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Tire o Racismo
da Língua
Uma cartilha pra você abolir de vez
o racismo do seu vocabulário
Tire o Racismo da Língua

Algumas expressões e termos que ainda usamos em


nosso vocabulário evocam conotações racistas,
discriminatórias e que reforçam a ideia de que
pessoas negras devem estar em posição de
subalternidade, sendo sexualizadas e animalizadas.

Para analisar as mensagens que estão por trás de


algumas dessas expressões, a Umbu Comunicação
& Cultura e a Amora Brinquedos produziram essa
cartilha para te convidar a desconstruir ideias e
pensar em alternativas para combater o racismo
linguístico, que reforça discriminações estruturais
que se manifestam tanto naquela “brincadeirinha”
de mau gosto com uma amizade mais próxima,
quanto em ofensas direcionadas a
indivíduos pretos e à coletividade.
Tire o Racismo da Língua

Amora acredita no poder transformador da


Educação e por isso o ponto de partida são as
Escolas. É um negócio social que possui o
propósito de construir uma Educação antirracista
por meio de brinquedos e atividades lúdicas
infantis, com tecnologia social one for one, onde a
cada Boneca Amora vendida, outro brinquedo é
doado para uma Escola pública.
@amorabrinquedos
www.amorabrinquedos.com.br

A Umbu Comunicação & Cultura é fruto da


iniciativa de duas baianas, Camilla França e Mirtes
Santa Rosa, que carregam sua negritude e
identidade social e política como elementos
essenciais. Com foco em gestão cultural e
comunicação estratégica e organizacional, a
empresa tem como norteador o fomento à
diversidade e à criatividade.
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www.portalumbu.com.br
Tire o Racismo da Língua

NHACA
No Brasil, a expressão “Nhaca” é utilizada para
referir-se ao mal cheiro, forte odor, ou associadas
a odores corporais desagradáveis

Porque não usar


Inhaca é uma ilha situada na baía de Maputo, em
Moçambique. Algumas fontes indicam que a palavra
também pode se referir a um monarca ou líder
moçambicano. No entanto, no Brasil, desde os
tempos coloniais, a palavra "inhaca" e suas variações
têm sido associadas a odores corporais
desagradáveis. Essa associação é um exemplo de
uso racista da palavra, pois vincula um local ou líder
africano a algo negativo
NHACA
Para se referir a odores corporais desagradáveis

VOCÊ PODE
SUBSTITUIR POR
“Mau cheiro” ou “Odor ruim”.
Tire o Racismo da Língua

MULATA
Comumente ligado ao estudo da miscigenação no
Brasil colonial, onde aparece ao lado dos termos
“cafuzo” e “mameluco”, “mulato” tem raízes na
palavra “mulus”, do latim, que significa “mulo”, ou
seja “animal híbrido, estéril, produto do cruzamento
do cavalo com a jumenta, ou da égua com o
jumento”. “Mulato” seria o filho de uma relação entre
uma pessoa negra e uma pessoa branca

Porque não usar


Ainda existe um debate sobre o uso da palavra, uma
vez que traz a animalização, que por sua vez se
desdobra em sexualização, e o tom pejorativo
carregados pelo termo em virtude do contexto
escravagista e colonial em que surgiu
MULATA
NÃO HÁ
SUBSTITUIÇÃO
O ideal é não utilizar a palavra
e perguntar diretamente à pessoa como ela
prefere ser descrita (parda, miscigenada etc)
Tire o Racismo da Língua

TUAS NEGAS
Habitualmente usado na expressão “não sou tuas
negas”, que indica revolta ou incômodo com
situação ou comentário que remete à uma
intimidade não existente entre as partes, por
exemplo.

