancreático
(vindo do pâncreas) unem-se para
formar a ampola hepatopancreática,
antigamente chamada ampola de
Vater que se abre no duodeno na
papila maior. Esta papila é rodeada
por um esfíncter chamado esfíncter
hepatopancreático, antigamente
chamado esfíncter de Oddi.
Figura 86: Duodeno O canal colédoco transporta a bile e as
Fonte: Netter (2011) enzimas digestivas são transportadas
pelo canal pancrático. O duodeno é retroperitoneal, ou seja, está localizado atrás do
peritônio e está aderido à parede posterior do corpo.

4.2.4.2 Jejuno

O Jejuno mede aproximadamente 2,5 metros. Esta


porção do intestino delgado está suspensa na cavidade
abdominal pelo mesentério. É responsável pela absorção
de aminoácidos e lipídeos já parcialmente digeridos no
estômago e duodeno. É estrutura intraperitoneal, ou
seja, está localizado dentro do peritônio e está aderido à
parede posterior do abdome pelo mesentério. (Fig. 87)
O Jejuno desempenha um papel fundamental na
digestão, já que 40% do intestino delgado é formado por
ele. Suas funções também incluem absorção de água e
nutrientes.
Histologicamente a mucosa do jejuno é revestida
Figura 87: Jejuno por epitélio colunar cilíndrico simples. O jejuno
Fonte: Gray (2000) tem padrão histológico típico: mucosa, submucosa,
muscular e serosa. Um epitélio colunar simples reveste a mucosa na superfície luminar.
Ela possui enterócitos e células caliciformes. Possui ainda as criptas de Lieberkühn e
vilosidades digitiformes que se projetam na lúmem intestinal. A submucosa consiste de
tecido conectivo frouxo com vasos sanguíneos, linfonodos e o plexo de Meissner. A camada
muscular possui uma camada interna circular e uma externa longitudinal de musculatura
lisa entre as quais encontra-se o plexo Auerbach. A camada serosa recobre todo jejuno
externamente e consiste de epitélio escamoso pavimentado simples e uma camada de
tecido conjuntivo subjacente.

83
4.2.4.3 Ílieo
O íleo forma os últimos 3,5 metros do intestino delgado. A “entrada” do íleo no ceco
do intestino grosso é favorecida pela válvula ileocecal. Ao invés de ser um esfíncter, esta
vávula é composta por duas pregas de tecido. O íleo como o jejuno, está aderido na parede
posterior do abdome pelo mesentério que permite ao intestino delgado mover-se durante
as contrações persitálticas, sendo também suporte para os vasos sanguíneos e linfáticos e
para os nervos que suprem os intestinos. O íleo é rico em folículos linfoides.
Histologicamente a mucosa do íleo é constituída por epitélio colunar cilíndrico
simples composto por enterócitos e células caliciformes. As placas de Peyer são importantes
achado histológico característico do íleo. O íleo possui a mesma estrutura básica do jejuno:
mucosa, submucosa, muscular e serosa.
A mucosa é revestida por epitélio colunar cilíndrico
simples contendo enterócitos e células caliciformes.
Subjacente encontra-se uma camada de tecido
conjuntivo e uma muscular. Comparado ao resto do
intestino delgado as pregas circulares são relativamente
planas e as vilosidades curtas. A submucosa contém vasos
sanguíneos, linfonodos e plexo de Meissner enquanto
a muscular consiste de uma camada circular interna e
uma camada longitudinal externa.
O íleo é inteiramente coberto por serosa
externamente. Ela é constituída por epitélio escamoso
pavimentoso simples e por uma camada de tecido
Figura 88: Íleo
Fonte: Gray (2000)
conjuntivo subjacente

4.2.5 Intestino Grosso


O intestino grosso mede aproximadamente 1,5 metros de comprimento. Estende-se
desde a válvula ileocecal até o ânus. É assim denominado porque seu diâmetro é maior do
que o do intestino delgado.
Um epitélio cilíndrico simples com células absorventes e
células caliciformes reveste o intestino grosso. O intestino inicia-
se numa dilatação chamada ceco que se comunica com o íleo. O
apêndice vermiforme é um tubo estreito, em fundo cego, que se
projeta para baixo a partir do ceco. A parede do apêndice contém
numerosos nódulos linfáticos. A parte do intestino grosso que se
estende para cima a partir do ceco é o colo ascendente.
O cólon ascendente não é sustentado pelo mesentério,
ao contrário, está quase totalmente aderido na parede posterior
do abdome. Logo abaixo do fígado, o colo ascendente faz uma
curva para a esquerda (flexura direita do colo) formando o colo
transverso que atravessa a cavidade abdominal. Esta porção
Figura 89: Intestino Grosso do intestino grosso está suspensa por um tipo de mesentério
com seus cólons
chamado mesocolo. Próximo ao baço, o colo transverso faz uma
Fonte: Netter (2011)

84
curvatura para baixo (flexura esquerda do colo) para formar o colo descendente. O colo
descendente, assim como o ascendente é retroperitoneal. Quando o colo descendente
atinge o limite superior da pelve, curva-se para o plano sagital mediano formando o colo
sigmoide que tem a forma da letra “S”. A continuação do sigmoide encontra-se com o reto
e daí o ânus.
Diversas variações ocorrem nas quatro túnicas do colo. A túnica mucosa contém
glândulas intestinais e muitas glândulas mucosas, mas não possuem vilosidades. Além
disso, enquanto a camada muscular longitudinal da túnica muscular é contínua como
uma camada delgada ao longo de toda a superfície do colo, a maior parte dos músculos
desta camada apresenta-se na forma de três fitas ou tênias do colo, que percorrem o colo
no seu comprimento. A tênia é mais curta do que o colo, determinando o aparecimento
de pequenas bolsas chamadas haustros ou sáculos do colo. A mucosa entre os sáculos é
projetada na forma de pregas semilunares que se salientam na luz do intestino.
Logo em seguida ao sigmoide e
abaixo dele, o intestino grosso dirige-se
longitudinalmente à frente do sacro. Esta
porção é chamada reto. Tem a mesma
estrutura do colo, mas as tênias não se
encontram presentes, de modo que a
camada muscular longitudinal se espalha
uniformemente por toda sua volta.
Os três ou quatro centímetros terminais
recebem o nome de canal anal. Esta região
está abaixo do diafragma pélvico e, por isto,
está fora da pelve. No canal anal, o epitélio
muda de cilíndrico simples, característico do
Figura 90: Intestino Grosso
estômago e dos intestinos, para estratificado
Fonte: Netter (2011) pavimentoso que é típico da boca e do
esôfago.
O canal anal abre-se no exterior através do ânus. O canal anal é rodeado por músculos
esfíncteres interno e externo. O esfíncter interno é formado por músculo liso (involuntário)
enquanto que o esfíncter externo é formado por músculo estriado esquelético (voluntário).

4.3 ESTRUTURAS ANEXAS DO TUDO DIGESTIVO

As estruturas que são anexas do tubo digestivo são: glândulas salivares, fígado,
vesícula biliar, pâncreas. As glândulas salivares já foram mencionadas anteriormente.

4.3.1 Fígado
O fígado é órgão muito grande que se encontra posicionado no lado direito do
abdome, abaixo do diafragma. Possui duas regiões principais: lobos direito e esquerdo.
Os pequenos lobos caudado e quadrado se localizam na face inferior do lobo direito. Os
lobos direito e esquerdo estão separados por uma prega de peritônio parietal chamada
ligamento falciforme, que prende o fígado à parede abdominal anterior. Na margem livre
do ligamento falciforme encontra-se um cordão fibroso chamado ligamento redondo que
representa o resto da veia umbilical do feto que transportava sangue da placenta para o

85
fígado.
O fígado recebe sangue de duas fontes: artéria hepática que transporta sangue
oxigenado proveniente da artéria aorta e veia porta hepática, que transporta sangue
venoso proveniente do trato digestivo, do pâncreas e do baço.
A saturação de oxigênio no sangue da veia porta hepática é relativamente baixa,
mas o sangue contém uma elevada concentração de nutrientes dissolvidos, absorvidos no
intestino como resultado na digestão. Estes nutrientes são alterados de várias maneiras,
conforme o sangue vai atravessando o fígado. Aproximadamente cerca de 1.500 ml de
sangue atravessam o fígado a cada minuto, dos quais 1.100 ml chegam pela veia porta
hepática e 400 ml pela artéria hepática.

Figura 91: Fígado Figura 92: Fígado. Visão posterior


Fonte: Netter (2011) Fonte: Netter (2011)

Inúmeros compartimentos hexagonais chamados lóbulos hepáticos compõem o


fígado. Nos cantos desses compartimentos encontra-se um ramo da veia porta hepática,
um ramo da artéria hepática e um ducto biliar. Estas três estruturas constituem a tríade
hepática que é interlobular.
As células hepáticas secretam a bile. Entre as células hepáticas estão finos canais
chamados dúctulos bilíferos (canalículos biliares) que carregam a bile para os ductos
biliares na periferia de cada lóbulo. A bile percorre os canalículos em direção oposta à da
corrente sanguínea. Os principais ductos biliares juntam-se para formar dois troncos que
abandonam o fígado (ductos hepáticos direito e esquerdo) e se unem para formar o ducto
hepático comum.

4.3.2 Vesícula Biliar


A vesícula biliar é um pequeno saco na face póstero inferior do fígado. É revestida
com epitélio cilíndrico. Serve como local de armazenamento da bile que ela recebe do
fígado. A vesícula é drenada pelo ducto cístico, que se une com o ducto hepático comum
proveniente do fígado para formar o canal colédoco.

86
O ducto pancreático se junta ao
canal colédoco e os dois compartilham
uma entrada comum no duodeno.
Esta entrada é rodeada de esfíncter
hepatopancreático. Quando o esfíncter
relaxa e a musculatura lisa da parede
da vesícula biliar se contrai, a bile é
propelida em direção ao intestino.

Figura 93 : Vesícula Biliar


Fonte: Netter (2011)

4.3.3 Pâncreas
O pâncreas é estrutura retroperitoneal. Está localizado abaixo do estômago. A cabeça
do pâncreas está incrustada na curvatura do duodeno, com a incisura, o corpo e a cauda
estendendo-se para a esquerda. A cauda do pâncreas fica bem próxima do baço.
Microscopicamente, o pâncreas lembra as glândulas salivares, contendo muitas glândulas
tubuloalveolares compostas, com suas células secretoras arranjadas em curtos tubos ou
pequenos sacos chamados ácinos.
O ácino é um divertículo único formado
por células epiteliais piramidais, com seus ápices
convergindo para a luz. Nas células do ácino que
secretam ativamente, vesículas chamadas grãos
de zimógeno acumulam-se no ápice das células.
As células do ácino produzem suco pancreático,
que contém enzimas digestivas. Estas são
sintetizadas no citoplasma da base das células do
ácino, onde entram no retículo endoplasmático
e são transportadas ao aparelho de Golgi, na
região apical da célula. Este complexo concentra
Figura 94: Pâncreas e as estruturas anatômicas ao
seu redor as enzimas em grãos de zimógeno, que são
Fonte: Netter (2011) liberados no suco pancreático.
O suco pancreático é transportado ao
duodeno pelo ducto pancreático ou canal de
Wirsung. Este canal usualmente une-se ao
colédoco que transporta a bile e desembocam
juntos no duodeno. Um ducto pancreático
assessório, canal de Santorini, frenquentemente
ramifica-se do ducto pancreático e se abre no
duodeno independente.
O pâncreas não somente produz enzimas
Figura 94: Pâncreas
Fonte: Netter (2011)
digestivas, como também funciona como uma
glândula endócrina. Insinuados entre as células

87
dos ácinos, estão agrupamentos de células endócrinas chamadas ilhotas pancreáticas
ou ilhotas de Langerhans. As secreções destas ilhotas, entram na corrente sanguínea do
pâncreas e assim alcançam todo o corpo. No capítulo sobre sistema endócrino o pâncreas
será também abordado.

GLOSSÁRIO
- Ácido clorídrico – HCl. Substância ácida produzida pelas células especializadas da mucosa
gástrica. Converte o pepsinogênio em pepsina.
- Ácino – Divertículo formado por células epiteliais piramidais com seus ápices confergindo
para a luz do pâncreas.
- Alvéolo – Acidente ou relevo anatômico dos ossos maxilares e mandíbula, onde estão an-
corados os dentes.
- Ampôla hepatopancreática – Alargamento formado pela junção dos canais colédoco e
pancreático.
- Ampôla de Vater – Mesmo que ampôla hepatopancreática.
- Anexos do tubo digestivo – Conjunto de estruturas do sistema digestório não pertencentes
ao tubo digestivo, mas que desempenham papel fundamental no processo da digestão.
- Ânus – Orifício terminal do trato digestivo.
- Apêndice vermiforme – Tubo estreito, em fundo cego, que se projeta para baixo a partir do
ceco.
- Bile – Enzima digestiva do fígado.
- Canal anal – Três ou quatro centímetros terminais do reto.
- Canal de Sontorini – Ducto pancreático acessório que é ramo do ducto pancreático e se
abre no duodeno de forma independente.
- Canal de Wirsung – Mesmo que ducto pancreático.
- Cárdia – A abertura do esôfago no estômago.
- Cavidade pulpar – Região central do dente. Onde é encontrado a polpa do dente.
- Ceco – Região do colon ascendente do intestino grosso que recebe o conteúdo do intestino
delgado.
- Células caliciformes – São células colunares encontrada nos epitélios das mucosas dos
tratos respiratórios e digestivos.
- Células enteroendócrinas, argentafins – Tipo de célula localizada nas glândulas gástricas.
Produzem o hormônio gastrina.
- Células mucosas do colo – Tipo de célula localizada nas glândulas gástricas.
- Células parietais – Tipo de célula localizada nas glândulas gástricas. Produzem o ácido
clorídrico.
- Cemento – Substância semelhante a osso. Cobre a dentina da raiz e ancora o dente na
membrana periodontal que reveste o alvéolo.
- Colédoco – Canal ou ducto que transporta a bile do fígado ao duodeno.
- Cólon ascendente – Primeira porção do intestino grosso.
- Cólon descendente – Terceira porção do intestino grosso.
- Cólon transverso – Segunda porção do intestino grosso.
- Contrações peristálticas – Contrações dos músculos lisos que promovem os movimentos
peristálticos.
- Coroa – Parte visível do dente ou porção coronária.
- Corpo gástrico – Parte principal do estômago.
- Criptas de Lieberkühn – Glândulas tubulares simples encontradas entre as vilosidades das
paredes dos intestinos.
- Dentina – Parte dura do dente. É coberto pelo esmalte na sua porção coronária e pelo ce-

88
GLOSSÁRIO

mento na porção radicular.


- Digestão – Conjunto de transformações que o alimento sofre para ser absorvido pelo cor-
po humano. Pode ser mecânica e química.
- Ducto biliar – Mesmo que canal biliar. Estrutura que forma, juntamente com ramo da
veia porta hepática e da artéria hepática, a tríade hepática.
- Ducto hepático comum – Ducto ou canal formado pela junção dos ductos hepáticos di-
reito e esquerdo. O ducto hepático comum envia a bile para a vesícula biliar por meio do
ducto cístico.
- Ductos hepáticos direito e esquerdo – Dois troncos de ductos ou canais que “saem” do
fígado para formarem o ducto hepático comum.
- Ducto pancreático – Ducto proveniente do pâncreas que se junta ao canal do colédoco e
compartilha uma entrada comum no duodeno.
- Células do zimogênio – Tipo de célula localizada nas glândulas gástricas. Secretam pep-
sinogênio.
- Esfíncter hepatopancreático – Conjunto de músculos que revestem a papila maior do
duodeno.
- Esfíncter de Oddi – Mesmo que esfíncter hepatopancreático.
- Esfíncter pilórico – Conjunto de músculos especiais localizados no piloro.
- Flexura direita do colo – Curvatura do cólon ascendente para a esquerda para formar o
cólon transverso.
- Flexura esquerda do colo – Curvatura do cólon transverso para baixo para formar o cólon
descendente.
- Fovéolas gástricas – Células mucosas de superfície.
- Frênulo da língua – Prega da membrana mucosa que “une” a língua ao assoalho da
boca.
- Fundo gástrico – Parte superior do estômago.
- Gastrina – Hormônio produzido pelas células da mucosa gástrica. Estimula a produção
do àcido clorídrico.
- Glândulas gástricas – Glândulas existentes na mucosa gástrica que secretam o suco
gástrico.
- Glândulas gástricas fúndicas – Glândulas localizadas na mucosa do fundo do estômago.
- Glândulas gástricas próprias – Glândulas localizadas na mucosa do corpo do estômago.
- Glândulas parótidas – Maior par de glândulas salivares. Estão localizadas abaixo e a
frente das orelhas, na face posterior do músculo masseter.
- Glândulas salivares – Glândulas que secretam a saliva. São as glândulas parótidas, su-
blinguais e submandibulares.
- Glândulas sublinguais – Tipo de glândula salivar localizadas no assoalho da boca.
- Glândulas submandibulares – Tipo de glândula salivar localizadas medialmente ao ân-
gulo da mandíbula.
- Íleo – Terceira porção do intestino delgado.
- Ilhotas de Langerhans – Agrupamentos de células endócrinas presentes entre as células
dos ácinos.
- Ilhotas pancreáticas – Mesmo que ilhotas de Langerhans.
- Jejuno – Segunda porção do intestino delgado.
- Ligamento falciforme – Prega do peritônio parietal que separa os lobos direito e esquer-
do e prende o fígado na parede abdominal anterior.
- Ligamento redondo – Cordão fibroso localizado na margem livre do ligamento falcifor-
me que representa o resto da veia umbilical do feto que transportava sangue da placen-

89
GLOSSÁRIO

ta para o fígado.
- Lobos caudado e quadrado – Pequenos lobos que se localizam na face inferior do lobo
direito do fígado.
- Lobos direito e esquerdo – Principais lobos do fígado. Estão separados pelo ligamento
falciforme.
- Lóbulos hepáticos – Compartimentos hexagonais do fígado.
- Membrana periodontal – Membrana que une a raiz do dente no alvéolo. Tem função de
proteção.
- Músculo masseter – Principal músculo da mastigação.
- Omento maior – Mesentério pregueado com formato de cortina que cobre a face ante-
rior do colo transverso do intestino grosso e as flexuras do intestino delgado.
- Omento menor – Mesentério formado por dupla camada de peritônio visceral que une
a pequena curvatura do estômago à face inferior do fígado.
- Óstio cárdico – Orifício da válvula cárdia.
- Papila maior – Região do duodeno onde “chegam” o colédoco e o canal pancreático.
- Papilas filiformes – Pequenas projeções da membrana mucosa da língua. Se localizam
no dorso da língua e são distribuídas em fileiras com o formato da letra “V” invertido
para trás do fundo da língua. Tornam a língua áspera.
- Papilas fungiformes – São pequenas projeções da membrana mucosa da língua com
botões gustatórios ou gustativos
- Papilas valadas – São pequenas projeções da membrana mucosa da língua com bo-
tões gustatórios ou gustativos.
- Pepsina – Enzima digestiva ativada na presença do ácido clorídrico. Atua durante a di-
gestão química dos alimentos. Inicia a digestão das proteínas.
- Pepsinogênio – Precursor da enzima digestiva pepsina.
- Peristaltismo – Movimento do conteúdo do tubo digestório provocado por ondas de con-
tração dos músculos da parede do esôfago e dos intestinos.
- Peritônio – Membrana serosa que reveste as paredes do estômago
- Piloro – Válvula gást Placas de Peyer – Agregados de nódulos linfáticos.
- Plexo de Auerbach – Plexo formado por uma rede do sistema nervoso entérico. É for-
mado por uma rede de neurônios e células da glia interconectados que coordenam as
contrações no trato gastrintestinal.
- Plexo de Meissner – Plexo formado por uma rede do sistema nervoso entérico. É forma-
do por uma rede de neurônios interconectados que controlam principalmente a secre-
ção gastrintestinal e o fluxo sanguíneo local.
- Polipeptídeos – Pequenas cadeias de aminoácidos.
- Polpa – Estrutura formada por tecido conjuntivo que se estende da dentina até a raiz do
dente. É formado por nervos e vasos. Dá vitalidade ao dente.
- Pregas gástricas ou rugas – Pregas ou rugas na mucosa gástrica que são formadas
quando o estômago está vazio.
- Processos alveolares dos ossos maxilares e mandíbula – O mesmo que alvéolo.
- Processo estiloide do osso temporal – Acidente ou relevo anatômico do osso temporal.
- Ptialina – Amilase salivar que dá início à digestão dos carboidratos.
- Reto – Porção terminal do intestino grosso.
- Sáculos do colo – Mesmo que haustro do colo
- Sigmóide – Quarta porção do intestino grosso.
- Sistema digestivo – O mesmo que sistema digestório.
- Sistema digestório – Conjunto de estruturas responsáveis pela digestão.

