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Online course

A tecnologia fotovoltaica

© Renewables Academy (RENAC) AG


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autorizado ou violação estará sujeito ao direito privado e será processado.
Berlin, 2021-06-14

Índice

1. Introdução ................................................................................................................................................... 3
1.1 Objetivos de aprendizajem ............................................................................................................................ 3
1.2 Introducão ao curso....................................................................................................................................... 3
1.3 Introdução aos sistemas fotovoltaicos .......................................................................................................... 4
2. Células e módulos fotovoltaicos ................................................................................................................... 6
2.1 O efeito fotovoltaico ..................................................................................................................................... 6
2.2 Células fotovoltaicas ...................................................................................................................................... 7
2.3 Módulos fotovoltaicos padrão ...................................................................................................................... 9
2.4 Módulos fotovoltaicos com rendimento otimizado .................................................................................... 10
2.5 Ficha técnica do modulo fotovoltaico ......................................................................................................... 12
2.6 O impacto do sobreamento......................................................................................................................... 15
2.7 O impacto da temperatura .......................................................................................................................... 16
3. Inversores fotovoltaicos ............................................................................................................................. 17
3.1 Funções do inversor .................................................................................................................................... 17
3.2 Tipos de inversores ...................................................................................................................................... 18
3.3 Dimensionamento de strings....................................................................................................................... 19
4. Amazenamento em bateria ........................................................................................................................ 21
4.1 Funções........................................................................................................................................................ 22
4.2 Technologias e aplicações de armazenamento de baterias ........................................................................ 23
4.3 Componentes do sistema de armazenamento............................................................................................ 25
5. Outros components do sistema fotovoltaico .............................................................................................. 26
5.1 Estruturas de montagem ............................................................................................................................. 26
5.2 Componentes eléctricos .............................................................................................................................. 28
5.3 Sistemas de monitoramento ....................................................................................................................... 29
6. Como implementar um bom montagem fotovoltaico ................................................................................ 30
5.1 Fase de planejamento ................................................................................................................................. 30
6.2 Fase de aquisição ......................................................................................................................................... 33
6.3 Construção e operação ................................................................................................................................ 34
7. Resumo ...................................................................................................................................................... 36
7.1 Resumo ........................................................................................................................................................ 36
7.2 Leitura adicional .......................................................................................................................................... 37

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1. Introdução
1.1 Objetivos de aprendizajem

• explicar os princípios de geração de eletricidade fotovoltaica,


• identificar os componentes principais dos sistemas fotovoltaicos e de armazenamento e
explicar sua interdependência,

• avaliar a qualidade de um sistema fotovoltaico, e


• contribuir para a realização bem-sucedida de projetos fotovoltaicos.

1.2 Introducão ao curso


A cada duas horas, a quantidade de luz solar que chega à superfície da Terra equivale à necessidade
anual total de energia do mundo. É imprescindível que utilizemos esta imensa fonte de energia
renovável para combater a crise climática.
Os sistemas fotovoltaicos convertem a irradiação solar em eletricidade, sem emitir gases de efeito
estufa. A fotovoltaica é a fonte de energia que está crescendo mais rapidamente no mundo inteiro, e
continuará assim devido à radical redução dos custos e à rápida expansão das capacidades de
produção. A Bloomberg New Energy Finance estima que a energia fotovoltaica (PV, pela sigla em
inglês) atenderá 38% da demanda mundial de eletricidade até 2050. O mix energético atual e futuro
está representado na imagem "Mix global de capacidade instalada no setor energético (2019 e
2050)". Outras formas de conversão de energia solar, tais como coletores solares térmicos (ST) e
centrais de energia solar térmica concentrada (CSP), também estão progredindo, mas a um ritmo
muito mais lento do que a fotovoltaica.
Este curso apresentará os aspectos tecnológicos dos sistemas fotovoltaicos, concentrando-se em
seus componentes mais importantes: células fotovoltaicas, módulos, inversores, sistemas de
baterias, estruturas de montagem e fiação. O objetivo do curso é identificar fatores decisivos a serem
considerados na avaliação da qualidade de um sistema fotovoltaico. O curso é voltado para
principiantes interessados em energia fotovoltaica, com ou sem formação técnica. Para os
participantes que já estão familiarizados com a tecnologia fotovoltaica, o curso oferece uma
atualização de alto nível sobre os componentes fotovoltaicos mais importantes.

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Mix de capacidade instalada global no setor energético, 2019 e 2050e. (Fonte: BloombergNEF, New
Energy Outlook 2020. Redesenhado pela RENAC)

1.3 Introdução aos sistemas fotovoltaicos


Objetivos de aprendizagem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de...

• diferenciar entre a geração fotovoltaica on-grid (ligada à rede) e off-grid (fora da rede).
• identificar os componentes mais importantes de um sistema fotovoltaico.

Existem vários tipos de sistemas de geração de energia fotovoltaica, desde sistemas com um só módulo
em áreas rurais, até centrais elétricas de vários megawatts (MW). A diferença mais importante encontra-
se entre os sistemas ligados à rede (on-grid) e fora da rede (off-grid). Os sistemas on-grid estão
conectados à rede elétrica pública, à qual fornecem o total ou uma parte da eletricidade gerada. O termo
"off-grid PV" é utilizado para os sistemas que não estão conectados à rede pública e são otimizados para
atender à demanda de eletricidade dos chamados "sistemas insulares", que geralmente incluem
sistemas de armazenamento para que a geração e o consumo estejam alinhados. Se a instalação
fotovoltaica estiver ligada a outra fonte de energia como, por exemplo, uma turbina eólica ou um
gerador a diesel, ela é chamada de instalação híbrida.

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Um sistema fotovoltaico ligado à rede normalmente inclui os seguintes componentes:

• Módulos fotovoltaicos
• um inversor que converte a corrente contínua (CC) dos módulos fotovoltaicos em corrente
alternada (CA), porque a maioria das redes elétricas públicas e aparelhos elétricos utilizam
CA
• um sistema de bateria opcional que permite o armazenamento de energia elétrica e otimiza
o auto-abastecimento

• equilíbrio dos componentes, ou "saldo do sistema" (conhecido pelo acrônimo BOS)


(estruturas de montagem e fiação)

• medidor elétrico que mede a alimentação da rede (e, se aplicável, o consumo de energia da
rede)

Um sistema fotovoltaico fora da rede normalmente possui os seguintes componentes:

• Módulos fotovoltaicos
• um regulador de carga que gerencia o carregamento e o descarregamento da bateria
• um sistema de bateria
• um inversor que retira a potência de CC do sistema da bateria e a converte em CA, utilizada
pela maioria dos aparelhos elétricos

• componentes de BOS

Princípios básicos de instalações fotovoltaicas (fora da rede e ligadas à rede) (Fonte: RENAC)

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2. Células e módulos fotovoltaicos
2.1 O efeito fotovoltaico
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• descrever o efeito fotovoltaico, e


• explicar como funciona a corrente elétrica em uma célula fotovoltaica cristalina.

