Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2018
ii
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
__________________________________
Fábio Barbosa Laureano Luiz
Av. Santos Dumont, 1430. Apt 12, Bloco A - Aldeota
CEP: 60150-161, Fortaleza - CE
iii
BRASILEIRO – SISCEAB
ITA
iv
Agradecimentos
Ao Pai celestial pela saúde, pelo intelecto e por me dotar de forças para que pudesse
conduzir esta nobre empreitada do Mestrado Profissional.
Ao meu querido pai, Sr Joaquim Laureano, “in memoriam”, pelos valores e pelos
bons exemplos que me passou e a minha querida mãe, Sra Joselia Laureano, pela dedicação e
abnegação aos filhos, da qual sou muitíssimo grato por tudo que fez e tem feito por mim.
Aos meus amados filhos, Giovana, João Pedro e Sofia pelo entendimento e
compreensão das minhas ausências, devido aos estudos e as leituras até tarde da noite, as
aulas nos finais de semana, que em alguns momentos, tomaram parte de meu tempo com as
suas preciosas companhias. Entretanto, estas condutas foram por motivos altruístas, de
crescimento profissional e para servir de referência para vocês no futuro.
À jovem Jakelly Bittencourt agradeço-lhe de coração pelo companheirismo, por ter
me ajudado nas tarefas de cuidar da casa e, por muitas vezes, de cuidar dos meus filhos e,
também, por ter cuidado de mim. Contribuindo, dessa forma, para o meu sucesso nesta pós-
graduação.
À Orientadora, Dra Sarah Carneiro, pela luz que clareou o meu caminho na trajetória
da dissertação, pela paciência em ler e apontar melhorias neste trabalho que, a cada dia foi
crescendo dada a relevância do tema e a necessidade de estudos nesta área de interesse.
Ao Coorientador e amigo, desde os tempos de adolescência no Curso Tamandaré
Bangu-RJ, Prof. e M.e Gilvan Silva, pela orientação e reencontro após mais de vinte anos, a
qual este Mestrado proporcionou reafirmar nossa amizade.
Ao Ten Cel Av R1 Rubens P. Silva por ter me apresentado o MP-Safety em janeiro de
2016, bem como pela amizade e consideração de longa data, desde quando laboramos juntos
na antiga AEV (atual IPEV), do Instituto de Aeronáutica e Espaço, entre 2000 a 2005, em São
José dos Campos-SP.
Ao Prof. Dr. Donizeti de Andrade pelo empenho em abrir as portas do ITA, na cidade
de Fortaleza-CE, com extrema dedicação e esmero, levando oportunidades profissionais na
área da aviação, conhecimento e, acima de tudo, dividindo o legado do Marechal-do-Ar
Casemiro Montenegro com os cidadãos Fortalezenses.
Ao Prof. Dr. João César pela abnegação, vibração contagiante e entusiasmo,
características estas, sempre presentes, durante o acompanhamento e contínua orientação aos
mestrando do MP-Safety, T.1, FZ-CE, sendo o elo entre a UFC e o ITA.
vi
Às Sras Aline Machado e Tânia Rennó pelo trabalho silente nos bastidores do MP-
Safety, no apoio e na execução das diversas atividades administrativas, que demandam os
mestrandos do ITA, na UFC.
Ao “Chiquinho” pelo apoio que costuma prestar aos alunos do MP-Safety na UFC,
trazendo facilidades e colaborando com o processo de formação dos mestrandos.
Aos renomados Professores do ITA e da UFC que contribuíram para agregar
conhecimentos, valores, patriotismo, tendo em vista o destaque no cenário internacional que o
Brasil possui quando se trata de Engenharia Aeronáutica.
Aos membros da Banca Examinadora pelas oportunas e necessárias orientações, em
especial, ao Prof Dr Walberto e ao Prof Dr Leandro.
Ao Sr Adriano Marco Segatto do Nascimento, Suboficial Controlador de Tráfego
Aéreo, Adjunto do Chefe do APP-CT, do DTCEA-CT, Destacamento subordinado ao
CINDACTA II, pela valorosa contribuição na realização da tradução-reversa de itens do
instrumento MCAS.
Ao Governo do Ceará e à Prefeitura de Fortaleza-CE que, juntamente com a
Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior no Ceará (SECITECE) viabilizou o
Mestrado em Segurança da Aviação e Aeronavegabilidade Continuada na UFC, em parceira
com o ITA.
Aos Magníficos Reitores do ITA e da UFC por viabilizarem tão esplêndida
oportunidade de pós-graduação em terras alencarinas, em terras do Marechal Montenegro.
vii
"Se uma organização acredita que alcançou o estado pleno de segurança, principalmente, no
sistema de transporte aéreo, provavelmente, não alcançou!
A cultura de segurança é um estado de graça, produto de esforço contínuo.
Não há vitória final na luta pela segurança, mas uma condição de alerta permanente”.
(Adaptado de James Reason, 2000)
viii
Resumo
Este trabalho visa adaptar a ferramenta MCAS – Maintenance Climate Assessment Survey –
utilizada para percepção de clima de manutenção na Aviação Naval da Marinha dos EUA e,
principalmente, validá-la para coleta de dados dos fatores humanos que afetam a atividade
desenvolvida pelos técnicos do SISCEAB – Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro
–, que realizam a manutenção dos equipamentos e/ou sistemas da estrutura CNS/ATM
instalada no território nacional, com considerações sobre as novas tecnologias advindas do
Programa SIRIUS e sobre a concepção estratégica da Força Aérea 100. Através da revisão de
literatura emitida pelos principais organismos relacionados à aviação civil, como a ICAO, o
DECEA, a EASA e a FAA, em contraponto, com trabalhos científicos produzidos pela Naval
Postgraduate School, NASA, National Research Council, ITA e CENIPA, estabeleceu-se
relacões com as atividades das equipes de manutenção dos sistemas CNS/ATM, a fim de
investigar os principais aspectos dos fatores humanos que possam afetar a performance do
“pessoal de manutenção” do SISCEAB, bem como apresentar o que já é aplicado ao
equivalente dos técnicos brasileiros, como: os ATSS - Airway Transportation System
Specialist - que atuam na FAA e vivenciam o NextGen (equivalente do SIRIUS) e os ATSEP -
Air Traffic Safety Electronics Personnel - que atuam na EASA e vivenciam o SESAR
(equivalente ao SIRIUS e ao NextGen). Neste sentido, o MCAS nesta dissertação é um
instrumento para obtenção de dados psicométricos sobre a percepção daqueles que atuam na
instalação, manutenção e reparo dos equipamentos e sistemas do Controle do Espaço Aéreo,
com viés em aspectos dos fatores humanos, de modo que seja possível revelar eventuais
falhas latentes na estrutura organizacional, principalmente, as relacionadas à carga de
trabalho, em consonância com o HFACS, HFACS-ME, SHELL e o modelo Reason.
ix
Abstract
This work aims to adapt the MCAS tool used for maintenance climate perception in the US
Navy and Marine Naval Aviation and, mainly, to validate it for data collection of the human
factors that affect the activity developed by SISCEAB technicians - Brazilian Airspace
Control System - which carry out the maintenance of equipment and / or systems of the CNS /
ATM structure installed in the national territory, with considerations on the new technologies
coming from the SIRIUS Program and on the strategic design of the Air Force 100.
Through a literature review issued by major civil aviation organizations such as ICAO,
DECEA, EASA and FAA, in counterpoint with scientific papers produced by the Naval
Postgraduate School, NASA, National Research Council, ITA and CENIPA, in order to
investigate the main aspects of human factors that may affect the performance of SISCEAB
"maintenance personnel", as well as to present what is already applied to the equivalent of
ATSS - Airway Transportation System Specialist - who work in the FAA and experience the
NextGen (equivalent of SIRIUS) and the ATSEP - Air Traffic Safety Electronics Personnel -
who work in EASA and experience SESAR (equivalent to SIRIUS and NextGen).
In this sense, the MCAS in this dissertation is an instrument to obtain psychometric data on
the perception of those who work in the installation, maintenance and repair of airspace
control equipment and systems, with a bias in aspects of human factors, so that it is possible
reveal latent flaws in the organizational structure, especially those related to workload, in line
with HFACS, HFACS-ME, SHELL and the Reason model.
x
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Sumário
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15
1.1 Motivação e Contextualização........................................................................................15
1.2 Profissionais que atuam na manutenção do CNS/ATM...............................................17
1.3 Problemática.....................................................................................................................18
1.4 Objetivo.............................................................................................................................20
1.4.1 Objetivo Geral.............................................................................................................20
1.4.2 Objetivos Específicos..................................................................................................20
1.5 Justificativa.......................................................................................................................21
1.6 Recursos e Métodos..........................................................................................................22
1.6.1 Elaboração do Instrumento.........................................................................................24
1.6.2 Aplicação do Instrumento...........................................................................................24
1.7 Delimitação da Pesquisa..................................................................................................26
1.8 Estrutura da Dissertação.................................................................................................26
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................27
2.1 Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro - SISCEAB......................................27
2.2 Força Aérea 100................................................................................................................28
2.3 Programa SIRIUS e o pessoal de manutenção..............................................................28
2.4 Safety Management System – Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional
...................................................................................................................................................31
2.5 Estudos que Abordam Fatores Humanos......................................................................31
2.5.1 SHELL........................................................................................................................32
2.5.2 HFACS........................................................................................................................32
2.5.3 HFACS-ME.................................................................................................................34
2.5.4 Fatores Humanos Aplicados aos ATSEP.....................................................................34
2.5.5 Carga de Trabalho.......................................................................................................35
2.6 Maintenance Climate Assessment Survey - MCAS......................................................36
2.6.1 MCAS com enfoque na manutenção do SISCEAB....................................................38
2.7 Exemplos de Acidentes Aeronáuticos e Falhas Relacionadas ao CNS/ATM..............38
3 METODOLOGIA................................................................................................................42
3.1 Elaboração do Instrumento.............................................................................................42
3.2 Validação do Instrumento...............................................................................................44
xiv
3.3 Aplicação...........................................................................................................................47
3.4 Tratamento Estatístico dos dados obtidos do MCAS....................................................48
4 RESULTADOS.....................................................................................................................51
4.1 Da Tradução Reversa.......................................................................................................51
4.2 Da Validação de Conteúdo..............................................................................................51
4.3 Do questionário MCAS aplicados aos técnicos do SISCEAB......................................54
4.3.1 MCAS – Aspectos Demográficos...............................................................................55
4.3.2 MCAS – Percepção dos Técnicos do SISCEAB.........................................................58
4.3.3 Procedimentos Estatísticos Aplicados aos Resultados do MCAS..............................66
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................70
5.1 Validação do MCAS.........................................................................................................70
5.2 Dados obtidos com o MCAS............................................................................................71
6 CONCLUSÕES....................................................................................................................78
6.1 Limitações do Trabalho...................................................................................................79
6.2 Proposta para Desenvolvimentos Futuros.....................................................................80
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................81
APÊNDICE A.........................................................................................................................86
A.1 Listagem dos DTCEA.....................................................................................................86
APÊNDICE B.........................................................................................................................88
B.1 MCAS aplicado aos técnicos do SISCEAB...................................................................88
APÊNDICE C.........................................................................................................................94
C.1 Análise de Juízes - Validação de Conteúdo...................................................................94
C.2 Questionário de Aprovação do Instrumento do MCAS aplicado ao pessoal de
manutenção do SISCEAB......................................................................................................97
APÊNDICE D.........................................................................................................................98
D.1 MCAS original e versão traduzida................................................................................98
APÊNDICE E.......................................................................................................................101
E.1 Itens do MCAS - back-translation...............................................................................101
ANEXO A..............................................................................................................................102
A.1 Fatores Humanos - Doc 7192 AN/857..........................................................................102
15
1 Introdução
1.1 Motivação e Contextualização
do Espaço Aéreo Brasileiro) que, conforme definição da ICAO (2016), são denominados
como ATSEP.