90
GLOSSÁRIO

- Suco pancreático – Substância produzida nas células do ácino e que contém enzimas
digestivas
- Superfície luminar – Mucosa que está em íntimo contato com a luz do órgão, ou espaço
interno.
- Tênias do colo – Faixas longitudinais de um centímetro de largura e que percorrem toda
a extensão do intestino grosso. São mais evidentes no ceco e no cólon ascendente.
- Teto da boca – É a região superior da cavidade oral formada anteriormente pelo palato
duro e posteriormente pelo palato mole
- Tonsila lingual – Tecido linfoide localizado na face dorsal posterior da língua
- Tríade hepática – Estrutura formada por ramo da veia porta hepática, ramo da artéria
hepática e um ducto biliar. A tríade hepática está localizada em cada lóbulo hepático.
- Tubo digestivo – Conjunto de estruturas do sistema digestório posicionados em sequên-
cia, iniciando na boca e terminando no ânus.
- Valva ileocecal – Válvula onde o íleo se comunica com o intestino grosso.
- Vesícula biliar – Pequeno saco (bolsa) localizado na face póstero inferior do fígado. Arma-
zena a bile por meio do ducto cístico
- Vilosidade – Dobra na mucosa dos intestinos. Permitem o aumento da absorção dos nu-
trientes após a digestão.

91
FIXANDO O CONTEÚDO
1. O Aparelho digestório ou sistema digestivo é formado por um conjunto de estruturas
que formam o tubo digestivo e seus anexos. Quais são as estruturas do tubo digestivo?

a) Boca, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso e ânus.


b) Glândulas salivares, fígado, vesícula biliar, pâncreas.
c) Glândulas salivares, esôfago, fígado, intestinos.
d) Boca, esôfago, fígado, vesícula biliar e intestinos.
e) Todas as estruturas com exceção do pâncreas que é do sistema endócrino.

2. Qual é o nome da enzima constante na saliva?

a) Leptina.
b) Grelina.
c) Ptialina.
d) Pepsina.
e) Serotonina.

3. Qual é a primeira porção do intestino delgado?

a) Jejuno.
b) Íleo.
c) Duodeno.
d) Cárdia.
e) Piloro.

4. Na junção esôfago com o estômago existe uma válvula. Qual é o nome dela?

a) Piloro.
b) Cárdia.
c) Duodeno.
d) Jejuno.
e) Íleo.

5. Qual é a região de transição entre o cólon descendente e o reto?

a) Cólon ascendente.
b) Cólon transverso.
c) Ceco.
d) Íleo.
e) Sigmóide.

6. Qual estrutura separa os lobos direito e esquerdo do fígado?

92
a) Fissura oblíqua.
b) Fissura vertical.
c) Ligamento largo.
d) Ligamento falciforme.
e) Ligamento estriado.

7. Qual é o nome da região onde o intestino delgado se “desemboca” no intestino grosso?

a) Ceco.
b) Íleo.
c) Jejuno.
d) Cólon ascendente.
e) Sigmóide.

8. Onde estão localizados os pequenos lobos caudado e quadrado do fígado?

a) Na face posterior do lobo direito.


b) Na face inferior do lobo direito.
c) Na face anterior do lobo esquerdo.
d) Na face posterior do lobo esquerdo.
e) Na face medial do fígado.

93
05
APARELHO GENITOURINÁRIO UNIDADE

94
5.1 INTRODUÇÃO
O Aparelho Genitourinário ou geniturinário é um conjunto de estruturas que, na
verdade, formam dois outros sistemas (urinário e reprodutor) que por suas características
anatômico funcionais são classificadas como pertencentes a uma estrutura maior, o
aparelho geniturinário.

5.2 SISTEMA URINÁRIO


A manutenção da homeostase envolve
a maioria dos sistemas corporais. Com o
sistema urinário não é diferente. O principal
componente deste sistema é o rim que é
capaz de eliminar do corpo uma grande
quantidade de produtos do metabolismo,
além de conservar ou eliminar água e
eletrólitos de acordo com a necessidade
para que o equilíbrio líquido e eletrolítico se
mantenha.
O sistema urinário é constituído pelos
Figura 94: Sistema urinário feminino e masculino rins, ureteres, bexiga e a uretra.
Fonte: Gray (2010)

5.2.1 Rim
Os rins são dois órgãos marrom avermelhados situados por trás do peritônio, na
parede posterior da cavidade abdominal, um de cada lado da coluna vertebral. Cada rim
possui um capuz formado por uma glândula endócrina denominada glândula adrenal,
antigamente supra-renal.
Os rins têm 11 cm de comprimento aproximadamente e se estendem desde o nível
da décima primeira ou décima segunda vértebra torácica até a terceira vértebra lombar.
Devido a presença do fígado, o rim direito é ligeiramente posicionado mais baixo em relação
ao rim esquerdo. Eles se localizam entre os músculos do dorso e a cavidade peritoneal.
Cada rim é envolto por três camadas de tecidos.
A mais interna é a cápsula fibrosa que cobre a
superfície do rim. Uma cápsula adiposa, formada por
uma massa de gordura peri-renal, envolve a cápsula
fibrosa. A última camada que reveste o rim é a fáscia
renal que é formada de paredes duplas. A fáscia renal
ancora o rim na parede posterior do abdome. Existe
ainda um acúmulo de gordura conhecido como corpo
adiposo para-renal externamente à fáscia renal.
O rim tem o formato de um grão de feijão. Sua
face lateral é convexa e a medial, côncava. A margem
Figura 95 : Rim
medial apresenta uma fenda, o hilo renal por onde
Fonte: Netter (2011)
entra a artéria renal e saem a veia renal e o ureter. O

95
hilo se abre em um espaço no interior do rim denominado seio renal, onde se localizam os
vasos renais e a pelve renal.
Três regiões são observadas em cada rim: córtex, medula e pelve renais. O córtex renal
é a camada externa do rim, situada logo abaixo da cápsula fibrosa. Expansões do córtex
renal, as colunas renais projetam-se para a medula renal. A medula renal está localizada
abaixo do córtex. É formada por até 18 estruturas triangulares que são as pirâmides renais.
As pirâmides estão orientadas de maneira que suas bases amplas se encontram revestidas
pelo córtex, e seus ápices, papilas renais, seguem em direção à pelve renal. As colunas
renais separam as pirâmides. Os vasos sanguíneos que vão nutrir o córtex prolongam-se
para o cálice renal menor, uma câmara em forma de funil. Os cálices menores se unem
para formar os cálices renais maiores. Existem normalmente dois ou três cálices renais
maiores e oito a 13 cálices menores em cada rim. Os cálices renais maiores, por sua vez, se
unem para formar a pelve renal, que é a extremidade superior, início do ureter.

Os túbulos renais, são as unidades funcionais


de cada rim. São formados por néfrons e túbulos
coletores. Em cada rim, existem mais de 1 milhão
de néfrons. Cada néfron é formado por duas
partes: glomérulo que é uma rede de capilares
paralelos e um túbulo. Várias regiões do túbulo
diferem anatomicamente entre si.
A extremidade proximal do túbulo forma
um receptáculo de parede dupla conhecido como
Cápsula de Bowman ou cápsula do glomérulo. A
cápsula e o glomérulo constituem o corpúsculo
Figura 96: Anatomia interna do Rim
renal.
Fonte: Netter (2011)
Do outro lado da cápsula de Bowman cada
néfrom forma um túbulo com várias curvaturas, cuja luz é contínua com o espaço capsular.
Essa região e conhecida como túbulo contorcido proximal devido a sua localização no
córtex renal, próximo a cápsula. Após o túbulo contorcido proximal, o néfrom apresenta
uma porção reta que forma a Alça de Henle ou Alça dos Néfrons que se dirige para a
pirâmide localizada na medula renal. As alças dos glomérulos justamedulares são maiores
que as dos corticais.
Após a Alça de Henle o néfrom forma o túbulo
contorcido distal que toma contato com o
vaso sanguíneo arteríola aferente. Células com
grânulos proeminentes em seu citoplasma
estão localizadas entre as células musculares
lisas da túnica média da arteríola aferente. Essas
células são as justaglomerulares. Onde o túbulo
contorcido distal toma contato com as células
justaglomerulares, existe uma concentração de
núcleos e as células aparecem maiores que em
outras partes do túbulo contorcido distal. Essa
região é a mácula densa.
Figura 96: A – Rim. B – Néfron
Fonte: Tortora e Derrickson (2017)

96
Figura 97: Representação de um rim, em corte
longitudinal
Fonte: Cheida (2002)

As células justaglomerulares juntamente com a mácula


densa, formam uma estrutura denominada complexo jus-
taglomerular ou aparelho justaglomerular. As células justa-
glomerulares são consideradas secretoras de uma enzima
chamada renina que responde à pressão sanguínea baixa.
Através de seu efeito sobre a angiotensina, uma proteína
plasmática, a renina determina a constrição das arteríolas e
promove a liberação do hormônio aldosterona do córtex da
glândula adrenal. A aldosterona atua sobre os túbulos renais
determinando uma maior reabsorção de sódio, que por sua
vez determinam uma maior reabsorção de água. Essa rea-
bsorção de água aumenta o volume sanguíneo (GUYTON;
HALL, 2017

FIQUE ATENTO
Resumindo, os rins têm as seguintes funções: (1) eliminar substâncias tóxicas oriundas do
metabolismo, como por exemplo, a uréia e a creatinina; (2) manter o equilíbrio de eletró-
litos no corpo humano, tais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, bicarbonato,
hidrogênio, cloro e outras; (3) regular o equilíbrio ácido-básico, mantendo constante o pH
sanguíneo; (4) regular a osmolaridade e volume de líquido corporal eliminando o excesso de
água do organismo; (5) excreção de substâncias exógenas como por exemplo medicações;
(6) produção de hormônios: eritropoietina (estimula a produção de hemácias), renina (eleva
a pressão arterial), vitamina D (atua no metabolismo ósseo e regula a concentração de cál-
cio e fósforo no organismo), cininas e prostaglandinas; (7) produção de urina para exercer
suas funções excretórias!

5.2.2 Ureter
Os ureteres são dois tubos que transportam a urina dos rins para a bexiga. São órgãos
pouco calibrosos, têm menos de 6 mm de diâmetro e 25 a 30 cm de comprimento.
A urina goteja dos túbulos coletores no ápice das papilas e penetra nos cálices
menores que ”desaguam” nos cálices maiores, que por sua vez, ”desaguam” na pelve renal
de onde, a urina é transportada para a bexiga por meio dos ureteres, uma para cada rim.
Os ureteres, ao descerem entre o peritônio parietal e a parede da cavidade pélvica,

97
se dirigem medialmente e penetram nas faces posterolaterais da bexiga urinária. Antes
de alcançarem a bexiga, os ureteres transitam obliquamente por suas paredes. Por causa
disto, a contração da musculatura da bexiga comprime os ureteres e previne o refluxo de
urina da bexiga para o ureter. Isto ocorre durante o enchimento da bexiga. Em função
disto, os músculos das paredes da bexiga são considerados, esfíncteres dos ureteres, ou
pelo menos “agem” como se fossem.

Figura 97 : Ureteres Figura 98: Óstio dos ureteres


Fonte: Hansen e Lambert (2007) Fonte: Hansen e Lambert (2007)

Os ureteres têm paredes com três camadas: mucosa, muscular e fibrosa, a mais
externa. A camada mucosa apresenta uma camada superficial formado por epitélio de
transição, que também é típico da bexiga urinária e da uretra. A camada muscular é capaz
de realizar movimentos peristálticos, impelindo desta forma a urina em direção à bexiga.

5.2.3 Bexiga
A bexiga urinária ou simplesmente bexiga é um órgão muscular cavitário utilizado
no armazenamento da urina. Está localizada no assoalho da cavidade da pelve. A sínfise
púbica, por estar localizada à sua frente, protege sua face anterior. Nos homens a bexiga
situa-se anterior ao reto e, nas mulheres, está situada anteriormente ao útero e à porção
superior da vagina (Fig. 99). Quando está cheia, a bexiga apresenta uma forma esférica,
mas quando está vazia, seu formato se assemelha a uma pirâmide invertida.

A bexiga, está forrada por uma


membrana mucosa de epitélio de
transição. Recobrindo esse epitélio
aparece uma túnica muscular, o músculo
detrusor, que consiste de três camadas
de musculatura lisa, uma longitudinal
interna e uma longitudinal externa, em
ambas as faces de uma camada circular.
Figura 99: Posição da bexiga masculina e feminina
Na maior parte da bexiga, a mucosa se
Fonte: Hansen e Lambert (2007)
encontra frouxamente aderida à camada
muscular subjacente e aparece pregueada quando a bexiga está contraída. Entretanto, a
área do orifício da uretra anteriormente e dos dois ureteres lateralmente demarcam uma
região triangular na qual a mucosa se encontra fortemente aderida à camada muscular e
se apresenta sempre lisa. Essa região triangular é chamada trígono da bexiga.

98
A bexiga pode armazenar 600 a 800 ml de urina, mas ela geralmente se enche antes
que atinja a plenitude de sua capacidade. Impulsos nervosos sensitivos são enviados à
região sacral da medula espinhal quando a bexiga se enche de urina. Isto ocorre porque
à medida que as paredes da bexiga são distendidas (devido ao enchimento de urina),
seus receptores são estimulados a transmitirem tal impulso. Esses impulsos estimulam
neurônios parassimpáticos que inibem neurônios motores somáticos que se dirigem para
o músculo esfíncter externo da uretra. Com consequência, quando aproximadamente 300
ml de urina é acumulado na bexiga, os músculos de suas paredes se contraem, o esfíncter
externo da uretra se relaxa e a bexiga se esvazia (micção).

5.2.4 Uretra
A uretra é um tubo muscular, forrado por membrana mucosa, que sai da face inferior
da bexiga e transporta a urina para o meio externo. Na junção da uretra com a bexiga, a
musculatura lisa da bexiga circunda a uretra e atua como esfíncter denominado esfíncter
interno da uretra que tende a manter a uretra fechada. Durante o esvaziamento da bexiga, a
sua contração e as mudanças de sua forma, abrem o esfíncter. Assim, nenhum mecanismo
especial é necessário para que o esfíncter se relaxe. A uretra é circundada por musculatura
estriada esquelética que forma o seu esfíncter externo, após atravessar o assoalho pélvico
(diafragma urogenital). Quando contraído, o esfíncter, que se encontra sob o controle da
vontade humana (voluntário) é capaz de manter a uretra fechada em oposição a fortes
contrações da bexiga.
No sexo feminino, a uretra é curta, aproximadamente 4 cm e se situa anteriormente
à vagina abrindo-se no exterior através do óstio externo da uretra, que se localiza entre o
clitóris e o óstio da vagina.
A uretra masculina tem 20 cm de
comprimento, aproximadamente e se
abre no óstio externo da uretra, localizado
no ápice do pênis (glande). Ela é dividida
em três porções: parte prostática, parte
membranácea e parte esponjosa.
A uretra prostática atravessa a
próstata e recebe os ductos ejaculatórios,
que transportam o esperma. Após o local
da junção com os ductos ejaculatórios,
a uretra masculina é usada para a
reprodução, bem como para o transporte
da urina.
A uretra ainda tem uma curta
porção que atravessa o diafragma
Figura 100: Uretra masculina e uretra feminina
Fonte: Gray (2000) urogenital. Esta porção da uretra é
denominada parte membranácea da uretra.
A porção mais longa da uretra, sua parte esponjosa, se estende da parte inferior
do diafragma pélvico até o óstio externo, na glande. No interior da glande existe a fossa
navicular da uretra que é uma pequena câmara formada pela dilatação da uretra. No pênis,
a uretra atravessa o corpo esponjoso do pênis, uma das três colunas de tecido erétil que
formam o órgão.

99
5.3 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

FIQUE ATENTO
Os órgãos dos sistemas reprodutores masculino e feminino produzem gametas ou células
germinativas (espermatozoide e óvulo) para assegurar a continuidade da espécie.
Os órgãos sexuais que produzem os gametas (testículos nos homens e ovários nas mulheres)
são chamados de órgãos sexuais principais ou órgãos sexuais essenciais. Além da produção
dos gametas, os órgãos sexuais principais também produzem hormônios que influem no
desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas ou femininas e regu-
lam o ciclo reprodutivo.

No homem, são produzidos um grupo de hormônios chamados andrógenos. A


testosterona é o andrógeno e na mulher, são produzidos estrógenos e progesterona.
As estruturas que transportam, protegem e nutrem os gametas após terem deixado as
gônadas são chamados órgãos sexuais acessórios. No homem os órgãos sexuais acessórios
incluem os epidídimos, os canais ou ductos deferentes, as vesículas seminais, a próstata, as
glândulas bulbouretrais, a bolsa escrotal e o pênis. Os órgãos sexuais acessórios femininos
são as tubas uterinas, o útero, a vagina e a vulva.
O Sistema Reprodutor Masculino é formado por: testículo; epidídimo; ducto ou canal
deferente; vesícula seminal; próstata; glândulas bulbouretrais; uretra e pênis.