A maioria das células fotovoltaicas são feitas de silício. Quando expostos à luz solar, fótons
portadores de energia atingem o material. Uma porcentagem de fótons é absorvida pelos elétrons
na estrutura atômica do silício e quebra as ligações entre elétrons. Os elétrons energizados são
"liberados" e se movimentam pela estrutura atômica do material. Quando um elétron se separa do
seu átomo original, ele deixa para trás um chamado "buraco". Em condições normais, em uma
estrutura de silício puro, os buracos criados por fótons e elétrons simplesmente voltariam a se
combinar, produzindo calor, ao invés de uma corrente elétrica.
Para criar uma corrente elétrica, impurezas chamadas dopantes, são integradas intencionalmente na
estrutura cristalina de silício puro. Por meio da introdução de dopantes (fósforo e boro) na parte
superior e inferior da célula solar, forma-se uma junção p-n. Neste limite, cria-se um campo elétrico
interno que provoca a separação das cargas; os elétrons (negativos) e os buracos (positivos)
"liberados" pela luz solar já podem se deslocar para lados opostos da célula. Isto gera tensão elétrica
dentro da célula, criando uma tensão de circuito aberto (Voc) que normalmente é de cerca de 0,5
volts (V), e pode ser alcançada com uma baixa intensidade de irradiação. Estas conexões estão
representadas no diagrama de células fotovoltaicas.

Diagrama funcional de uma célula fotovoltaica (Fonte: Ingenieurbüro Junge. Redesenhado pela
RENAC)

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Para obter corrente elétrica da célula solar, é preciso colocar contatos metálicos na parte frontal e
traseira, conectados a um circuito elétrico. As relações de interdependência entre os principais
parâmetros da célula (corrente elétrica (I) e tensão) estão representadas na imagem "Curva de
corrente-tensão de uma célula fotovoltaica". A corrente elétrica máxima (Isc - corrente de
curtocircuito) é principalmente uma função da irradiação, medida em watts por metro quadrado
(W/m²); quanto mais energia solar atingir o material, maior será a produção de eletricidade.

Curva de corrente-tensão de uma célula fotovoltaica (Fonte: RENAC)

2.2 Células fotovoltaicas


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• explicar o layout básico das células fotovoltaicas cristalinas, e


• citar diferentes tecnologias de células.

A célula fotovoltaica é o motor do módulo. A estrutura de uma célula solar de silício cristalino inclui,
de cima para baixo:

• Pasta de prata impressa em tela para formar os contatos (barramentos ou "busbars")


• revestimento anti-reflexo (ARC) para absorver uma proporção maior da luz solar recebida
• pastilha de silício dopado que forma a junção pn
• superfície traseira de alumínio (Al-BSF)
• pasta de alumínio impressa em tela
A tecnologia padrão atual da célula fotovoltaica é a PERC, Passive Emitter Rear Cell (célula emissora
passiva posterior) Ao contrário das células convencionais, as células PERC têm uma camada de
passivação na parte inferior. Ela reflete a luz não absorvida para dentro do corpo da célula, o que
aumenta a produção. As células PERC geralmente têm um desempenho melhor com baixa
luminosidade e alta temperatura em comparação com as células convencionais. Um caso de uso de
células solares bifaciais que capturam a luz da parte superior e posterior da célula está se
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desenvolvendo de forma interessante. Os diferentes tipos de células estão representados na imagem
"Comparação entre células cristalinas".
Se compararmos as tecnologias de células (ver a imagem "Célula monocristalina vs. policristalina"), as
células monocristalinas têm um desempenho melhor do que as células policristalinas e espera-se que
ganhem mais participação no mercado. Elas são escuras e homogêneas, com cantos arredondados, e
atingem uma eficiência de produção em massa de cerca de 23%. As células policristalinas são
quadradas, mais azuis, e costumavam ter padrões cristalinos característicos, com eficiências de cerca
de 21%.

Comparação de uma célula convencional monocristalina com uma policristalina (Fonte:


Redesenhada pela Renac)
Outras tecnologias incluem a célula fotovoltaica de filme fino, onde compostos semicondutores
ativos fotovoltaicos, como o telureto de cádmio, são borrifados no vidro plano. Sua baixa eficiência e
alta degradação impediram que a célula de filme fino ganhasse uma participação significativa no
mercado. Uma abordagem mais recente combina a tecnologia cristalina com a de filme fino para
criar "células tandem" que capturam uma gama mais ampla do espectro de luz.

Conceitos de células cristalinas (Fonte: ISFH. Redesenhado pela RENAC)

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2.3 Módulos fotovoltaicos padrão
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• resumir o layout básico de um módulo fotovoltaico cristalino, e


• descrever os principais componentes de um módulo fotovoltaico e sua função.

Um módulo fotovoltaico padrão é um conjunto de células solares revestidas por um material de


encapsulamento colocado entre um painel de vidro e uma camada posterior ("backsheet") feita de
polímeros. O layout padrão do módulo, mostrado na figura "Layout padrão do módulo PV", contém
60 (ou 72) células de 6 polegadas, distribuídas em seis fileiras, com três diodos de bypass. As células
solares são conectadas em série, conectando os contatos frontais de uma célula (geralmente o polo
negativo) com o contato posterior da célula seguinte (polo positivo).
Para evitar o mau funcionamento da célula, o que diminui o rendimento do módulo inteiro, são
conectados diodos de bypass antiparalelos às células. Se uma célula não funcionar corretamente, a
corrente pode fluir através do diodo de bypass, evitando hotspots e a redução do rendimento.

Interconexão de células em um módulo padrão (módulo solar cristalino com 60 células de 6


polegadas) (Fonte: Photovoltaikbüro. Redesenhado pela RENAC)

Os diodos de bypass normalmente estão na caixa de junção do módulo. Os fixadores laminados para
conexões p-n são conectados aos outros módulos da instalação fotovoltaica.
Há outros componentes (ver a imagem "Outros componentes do módulo") essenciais para a
durabilidade do módulo a longo prazo. A maioria dos módulos PV de silicone tem uma superfície

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superior transparente, um encapsulante, uma camada posterior e uma estrutura ao redor da borda
externa. Na maioria dos módulos, a superfície frontal é de "vidro fotovoltaico", um vidro float com
teor de ferro extra-baixo que permite uma alta transmitância. O encapsulante mais comum é o
etileno-acetato de vinila (EVA), e para a camada posterior, usa-se Tedlar. A moldura do módulo
normalmente é de alumínio e está aderida ao o vidro frontal.

