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INTRODUÇÃO
A soja é a cultura agrícola brasileira que mais cresceu nas últimas três décadas e
corresponde a 49% da área plantada em grãos do país. O crescimento da produção e o
aumento da capacidade competitiva da soja brasileira sempre estiveram associados aos
avanços científicos e à disponibilização de tecnologias ao setor produtivo. A sojicultura
passou por um processo de forte incremento de produtividade, praticamente dobrando a sua
média nos últimos vinte anos. Na safra 2013/14 a estimativa de área plantada foi de 29.797
mil hectares, 7,4 % superior à safra anterior, e produção de mais de 85 milhões de toneladas
(CONAB, 2014).
A adubação é um fator determinante da produtividade e representa um percentual
significativo no custo de produção da cultura (DOURADO NETO et al., 2012). O aumento
progressivo das produções de soja, fruto do uso intensivo de técnicas agrícolas modernas,
Pirenópolis – Goiás – Brasil
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vem promovendo uma retirada crescente de micronutrientes dos solos, sem que se estabeleça
uma reposição adequada (SFREDO e OLIVEIRA, 2010). A necessidade de nitrogênio é
suprida em grande parte através da fixação biológica do N2 (FBN), através da associação
simbiótica entre a bactéria do gênero Bradyrhizobium e esta leguminosa, intermediadas pelo
complexo enzimático da nitrogenase (ROSSI et al., 2012).
A simbiose entre bactérias denominadas coletivamente como rizóbios com as
leguminosas, caracteriza-se como um dos sistemas fixadores de N2 mais eficientes que se
conhece na atualidade. Leguminosas eficientemente noduladas apresentam concentrações de
Mo nos nódulos que chegam a ser dez vezes superiores às encontradas nas folhas (SFREDO e
OLIVEIRA, 2010). Assim como o Mo, o Co é igualmente necessário à FBN.
O Mo é constituinte da molécula da nitrogenase, responsável pela redução do N2 à
amônia. A nitrogenase consiste em uma ferro-proteína (Fe-proteína) que atua como doadora
de elétrons para uma molibdênio-ferro-proteína (MoFe-proteína), em um processo dependente
de hidrólise de MgATP (TEIXEIRA et al., 1998). O Mo também atua no metabolismo do N na
planta, através da enzima redutase de nitrato, que catalisa a redução de nitrato a nitrito
(MALAVOLTA, 2006). A disponibilidade de Mo no solo aumenta com a elevação do pH e,
devido à baixa quantidade exigida pelas plantas, sua deficiência normalmente só ocorre em
solos ácidos (DECHEN e NACHTIGALL, 2006).
O cobalto é um nutriente absorvido pelas raízes como Co2+, e é considerado móvel no
floema (KORNDÖRFER, 2006). Não existe nenhuma evidência de função direta do Co no
metabolismo de plantas superiores, mas é necessário à microorganismos fixadores de N,
inclusive o Rhizobium da soja, para a formação da cobalanina (coenzima B12) e da leg-
hemoglobina (FURLANI, 2004). Em solos ácidos, a disponibilidade de Co pode ser reduzida
principalmente devido à sua adsorção à óxidos de Mn (KORNDÖRFER, 2006).
A aplicação foliar de Co, de acordo com HANDRECK e RICEMAN (1969), indica
que o elemento pode ser razoavelmente translocado das folhas para outras partes da planta. Já
conforme SFREDO e OLIVEIRA (2010), embora seja considerado móvel no floema, quando
aplicado via foliar, é parcialmente móvel. Quando aplicados Co e Mo em conjunto, esses
elementos podem aumentar a eficiência do processo de fixação biológica de N. Porém os
resultados são variáveis, talvez em função da diversidade de produtos, modos e épocas de
aplicações. CAIRES e MARCONDES (2005) não observaram diferenças significativas em
diferentes doses de molibdênio utilizado no tratamento de sementes de soja. HUNGRIA et al.
(2007) verificaram que a aplicação de formulações salinas ou com pH baixo pode prejudicar a
sobrevivência da bactéria, a nodulação e a fixação do N2, o que pode ser evitado com a
aplicação desses micronutrientes via foliar.