5.3.1 Testículo
O testículo é órgão par (direito e esquerdo). É responsável pela produção dos
espermatozoides. Está localizado em uma bolsa que está localizada fora dos limites da
cavidade pélvica. Esta bolsa é chamada bolsa escrotal.
Os testículos têm formato oval. São revestidos por uma túnica albugínea que é formada
por tecido conjuntivo (Fig. 101). Prolongamentos interiores desta túnica formam septos
que dividem o testículo em compartimentos (lóbulos). Cada compartimento aloja diversos
túbulos bastante enovelados, os túbulos seminíferos, que contêm células germinativas em
vários estágios de desenvolvimento. Através do processo de espermatogênese, que ocorre
no interior dos túbulos seminíferos, as células germinativas
terminam por desenvolver-se em espermatozoides.
Os túbulos seminíferos de cada compartimento do
testículo juntam-se para formar um tubo curto e retilíneo
denominado túbulo reto ou túbulo seminífero reto. Os
túbulos retos de todos os compartimentos formam uma
rede de túbulos denominada rede do testículo. Os túbulos
desta rede, por sua vez, abrem-se em ductos eferentes que
deixam o testículo e entram no epidídimo.
Aglomerados de células chamadas células intersticiais
estão localizadas no tecido conjuntivo frouxo entre os
Figura 101: Testículo
túbulos seminíferos. Estas células secretam os hormônios
Fonte: Dangelo e Fatinni (2005)
masculinos, os andrógenos.

100
Os testículos se desenvolvem como estruturas retroperitoneais, logo abaixo dos rins.
À medida que o desenvolvimento prossegue, os testículos movem-se em direção às dobras
da parede abdominal chamadas dobras ou eminências labioescrotais que se localizam
abaixo do pênis, na porção anterior do triângulo urogenital do períneo.
Após os testículos terem alcançado a bolsa escrotal, o canal inguinal estreita-se por
constrição da porção superior do processo vaginal. A porção inferior de cada processo
vaginal forma um saco de paredes duplas que cobre o testículo. Esta porção é chamada de
túnica vaginal.

FIQUE ATENTO
A localização dos testículos na bolsa escrotal, fora da cavidade abdominopélvica, é necessá-
ria para o desenvolvimento natural dos espermatozoides, pois a espermatogênese normal
não pode ocorrer à temperatura central do corpo. Quando um ou os dois testículos perma-
necem na cavidade é uma condição denominada criptorquidismo.

5.3.2 Epidídimo
O epidídimo é a primeira porção do sistema de ductos que transporta os
espermatozoides dos testículos para o exterior do corpo (Figura 102). O epidídimo está
firmemente aderido na face póstero superior do testículo. Consiste de um tubo sinuoso que
recebe o espermatozoide do testículo por meio dos ductos eferentes. Esse tubo é revestido
com epitélio pseudo estratificado cilíndrico. As faces livres de algumas dessas células têm
microvilos longos e imóveis, chamados esterocílios, que servem para facilitar a passagem
dos nutrientes do epitélio para os espermatozoides.
Desenrolado, o epidídimo pode alcançar de quatro a seis metros de comprimento.
Serve, assim, como um local de reserva ou armazenamento de espermatozoides. Os ductos
eferentes abrem-se na região superior do epidídimo ou cabeça.
Na região inferior ou cauda do epidídimo continua-se com o ducto ou canal deferente.
Músculos lisos, localizados na parede do epidídimo, se contraem durante a ejaculação. Essas
contrações movimentam os espermatozoides em direção ao ducto ou canal deferente.
Durante sua lenta passagem pelo epidídimo, os espermatozoides sofrem um
processo de maturação, sem o qual eles ficariam imóveis e não férteis quando ejaculados
no sistema reprodutor feminino.

5.3.3 Ducto deferente


O ducto deferente é a continuação do epidídimo. Cada ducto é um tubo retilíneo que
passa ao longo da face posterior do testículo, medialmente ao epidídimo e sobe através da
bolsa escrotal, passa pela parede do corpo na região do canal inguinal e depois, “entra” na
cavidade abdomino pélvica.

101
Em todo percurso do ducto deferente
(do epidídimo à cavidade abdomino
pélvica) está paralelo aos vasos e nervos
que suprem o testículo. Esse conjunto
é revestido por uma bainha de fáscia,
chamada cordão espermático ou funículo
espermático. No funículo espermático
estão presentes o ducto deferente, a
artéria testicular, a veia testicular, vasos
linfáticos e nervos.
Os ductos deferentes ao “chegarem” na
cavidade abdomino pélvica, cruzam acima
de cada ureter e descem ao longo da face
posterior da bexiga, onde se alargam para
Figura 102 : Canal ou Ducto Deferente formar uma ampola. Ao alcançar a face
Fonte: Gray (2000) inferior da bexiga, cada ducto está ligado
por um pequeno canal a uma vesícula seminal, formando um curto ducto ejaculatório que
passa através da próstata até alcançar a uretra.

5.3.4 Vesícula Seminal


Na face póstero superior da bexiga, em cada lado, está localizada a vesícula seminal,
órgão par, uma espécie de bolsa membranosa. De cada vesícula seminal “sai” um ducto
excretor que se une ao ducto deferente para formar o ducto ejaculatório.

Os ductos ejaculatórios penetram na próstata


e se “encontram” na uretra logo abaixo do
ponto de saída da bexiga. As vesículas seminais
secretam um líquido viscoso que contribui para
a formação do sêmem.

Figura 103 : Visão posterior da bexiga mostrando os ureteres,


as ampôlas dos ductos deferentes, as vesículas seminais e a
próstata.
Fonte: Netter (2011)

5.3.5 Próstata
A glândula próstata é órgão ímpar que “abraça” a uretra logo abaixo da bexiga. Por
causa de sua localização diretamente à frente do reto, a próstata pode ser manualmente
examinada por meio de um toque retal, no qual um dedo é colocado no canal anal e a
glândula é palpada através da parede anterior do reto.
A próstata é envolta por uma capsula de tecido conjuntivo fibroso e fibras de
musculatura lisa que se estendem ao longo da glândula dividindo-se em dois lobos não

102
muito distintos. A próstata secreta um líquido leitoso, fluido, alcalino, que contribui para
a formação do sêmem. Esta glândula tem tendência para aumentar de tamanho nos
homems mais velhos e pode causar dificuldades para a micção pelo estreitamento da
porção prostática da uretra.

Figura 104 : Posicionamento anatômico da próstata Figura 105: Visão lateral da próstata, glândula bulbouretral e
logo abaixo da bexiga tendo ao centro a uretra que a todas estruturas subjacentes
divide em lobos direito e esquerdo Fonte: Netter (2011)
Fonte: Netter (2011)

5.3.6 Glandulas Bulbouretrais

As glândulas bulbouretrais são um par de pequenas glândulas localizadas abaixo


da próstata, de cada lado da parte membranosa da uretra. Sua secreção, que também
contribui para a formação do sêmem, é transportada para a uretra por meio de um ducto
proveniente de cada glândula.

5.3.7 Pênis
O pênis é o órgão copulador masculino. Por meio dele, os espermatozoides são
introduzidos no sistema reprodutor feminino. Consiste de um eixo coberto por pele
relativamente frouxa, com extremidade expandida, a glande. Ao redor da glande, a pele se
estende e até a ultrapassa para formar o prepúcio.
O pênis contem três corpos cilíndricos revestidos por uma cápsula fibrosa e mantidos
juntos por uma bainha de tecido conjuntivo que está coberta de pele. Cada um é tecido erétil
e formado de tecido conjuntivo ricamente vascularizado. No interior deles estão presentes
numerosos espaços esponjosos que se enchem de sangue durante a estimulação sexual,
causando o enrijecimento e o alongamento do pênis.
Dos três corpos cilíndricos, dois são dorsais e um ventral. Os dois corpos cilíndricos
dorsais são chamados corpos cavernosos do pênis e o corpo cilíndrico ventral é o corpo
esponjoso do pênis. O corpo esponjoso, em toda sua extensão, “abriga” a uretra (Fig. 106).
A extremidade distal do corpo esponjoso forma a glande do pênis e sua extremidade
proximal forma o bulbo do pênis (Fig. 107)
Os dois corpos cavernosos separam-se na sua extremidade proximal e forma os
ramos do pênis, que o ancoram nas partes púbicas e isquiática dos ilíacos.

103
Figura 106: Pênis em corte transversal evidenciando os Figura 107 : Estrutura anatômica do pênis mostrando o
corpos cavernosos (dorsais) e o corpo esponjoso (ven- corpo esponjoso do bulbo à glande
tral) com a uretra em seu interior
Fonte: Netter (2011)
Fonte: Netter (2011)

5.4 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO


O Sistema Reprodutor Feminino é formado por: ovários; tubas uterinas; útero; vagina;
vulva e mamas.

5.4.1 Ovários
As gônadas femininas, ou órgãos sexuais primários, são os ovários, nos quais são
produzidos os óvulos e secretados os hormônios estrógeno e progesterona.
Cada ovário é oval e ligeiramente menor do que os testículos e não migram tão
extensivamente durante o desenvolvimento embrionário como eles. Pelo contrário, os
ovários descem apenas um pouco até a pelve e ficam localizados junto à parede lateral de
cada lado do útero. Os ovários são mantidos nessa posição por vários ligamentos. O maior
deles é o ligamento largo que também dá suporte às tubas uterinas, ao útero e à vagina.
Os ovários são suspensos na face posterior do ligamento largo pelo mesovário que é uma
pequena dobra de peritônio. Uma faixa fibrosa chamada ligamento próprio do ovário, está
localizada junto ao ligamento largo e se estende da margem súpero lateral do útero até
o ovário. As margens laterais do ligamento largo
formam uma prega ou ligamento suspensor do
ovário que fixa o ovário à parede pélvica. Por este
ligamento os vasos alcançam o ovário.
O peritônio que cobre a superfície do
ovário é composto de células simples cuboidais,
relativamente pequenas, ao contrário das células
pavimentosas típicas do restante do peritônio.
Esta cobertura epitelial externa do ovário é
chamada epitélio germinativo. Esse epitélio,
mesmo tendo esse nome, não dá origem a
células germinativas. Abaixo desse epitélio
Figura 108: Ovários, tubas uterinas e útero.
encontra-se uma camada de tecido conjuntivo
Fonte: Netter (2011)
fibroso, a túnica albugínea. O ovário, em si, pode

104
ser dividido numa camada externa, o córtex, envolvendo a medula central.
No nascimento, o córtex de cada ovário contém centenas de milhares de óvulos
imaturos em pequenas esferas individuais compostas de uma única camada de células.
Cada uma delas é um folículo primário. Suas células envoltórias são as células foliculares.
A maioria desses folículos permanece como folículos primários até depois da puberdade,
que geralmente ocorre entre 12 e 15 anos.

BUSQUE POR MAIS


A gametogênese é a função primordial das gônadas masculinas e femininas. É o
processo e desenvolvimento e formação dos gametas (espermatozoide e óvulo).
Para saber mais, disponível em: https://bit.ly/36VODlD. Acesso em: 22 jun. 2020.

5.4.2 Tubas uterinas


As tubas uterinas transportam o óvulo ao útero. Cada tuba uterina que se estende
da proximidade do ovário ao ângulo lateral superior do útero, está posicionada entre as
camadas do ligamento largo. A porção do ligamento largo que ancora cada tuba uterina
é chamada de mesosalpinge. O istmo é a porção medial da tuba uterina. Ele tem calibre
menor e se abre no útero.
A tuba uterina se expande e forma a ampôla uterina que se localiza na região
onde a tuba uterina se curva ao redor do ovário. É nesta região onde ocorre a fertilização.
A extremidade distal de cada tuba uterina é o infundíbulo que está muito próximo ao
ovário, próximo até quase o tocar. Esta abertura chama-se óstio abdominal, é rodeada por
pequenas projeções digitiformes, chamadas fímbrias. Acredita-se que os movimentos das
fímbrias e de seus cílios produzem uma corrente de fluido peritoneal que entra na tuba
uterina e, assim, carrega o óvulo liberado no folículo para a tuba.
A parede da tuba uterina é coberta por
peritônio. A camada muscular da tuba uterina
contém fibras lisas circulares e longitudinais.
A mucosa, internamente, é espessa e seu
epitélio é composto de células cilíndricas
simples. Essa mucosa forma numerosa
pregas longitudinais que se estendem na luz
da tuba uterina. Dois tipos de células estão
presentes no epitélio da mucosa: com e sem
cílios. A maioria das células têm cílios que
se movimentam ritmicamente em direção
ao útero. Assim, uma vez dentro da tuba
uterina, o óvulo é carregado até o útero por
Figura 109: Tuba uterina uma corrente fluida causada pelo batimento
Fonte: Netter (2011) dos cílios e com a ajuda das contrações dos
músculos lisos das paredes da tuba uterina. Interpostas às células ciliadas, estão as células
sem cílios. Acredita-se que as células sem cílios sejam secretoras que mantenham o meio
úmido na tuba uterina e talvez sirvam como fonte de alimento ao óvulo.

105
5.4.3 Útero
O útero é órgão ímpar, oco, com a forma de uma pêra, que recebe as tubas uterinas
nos seus ângulos laterais superiores. Comunica-se inferiormente com a vagina. A porção
superior do útero é chamado corpo do útero. Abaixo do corpo o útero se estreita formando
o istmo e, quando se junta à vagina, chama-se óstio do útero. A região em forma de cúpula
do corpo uterino acima e entre os pontos de entrada das tubas uterinas é chamado fundo
do útero.
O útero está localizado na pelve, atrás da bexiga e à frente do sigmoide e do reto. As
camadas de peritônio que recobrem o útero anterior e posteriormente fundem-se ao longo
de suas margens laterais e se estendem para as paredes laterais e assoalho da cavidade
pélvica como o ligamento largo. A porção do ligamento largo que está abaixo do mesovário
e ancora o útero é chamada de mesométrio.
Os ligamentos redondos são auxiliares
do ligamento largo na manutenção do útero
na sua posição. Os ligamentos redondos são
faixas fibrosas justapostos ao ligamento
largo e se estendem desde as margens
laterais do útero próximo às junções com as
tubas uterinas, e através do canal inguinal,
até os grandes lábios.
Os ligamentos não prendem
firmemente o útero em seu lugar, ao
contrário, permitem que tenha movimentos
limitados. Normalmente, o útero está fletido
para a frente, com seu eixo longitudinal
Figura 110: Posição do útero na cavidade pélvica formando um ângulo de 90° com o eixo
Fonte: Netter (2000) maior da vagina. Esta angulação pode variar
em função do preenchimento da bexiga e do reto. Ângulos anormais de flexão, para frente
ou para trás, podem interferir na circulação sanguínea do útero, causando menstruação
dolorosa.
Os ligamentos não conferem maior suporte ao útero. Seu principal suporte está
situado abaixo: os músculos e membranas que formam o assoalho da cavidade pélvica,
o diafragma pélvico e o diafragma urogenital. Estes músculos estão aderidos no centro
tendíneo do períneo que é um tendão circular posteriormente à abertura vaginal. Se esta
área está enfraquecida, como ocorre algumas vezes durante o parto, o útero pode mover-
se para baixo através da vagina, formando o prolapso do útero.
As artérias uterinas são ramos das artérias ilíacas internas, passam pelo ligamento
largo para alcançar a porção cervical do útero. Daí seguem as margens laterais para cima
até o istmo das tubas uterinas, onde dão origem a ramos tubários e ovarícios.
A parede do útero consiste de três camadas. É recoberto por uma camada serosa
formada pelo peritônio que é dobrado para trás do útero a partir do ligamento largo e
que se chama perimétrio. Abaixo do perimétrio está uma espessa camada muscular
chamada de miométrio. O miométrio que forma quase toda a espessura da parede do
útero. É composto de feixes de musculatura lisa dispostas em várias direções e se contraem
fortemente durante o parto e durante a menstruação.

106
O endométrio reveste a cavidade
do útero e é formado por epitélio de
células cilíndricas ciliadas. Glândulas
uterinas tubulares são formadas a partir de
invaginações da superfície deste epitélio.
Estas glândulas se estendem para o interior
da parede numa espessa lâmina própria
referida como estroma endometrial. O
endométrio é formado por uma camada
funcional e outra basal. A camada funcional
é espessa e superficial e a camada basal é
delgada e profunda. A camada funcional sofre
Figura 111: Anatomia do útero acentuadas alterações no desenvolvimento
Fonte: Netter (2011) durante o ciclo menstrual. Em cada ciclo
menstrual, esta camada se espessa e torna-se repleta de sangue na tentativa de se preparar
para receber um óvulo fertilizado. A camada funcional do óvulo se desprende e é expelida
com o fluxo menstrual se o óvulo não for fecundado.

5.4.4 Vagina
A vagina é o canal que comunica o útero
ao meio externo (Fig. 112). A túnica muscular
lisa da parede da vagina é muito mais delgada
do que a túnica muscular do útero. A mucosa
que reveste a vagina tem uma camada
superficial protetora do epitélio estratificado
pavimentoso, como é típico de todos os
canais do corpo que se abrem para o meio
externo. A mucosa vaginal prolifera durante
o ciclo menstrual de maneira semelhante
às mudanças endometriais do útero, mas é
consideravelmente menos desenvolvida do
que a do útero. A mucosa da vagina contém
Figura 112: Canal da vagina comunica o útero ao meio ex-
terno
numerosas pregas transversais ou rugas
Fonte: Netter (2011) vaginais.
Perto da entrada da vagina existe
o hímem (Fig. 113) que é uma espécie de
membrana formada por uma prega vascular.
Geralmente, o hímem bloqueia parcialmente
a entrada da vagina, mas em alguns casos,
fecha completamente o orifício. O hímem, que
é distendido e dilacerado durante o intercurso
Figura 113: Tipos de Hímem|
sexual, pode também ser rompido por outros
Fonte: Netter (2011)
meios, porém, em casos especiais, o hímem não se rompe durante o ato sexual e, por este
motivo, sua presença ou ausência não podem ser tomadas como provas irrefutáveis ou
não da virgindade.

107
A luz da vagina é pequena, estreita, e as paredes que a rodeiam estão em contato
entre sí. O canal é capaz de considerável distensão, entretanto, seja quando a vagina recebe
o pênis durante o intercurso sexual, seja quando funciona como canal do parto.
A extremidade superior do canal vaginal forma um recesso que é o fórnice da vagina.
Neste ponto, a vagina envolve o colo do útero. A porção mais longa do recesso está colocada
dorsalmente ao colo e é chamada de fórnice posterior ou parte posterior do fórnice. A parte
anterior, fórnice anterior, e as duas partes laterais, fórnices laterais, não são tão profundas.