Layout básico de um módulo fotovoltaico (Fonte: RENAC)

2.4 Módulos fotovoltaicos com rendimento otimizado


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• descrever diversas formas de melhorar a potência de saída do módulo fotovoltaico, e


• sintetizar as características dos módulos bifaciais e de meia célula ("half-cell").

Os fabricantes de módulos trabalham constantemente para melhorar a potência de saída dos


módulos PV. Entre as melhorias graduais estão a otimização do uso do espaço, minimizando as áreas
inativas de um módulo como o espaço entre as células e perto da moldura. Por outro lado, os
módulos bifaciais e half-cell representam mudanças mais radicais, e espera-se que se tornem cada
vez mais importantes no mercado de energia fotovoltaica.
A tecnologia half-cell (meia célula) divide as células solares pela metade, duplicando o número de
células de 60 para 120 por painel. O objetivo é diminuir a corrente do módulo, já que as perdas
aumentam quando a corrente é mais alta. Estes módulos aumentam a produção em 2-3%, com uma
potência de célula inicial idêntica.

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Impacto da tecnologia de célula completa e meia célula nas perdas de potência (Fonte: Trina Solar.
Redesenhado pela RENAC)

Os módulos half-cell, representados na figura "módulo de 120 meias células", são formados por duas
metades conectadas em paralelo, que dividem a corrente em dois caminhos. Cada metade tem três
strings com 20 metades de células. Uma string de células de ambas as metades superior e inferior é
conectada a um diodo de bypass. As células menores são submetidas a tensões mecânicas menores,
o que reduz o rachamento das células solares.

Fotos de um módulo de 120 meias células (esquema, parte frontal, parte traseira) (Fonte:
Photovoltaikbüro (esquerda), Q-Cells (centro, direita). Redesenhada pela RENAC)
A maximização da captura da luz solar é levada ao extremo nos módulos bifaciais, mostrados na foto
"Módulo bifacial". Aqui, as células são encapsuladas entre duas camadas transparentes (vidro e/ou
backsheet de polímero transparente). Devido a este design, a luz entra pelos dois lados do módulo, o
que possibilita a absorção da luz solar difusa e da luz solar refletida no solo (albedo). Os módulos

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bifaciais estão ganhando popularidade, especialmente em sistemas fotovoltaicos montados no solo,
onde foram registrados ganhos de energia totais de 3-15%.

Layout básico de um módulo bifacial (Fonte: Daniel Kögler)

2.5 Ficha técnica do modulo fotovoltaico


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• avaliar os parâmetros mais importantes da ficha técnica de um módulo, e


• conhecer as normas e certificados internacionais mais importantes para os módulos PV.

A ficha técnica do módulo contém as principais especificações do painel fotovoltaico (veja a imagem
"Ficha técnica do módulo: especificações mecânicas"), incluindo todas as propriedades mecânicas
importantes (dimensões, peso, procedimentos de montagem) e características estruturais (número de
células, estrutura, vidro, caixa de junção, cabos, etc.).
A ficha técnica também inclui as principais características elétricas, mostradas na ilustração "Ficha
técnica do módulo: especificações elétricas", além dos detalhes de garantia de desempenho. Para
garantir que os dados elétricos dos diferentes módulos possam ser comparados, eles são padronizados
com as Condições Padrão de Teste (STC) de acordo com os seguintes parâmetros-chave: irradiação de
1000 W/m2 e temperatura da célula de 25°C. Sob estas condições, o ponto de máxima potência (MPP)
define a tensão e a corrente na qual o módulo produz sua potência máxima. O MPP equivale à potência
nominal ou "pico" na placa de identificação do módulo, indicada em Watt-pico (Wp). A curva de
corrente-tensão (IV) correspondente tem uma forma semelhante à de uma célula solar (veja a imagem
"Curvas de corrente-tensão e de potência-tensão do módulo PV"), exceto quando a tensão é mais alta
devido à conexão das células em série.

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Especificações mecânicas na ficha técnica de um módulo de amostra (Fonte: Canadian
Solar.Redesenhado pela RENAC)

Curva de corrente-tensão e de potência-voltagem de um módulo PV de amostra (Fonte: RENAC)

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Para o dimensionamento das strings e inversor do generador solar, a corrente de curto-circuito (𝐼𝑠𝑐),
𝑉𝑂𝐶, e a tensão máxima permitida do sistema são parâmetros elétricos essenciais.

Características elétricas na ficha técnica (Fonte: Q-CELLS. Redesenhado pela RENAC)

Certificados:
Os certificados (veja exemplos na figura "Certificados de módulos PV") garantem a fiabilidade das
declarações do fabricante. Normalmente, eles são entregues por laboratórios independentes que
realizam testes dos módulos seguindo os procedimentos da Comissão Eletrotécnica Internacional
(IEC). Para módulos solares cristalinos, os certificados mais importantes estão relacionados à
qualidade (norma IEC 61215) e à segurança (norma IEC 61730). Outro certificado essencial, referente
à norma IEC 62804, diz respeito à resistência contra a "degradação induzida pelo potencial" (PID em
inglês), um fenômeno comum em módulos expostos a altas tensões.

Certificados de um módulo PV (Fonte: JA Solar. Redesenhado pela RENAC)

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2.6 O impacto do sobreamento
Objetivos de aprendizagem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• explicar os efeitos do sombreamento do módulo fotovoltaico na produção de energia, e

• descrever os diferentes impactos do acúmulo de sujeira não uniforme e uniforme.

O sombreamento pode causar perdas significativas de energia em um módulo solar. O impacto do


sombreamento não é proporcional à área escurecida; como as células solares são conectadas em
série, mesmo uma única célula com sombra pode causar grandes perdas de energia do módulo (até
1/n, onde n representa o número de diodos de bypass). Além disso, as células parcialmente
escurecidas serão aquecidas pela potência dissipada das células sem sombra, criando o indesejado
efeito "hotspot" (veja a figura "Foto termográfica do sombreamento parcial de um módulo PV"). Isto
pode causar rachaduras na célula ou no vidro, derretimento da solda e degradação da célula solar ou
dos materiais de encapsulamento.

