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22/03/2017 Histologia da mucosa oral ­ UBC

 HISTOLOGIA DA MUCOSA ORAL
CARACTERÍSTICAS GERAIS  

 
O termo "mucosa" refere­se ao revestimento de cavidades corpóreas internas dotadas de umidade. No
caso da cavidade bucal, essa umidade é mantida graças à presença da saliva. A mucosa difere da pele
devido ao fato de esta última não apresentar umidade constante e, principalmente, por apresentar anexos
cutâneos (pêlo, folículo piloso, glândulas sudoríparas e sebáceas). A mucosa bucal possui uma glândula (a
glândula salivar), mas esta não é considerada um anexo da mucosa, como acontece com a glândula
sudorípara (anexo cutâneo), por exemplo, na pele.

À esquerda, vemos um corte histológico de pele, em que se observa a presença de um epitélio
(pavimentoso estratificado queratinizado) e de um tecido conjuntivo subjacente. É evidente a
presença de anexos cutâneos (folículo piloso e glândulas sebáceas). À direita, vemos um corte
histológico de mucosa do palato duro, em que se observa também um epitélio (pavimentoso
estratificado queratinizado) e um tecido conjuntivo subjacente sem a presença de anexos
cutâneos (HE, 40X)

 
A mucosa bucal é composta por um epitélio
pavimentoso estratificado, que pode estar
queratinizado ou não, dependendo da região. O
conjuntivo subjacente a esse epitélio é denominado
de lâmina própria, e este apresenta graus variados
de densidade (pode ser um conjuntivo frouxo ou
denso, dependendo da região anatômica da cavidade
bucal).
 
FIGURA: Mucosa do palato duro, composta por
epitélio pavimentoso estratificado
queratinizado e por uma lâmina própria
composta por tecido conjuntivo denso (HE,
40X).
O epitélio da mucosa que reveste a cavidade bucal é
originário da banda epitelial primária, aquela que
reveste a boca primitiva e que originará, além da
própria mucosa bucal, a lâmina dentária para formar
os dentes. Já a lâmina própria é derivada do
ectomesênquima subjacente ao epitélio oral primitivo.
O epitélio da língua origina­se, por sua vez, do
epitélio que recobre o primeiro arco branquial, sendo
derivado diretamente do ectoderma. Já seu
conjuntivo é oriundo do mesoderma. Vamos em ver
detalhes o epitélio e a lâmina própria.
Embrião de rato em que se evidencia a banda
epitelial primária (BEP), o ectomesênquima 
subjacente (E), o epitélio da língua (EL) e o
tecido conjuntivo subjacente (TC). Nota­se na

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banda epitelial primária uma invaginação
originando a lâmina própria (LP) (HE, 25X).

 
EPITÉLIO DA MUCOSA BUCAL  
As células que formam o epitélio da mucosa bucal
são denominadas de queratinócitos e são
especializadas na produção de queratina. A
queratina é uma proteína cuja função é a proteção do
tecido epitelial contra agentes agressores. Apesar
dessa função, a queratina pode ou não estar presente
na mucosa bucal.
 
FIGURA:Transição do vermelhão do lábio (uma
região que ainda não é considerada mucosa,
mas sim pele fina) para a mucosa labial. O
vermelhão do lábio é composto por epitélio
queratinizado, já a mucosa labial é formada
por epitélio não­queratinizado (HE, 40X). 

 
Regiões que normalmente não possuem queratina
(como assoalho bucal, mucosa jugal, mucosa labial e
palato mole) podem eventualmente sofrer
queratinização diante da presença de atritos
constantes (como por exemplo pelos alimentos) e
outros estímulos, principalmente físico­mecânicos e
químicos. Nesse caso, o epitélio passa a ser
denominado de paraqueratinizado por possuir uma
queratinização incompleta.
 
FIGURA: Mucosa jugal em que se observa
epitélio pavimentoso estratificado
paraqueratinizado (HE, 40X).