5.4.5 Vulva
A vulva é o conjunto dos órgãos sexuais externos femininos. Seus componentes são
os pequenos e grandes lábios, os óstios da vagina e da uretra, o clitóris e o monte do púbis.
O óstio da uretra, embora não tenha relação com a atividade sexual em si, é contado nesta
região devido a sua localização.
O espaço entre os óstios da vagina e da uretra é conhecido como vestíbulo. Nesta
região existem várias glândulas vestibulares que deixam suas paredes úmidas. Os ductos
das glândulas vestibulares maiores, que são homólogas às glândulas bulbouretrais no
homem, são abertas de cada lado do óstio da vagina. De cada lado do óstio da uretra
estão as glândulas vestibulares menores. Essas glândulas maiores e menores, lubrificam o
vestíbulo e facilitam o intercurso sexual.
Devido a ação de estrógenos, há acúmulo de tecido adiposo à frente da sínfise púbica
formando uma elevação conhecida como monte do púbis. A pele sobre o monte do púbis
é coberta por pêlos, a partir da puberdade.
Duas dobras arredondadas, os grandes lábios, “cobrem” quase toda a extensão da
vulva deixando de cobrir a região do monte do púbis e um pouco abaixo dele. A superfície
externa dos grandes lábios é coberta com pêlos já a superfície interna é lisa, sem pêlos, e
úmida por causa da presença de numerosas glândulas sebáceas.
Os pequenos lábios são duas dobras menores localizadas medialmente aos lábios
maiores. Anteriormente, rodeiam o clitóris. Os pequenos lábios são altamente vascularizados
e sem pêlos. Eles circundam o vestíbulo.
O clitóris é uma pequena estrutura
alongada localizada na junção anterior dos
pequenos lábios. A maior parte do corpo do
clitóris está envolta por um prepúcio formado
pelos pequenos lábios. O clitóris é homólogo à
porção dorsal do pênis e, como ele, é formado
por tecido erétil. Sua porção livre e exposta
recebe o nome de glande, tal qual no pênis.
O clitóris não contém corpo esponjoso.
É constituído apenas por dois corpos
cavernosos. No homem, o corpo esponjoso
do pênis envolve a uretra mas na mulher,
esta estrutura é desnecessária pois a uretra
Figura 114: Anatomia da vulva feminina não “passa” pelo clitóris. Ramos dos
Fonte: Netter (2011) corpos cavernosos do clitóris fixam-no nas
regiões púbica e isquiática dos dois ossos ilíacos. O clitóris, que é muito sensível ao toque,
torna-se repleto de sangue e rígido quando estimulado, contribuindo para o estímulo

108
sexual da mulher.
Logo profundamente aos lábios encontram-se duas massas alongadas de tecido
erétil chamadas de bulbo do vestíbulo. O bulbo é homólogo ao corpo esponjoso do pênis e
ao bulbo do pênis, estende-se de cada lado do orifício vaginal. Durante o estímulo sexual,
o bulbo se enche de sangue, estreita a abertura da vagina e comprime o pênis durante o
intercurso sexual aumentando a sensação de prazer aos parceiros.

5.4.6 Mama
As mamas envolvem um tecido glandular, mas por participarem ativamente como
órgãos de estímulo sexual e terem função importantíssima na sensualidade feminina,
optamos por falar delas aqui, neste capítulo embora saibamos que as mamas não têm
função reprodutiva.
As mamas são um conjunto de estruturas que têm como objetivo principal, proteger
as glândulas mamárias e servir de meio de extravasamento de seu produto final: leite
materno.
Ela é órgão duplo, direita e esquerda,
localizada à frente dos músculos peitorais
maiores e sustentada por eles. Ao centro
de cada mama, existe uma saliência de
coloração mais escura que são os mamilos.
Cada mamilo é cercado por um anel (aréola)
que possui pequenas elevações provocadas
por prolongamentos de glândulas sebáceas
que excretam uma secreção serosa para
prevenir ressecamentos e rachaduras durante
a amamentação. Nos mamilos desembocam
ductos lactíferos provenientes das glândulas
mamárias.
Estruturalmente, as mamas são
constituídas de glândulas mamárias
revestidas por tecido adiposo, sustentado por
Figura 115: Anatomia da mama estroma conjuntivo. As glândulas mamárias
Fonte: Netter (2011) são formadas por cerca de 20 lobos túbulo
alveolares que drenam através do ducto lactífero até o mamilo.

109
GLOSSÁRIO
- Adrenal – Glândula endócrina localizada acima de cada rim.
- Alça de Henle – Estrutura reta localizada após o túbulo contorcido proximal que se dirige
para a pirâmide localizada na medula renal.
- Alça dos Néfrons – Mesmo que Alça de Henle.
- Aldosterona – Hormônio produzido no córtex da glândula adrenal que atua sobre os tú-
bulos renais determinando maior absorção de sódio que, por sua vez, determina maior
absorção de água.
- Ampôla uterina – Parte mais larga da tuba uterina que se curva ao redor do ovário. É onde
ocorre a fecundação.
- Angiotensina – Proteína plasmática.
- Angiotensinogênio – Glicoproteína produzida principalmente pelo fígado.
- Ângulo lateral superior do útero – Região onde abrem as tubas uterinas no útero.
- Aparelho justaglomerular – Estrutura formada pela junção das células justaglomerulares
com a mácula densa.
- Assoalho pélvico – Diafragma urogenital.
- Aparelho genitourinário ou geniturinário – Conjunto de estruturas que, na verdade, for-
mam dois outros sistemas (urinário e reprodutor) que por suas características anatômico
funcionais são classificadas como pertencentes a uma estrutura maior, o aparelho geni-
turinário.
- Aréola – Anel que cerca cada mamilo. Possui pequenas elevações provocadas por prolon-
gamentos de glândulas sebáceas que excretam secreção serosa para prevenir resseca-
mentos e rachaduras durante a amamentação.
- Bacinete – Mesmo que pelve renal.
- Bolsa escrotal – Bolsa que protege os testículos.
- Bulbo do pênis – Extremidade proximal do corpo esponjoso do pênis.
- Bulbo do vestíbulo – Duas massas alongadas de tecido erétil localizadas profundamente
aos lábios. É homólogo ao corpo esponjoso do pênis e ao bulbo do pênis.
- Cálice renal maior – Câmara formada pela junção dos cálices renais menores. Existem
dois ou três cálices maiores em cada rim. Os cálices maiores se juntam para formar a pelve
renal.
- Cálice renal menor – Câmara em forma de funil que se juntam para formar os cálices re-
nais maiores. Existem oito a 13 cálices menores em cada rim.
- Camada mucosa – Camada mais interna do ureter.
- Camada muscular – Camada média do ureter formada por músculos lisos que ao contra-
írem empurram a urina em direção à bexiga.
- Canal ou ducto deferente – Canal que transporta os espermatozoides do epidídimo até a
vesícula seminal.
- Cápsula adiposa – Camada do rim que envolve a cápsula fibrosa.
- Cápsula de Bowman – Cápsula fibrosa que reveste o glomérulo.
- Cápsula fibrosa – Camada interna do rim.
- Capuz renal – Formado pela glândula adrenal.
- Células justaglomerulares – São células que têm função de formar a renina e, assim, au-
xiliar no aumento da pressão arterial pois ela é fundamental na conversão do angiotensi-
nogênio em angiotensina I.
- Cérvix – Mesmo que colo do útero.
- Cinina – Mediador químico da inflamação.
- Clitóris – Órgão análogo ao pênis. Quando estimulado provoca prazer à mulher. É formado
por tecidos eréteis.
- Colo do útero – Porção do útero que se abre no canal da vagina.
- Coluna renal – Expansões do córtex renal que se projetam para a medula renal.
- Complexo justaglomerular – Mesmo que aparelho justaglomerular.

110
GLOSSÁRIO

- Camada basal do endométrio – Camada mais interna do endométrio que não se es-
pessa. Esta camada ancora a camada funcional do endométrio.
- Camada fibrosa – Camada mais externa do ureter.
- Camada funcional do endométrio – Camada espessa e superficial do endométrio. So-
fre acentuadas alterações no desenvolvimento durante o ciclo menstrual. Em cada ciclo
esta camada se espessa e torna-se repleta de sangue na tentativa de se preparar para
receber o óvulo fecundado.
- Corpo adiposo para-renal – Acúmulo de gordura externamente à fáscia renal.
- Corpos cavernosos – Estruturas formadas de tecido erétil que contém a maior parte do
sangue do pênis humano durante a ereção. Também são presentes no clitóris.
- Corpo do útero – Parte superior do útero.
- Corpo esponjoso – Estrutura erétil do pênis localizado em sua região ventral. Por toda a
extensão do corpo esponjoso a uretra está contida nele. A extremidade distal do corpo
esponjoso forma a glande e a extremidade proximal forma o bulbo do pênis.
- Corpúsculo renal – Estrutura formada pela união da cápsula de Bowman e o glomérulo.
- Córtex renal – Camada externa do rim situada logo abaixo da cápsula fibrosa.
- Creatinina – Produto da degradação da fosfocreatina (creatina fosforilada) presente
nas proteínas dos músculos.
- Criptorquidismo – Quando um ou os dois testículos permanecem na cavidade pélvica.
- Diafragma urogenital – Mesmo que assoalho pélvico.
- Dobras ou eminências labioescrotais – Dobras da parede abdominal que se localizam
abaixo do pênis, na porção anterior do triângulo urogenital do períneo.
- Ducto eferente – Transporta os espermatozoides dos testículos até o epidídimo.
- Ducto ejaculatório – Canal que comunica a vesícula seminal com a próstata.
- Ducto excretor – Pequeno ducto ou canal que “sai” da vesícula seminal e se une ao ca-
nal deferente para formar o ducto ejaculatório.
- Ducto lactífero – Ductos ou canais provenientes das glândulas mamárias que desem-
bocam nos mamilos.
- Eletrólito – íon ou sal presentes no sangue, no líquido intersticial e no interior das células
transportando uma carga elétrica própria.
- Endométrio – Parede interna do útero.
- Epidídimo – Primeira porção do sistema de ductos que transporta os espermatozoides
dos testículos para o exterior do corpo. O epidídimo armazena os espermatozoides.
- Equilíbrio ácido-base – Processo complexo e essencial para manutenção do pH extrace-
lular estável que permita o normal funcionamento celular.
- Equilíbrio eletrolítico – Quantidade normal de eletrólitos após uma perda natural.
- Equilíbrio hídrico – Quantidade normal de líquido após uma perda natural, ou seja, a
quantidade de líquido perdida não pode ser maior do que a quantidade de líquido in-
gerido e nem muito menor.
- Eritropoetina – Hormônio secretado pelo rim que, em pessoas saudáveis, estimula a
medula óssea a elevar a produção de hemácias.
- Escroto – Mesmo que bolsa escrotal.
- Espermatogênese – Processo de formação dos espermatozoides.
- Espermatozóide – Gameta masculina. Célula sexual masculina.
- Estroma endometrial – Prolongamentos das glândulas uterinas tubulares para o inte-
rior da parede formando uma espessa lâmina própria.
- Fáscia renal – Camada mais externa do rim.
- Fímbrias – Pequenas projeções digitiformes presentes no óstio abdominal da tuba ute-
rina.
- Folículo primário – Óvulos imaturos localizados no córtex do ovário desde o nascimento.
- Fórnice anterior – Recesso localizado ventralmente ao colo do útero.

111
GLOSSÁRIO
- Fórnice da vagina – Recesso formado pela extremidade superior do canal vaginal.
- Fórnice lateral – Recesso localizado lateralmente ao colo do útero.
- Fórnice posterior ou parte posterior do fórnice – Porção mais longa do recesso. Está co-
locada dorsalmente ao colo do útero
- Fossa navicular da uretra – Dilatação da uretra localizada na parte final da glande.
- Fundo do útero – Região em forma de cúpula do corpo uterino acima e entre os pontos
de entrada das tubas uterinas.
- Gametogênese – Processo de formação dos gametas.
- Glande – Extremidade distal do corpo esponjoso do pênis. É coberta pelo prepúcio.
- Glândulas bulbouretrais – Par de pequenas glândulas localizadas abaixo da próstata de
cada lado da parte membranosa da uretra.
- Glândulas mamárias – Glândulas responsáveis pela secreção do leite materno. Estão
presentes nas mamas
- Glândulas uterinas tubulares – Invaginações da superfície do epitélio de células cilíndri-
cas que reveste o endométrio.
- Glândulas vestibulares – Glândulas localizadas no vestíbulo da vulva que a mantêm
sempre úmida.
- Glândulas vestibulares maiores – Glândulas localizadas no vestíbulo da vulva. São ho-
mólogas às glândulas bulbouretrais no homem. São abertas de cada lado do óstio da
vagina.
- Glândulas vestibulares menores – Glândulas localizadas no vestíbulo da vulva que estão
presentes de cada lado do óstio da uretra.
- Glomérulo – Componente do néfron. É uma rede de capilares paralelos que têm função
de filtrar os líquidos orgânicos. É protegido pela Cápsula de Bowman.
- Grandes lábios – Dobras arredondadas da pele com pêlos em sua face externa. Cobrem
quase toda a extensão da vulva. Protegem a abertura da uretra e da vagina.
- Hilo renal – Região por onde entram e saem estruturas no rim.
- Hímem – Membrana formada por uma prega vascular que bloqueia parcialmente a en-
trada da vagina.
- Homeostase – Equilíbrio das funções orgânicas.
- Infundíbulo – Extremidade distal da tuba uterina.
- Intercurso sexual – Ato sexual.
- Istmo da tuba uterina – Porção medial da tuba uterina.
- Istmo do útero – Região localizada abaixo do corpo do útero.
- Ligamento largo – Ligamento que sustentam os ovários, as tubas uterinas, o útero e a
vagina.
- Ligamento próprio do ovário – Faixa fibrosa localizada junto ao ligamento largo que se
estende da margem súpero lateral do útero até o ovário.
- Ligamentos redondos – Ligamentos auxiliares do ligamento largo na manutenção do
útero na sua posição.
- Ligamento suspensor do ovário – Prega formada pelas margens laterais do ligamento
largo que fixa o ovário à parede pélvica. Por este ligamento os vasos alcançam o ovário.
- Mácula densa – Local onde o túbulo contorcido distal toma contato com as células jus-
taglomerulares. Neste local existe uma concentração de núcleos e as células parecem
maiores do que em outras partes do túbulo contorcido distal.
- Mama – Conjunto de estruturas que têm como objetivo principal proteger as glândulas
mamárias e servir de meio de extravasamento de seu produto final: leite materno.
- Mamilo – Saliência localizada ao centro de cada mama por onde sai o leite materno. Tem
coloração mais escura do que a mama.
- Medula renal – Parte dos rins localizada abaixo do córtex renal.
- Menstruação – Descida sanguinolenta da camada interna do útero quando o óvulo não
foi fecundado.

112
GLOSSÁRIO

- Mesométrio – A porção do ligamento largo que está abaixo do mesovário e ancora o


útero.
- Mesosalpinge – Porção do ligamento largo que ancora cada tuba uterina
- Mesovário – Pequena dobra de peritônio que sustenta os ovários na face posterior do
ligamento largo.
- Metabolismo – Conjunto de transformações pelas quais passam as substâncias inge-
ridas e que influenciam no funcionamento orgânico.
- Micção – Eliminação da urina.
- Miométrio – Camada muscular do útero. Parede média.
- Monte do púbis – Região localizado acima da emergência dos grandes lábios. É rica
em tecido adiposo e apresenta pêlos
- Músculo detrusor – Camada muscular própria da bexiga.
- Néfron – Estrutura que forma o túbulo renal. É a parte funcional do rim. É formado por
glomérulo e túbulos. Em cada rim existem um milhão de néfrons.
- Neurônios motores somáticos – Neurônios que levam impulsos motores.
- Neurônios parassimpáticos – Neurônios do sistema nervoso autônomo parassimpá-
tico.
- Órgãos sexuais acessórios – Estruturas que transportam, protegem e nutrem os ga-
metas após terem deixado as gônadas.
- Órgãos sexuais principais ou essenciais – Órgãos que produzem os gametas (testícu-
los nos homens e ovários nas mulheres).
- Osmolaridade – Quantidade de partículas dissolvidas em um determinado solvente.
- Óstio abdominal da tuba uterina – Abertura do infundíbulo.
- Óstio da vagina – Abertura da vagina na vulva.
- Óstio dos ureteres – Orifício onde os ureteres se abrem na bexiga.
- Óstio externo da uretra (feminina) – Abertura da uretra na vulva.
- Óstio externo da uretra (masculina) – Abertura da uretra na glande.
- Ovário – Gônada feminina. Produzem óvulo e os hormônios estrogênio e progestero-
na.
- Óvulo – Gameta feminina. Célula sexual feminina.
- Papilas renais – Ápices das pirâmides renais.
- Parte esponjosa – Terceira porção da uretra masculina.
- Parte membranácea – Porção da uretra que atravessa o diafragma urogenital.
- Parte prostática – Primeira porção da uretra masculina.
- Pelve renal – Porção proximal do ureter no rim que é dilatada em forma de funil.
- Pênis – Órgão copulador masculino.
- Pequenos lábios – Dobras menores da pele localizadas medialmente aos grandes
lábios. Anteriormente rodeiam o clitóris e circundam o vestíbulo.
- Perimétrio – Parede externa do útero.
- Períneo feminino – Região localizada entre a vulva e o ânus.
- Períneo masculino – Região localizada entre a bolsa escrotal e o ânus.
- Pirâmide renal – Estrutura triangular que está presente na medula
- Prepúcio – Pele que cobre o pênis e o clitóris. O prepúcio feminino é formado pelos
pequenos lábios.
- Prolapso do útero – Queda do útero avançando o canal da vagina.
- Seio renal – Espaço onde o hilo renal se alarga.
- Sínfise púbica – Articulação formada pelos dois tubérculos púbicos dos ossos ilíacos.
Está localizada à frente da bexiga.
- Sistema reprodutor – Conjunto de estruturas envolvidas na reprodução humana.
- Sistema urinário – Conjunto de estruturas envolvidas na filtragem dos líquidos corpo-
rais e na excreção de substâncias por meio da urina.

113
GLOSSÁRIO

- Testículo – Gônada masculina.