As atividades desenvolvidas no âmbito do SISCEAB são aquelas realizadas em prol
do gerenciamento e do controle do espaço aéreo, de forma integrada, civil e militar, com
vistas à vigilância, à segurança e à defesa do espaço aéreo sob a jurisdição do Estado
Brasileiro (BRASIL, 2010).
De acordo com o Decreto nº 6834, de 30 de abril de 2009, o órgão central do
SISCEAB é o DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro – que, por sua
vez, é uma instituição subordinada à Força Aérea Brasileira (BRASIL, 2009).
Segundo a ICAO (2016), os ATSEP são os profissionais, que os Estados Membros
devem assegurar que estejam qualificados e competentes para instalar e manter, com
desempenho e resiliência ótimas, os sistemas CNS/ATM globalmente interconectados e
complexos.
A ICAO implementou o conceito CNS (Communications, Navigation, Surveillance) e
o definiu como sistemas de comunicação, navegação e vigilância, que utilizam tecnologias
digitais, incluindo sistemas de satélites, em conjunto com vários níveis de automação,
aplicados ao suporte de um sistema global de gerenciamento de tráfego aéreo (ICAO, 2002)
(TEIXEIRA, 2018).
O que é realizado pelo pessoal de manutenção do SISCEAB, ocorre de forma similar
pelo pessoal de manutenção da FAA (Federal Aviation Administration), uma vez que os
profissionais que atuam na manutenção do NAS (National Airspace System) possuem as
seguintes atribuições: “instalar, avaliar, manter, modificar e certificar instalações, sistemas,
serviços e equipamentos que suportem o National Airspace System” e, por lá, são
denominados ATSS (Airways Transportation System Specialist) (UNITED STATES, 2018).
Vale ressaltar que, em janeiro de 2012, o Congresso dos Estados Unidos da América
determinou que a FAA solicitasse ao NRC (National Research Council) que revisasse um
modelo de pessoal para os ATSS.
Nesta atividade, foi produzido um relatório que revê várias abordagens para o
estabelecimento de níveis de pessoal e as variáveis que devem ser incorporadas ao
desenvolvimento de um modelo para auxiliar o gerenciamento da FAA, para definir
corretamente níveis de pessoal e alocação do número certo de funcionários, pessoal técnico,
para manter o NAS com segurança e eficiência (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2013).
Entretanto, nesta dissertação serão empregados os estudos realizados sobre a
ferramenta MCAS (Maintenance Climate Assessment Survey) para coleta de dados de
17
percepção de clima de manutenção, iniciado por Baker (1998), e, também, utilizados por
Stanley (2000), Hernandez (2001), Brittingham (2006) e Robinson (2014).
O MCAS nesta dissertação foi adaptado ao pessoal de manutenção do SISCEAB,
como instrumento para obtenção de informações sobre a percepção daqueles que atuam na
instalação, manutenção e conserto dos equipamentos e sistemas do Controle do Espaço Aéreo,
com viés em aspectos dos fatores humanos, de modo que seja possível revelar eventuais
falhas latentes na estrutura organizacional, principalmente, as relacionadas à carga de
trabalho.
No Brasil, de acordo com a DCA 66-3 (2017), os técnicos responsáveis por executar a
manutenção de equipamento ou sistema do SISCEAB, deverão ser devidamente habilitados
para tal, conforme as orientações da instrução normativa específica emitida pelo DECEA
(BRASIL, 2017).
Nos EUA, estes técnicos são conhecidos como ATSS e seguem as normatizações da
FAA (UNITED STATES, 2018). E, ainda, de acordo com a ICAO estes profissionais podem
ser denominados ATSEP (ICAO, 2016), cujas áreas de atuação no CNS/ATM estão
distribuídas da seguinte forma, conforme Tabela 1.1.
Pessoal de Manutenção do
ATSS ATSEP
SISCEAB
Radar Radar Surveillance
Auxílios à Navegação Aérea
Navigational aids Navigation
Auxílios Meteorológicos
Telecomunicações Communications Communication
Automação dos serviços de
tráfego Aéreo e informática Automation Data Processing
operacional
Energia
Environmental Power Supply
Climatização
18
1.3 Problemática
A ICAO (2011), através do Doc 7192 AN/857, trata sobre o programa de treinamento
dos ATSEP. No referido documento são abordados os fatores humanos que envolvem o
pessoal de manutenção da infraestrutura de navegação aérea e do suporte aos serviços de
tráfego aéreo.
O impacto à segurança da aviação, segundo a ICAO (2011), relaciona-se à eficiência e
à segurança na execução dos serviços inerentes às atividades realizadas pelos ATSEP, ou seja,
a manutenção dos equipamento/sistemas que compõem a estrutura CNS/ATM, a fim de
assegurar a disponibilidade e a confiabilidade desta infraestrutura para atendimento ao sistema
de transporte aéreo, em todas as fases do voo.
Importante contribuição foi apresentada pelo “National Research Council”, no ano de
2012, em virtude do levantamento dos fatores humanos associados aos Profissionais ATSS,
como:
i) habilitação dos profissionais ATSS para o exercício de suas funções técnicas e carga
de trabalho;
ii) necessidade de deslocamentos para realização de manutenção em locais distantes da
sede de operação dos ATSS;
iii) manutenção de equipamentos em locais perigosos ou com condições climáticas
severas;
iv) tempo dedicado às atividades militares, com a família e com tratamentos médicos;
19
1.4 Objetivo
1.4.1 Objetivo Geral
(i) Validar a adaptação da ferramenta MCAS para observação dos fatores humanos,
conforme preconiza o Doc 7192 AN/857, que impactam no desempenho das atividades
CNS/ATM desenvolvidas pelo pessoal de manutenção;
(ii) Observar se a carga de trabalho, de fato, tem efeito na eficiência dos serviços de
manutenção realizados pelos técnicos do SISCEAB;
1.5 Justificativa
Ribeiro (2009) ao tratar sobre fatores humanos diz que desde 1981, os focos de
atenção dos estudos foram os profissionais que atuavam no sistema de aviação, tais como:
tripulantes de voo (pilotos, engenheiros de voo e comissários), controladores de tráfego aéreo
e pessoal de manutenção (RIBEIRO, 2009).
Eissfeld e Gayraud (2015) realizaram estudos sobre os principais aspectos
relacionados aos fatores humanos nas atividades dos pilotos e dos controladores de tráfego
aéreo que atuam no sistema ATM europeu utilizando o “Fleishman Job Analysis Survey (F-
JAS)”. O referido estudo ocorreu em quatro companhias aéreas e cinco provedores de serviço
de navegação aérea, nas regiões Norte, Centro e Sul da Europa. Com a participação de 110
pilotos, 227 controladores de tráfego aéreo, no entanto, não contou com técnico de
manutenção ou ATSEP (EISSFELD; GAYRAUD, 2015).
Oliveira (2007), em seus estudos, mencionou evento, atualmente superado, ocorrido
no Brasil, no ano de 2006. Segundo Oliveira, a situação de caos instalada com a conhecida
crise do “Apagão Aéreo”, iniciada após 29 de setembro de 2006, data do trágico acidente
entre os voos de prefixos GOL1907 e N600XL, mostrou claramente que a carga de trabalho
do controlador de tráfego aéreo também constitui um fator de extrema importância no
gerenciamento do espaço aéreo.
Schwarz, Kallus e Gaisbachgrabner (2016) em trabalhos realizados com 155 (cento e
cinquenta e cinco) controladores de tráfego aéreo, 75 (setenta e cinco) ATSEP e 45 (quarenta e
cinco) meteorologistas utilizaram três questionários, a saber: o primeiro foi o I-BORA
(Inventory to Assess Behavior Toward Organizational Resilience in ATM) ou inventário para
avaliar o comportamento em relação à resiliência organizacional no ATM, o segundo foi o
SCDQ (Safety Culture Development Questionnaire) ou o questionário de desenvolvimento da
cultura de segurança (SCDQ) e o último foi o RESTQ (Recovery-Stress Questionnaire) ou
questionário de estresse de recuperação. Os três questionários foram aplicados aos
22
planos, crenças, bem como origem social, educacional e financeira” (GUNTHER, 2003, apud
FINK; KOSECOFF, 1985, p.13).
Segundo Borges, Balbinotti e Teodoro (2010) uma adaptação bem feita pode diminuir
os vieses da cultura da qual o instrumento original provém. Neste processo, será aplicada a
técnica de tradução reversa (back-translation), validação de conteúdo (BORGES;
BALBINOTTI; TEODORO, 2010) e procedimentos estatísticos para inferências.
Do questionário MCAS original, utilizado por Robinson (2014), foram aproveitados
10 (dez) questões, de forma que seus constructos se associam aos fatores humanos que afetam
os ATSEP – o equivalente do pessoal de manutenção do SISCEAB – de acordo com o Doc
7192 AN/857, da ICAO de 2011.
As questões escolhidas foram submetidas às técnicas de tradução reversa e aos
procedimentos de validação de conteúdo. As demais questões do instrumento MCAS não
foram aproveitadas por serem muito peculiares e intrínsecas às atividades desenvolvidas na
aviação naval americana.
Dessa forma, foram elaborados novos itens para o instrumento com vistas a serem
aplicados ao pessoal de manutenção do SISCEAB, que atuam nos 76 (setenta e seis) DTCEA
e 1 (um) DTS, conforme disposto no Apêndice A.
Neste processo, foram elaborados 31 (trinta e um) itens do questionário, que também
foram correlacionados com os fatores humanos associados ao pessoal de manutenção do
SISCEAB (ou ATSEP), de acordo com o Doc 7192 AN/857.
Desta maneira, 41 (quarenta e uma) questões tratam exclusivamente da percepção do
clima de manutenção, para que de acordo com Günther (2003) o levantamento de dados por
amostragem, ou survey, assegure melhor representatividade da população de técnicos
mantenedores do SISCEAB.