A resposta da cultura da soja à aplicação via foliar de Co e Mo têm sido variáveis.
Adubações foliares com produtos à base de Mo não foram eficientes em aumentar a
produtividade da soja (PESSOA et al., 1999; GRIS et al., 2005). Respostas positivas na
produtividade de grãos foram obtidas em vários trabalhos (CERETTA et al., 2005; TIRITAN
et al., 2007; DOURADO NETO et al, 2012). Verifica-se a necessidade de definições de fases
de desenvolvimento fenológico da cultura mais apropriado para aplicação foliar destes
elementos.
OBJETIVO(S)
METODOLOGIA
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3; Zn = 1,4 mg dm-3; B = 0,34 mg dm-3; Cu = 0,5 mg dm-3; Fe = 43 mg dm-3; Mn = 2,3 mg
dm-3; CTC = 5,53 cmolc dm-3; V = 31%; M.O. = 2,9%.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados (DBC), com 17 tratamentos
e 4 repetições (Tabela1).
Tabela 1. Tratamentos estabelecidos para testar a eficiência da adubação foliar com cobalto e
molibdênio na cultura da soja.
Tratamento Nutriente (s) Épocas de Aplicação
T1 Cobalto V2
T2 Molibdênio V2
T3 Cobalto + Molibdênio V2
T4 Cobalto V4
T5 Molibdênio V4
T6 Cobalto + Molibdênio V4
T7 Cobalto V2+V4
T8 Molibdênio V2+V4
T9 Cobalto + Molibdênio V2+V4
T10 Cobalto R2
T11 Molibdênio R2
T12 Cobalto + Molibdênio R2
T13 Cobalto + Molibdênio V2+V4+R2
T14 Testemunha Sem Adubação foliar
T15 Cobalto TS
T16 Molibdênio TS
T17 Cobalto + Molibdênio TS
V2 = estádio vegetativo, plantas com o segundo nó e primeiro trifólio; V4 = estádio
vegetativo, plantas com o quarto nó e terceiro trifólio; R2 = estádio reprodutivo, floração
plena, maioria dos rácemos com flores aberta; TS = tratamento de semente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Tabela 2. Influência de épocas e formas de adubação com cobalto e molibdênio na altura de
plantas, número de nós por planta e número de vagens por planta da cultura da soja.
Tratamento Altura de plantas No. Nós planta-1 No. vagens planta-1
(cm)
T1 Co V2 79,9 13,6 35,4 ab
T2 Mo V2 82,5 13,3 34,8 ab
T3 Co + Mo V2 78,6 12,8 33,4 ab
T4 Co V4 72,0 12,4 31,4 ab
T5 Mo V4 78,5 13,4 36,6 ab
T6 Co + Mo V4 68,9 13,8 37,9 a
T7 Co V2+V4 68,6 14,3 36,1 ab
T8 Mo V2+V4 82,3 15,0 34,8 ab
T9 Co + Mo V2+V4 72,0 12,8 32,1 ab
T10 Co R2 83,8 14,9 39,8 a
T11 Mo R2 78,7 13,8 29,4 b
T12 Co + Mo R2 82,2 13,4 32,6 ab
T13 Co + Mo V2+V4+R2 75,2 12,4 33,4 ab
T15 Co TS 76,0 13,8 35,6 ab
T16 Mo TS 80,4 13,8 33,9 ab
T17 Co + Mo TS 75,4 13,2 34,0 ab
T14 Testemunha 81,0 14,1 34,6 ab
Coeficiente de Variação % 11,6 8,0 9,6
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
A massa seca de 100 grãos também não sofreu influencias positivas ou negativas com
a aplicação de cobalto e molibdênio (Tabela 3). Porém a produtividade foi maior quando Co e
Mo foram aplicados em V2, V4 e R2, com produtividade média de 3403,0 kg ha-1,
estatisticamente superior à aplicação de Co em V4, cuja produtividade foi de 2058,4 kg ha-1.
