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NICOLLAS SANTOS LIMA

HISTORIOGRAFIA E TEORIA DA ARTE:

ENSAIO SOBRE O TEXTO: EXISTE ARTE QUEER NO BRASIL?

São Paulo
2023

1
Introdução

O texto em questão irá dialogar com sobre a possibilidade de não haver uma
Arte Queer no Brasil, conversando com o ensaio de 1Glauco B. Ferreira com o
tema: Arte Queer No Brasil?

É antropólogo, pesquisador e professor na Faculdade de Ciências Sociais na Universidade Federal de


Goiás. Desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão em torno das seguintes temáticas: relações
de gênero e sexualidades, estudos feministas, teorias queer/cuír e pesquisas trans/travestis,
micropolíticas, subjetivação e movimentos sociais.

2
O Nascimento do Queer.

O termo Queer nasce nos estados unidos na década de 80. Ele foi
desenvolvido por alguns militantes e estudiosos da época, seu significado
traduzido para o português pode ser algo incomum, estranho, ridículo, ou
excêntrico. Com a ressignificação dada pela Comunidade LGBTQIA+, nasce o
questionig, que se refere aos corpos, que ao se entenderem em um sistema,
passam a se posicionar dentro de tal.

O autor exemplifica isso quando diz:

“Como categoria acusatória corrente em contextos


anglôfonos, se dirigia àqueles/as que de algum modo
resvalavam entre as dissidências em relação às normas
binárias de gênero, designando todos/as aquele/as
percebidos/as como ‘estranhos/as’ e ‘exóticos/as’ em
suas sexualidades. [...] Nessa lógica normativa e
binária, tudo o que é ambíguo ou que
momentaneamente foge desse dualismo poderia ser
assim incluído nesse espectro queer” (FERREIRA,
2016, p. 209)

Sendo um termo vindo dos Estados Unidos, os debates eram ligados não só a
Comunidade LGBT, mais também as comunidades negras , as classes
trabalhadoras, e as mulheres, onde se entendiam que eles lutavam pela
mesma coisa, a liberdade. E assim graças ao feminismo negro, nasce a Queer
Color Critique, que não acreditava em uma única teoria Queer, mais sim a
associação de tal a raça, classe, expressão de gênero, sexualidade,
capacidade, cultura e nacionalidade influenciam as experiências vividas dos
indivíduos e grupos que possuem uma ou mais dessas identidades.

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Mais e no Brasil?

E como podemos entender o Queer no Brasil?

Não é de hoje que os termos Norte Americanos estão presentes não só na arte,
como nas discussões de gênero no Brasil. E não necessário mente, o termo se
enquadra aqui, pois ainda temos uma divisão perceptível entre os grupos
LGBT, os grupos negros, e mulheres negras, e a classe trabalhadora. Além
disso temos nosso próprios termos, como o Não Binarismo, ou o termo Bicha,
muito popularizado nos estádios de futebol, e que hoje, pelo menos nós grupos
LGBT, não é tratado mais como ofensa, mais sim como forma normal, de
cumprimentar alguém, fazendo uma afronta clara, a grupos homofóbicos.
Sobre o termo Não Binário, Grunvald nós diz que :

“A não binariedade pode ser entendida como um


(des)fazer gênero para além da cartilha cis” (Dias &
Grunvald, 2016, s/p)

A arte Queer, que talvez não seja Queer.

Alguns artistas que entenderam essa necessidade de buscar pelo “queerness”


no Brasil e de expressões/gênero e sexualidade que sejam nossas e que
considerem etnicidade, raça e classe, hoje fazem muito sucesso como.

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Ferreira diz:

Existiria a possibilidade de pensar e analisar algo que pudesse


ser definido como uma arte queer em nosso país?
(FERREIRA, 2016, p. 217)

2
Rosa Luz diz que sim. Se auto identifica como “mina trans da quebrada,
travesti, mulher negra de pau e peito, pobre e periférica” cria a peça “ The
Silent Path” que agiu como componente de uma residência artística que seria
realizada na Inglaterra e para qual foi selecionada, Rosa incorpora
voluntariamente uma forma de “recusa comunicativa”, interiorizando-se em
certo “regime de silenciamento.”

Nessa peça a artista age a partir de seu próprio corpo


para remeter ao silenciamento, invisibilidade e
agressão associada às vivências de travestis no Brasil
(FERREIRA, 2016, p. 219)

Outra artistas que representa essa geração é 3Jota Mombaça, que se intitula
Bicha não binária , e dona de várias performáticas. Jota começou sua prática
em Natal (RN) ao entrar na faculdade em 2008, inicialmente relacionando a
escrita e a performance. Desde o início, suas criações buscava esse

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Mulher trans, negra, artista, rapper, youtuber, comunicadora, a pesquisa de Rosa Luz perpassa um
trabalho multimídia para a construção de novas narrativas e quebra de paradigmas hegemônicos.
3
Jota Mombaça, ou Monstra Errátik e Mc K-trina, é escritora e artista visual brasileira que trabalha em
torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos cuir, diáspora, violência .

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componente de crítico da realidade e “resgatando do poder narrativo sobre si
mesma”.

Por essas e por outras, ela participou da 34ª Bienal, ao desafiar “a branquitude
heterossexual cisgênero e masculina que se impõe como norma universal”.

Em 2021 cria Feitiço para Ser Invisível | “Spell to Become Invisible” que
segundo ela :”Um ritual voltado à elaboração das mortes produzidas pela
continuidade do genocídio e da necropolítica no Brasil”

Um fato lamentável ocorrido em 2017, foi a tentativa do Banco Santander em


promover o Queer Museu, que gera debates, e até ameaças, vindas do MBL,
fruto de um futuro que já refletia o governo Bolsonaro. A exposição ocorreu em
15 de agosto a 10 de setembro no Santander Cultural em Porto Alegre e contou
com 264 obras de 85 artistas que abordavam a temática LGBT, questões de
gênero e de diversidade sexual, e teve a Curadoria de Gaudêncio Fidelis.

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Conclusão

É o Inegociável que temos uma arte Queer no Brasil, entretanto não


necessariamente necessitamos do nome em questão , pois temos artista que
usam seus próprios termos, nomes, significados, pois Queer para alguns, nada
significa, e se entende que na própria comunidade, usar ou não usar esses
termos, gera um desgaste iminente, onde dá forças para os opositores se
revelarem, algo que desnutre os que ainda buscam seu espaço no mundo.

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Referências Bibliográficas

FERREIRA, Glauco B. Brasil. 2016. ‘Arte Queer’ no Brasil? Relações


raciais e não-binarismos de gênero e sexualidades em Expressões
artísticas em contextos sociais brasileiro.

AFRO, Projeto. Brasil. 2022. ROSA LUZ. Projeto Afro Disponível em:
https://projetoafro.com/artista/rosa-luz/

MAIA, Matheus; GUZZO, Lucas. 2019. LGBT e universidade: conheça a


história, ações e pesquisas da UFU. Comunica Ufu

Disponível em: https://comunica.ufu.br/noticia/2019/06/lgbt-e-


universidade-conheca-historia-acoes-e-pesquisas-da-ufu#:~:text=A
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