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MATERIAL 4
REDAÇÃO - PROF. LILIAN

TEXTO 1
PALAVRAS CARREGAM RECORTES DO MUNDO
Um termo pode revelar mais de quem o usa do que daquilo que deveria nomear. É por
essas e por outras que nunca se pode tratar a língua como uma ciência exata. Aquele que,
para alguns, é teimoso ou obsessivo, para outros, pode ser apenas determinado; o que é
enfadonho para uns é meticuloso para outros; o irresponsável de uns pode ser o ousado
de outros; o que uns chamam de pessimismo outros chamam de realismo. Impeachment
ou golpe, eis uma questão do momento (vale lembrar que o que houve em 1964 no Brasil,
embora seja comumente chamado de golpe militar, ainda tem quem o chame de
revolução).
Como vemos, as palavras carregam uma espécie de recorte da realidade, portanto, a
escolha de cada uma delas revela o modo como a pessoa vê o mundo. Não faz muito
tempo, era comum usarem a expressão “de cor” em referência a pessoas negras. Tratar
uma característica natural de uma pessoa (como a cor de sua pele) com um eufemismo
faz parecer que a característica é, de alguma forma, um traço negativo, algo a ser
disfarçado. Em geral, quem usava “de cor” no lugar de “negro” o fazia em tom de
cochicho, quase como se pedisse ao interlocutor permissão para dizer um palavrão.

POLITICAMENTE CORRETO
Nos Estados Unidos da América, a palavra “nigger” é que é pejorativa, altamente
ofensiva. Por lá, usam-se os termos “afro-american” e “afrodescendant”, fruto de ações
afirmativas. No Brasil, o termo “afrodescendente” aparece sobretudo em traduções do
inglês, mas, salvo engano, não é um termo disseminado entre os falantes. Entre as ações
afirmativas, que visam a dar voz às minorias, está o estímulo ao emprego de termos
chamados de politicamente corretos, uma forma de introduzir um recorte livre de
preconceitos arraigados. O uso dessas palavras é, portanto, parte de um processo de
reeducação.
Adaptado de Thaís Nicoleti, Folha de São Paulo, 22 de junho de 2016.

TEXTO 2
Dez palavras e expressões que precisamos parar de falar AGORA:
Mulata
A palavra se refere à mula, um animal originado do cruzamento de burro com égua. Na
época da escravidão, muitas escravas eram abusadas pelos patrões e acabavam
engravidando. Os filhos eram chamados de mulatos por serem o resultado do
cruzamento de um homem branco com uma mulher negra. Hoje, as pessoas utilizam esse
termo para se referir às pessoas pardas, mas a palavra deve ser imediatamente retirada
do vocabulário.
Denegrir
Sempre que alguém utiliza essa palavra é para dizer que está sendo difamado ou
injustiçado por outra pessoa. Mas segundo o dicionário Aurélio, a definição de “denegrir”
é “tornar negro, escurecer”. Então, utilizar a palavra denegrir de forma pejorativa é
extremamente racista.
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Lista negra
Essa expressão é sempre utilizada de forma negativa. Uma pessoa estar em uma “lista
negra” significa que ela está sendo perseguida ou que não poderá mais adentrar em
certos ambientes. A palavra negra é colocada nessa afirmação de uma forma pejorativa
e, mais uma vez, racista.
Mercado negro
Mercado negro segue a mesma ideia da lista negra. A palavra “negro” é utilizada de forma
pejorativa para se referir a algo proibido, ilegal, perigoso e ruim.
‘Não sou tuas negas’
Essa é uma expressão extremamente racista. Na época da escravidão, eram recorrentes
estupros, assédios e agressões contra as mulheres negras. Já com as mulheres brancas
o tratamento não era o mesmo. A frase se remete a essas mulheres, escravas, que no
imaginário popular tudo podia se fazer.
Da cor do pecado
Essa expressão geralmente é utilizada como forma de elogio. Existe até música sobre a
história de amor com um homem da cor do pecado. Mas essa expressão está longe de
ser um elogio. Antigamente, ser negro era considerado pecado. Os poderosos da época
junto com integrantes da Igreja Católica justificavam a escravidão como um castigo
divino. Então, dizer que alguém é “da cor do pecado” é associado a algo negativo.
Criado-mudo
O nome do móvel que geralmente é colocado na cabeceira da cama vem de um dos
papéis desempenhados pela escravos dentro da casa dos senhores brancos: o de segurar
as coisas para seus “donos”. Como o empregado não poderia fazer barulho para
atrapalhar os moradores, ele era considerado mudo. Logo essa expressão se refere a
esses criados.
Doméstica
Domésticas eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias
brancas e eram consideradas domesticadas. Isso porque os negros eram vistos como
animais e por isso precisavam ser domesticados através da tortura.
Inveja branca
Na contramão de todas as expressões e palavras anteriores, “inveja branca” significa uma
inveja que não faz mal, que é do bem. Ou seja, associando à cor branca a coisa é boa,
legal e não machuca.
Amanhã é dia de branco
E para encerrar, essa expressão que é a mais esdrúxula de todas. Dia de branco é utilizado
para se referir a dia de trabalho, responsabilidade e compromissos. Como se só gente
branca trabalhasse duro. Isso porque antigamente o trabalho dos escravos não era
considerado trabalho e essa ideia perpetua até hoje.
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/dez-expressoes-racistas-que-voce-precisa-
parar-de-falar-imediatamente/

GÊNERO – ARTIGO DE OPINIÃO (UEM)


Contexto e comando de produção: Você é estudante universitário e na última semana
seu professor de sociologia debateu com a turma os textos da coletânea acima.
Incomodado com a falta de importância que alguns de seus colegas deu ao uso das
expressões que aparecem nos textos, você decide posicionar-se a respeito do tema nas
suas redes sociais. Redija, portanto, com no mínimo 15 e no máximo 22 linhas, um Artigo
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de Opinião expondo seu posicionamento sobre a importância que expressões de racismo


têm para a linguagem. Assine seu texto como Estudante.

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