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PROPOSTA DE REDAÇÃO : O ANTIRRACISMO NA PRÁTICA: COMBATE A O RACISMO

LINGUÍSTICO

Textos motivadores
TEXTOI:

Lançado em 2019, o livro "Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo"


aborda como muitas expressões e palavras do dia a dia estão impregnadas de uma carga
semântica profundamente discriminatória
Como você se deu conta de que as palavras também podem ser ferramentas para a perpetuação do
racismo?

Trabalhamos muito com a ideia de que palavras são algo acabado. Mas a palavra ganha um sentido muito
provisório, sentidos emprestados a ela. O termo negrinho, na boca de uma pessoa negra ou em uma
situação de intimidade, pode não ser racista. Mas dito em espaços públicos é racista. Em cada contexto
esse termo vai criando correlações.

O verbo denegrir surgiu antes do [conceito de] negro. Os africanos passaram a ser chamados de negros
pelo sistema colonial moderno. Negro é uma palavra ocidental que começa a aparecer nos dicionários
franceses a partir do século 16. Denegrir é uma palavra racista ou não é? Denegrir surgiu antes do negro,
vem do latim e significa manchar. Não necessariamente escurecer, isso é importante. Mas essa palavra
acabou se tornando cada vez mais referente ao negro, em uma construção do século 18, na raiz de todo o
mal da ideologização do racismo. Há um conjunto de palavras que são, sim, racistas, porque passaram a
ser mais conhecidas nesse contexto, nesse período.
Há termos e expressões assim incorporadas ao dia a dia. Mesmo quando elas são utilizadas sem
consciência do significado racista, isso também é um ato de racismo?

Sim, racismo não é só o ato praticado conscientemente. Seria muito fácil, inclusive. Acho que justamente
a gente tem de focar… Não dá para pegar um fascista, um nazista e tentar colocar na cabeça dele que ele
está errado, nesse caso não dá para ter diálogo ou pedagogia. Mas para uma pessoa que reproduz certos
valores de maneira indireta, há [solução]. A gente precisa focar essas pessoas, mostrar que isso também é
racismo. Reproduzir esses discursos é a base do que constitui o hegemonismo, a supremacia do outro.
O racismo linguístico é tão grave como outras formas de racismo?

Tão grave e às vezes é o que mantém outras formas de racismo. O racismo cordial deriva do racismo
linguístico. Por exemplo, dizer “ah, você é uma negra bonita” cria a percepção da necessidade de um
adjetivo: “ela é negra, mas ela é bonita”. Esse marcador tem um papel, apoia-se na linguagem, no racismo
linguístico. Minha tese é que as línguas são a base do racismo. E o racismo linguístico é tão grave porque
ainda traz a percepção de que sua destruição não é grande “porque é só linguagem”.
TEXTO II :
TEXTO iiitexto
O que a lei brasileira prevê para o crime de racismo?
A lei brasileira diferenciava racismo e injúria racial e entendia o primeiro como crime
contra o coletivo e o segundo contra um indivíduo. Entretanto, no início de 2023,
a injúria racial passou a ser tipificada como racismo. A pena foi aumentada, passou
de um a três anos para dois a cinco anos.

A nova legislação, lei n° 14.532, de 11 de Janeiro de 2023, alterou a antiga lei de Crime
Racial e além de igualar injúria racial a racismo prever, também, suspensão de direito
em caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou
artística e pena para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por
funcionário público.

Ademais, o novo decreto acrescenta penalidade para os crimes que ocorrerem nos meios
de comunicação e redes sociais e em atividades religiosas, artísticas e culturais.

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