Tal medida foi feita, seguindo recomendações de Brittingham (2006), que em seus
estudos, comentou a necessidade de inclusão no MCAS de formulações de ordem
psicométricas, bem como de Stanley (2000), que afirma que o MCAS pode ser modificado
para avaliar clima de manutenção em outras atividades militares, ajustando os itens para
adequar-se a essas atividades específicas.
Por fim, como um dos principais recursos e métodos para inferência, dos resultados do
MCAS, o emprego de procedimentos estatísticos para cálculo amostral, considerando a
estimativa da população de técnicos que atuam nos DTCEAs, cálculo do coeficiente alfa (α)
de Cronbach para verificação da confiabilidade do instrumento MCAS e realização de testes
de hipóteses, com o auxílio do software Microsoft Excel 2016 e o software R, versão 3.5.1.
24
Critérios * Situação
Bases conceituais Fatores Humanos contidos no Cáp. 14 do Doc 7192 AN/857 aplicáveis
e populacionais aos ATSEP (ou pessoal de manutenção do SISCEAB)
Técnicos do SISCEAB que atuam nos 76 DTCEA e 1 DTS disposto no
Contexto social
território brasileiro
Estrutura Lógica 41 questões de percepção e 14 questões demográficas
Elementos do Questões fechadas, Traduação reversa**, uso da Escala Likert, validação
Instrumento de conteúdo e questionário piloto com avaliação de juízes**
Forma de E-mail e contato telefônico para apresentação e, essencialmente,
Aplicação aplicação através do googleforms
* Critérios estabelecido por Günther (2003); e
** Estabelecido por Borges, Balbinotti e Teodoro (2010).
O MCAS será aplicado aos técnicos que atuam nos Destacamentos do SISCEAB
distribuído no território nacional, locais onde são exercidas as manutenções preventivas,
corretivas planejadas/não planejadas, preditivas e detectivas dos equipamentos e/ou sistemas
CNS/ATM, em consonância com a DCA 66-3 (2017).
Dessa forma, outras organizações do SISCEAB como os CINDACTAs (Centro
Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), SRPV (Serviço Regional de
Proteção ao Voo), Parques de Manutenções, GCC (Grupos de Comunicações e Controle) não
serão contemplados neste trabalho.
Segundo Robinson (2014), o clima de segurança de uma organização é considerado
uma manifestação mais visível da cultura em um determinado momento no tempo. Logo, com
o emprego do MCAS é possível medir o clima de segurança da organização em um ponto
específico no tempo, através do uso de questionários (ROBINSON, 2014, apud O’CONNOR
et al, 2011b).
Dessa forma, neste Capítulo inicial buscou-se apresentar uma introdução ao assunto
estudado e a sua importância para o sistema de transporte aéreo, tendo em vista que
manutenção de equipamentos e sistemas CNS/ATM do SISCEAB impactam diretamente na
segurança da aviação e na aeronavegabilidade continuada.
No Capítulo 2, contém a fundamentação teórica, com enfoque voltado aos aspectos de
fatores humanos que possuem tangência com o pessoal de manutenção do SISCEAB.
No Capítulo 3, a metodologia empregada para elaborar o instrumento e,
principalmente, validá-lo.
No Capítulo 4, abordam-se os resultados do questionário MCAS, adaptado e validado,
submetido aos técnicos dos SISCEAB que atuam na ponta da linha, nos DTCEAs e DTS.
No Capítulo 5, a discussão dos resultados, com o enfoque na percepção de clima de
manutenção dos técnicos do SISCEAB, que possa contribuir para a segurança da aviação.
No Capítulo 6, será exposto a conclusão do trabalho e as recomendações para
trabalhos futuros.
27
2 Fundamentação Teórica
De acordo com a NSCA 351-1 (2010) o SISCEAB é o sistema que tem por finalidade
prover os meios necessários para o gerenciamento e o controle do espaço aéreo e o serviço de
navegação aérea, de modo seguro e eficiente, conforme estabelecido nas normas nacionais e
nos acordos e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.
28
De acordo com o PCA 351-3 (2012), documento que baliza o Programa SIRIUS, os
empreendimentos de evolução do Sistema ATM Nacional estão relacionados com as seguintes
áreas:
29
a) Segurança Operacional;
b) Gerenciamento de Tráfego Aéreo;
c) Comunicações, Navegação e Vigilância (CNS);
d) Meteorologia Aeronáutica;
e) Gerenciamento de Informações Aeronáuticas;
f) Busca e Salvamento; e
g) Recursos Humanos (BRASIL, 2012).
que vige e participar dos testes e validação dos novos sistemas em processo de implementação
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2013).
De maneira que o National Research Council (2013) relatou que “além da diversidade
de tarefas programadas e imprevisíveis desempenhadas pelo pessoal ATSS, as necessidades de
pessoal são ainda mais complicadas pela implementação planejada pela FAA do Sistema de
Transporte Aéreo da próxima geração, ou NextGen, que continuará a integrar nova tecnologia
com os sistemas atuais no NAS” (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2013).
2.5.1 SHELL
Este modelo é bastante usual, intuitivo e apresenta de forma ampla as interações que
podem ser estabelecidas entre o homem, a máquina, os procedimentos e o ambiente, conforme
exposto na Figura 1.1, SHELL deriva das iniciais de cada palavra dos componentes que o
integra (S-Software; H-Hardware; E-Enviroment e L-Liveware).
De acordo com o Doc 9683-AN/950 (1998), o conceito SHELL foi desenvolvido em
1972, pelo (Professor) Edwards e diagramado, em 1975, pelo (Professor) Hawkins (ICAO,
1998).
2.5.2 HFACS
(Falhas ATIVAS – Ocorre na (Falhas LATENTES – Ocorre (Falhas LATENTES – (Falhas LATENTES – Ocorre
ponta da linha) entre a supervisão e operação) Ocorre na supervisão) na organização)
O HFACS representa uma aplicação do modelo Reason, que em sua teoria das defesas,
apresentada na década de 90, estabelece que: para que um evento catastrófico ocorra, deve ter
sido precedido por uma sucessão de falhas, quer elas sejam latentes e/ou ativas (SHAPPELL;
WIEGMANN, 2000) (REASON, 2000a).
Reason (2000a) relata que as falhas latentes podem, eventualmente, permanecer
ocultas e nada mais grave causar, como um “buraco no queijo”. No entanto, quando
combinadas com outras falhas, como se os “buracos nos queijo” fossem “dinâmicos”, ou seja,
como pudessem estar se abrindo e se fechando, mudando sua localização, neste caso, estes
“buracos dinâmicos” são denominados falhas ativas.
Assim, eventualmente, pode-se ter um alinhamento dos buracos no queijo (falhas
ativas e falhas latentes), que podem vir a estabelecer uma trajetória de oportunidade, de
acordo com a Figura 1.2. Quando estes “buracos” se alinham e perspassam diversas camadas,
causam um dano real em um equipamento que resulta, na maioria das vezes, em morte e
destruição.
Figura 1.2 – Modelo Queijo Suíço – Teoria das Defesas (REASON, 2000a)
34
2.5.3 HFACS-ME
(Falhas ATIVAS – Ocorre na (Falhas LATENTES – Ocorre (Falhas LATENTES – (Falhas LATENTES – Ocorre
ponta da linha, ou seja, na no ambiente da manutenção) Ocorre com o pessoal de na gerência)
execução da manutenção) manutenção)
De acordo com o Doc 7192 AN/857 (2011), deve ser ampliada a conscientização sobre
a importância dos fatores humanos para a aviação, pois tal condição representa à comunidade
aeronáutica internacional uma oportunidade única e significativa para tornar a aviação mais
segura e eficiente (ICAO, 2011).
No Doc 7192 AN/857 (2011), a ICAO apresentou a preocupação com as diversas
atuações dos ATSEP na provisão dos serviços de navegação aérea, o que inclui o CNS/ATM.
Dessa forma, preocupações com o comportamento humano, com a tomada de decisões
e outros processos cognitivos durante o serviço de manutenção, as condutas de manutenção e
35
Segundo Frutuoso e Cruz (2005), o termo carga de trabalho relaciona-se com uma
tensão permanente entre as exigências do processo relacionado ao trabalho e as capacidades
biológicas e psicológicas dos trabalhadores para atenderem a demanda deste processo, sendo a
sobrecarga ou subcarga um dos entes desta relação (FRUTUOSO; CRUZ, 2005).
Deve-se ressaltar que a carga de trabalho possui uma dimensão mental e física, ou
seja, enquanto a primeira exige um maior esforço cognitivo, a segunda um maior esforço
muscular. Dessa forma, em quaisquer das dimensões, se houver um desequilíbrio, conforme
apresentado na figura abaixo, pode acarretar risco à saúde do profissional (FRUTUOSO;
CRUZ, 2005, apud DEJOURS, 1994).
Frutuoso e Cruz (2005) diz que a carga de trabalho pode ser mensurada através de
avaliação de medidas: fisiológicas, de execução e subjetivas. As medidas fisiológicas são
obtidas através de resultados da frequência cardíaca, de eletroencefalograma, de pressão
sanguínea, dentre outros. As medidas de execução relacionam-se com a velocidade, com o
desempenho e com o rendimento na realização de uma tarefa. Enquanto que as medidas
subjetivas fazem interface com as horas de trabalho.
As medidas subjetivas para avaliação da carga de trabalho, especificamente
relacionada com as horas de trabalho são definidas em Constituição Federal de 1988, no Art.
7º, inciso 13, e estabelece o limite de 44 horas semanais, perfazendo um total de 220 horas
mensais (ALBUQUERQUE, 2015).
Os técnicos do SISCEAB ou pessoal de manutenção, em sua grande maioria, são
constituídos por militares da Força Aérea Brasileira, do DECEA. Sendo estes profissionais
36
regidos pelo sistema estatutário, com dedicação integral, que não contempla o regime de CLT
previsto no Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Entretanto, o Regulamento Interno dos Serviços da Aeronáutica, RCA 34-1 (2005),
permite margem para particularizar a questão específica e premente de carga horária do
pessoal de manutenção quando descreve no Art. 3º, § 2º, “os serviços de natureza técnica,
cujas especificidades, desgaste físico e emocional, possam provocar perda de rendimento ou
aumento na margem de erros dos componentes da equipe, e que apresentem necessidade de
implantação de escalas diferenciadas, obedecerão regras emanadas dos Órgãos Centrais dos
Sistemas” (BRASIL, 2005) (BRASIL, 2014).
De fato, isto ocorre para outros profissionais do SISCEAB, como: Controladores de
Tráfego Aéreo, Meteorologistas e os profissionais que prestam o Serviço de Informações
Aeronáuticas, entre outros, que possuem regulamentação específica que regula a sua carga de
trabalho (BRASIL, 2018a) (DECEA, 2018b).