Porque não usar


Apesar de não haver consenso sobre a origem da
expressão, a conotação racista e misógina da mesma
é analisada em teorias históricas que apontam raízes
no período escravagista, onde mulheres negras
eram escravizadas e vitimadas pelos assédios e
abusos sexuais de homens brancos que as viam
como propriedade e submissas ao seu poder
TUAS NEGAS
Caso esteja querendo falar sobre algo
que te incomodou ou responder a
uma “forçação de barra”

VOCÊ PODE
SUBSTITUIR POR
me respeite / não te dou confiança
ou não invada meu espaço
Tire o Racismo da Língua

DENEGRIR
Denegrir é “tornar negro”, mas habitualmente as
pessoas utilizam essa palavra como sinônimo de
difamar, “manchar” uma reputação antes “limpa”

Porque não usar


Por remeter ao termo “negro”,
que está atrelado à identificação étnico-racial, não é
recomendado usar “denegrir” para se referir
a algo negativo.
DENEGRIR
Caso esteja querendo falar sobre algo
que manchou uma reputação,

VOCÊ PODE
SUBSTITUIR POR
manchar, sujar, caluniar ou desabonar
Tire o Racismo da Língua

INVEJA BRANCA
O uso da expressão “inveja branca” tenta
amenizar o pecado, como se o adjetivo fosse
suficiente para tornar a cobiça perdoável,
aceitável ou mesmo elogiável.

Porque não usar


Essa utilização estimula a ideia de que tudo de bom
está associado à cor branca e tudo de negativo está
associado à cor não branca
INVEJA BRANCA
NÃO DÁ PRA
SUBSTITUIR
Inveja é inveja.
Tire o Racismo da Língua

CABELO RUIM
A expressão “Cabelo ruim”, “Cabelo duro”, e suas
variantes, são expressões que consistem em
desprezar as características físicas das pessoas
negras, associando-as a coisas ruins ou de
qualidade inferior

Porque não usar


O uso dessas palavras é uma forma contundente de
racismo, e deve, portanto, ser abandonada. Os
cabelos possuem diferentes compleições e
tonalidades, mas não existem cabelos que são
melhores ou piores
CABELO RUIM

VOCÊ PODE
SUBSTITUIR POR
Se refira aos cabelos conforme as
suas características: cabelos crespos
ou cabelos cacheados
Tire o Racismo da Língua

COR DO PECADO
É uma expressão bastante utilizada no Brasil que
se apresenta como forma supostamente elogiosa
de se referir a alguém, de louvar a cor da pele

Porque não usar


Se associa ao imaginário da mulher negra
sensualizada. Além disso, a ideia de pecado é ainda
mais negativa em uma sociedade pautada na
religião, como a brasileira.
O pecado é aquilo que não é aceito por Deus e,
por isso, deve ser evitado e afastado da vida das
pessoas corretas. Isso, por si só, já demonstra o
preconceito da expressão, pois associa a cor da pele
de alguém a um pecado
Deve se atentar que o pecado referido
não é aleatório, trata-se na verdade da luxúria, o
pecado do sexo, levando a expressão remeter, ainda,
ao comportamento abusivo adotado pelos homens
brancos que violentavam sexualmente mulheres
escravizadas e encaravam com naturalidade tal
comportamento, inclusive, atribuindo a
responsabilidade pelos atos de violência às vítimas

COR DO PECADO

VOCÊ NÃO DEVE


SUBSTITUIR
O termo não é elogioso e carrega
diferentes vieses preconceituosos,
merecendo ser abandonado.
Tire o Racismo da Língua

PÉ NA COZINHA
Dizer que alguém tem o “pé na cozinha” ou “na
senzala” é uma forma pejorativa de dizer que a
pessoa tem origem ou antepassados negros e
remete aos período escravagista, quando
mulheres negras eram obrigadas a trabalhar na
cozinha da Casa Grande

Porque não usar


O preconceito que a expressão carrega
é muito explícito, uma vez que relega, assim como
no período de escravidão, a posição de servidão às
pessoas negras. A ideia por trás dessa fala é a de que
o único lugar que uma pessoa negra pode e deve
ocupar é a cozinha, em trabalho.
PÉ NA COZINHA

VOCÊ NÃO DEVE


SUBSTITUIR
Não há substituição possível.
O ideal é apagar essa expressão do
vocabulário.
Temos um importante papel no combate
ao racismo e às formas de discriminação.
Será por meio de nossas ações no presente
que poderemos nos distanciar do passado
para construir um futuro livre de preconceitos.
A mudança começa com aquilo que você fala.
Vem com a gente?

@umbu_comunicacao

@amorabrinquedos

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