Já os naturalmente queratinizados, são ditos, então,
ortoqueratinizados pois possuem uma queratinização
completa. O exemplo clássico na cavidade bucal é o
palato duro.
 
FIGURA: Mucosa do palato duro, formada por
epitélio pavimentoso estratificado
ortoqueratinizado (HE, 25X). 

Os queratinócitos estão dispostos em estratos ou
camadas, assim denominadas conforme a figura ao
lado. A camada basal (de número 1 na figura) é
composta por células com alta capacidade de divisão,
as quais saem da camada basal e vão compor a
camada espinhosa. A camada espinhosa (com
número 2 na figura), por sua vez, possui esse nome
por ser possível a visualização nessa região das
junções existentes entre as células, as quais são
semelhantes a espinhos. É a camada mais espessa
do epitélio da mucosa bucal. A camada granulosa
(de número 3) é formada por queratinócitos mortos e
que exibem granulações em seu citoplasma. E por fim
a camada de queratina (também denominada de
camada córnea, com número 4 na figura), quando

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houver, é formada somente por essa proteína, não
O objetivo do queratinócito da camada basal é existindo praticamente elemento celular.
Por causa disso, há uma constante renovação das
compor a camada de queratina, para proteger o
células do epitélio da mucosa. Esse processo de
epitélio. Assim, multiplica­se nessa camada e vai, por
processos de degeneração, morrendo aos poucos
renovação é denominado de  turn­over
. Costuma­se
dizer que o epitélio da mucosa bucal possui um alto
(originando a camada espinhosa e a granulosa) até
existir somente a proteína que produz e de que é
turn­over
, o que facilita os processos reparativos na
região.
formado: a queratina.
 

Quando o epitélio não é queratinizado, a camada granulosa recebe o nome de camada ou estrato
intermédio. Já a camada que seria de queratina é denominada de camada ou estrato superficial.

Além dos queratinócitos, existem no epitélio também
células claras. Uma delas é denominada de
melanócitos, os quais produzem a melanina
(pigmento de proteção contra os raios ultra­violeta).
Os melanócitos transferem a melanina para os
queratinócitos. A melanina colore de marrom a
mucosa e é mais evidente nos indivíduos de cor
negra.
 
FIGURA: Setas indicando os melanócitos, as
células produtoras de melanina (HE, 100X). 

Uma outra célula não­queratinócito e que também tem aspecto claro são as células de Langerhans,
células de defesa. Estas são visíveis somente com técnicas especiais, como a imuno­histoquímica. Existem
também no epitélio as células de Merckel, especializadas nas sensações mecânicas e também não
visíveis pelas colorações histológicas de rotina. Por fim, estão presentes no epitélio da mucosa bucal
células inflamatórias (principalmente neutrófilos, linfócitos e eosinófilos); estas, porém, não estão
naturalmente nesse local: saem do conjuntivo subjacente e penetram no epitélio se este sofrer algum dano
que necessite ser reparado.
LÂMINA PRÓPRIA DA MUCOSA BUCAL  
A lâmina própria da mucosa bucal é formada por
tecido conjuntivo ora denso ora frouxo, dependendo
da região anatômica observada. Por exemplo, no
palato duro o conjuntivo é denso, enquanto no
assoalho bucal é frouxo. São observadas duas regiões
na lâmina própria: uma próxima ao epitélio,
localizada entre as projeções epiteliais, formando
papilas conjuntivas, denominada zona papilar; e
uma outra mais distante do epitélio, denominada
zona reticular.
A célula principal que forma a lâmina própria, sendo
um tecido conjuntivo, é o próprio fibroblasto. Existem
também células inflamatórias encontrandas com
bastante freqüência nessa região. Intensa
vascularização pode estar presente dependendo da
região, como é o caso do assoalho bucal, por
exemplo.
 
