Você está na página 1de 3

Projeto: GELEIAS À BASE DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS

(PANC)

CRISTINE PEREIRA ALVES1

1 INTRODUÇÃO

A utilização de plantas pelo homem vem desde o período pré-histórico, sendo


utilizado não somente como um recurso alimentício, mas também para fins medicinais, para a
construção e combustão (NASCIMENTO, 2013). O uso de plantas para a alimentação
representa uma forma de subsistência e de geração de renda, principalmente, para os pequenos
agricultores, através do plantio e extrativismo para seu consumo e para venda. Apesar da
grande utilização de plantas na alimentação tantos dos seres humanos como de animais, o
potencial e a variedade de espécies que são consumidas é reduzido.

Mesmo com a grande diversidade de alimentos que são consumidos pelos seres
humanos, quando se analisa o potencial de plantas que são comestíveis, a variedade de plantas
que são consumidas ainda é baixa. Fator esse, principalmente, pela homogeneização dos
hábitos alimentares, sendo necessário um conjunto de medidas que possam valorizar plantas
que ainda são pouco utilizadas.

O projeto visa desenvolver geleias à base de Plantas Alimentícias não Convencionais


(PANC), utilizando plantas que se encontram facilmente na zona urbana de Araguari-MG e
ensinar as pessoas da comunidade local como manusear e fabricar geleias com frutas e plantas
comestíveis não Convencionais (pancs)

2 PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS (PANC)

Pode-se definir PANC como aquelas plantas que não fazem parte do nosso dia a dia
nem estão à venda em quantidade e regularidade suficiente em supermercados, mercados ou
feiras (KINUPP; LORENZI, 2014). São consideradas PANCs as plantas silvestres,
introduzidas ou exóticas que não são largamente consumidas em uma determinada região.
Kinupp e Lorenzi (2014) consideram PANCs as plantas que não são conhecidas ou que nunca
foram consumidas por 51% das pessoas de uma amostragem no decurso de um ano.

1
Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Estadual de Goiás- Campus Caldas
Novas
As PANCs desenvolvem-se sem a necessidade de insumos ou do contato humano e
são usualmente encontradas tanto nas cidades como no campo. De acordo com Kinupp e
Lorenzi (2014), “das 18 plantas mais infestantes do mundo, 16 delas são comestíveis”, ou
seja, grande parte das plantas que são consideradas pragas podem ser consumidas tanto por
humanos quanto por animais. Esse potencial é ignorado, principalmente, pelos atuais hábitos
alimentares e também pela falta de conhecimento da população que não conhece as PANCs
nem como prepará-las.

Para Kelen et. al. (2015), cerca de 50% das calorias que se consome são provindas de
no máximo quatro espécies, e cerca de 90% dos alimentos consumidos provêm de vinte tipos
de plantas. Apesar disso, Kinupp e Lorenzi (2014) mostram que 10% da biodiversidade
vegetal encontrada em qualquer bioma são formados por plantas alimentícias, cerca de 30 mil
espécies são comestíveis no mundo .

3 GELEIAS DE FRUTAS

Fruta, pectina, ácido e açúcar são considerados os elementos básicos para a elaboração
de geleias, a qualidade dessas está diretamente relacionada ao processo de fabricação e à
qualidade dos ingredientes. (SOLER et. al., 1991).

Geleia de fruta é o produto preparado com frutas e/ou sucos ou extratos aquosos das
mesmas, podendo apresentar frutas inteiras, partes e/ou pedaços de variadas formas. Tais
ingredientes devem ser misturados com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ácidos
e outros ingredientes até atingir consistência semissólida adequada. O termo “frutas” abrange
frutos e partes comestíveis de vegetais, incluindo gengibre, tomate, ruibarbo, castanha e
outras (Brasil, 1978).

Na elaboração de geleias, a geleificação ocorre devido a presença de ingredientes


específicos e em condições especiais. Em meio ácido a pectina está carregada
negativamente, a adição de açúcar afeta o equilíbrio pectina/água, desestabilizando
conglomerados de pectina e formando uma rede de fibras que compõe o gel, cuja
estrutura é capaz de suportar líquidos. A densidade e a continuidade desta rede são
afetadas pelo teor de pectina, e a rigidez da estrutura é alterada pela concentração de
açúcar e acidez. Quanto maior for a concentração de açúcar menor será a quantidade
de água que a estrutura suportará ( FURLANETO, 2015, p.12).
As geleias, além disso, são uma forma de conservação de alimentos. É comum
principalmente em épocas com grande produção de frutas, que seja fabricado e
comercializado com maior frequência, fator determinante na geração de renda e na maior
durabilidade dessas frutas

6 CONCLUSÃO
O consumo de preparações elaboradas com PANCs pode ser uma estratégia para
aumentar a diversidade de alimentos e promover também uma alimentação mais saudável. O
extrativismo de coleta é o principal método utilizado para a coleta desses insumos, o plantio é
uma alternativa para aumentar o fornecimento do produto a fim de garantir que sejam
elaboradas para o beneficiamento

Por isso, pode-se concluir que o consumo de geleias onde são utilizadas plantas
alimentícias não convencionais, além de seus benefícios nutricionais e econômicos, são
importantes ferramentas na construção de um novo pensar sobre a alimentação na
gastronomia a partir da sustentabilidade e variabilidade da alimentação

Você também pode gostar