Para Robinson (2014) o MCAS é utilizado para fornecer uma medida da capacidade
de uma organização de conduzir operações com segurança, em termos de liderança, cultura,
políticas, padrões, procedimentos e práticas, com foco centralizado na manutenção
(ROBINSON, 2014, apud FIGLOCK, 2004).
Robinson (2014) mencionou também que o MCAS é uma das 14 pesquisas de
avaliação de clima usadas dentro do Departamento de Defesa, dos Estados Unidos da
América, que reserva o anonimato das respostas dos participantes, confidencialidade
organizacional e o acesso restrito aos resultados.
De acordo com Brittingham (2006), a aviação naval dos Estados Unidos da América é
uma atividade inerentemente perigosa. Praticamente todas as plataformas de aeronaves do
inventário da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais sofreram alguma falha resultante de
fatores como erro humano, falha de material ou erro de manutenção.
Ainda, Brittingham (2006), à luz das muitas demandas de segurança e relatórios pós-
acidente, mencionou que a Escola Naval de Segurança da Aviação, da Estação Naval de
Pensacola, Flórida, desenvolveu e implementou duas pesquisas, on-line, em julho de 2000.
Essas duas pesquisas foram: a Command Safety Assessment (CSA) e a Maintenance
Climate Assessment Survey (MCAS), que foram elaboradas para permitir que a Marinha e o
37
Corpo de Fuzileiros Navais avaliassem o clima dos esquadrões de aviação em todo o espectro
da plataforma (BRITTINGHAM, 2006).
O MCAS foi o foco do presente trabalho devido a sua aplicação direcionada ao
pessoal de manutenção, conforme proposto por Baker (1998), que iniciou os primeiros
trabalhos de pesquisa de avaliação de clima organizacional com os profissionais que atuavam
na manutenção da aviação naval americana.
Conforme Brittingham (2006), os resultados do MCAS nos esquadrões da aviação
naval americana, quando analisados e discutidos em workshops, propiciaram melhorias
significativas no clima de manutenção, ou seja, no clima organizacional que ocorre na
manutenção. Por conseguinte, trazendo relevantes melhorias nas condutas de manutenção.
Dentre as principais evidências dessas melhorias, destaca-se o fato de que em 99
esquadrões da aviação naval americana que discutiram em workshops melhorias para os dados
colhidos no MCAS, ocorreram apenas 5 acidentes, em um período de dois anos, ao ser
comparados com 172 esquadrões que não discutiram os dados obtidos nos MCAS, uma vez
que obtiveram uma taxa 67 acidentes para o mesmo período (BRITTINGHAM, 2006, p. 15).
Hernandez (2001) menciona em seus estudos que o MCAS possui seu instrumento
constituído com base no MOSE (Model of Organizational Safety Effectiveness - Modelo de
Eficácia da Segurança Organizacional) cujas perguntas estão correlacionadas a seis aspectos
deste modelo, como: Auditoria de Processos; Sistema de Recompensas; Controle de
Qualidade; Gerenciamento de Risco; Comando e Controle; e Comunicação ou Relações
Funcionais.
O MOSE foi estabelecido na aviação naval americana, para o alcance do conceito
HRO (High Reliability Organization – Organização de Alta Confiabilidade) conforme
Hernandez (2001), uma vez que a aviação naval é um HRO, organização de alta
confiabilidade, devido a missão e os ambientes serem extremamente voláteis (Brittingham,
2006).
Segundo Hernandez (2001) pesquisas sobre HRO indicam que elas são organizações
dinâmicas e complexas, mas não são imunes a tendências inseguras. Acidentes acontecerão
independentemente do tamanho, estrutura e natureza de uma organização. Com os HROs, os
acidentes tendem a acontecer com menos frequência, mas tendem a ser maiores quando
ocorrem, menciona Hernandez (HERNANDEZ, 2001, apud PERROW, 1984).
Ao usar medidas reativas, como a análise de erros e medidas proativas para identificar
condições patogênicas, os HROs podem trabalhar no sentido de eliminar os acidentes
(HERNANDEZ, 2001, apud REASON, 1997).
38
Figura 2.1 – Fatores Contribuintes na Incidência de Acidentes com Aviões – 2008 a 2017
(SANTOS; ALMEIDA; FARIAS, 2018).
aeródromo, ou seja, nos Auxílios à Navegação, devidamente informada nos meios disponíveis
e de acesso aos Aeronavegantes, aliada à desatenção do piloto foi um dos fatores contribuintes
para o acidente (NATIONAL TRANSPORTATION SAFETY BOARD, 2000).
comunicações críticas, de voz e dados, que suportam as operações de tráfego aéreo nas
instalações da FAA em todo o país.
Devido ao dano, o Chicago Center foi incapaz de controlar o tráfego aéreo por mais de
duas semanas, milhares de voos atrasaram e foram cancelados pousos e decolagens para os
aeroportos de Chicago O’Hare e Midway, e as partes interessadas na aviação e as companhias
aéreas tiveram prejuízos de mais de 350 milhões de dólares (UNITED STATES, 2018).
c) Para não deixar de citar um exemplo ocorrido no Brasil, de acordo com Pamplona e
Linhares (2018), em 21 março de 2018, as regiões Norte e Nordeste do Brasil, tiveram um
apagão no sistema de fornecimento de energia elétrica, devido falha na linha de transmissão
na usina de Belo Monte, no Pará, que interrompeu o fornecimento de energia em todos os
estados do Nordeste, além de Amazonas, Pará, Tocantins e Amapá (PAMPLONA, N.;
LINHARES, C.; 2018).
Devido à resiliência, à redundância e à robutez dos sistemas CNS/ATM do SISCEAB,
bem como às manutenções preventivas e corretivas, rotineiramente, realizadas pelos técnicos
do SISCEAB, conforme previsto na DCA 66-3 (2017), e ainda, as equipes técnicas (pessoal
de manutenção) de prontidão diuturna, não ocorreram relatos na mídia de nenhuma
interrupção nos serviços CNS/ATM, em especial, de comunicação e de vigilância radar, entre
os pilotos e os controladores de tráfego aéreo nos aeroportos das regiões afetadas do Norte e
Nordeste brasileiro.
Os exemplos citados acima demonstram a relevância dos ATSEP, como barreiras de
defesas, conforme modelo Reason (2000a), como evidenciado nas atuações das equipes
técnicas da FAA (ATSS) para restabelecer os sistemas CNS/ATM, nos casos dos exemplos “a”
e “b”, ou do pessoal de manutenção do SISCEAB, para manter estes mesmos sistemas em
condições ótimas e com elevada resiliência, como no exemplo “c”, a despeito de eventos
externos.
42
3 Metodologia
CVCt=CVCi−Pe (3.1)
Onde:
CVCt = Coeficiente de Validação de Conteúdo total;
CVCi= Coeficiente de Validação de Conteúdo inicial;
Pe= Cálculo do erro.
45
Mj
CVCi= (3.2)
Vmáx
Onde:
Mj = Média das notas dos juízes (1 a 5) em cada item avaliado;
Vmáx= Representa o valor máximo que cada item pode receber (neste caso é 5,
devido aos valores estipulados para o emprego da escala Likert).
Na Equação 3.3, como encontrar o valor de Pe:
1 J
Pe=( ) (3.3)
J
Onde:
Mj = Média das notas dos juízes (1 a 5) em cada item avaliado;
Vmáx= Representa o valor máximo que cada item pode receber (neste caso é 5,
devido aos valores estipulados para o emprego da escala Likert).
Nível de
Valor de Kappa
concordância
<0 Discordância
0 - 0,20 Quase nenhum
0,20 - 0,40 Pequeno
0,40 - 0,60 Moderado
0,60 - 0,80 Substancial
0,80 - 1,00 Quase Perfeito
Dessa maneira, valores de concordância entre juízes com valor superior a 0,60
significa um nível de concordância substancial. Entretanto, segundo Landis and Koch (citado
por FLEISS, 1981) valores de coeficiente kappa superiores a 0,75, representam excelente
concordância entre os avaliadores.
Para o cálculo do coeficiente kappa, de acordo com Cohen (citado por FLEISS, 1981),
pode-se estabelecer uma matriz para tabulação de dados, com as proporções de concordâncias
entre os juízes, a fim de facilitar o emprego das Equação 3.4 a 3.6.
Tabela 3.3 – Matriz de proporção conjuntas das avaliações dos juízes (FLEISS, 1981).
Juiz B
Categorias 1 2 … K Total
1 P11 P12 ... P1K P1.
2 P21 P21 ... P2K P2.
Juiz A ... ... ... ... ... ...
K PK1 PK1 PK1 PKK PK.
Total P.1 P.2 ... P.K 1
K
Po=∑ Pii (3.4)
i=1
K
Pe=∑ Pi . P .i (3.5)
i =1
Isto posto, o valor de Kappa é dado pela Equação 3.6, conforme a seguir:
Po−Pe
Coef . Kappa= (3.6)
1−Pe
3.3 Aplicação
Foi estimada a aplicação do MCAS a uma população entre 700 a 800 técnicos,
distribuídos em 76 DTCEA e 1 DTS, conforme apresentando na Figura 3.1 abaixo.
N . ^p . ( 1− ^p ) . ( Z α /2 )2
n= (3.7)
( N −1 ) . e 2+ ^p . ( 1−^p ) . ( Z α / 2 )2
Onde:
�:̂ Proporção amostral estimada;
α: Nível de significância;
e: Erro amostral;
N: Tamanho da população;
Z α /2 : Quantil α/2 da distribuição Normal Padrão (média 0 e
variância 1).
Foi adotado p = 0,05, bem como os seguintes valores para o cálculo de n: α = 0,1
(10%), e = 0,05 (5%) e N = 737.
Para o cálculo do coeficiente alfa (α) de Cronbach, bem como para o teste de
proporção foi utilizado o software R.
Sendo que, de acordo com Freitas e Rodrigues (2005) os valores do alfa (α) de
Cronbach, podem indicar a confiabilidade do instrumento e a sua consistência interna,
conforme classificação contida na Tabela 3.4, apesar dos valores do alfa apresentarem
diferentes interpretações, em função do número de itens do instrumento, da variância do item
e da variância total do questionário.
Tabela 3.4 – Critérios para a interpretação do alfa (α) de Cronbach (FREITAS, RODRIGUES,
2005).
Valor de α Confiabilidade
α ≤ 0,30 Muito Baixa
0,30 < α ≤ 0,60 Baixa
0,60 < α ≤ 0,75 Moderada
0,75 < α ≤ 0,90 Alta
α > 0,9 Muito Alta
Segundo Leontitsis e Pagge (citado por ALMEIDA et al, 2010) o coeficiente alfa (α)
de Cronbach pode ser escrito, de acordo com a Equação 3.8.
50
[ ]
k
σ 2τ −∑ σ 2i
k i=1 (3.8)
α= 2
k−1 σ τ
Onde:
k: Número de itens (ou questões) do questionário (maior ou igual a 1);
2
σ τ : Variância da soma dos itens;
σ 2i : variância do item i;
k
: É um fator de correção na expressão acima, onde quanto maior k, a
k−1
expressão tende a 1.