- Triângulo urogenital do períneo – Linha imagnária unindo os dois testículos com o
ápice no ânus.
- Seio renal – Espaço onde o hilo renal se alarga.
- Sínfise púbica – Articulação formada pelos dois tubérculos púbicos dos ossos ilíacos.
Está localizada à frente da bexiga.
- Sistema reprodutor – Conjunto de estruturas envolvidas na reprodução humana.
- Sistema urinário – Conjunto de estruturas envolvidas na filtragem dos líquidos corpo-
rais e na excreção de substâncias por meio da urina.
- Testículo – Gônada masculina.
- Triângulo urogenital do períneo – Linha imagnária unindo os dois testículos com o
ápice no ânus.
- Trígono da bexiga – Região triangular da bexiga formada pela área do orifício da ure-
tra anteriormente e dos dois ureteres lateralmente.
- Tuba uterina – Estrutura em forma de ducto ou canal que protege e transporta o óvulo
até o útero.
- Túbulo contorcido distal – Túbulo com várias curvaturas que está localizado após a
Alça de Henle. Este túbulo está em contato com o vaso sanguíneo arteríola aferente.
- Túbulo contorcido proximal – Túbulo com várias curvaturas cuja luz é contínua com o
espaço capsular. Está mais próxima da cápsula de Bowman.
- Túbulo coletor – Conduz a urina até o ureter.
- Túbulo renal – Unidade funcional de cada rim. É formado por néfron e túbulo coletor.
- Túbulo reto ou túbulo seminífero reto – Junção de todos os túbulos seminíferos de
cada compartimento do testículo.
- Túbulo seminífero – Túbulos enovelados que contém células germinativas em vários
estágios de desenvolvimento. A espermatogênese acontece no interior dos túbulos se-
miníferos.
- Túnica albugínea – Camada de tecido conjuntivo fibroso localizado abaixo do epitélio
germinativo do ovário.
- Uréia – Molécula produzida no fígado durante o processo de metabolismo das proteí-
nas. É o principal resíduo nitrogenado contido na urina.
- Ureter – Tubo que transporta a urina dos rins para a bexiga. Órgão pouco calibroso com
menos de 6 mm de diâmetro e 25 a 30 cm de comprimento.
- Útero – Órgão ímpar, oco, com forma de pêra que recebe as tubas uterinas nos seus
ângulos laterais superiores. Protege e oferece condições para o desenvolvimento da
gestação.
- Vagina – Canal que comunica o útero ao meio externo.
- Vasopressina – Hormônio peptídeo secretado pelo lobo posterior da hipófise. Sua ação
aumenta a pressão arterial e diminui o volume da urina. É hormônio antidiurético.
- Vesícula seminal – Bolsa membranosa par localizada na face póstero superior da bexi-
ga. Secreta um líquido viscoso que contribui na formação do sêmem.
- Vestíbulo – Espaço entre os óstios da vagina e da uretra.
- Vulva – Genitália feminina.

114
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Quais estruturas formam o pênis?

a) Dois corpos cavernosos e um esponjoso.


b) Dois corpos esponjosos e um cavernoso.
c) Dois corpos esponjosos e uma uretra.
d) Dois corpos cavernosos.
e) Bulbo e corpo.

2. Como se divide o pênis?

a) Parte interna e parte interna.


b) Parte membranosa e parte esponjosa.
c) Bulbo, corpo e glande.
d) Bulbo e corpo.
e) Uretra e glande.

3. Onde são produzidos os espermatozoides?

a) Epidídimo.
b) Canal deferente.
c) Vesícula seminal.
d) Próstata.
e) Testículos.

4. Onde são produzidos os óvulos?

a) Ovários.
b) Tuba uterina.
c) Útero.
d) Vagina.
e) Vulva.

5. Qual é o nome da genitália feminina?

a) Ovários.
b) Tuba uterina.
c) Útero.
d) Vagina.
e) Vulva.

6. Qual é o nome da camada do útero que se desprende durante a menstruação?

a) MIométrio
b) Endométrio.

115
c) Perimétrio.
d) Tuba.
e) Folículo.

7. Que estrutura conduz o óvulo ao útero?

a) Tuba de Eustáquio.
b) Tuba ovariana.
c) Tuba ovular.
d) Cérvix.
e) Tuba uterina.

8. A vagina é:

a) Genitália externa feminina.


b) Nome do órgão sexual feminino.
c) Orifício na vulva.
d) O mesmo que vulva.
e) Canal que comunica o útero ao meio externo.

116
06
SISTEMA DE CONTROLE UNIDADE
ORGÂNICO

117
6.1 INTRODUÇÃO

FIQUE ATENTO
Em contraste com as glândulas exócrinas (de secreção externa), cujas secreções são trans-
portadas até seu sítio de ação por ductos, as glândulas endócrinas não têm ductos, são
glândulas de secreção interna. As células das glândulas endócrinas, que são derivadas do
epitélio, liberam seus hormônios diretamente na corrente sanguínea que os distribui pelo
corpo, porém, cada hormônio só tem ação sobre seu órgão alvo.

As glândulas endócrinas principais são a hipófise, a tireóide, as paratireoides, as


adrenais, o pâncreas e as gônadas. Além destas glândulas principais, outras estruturas
como o timo, o trato gastrointestinal e a placenta exibem atividade endócrina.
Segundo Guyton e Hall (2007) hormônios não são
facilmente pertencentes a uma classe definida de
substâncias químicas. Alguns são esteroides (por
exemplo, o cortisol), outros são proteínas (por exem-
plo, a prolactina) e outros são polipeptídeos bem
menores (por exemplo, a oxitocina) ou estão intima-
mente relacionados com aminoácidos (por exemplo
a epinefrina).

Indiferentes à sua natureza química, entretanto, os hormônios participam da


regulação e da integração dos processos ou funções do corpo e da manutenção da
homeostase. O papel regulador é similar àquele desempenhado pelo sistema nervoso. Os
sistemas endócrino e nervoso estão muito intimamente relacionados, por isto tratamos
sobre o sistema nervoso na sequência deste capítulo.

6.2 HIPÓFISE

A hipófise ou pituitária é conhecida como glândula mestra porque seus hormônios


regulam várias outras glândulas endócrinas e afetam muitas atividades corpóreas.
A íntima relação entre os sistemas nervoso e endócrino é evidente no desenvolvimento
e funcionamento da hipófise.
A hipófise se localiza abaixo do cérebro e está “apoiada” na sela túrcica do osso
esfenoide. A hipófise desenvolve-se embrionariamente de duas diferentes regiões
ectodérmicas: o assoalho do cérebro e o teto da boca.
A hipófise se divide em duas partes: neuro e adenohipófise (Fig. 116). A neurohipófise
é uma evaginação do tecido nervoso da base do cérebro, na região do hipotálamo. A
neurohipófise plenamente desenvolvida consiste de um pedúnculo, o infundíbulo,
conectado a uma estrutura chamada “pars nervosa” (lobo neural).
A adenohipófise, segunda porção da hipófise, origina-se de tecido ectodérmico
do teto da boca. A adenohipófise produz seis hormônios e possuem três tipos de células
diferentes: acidófilas, basófilas e cromófobas. As células acidófilas produzem os hormônios

118
do crescimento (GH) e a prolactina, as
células basófilas produzem os hormônios
tirotrofina (TSH), folículo estimulante (FSH),
luteinizante (LH) e adrenocoricotrófico
(ACTH). Acredita-se que as células
cromófobas não produzem hormônios.
A neurohipófise produz os seguintes
hormônios: antidiurético (ADH) também
chamado de vasopressina e a oxitocina.
O ADH reduz a quantidade de urina
formada e faz com que haja reabsorção
da água nas estruturas renais formadoras
de urina, auxiliando na retenção de fluido
no corpo. O ADH, em altas concentrações,
promove constrição das arteríolas que
Figura 116: Adeno e Neurohipófise
Fonte: Netter (2011) pode levar a aumento da pressão arterial.
A oxitocina estimula os músculos lisos dos
órgãos reprodutores a se contraírem. Por exemplo: o útero contrai para entrar em trabalho
de parto por ação deste hormônio assim como as células mioepiteliais que envolvem as
formações alveolares das glândulas mamárias se contraem expulsando o leite durante a
lactação.

6.3 TIREÓIDE
A glândula tireóide está localizada na região anterior do pescoço. Ela deriva do epitélio
da base da faringe. Está sustentada desde a região lateral e inferior da cartilagem tireóide
da laringe até as duas primeiras cartilagens da traquéia . É dividida em dois lobos unidos
por uma região central um pouco mais estreita chamada istmo. Tem, portanto, o formato
da letra “H”. É nutrida pelas artérias tireóideas superior e inferior que são ramos da artéria
carótida externa e subclávia, respectivamente. As veias da tireóide enviam sangue venoso
para a veia jugular e braquicefálica.
A glândula tireóide é estimulada a “trabalhar” por ação direta do hormônio
tireotrofina (TSH) secretado pela hipófise. A tireóide produz três hormônios, dois têm ação
no metabolismo corporal e um controla o nível de cálcio e fosfato.
Os hormônios triiodotironina e tiroxina
contêm iodo e são dependentes dessa
substância para um perfeito funcionamento.
A fonte de iodo é a alimentação. A maior parte
dele é absorvido nos folículos da glândula. O
iodo se liga ao aminoácido tirosina para formar
os hormônios tireoidianos (triiodotironina e
tiroxina).
Se três moléculas de iodo se unirem à
tirosina formarão o hormônio triiodotironina,
porém, se quatro moléculas de iodo se
Figura 117: Glândula Tireóide
unirem à tirosina, formarão o hormônio
Fonte: Netter (2011) tetraiodotironina ou tiroxina. O hormônio

119
triiodotironina é também conhecido como T3 e a tiroxina é conhecida como T4.
As ações dos hormônios T3 e T4 estão relacionadas com o metabolismo corporal,
atuam no metabolismo dos carboidratos, das proteínas e dos lipídeos.
A glândula tireóide ainda produz outro hormônio chamado calcitonina e, como
o nome sugere, esse hormônio regula os níveis de cálcio no organismo diminuindo-o,
provavelmente, aumentando ou estimulando a absorção pelos ossos. O mesmo acontece
com o fosfato.

6.4 PARATIREÓIDE
A glândula paratireoide está localizada na face posterior dos lobos da glândula
tireóide. É em número de quatro, duas de cada lado que são nutridas pelas mesmas artérias
que nutrem a tireóide.
A glândula paratireoide produz o hormônio paratireoidiano ou paratormônio que
é um polipeptídeo. Este hormônio controla os níveis de cálcio e fósforo no sangue, assim
como o hormônio calcitonina produzido pela tireóide, porém com mecanismos diferentes.
Enquanto a calcitonina diminui os níveis de cálcio e fosfato estimulando a absorção dessas
substâncias pelo osso, o paratormônio aumenta os níveis de cálcio e diminui o fosfato
devido à excreção renal de fosfato na urina e pela diminuição da excreção de cálcio.
Logo, paratormônio e calcitonina tem mecanismos de ação contrários com relação ao
nível plasmático de cálcio e, por este motivo, mantém os níveis de cálcio nos padrões de
normalidade. O paratormônio ainda favorece a reabsorção óssea, liberando o cálcio dos
ossos pela ação dos osteoclastos. Além dessas ações, o paratormônio faz o metabolismo da
vitamina D nos rins.
O paratormônio é considerado uma das substâncias com ação direta na homeostase
do organismo uma vez que o cálcio é vital para a contração muscular e formação dos
impulsos nervosos.

6.5 ADRENAL

As glândulas adrenais, estão localizadas imediatamente acima dos rins formando


estrutura como se fossem capuz dos rins, por isso, essas glândulas eram mais conhecidas
como suprarrenais. Têm formato piramidal e são estruturas retroperitoneais assim como os
rins. As glândulas adrenais são vascularizadas pela artéria frênica inferior e artérias renais.
As glândulas adrenais são divididas em duas partes: medula (interna) e córtex (externa).
O interessante é que cada parte da glândula tem origem embrionária diferente, razão pela
qual, alguns autores consideram como sendo duas glândulas distintas, e, portanto, seriam
no total de quatro e não de duas glândulas.
As células da medula da glândula adrenal produzem os hormônios adrenalina
(epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Esses dois hormônios são estruturalmente
similares, porém não têm a mesma função. A ação principal da noradrenalina é no sistema
vascular enquanto que a adrenalina tem ação no metabolismo e no sistema cardiovascular.
A adrenalina aumenta o nível de glicose e estimula a hipófise a secretar o hormônio
adrenocorticotrópico que, por sua vez, estimula a produção e liberação de hormônios
glicocorticoides pelo córtex da adrenal. A adrenalina ainda aumenta a contração cardíaca
(quantidade e qualidade), promove constrição de vasos sanguíneos periféricos e a dilatação
de vasos sanguíneos nos músculos esqueléticos, artérias coronárias e pulmonares.

120
A noradrenalina aumenta a força de contração
do coração mas tem maior ação apenas nos vasos
sanguíneos fazendo sua constrição.
As células do córtex da glândula
adrenal produzem os seguintes hormônios:
mineralocorticoides, glicocorticoides, hormônios
sexuais.
Os hormônios mineralocorticoides têm ação
no metabolismo do sódio e do potássio. A aldosterona
é seu principal hormônio. Promove a reabsorção de
sódio e a excreção de postássio nos túbulos renais.

Figura 118: Glândulas adrenais e seu formato


Fonte: Heidegger (2008)

FIQUE ATENTO
Os hormônios glicocorticoides participam do metabolismo dos carboidratos. O cortisol e a
cortisona são os principais hormônios. Eles suplementam e mantem a energia da célula.
Além disto, o hormônio cortisol mantem o corpo em alerta, participa da regulação do sono
vigília, durante o sono, o nível deste hormônio está baixo; esse nível se eleva quando a pessoa
acorda. Quanto maior o nível de cortisol, mais acordado e mais agitado está o indivíduo ra-
zão pela qual esse hormônio é tido como hormônio do estresse.
Os hormônios glicocorticoides têm ação anti-inflamatória no organismo.
As glândulas adrenais ainda produzem compostos androgênicos, hormônios sexuais mascu-
linos e, em pequena proporção, compostos estrogênicos.

6.6 PÂNCREAS
Sobre o pâncreas já discutimos na Unidade V – Sistema Digestório, porém, aqui,
daremos ênfase à função endócrina desta glândula.
O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, tem ação endócrina e exócrina. Em sua ação
endócrina, produz hormônios que participam do metabolismo corporal, principalmente o
metabolismo dos carboidratos e, em sua ação exócrina, produz enzimas digestivas.
As ilhotas do pâncreas possuem três tipos de célu-
las: células alfa que produzem o hormônio glucagon,
células beta que produzem o hormônio insulina e
célula delta que produzem hormônio somatosta-
tina. O hormônio somatostatina é um neurotrans-
missor que inibe a ação do glucagon e da insulina
(TORTORA; DERRICKSON, 2013).
O glucagon é um polipeptídeo que tem ação oposta à insulina. O glucagon promove
a hiperglicemia por diminuição da oxidação da glicose. A ação principal do glucagon é a
estimulação do glicogênio no fígado.
A insulina é uma proteína que favorece a hipoglicemia pois diminui os níveis de

121
glicose no sangue favorecendo a absorção dela pelas células. Além disto a insulina previne
o excesso de formação do glicogênio no fígado e no músculo e influi no metabolismo dos
lipídeos e das proteínas.
A liberação dos hormônios glucagon e insulina está relacionada com níveis de
glicose no sangue, porém de forma contrária: se o nível de glicose sobe, o pâncreas libera
a insulina; se o nível de glicose desce, o pâncreas libera o glucagon.

6.7 GÔNADAS

As gônadas são glândulas sexuais masculinas e femininas. Elas produzem os gametas


(já dito na Unidade VI – Aparelho Genitourinário) e os hormônios que dão características
sexuais distintas entre os gêneros: andrógenos (masculinos) e estrógeno e progesterona
(feminino).
Os hormônios sexuais estimulam o crescimento do corpo e sua primeira liberação
marca o início da puberdade.

6.8 SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é um tipo diferenciado de sistema pois controla todos os outros.


É originado do ectoderma.
No organismo humano existem cerca de bilhões de
células do sistema nervoso que controlam desde a
percepção do corpo no espaço e o que está aconte-
cendo com ele, passando pela contração muscular,
ação do sistema cardiovascular, respiratória, digesti-
va, endócrina, sexual, linfática, enfim, é um sistema
vital para o funcionamento do corpo humano. Uma
falha na ação deste sistema coloca em risco a ação
de todos os outros (LENT, 2010).

O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Nervoso


Periférico (SNP) e Sistema Nervoso Visceral, Neurovegetativo ou Autônomo (SNA), porém,
essa divisão baseia-se em características funcionais e de localização, mas todas as divisões
fazem parte de um mesmo sistema nervoso.
As células do sistema nervoso são especializadas na captura e envio de mensagens
nervosas que são impulsos elétricos. A célula funcional do sistema nervoso é o neurônio
que é protegido, nutrido e auxiliado pelas diversas células da glia.
Devido à complexidade do Sistema Nervoso, é necessária uma nova obra chamada
de Neuroanatomia para estudar mais apropriadamente a anatomia deste sistema. Nesta
abordagem, trataremos sobre aspectos gerais anatômicos do sistema nervoso e suas
divisões.

6.8.1 Sistema Nervoso Central


O Sistema Nervoso Central (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal
que se desenvolvem a partir do tubo neural. A medula espinhal é o prolongamento do
encéfalo. O encéfalo é formado pelo cérebro, tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e

122
bulbo) e cerebelo. O cérebro, por sua vez, é formado pelo telencéfalo e diencéfalo. (KANDEL;
SCHWARTZ; JESSELL, 2003).

6.8.1.1 Elencéfalo
O cérebro é formado pelo telencéfalo e o diencéfalo . O telencéfalo é a parte visível e
periférica do cérebro, compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. Pelo
desenvolvimento do cérebro, o diencéfalo fica localizado em uma região central, envolvido
pelo próprio cérebro e fazendo parte integrante dele.

Figura 118: Telencéfalo Figura 119: Diencéfalo


Fonte: Sobotta (2000) Fonte: Netter (2011)

O cérebro possui uma camada externa acinzentada e uma região central


esbranquiçada. A camada acinzentada está localizada na periferia e recebe o nome de
substância cinzenta ou córtex cerebral . Esta região é
constituída principalmente por corpos de neurônios.
Estruturas isoladas acinzentadas são localizadas
profundamente, em meio a substância branca. Essas
estruturas são os núcleos da base.
O córtex cerebral é separado dos núcleos da base
pela substância branca que contém, principalmente,
prolongamentos de neurônios.
O cérebro é formado por dois hemisférios, como
já foi dito. Os hemisférios cerebrais se dividem em
áreas, lobos, que são protegidas por estruturas ósseas
de mesmo nome: lobo frontal, lobo parietal, lobo
temporal, lobo occipital . Existe ainda um quinto lobo
Figura 120: Substância Cinzenta (córtex cere- conhecido como lobo da ínsula que está localizado
bral) e substância branca
Fonte: Moore (2014)
profundamente e é envolto pelos lobos frontal, parietal
e temporal . Separando cada lobo existem giros, sulcos, fissuras.

