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Biologia
12.º ANO
Património genético
O sistema de grupos sanguíneos AB0 foi descoberto por Karl Landsteiner em 1900, após deteção
da aglutinação de eritrócitos humanos por soros de outros indivíduos. O grupo AB foi identificado
em 1902 por Decastello e Sturli. Os antigénios e anticorpos AB0 continuam a ser os de maior
significado aquando de transfusões sanguíneas.
As frequências do sistema AB0, um dos mais de 30 sistemas identificados até ao momento,
variam significativamente em diferentes populações e grupos étnicos. Têm sido propostas várias
explicações para este fenómeno, como a migração de populações e doenças em que certos grupos
sanguíneos constituem um fator de seleção negativo ou positivo: por exemplo, o grupo 0 parece ter
um efeito protetor enquanto o grupo A terá um efeito potenciador para a infeção por SARS-CoV-2, o
agente que provoca a COVID-19.
O grupo sanguíneo do sistema AB0 está associado à transcrição de antigénios na superfície das
hemácias e é determinado por hereditariedade dos alelos A, B e 0 (zero) no cromossoma 9. O gene 0
é idêntico ao A exceto na deleção de um par de bases, resultando numa enzima inativa, e o B difere
do A pela substituição consistente de quatro nucleótidos.
O grupo sanguíneo Rh é determinado pela presença ou ausência do antigénio D, codificado por
dois genes do cromossoma 1 (Rh+ apresenta alelo D e Rh- apresenta alelo d). O primeiro exemplo
humano de um anticorpo para o antigénio D foi descrito em 1939 por Levine e Stetson.
Um grupo de investigadores procurou determinar a distribuição dos grupos sanguíneos AB0 e Rh
na população portuguesa a partir de dados do fenótipo AB0 e Rh e da naturalidade de dadores de
sangue.
O conhecimento da distribuição dos grupos sanguíneos é importante por diversos motivos,
destacando-se o contributo na gestão de stocks dos bancos de sangue: por princípio, as
necessidades dos diferentes componentes sanguíneos por grupos AB0 e Rh, para os doentes a
transfundir, estão diretamente relacionadas com a sua distribuição na população.
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Figura 1- Heredogramas representando a transmissão do grupo sanguíneo AB0 (A=B>0) em três famílias
( homem e mulher)
Baseado em Abuawwad, M.T. et al. (2023) Effects of ABO blood groups and RH-factor on COVID-19
transmission, course and outcome: A review. Front. Med. 9:1045060. doi: 10.3389/fmed.2022.1045060, Duran,
J.A. et al. (2007) Distribuição dos Grupos Sanguíneos na População Portuguesa, AB0 pp. 5-17
3. Considere uma característica determinada pela presença de dois alelos recessivos num
autossoma. Será de prever que
(A) essa característica seja rara numa determinada população.
(B) em famílias afetadas, pode haver várias gerações sem manifestação da característica.
(C) indivíduos homozigóticos dominantes não manifestam, mas podem transmitir a característica.
(D) pais com a característica transmitam o alelo apenas às filhas, no cromossoma X.
4. Não raras vezes, o grupo sanguíneo AB0 (A, B, zero) é designado por ABO (A, B, O).
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Explique por que razão o fenótipo recessivo deste grupo sanguíneo deverá ser designado por
zero e não pela letra O, justificando a designação de “dador universal” para o fenótipo 0 no grupo
sanguíneo AB0.
Preveja qual ou quais os tipos de sangue do grupo AB0 que será mais relevante ter em stock em
Portugal continental e, por isso, mais úteis nos locais de recolha de sangue por doação.