Nenhum tratamento, porém, foi estatisticamente superior ou inferior à testemunha. Isso
porque as deficiências desses elementos são mais comuns em solos ácidos (DECHEN e
NACHTIGALL, 2006; KORNDÖRFER, 2006), e conforme os dados da análise química do
solo, o pH da área utilizada estava adequado. Também a pequena quantidade exigida pela
cultura pôde ser suprida pelo solo. Assim como nesse experimento, CAIRES e
MARCONDES (2005) também não observaram diferenças significativas de diferentes doses
de molibdênio aplicadas no tratamento de sementes de soja. Considerando que não houve
efeitos negativos de nenhum tratamento com aplicação de cobalto e molibdênio da cultura da
soja em relação à testemunha, a reposição desses elementos é aconselhável, sendo importante
para evitar a exaustão do solo pela remoção contínua com as colheitas, conforme destacam
SFREDO e OLIVEIRA (2010).
Tabela 3. Influência de épocas e formas de adubação com cobalto e molibdênio na massa seca
de 100 grãos e na produtividade da cultura da soja.
Tratamento Massa de 100 grãos (g) Produtividade (kg ha-1)
T1 Co V2 15,2 2439,7 ab
T2 Mo V2 16,5 2780,1 ab
T3 Co + Mo V2 15,2 2678,6 ab
T4 Co V4 15,8 2058,4 b
T5 Mo V4 15,8 2369,5 ab
T6 Co + Mo V4 16,2 2856,2 ab
T7 Co V2+V4 16,2 2481,6 ab
T8 Mo V2+V4 15,8 2852,2 ab
T9 Co + Mo V2+V4 15,5 2776,1 ab
T10 Co R2 15,8 2675,0 ab
T11 Mo R2 16,5 2568,0 ab
T12 Co + Mo R2 16,2 2454,4 ab
T13 Co + Mo V2+V4+R2 14,5 3403,0 a
T15 Co TS 15,8 2413,7 ab
T16 Mo TS 16,0 2642,4 ab
T17 Co + Mo TS 15,2 2691,4 ab
T14 Testemunha 15,8 2817,6 ab
Coef. Var.% 7,3 17,1
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O número de vagens por planta foi maior quando Co e Mo foram aplicados via foliar
no estágio fenológico V4 ou Co em R2, mas a maior produtividade foi obtida com a aplicação
foliar de Co e Mo em V2, V4 e R2.
AGRADECIMENTOS
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infraestrutura para realização da pesquisa.
REFERÊNCIAS
CERETTA, C.A.; PAVINATO, A.; PAVINATO, P.S.; MOREIRA, I.C.L.; GIROTTO, E.;
TRENTIN, E.F. Micronutrientes na soja: produtividade e análise econômica. CiênciaRural,
Santa Maria, v. 35, n. 3, p.576-581, 2005.
DOURADO NETO, D.; DARIO, G.J.A.; MARTIN, T.N.; SILVA, M.R.; PAVINATO, P.S.;
HABITZREITER, T.L. Adubação mineral com cobalto e molibdênio na cultura da soja.
Semina: Ciências Agrárias, v. 33, suplemento 1, p. 2741-2752, 2012
FURLANI, A.M.C. Nutrição mineral. In.: KERBAUY, G.B. Fisiologia vegetal. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. cap. 2, p.40-75.
PESSOA, A.C.S.; LUCHESE, E.B.; CAVALLET, L.E.; GRIS, E.P. Produtividade de soja em
resposta à adubação foliar, tratamento de sementes com molibdênio e inoculação com
Bradirhizobium japonicum. Acta Scientiarum, 21:531-535, 1999. ´
ROSSI, R.L.; SILVA, T.R.B.; TRUGILO, D.P.; REIS, A.C.S.; FARIAS, C.M.Q. Adubação
foliar com molibdênio na cultura da soja. Journal of Agronomic Sciences, v. 1, p. 12-23,
2012.
SFREDO, G.J.; OLIVEIRA, M.C.O. Soja: molibdênio e cobalto / Londrina: Embrapa Soja.–
(Documentos / Embrapa Soja). 2010. 36p.
20 a 22 de outubro de 2015
TIRITAN, C.S.; FOLONI, J.S.S; SATO, A.M.; MENGARDA, C.A.; SANTOS, D.H.
Influência do molibdênio associado ao cobalto na cultura da soja, aplicados em diferentes
estágios fenológicos. Colloquium Agrariae, v. 3, n.1, p. 1-07, 2007.