123
Figura 121: Lobos do Cérebro Figura 122: Lobo da ínsula
Fonte: Netter (2011) Fonte: Netter (2011)

Separando os hemisférios cerebrais tem a fissura longitudinal do cérebro que se


aprofunda até o corpo caloso que é parte da massa branca do cérebro e conecta os dois
hemisférios. O corpo caloso é a base da fissura longitudinal e é a única área de conexão
entre os hemisférios .
A camada externa do cérebro possui
saliências que são circunvoluções ou giros.
Entre cada giro existe depressão. As depressões
mais profundas são chamadas fissuras e as
menos profundas (rasas) são os sulcos.
Assim, temos: o sulco central separa os lobos
frontal e parietal. À frente do sulco central
existe o giro pré central (lobo frontal) e atrás
do sulco central existe o giro pós central (lobo
Figura 123: Fissura longitudinal separando os dois hemis- parietal).
férios cerebrais A fissura lateral separa o lobo frontal do lobo
Fonte: Netter (2011) temporal e se prolonga para separar também
o lobo parietal do temporal.
O sulco parieto-occipital separa o lobo parietal do lobo occipital e se estende para
baixo para separar também a região posterior do lobo temporal da região anteroinferior do
lobo occipital.

Figura 124: Sulco central separando os giros Figura 125: Sulco parieto occipital separando o lobo pa-
pré e pós central rietal do lobo occipital
Fonte: Netter (2011) Fonte: Netter (2011)

Essa divisão do cérebro não é meramente um “capricho anatômico” e sim, funcional.


Por exemplo: no lobo frontal – área motora primária que é o giro pré central, área pré

124
motora, área frontal de associação e área motora para a fala (área de Brocá). No lobo parietal
existem a área sensitiva primária (giro pós central), área de associação somática, áreas que
controlam a fala e a leitura. No lobo temporal existem a área auditiva primária e área de
associação auditiva. Já no lobo occipital temos as áreas visual primária e de associação
visual.

FIQUE ATENTO
No cérebro ainda existem cavidades preenchidas por líquido cerebroespinhal ou cefalorra-
quidiano que são os ventrículos laterais. Os ventrículos encefálicos são projeções do tubo
neural primitivo. Todos os ventrículos encefálicos possuem uma rede de capilares chamada
de plexo coroide que, em conjunto com as células de epêndima ou células ependimárias,
produzem o líquido cefalorraquidiano, também conhecido como Líquor.

No interior de cada hemisfério


cerebral existe um ventrículo lateral que
se projeta para o lobo parietal (maior
porção), frontal (corno anterior), occipital
(corno posterior) e temporal (corno
inferior). O septo pelúcido é uma “parede
vertical” que separa os ventrículos laterais.
Os ventrículos laterais comunicam-
Figura 126: Vista anterior e lateral dos ventrículos cerebrais
se com o terceiro ventrículo por meio
Fonte: Netter (2011)
do forame interventricular ou forame de
Monro. O terceiro ventrículo é um espaço estreito, situado na linha mediana do diencéfalo.
As paredes do terceiro ventrículo são formadas pelos tálamos direito e esquerdo. O terceiro
ventrículo se comunica com o quarto ventrículo por meio do Aqueduto do Mesencéfalo ou
Aqueduto de Silvius.
O quarto ventrículo é um espaço em forma de pirâmide presente na região posterior
do encéfalo, à frente do cerebelo.

6.8.1.2 Núcleos da base


São estruturas formadas de massa cinzenta e localizadas em meio à substância
branca do cérebro. Existem quatro tipos: núcleo caudado; corpo amigdaloide; núcleo
lentiforme que se divide em putame e globo pálido e o claustro. Entre os núcleos da base
e o tálamo existe uma camada de substância branca chamada cápsula interna. Devido
ao seu aspecto, o núcleo caudado, cápsula interna e o núcleo lentiforme formam o corpo
estriado.
Os núcleos da base são responsáveis por ações motoras somáticas e fazem parte do
sistema extrapiramidal por estarem localizados no limite do giro pré central.

6.8.1.3 Diencéfalo
É a parte central e não visível. Suas principais porções são: tálamo, hipotálamo e o
epitálamo.

125
FIQUE ATENTO
O tálamo são duas massas em formato ovóide, de substância cinzenta, que forma as pare-
des laterais do terceiro ventrículo. Os dois tálamos (direito e esquerdo) estão interligados por
duas massas talâmicas chamadas aderência intertalâmica. O tálamo é um centro sensitivo.
A única informação sensitiva que não “passa” pelo tálamo é o olfato. Todas as outras sensa-
ções (visão, audição, paladar, tato) obrigatoriamente “passam” pelo tálamo e daí seguem
seu curso para o local do córtex cerebral onde será interpretado.

Portando, a partir do tálamo, os impulsos elétricos sensitivos são encaminhados para


a região específica do cérebro ou para áreas de associação (núcleos da base e hipotálamo).
O hipotálamo está abaixo do tálamo e é uma das paredes e assoalho do terceiro ventrículo.
Estruturas do hipotálamo como corpos mamilares, túber cinéreo, infundíbulo e o quiasma
óptico são visíveis externamente. Os corpos mamilares estão envolvidos nos reflexos
olfatórios. Neurônios que levam informações olfativas fazem conexão no hipotálamo. O
túber cinéreo contém neurônios que transportam hormônios reguladores do hipotálamo
para a adenohipófise pelo infundíbulo e o quiasma óptico é formado pela decussação
(cruzamento) de neurônios do nervo óptico, ou seja, nervo óptico direito, ao “passar” pelo
quiasma óptico, envia conexões para o tálamo esquerdo e o contrário é verdadeiro.

O hipotálamo controla várias atividades orgânicas


relacionadas com o Sistema Nervoso Autônomo
(SNA). Alguns neurônios do hipotálamo têm ativi-
dade simpática enquanto outros têm atividade pa-
rassimpática. O hipotálamo é o centro regulador da
temperatura corporal, do balanço hídrico, apetite,
atividade gastrintestinal, sexual e emoções como
raiva e medo (JOTS; MARRONE; STEFANI; BIZZI;
AQUINI, 2017).

O epitálamo, por sua vez, é a região dorsal do diencéfalo, acima do tálamo. É repleto
de plexo coroide.

Figura 127: Tálamo e suas áreas subjacentes


Fonte: Netter (2000)

126
6.8.1.4 Sistema Límbico

As emoções humanas são controladas


pelo hipotálamo mas várias delas envolvem
uma complexa interação de estruturas que
forma o sistema límbico). O sistema límbico é
formado pelos bulbos olfatórios, septo pelúcido,
fórnice, giro do cíngulo, corpo amigdaloide,
hipocampo, corpos mamilares e vários núcleos
talâmicos e hipotalâmicos. Interações entre
as estruturas do sistema límbico controlam as
emoções.

Figura 128: Sistema Límbico


Fonte: Moore (2014)

6.8.1.5 Mesencéfalo
O mesencéfalo, que significa encéfalo médio, é uma região curta, de transição entre
o encéfalo anterior e o posterior. Em seu interior, existe um pequeno canal chamado de
aqueduto do mesencéfalo ou aqueduto cerebral ou ainda, aqueduto de Sylvius que conecta
(une) o terceiro ventrículo (localizado no diencéfalo) ao quarto ventrículo.
Na região anterior do mesencéfalo
existem duas estruturas cilíndricas conhecidas
como pedúnculos do cérebro. Os pendúculos
são formados por fibras nervosas motoras e
sensitivas. As fibras motoras do pedúnculo vão
da área motora primária do córtex cerebral para
a ponte e medula espinhal e as fibras sensitivas
partem da medula espinhal para o tálamo.
No interior do mesencéfalo, entre os
pedúnculos e o aqueduto de Sylvius existe uma
pequena área de substância cinzenta chamada
núcleo rubro que funciona como uma estrutura
Figura 129: Mesencéfalo, ponte, bulbo, cerebelo que coordena impulsos entre o cerebelo
Fonte: Netter (2011) e os hemisférios cerebrais, favorecendo a
coordenação motora e o equilíbrio.

6.8.1.6 Metencéfalo
As principais estruturas do metencéfalo são a ponte e o cerebelo . O metencéfalo é
a região superior do encéfalo posterior. O aqueduto de Sylvius se prolonga para o quarto
ventrículo do metencéfalo. A região inferior do quarto ventrículo vai até o mielencéfalo
(bulbo).

127
6.8.1.7 Ponte
A ponte é uma região localizada na superfície ventral do metencéfalo. É formada por
feixes de tratos nervosos e vários núcleos. A ponte funciona como um meio de união e faz
a conexão entre o cérebro, tronco encefálico e o cerebelo proporcionando conexões entre
níveis altos e baixos do Sistema Nervoso Central.

6.8.1.8 Cerebelo
O cerebelo é a região do metencéfalo localizado na região póstero inferior do encéfalo
. Está posicionado abaixo dos lobos occipital e temporal. Está separado dos hemisférios
cerebrais por uma membrana chamada tentório (tenda) do cerebelo.
O cerebelo é formado por dois
hemisférios unidos por uma estrutura
chamada verme cerebelar. A superfície
do cerebelo é de substância cinzenta
(córtex do cerebelo). O cerebelo também
possui fissuras e sulcos, assim como os
hemisférios cerebrais com uma diferença:
as fissuras cerebelares são paralelas o que
dá um aspecto de placas achatadas. Entre
as fissuras existem saliências chamadas
folhas cerebelares.
Figura 130: Pedúnculos cerebelares O cerebelo está unido ao mesencéfalo
Fonte: Adaptado de Nobeschi (2010) por dois tratos denominados pedúnculos
cerebelares rostrais ou superiores, está
unido à ponte por dois pedúnculos cerebelares médios e, ao bulbo, pelos pedúnculos
cerebelares caudais ou inferiores.
O cerebelo coordena funções de coordenação motora, equilíbrio corporal e,
juntamente com os núcleos da base realizam a planejamento motor.

6.8.1.9 Miencéfalo
O mielencéfalo é a divisão da extremidade inferior do encéfalo. É também conhecido
como medula oblonga ou bulbo . As três regiões inferiores do encéfalo (mesencéfalo,
ponte e bulbo) formam o tronco do encéfalo ou tronco encefálico . O bulbo prolonga-se
para baixo formando a medula espinhal. No interior do bulbo existe uma cavidade que
é a porção inferior do quarto ventrículo que continua pelo interior da medula espinhal
formando canal central da medula ou canal medular.
Meneses, 2011 ensinou que “acima da face ventral
do bulbo existem duas colunas formadas por tratos
de fibras nervosas chamadas pirâmides. As pirâmi-
des possuem os mesmos tratos motores dos pe-
dúnculos do cérebro. Esses tratos levam impulsos
nervosos motores voluntários do córtex do cérebro.
Alguns desses tratos “descem” do mesmo lado, pela
medula espinhal formando os tratos córticoespi-

128
nhais; outros cruzam a linha média, “descendo” pelo
outro lado, pela medula espinhal. Esse “cruzamen-
to” é chamado decussação das pirâmides e é visí-
vel na região ventral do bulbo. Como consequência
da decussação das pirâmides, áreas motoras de um
lado do córtex cerebral controlam os movimentos
do lado oposto do tronco”.

A respiração do ser humano é controlada pelos centros inspiratórios e expiratórios


localizados no bulbo e na ponte. Eles controlam a frequência e a profundidade da ventilação
para satisfazer as necessidades do organismo.

6.8.1.10 Formação Reticular


No interior do bulbo existe uma região chamada de formação reticular. Ela é formada
por substância cinzenta. A formação reticular prolonga-se pelo tronco encefálico até o
diencéfalo. Recebe impulsos nervosos do cerebelo, núcleos da base e de vários outros
núcleos do encéfalo. A formação reticular também recebe impulsos sensitivos de todos os
tratos sensitivos.

FIQUE ATENTO
A formação reticular é considerada como um sistema ativador ou de alerta pois exerce con-
trole sobre o córtex do cérebro. Esta ação como sistema ativador ou de alerta é essencial na
manutenção e controle do estado de alerta e vigília.

Na formação reticular do bulbo estão os centros bulbares que são grupos de neurônios
que controlam muitas funções vitais como frequência cardíaca, respiração, dilatação e
constrição dos vasos sanguíneos, tosse, deglutição e vômito.

6.8.1.11 Medula espinhal


O bulbo prolonga-se para baixo para formar a medula espinhal. Portando, a medula
espinhal é o prolongamento do encéfalo e, como tal, é parte integrante do Sistema Nervoso
Central.
A medula espinhal tem duas funções básicas.
A primeira é de conduzir mensagens nervosas da
periferia para o encéfalo e o “caminho” de volta. A
segunda é de processar informações sensitivas de
forma limitada, tornando possível ações reflexas
estereotipadas (reflexos espinhais) sem controle dos
centros superiores do encéfalo.
A medula espinhal, assim como o encéfalo, é
Figura 131: Canal vertebral protegendo a medu- formada por uma substância cinzenta e outra branca.
la e “H” medular No encéfalo, a substância cinzenta está localizada
Fonte: Dangelo, Fattini (2010) em sua periferia e na região central está a substância
branca. Na medula é o contrário. Na periferia é a

129
substância branca e na região central, formando a letra “H” é a substância cinzenta .
A medula espinhal está protegida pelo canal vertebral
que é um canal formado pela justaposição dos forames
vertebrais dos ossos da coluna (Fig. 131). Ela prolonga-se do
forame magno (acidente anatômico do osso occipital) até
a primeira ou segunda vértebras lombares. Um filamento
terminal continua do cone da medula (região distal) até o
cóccix.
O prolongamento final da medula espinhal é formado
por um conjunto de raízes nervosas lombares e sacrais que
possuem aspecto de rabo de cavalo, daí o nome cauda equina.
Na medula espinhal existem duas regiões dilatadas,
uma superior e outra inferior. A superior é chamada de
intumescência cervical de onde saem nervos para os membros
superiores. Esses nervos formam o plexo braquial. A inferior
é chamada de intumescência lombar de onde saem nervos
Figura 132: Intumescências da me-
dula espinhal para os membros inferiores . Esses nervos formam o plexo
Fonte: Netter (2011) lombosacral ou lombosacro
Pela medula “sobem” até o encéfalo tratos ascendentes ou sensitivos e “descem”
tratos descendentes ou motores .
Os tratos ascendentes levam impulsos aferentes ou
sensitivos de receptores periféricos sensitivos para vários
centros do encéfalo. Esses tratos são formados, em sua maioria,
por três neurônios sucessivos que são neurônio de primeira,
de segunda e o de terceira ordem. Os neurônios de primeira
ordem possuem dendrito no nervo espinhal e o corpo celular
no gânglio da raiz dorsal. Os neurônios de segunda ordem
possuem o corpo localizado na medula espinhal ou no bulbo.
Os neurônios de segunda ordem fazem a ponte entre os
neurônios de primeira ordem com os de terceira ordem pois
enviam o impulso nervoso do neurônio de primeira ordem ao
de terceira ordem. Os neurônios de terceira ordem possuem
seus corpos localizados no tálamo. Os neurônios de terceira
ordem transmitem (enviam) impulsos sensitivos ao córtex
cerebral onde eles alcançam níveis consciente.
Os tratos espinhais ascendentes cruzam a linha média e
Figura 133: Trato descendente ou passam para o outro lado do encéfalo, seja ao nível de entrada
motor
na medula espinhal ou no interior do bulbo (decussação
Fonte: Netter (2011)
das pirâmides). Com isso, impulsos sensitivos iniciados em
receptores do lado direito do corpo são interpretados no córtex do lado esquerdo e impulsos
do lado esquerdo são interpretados no lado direito.
Os principais tratos ascendentes da medula são: fascículo grácil, fascículo cuneiforme,
tratos espinotalâmicos e espinocerebelares.
Os fascículos grácil e cuneiforme (Fig. 134) estão localizados na região posterior
da medula, são pertencentes ao funículo posterior, levam impulsos sensitivos referentes
a posição muscular, articular e tato fino de diversas partes do corpo. Esses fascículos

130
levam mensagens proprioceptivas, ou
seja, informações capazes de determinar
a posição de uma parte do corpo sem ser
necessário olhar para ela. Essas informações
também permitem localizar o local ou área
corporal que está sendo tocado sem que o
indivíduo necessite olhar para ele e auxilia na
identificação da qualidade do objeto que está
Figura 134: Fascículos Grácil e Cuneiforme tocando o corpo como forma, textura, peso.
Fonte: Martin (2013) O grácil e o cuneiforme recebem impulsos
gerados por proprioceptores localizados nos músculos e articulações bem como de
mecanoceptores localizados na pele.
O fascículo cuneiforme, localizado lateralmente ao grácil, transmite esses impulsos
vindos dos membros superiores, tronco e pescoço e o grácil transmite impulsos de
receptores dos membros inferiores e parte inferior do tronco.
As fibras do grácil e do cuneiforme fazem sinapse no bulbo, em uma região conhecida
como núcleo do grácil e núcleo do cuneiforme, respectivamente.
Os neurônios de segunda ordem que “saem” dos núcleos do grácil e do cuneiforme
passam para o outro lado do bulbo formando um trato chamado leminisco medial que
fazem sinapse no tálamo com neurônios de terceira ordem que “sobem” ao córtex do giro
pós central.

FIQUE ATENTO
A maioria dos neurônios de segunda ordem dos tratos espinotalâmicos (medula em direção
ao tálamo) cruzam para o lado oposto da medula depois de terem feito sinapse com neurô-
nios sensitivos dos nervos espinhais e “sobem” pela substância branca da medula. Esses tra-
tos espinotalâmicos são o lateral e o ventral. As fibras desses tratos fazem sinapse no tálamo
e “sobem” até o giro pós central. O trato espinotalâmico lateral leva impulsos de dor e tempe-
ratura e o espinotalâmico ventral leva impulsos de tato e pressão!

Existem quatro tratos espinocerebelares (medula ao cerebelo): dois dorsais e dois


ventrais. Esses tratos levam informações proprioceptivas inconsciente dos receptores
neuromusculares. As fibras desses tratos não fazem sinapse no tálamo e não “chegam”
ao córtex cerebral, portanto, os impulsos que eles transportam não alcançam o nível de
consciente. As fibras desses tratos fazem sinapse no cerebelo que determina contração
dos músculos estriados esqueléticos por meio do núcleo rubro do mesencéfalo.