Segundo Streiner (citado por ALMEIDA et al, 2010) o coeficiente alfa de Cronbach é
uma propriedade inerente do padrão de resposta da população estudada, não uma
característica da escala por si só; ou seja, o valor de alfa sofre mudanças segundo a população
na qual se aplica a escala.
Quanto ao emprego do teste de proporção, a intenção foi comparar os grupos de
concordantes e discordantes, levando-se em conta as respostas do questionário MCAS
aplicados aos técnicos do SISCEAB, ou seja, um teste de hipótese para duas proporções da
população em estudo para determinar se há diferenças significativas entre esses grupos, a fim
de permitir realizar inferências, com nível de confiança estabelecido para 95%.
O teste de proporção se presta a testar as seguintes hipóteses:
{
As proporções dos grupos são diferentes ( p 1 ≠ p 2 )
ou
H 1 : A proporção do grupo 1 é maior que a proporção do grupo 2 ( p 1> p2 )
ou
A proporçãodo grupo 1 é menor que a proporção do grupo 2( p1 < p 2)
51
4 Resultados
A análise de conteúdo, por juízes-avaliadores, dos 41 itens elaborados por este autor,
possibilitou a avaliação dos itens, segundo critérios de clareza da linguagem (CL), pertinência
prática (PP) e relevância teórica (RT). Estas característica foram avaliadas quantitativamente.
Em relação aos aspectos qualitativos dos itens, foi seguido a análise sob o campo da
dimensão teórica, a fim de verificar se os itens estavam correlacionados às categorias de
fatores humanos observáveis, em consonância com o Doc 7192 AN/857, como:
Conhecimentos e Habilidades; Aspectos Psicológicos (cognitivos); Saúde; Social e
Organizacional; Comunicação; Estresse; Erro Humano e Métodos de Trabalho.
52
itens. Como foram considerados o mínimo de 3 juízes para emissão do coeficiente de validade
do conteúdo, logo, não foi possível obter o coeficiente para este item, com 2 juízes.
Entretanto, considerando que os outros juízes emitiram valores satisfatórios para estes
itens, no quesito relevância teórica, bem como no aspecto qualitativo (dimensão teórica), pois
os itens 1 e 30 também atenderam os valores recomendados (kappa superior a 0,60). Logo, os
itens foram mantidos no questionário sem alterações.
Em relação aos itens 7 e 8, a média entre os juízes ficou com um CVCt abaixo de 0,8,
fazendo com que este autor reformulasse o item. E, novamente, submetesse a apreciação dos
juízes, que consideraram os itens reformulados satisfatórios.
Em relação a dimensão teórica, os juízes-avaliadores apresentaram grau de
concordância satisfatório. Dentre os três juízes, dois apresentaram grau de concordância de
100 % com as categorias propostas pelo pesquisador e entre si, para cada item do MCAS. Um
dos avaliadores (Juiz 3) apresentou nível de concordância, de acordo com a Tabela 4.2.
Para o cálculo do coeficiente kappa, realizado inter-juízes, tomados dois a dois, uma
dupla de juízes obtiveram concordância de 100% nas observações realizadas. Entretanto, o
terceiro juiz, quando combinado dois a dois com os demais juízes, fez com que o valor para o
coeficiente de kappa fosse equivalente a 0,9, que é um resultado, ainda, extremamente
satisfatório.
Contudo, para os itens 5 e 8, um dos juízes absteve-se de fazer avaliação. Acarretando
que este item não tenha o grau final de concordância entre os juízes, devido a necessidade
imperativa de que os 3 juízes participassem da avaliação. Logo, não foi considerado no
cálculo do coeficiente kappa, por isso a Tabela 4.2 menciona um total de 39 itens, ao invés de
41.
54
De acordo com a Tabela 4.3, pode-se conhecer o perfil dos técnicos do SISCEAB no
que tange a faixa etária, ao gênero, ao grau de escolaridade, ao tempo de serviço na Força
Aérea Brasileira, como também, se o técnico atua ou não na função.
Variáveis f % (n=214)
Faixa etária
18 a 20 anos 1 0,47%
21 a 25 anos 10 4,67%
26 a 30 anos 29 13,55%
31 a 35 anos 37 17,29%
36 a 40 anos 48 22,43%
41 a 45 anos 44 20,56%
acima de 46 anos 45 21,03%
Sexo
Feminino 18 8,41%
Masculino 196 91,59%
Escolaridade
Ensino médio (com/sem formação técnica) 51 23,83%
Ensino superior incompleto 56 26,17%
Ensino superior completo 91 42,52%
Pós-graduado (especialização) 15 7,01%
Mestrado 1 0,47%
Doutorado 0 0,00%
Tempo de serviço
Até 5 anos 15 7,01%
6 a 10 anos 26 12,15%
11 a 15 anos 34 15,89%
16 a 20 anos 46 21,50%
21 a 25 anos 42 19,63%
Acima de 26 anos 51 23,83%
Atuando em sua função
Não 15 7,01%
Sim 199 92,99%
56
Variáveis f % (n=214)
Tempo atuando na função
Até 5 anos 33 15,42%
6 a 10 anos 46 21,50%
11 a 15 anos 37 17,29%
16 a 20 anos 47 21,96%
21 a 25 anos 28 13,08%
Acima de 26 anos 23 10,75%
Graduação
SO (Suboficial) 35 16,36%
1º Sgt 76 35,51%
2º Sgt 56 26,17%
3º Sgt 47 21,96%
Variáveis f % (n=214)
Especialidade
BCO 38 17,76%
BET 100 46,73%
SEL 55 25,70%
SEM 21 9,81%
Possui CHT
Não 23 10,75%
Sim 191 89,25%
57
Variáveis f % (n=214)
Equipamentos SISCEAB - CHT
Não possuo CHT em nenhum equipamento/sistema 25 11,68%
Não, apenas em 1 (um) equipamento/sistema 20 9,35%
Sim, em 2 (dois) equipamentos/sistemas 23 10,75%
Sim, em 3 (três) equipamentos/sistemas 27 12,62%
Sim, em 4 (quatro) equipamentos/sistemas 22 10,28%
Sim, em 5 (cinco) ou mais equipamentos/sistemas 97 45,33%
Áreas CHT
Não possuo CHT 24 11,21%
Não, apenas em 1 (uma) área de atuação 58 27,10%
Sim, em 2 (duas) áreas distintas 67 31,31%
Sim, em 3 (três) áreas distintas 39 18,22%
Sim, em 4 (quatro) ou mais áreas distintas 26 12,15%
Nível CHT
Não possuo qualificação, pois não possuo CHT 22 10,28%
Pleno e Supervisor 7 3,27%
Predominantemente Pleno 56 26,17%
Predominantemente Supervisor 15 7,01%
Predominantemente Treinando 63 29,44%
Treinando e Pleno 44 20,56%
Treinando e Supervisor 7 3,27%
Regional DTCEA vinculado
CINDACTA I 58 27,10%
CINDACTA II 51 23,83%
CINDACTA III 40 18,69%
CINDACTA IV 51 23,83%
SRPV-SP 14 6,54%
Participa da escala de sobreaviso
Não 34 15,89%
Sim 180 84,11%
De acordo com a Tabela 4.4, as principais especialidades dos técnicos que atuam nos
DTCEAs são BET (Básico em Eletrônica), SEL (Serviços de Eletricidade), SEM (Serviços de
Eletromecânica) e BCO (Básico em Comunicações).
De acordo com a política de pessoal técnico do DECEA, os técnicos responsáveis por
executar a manutenção de equipamento ou sistema do SISCEAB, deverão ser devidamente
habilitados para tal (BRASIL, 2017).
58
Inicia-se com os resultados dos aspectos dos Fatores Humanos, que dizem respeito às
questões relacionadas à categoria conhecimento e habilidades do MCAS. Foi disponibilizado
a Tabela 4.5 com a codificação de Q1 a Q5 (Questões 1 a 5), a fim de facilitar a associação
dos resultados encontrados, de acordo com a sua respectiva categoria. De tal forma, foi feito
para as demais categorias do instrumento no decorrer deste Capítulo.
59
Para este caso relacionado aos aspectos psicológicos, os resultados obtidos estão
dispostos no Gráfico 4.2.
No Gráfico 4.5, estão apresentados os resultados obtidos pelo MCAS sobre o que
pessoal de manutenção pensa a respeito de como ocorre a comunicação, no ambiente dos
DTCEAs.
O fator “stress” também foi objeto de estudo neste trabalho, de forma que as questões
26 a 30 abordam situações do dia a dia que podem serem fatores causadores de “stress” ao
pessoal de manutenção do SISCEAB (nos DTCEA). Dessa forma, a Tabela 4.10 apresenta os
itens do instrumento do MCAS, que tratou sobre esta categoria de Fatores Humanos.
64
Segundo Reason (2000a), o erro humano é uma falha ativa com contribuição para o
cenário da trajetória de oportunidade, que pode resultar em um acidente aeronáutico. Diante
desta condição, no MCAS foi inserido questões sobre o erro humano, em consonância com o
manual de Fatores Humanos da ICAO, Doc 7192 AN/857, conforme disposto na Tabela 4.11.
65
A última categoria do MCAS foi sobre os métodos de trabalho, conforme Tabela 4.12,
a seguir.
66
No entanto, foi encontrado os valores de alfa (α) de Cronbach para as oito categorias
de Fatores Humanos verificadas no questionário MCAS, conforme Tabela 4.13.
Tabela 4.13 – Valores de alfa (α) de Cronbach para os fatores do questionário MCAS
Além dos resultados descritivos dos respondentes do MCAS, foi realizado o teste de
proporcionalidade entre as populações de concordantes e discordantes, a fim de verificar o
comportamento da prevalência entre as concordâncias ou as discordâncias, ou ainda, se não há
esta prevalência.
Para isto, foi considerado o percentual de técnicos que concordaram com cada item do
instrumento, bem como o percentual de técnicos que discordaram, juntamente, do valor “p”
encontrado, ao aplicar o teste de proporcionalidade.
Vale ressaltar, que a concordância contabilizada foi levando-se em conta a frequência
das categorias “Concordo (C)” e “Concordo Totalmente (CT)” do questionário MCAS, e a
discordância contabilizada, naturalmente, a frequência das categorias “Discordo (D)” e
“Discordo Totalmente (DT)”. Sendo assim, temos os resultados encontrados, conforme Tabela
4.14.