Principalmente, é preciso evitar a sujeira não uniforme (manchas de sujeira, excrementos de


pássaros, queda de folhas) ou sombreamento de árvores, antenas e chaminés. Em um módulo solar
sem diodos de bypass, uma única célula totalmente escurecida levaria a corrente zero no módulo
inteiro, pois ela "quebra a cadeia". Os diodos de bypass desviam a corrente das substrings em bom
estado, reduzindo a tensão do módulo e as perdas totais para 1/n. Quando uma única célula fica
apenas parcialmente escurecida, a corrente da substring é reduzida em conformidade. Neste caso, a
curva IV do módulo mostra um "degrau" característico.

A sujeira uniforme, como a acumulação homogênea de poeira, por exemplo, tem um impacto menos
severo na produção, pois reduz a irradiação solar por igual em todas as células, levando a uma
redução homogênea da corrente dentro do módulo. Em áreas com pouca chuva, o pó deve ser
removido com frequência com a limpeza. Além da limpeza manual, existem outras soluções como
veículos de limpeza específicos para grandes centrais de energia solar.

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Foto termográfica de sombreamento parcial do módulo PV (Fonte: Photovoltaikbüro)

2.7 O impacto da temperatura


Objetivos de aprendizagem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:
• explicar o impacto da temperatura na potência de saída do módulo fotovoltaico.

Outro fator importante que afeta a potência de saída é a temperatura do módulo em


funcionamento. A potência nominal do módulo raramente é alcançada, já que as condições normais
de operação geralmente são diferentes das condições padrão de teste (STC). Embora um valor de
irradiação de 1000 W/m² possa ser alcançado com frequência sob condições de céu azul, a
temperatura da célula não chega a 25°C. Dependendo da montagem, a temperatura da célula solar
em sistemas montados no solo a 1000 W/m² é pelo menos 20°C mais alta do que a temperatura
ambiente. Supondo que a temperatura ambiente seja 20°C, as células solares estarão a pelo menos
40°C. Para módulos solares com pouca ou nenhuma ventilação traseira (instaladas no telhado), as
temperaturas são consideravelmente mais altas.
No caso dos módulos solares padrão com wafer de silício cristalino, o coeficiente de temperatura
para a potência MPP (Pmpp) geralmente está entre -0,3 e -0,4%/°C. Isto significa que a eficiência do
módulo (e a produção) em comparação com os valores nominais das STC diminui em 0,3-0,4% para
cada °C acima de 25°C.
Com base no diagrama da ilustração "Impacto da temperatura da célula na curva IV", que mostra as
curvas IV do mesmo módulo solar com temperaturas de célula diferentes, é possível constatar que o
maior impacto na tensão da célula (e, portanto, do módulo) é causado pelas variações de
temperatura. Temperaturas mais altas levam a tensões mais baixas e vice versa. Este efeito é linear e
pode ser calculado usando o coeficiente de temperatura da ficha técnica do módulo solar para Voc.
Há um efeito inverso, mas insignificante, na corrente. O aumento da tensão a baixas temperaturas

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torna-se importante quando os painéis solares são conectados a um inversor. Neste caso, a tensão
máxima de entrada do inversor nunca deve ser ultrapassada. Portanto, a tensão do módulo na
temperatura mais baixa registrada no local de instalação tem que ser considerada.

Impacto da temperatura da célula na curva de corrente-tensão (Fonte: Longi Solar. Redesenhado pela
RENAC)

3. Inversores fotovoltaicos
3.1 Funções do inversor
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• descrever as principais funções do inversor nas operações do sistema fotovoltaico, e


• explicar quais são os requisitos para os inversores conectados à rede.

Os módulos PV geram corrente contínua (CC), mas o tipo de eletricidade mais comum no mundo
inteiro é a corrente alternada (CA). Somente aplicações em sistemas pequenos operam com corrente
contínua; por exemplo, sistemas solares domésticos de 12 V, veículos de camping, veleiros, etc.
Portanto, quase todos os sistemas fotovoltaicos precisam de um inversor para conversão de corrente
CC-CA.
Esta conversão é realizada na "ponte do inversor", composta de transistores de potência de
comutação rápida que cortam a corrente contínua em muitos pulsos curtos de diferentes durações
("Pulse Width Modulation"), o que resulta no sinal de saída sinusoidal desejado. Antes da conversão,
os inversores realizam o seguimento do MPP (chamado de MPPT) para garantir que os módulos
solares estejam operando constantemente no seu MPP (veja o "Esquema do inversor solar"). Os
inversores modernos atingem eficiências de conversão de 97% e superiores.

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Ilustração esquemática do inversor solar Fonte: (RENAC)

Os inversores conectados à rede devem obedecer a uma série de normas, padrões e requisitos de
conexão à rede estabelecidos pelo operador do sistema elétrico. Estes critérios geralmente são
definidos em códigos de rede. Um requisito importante é a proteção contra o "islanding": o inversor
deve monitorar constantemente o estado da rede elétrica e interromper o abastecimento de
eletricidade em caso de queda de energia, a fim de garantir a segurança dos funcionários durante as
operações de manutenção da rede. Além disso, se outros parâmetros monitorados da rede, como a
frequência, estiverem fora dos limites permissíveis, os inversores devem ser capazes de interromper
ou reduzir sua produção de eletricidade. A porcentagem de energias renováveis na rede está
aumentando mundialmente e os inversores fotovoltaicos podem contribuir efetivamente para a
estabilidade da rede, fornecendo energia reativa à rede, controlando a produção elétrica de acordo
com a frequência da rede, etc.

3.2 Tipos de inversores


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• diferenciar entre inversores on-grid, off-grid e híbridos, e


• identificar casos de uso adequados para inversores micro, string e centrais.