FIQUE ATENTO
Aferência ou aferente são informações sensitivas. Da periferia para o córtex cerebral, portan-
to, VIA ASCENDENTE
Eferência ou eferente são informações motoras (respostas). Do córtex para a periferia, por-
tanto, VIA DESCENDENTE

131
Enquanto os tratos ascendentes levam a aferência (impulsos aferentes ou sensitivos)
ao córtex cerebral para se tornarem conscientes, fibras dos tratos descendentes trazem
a eferência (impulsos eferentes ou motores), ou seja, neurônios dos tratos descendentes
levam impulsos do encéfalo para os neurônios motores que controlam a ação dos músculos
estriados esqueléticos. Todos esses tratos são piramidais, cruzam para o lado oposto e
apresentam dois ou três neurônios consecutivos.
Existem dois tipos de tratos descendentes: tratos piramidais e extrapiramidais. Os
tratos piramidais se originam do córtex do giro pré-central e os extrapiramidais se originam
de várias regiões do córtex cerebral e áreas subcorticais. Esses tratos não “passam” pelas
pirâmides e descem pelo mesmo lado de onde foram gerados.
Os tratos piramidais são os corticoespinhais (córtex à medula) e os tratos
extrapiramidais são o rubroespinhal (núcleo rubro à medula), vestibuloespinhal (sistema
vestibular à medula), tectoespinhal (tenda do cerebelo à medula) e olivoespinhal (núcleos
olivares à medula).
Em geral, os tratos piramidais controlam movimentos de precisão do corpo e os
extrapiramidais controlam a postura e o equilíbrio.
Os tratos corticoespinhais se originam do córtex cerebral e “descem” à medula
espinhal, antes, porém, passam (maioria) pela pirâmide no bulbo e cruzam para o lado
oposto, e formam o trato corticoespinhal lateral. Existem tratos que não cruzam para o lado
oposto, descem “retos” pelo bulbo formando o trato corticoespinhal ventral até a medula.
Somente na medula espinhal, as fibras do trato corticoespinhal ventral passam para o lado
oposto. Os dois tratos corticoespinhais enviam mensagens motoras aos músculos estriados
esqueléticos.
Os tratos corticoespinhais levam impulsos nervosos ao corno anterior da medula
espinhal. Existem terminologias que além de auxiliarem na percepção de certas estruturas,
ajudam também na localização delas, é o caso dos neurônios motores superiores ou primeiro
neurônio e neurônios motores inferiores ou segundo neurônio. Os neurônios motores
superiores ou primeiro neurônio estão localizados no córtex cerebral, mais precisamente
no giro pré-central e o segundo neurônio ou neurônio motor inferior está localizado ou
no tronco encefálico ou na porção anterior da medula espinhal. A atividade do neurônio
motor inferior é regulada pelo neurônio motor superior. O segundo neurônio motor,
localizado no tronco encefálico, leva impulsos nervosos aos músculos esqueléticos da face,
boca, garganta e língua e os localizados no corno anterior da medula levam impulsos aos
músculos esqueléticos dos membros superiores e inferiores.

6.8.1.12 Estruturas que protegem o Sistema Nervoso Central


O Sistema Nervoso Central, como já foi dito, exerce funções essenciais para a
manutenção da homeostase e manutenção da vida. Apesar disto, suas estruturas são
muito frágeis e necessitam de outras para fazerem sua proteção.
A proteção requerida pelo Sistema Nervoso Central é física (contra traumas), química
e biológica (contra infecções).
Como proteção física existem os ossos do crânio e da coluna vertebral, além das
meninges que são um conjunto formado por três membranas que envolvem toda a
extensão do Sistema Nervoso Central, do córtex cerebral à medula.
O líquor exerce a proteção química mas também hidráulica. Seu nível estando
normal, mantêm o Sistema Nervoso Central em sua região já que em condições normais,

132
as estruturas do SNC não “tocam” no osso.
A proteção biológica é dado pelas células de defesa, do sistema imunológico do
indivíduo, bem como da barreira hematoencefálica.
Em alguns casos, a mesma estrutura de proteção contra uma agressão em particular,
é capaz de proteger também contra outra, é o caso do líquor (proteção química e mecânica)
e da barreira hematoencefálica (proteção biológica e química).

6.8.1.13 Meninges
As meninges são membranas formadas de tecido conjuntivo, que envolvem o
Sistema Nervoso Central. São em número de três, dura máter, aracnoide e pia máter.
A dura máter é a mais externa e como o
próprio nome sugere, ela é mais resistente. No
encéfalo, a dura máter está quase aderida aos
ossos do crânio, mas na medula espinhal existe
um espaço maior entre ela e as vértebras. A
dura máter envolve toda a extensão do Sistema
Nervoso Central, inclusive a cauda equina e se
estende lateralmente para envolver cada nervo
espinhal em sua “saída” da medula, ou “chegada''.

Figura 135: Meninges


Fonte: Netter (2011)

Figura 137: Dura Máter e as outras meninges


Figura 136: Dura Mater e Aracnóide envolvendo a medula espinhal
Fonte: Netter (2000) Fonte: Kandel; Schwartz; Jessell (2003)

A aracnoide é a meninge que se localiza entre as outras duas, dura máter e pia máter.
Está intimamente aderida à superfície da dura máter mas é separada por um espaço
diminuto chamado espaço subdural (abaixo da dura máter) . Entre a aracnoide e a pia
máter existe um espaço chamado de espaço subaracnoide (abaixo da aracnoide). Nesse
espaço contém o líquor, líquido cefalorraquidiano.

133
A pia máter é a meninge mais interna.
É uma fina camada de membrana vascular
formada por tecido conjuntivo frouxo. Essa
meninge “mergulha” profundamente nos
sulcos e fissuras do encéfalo. Nos ventrículos
cerebrais a pia máter se diferencia e juntamente
com as células ependimárias formam o plexo
coroide.
Figura 138: Aracnoide. Em destaque os grânulos da aracnoide
Fonte: Netter (2000)

6.8.1.14 Líquor
O líquor, conhecido também como liquido cefaloespinhal ou cefalorraquidiano,
é produzido no plexo coroide de acordo com a necessidade. É estéril e totalmente
transparente, cristalino. Tem a função de proteção química e hidráulica além de hidratação
de todo o Sistema Nervos Central.
O líquor e formado por uma solução salina com baixo número de proteína e células
e, como é um líquido totalmente cristalino, qualquer mudança nessa característica ou na
turvidez ou ainda se existirem partículas em suspensão indica algum dano no Sistema
Nervoso Central.
O líquido cefalorraquidiano circula
por todo o Sistema Nervoso Central
hidratando toda área por onde “passa”. É
produzido no plexo coroide, localizados nos
ventrículos cerebrais e “descem” passando
pelo aqueduto de Sylvius até alcançar o
canal medular. Quando atinge seu ponto
mais extremo, o líquor “sobe” pela periferia
da medula espinhal, de forma helicoidal
até o encéfalo. O líquor circula pelo espaço
subaracnóide e é absorvido em cada ciclo
nos grânulos da aracnoide. Em cada “volta
completa” do líquor, o conteúdo que foi
absorvido é “reposto” de forma que o volume
deste líquido é sempre constante

Figura 139: Circulação do líquor


Fonte: Martin (2013)

BUSQUE POR MAIS


A circulação do líquor é uma das coisas mais interessantes.
Para visualizar, acesse https://youtu.be/bMhuOFiUilI . Acesso em: 20 maio 2020.

134
6.8.1.15 Barreiras hematoencefátlicas
A barreira hematoencefálica é uma barreira, de fato, formada por células endoteliais
do sistema vascular e da glia, especificamente os astrócitos . A barreira hematoencefálica
bloqueia a entrada de substâncias químicas e microorganismo. É claro que não é
uma proteção infalível pois ela tem permeabilidade seletiva. Alguns medicamentos
ultrapassam a barreira hematotencefálica para agirem no Sistema Nervoso Central é o
caso de tranquilizantes e alguns anti histamínicos, etc. Da mesma forma, microorganismos
causadores de doença conseguem atravessar esta barreira causando meningite ou
encefalite, por exemplo.
A permeabilidade seletiva da barreira hematoencefálica acrescenta dificuldades
às moléculas que tentam atravessá-la. Esta
permeabilidade é devido a existência de células do
endotélio vascular e de suas enzimas. Somente a água,
glicose, moléculas minúsculas lipossolúveis, oxigênio
e gás carbono conseguem facilmente ultrapassar a
barreira hematoencefálica, ou seja, têm trânsito livre
pela barreira.
Além disto, a barreira hematoencefálica
tem ação neuroimune pois secreta citocinas e
prostaglandina.
Figura 140: Barreira hematoencefálica
Fonte: Netter (2007)

6.8.2 Sistema Nervoso Periférico


O Sistema Nervoso Central, é o responsável por controlar todas as funções orgânicas
como foi dito anteriormente, porém, sozinho não é capaz de exercer suas atribuições. O
Sistema Nervoso Central, portanto, necessita de estruturas que o mantenham informado
sobre o que está acontecendo nas diversas partes do corpo, bem como de outras que
“levam” suas mensagens, impulsos nervosos (ordens) para essas mesmas partes. Este
conjunto de estruturas é o Sistema Nervoso Periférico.
Falando de forma mais simplista, podemos dizer que o Sistema Nervoso Periférico é
uma espécie de “office boy” do Sistema Nervoso Central.
O Sistema Nervoso Perférico (SNP) consiste de vias de fibras nervosas que conectam
o Sistema Nervoso Central com todas as estruturas do corpo humano. O Sistema Nervoso
Periférico é formado por nervos que emergem do Sistema Nervoso Central, os 12 pares de
nervos cranianos (saem do encéfalo) e os 31 pares de nervos espinhais (saem da medula
espinhal). O Sistema Nervoso periférico possui fibras aferentes ou sensitivas e eferentes
ou motoras. As aferentes levam informações de toda a parte do corpo ao Sistema Nervoso
Central enquanto as eferentes trazem impulsos provenientes do Sistema Nervoso Central
para as partes do corpo.
Além disto, existem nervos periféricos que desempenham as duas tarefas (sensitivo
e motor) sendo, portanto, nervos mistos.

135
6.8.2.1 Nervos cranianos

Doze pares de nervos cranianos “emergem” do encéfalo. A maioria deles tem função
mista. Embora sejam originados no encéfalo, os corpos dos neurônios se localizam nos
gânglios, fora do Sistema Nervoso Central. Em alguns nervos eferentes, seus neurônios
motores inervam músculos estriados esqueléticos. Esses neurônios fazem parte dos
neurônios motores somáticos porque as estruturas que eles inervam (músculo estriado
esquelético) têm controle voluntário.

Em outros nervos aferentes, seus


neurônios motores inervam músculo liso
do coração e de glândulas, estruturas que
não têm controle voluntário, e, por esta
razão fazem parte dos neurônios motores
viscerais.
Os neurônios motores viscerais dos
nervos cranianos fazem parte do Sistema
Nervoso Parassimpático, divisão do Sistema
Nervoso Autônomo (SNA) que será estudado
ainda nesta Unidade.
Dos 12 pares de nervos cranianos,
apenas um (o décimo par) não inerva
estruturas localizadas na cabeça e
Figura 141: Doze pares de nervos cranianos no pescoço. Os nervos cranianos são
Fonte: Netter (2000) numerados em algarismo romano, na
sequência de suas emergências do encéfalo.
As emergências dos doze pares de nervos cranianos, bem como o destino (função)
de cada um, podem ser observadas na figura acima.

6.8.2.2 Nervos Olfatório ou I par de Nervo Craniano


O nervo olfatório se origina de células situadas na mucosa nasal. Este primeiro par de
nervo craniano é totalmente sensitivo e conduzem impulsos relativos ao olfato até o córtex
correspondente.

6.8.2.3 Nervo Óptico ou II par de Nervo Craniano


Este nervo origina-se na retina e é exclusivamente
sensitivo. Conduz impulsos relativos à visão. Se dirige ao
quiasma óptico situado anteriormente à hipófise. Suas fibras
da metade medial cruzam para o lado oposto e as da metade
lateral seguem pelo mesmo lado. As fibras seguem o curso
até o tálamo.
Devido à forma de cruzamento das fibras deste nervo
no quiasmo óptico, cada trato óptico é formado por fibras
provenientes das duas retinas.
A maioria das fibras dos tratos ópticos fazem conexão
Figura 142: II par de nervo craniano no corpo geniculado lateral do tálamo e daí vão em direção
Fonte: Netter (2011)

136
ao córtex visual dos lobos occipitais.

6.8.2.4 Nervo Oculomotor ou III par de Nervo Craniano


Emerge do mesencéfalo, um pouco acima da ponte. O nervo oculomotor controla os
movimentos voluntários dos olhos e os involuntários envolvidos nos reflexos de ajustamento
do olho dependente da intensidade da luz e da regulagem do foco de um objeto próximo ou
mais distante do olho. É, portanto, formado por neurônios motores somáticos e neurônios
motores viscerais (parassimpático). As fibras deste nervo que contém neurônios motores
somáticos inervam quatro dos seis músculos extrínsecos do olho, são eles: músculos
reto superior, reto medial, reto inferior e obliquo inferior, além do músculo levantador da
pálpebra superior. Desta forma, controlam os movimentos voluntários dos olhos.

6.8.2.5 Nervo Troclear ou IV par de Nervo Craniano


quarto par de nervo craniano é pequeno. É o único nervo craniano que se origina na
face dorsal do encéfalo, contorna a face lateral do mesencéfalo e penetra na órbita ocular.
Conduz impulsos motores e proprioceptivos do músculo oblíquo superior e, desta forma,
contribui para a movimentação do globo ocular.

6.8.2.6 Nervo Trigêmeo ou V pa de Nervo Craniano

O nervo trigêmeo emerge da ponte em sua


face lateral e, como o nome sugere, ele se divide
em três partes: nervo oftálmico, nervo maxilar e o
nervo mandibular . O nervo trigêmeo é o principal
nervo sensitivo da face. Apresentam neurônios
sensitivos com corpos situados na junção dos três
nervos, no gânglio trigeminal ou semilunar. Possui
também neurônios motores no nervo mandibular
que inerva os músculos masseter, temporal
e pterigoideos medial e lateral (músculos da
mastigação) e os músculos milo hioideo e ventre
Figura 143: Ramos do V par de nervo craniano
anterior do músculo digástrico.
Fonte: Netter (2011)
A neuralgia ou nevralgia do trigêmeo é uma
condição clínica que se manifesta com uma dor insuportável em toda hemi face do nervo
lesado. É conhecida como uma das piores dores que um ser humano pode sofrer.

6.8.2.7 Nervo Abducente ou VI par de Nervo Craniano


Origina-se no mesencéfalo, entre a ponte e o bulbo. Possui neurônios motores
somáticos e viscerais que inervam o músculo reto lateral do olho. Juntamente com os
nervos oculomotor e troclear, comandam os movimentos dos olhos de forma coordenada
em um sincronismo de suas ações.

6.8.2.8 Nervo Facial ou VII par de Nervos Cranianos


O sétimo par de nervo craniano origina-se no sulco entre a ponte e o bulbo,
lateralmente ao nervo abducente. Este nervo alcança a parte petrosa do osso temporal, no

137
meato acústico interno. Dirige-se anteriormente abaixo da glândula parótida e se divide
em numerosos ramos que inervam os músculos da face e do crânio. É um nervo misto.
Sua parte motora inerva os músculos da face e do crânio e sua parte sensitiva se origina de
receptores para o paladar localizados nos dois terços anteriores da língua.
O nervo facial ainda conduz neurônios motores viscerais (parassimpáticos) para a
glândula lacrimal, glândulas na mucosa nasal e as glândulas salivares submandibular e
sublingual.

6.8.2.9 Nervo vestibulococlear ou VIII par de Nervo Craniano


O oitavo par de nervo craniano possui
duas porções: uma vestibular e outra coclear.
Ambas são sensitivas e se originam de receptores
localizados no ouvido interno, na parte petrosa
do osso temporal. As duas porções se unem para
formar o nervo verstibulococlear.
A porção coclear deste nervo está relacionada
à função audititiva. Os corpos de neurônios desta
porção estão localizados no gânglio espiral.
A porção vestibular deste nervo está
relacionada à sensação de equilíbrio corporal.
Os receptores desta porção estão situados nas
ampôlas dos canais semicirculares e no sáculo
Figura 143: VIII par de nervo craniano e utrículo do vestíbulo. Os corpos dos neurônios
Fonte: Netter (2011) deste nervo estão localizados no gânglio vestibular.

6.8.2.10 Nervo Glossofaríngeo ou IX par de Nervo Craniano

O nervo glossofaríngeo é um nervo misto, transporta impulsos motores e sensitivos.


Este nervo inerva a língua e a faringe. Origina-se no bulbo.
Os neurônios sensitivos do nervo glossofaríngeo conduzem impulsos dos receptores
gustativos do terço posterior da língua; da faringe e tonsilas; de receptores sensíveis
às mudanças dos níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue (glomo carótico) e dos
receptores que controlam a pressão sanguínea no seio carotídeo.
O nono par de nervo craniano também possui neurônios motores que inervam os
músculos estilofaríngeos da faringe para fazerem a deglutição.

6.8.2.11 Nervo Vago ou X par de Nervo Craniano

É o único par de nervo craniano que tem ação além das estruturas da cabeça e do
pescoço. Origina-se no bulbo, passa pelo forame jugular, desce ao lado da faringe. Após
deixar o pescoço, dirige-se para o tórax e abdome.
O décimo par de nervo craniano leva impulsos motores para músculos de contração
voluntária da faringe e laringe e impulsos sensitivos de receptores para o paladar localizados
próximo da base da língua.
O nervo vago ainda tem ampla distribuição parassimpática inervando músculos
de contração involuntária das vísceras torácicas e abdominais. Também possui fibras
sensitivas, provenientes das vísceras que, normalmente não se tornam conscientes. Além

138
disto, regulam a frequência cardíaca, respiração, pressão sanguínea, processos digestivos,
etc. Em algumas condições esses estímulos podem tornar conscientes como são os casos
de distensão, náuseas e vômitos.

6.8.2.12 Nervo Acessório ou XI par de Nervo Craniano


O nervo acessório é formado por neurônios motores par os músculos voluntários e
neurônios sensitivos proprioceptivos. O nervo acessório, na verdade, é formado por dois
nervos: um se origina no bulbo e é um nervo craniano propriamente dito e o outro se
origina na porção cervical da medula espinhal sendo, portanto, um nervo espinhal.
A porção espinhal do nervo acessório “sobe” em direção ao encéfalo penetrando por
meio do forame magno. Na cavidade craniana as porções deste nervo se unem. As fibras da
porção craniana se misturam com as do nervo vago e inervam a faringe e a laringe enquanto
que as fibras da porção espinhal inervam os músculos trapézio e esternocleidomastóideo.

6.8.2.13 Nervo Hipoglosso ou XII par de Nervo Craniano


O décimo segundo par de nervo craniano deixa a região anterior do bulbo e vai em
direção a língua se localizando abaixo dela. Consiste de neurônios motores que inervam
musculatura intrínseca e extrínseca da língua.
Para facilitar o entendimento dos nervos cranianos e, em uma espécie de resumo
desta parte do capítulo, apresentamos o quadro abaixo com os nervos cranianos, locais de
“saída” do encéfalo e do crânio e suas funções para orientar os estudos.

NERVO LOCAL DE SAÍDA LOCAL DE SAÍDA FUNÇÕES


DO ENCÉFALO DO CRÂNIO

I - Olfatório Telencéfalo Lâmina crivosa do etmoide Sensitiva: olfato

II – Óptico Diencéfalo Canal óptico Sensitiva: visão


Fissura orbitária superior Motora: levantador da pálpe-
bra superior e 4 músculos ex-
III – Oculomotor Mesencéfalo trínsecos do olho
Proprioceptiva: dos músculos
que inerva e músculo ciliar e
esfíncter da pupila.