Percepção
Questões Valor p
Concordam Discordam
Q1 196 (91,59%) 5 (2,34%) <0,01
Q2* 31 (14,49%) 81 (37,85%) <0,01
Q3 144 (67,29%) 40 (18,69%) <0,01
Q4 191 (89,25%) 13 (6,07%) <0,01
Q5 96 (44,86%) 85 (39,72%) 0,14
68
Percepção
Questões Valor p
Concordam Discordam
Q6* 46 (21,5%) 123 (57,48%) <0,01
Q7 146 (68,22%) 24 (11,21%) <0,01
Q8* 50 (23,36%) 92 (42,99%) <0,01
Q9 186 (86,92%) 6 (2,8%) <0,01
Q10 170 (79,44%) 21 (9,81%) <0,01
Q11* 36 (16,82%) 160 (74,77%) <0,01
Q12 209 (97,66%) 0 (0%) <0,01
Q13* 33 (15,42%) 151 (70,56%) <0,01
Q14 157 (73,36%) 31 (14,49%) <0,01
Q15 103 (48,13%) 69 (32,24%) <0,01
Q16 153 (71,5%) 30 (14,02%) <0,01
Q17* 67 (31,31%) 123 (57,48%) <0,01
Q18 198 (92,52%) 4 (1,87%) <0,01
Q19 154 (71,96%) 24 (11,21%) <0,01
Q20* 58 (27,1%) 111 (51,87%) <0,01
Q21 174 (81,31%) 16 (7,48%) <0,01
Q22 149 (69,63%) 22 (10,28%) <0,01
Q23 125 (58,41%) 23 (10,75%) <0,01
Q24 130 (60,75%) 45 (21,03%) <0,01
Q25 133 (62,15%) 20 (9,35%) <0,01
Q26* 14 (6,54%) 152 (71,03%) <0,01
Q27 173 (80,84%) 12 (5,61%) <0,01
Q28 174 (81,31%) 9 (4,21%) <0,01
Q29 128 (59,81%) 51 (23,83%) <0,01
Q30 95 (44,39%) 55 (25,7%) <0,01
Q31 109 (50,93%) 41 (19,16%) <0,01
Q32* 55 (25,7%) 74 (34,58%) 0,02
Q33 107 (50%) 27 (12,62%) <0,01
Q34 175 (81,78%) 5 (2,34%) <0,01
Q35 188 (87,85%) 5 (2,34%) <0,01
Q36 33 (15,42%) 8 (3,74%) <0,01
Q37 185 (86,45%) 10 (4,67%) <0,01
Q38 101 (47,2%) 72 (33,64%) <0,01
Q39 180 (84,11%) 4 (1,87%) <0,01
Q40 156 (72,9%) 7 (3,27%) <0,01
Q41 153 (71,5%) 17 (7,94%) <0,01
Nota: (*) a hipótese alternativa é que a proporção dos que concordam é menor
que a proporção dos que discordam.
69
Percepção (n=214)
Questões Valor p
Concordam Discordam
Q3 144 (67,29%) 40 (18,69%) <0,01
Q10 170 (79,44%) 21 (9,81%) <0,01
Q11* 36 (16,82%) 160 (74,77%) <0,01
Q13* 33 (15,42%) 151 (70,56%) <0,01
Q19 154 (71,96%) 24 (11,21%) <0,01
Q26* 14 (6,54%) 152 (71,03%) <0,01
Q27 173 (80,84%) 12 (5,61%) <0,01
Q28 174 (81,31%) 9 (4,21%) <0,01
Q29 128 (59,81%) 51 (23,83%) <0,01
Q30 95 (44,39%) 55 (25,7%) <0,01
Q34 175 (81,78%) 5 (2,34%) <0,01
Q36 33 (15,42%) 8 (3,74%) <0,01
Q39 180 (84,11%) 4 (1,87%) <0,01
Q40 156 (72,9%) 7 (3,27%) <0,01
Q41 153 (71,5%) 17 (7,94%) <0,01
Nota: Questões 11,13 e 26 prevalecem as discordâncias.
70
5 Discussão
Em relação a tradução reversa foi observado que se perdeu a sua finalidade intrínseca,
pois este pesquisador elaborou outros itens, em vez de manter os itens originais.
A tradução reversa apesar de sua importância para adaptação de instrumentos oriundos
de outra cultura, não se revelou fundamental para este trabalho, visto que após a retradução
para o idioma original do questionário, foi observado a possibilidade de fazer inserções no
conteúdo do item para retratar a realidade de fatores humanos aplicáveis aos técnicos do
SISCEAB.
Dessa forma, a finalidade de aproveitar as questões originais, mesmo que já tenha sido
apenas para dez itens, foi descartada. Então, este autor teve a necessidade de modificá-las,
também, para alcançar o objetivo de retratar os aspectos dos fatores humanos que a ICAO
prescreve no Doc 7192 AN/857.
Em função das análises dos juízes-avaliadores, ocorreram necessidade de mudanças
em dois itens (itens 7 e 8), do instrumento MCAS, inicialmente elaborados pelo autor, com o
objetivo de aprimorar o critério da clareza da linguagem, que após o aprimoramento da
formulação do item, foi submetido à avaliação dos juízes-avaliadores novamente, alcançando
resultados satisfatórios.
Dessa maneira o item 7, possuía o texto: Por atuar diretamente na manutenção do
SISCEAB, na ponta da linha (DTCEA), sinto-me impactado emocionalmente, em caso de
acidente aeronáutico.
E, com a reformulação do item, passou a ter o seguinte texto: Por atuar diretamente
na manutenção do SISCEAB, na ponta da linha (DTCEA), sinto-me impactado
emocionalmente, em caso de acidente aeronáutico relacionado com o sistema de controle de
tráfego aéreo, tendo em vista que participo da manutenção dos equipamentos e/ou sistemas
CNS/ATM, mesmo que na minha área de atuação esteja tudo conforme estabelecido em
normas, manuais, boletins técnicos e legislações.
71
Quanto ao item 8, este item possuía o seguinte texto antes de ser reformulado: No meu
trabalho os técnicos são designados para realizarem capacitações como TRM – Team
Resource Management.
Após a reformulação, o item passou a conter o seguinte texto: No meu trabalho os
técnicos são designados para realizarem capacitações como TRM – Team Resource
Management (TRM é o equivalente do CRM – Crew Resource Management – aplicado aos
tripulantes de voo).
Por fim, neste processo de validação de conteúdo o Coeficiente de Validação de
Conteúdo (CVC) total apresentou valores superiores a 0,8 e o Coeficiente de Kappa com
valor equivalente a 0,9, que, em ambos os casos, são valores satisfatórios, conforme,
respectivamente, Hernandez-Nieto (citado por BORGES, BALBINOTTI e TEODORO, 2010)
e Borges, Balbinotti e Teodoro (2010).
Rotineiramente, o meu ambiente de trabalho sofre interferência de eventos externos, que afetam a
Q10 minha performance nos serviços de manutenção. Por exemplo: formaturas, escalas, representações,
serviço armado, dentre outros.
Costumo trabalhar número de horas superior ao cumprido pelo pessoal do expediente
Q19
administrativo e, quiçá, operacional.
A participação em escalas de Sobreaviso Técnico oneram o meu tempo com a família, o meu tempo
Q27 livre e, ainda, muitas vezes não é considerada como hora efetiva de trabalho, mesmo que eu tenha
ficado em “stand-by”.
Acredito que a ausência de regulamentação específica, no âmbito do SISCEAB, como possui o
pessoal operacional (Controlador de Tráfego Aéreo, Meteorologistas, entre outros), sobre a carga de
Q28
trabalho ou a rotina de trabalho faz com que a carga de trabalho do pessoal de manutenção fique
elevada.
Sinto a necessidade de melhorias nas condições de trabalho, principalmente, para mitigar a
Q34
possibilidade do erro humano.
Eu acredito que a carga de trabalho ou a rotina de trabalho do técnico do SISCEAB está cada dia
Q39
mais elevada.
O crescimento do número de equipamentos/sistemas, devido a modernização dos recursos
CNS/ATM, como rede ATN-Br, a automação das atividades para o pessoal operacional
Q40
(Controlador de Tráfego Aéreo, Meteorologistas, entre outros), faz com que a carga de trabalho do
pessoal técnico fique mais elevada.
As empresas eventualmente contratadas para suporte logístico podem contribuir para uma carga de
Q41
trabalho mais harmônica e condizente para os técnicos do SISCEAB.
Gráfico 5.2 – Posicionamento dos respondentes ao MCAS sobre déficit de técnicos BET, SEL
e SEM
75
Q37 Tenho a percepção de que há déficit de pessoal, nível técnico, em minha área de atuação.
Gráfico 5.3 - Reduzido percentual de técnicos nas especialidades BET, SEL e SEM em início
de carreira
76
Especialidade
Tempo de serviço
BCO BET SEL SEM Total
até 5 anos 1 (2,63%) 6 (6%) 3 (5,45%) 5 (23,81%) 15 (7,01%)
6 a 10 anos 3 (7,89%) 17 (17%) 3 (5,45%) 3 (14,29%) 26 (12,15%)
11 a 15 anos 5 (13,16%) 18 (18%) 10 (18,18%) 1 (4,76%) 34 (15,89%)
16 a 20 anos 8 (21,05%) 24 (24%) 11 (20%) 3 (14,29%) 46 (21,5%)
21 a 25 anos 6 (15,79%) 22 (22%) 9 (16,36%) 5 (23,81%) 42 (19,63%)
acima de 26 anos 15 (39,47%) 13 (13%) 19 (34,55%) 4 (19,05%) 51 (23,83%)
Total 38 (100%) 100 (100%) 55 (100%) 21 (100%) 214 (100%)
De acordo com o Gráfico 5.3 e a Tabela 5.2, construídos com os resultados do MCAS
aplicados aos técnicos que atuam nos DTCEAs, verificou-se que:
i - O percentual de técnicos da especialidade BET, acima de 20 anos de serviço, é de
35%, enquanto até 10 anos de serviço, este percentual é de 23%;
ii – O percentual de técnicos na especialidade SEL, acima de 20 anos de serviço, é
aproximadamente 41 %, enquanto até 10 anos de serviço, este percentual é aproximadamente
11 %;
iii – O percentual de técnicos na especialidade SEM, acima de 20 anos de serviço,
praticamente está na mesma faixa proporcional dos profissionais com até 10 anos de serviço.
A situação dos especialistas BCO não se revelou preocupante nesta situação, tendo em
vista que estes profissionais não necessariamente atuam na manutenção de equipamentos e
sistemas CNS/ATM no SISCEAB, conforme observado de acordo com os resultados do item
5 do MCAS, em que aproximadamente 40% dos respondentes discordaram de que os
Especialistas BCO atuam diretamente na manutenção, em seus respectivos DTCEAs.
Entre os diversos dados obtidos neste questionário, registra-se o elevado índice de
concordância dos respondentes do MCAS para o item 12 (Q12). Para este item não houve
nenhuma discordância e o indice de concordância alcançou o patamar de 97,66%.
SISCEAB das especialidades BET, BCO, SEL e SEM, que atuam na manutenção dos recursos
CNS/ATM estão sujeitos a trabalharem em ambientes ruidosos, confinados, que, muitas vezes,
envolve altura, alta tensão elétrica e até radiação ionizante e/ou não-ionizante. Logo, a partir
deste prisma, este interesse passa a ser legítimo, por haver indícios de desgaste orgânico,
continuado, no exercício de suas funções.