A maior parte dos inversores no mercado são desenvolvidos exclusivamente para abastecimento da
rede (inversores conectados à rede, ou on-grid). No entanto, também existem inversores para
aplicações fora da rede (inversores off-grid ou autônomos), que não convertem a eletricidade
diretamente dos módulos PV, mas utilizam a energia CC de uma bateria (carregada pelos módulos). Na
saída de CA do inversor, configura-se uma rede elétrica independente (mini-rede), que fornece
eletricidade a uma ou mais residências sem conexão à rede pública. Os inversores híbridos são uma
solução intermediária com um carregador de bateria integrado. Eles são capazes de fornecer e extrair
eletricidade da rede pública, e de produzir energia elétrica CA doméstica sem depender de uma fonte
de bateria fotovoltaica no caso de uma queda de energia na rede, por exemplo. Há inversores solares

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com diferentes potências nominais, desde micro inversores que fornecem corrente CA monofásica até
grandes inversores na faixa de MW, que proporcionam eletricidade trifásica para a rede.
Normalmente, os inversores são classificados conforme o conceito do sistema (veja a imagem
"Diferentes tipos de inversores"):

Micro inversores:
Estes inversores são utilizados em sistemas fotovoltaicos pequenos, por exemplo, com apenas um
módulo.
Inversores string:
Com potências de alguns kW até cerca de 100 kW, os inversores string foram criados para se
conectar a uma ou somente algumas strings dos módulos. Os inversores string reduzem as perdas
causadas pela falta de correspondência entre as strings paralelas e são muito populares em
instalações fotovoltaicas de médio porte.
Inversores centrais:
Estes inversores têm potências muito mais altas que os inversores strings e são capazes de lidar com
a corrente de um número maior de strings conectadas em paralelo. Por razões econômicas e
práticas, os inversores centrais são a opção preferida em usinas fotovoltaicas de grande escala.

Tipos de inversores (Fonte: RENAC)

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3.3 Dimensionamento de strings
Objetivo de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• explicar os princípios básicos de dimensionamento do circuito de strings do inversor e do


módulo PV
• conhecer a faixa padrão da relação CC/CA e seu efeito na produção.

O dimensionamento correto do inversor requer que as especificações do inversor e do módulo PV


sejam compatíveis. As fichas técnicas do inversor fornecem informações sobre os parâmetros mais
importantes, tais como potência nominal e tensão ou CC de entrada máxima/mínima. As principais
especificações do módulo fotovoltaico devem estar dentro das faixas permitidas do inversor - de
preferência na faixa ideal ("sweet spot"), para maximizar o desempenho do inversor em termos de
MPPT e eficiência.
Dimensionamento da tensão:
A tensão de entrada máxima permitida para o inversor 𝑉𝑚𝑎𝑥 determina o número máximo de
módulos que podem ser conectados em série em uma string. Para obter este número, o Vmax deve
ser dividido pelo Voc dos módulos. O dimensionamento também deve considerar o "efeito da
temperatura" na tensão do módulo fotovoltaico (calculado usando o coeficiente de temperatura da
ficha técnica do módulo), pois temperaturas mais baixas podem gerar uma Voc significativamente
mais alta. O ideal é que a string seja dimensionada de forma que seu MPPT permaneça dentro da
faixa MPPT do inversor (veja as imagens "parâmetros de entrada do inversor PV e curvas IV
relevantes para o dimensionamento" e "curvas do módulo PV e faixa de operação do inversor").
Dimensionamento da potência:
Muitas vezes aumentar a potência nominal de CC em vez da potência nominal real de CA do inversor
traz vantagens econômicas. A relação CC/CA do inversos também é conhecida como ILR (Inverter
Loading Ratio) e normalmente varia de 110 a 120 por cento. A potência nominal do módulo
fotovoltaico raramente é atingida devido a restrições climáticas. Somente sob circunstâncias
específicas (baixa temperatura ambiente, alta irradiância) é que um gerador PV maior do que o
normal causa "perdas por efeito limitador de potência", onde a potência CC de entrada ultrapassa o
máximo que o inversor pode suportar, o que reduz a produção do inversor. Essas perdas podem ser
toleradas se seu valor econômico (energia perdida) não superar a economia obtida ao escolher um
inversor com uma potência inferior.

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Curvas do módulo fotovoltaico e faixa operacional do inversor (Fonte: DG Ecofys 2005. Redesenhado
pela RENAC)

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4. Amazenamento em bateria
4.1 Funções
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• explicar a função complementar do armazenamento em bateria para a tecnologia


fotovoltaica, e
• identificar os diferentes casos de uso de baterias solares.

Com a crescente porcentagem de geração de energia elétrica a partir de fontes primárias


intermitentes (vento, fotovoltaica), as tecnologias de armazenamento de energia muitas vezes são
consideradas o "elemento perdido" da transição energética. As baterias solares permitem equilibrar
a geração de energia fotovoltaica flutuante (durante o dia) com a demanda doméstica de energia (à
noite), como mostra a imagem "geração fotovoltaica e demanda de energia".

Geração fotovoltaica e demanda de eletricidade (Fonte: TU Berlin / Prof. Erdmann. Redesenhado pela
RENAC)

Um caso muito comum de uso de baterias solares é a otimização do autoconsumo. O consumo


direto de energia fotovoltaica no local pode aumentar de cerca de 30% para 60%, por exemplo, com
a incorporação de um sistema de armazenamento, como mostra a imagem "Quota de autoconsumo
da geração fotovoltaica". Se o custo nivelado da geração e armazenamento fotovoltaico for inferior à
tarifa de eletricidade da rede, o modelo comercial é viável.

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Quota de autoconsumo da geração fotovoltaica (Fonte: HTW Berlin. Redesenhado pela RENAC)

Há muitos outros casos de uso de armazenamento com baterias no setor energético: em aplicações
comerciais, o gerenciamento de pico de carga poderia reduzir as taxas fixas que a empresa paga pela
eletricidade. Além disso, o funcionamento do sistema elétrico poderia ser aprimorado com sistemas
de armazenamento de energia em baterias (BESS, em inglês), uma vez que eles são usados
frequentemente como capacidade de reserva e para controlar a frequência. Porém, a aplicabilidade
dos diversos modelos de negócios com BESS depende muito da regulamentação. Mesmo assim, a
função do armazenamento de energia como quarto pilar, juntamente com a geração,
transporte/distribuição e consumo, muitas vezes não é reconhecida o suficiente pelos reguladores do
setor elétrico. Ainda há dúvidas sobre os incentivos para a operação com baterias, bem como sobre a
remuneração dos serviços auxiliares que os sistemas com baterias podem fornecer ao sistema
elétrico.

4.2 Technologias e aplicações de armazenamento de baterias


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• descrever as características das diversas tecnologias de baterias, e


• explicar as diferentes funções dos sistemas de armazenamento com baterias on-grid e off-
grid.

