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1.Sem.

2024-Grad - Sociedade, Educação e Relações Étnico-


Raciais - Turma B

Apresentação
Bem vindos ao primeiro semestre de 2024!
Nossa disciplina será desenvolvida em tópicos, onde em cada um
deles estarei disponibilizando material que deve ser lido e estudado na
sequencia apresentada e de acordo com o que for indicado em sala de aula.

Conteúdos:
 Raça e construção social;
 Comunidades tradicionais no Brasil;
 Formação do Pensamento Negro;
 Legislação sobre a implementação da Lei 10.639 e 11.645 no
contexto escolar;
 Políticas de Ação Afirmativa

Uma Abordagem Conceitual das Noções de Raça, Racismo,


Identidade e Etnia
Prof. Dr. Kabengele Munanga (USP)

O conceito e a realidade do racismo, criados por volta de 1920, foi objeto de


diversas interpretações e definições ao longo do tempo. A falta de consenso na
atribuição de significados no uso cotidiano do termo dificulta a busca por
soluções contra o racismo.
Geralmente abordado a partir da raça, o racismo é visto como uma
ideologia que divide a humanidade em grupos raciais hierarquizados com base
em características físicas, testadas determinando qualidades psicológicas,
morais e intelectuais.
O racismo se fundamenta na associação entre características
biológicas e qualidades morais, psicológicas e culturais, resultando na
hierarquização das raças em superiores e inferiores.
A ideologia racista justifica comportamentos com base em diferenças
físicas percebidas, como exemplificada por Carl Von Linné no século XVIII ao
classificar a diversidade humana em quatro raças e sugerir uma escala de
valores hierárquicos.
Lineu classificou os diferentes povos com base em características
físicas e psicológicas, criando uma trajetória tendenciosa. No entanto, essa
ideia de associar o coração da pele com inteligência e cultura não tem base
científica e é prejudicial.
A concepção do racismo baseada na biologia começou a mudar nos
anos 70, com avanços na genética e na biologia molecular que desacreditaram
a idéia de raças biologicamente diferentes.
As formas de racismo evoluíram, atingindo grupos como mulheres,
jovens, homossexuais, pobres, burgueses, e militares, baseados em
características sociais em vez de biológicas.
O uso generalizado do termo "racismo" pode banalizar a gravidade dos
efeitos prejudiciais do racismo no mundo, levando a uma perda de consciência
sobre a discriminação e a injustiça social. Assim, é importante considerar a
complexidade e variedade do racismo presente na sociedade moderna para
combatê-lo eficazmente e promover a igualdade e o respeito entre todos os
grupos sociais.
Os negros são freqüentemente questionados sobre suas queixas em
relação ao racismo, pois muitos acreditam que não são as únicas vítimas.
O racismo se tornou tão banal que é usado para circunstâncias
diversas situações.
O apartheid na África do Sul, a partir de 1948, foi um marco importante
na implantação do foco central do racismo. Esse projeto foi baseado no
respeito às diferenças étnicas e culturais dos povos sul-africanos.
Na Europa Ocidental, a partir dos anos 80, o racismo se manifestou
contra imigrantes de países do Terceiro Mundo.
No final do século passado e início deste século, o racismo passou a
se basear mais na diferença étnica do que na raça biológica.
O estudo sobre o racismo hoje deve incluir a essencialização histórico-
cultural, além da essencialização somático-biológica. A dificuldade está em
eliminar as raças fictícias presentes em nossas representações coletivas.
Enquanto o racismo clássico se baseia na noção de raça, o racismo
contemporâneo se baseia na noção de etnia, considerada mais politicamente
correta.
Durante a Conferência de Berlim (1884-1885), os territórios das etnias
africanas foram desfeitos e redistribuídos entre as potências coloniais,
resultando em um mapa geopolítico completamente diferente do pré-colonial.
Os conceitos de raça e etnia são freqüentemente usados por
pesquisadores brasileiros que estudam relações raciais e interétnicas, sendo a
raça empregada para explicar o racismo baseado em minorias hierarquizadas
sobre as raças.
Ao substituir o conceito de raça pelo de etnia, algumas pessoas
buscam uma linguagem politicamente correta, porém a relação hierarquizada
entre culturas diferentes permanece, mantendo uma ideologia de dominação e
exclusão.
Os termos de etnia e identidade étnica são usados por racistas e anti-
racistas, mas é importante compreender a manipulação ideológica dos
conceitos de raça e etnia para evitar confusões, especialmente entre
pesquisadores iniciantes.
Os povos que formaram o Brasil foram uma mistura de diferentes
etnias, resultando em populações diversas que não devem ser mais
consideradas como raças, mas sim como silêncio devido às misturas culturais
e genéticas ao longo da história.
Esses povos têm origens variadas da Europa, África, Ásia, entre
outros, e encontraram mosaicos indígenas que formaram as tribos indígenas
atuais.
A etnia não é estática, mas tem uma história e evolução ao longo do
tempo. Uma ideologia racista associava os brancos ao poder, enquanto as
culturas negras resistiam à globalização. As identidades culturais são
processos em constante construção, e a diversidade cultural no Brasil mostra
que não há uma cultura branca ou negra única, mas sim diversas culturas
regionais. A introdução do multiculturalismo na educação cidade reflete a
pluralidade cultural do país.

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