Outro destaque observado dos resultados do MCAS foi o reduzido índice de
respondentes assinalando a opção relacionada a concordância (Concordo ou Concordo
Totalmente) para o item 2 (Q2). Esta questão foi elaborada para detectar o conhecimento dos
técnicos do programa de modernização dos recursos CNS/ATM do Estado Brasileiro,
conhecido como programa SIRIUS. Este índice foi inferior a 15%.
Tenho conhecimento do Programa SIRIUS como o responsável, entre outros, pelo processo de
Q2
modernização dos recursos CNS/ATM do Estado Brasileiro.
Apesar de parecer controverso, os resultados do MCAS para o item 36, observa-se que
apresentou reduzido grau de concordância (Concordo ou Concordo Totalmente) entre os
respondentes, que contrasta com os resultados para o item 40, uma vez que este item
relaciona-se diretamente com o Programa SIRIUS, por se tratar da modernização do
CNS/ATM em andamento no SISCEAB.
6 Conclusões
Referências
BAKER, R. H. Climate survey analysis for aviation maintenance safety. 1998. 100 p.
Thesis (M. Sc. in Operations Research) – Naval Postgraduate School, Monterey, CA.
BRASIL. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. SIRIUS Brasil. Rio de Janeiro, RJ,
2018a. Disponível em: <https://www.decea.gov.br/sirius/?lang=en>. Acesso em: 06 out. 2018.
BRASIL. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. O que é SIRIUS? Rio de Janeiro, RJ,
2018b. Disponível em: <https://www.decea.gov.br/sirius/index.php/o-sirius/o-que-e-2/?
lang=en>. Acesso em: 06 out. 2018.
BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. 6ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2010.
FLEISS Joseph L. Statistical methods for rates and proportions. New York: John Wiley. P
212-236, 1981.
ICAO. Training manual: part E-2: Air Traffic Safety Electronics Personnel (ATSEP).
Montreal, 2011. (Doc 7192 AN/857).
ICAO. Global air navigation plan for CNS/ATM Systems. Montreal, 2002. (Doc 9750-
AN/963).
ICAO. Global air traffic management operational concept. Montreal, 2005. (Doc 9854
AN/458).
INTERNATIONAL FEDERATION
OF AIR TRAFFIC SAFETY ELECTRONICS ASSOCIATIONS. Next generation of Air
Traffic Safety Electronic Personnel (ATSEP). [S.l.], 2010.
MAROTTI, J.; GALHARDO, A.P. M.; FURUYAMA, R. J,; PIGOZZO, M. N.; CAMPOS,
T.N.; LAGANÁ, D.,C. Amostragem em pesquisa clínica: tamanho da amostra. Revista de
Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, SP, 20(2): 186-94, maio-ago, 2008.
PARIÈS, J.; HAYWARD, B. Human Factors and Ergonomics Practice in Aviation: Assisting
Human Performance in Aviation Operations. In: SHORROCK, Steven T. Human factors and
ergonomics in practice : improving performance and well-being in the real world. New
York : Routledge, 2016. p. 203-218.
REASON, J. Human error: models and management. BMJ, v. 320, p. 768–770, 2000a.
REASON, J. Safety paradoxes and safety culture. Injury Control & Safety Promotion, v. 7,
n. 1, p. 3-14, 2000b.
SANTOS, L. C. B.; ALMEIDA, C. A.; FARIAS, J. L.; et al. Aviões - Sumário Estatııstico
2008-2017. Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
Brasıılia. 2018.
SCHMIDT, John K.; LAWSON, Don; FIGLOCK, R. Human factors analysis and
classification system: maintenance extension (HFACS-ME) Review of Select NTSB
Maintenance Mishaps: an update. Washington, DC: FAA, [199-?]. Disponível em:
<https://www.faa.gov/about/initiatives/maintenance_hf/library/documents/media/hfacs/ntsb_h
facs-me_updated_study_report.pdf>. Acesso em: 20 maio 2018.
TEIXEIRA, A. CNS-ATM: conceitos e tecnologias. São José dos Campos, SP: DCA-BR,
2009. Apresentação em slides. Disponível em: <http://www.dcabr.org.br/download/cursos-
eventos/eventos/eventos-realizados/2009/seminario-hst-22-09-2009/2_CNS-
ATM_Baganha.pdf>. Acesso em: 20 maio 2018.
Apêndice A
A.1 Listagem dos DTCEA
Neste apêndice é apresentado a lista dos DTCEAs existentes no estado brasileiro, cuja
elaboração tomou por base a portaria DECEA nº 64 e 65/DGCEA, de 3 de junho de 2014.
Apêndice B
B.1 MCAS aplicado aos técnicos do SISCEAB
De antemão, informo que sua identidade e o DTCEA em qual trabalha serão mantidos em
sigilo, de modo a garantir o seu anonimato.
Orientações básicas:
1- A pesquisa ocorrerá em 2 (duas) partes: a primeira é composta por 14 (quatorze) questões,
com duração de 1 a 2 minutos, para obtenção de dados demográficos (idade, sexo, entre
outros) e a segunda é composta por 41 (quarenta e uma) questões, com duração de 5 a 10
minutos, relacionadas aos Fatores Humanos que podem influenciar na manutenção do
SISCEAB;
a) Concordo Totalmente (CT); b) Concordo (C); c) Neutro (N); d) Discordo (D); e) Discordo
Totalmente (DT)
a) Concordo Totalmente (CT); b) Concordo (C); c) Neutro (N); d) Discordo (D); e) Discordo
Totalmente (DT)
90
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Tenho conhecimento do Programa SIRIUS como o responsável, entre outros, pelo processo de
modernização dos recursos CNS/ATM do Estado Brasileiro.
2
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
A manutenção assistida ou remota é uma opção para reduzir a carga de trabalho dos técnicos do
SISCEAB e, principalmente, para evitar os longos deslocamentos entre as diversas cidades
3 brasileiras, dada a dimensão continental do Brasil.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Na formação dos Técnicos Especialistas de Aeronáutica, principalmente, os BCO, BET, SEL e SEM,
Cursos que abordem o NR-10 (Básico/SEP), o NR-35 ou Cursos do Programa de Atividades de
Ensino e Atualização Técnica (PAEAT) do DECEA, entendo que, alguns desses Cursos, já poderiam
4 fazer parte do currículo básico de formação dos técnicos na Escola de Especialistas de Aeronáutica
(EEAR).
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Em minha organização, há Especialistas BCO atuando na manutenção de equipamentos/sistemas do
SISCEAB, ou seja, desenvolvendo atividades exclusiva de manutenção, como manutenções
5 preventivas e/ou corretivas.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Psicológicos (Psi)
Em meu ambiente de trabalho já fui submetido a um programa de Fatores Humanos voltado
especificamente para a realidade da manutenção, tal qual como ocorre com o pessoal operacional
6 (Controlador de Tráfego Aéreo).
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Por atuar diretamente na manutenção do SISCEAB, na ponta da linha (DTCEA), sinto-me impactado
emocionalmente, em caso de acidente aeronáutico relacionado com o sistema de controle de tráfego
aéreo, tendo em vista que participo da manutenção dos equipamentos e/ou sistemas CNS/ATM,
7 mesmo que na minha área de atuação esteja tudo conforme estabelecido em normas, manuais,
boletins técnicos e legislações.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
No meu trabalho os técnicos são designados para realizarem capacitações como TRM – Team
Resource Management (TRM é o equivalente do CRM – Crew Resource Management – aplicado aos
8 tripulantes de voo).
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Na minha área de atuação há necessidade de atualização constante, aprendizado contínuo, tendo em
vista as novas tecnologias advindas do CNS/ATM.
9
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Rotineiramente, o meu ambiente de trabalho sofre interferência de eventos externos, que afetam a
10
minha performance nos serviços de manutenção. Por exemplo: formaturas, escalas, representações,
91
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Saúde (Sa)
No meu trabalho há recursos médicos ou psicológicos para identificar ou gerenciar o “pessoal de
manutenção” do SISCEAB que esteja, eventualmente, com sinais de “stress” ou fadiga.
11
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
O Adicional de Compensação orgânica poderia ser estendido ao pessoal de manutenção, tendo em
vista o desgaste orgânico a que estão submetidos os técnicos do SISCEAB, principalmente, àqueles
que para exercerem seus ofícios necessitam ter capacitações equivalentes ao NR-10 e/ou NR-35, ou
12
ainda, trabalhem em ambientes ruidosos, confinados ou sujeitos às ondas eletromagnéticas.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Tenho a percepção da existência de um programa de gerenciamento de fadiga em meu ambiente de
trabalho.
13
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Em meu ambiente de trabalho há esclarecimentos e incentivos quanto ao uso dos Equipamentos de
Proteção Individual.
14
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
No meu trabalho há oportunidades para manutenção de adequada aptidão física e mental.
15
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Social e Organizacional (SO)
O meu ambiente de trabalho é harmonioso e agradável, de modo que tenho o pleno sentimento de
sentir-se útil na minha organização.
16
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Os recursos materiais, tempo e pessoal técnico disponíveis estão distribuídos de forma adequada em
meu ambiente de trabalho.
17
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Eu tenho plena ciência da importância do meu trabalho de manutenção da infraestrutura do controle
de tráfego aéreo para a segurança da aviação.
18
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Costumo trabalhar número de horas superior ao cumprido pelo pessoal do expediente administrativo
e, quiçá, operacional.
19
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
O número de técnicos, com quem trabalho, em início de carreira (menos de 5 anos de serviço) é
maior que o número de técnicos em fim de carreira (mais de 25 anos de serviço).
20
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Comunicação (Com)
A comunicação verbal em meu ambiente de trabalho, entre a chefia e os subordinados, ocorre de
21 forma bilateral, com oportunidade para os subordinados apresentarem seus posicionamentos,
principalmente, quando se tratar de assuntos relacionados à segurança das operações na manutenção.
92
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Em minhas atividades de manutenção sou estimulado a produzir relatórios técnicos.
22
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
A despeito de estímulos da gerência da manutenção, eu produzo relatórios técnicos.
23
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Em minha área de atuação, as informações dos equipamentos e sistemas disponíveis em manuais ou
publicações, em sua maioria, estão escritos na língua inglesa.
24
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
As minhas opiniões, quando oportunas, são encaminhadas à gerência da manutenção e são levadas
em consideração, principalmente, se afetam à segurança da manutenção dos sistemas CNS/ATM e
25 contribuem para a segurança operacional.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
“Stress” (St)
Tenho a percepção da existência de um programa de gerenciamento de “stress” em meu ambiente de
trabalho.