FIGURA: Fibroblastos e células inflamatórias
(linfócitos, plasmócitos e neutrófilos)
visualizados na lâmina própria da mucosa
bucal (HE, 400X).
CLASSIFICAÇÃO DA MUCOSA BUCAL  
Existem variações anatômicas na cavidade bucal que determinam uma classificação de sua mucosa. Essa
classificação compreende os seguintes tipos:

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Mucosa de revestimento  
Encontrada no lábio, assoalho bucal, mucosa jugal,
palato mole, porção ventral da língua e do fundo de
sulco. O epitélio dessa mucosa é não­queratinizado
por natureza, mas pode estar paraqueratinizado,
como já comentamos. A mucosa de revestimento é
bastante elástica, sendo encontrada em regiões
flexíveis e que não entram em contato direto com a
atrição dos alimentos durante os movimentos
mastigatórios. Em geral, exibe ductos e algumas
estruturas de glândulas salivares menores, pois, não
sendo quertinizadas, permitem com facilidade a
Mucosa labial exibindo os ductos (D) de uma secreção da saliva. 
glândula salivar menor (GS). Essa mucosa é de
revestimento (HE, 25X).  
Mucosa mastigatória  
É a que entra em contato direto com o atrito dos
alimentos durante a mastigação e, por causa disso,
apresenta um epitélio queratinizado
(ortoqueratinizado). É encontrada no palato duro e
gengiva. Não apresenta, em geral, ductos de
glândulas salivares.
 
FIGURA: Mucosa mastigatória do palato duro
(HE, 25X) 

 
MUCOSA ESPECIALIZADA  
É aquela que exibe estruturas especializadas na
sensação do gosto e de propriocepção. Compõe a
região dorsal da língua nos seus 2/3 anteriores, tendo
como limite posterior a região do "V" lingual. Nessas
regiões são encontradas as papilas linguais e os
botões gustativos.
 
FIGURA: Papilas linguais especializadas na
sensação do gosto e da propricepção (HE,
40X). 

As papilas linguais podem ser, em geral, de 4 tipos:
filiformes, fungiformes, foliadas e valadas. As
papilas filiformes são especializadas
principalmente nas sensações táteis. Possuem epitélio
queratinizado e uma extremidade afilada.

As papilas fungiformes possuem esse nome por
ter aspecto de cogumelo ( fungi
). São encontradas em
menor quantidade do que as filiformes e são
especializadas na sensação do gosto por
apresentarem estruturas denominadas "botões
gustativos". Seu epitélio é paraqueratinizado.

As papilas foliadas são encontradas em pequeno
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número e localizam­se na borda lateral da língua.
Também possuem botões gustativos, sendo
especializadas na sensação do gosto. Por fim, na
região do "V" lingual encontram­se as papilas
valadas, as quais exibem freqüentemente botões
gustativos no sulco que possui.
 
FIGURA: Papila valada com seu sulco exibindo
botões gustativos (HE, 40X)

Os botões ou corpúsculos gustativos são estruturas
em forma de cebola que possuem várias células em
seu interior. Dois tipos delas acredita­se ser de
sustentação da estrutura e um tipo é de origem
neuroepitelial, isto é, estabelecem estreito contato
com as fibras nervosas, transmitindo ao cérebro as
sensações provocadas pelos alimentos.
 
FIGURA: Botões ou corpúsculos gustativos da
papila valada (HE, 400X)
Acredita­se que os botões gustativos são especializados em diversos tipos de sabor. Alguns pesquisadores
tentam explicar essas sensações segundo diferentes regiões da língua; contudo essas idéias ainda não
foram confirmadas. De qualquer maneira, os sabores doces seriam sentidos na ponta da língua; os
salgados, na borda lateral da língua e também na ponta; o ácido, na borda lateral, principalmente pelas
papilas foliadas e fungiformes; e o amargo, pelas papilas valadas.

Copyright© 2002, Luciana Corrêa. Todos os direitos reservados.

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