As duas tecnologias de baterias mais importantes no setor elétrico são as baterias de chumbo-ácido e
as baterias de iões de lítio (LIBs). Esta última geralmente abrange uma ampla gama de combinações
de materiais químicos com um ânodo de lítio e eletrólitos com sais de lítio dissolvidos. As baterias de
chumbo-ácido têm uma densidade menor de energia e uma maior taxa de degradação, o que resulta

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em um número menor de ciclos de carregamento. Historicamente, esta têm sido a tecnologia
convencional de armazenamento em bateria no setor elétrico. Porém, a grande queda dos custos das
LIB, impulsionada por uma crescente demanda por bens de consumo e mobilidade eletrônica,
aumentou a popularidade das baterias de iões de lítio. As características das baterias de
chumboácido e das LIB estão sintetizadas na imagem "Características principais da tecnologia de
baterias". As LIB devem ser equipadas com um sistema de gerenciamento eletrônico de baterias no
nível da célula para garantir a segurança dos ciclos de carregamento e descarregamento em
aplicações fora da rede e dentro dela. As baterias de chumbo-ácido precisam de um controlador de
carga para garantir uma longa vida útil e para evitar a liberação de hidrogênio em caso de
sobrecarga. Nos sistemas on-grid, a bateria atua como um complemento à rede pública, por
exemplo, otimizando a relação de autoconsumo de uma planta fotovoltaica conectada à rede. Em
sistemas off-grid, as baterias não são apenas um complemento, mas até mesmo essenciais, pois são
o único elemento que garante o abastecimento contínuo de CC do inversor autônomo (por exemplo,
no caso de uma mini ede de CA). Portanto, os sistemas de armazenamento com bateria têm um
papel fundamental nos sistemas fora da rede e são um complemento para os sistemas dentro da
rede.

Principais características das tecnologias de bateria (Fontes: IRENA 2017, Batterieforum Deutschland)

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4.3 Componentes do sistema de armazenamento
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• definir os componentes críticos de um sistema de armazenamento de baterias de iões de


lítio, e
• descrever a função do sistema de gerenciamento de energia em um sistema de
armazenamento.

Nenhum tipo de bateria é tão diverso quanto as baterias de iões de lítio. Há dezenas de materiais de
eletrodos com propriedades diferentes. Uma configuração comum combina um ânodo de grafite
(negativo) e um cátodo de lítio-NMC (positivo). A composição exata afeta as propriedades da LIB e
varia de acordo com o fabricante e a classe.
Em qualquer caso, os iões de lítio são os portadores da carga. Eles são depositados entre as camadas
moleculares do ânodo quando a célula é carregada. Quando descarregam, os íons de lítio migram de
volta para o cátodo. Os dois eletrodos são separados por um separador permeável para evitar um
curto-circuito entre os eletrodos. Um solvente sem água, porém inflamável, é usado como eletrólito,
pois o lítio reage violentamente com a água. Várias células de lítio são conectadas em série e, por
exemplo, um pacote de lítio com seis células com uma tensão nominal de 3,6 V se torna um módulo
de 21,6 V. Os componentes da LIB são mostrados na imagem "Esquema de LIB".
Para não danificar as células, cada conjunto de baterias tem seus próprios circuitos de carga e
proteção. O sistema de gerenciamento de baterias garante a conformidade com os valores limiares
durante o carregamento e descarregamento, e está adaptado às células de lítio. Além de monitorar
os ciclos de carregamento e descarregamento, o sistema de gerenciamento de bateria otimiza a
capacidade utilizável do sistema e seu uso em uma mini rede ou em aplicações dentro da rede.

Esquema da LIB (Diagrama) (Fonte: elektronik-kompendium. Redesenhado pela RENAC)

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5. Outros components do sistema fotovoltaico
5.1 Estruturas de montagem
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• explicar quais são os requisitos principais para os sistemas de montagem, e


• descrever os sistemas comuns de montagem.

As estruturas de montagem dos módulos solares precisam cumprir os requisitos a seguir:


(1) Devem ser suficientemente resistentes (especialmente às cargas de vento ou neve) e à prova de
corrosão.
(2) Sua orientação em direção ao sol deve ser otimizada para garantir altos rendimentos solares.
(3) É preciso evitar o sombreamento, incluindo o sombreamento mútuo do módulo.
(4) Seu design deve permitir o fluxo de ar natural para evitar o aquecimento do módulo.
Montagem em telhados:
Os sistemas de montagem padronizados são criados para a instalação de módulos em telhados
inclinados e planos e instalações integradas ao edifício (ver a figura "Sistemas de montagem no
telhado").

Sistemas de montagem no telhado (Fonte: EuPD Research. Redesenhado pela RENAC)


Sistemas montados no solo:
Em projetos fotovoltaicos em grande escala (capacidade MW), os módulos são colocados em
estruturas (inclinadas) fixadas ao solo. Normalmente, a disposição destas estruturas segue um
esquema geométrico, com filas separadas a uma distância fixa. Em alguns casos, trackers de eixo
único com rotação horizontal otimizam a orientação, o que aumenta a produção energética (ver a
figura "Sistemas montados no solo").

Sistemas montados no solo (Fonte: Renac)

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Sistemas fotovoltaicos flutuantes:
Os módulos solares são montados em plataformas na água, principalmente em lagos artificiais ou
reservatórios próximos a centrais hidrelétricas (veja a imagem "Central fotovoltaica flutuante").
Embora seja uma aplicação de nicho, a tecnologia fotovoltaica flutuante tem chamado a atenção em
países onde o terreno disponível para sistemas montados no solo é escasso ou caro. Os sistemas
fotovoltaicos flutuantes também têm uma potência maior porque a água baixa a temperatura do ar
ambiente. Os reflexos da superfície da água também permitem a instalação de módulos bifaciais.

Sistemas fotovoltaicos flutuantes (Fonte: BayWa RE: https://www.baywa-re.de)

Agri-PV (ou Agro-PV):


Estas estruturas de montagem combinam a geração fotovoltaica com a produção agrícola. Os
módulos solares são montados em estruturas de apoio especiais que deixam mais espaço entre as
fileiras de módulos para permitir a passagem de veículos agrícolas. Os módulos bifaciais são
adequados para Agri-PV, pois as distâncias entre as fileiras de módulos devem ser maiores para
evitar sombreamento (veja a imagem "Agri-PV com módulos bifaciais").

Agri-PV com módulos bifaciais (Fonte: Daniel Kögler)

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5.2 Componentes eléctricos
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• conhecer outros componentes elétricos em um sistema fotovoltaico, e


• identificar os componentes necessários para a conexão à rede.

Os componentes elétricos de um sistema fotovoltaico típico podem ser classificados em CC e CA.