26
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
A participação em escalas de Sobreaviso Técnico oneram o meu tempo com a família, o meu tempo
livre e, ainda, muitas vezes não é considerada como hora efetiva de trabalho, mesmo que eu tenha
27 ficado em “stand-by”.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Acredito que a ausência de regulamentação específica, no âmbito do SISCEAB, como possui o
pessoal operacional (Controlador de Tráfego Aéreo, Meteorologistas, entre outros), sobre a carga de
trabalho ou a rotina de trabalho faz com que a carga de trabalho do pessoal de manutenção fique
28
elevada.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Possuo condições de trabalho adequadas para solucionar inoperâncias de equipamentos/sistemas,
como: ferramentas, material de apoio, suprimento técnico, manuais, apoio de viatura, entre outros,
29 em minha localidade, ou seja, no meu local de trabalho.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Possuo condições de trabalho adequadas para solucionar inoperâncias de equipamentos/sistemas,
como: ferramentas, material de apoio, suprimento técnico, manuais, apoio de viatura, entre outros,
30 em localidade diversa do meu local de trabalho (Por exemplo: EACEA e KTs isoladas).
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Erro Humano (EH)
Em caso de cometimento de erros na execução da manutenção, os técnicos são encorajados a
realizarem reportes voluntários, a fim de que o erro seja corrigido e tomado como lições aprendidas.
31
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Participo ativamente do Safety Management System (Sistema de Gerenciamento da Segurança
32 Operacional) do DTCEA, nas análises preliminares de segurança operacional, das eventuais
mudanças que possam ocorrer no serviço de navegação aérea, em virtude de modernizações nos
93
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Tenho a percepção de que o Safety Management System (Sistema de Gerenciamento da Segurança
Operacional) implantado no DTCEA é uma ferramenta necessária para elevar o nível de segurança
33 operacional de minha organização.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Sinto a necessidade de melhorias nas condições de trabalho, principalmente, para mitigar a
possibilidade do erro humano.
34
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Realizo as manutenções preventivas, de posse dos boletins técnicos e/ou manuais técnicos, a fim de
cumprir fielmente o que está previsto.
35
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Métodos de Trabalho (MT)
O Programa SIRIUS aumentou a carga de trabalho do pessoal de manutenção, ao menos, neste
período de implementação.
36
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Tenho a percepção de que há déficit de pessoal, nível técnico, em minha área de atuação.
37
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
A força de trabalho mista, profissionais de carreira e temporários, parece uma solução para o déficit
de pessoal de manutenção, no nível técnico.
38
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Eu acredito que a carga de trabalho ou a rotina de trabalho do técnico do SISCEAB está cada dia
mais elevada.
39
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
O crescimento do número de equipamentos/sistemas, devido a modernização dos recursos
CNS/ATM, como rede ATN-Br, a automação das atividades para o pessoal operacional (Controlador
de Tráfego Aéreo, Meteorologistas, entre outros), faz com que a carga de trabalho do pessoal técnico
40
fique mais elevada.
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
As empresas eventualmente contratadas para suporte logístico podem contribuir para uma carga de
trabalho mais harmônica e condizente para os técnicos do SISCEAB.
41
a) CT; b) C; c) N; d) D; e) DT.
Legenda:
a) Concordo Totalmente (CT);
b) Concordo (C);
c) Neutro (N);
d) Discordo (D);
e) Discordo Totalmente (DT).
94
Apêndice C
C.1 Análise de Juízes - Validação de Conteúdo
Relevância teórica – O item elaborado está associado aos aspectos dos fatores humanos
aplicáveis ao pessoal de manutenção da infraestrutura CNS/ATM.
95
Neste segundo momento, solicita-se que classifique cada um dos itens, de acordo com
as oito dimensões teóricas, tal como sua definição contida no Doc 7192 AN/857, da ICAO.
Segue uma breve descrição desses fatores e o que se busca observar em cada uma das
dimensões:
1. Conhecimento e Habilidades (CH) – 1) Licenças, habilitações e certificações de
segurança; 2) novos sistemas, novos procedimentos, monitoramento de sistemas, novas
tecnologias, atualização dos sistemas antigos (radar, auxílios à navegação e meteorológicos,
hardware e software); 3) estudo individual, brifim, seminário, cursos, periódicos técnicos,
livros técnicos, OJT, simulação, computer based training, e-learning e visitas técnicas.
2. Psicológicos (Psi) – 1) “Stress”, aprendizado, conhecimento, fadiga, distração,
relacionamento interpessoal, “team resource”, “management”, ambiente de trabalho,
redundâncias; e 2) problemas que afetarão a tomada de decisão: problemas relacionados para
aprender novas coisas, problemas relacionados com a exigência de elevados níveis de
concentração, problemas relacionados com elevado nível de “stress” e fadiga, problemas
relacionados com mudança no ambiente de trabalho ou na organização.
3. Saúde (Sa) – 1) Falta de concentração, irritabilidade, frustração; 2) Acometimento
de erros frequentes, dificuldade para se concentrar, mal humor em boa parte do tempo, sono
em desordem, alimentação em desordem; 3) Necessidade de tirar uma folga, de descansar por
um curto período de tempo ou ainda consultar ajuda profissional; 4) Aptidão física e mental;
5) Ambiente de trabalho, ergonomia, efeitos do ruído, ondas eletromagnéticas, ferramentas; e
6) Sistema nervoso e medicação.
4. Social e Organizacional (SO) – 1) Sentimento de sentir-se útil na organização em
que trabalha, “teamwork”, “being listen to”; 2) Sentimento de fazer parte da equipe/time,
liderança, respeito dos outros integrantes do trabalho ou setor; 3) Papel dos membros,
responsabilidades dentro da equipe, os benefícios de ter outros membros da equipe para
confiar, aspectos de segurança, assistência em situações anormais e difíceis; 4) Papéis mal
definidos, objetivos mal identificados, mal planejamento, muitos líderes ou não o suficiente, o
respeito aos outros, divergência de valores.
5. Comunicação (Com) – 1) Emissão de relatórios técnicos elaborados pelos ATSEP,
relatórios sobre degradação de equipamentos/sistemas, relatórios gerenciais 2) Concisão,
clareza, use correto da linguagem e dos termos técnicos; 3) Idiomas diferentes, assuntos
técnicos, normalmente, são escritos na língua inglesa; 4) Alguns fatores cognitivos, como:
96
Orientações finais
Apêndice D
D.1 MCAS original e versão traduzida
Neste Apêndice, na coluna da esquerda, está a versão original do MCAS obtido do
trabalho desenvolvido por Robinson (2014) e, na coluna da direita, a versão traduzida por este
autor.
Para efeito desta dissertação, foram utilizadas da versão original, na elaboração do
MCAS a ser aplicado aos técnicos do SISCEAB, os itens 2, 3, 5, 7, 8, 18, 24, 28, 35 e 38.
Signing off personnel qualifications is taken seriously A aprovação das qualificações do pessoal é levada
6 a sério.
Apêndice E
E.1 Itens do MCAS - back-translation
Neste Apêndice, na coluna da esquerda, estão os itens 2, 3, 5, 7, 8, 18, 24, 28, 35 e 38
com a tradução reversa (Português para o Inglês) e, na coluna da direita, a versão traduzida
por este autor (inglês-Português) do MCAS original, abordado por Robinson (2014).
Anexo A
A.1 Fatores Humanos - Doc 7192 AN/857
De acordo com o Doc 7192 AN/857 (2011), a compreensão das capacidades e
limitações humanas previsíveis e as aplicações desses entendimento são as principais
preocupações dos fatores humanos.
Os fatores humanos foram progressivamente desenvolvidos, aperfeiçoados e
institucionalizados desde o fim do século passado e são agora apoiados por um vasto
repositório de conhecimentos que podem ser utilizados pelos interessados para melhorar a
segurança dos complexos sistemas que compõem o atual transporte aéreo civil, conforme
Tabela B.1, a seguir:
Tabela A.1 – Fatores humanos aplicados ao pessoal de manutenção ATSEP (ICAO, 2011).
Tabela A.1 – Fatores humanos aplicados ao pessoal de manutenção ATSEP (ICAO, 2011).
(Cont.)
Tabela A.1 – Fatores humanos aplicados ao pessoal de manutenção ATSEP (ICAO, 2011).
(Cont.)
Fatores Aspectos a serem explorados em
Aspectos a serem observados
Humanos treinamento
1-Idiomas diferentes, assuntos técnicos,
normalmente, são escritos na língua
inglesa
Tradução e adaptação da ferramenta Maintenance Climate Assessment Survey para aplicação ao pessoal de
manutenção do CNS/ATM do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro - SISCEAB
6.
AUTOR(ES):
Aquisição de dados; Fatores humanos; Controle de tráfego aéreo; Manutenção; Segurança do voo; Engenharia
aeronáutica.
10.
APRESENTAÇÃO: (X) Nacional ( ) Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado Profissional em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade
Continuada. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica. Orientadora: Dra. Sarah Vieira
Carneiro. Defesa em 21/12/2018. Publicada em 2018.
11.
RESUMO:
Este trabalho visa adaptar a ferramenta MCAS – Maintenance Climate Assessment Survey – utilizada para
percepção de clima de manutenção na Aviação Naval da Marinha dos EUA e, principalmente, validá-la para coleta
de dados dos fatores humanos que afetam a atividade desenvolvida pelos técnicos do SISCEAB – Sistema de
Controle do Espaço Aéreo Brasileiro –, que realizam a manutenção dos equipamentos e/ou sistemas da estrutura
CNS/ATM instalada no território nacional, com considerações sobre as novas tecnologias advindas do Programa
SIRIUS e sobre a concepção estratégica da Força Aérea 100. Através da revisão de literatura emitida pelos
principais organismos relacionados à aviação civil, como a ICAO, o DECEA, a EASA e a FAA, em contraponto,
com trabalhos científicos produzidos pela Naval Postgraduate School, NASA, National Research Council, ITA e
CENIPA, estabeleceu-se relacões com as atividades das equipes de manutenção dos sistemas CNS/ATM, a fim de
investigar os principais aspectos dos fatores humanos que possam afetar a performance do “pessoal de
manutenção” do SISCEAB, bem como apresentar o que já é aplicado ao equivalente dos técnicos brasileiros,
como: os ATSS - Airway Transportation System Specialist - que atuam na FAA e vivenciam o NextGen
(equivalente do SIRIUS) e os ATSEP - Air Traffic Safety Electronics Personnel - que atuam na EASA e vivenciam
o SESAR (equivalente ao SIRIUS e ao NextGen). Neste sentido, o MCAS nesta dissertação é um instrumento para
obtenção de dados psicométricos sobre a percepção daqueles que atuam na instalação, manutenção e reparo dos
equipamentos e sistemas do Controle do Espaço Aéreo, com viés em aspectos dos fatores humanos, de modo que
seja possível revelar eventuais falhas latentes na estrutura organizacional, principalmente, as relacionadas à carga
de trabalho, em consonância com o HFACS, HFACS-ME, SHELL e o modelo Reason.
12.
GRAU DE SIGILO: