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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE ARTES, HUMANIDADES E CIÊNCIAS PROFESSOR MILTON SANTOS


BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM ARTES
LET E45 – Leitura e Produção de Textos em Língua Portuguesa / Prof. Jefferson F. V. dos Santos
ESTUDANTES: Selva Carvalho / Odséh Rosa
MATRÍCULAS: 222216031 / 222118206 DATA: 24/09/2023

RESUMO INFORMATIVO DO TEXTO “RACISMO E SEXISMO NA CULTURA


BRASILEIRA”, DE LÉLIA GONZALEZ

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: SILVA, L. A. et al. Revista
Ciências Sociais Hoje: Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos. N. 02.
Brasília: ANPOCS, 1983. pp. 223-244.

Resumo: Para que venhamos a assumir a nossa própria fala, a autora Lélia Gonzalez em seu
artigo científico Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira(1983) expõe através de duas
noções: consciência e memória, como o mito da democracia racial viria a atravessar a vida de
mulheres negras, domesticar a cultura brasileira através do ocultamento das marcas de cultura
africana, também se estruturar a ponto de passar despercebido no Brasil por décadas, inclusive
por cientistas sociais. No texto, a autora se utiliza de figuras de linguagens para expor de
maneira mais assídua suas ideias,trazendo outras perspectivas a serem abordadas, tentando
desenvolver temas como racismo, sexismo, e o “lugar” dos indivíduos como lado dominado
na primeira identificação. No decorrer da análise Lélia traz para jogo a indagação via
psicanálise, Freud e Lacan, vista como uma outra abordagem da linguagem, através do
método da Teoria da Alíngua (1976) de Miller onde “a análise desencadeia o que a lógica
doméstica”.

Na primeira parte, após a epígrafe, é exposto um objetivo central para o desenvolver das
idéias, a questão abordada por Gonzalez no início do texto diferencia duas figuras: dominador
e dominado, e a abordagem será questionar o porquê dessa identificação vir a ocorrer. Por
conseguinte, a visão abordada do racismo pela autora o põe como uma indicativa da “neurose
cultural brasileira”, que em conciliação com o sexismo vem a incidir em particular na mulher
negra. Nesse sentido, as noções abordadas, que se trata da mulata, mãe-preta e doméstica
referenciam e encaminham o discurso para uma nova perspectiva.

Na segunda parte do texto, Lélia Gonzalez aponta o Carnaval como um momento de


atualização do mito da democracia racial, pois é quando a mulher negra, vista cotidianamente
como empregada doméstica, assume o papel de rainha. Esse endeusamento carnavalesco,
vivenciado por muitas jovens negras como um conto de fadas, revela uma outra atribuição
desse mesmo sujeito, a mulata. A aproximação entre esses termos, doméstica e mulata, é
evidenciada na figura da mucama, como ressaltado por Hahner e Saffioti. A própria palavra
mucama, em sua origem na língua quimbunda, carrega a noção de concubinagem. Noção esta
que precisava ser ocultada, recalcada, colocada entre parênteses no dicionário, mas, que
durante o carnaval, se expressa na figura da mulata. Por outro lado, a mulher negra é
cotidianamente vista como doméstica, sendo-lhe oferecida a entrada de serviço, ainda que
exerça outra profissão.
Na parte “Muita Milonga prá uma Mironga só”, Gonzalez irá tratar da resistência do europeu,
do branco, do dominador ao avanço da africanização da cultura brasileira, mas não das marcas
linguísticas que vem para dizer mais do que sabe, essas que não somente surgem durante o
carnaval. Para tal, “quem?” será o x, ou melhor,um (S,) desse empate, a busca para um
significante paterno indicará a ausência que veio para promover a castração. Isso irá promover
a inauguração da ordem significante de nossa cultura, nesse sentido o eleito será o significante
negro. Não somente, o aparecimento deste significante negro será recorrente, o que irá
esclarecer as ofensas e ataques contra o negro, que vem funcionar como modo de castração,
ocultação e evitam a reinvidicação do racismo próprio, que hoje vem se tratar do racismo
estrutural “o preconceito de não ter preconceito”, ao mesmo tempo que se acha natural a
realidade desigual.

O pretuguês, a língua falada que carrega as marcas de um idioma africano e está cheia de
memória, porém o que será escolhido para o “display” será a simbologia que vem a esconder
o que aponta para a verdade histórica, a terminar de culminar para o mito da democracia
racial. Uma história que na verdade comprova que o significante-mestre na verdade foi
escravo.

Palavras-chave: Cultura brasileira. Racismo. Sexismo. Mulher negra. Mito da democracia


racial. neurose cultura brasileira.

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