Componentes de CC: A conexão elétrica dos módulos solares ao inversor constitui a parte de CC de
uma instalação fotovoltaica (ver as imagens ”Componentes de CC de instalações fotovoltaicas”). Seu
design requer cuidados especiais e componentes confiáveis, pois existe o risco de acidentes graves
com altas tensões e CC, especialmente devido aos arcos elétricos. Os componentes principais de
corrente contínua são:
* Cabos e conectores fotovoltaicos
Os módulos fotovoltaicos geralmente são entregues com uma caixa de junção e cabos prémontados
com conectores elétricos de contato único (normalmente MC4). Eles facilitam a interconexão de
módulos individuais em séries (strings). Os cabos solares são feitos de cobre ou alumínio (mais
econômicos).
* Caixas combinadas
Aqui, as séries (strings) de entrada são conectadas em paralelo, e a corrente resultante é conduzida ao
inversor através de um terminal de saída. Uma séries combinada geralmente contém todos os
dispositivos de proteção, seccionadores e equipamentos de medição necessários para monitoramento
de strings.
Componentes de CC da instalação fotovoltaica

Conector solar MC4 e cabo solar com proteção Caixa combinada de CC (Fonte: PI Berlin) contra
roedores. (Fonte: Stäubli and Helukabel)

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Componentes AC: O equipamento instalado no lado CA do inversor depende do tamanho e da classe
de tensão da conexão da rede (rede de baixa tensão [BT], 26onta tensão [MT], ou alta tensão [AT]).
As instalações fotovoltaicas em grande escala geralmente requerem os seguintes equipamentos:

• Transformadores: para elevar a tensão de saída do inversor para o nível de tensão da rede.
• Cabos CA, enterrados
• Disjuntores, interruptores e dispositivos de proteção, e até mesmo subestações para grandes
instalações fotovoltaicas (conexão MT/AT)
• Medidores de energia elétrica

5.3 Sistemas de monitoramento


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• citar os sistemas de monitoramento mais importantes, e


• explicar o que os sistemas de monitoramento são capazes de avaliar.

Os sistemas de monitoramento fotovoltaico são soluções de TI que coletam e processam os dados


sobre o status técnico de um sistema fotovoltaico. O objetivo é informar o operador/proprietário
sobre os parâmetros de desempenho mais importantes e gerar alertas caso o sistema não funcione
corretamente. Nas centrais fotovoltaicas em grande escala, geralmente os sistemas de
monitoramento estão integrados às estruturas de comunicação e controle de plantas maiores,
chamados Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados (SCADA), que permitem a supervisão em
tempo real da central fotovoltaica inteira em salas de controle dedicadas.
Muitas instalações fotovoltaicas menores, por exemplo, a nível doméstico, também possuem
sistemas de monitoramento. O requisito mais básico é a leitura automática do medidor de
eletricidade, que indica se a eletricidade está sendo transmitida à rede. Os sistemas de
monitoramento mais sofisticados também proporcionam informações sobre o estado do inversor e
os parâmetros elétricos do sistema fotovoltaico; às vezes até mesmo é possível monitorar as strings.
Com estas informações, os defeitos podem ser detectados mais cedo e corrigidos com medidas de
manutenção preventiva, que estão cada vez mais baseadas na inteligência artificial.
Se o sistema de monitoramento também mantém registro dos dados de irradiação (as grandes
centrais fotovoltaicas são equipadas com estações meteorológicas no local – veja a imagem
“Estações meteorológicas em centrais fotovoltaicas”), é possível comparar a produção real da central
com o valor teoricamente possível com base na radiação solar incidente. Além da detecção de efeitos
de degradação, isto também permite analisar os padrões de contaminação dos módulos, que podem
ser usados para definir os intervalos de limpeza.

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Estações meteorológicas em centrais fotovoltaicas (Fontes: HTW Berlin, PI Berlin)

6. Como implementar um bom montagem fotovoltaico


5.1 Fase de planejamento
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• enumerar os critérios essenciais para o planejamento de uma instalação fotovoltaica, e


• explicar os principais conceitos de planejamento do sistema.

Os sistemas fotovoltaicos devem ser desenvolvidos para garantir qualidade, segurança e desempenho
durante um longo período de tempo, inclusive várias décadas. Este capítulo se concentra nos princípios
fundamentais de planejamento das centrais fotovoltaicas conectadas à rede, a maioria dos quais
também se aplica a sistemas fotovoltaicos menores dentro e annual da rede. A diferença é que os
sistemas annual da rede também têm que considerar o lado da demanda (consumidores) e o
dimensionamento da bateria.
Um bom indicador de que um sistema fotovoltaico foi bem desenvolvido é a existência de documentos
de planejamento detalhados e consistentes. Neste caso, o conceito elétrico é muito importante. A
documentação deve conter diagramas de linha única, notas de cálculo, estudos da rede e, o mais
importante, o dimensionamento do gerador fotovoltaico. Para o dimensionamento, uma prática
comum é a utilização de software profissional (como PVSyst, PVSol) para calcular configurações
otimizadas de string-inverter e realizar simulações baseadas em dados meteorológicos e
sombreamento específico do local (veja a imagem “Software de dimensionamento de sistemas”).

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O diagrama lateral mostra a curva IV do arranjo fotovoltaico, juntamente com a faixa de MPPT,
tensão, potência e limites de corrente do inversor.
O segundo gráfico mostra a distribuição annual de energia fotovoltaica, com o arranjo e a potência
nominal do inversor.

Captura de tela do dimensionamento do Sistema (Fonte: Captura de tela do Pvsyst)

O conceito mecânico também é crucial, especialmente as especificações sobre a estrutura de suporte


do módulo. Estas estruturas devem ser à prova de corrosão e ter o tamanho necessário para resistir
ao vento e outras condições climáticas (ver a imagem “Impacto meteorológico nos módulos
fotovoltaicos”). Para instalações fotovoltaicas montadas no solo, geralmente é necessário realizar
estudos geotécnicos do solo para determinar o tipo de base mais adequado.
Também é importante considerar a segurança no projeto: segurança elétrica (proteção contra
sobretensão e raios) e proteção contra roubo, vandalismo e intrusão (cercas, vigilância com câmeras,
etc.).

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Impacto meteorológico nos módulos fotovoltaicos:

Módulos danificados devido a ventos fortes (Fonte: PI Berlin)

Módulos danificados devido a ventos fortes (Fonte: PI Berlin)

Sinais de erosão (Fonte: PI Berlin)

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6.2 Fase de aquisição
Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• conheceros critérios de seleção dos principais componentes fotovoltaicos, e


• explicar como funciona a garantia de desempenho linear para módulos solares.