IV - Troclear Mesencéfalo Fissura orbitária superior Motora e proprioceptiva: mús-


culo oblíquo superior
1.Sensitiva: córnea, pele do na-
riz e couro cabeludo
2.Sensitiva: cavidade nasal,
V – Trigêmeo 1.Fissura orbitária superior palato, dentes superiores,
1. Ramo oftálmico 2.Forame redondo pele da bochecha, lábio supe-
2.Ramo maxilar Metencéfalo rior
3.Ramo mandibu- 3.Forame oval 3. Sensitiva: língua, dentes in-
lar feriores, pele do mento, man-
díbula, região temporal
Motora: músculos da masti-
gação
Proprioceptiva: músculos da
mastigação.

139
VI – Abducente Metencéfalo Fissura orbitária superior Motora: reto lateral
Proprioceptiva: músculo reto
lateral do olho.
Motora: músculos da mímica
facial
Proprioceptiva: músculos da
mímica facial
VII – Facial Metencéfalo (ponte) Forame estilomastóideo Sensitiva: gustação, 2/3 ante-
riores da língua
Parassimpática: gl. salivares
submandibular e sublingual,
glândula lacrimal e da cavida-
de nasal.
VIII – Vestíbuloco-
clear
Meato acústico interno Sensitiva: equilíbrio
1. Porção vestibu- Metencéfalo (ponte)
lar 2.Sensitiva: audição

2.Porção coclear
Motora: músculo estilofarín-
geo; outros músculos da fa-
ringe via X e XI nervos crania-
nos
Proprioceptiva: dos músculos
inervados
IX – Glossofaríngeo Mielencéfalo (bulbo) Forame jugular Parassimpática: glândula pa-
rótida
Sensitiva: paladar e sensibili-
dade geral do 1/3 posterior da
língua, faringe, orelha média,
seio carotídeo.
Motora: músculos da faringe
e da laringe
Proprioceptiva: dos músculos
inervados
Sensitiva: pele da orelha ex-
X – Vago Mielencéfalo (bulbo) Forame Jugular terna, paladar (parte mais
posterior da língua), sensibili-
dade visceral dos órgãos torá-
cicos e abdominais
Parassimpática: órgãos das
cavidades torácica e abdomi-
nal.
Motora: trapézio e esterno-
XI - Acessório Mielencéfalo (bulbo) Forame jugular cleidomastóideo
Proprioceptiva dos músculos
inervados.
Motora: músculos intrínsecos
XII – Hipoglosso Mielencéfalo (bulbo) Canal do hipoglosso e extrínsecos da língua
Proprioceptiva: dos músculos
inervados.

Quadro 5: Nervos cranianos, seus locais de saída do encéfalo e do crânio e suas funções
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

140
6.8.2.14 Nervos espinhais

Existem 31 pares de nervos espinhais assim distribuídos: 8 cervicais, 12 torácicos, 5


lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Todos os nervos espinhais, com exceção do primeiro par
de nervos cervicais, “deixam” o canal vertebral por meio dos forames intervertebrais. O
primeiro par de nervo cervicais “sai” da medula entre o osso occipital e o atlas. Do segundo
até o sétimo, “saem” acima da vértebra correspondente e, o oitavo par de nervo cervical
“emerge” do espaço entre a sétima vértebra cervical e a primeira vértebra torácica.

FIQUE ATENTO
O estudante novato de anatomia, provavelmente vai estranhar quando ler “C8”. Ele sabe que
só existem sete vértebras cervicais, então por qual motivo falamos em C8 ao nos referir ao
oitavo nervo cervical? A resposta desta pergunta é até simples: ocorre que acima da primeira
vértebra cervical “sai” o primeiro par de nervo cervical e, do mesmo modo, abaixo da primei-
ra vértebra cervical “sai” o segundo par de nervo cervical. Desta forma, abaixo da segunda
vértebra cervical emerge o terceiro nervo cervical e, assim por diante até a sétima vértebra
cervical.

A partir da primeira vértebra torácica, os nervos espinhais emergem


exatamente abaixo das vértebras. Assim, a coluna torácica tem 12 vértebras e também 12
nervos torácicos, a coluna lombar com cinco vértebras tem cinco nervos lombares. O sacro
com 5 vértebras possui cinco nervos sacrais. Outra exceção localiza-se no cóccix que tem
apenas um nervo coccígeno ou coccígeo.
Os nervos espinhais são formados pela união das raízes ventral (neurônios motores)
e dorsal (neurônios sensitivos) que “deixam” ou “entram” na medula espinhal. Os corpos de
neurônios estão localizados fora da medula, no gânglio da raiz dorsal, em cada raiz dorsal.
A partir da união das raízes ventrais e dorsais, todos os nervos espinhais tornam-se mistos,
contendo prolongamentos de neurônios motores e sensitivos.
Nas regiões cervical, lombar e
sacral, os ramos dos nervos espinhais
consecutivos se unem para formar
plexos que são rede de troncos nervosos
que formam nervos para inervar pele,
músculos e articulações dos membros
superiores e inferiores.
O plexo cervical é formado pelos
ramos ventrais dos quatro primeiros
nervos cervicais: C1, C2, C3 e C4. Esses
formam uma rede de nervos e seus ramos
inervam músculos e a pele da cabeço,
pescoço, ombro e tórax.
Figura 144: Plexo Cervical
Fonte: Netter (2011)

141
O plexo braquial que é formado pelos ramos ventrais dos quatro últimos nervos
cervicais (C5 a C8) e do primeiro nervo torácico (T1), prolonga-se para baixo, em direção ao
membro superior, passa por trás da clavícula e “invade” a axila.
As raízes do plexo braquial formam
o tronco superior (C5 e C6), um tronco
médio (C7) e um tronco inferior (C8 e T1).
Os troncos são separados em fascículos
posterior, lateral e medial (Fig. 151). O
fascículo posterior forma o nervo axilar e
o nervo radial, o fascículo lateral forma o
nervo musculocutâneo e o fascículo medial
forma o nervo ulnar.
O nervo mediano, por sua vez, é
formado por ramos dos fascículos medial e
lateral.
O nervo axilar inerva pele e os
músculos do ombro, o nervo radial inerva
Figura 145: Plexo braquial a região posterior do membro superior e os
Fonte: Netter (2011)
músculos extensores do braço e antebraço.
O nervo musculocutâneo inerva a região lateral do antebraço e vários músculos da região
anterior do braço. O nervo ulnar inerva a face medial da mão e alguns músculos flexores do
antebraço e vários músculos intrínsecos da mão. O nervo mediano inerva a porção mediana
da face palmar e os músculos flexores do antebraço.
Os nervos do plexo lombossacral inervam
a pele e os músculos da região glútea, porção
inferior do abdome, pelve e membros inferiores.
Este plexo divide-se em duas partes: plexo
lombar e plexo sacral que são unidos por um
tronco lombossacral.
Cada plexo lombar é formado por ramos
ventrais dos primeiros quatro nervos lombares
e algumas fibras do décimo segundo nervo
torácico. Os nervos formados a partir do plexo
lombar inervam a porção inferior do abdome
e as porções anterior e médial dos membros
inferiores. São eles: íleo hipogástrico; íleo
inguinal; genitofemoral; cutâneo lateral da coxa;
femoral e obturatório.

Figura 146: Plexo lombar


Fonte: Gray (2000)

142
O plexo sacral é formado a partir dos
ramos ventrais dos dois últimos nervos
lombares (L4 e L5) e quatro primeiros
nervos sacrais (S1 até S4). Os nervos que são
formados a partir deste plexo prolongam-se
em direção à porção inferior do dorso, pelve,
face posterior da coxa, perna, bem como
para as faces dorsal e ventral do pé.

Figura 147: Plexo Sacral


Fonte: Gray (2000)

O nervo ciático, maior nervo do corpo humano, é o principal ramo do plexo sacral.
Percorre toda a região posterior do membro inferior inervando músculos e pele da região.
Logo abaixo do joelho, na face poplítea, o nervo ciático se divide em dois ramos: nervo
fibular comum (desce pela região lateroposterior da perna) e nervo tibial (desce pela região
anteromedial da perna).

Figura 148: Emergência do nervo ciático: plexo


sacral
Fonte: Meneses (2011)

6.8.3 Sistema Nervoso Autônomo


O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) também conhecido como Sistema Nervoso
Neuro vegetativo ou visceral é a parte eferente do Sistema Nervoso Periférico. Várias fibras
nervosas do Sistema Nervoso Autônomo estão nos nervos espinhais e em determinados
nervos cranianos, que são estruturas do Sistema Nervoso Periférico. O SNA é formado,
em sua totalidade, por neurônios motores viscerais (eferentes) que controlam atividades

143
vegetativas e de controle involuntário. Por isto, funcionamento do coração, trânsito
intestinal, expulsão do endométrio durante a menstruação, ejeção dos hormônios pelas
glândulas, etc. são funções controladas por ele.
Existem dois neurônios básicos no SNA que são os neurônios pré-ganglionar (pré
sináptico) e o pós-ganglionar (pós sináptico). O axônio do neurônio pré-ganglionar dirige-
se a um gânglio autônomo localizado fora do Sistema Nervoso Central, onde faz sinapse
com o neurônio pós-ganglionar. Os axônios deste segundo neurônio geralmente formam
redes nervosas conhecidas como plexos autônomos.
O Sistema Nervoso Autônomo pode ser separado em duas partes: simpático e
parassimpático.

6.8.4 Sistema Nervoso Simpático


Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso simpático
estão localizados nas colunas laterais da substância cinzenta da medula espinhal, desde
o primeiro segmento torácico (T1) até o segundo segmento lombar (L2). Por este motivo o
simpático também é conhecido como sistema tóraco-lombar.
Os axônios desses neurônios motores viscerais deixam a medula espinhal pelas raízes
ventrais, junto com axônios motores somáticos e penetram nos ramos dorsal e ventral dos
nervos espinhais.
Após percorrerem os ramos ventrais dos nervos espinhais, as fibras nervosas
simpáticas pré-ganglionares penetram em um dos gânglios interconectados que formam
a cadeia simpática de gânglios (gânglios simpáticos, gânglios paravertebrais).
A maioria das fibras simpáticas pré-ganglionares são mielínicas, por esta razão as
vias que formam na passagem do ramo ventral do nervo espinhal para o tronco simpático
são esbranquiçadas e denominadas ramos comunicantes brancos. Existem 14 pares de
ramos comunicantes brancos unindo desde o primeiro nervo torácico ao segundo nervo
lombar, com os gânglios da cadeia simpática.
Após penetrarem nos gânglios, os axônios simpáticos pré-ganglionares seguem
uma das três vias: (1) axônios simpáticos pré-ganglionares fazem sinapse com os corpos
celulares dos neurônios pós-ganglionares nos gânglios situados no mesmo nível em que
as fibras pré-ganglionares penetrarem na cadeia ganglionar; (2) axônios pré-ganglionares
simpáticos podem subir ou descer pelo tronco simpático antes de fazerem sinapse como
neurônios pós-ganglionares situados em um nível superior ou inferior ao da sua entrada
na cadeia; (3) axônios pré-ganglionares simpáticos podem passar pelo tronco simpático
sem fazerem sinapses.
Segundo Meneses (2011), as fibras pré ganglionares do simpático são mais curtas do
que as do parassimpático, enquanto as fibras pós ganglionares são maiores do que as do
parassimpático.

Figura 149: Fibras pré e pós ganglionares do Sistema Nervoso


Autônomo
Fonte: Meneses (2011)

144
6.8.5 Sistema Nervoso Parassimpático
Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares do parassimpático estão
localizados no interior de núcleos do encéfalo ou no interior das porções laterais da
substância cinzenta da medula espinhal, nos segmentos sacrais (S2, S3 e S4). Devido a essa
origem, a parte parassimpática do SNA é denominada parte crânio-sacral. A distribuição
da parte parassimpática difere da simpática porque suas fibras não passam pelos ramos
dos nervos espinhais. Desta forma, as glândulas sudoríparas, músculos eretores dos pêlos
e vasos sanguíneos cutâneos não têm inervação parassimpática.
Os axônios parassimpáticos após saírem das raízes ventrais se unem para formar
os nervos esplâncnicos pélvicos, que se interconectam no plexo hipogástrico e suprem as
vísceras da cavidade da pelve.
Os axônios pré-ganglionares dos neurônios parassimpáticos sacrais fazem sinapse
com neurônios pós-ganglionares no gânglio terminal localizado próximo aos órgãos
inervados por eles.
As partes simpáticas e parassimpáticas do SNA são diferentes no comprimento das
fibras e na localização dos corpos celulares de seus neurônios pré-ganglionares.
Na parte simpática, a maioria dos axônios pré-ganglionares são relativamente curtos
e fazem sinapse na cadeia de gânglios, situada próximo à coluna vertebral. Os axônios pós-
ganglionares são longos, prolongando-se desde a cadeia de gânglios até as estruturas que
eles inervam.
Na parte parassimpática, os axônios pré-ganglionares são longos, passando desde
a sua origem no SNC até os gânglios terminais localizados próximos ou no interior das
paredes dos órgãos que inervam. Os axônios pós-ganglionares são curtos prolongando-se
do gânglio terminal até os órgãos inervados.

6.8.6 Funções doo Sistema Nervoso Autônomo


As fibras do SNA são colinérgicas ou adrenérgicas. As fibras colinérgicas (que liberam
acetilcolina) são as fibras pré-ganglionares e pós-ganglionares parassimpáticas e as fibras
pré-ganglionares simpáticas. As fibras adrenérgicas (liberam norepinefrina, noradrenalina)
são as fibras pós-ganglionares simpáticas.
Existe exceção: as fibras pós-ganglionares simpáticas que passam pelos ramos dos
nervos espinhais em direção às glândulas sudoríparas, secretam acetilcolina e, por isto, são
chamadas fibras colinérgicas.
A maioria dos órgãos e vísceras do corpo humano é inervada por neurônios das duas
partes do SNA com exceção das glândulas sudoríparas, músculos eretores do pêlo, medula
da suprarrenal e vasos sanguíneos periféricos.
A parte parassimpática do SNA é colinérgica e a simpática é adrenérgica. Desta
forma, controlam respostas antagônicas. Embora a maioria dos órgãos seja controlada por
uma parte ou outra, a inervação dupla contribui para o controle preciso da atividade do
órgão.
Não há uma indicação clara de que a estimulação simpática ou parassimpática vai
excitar ou inibir um determinado órgão. No entanto, a estimulação parassimpática tende
a produzir repostas que são relacionadas como a manutenção das funções corporais sob
condições relativamente tranquilas. Exemplo: a parte parassimpática diminui os batimentos
cardíacos. De outro lado, a estimulação simpática tende a produzi respostas que preparam

145
o indivíduo para uma atividade física vigorosa,
tal como aquelas que podem ser necessárias em
uma emergência ou em situações que requerem
atitudes de defesa ou ataque. Na verdade,
estados emocionais como ira ou preocupação são
normalmente acompanhados por uma ativação
ampla da parte simpática do SNA. Esta atividade,
geralmente promove aumento da frequência
cardíaca e dilatação dos brônquios.

Figura 150: Comparação entre o Parassimpático e o Simpático


Fonte: Renner (2012)

146
FIXANDO O CONTEÚDO
1. O Sistema Nervoso é um conjunto de complexas estruturas encarregadas de controlar,
comandar todas as ações dos outros sistemas orgânicos. Para isto, é necessária sua divisão.
Como se divide o Sistema Nervoso?

a) Sistema Nervoso Central, Periférico e Autônomo.


b) Sistema Nervoso Central e Periférico.
c) Sistema Nervoso Central e Acessório.
d) Sistema Nervoso Central e Sistema Auxiliar de comando.
e) Sistema Nervoso Periférico e Autônomo.

2. Pode-se dizer que o Sistema Nervoso Central comanda os outros. Ele recebe informações,
as decodifica (tornam-se conscientes) e envia a resposta. Com base nisso, quais são as
estruturas do Sistema Nervoso Central?

a) Todas as estruturas que formam o encéfalo.


b) Encéfalo, tronco encefálico e medula espinhal.
c) Encéfalo e tronco encefálico.
d) Encéfalo e medula.
e) Cérebro e medula espinhal.

3. O Sistema Endócrino é também um sistema de controle das funções orgânicas. Os


hormônios produzidos por ele estimulam outras estruturas a funcionarem. Diante disso,
quais são as principais glândulas deste sistema?

a) Hipotálamo e hipófise.
b) Hipófise e Tireóide.
c) Hipófise, tireóide, paratireoide, adrenais, pâncreas e as gônadas.
d) Hipófise, tireóide e pâncreas.
e) Hipófise, adrenais e pâncreas.

4. A hipófise é um tipo de glândula que realmente faz parte do sistema nervoso. Ela é
dividida em duas partes, uma anterior e outra posterior. Qual é o nome da parte da hipófise
que é parte integrante do sistema nervoso?

a) Adenohipófise.
b) Pituitária.
c) Adenopituitária.
d) Neurohipófise.
e) Encefalohipófise.

5. Pode-se dizer que o Sistema Nervoso Periférico é uma espécie de “office boy” do Sistema
Nervoso Central pois é por meio dele que o Sistema Nervoso Central é informado sobre os
acontecimentos no corpo humano e, também por meio dele, o Sistema Nervoso Central

147
envia os comandos para as diversas partes do corpo. Assim, quais estruturas formam o
Sistema Nervoso Periférico?

a) Simpático e o Parassimpático.
b) Glândulas endócrinas e exócrinas.
c) Nervos espinhais.
d) Algumas glândulas especiais.
e) Nervos Cranianos, Nervos espinhais e seus prolongamentos.

6. Sabemos que a coluna cervical é formada por sete ossos (vértebras). Por qual razão,
desse segmento saem oito nervos espinhais?

a) Porque o primeiro nervo espinhal “sai” por cima da primeira vértebra cervical e os demais
“saem” abaixo.
b) Porque do espaço C7-T1 saem dois nervos espinhais de cada lado.
c) Porque do espaço C1-C2 saem dois nervos espinhais de cada lado.
d) Porque o primeiro nervo espinhal se divide em dois outros.
e) Porque na verdade, existem oito vértebras cervicais.

7. Como também é conhecido o Sistema Nervoso Autônomo?

a) Sistema auxiliar de controle orgânico.


b) Sistema Nervoso Neurovegetativo ou Visceral.
c) Sistema Nervoso complementar ao Sistema Endócrino.
d) Sistema Nervoso Independente.
e) Sistema Nervoso próprio.

8. As fibras do SNA são:

a) Colinérgicas.
b) Adrenérgicas.
c) Colinérgicas ou adrenérgicas.
d) Colinérgicas e Gama.
e) Gama e adrenérgicas.

148
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C

UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 D

UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 C

149
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