O documento resume um texto sobre a emergência de expressões artísticas queer no Brasil como forma de resistência às normas de gênero e sexualidade. Discute como a arte quebra a ideia de identidades fixas e permite novas formas de ser. Também aborda como a arte combate o estigma em torno do HIV, mostrando que a doença não define quem a tem.
Descrição original:
estudo das culturas
Título original
Arte Como Discurso de Resistência No Combate à Aidsfobia
O documento resume um texto sobre a emergência de expressões artísticas queer no Brasil como forma de resistência às normas de gênero e sexualidade. Discute como a arte quebra a ideia de identidades fixas e permite novas formas de ser. Também aborda como a arte combate o estigma em torno do HIV, mostrando que a doença não define quem a tem.
O documento resume um texto sobre a emergência de expressões artísticas queer no Brasil como forma de resistência às normas de gênero e sexualidade. Discute como a arte quebra a ideia de identidades fixas e permite novas formas de ser. Também aborda como a arte combate o estigma em torno do HIV, mostrando que a doença não define quem a tem.
Docente: Claudenilson Dias Disciplina: Estudo das Culturas (HACA36)
Arte como discurso de resistência no campo das dissidências sexuais e
de gênero O texto “A emergência dos artivismos das dissidências sexuais e de gêneros no Brasil da atualidade”, do professor Leandro Colling, traz uma temática voltada ao boom das expressões queer no meio artístico, e mostra a importância da problemática ser tratada em lugares de grande visibilidade. Utilizando o método genealógico de Foucault como sustentáculo, o autor busca encontrar as raízes da explicação e o motivo dessa nova urgência no meio público. Todo esse processo é baseado em perguntas que o autor responde ao longo do texto – “Em termos foucaultianos, quais as condições de emergência desse boom artivista das dissidências sexuais e de gênero no Brasil da atualidade? Como explicar que em poucos anos tenhamos tantas coisas sensacionais acontecendo nas artes e em suas interfaces com gêneros e sexualidades?” – no intuito de construir uma linearidade, a qual já é quebrada com o embasamento foucautiano, que rompe com a ideia de origem, retratando que as coisas não se repousavam em perfeição, e por isso é difícil achar um início delineado.
Posteriormente, o autor retrata o quão excludente e aprisionador é a
binaridade de gênero e a redução do ser uma única identidade, o que reduz seus potenciais criativos com a ausência de multiplicidade. Sob esse viés, Stuart Hall concebe que o ser humano contemporâneo não pode mais ser datado com uma identidade apenas, a realidade binária é fugaz às diversas possibilidades de “ser alguém”, que são mutáveis e diversas durante a vida. Percebe-se que essa relação binarizada e heteronormativa, é enraizada nas estruturas sociais e em todas as relações e expressões de poder, que norteiam ordenamento social. Com a leitura do texto, é possível relacionar com o ensaio freudiano, nomeado de “O mal-estar na civilização”, que evidencia como se desenvolve a construção do medo, e como a culpa gerada pela religião cristã infla esse medo e o torna superdimensionado. Essa conjuntura social ainda é muito atual, no entanto, o enfraquecimento da igreja como um instrumento de poder, juntamente com os movimentos e organização dos grupos LGBTQIA+, possibilitaram a ocupação de ambientes hegemônicos, que antes eram inimagináveis, e a classificação das manifestações artísticas queer como uma arte democrática, horizontal e de larga escala de produção.
Perceber esses processos de dissidências com a heteronormatividade,
provoca em mim o sentimento de esperança, mesmo vivendo no país que mais mata pessoas LGBTQIA+, de que essa realidade será controvertida, e que teremos cada vez números mais significativos de expressões artísticas, mas também a intelectual - Rita Von Hunty – a expressão política, - Erika Hilton - e em todos os ambientes, nas ruas, nos canais fechados e abertos, nos streamings, junto as frentes de poder e de influência no país. Arte como discurso de resistência no combate à aidsfobia
A temática, baseada na leitura do texto “O núcleo macio da aids”, escrito
por Nathan Fernandes, foi trazida para o ambiente da sala de aula através de uma dinâmica, que se formavam duplas, um vendado e outro não, no intuito de que quem estivesse enxergando guiasse quem não estava. A partir disso, tiveram muitos feedbacks sobre as relações de confiança estabelecidas, se houve um cuidado ou não da parte que usufruía da visão e a sensação de vulnerabilidade da parte qual não a tinha.
O texto, por si só, tem como escopo evidenciar distintas maneiras de
como a arte é um importante viés para romper com a estigmatização e a visão preconceituosa com que se enxergam as pessoas que vivem com o vírus. “A arte me fez enxergar que não dá pra fingir que o hiv não existe, isso atravessa meu corpo o tempo inteiro”, essa afirmativa demonstra como a relação com a arte pode transformar e melhorar a aceitação tanto das pessoas que vivem com o hiv, tanto das pessoas que não vivem com o vírus a entenderem que ele não a define. Na aula, foi retratado por um colega o termo “aidético”, termo esse que entrou em desuso justamente por reduzir a pessoa à doença, tornar a doença algo maior do que quem a tem. É abordado também no texto, e pode se considerar uma outra interpretação da dinâmica em sala, sobre o “medo cego”, algo tão forte que faz com que as pessoas não acompanhem a realidade, e são levadas por um apelo midiático, religioso, que escandaliza e repudia a doença, mas não se preocupa em educar e informar sobre os cuidados e a prevenção, muito menos no acolhimento das pessoas diagnosticadas.
Pensando sobre o viés religioso, que ainda possui um discurso
imponente e poderoso no meio social, tratamos em sala do termo promiscuidade. Segundo a bíblia, a promiscuidade é um sintoma que a pessoa está longe de Deus, e para vencer isso urge de obediência e arrependimento. O discurso cristão endossa os pensamentos homofóbicos, principalmente voltados ao homem gay, em definir que os mesmos são alvos do vírus, o que engana e expõe a população a mais riscos. Quando mais nova, ainda fazia parte da religião católica, via sempre o assunto promiscuidade ser tratado como um pecado e o hiv ser uma espécie de castigo para aqueles que eram promíscuos, nesse discurso encontrei um dos principais motivos para romper com a religião.
Após a leitura do artigo, ficou claro para mim o conceito de “dissidências”
e “artivismos”, apresentado pelo texto do professor Leandro Colling estudado em outras discussões em sala, uma vez que esses dois termos traduzem de forma clara a necessidade de ativismo na área, sendo a arte o principal sustentáculo para isso. Além disso, é de suma importância dissidir com os estigmas sobre a doença e sobre quem a possui, justamente usufruindo destes artivismos para alcançar os melhores resultados. Referências bibliográficas
COLLING, L. A emergência dos artivismos das dissidências sexuais e de
gêneros no Brasil da atualidade. Sala Preta, v. 18, n. 1, p. 152-167, 30 jun. 2018.
FERNANDES, Nathan. "O núcleo macio da aids". Revista Trip, versão online, 19 de julho de 2019.
FREUD, Sigmund. (1930 [1929]) O mal-estar na civilização. Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Hall, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz
Tadeu da Silva,. Guaracira Lopes Louro-11. ed. -Rio de Janeiro.