Os planejadores de sistemas fotovoltaicos geralmente consideram os seguintes critérios na aquisição


de componentes fotovoltaicos:
Adequação dos componentes às condições ambientais
As condições operacionais dos 30ontage30ts devem corresponder às características ambientais do
local (temperatura, umidade, altitude).
Certificados:
Os componentes principais (módulos, inversores), e a maioria dos outros equipamentos elétricos de
CA e CC em uma instalação fotovoltaica devem estar em conformidade com as normas IEC vigentes
(ver a imagem “Normas IEC importantes para componentes fotovoltaicos”). Os certificados
relacionados devem ser emitidos por laboratórios de testes credenciados e estar acompanhados de
protocolos de testes.

Normas IEC importantes para componentes fotovoltaicos (Fonte: Renac)


Histórico e referências:
Um critério de seleção comum é o “histórico” (track record), uma lista de referência individual que prova
que o componente foi implementado com sucesso em outros projetos. Às vezes, a experiência do
fabricante, a capacidade de fabricação e os anos no 31ontage também são considerados.
Inspeção de fábrica:
Para projetos fotovoltaicos em grande escala, às vezes são realizadas inspeções de fábrica no local para
examinar a qualidade dos processos de fabricação. Uma solução mais econômica é realizar testes de
amostras de componentes através de um laboratório imparcial e certificado.
Até o anúncio dos testes pode resultar em entregas com padrões de qualidade mais elevados.

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Garantias:
Os planejadores geralmente também analisam as condições de garantia no momento de selecionar o
equipamento. Normalmente, as garantias dos produtos que apresentam defeitos de fabricação variam
entre 5 anos (inversores) a 10 anos (módulos e baterias). Os módulos solares e baterias geralmente têm
uma garantia de desempenho que define a tolerância máxima aceitável de redução de potência (em %
por ano) durante os anos de operação (ver a imagem “Garantia de desempenho linear”).
desempenho energético garantido

anos

Garantia de desempenho linear (Fonte: Jinko Solar. Redesenhado pela RENAC)

6.3 Construção e operação


Objetivos de aprendizajem: Após a conclusão deste curso, você será capaz de:

• identificar as falhas de instalação e operação mais frequentes, e


• definir a relação de desempenho e sua função no monitoramento.

Os erros mais comuns durante a fase de construção são os seguintes:


• Fiação incorreta do módulo/string (por exemplo, polaridade inversa)
• Fiação e conexões elétricas inadequadas em caixas combinadas (veja a figura “Fiação CC
incorreta”)
• Ligação à terra insuficiente
• Instalação incorreta do inversor
• Obras mecânicas deficientes (problemas de base e estrutura de montagem)

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Exemplos de fiação CC incorreta

Cabos acessíveis a animais (Fonte: PI Berlin)

Falta de proteção UV nos cabos de string (Fonte: PI Berlin)

Cabo de string em contato com bordas afiadas (Fonte: PI Berlin)

Enquanto alguns defeitos podem ser detectados visualmente, outros só podem ser identificados através
de testes elétricos: medição de circuitos de CA e CC, medição de tensão e corrente de um string, testes

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de polaridade e isolamento, etc. Os procedimentos de teste padronizados, conforme especificado na IEC
62446, devem ser seguidos durante o comissionamento. Também é possível usar a imagens
termográficas para identificar erros de instalação; elas revelam anomalias na temperatura, indicando
problemas tais como células de polarização inversa, defeitos nos diodos de bypass, defeitos na soldagem
e conexões elétricas ruins.

As falhas comuns durante a fase operacional são as seguintes:


• Falhas nos inversores
• Sujeira do módulo / limpeza insuficiente
• Danos devidos a roubo, vandalismo ou condições climáticas extremas (granizo, tempestades)
• PID do módulo e Degradação Induzida pela Luz (LID)
• Outras degradações a longo prazo do material em módulos: delaminação, problemas com a
camada posterior (backsheet), descoloração

É possível detectar visualmente a sujeira/delaminação/descoloração do módulo e as falhas do inversor.


Os sistemas de monitoramento de qualidade detectam outros defeitos, seja monitorando componentes-
chave (strings, inversores) funcionalidades técnicas e/ou medindo constantemente a produção. Um
parâmetro importante para detectar a degradação a longo prazo é a relação do desempenho, ou seja, a
relação da produção real da instalação em comparação com a produção teórica. O valor de referência é
geralmente medido no local com um sensor de irradiação calibrado. Em projetos de grande escala, isto
é registrado mensalmente em relatórios de operação e manutenção.

7. Resumo - A tecnologia fotovoltaica


7.1 Resumo do curso
Este curso proporcionou um panorama inicial da tecnologia fotovoltaica e seus componentes. Nosso
ponto de partida foi o efeito fotovoltaico nas células solares (capítulo 2), pois esta é a base para entender
como a luz solar é convertida em eletricidade. Depois, explicamos como as células solares são instaladas
em módulos e apresentamos a tecnologia de ponta em módulos solares. Para concluir o capítulo, os
principais efeitos das condições ambientais no desempenho dos módulos solares foram explicados.

O terceiro capítulo apresentou uma visão geral sobre a necessidade de inversores, suas funções e tipos.
Foi descrita a metodologia de conexão do número correto de módulos solares a um inversor
("dimensionamento de string"). Da mesma forma, o capítulo 4 abordou a possibilidade de integrar uma
bateria ao sistema fotovoltaico. Foi explicada a alteração no fluxo de energia quando menos energia é

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fornecida à rede, e uma quantidade maior de eletricidade é utilizada diretamente no local por meio do
armazenamento em baterias. As diferenças entre as duas tecnologias mais comuns foram explicadas.

Após uma análise geral dos outros componentes utilizados no sistema fotovoltaico (capítulo 5), o curso
foi concluído com recomendações básicas sobre o que é preciso considerar durante a instalação de um
sistema fotovoltaico para garantir um bom desempenho em todas as fases do projeto, desde o
planejamento até a operação.

7.2 Leitura adicional


• Fraunhofer ISE: Photovoltaics Report, atualizado regularmente, setembro de 2020.
https://www.ise.fraunhofer.de/en/publications/studies/photovoltaics-report.html
• Heinrich Häberlin: Photovoltaics: System Design and Practice. John Wiley & Sons, 2012.
• Agência Internacional de Energia: Energia Solar. Mapping the Road Ahead, outubro 2019.
https://www.iea.org/reports/solar-energy-mapping-the-road-ahead
• ITRPV – International Technology Roadmap for Photovoltaics, atualizado anualmente,
outubro de 2020: https://itrpv.vdma.org/
• PVEducation: https://www.pveducation.org/

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