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GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: SILVA, L. A. et al. Revista
Ciências Sociais Hoje: Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos. N. 02.
Brasília: ANPOCS, 1983. pp. 223-244.
Resumo: Para que venhamos a assumir a nossa própria fala, a autora Lélia Gonzalez em seu
artigo científico Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira(1983) expõe através de duas
noções: consciência e memória, como o mito da democracia racial viria a atravessar a vida de
mulheres negras, domesticar a cultura brasileira através do ocultamento das marcas de cultura
africana, também se estruturar a ponto de passar despercebido no Brasil por décadas, inclusive
por cientistas sociais. No texto, a autora se utiliza de figuras de linguagens para expor de
maneira mais assídua suas ideias,trazendo outras perspectivas a serem abordadas, tentando
desenvolver temas como racismo, sexismo, e o “lugar” dos indivíduos como lado dominado
na primeira identificação. No decorrer da análise Lélia traz para jogo a indagação via
psicanálise, Freud e Lacan, vista como uma outra abordagem da linguagem, através do
método da Teoria da Alíngua (1976) de Miller onde “a análise desencadeia o que a lógica
doméstica”.
Na primeira parte, após a epígrafe, é exposto um objetivo central para o desenvolver das
idéias, a questão abordada por Gonzalez no início do texto diferencia duas figuras: dominador
e dominado, e a abordagem será questionar o porquê dessa identificação vir a ocorrer. Por
conseguinte, a visão abordada do racismo pela autora o põe como uma indicativa da “neurose
cultural brasileira”, que em conciliação com o sexismo vem a incidir em particular na mulher
negra. Nesse sentido, as noções abordadas, que se trata da mulata, mãe-preta e doméstica
referenciam e encaminham o discurso para uma nova perspectiva.
O pretuguês, a língua falada que carrega as marcas de um idioma africano e está cheia de
memória, porém o que será escolhido para o “display” será a simbologia que vem a esconder
o que aponta para a verdade histórica, a terminar de culminar para o mito da democracia
racial. Uma história que na verdade comprova que o significante-mestre na verdade foi
escravo.