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Palhoça
2018
JACK VILLARPANDO DOS SANTOS
Palhoça
2018
JACK VILLARPANDO DOS SANTOS
__________________________________________
Orientadora: Profa. Conceição Aparecida Kindermann, Dra.
Universidade do Sul de Santa Catarina
__________________________________________
Prof. Antônio Carlos Vieira de Campos, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho aos que perderam suas
vidas devido ao baixo nível de aderência aos
preceitos da Cultura de Segurança Operacional
por parte dos gestores de seus voos.
AGRADECIMENTOS
Esta monografia teve como objetivo geral demonstrar a importância da formação profissional
do instrutor de voo para mitigar as ocorrências aeronáuticas. Em relação à metodologia
utilizada, a presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, com procedimento bibliográfico
e documental, com abordagem tanto qualitativa, quanto quantitativa. Para a análise dos dados,
foram feitos levantamentos em bibliografias e documentos disponibilizados por diversos
órgãos, como por exemplo, ANAC, CENIPA, ICAO, Elos SIPAER. Ao finalizar a pesquisa,
conclui-se que para melhorar a qualidade do ensino é necessário um nível de conhecimento
mais elevado e que investir na formação do instrutor de voo repercutirá na formação de toda a
mão de obra da aviação. Logo, exigir a formação de nível superior em Ciências Aeronáuticas,
Aviação Civil ou outro curso superior correlato, agregado a uma pós-graduação relacionada
com pedagogia, trará uma melhoria significativa para a cultura de segurança aeronáutica e
diminuirá o número de ocorrências na aviação de instrução e/ou com fatores contribuintes
decorrentes da instrução.
This monograph had as general objective to demonstrate the importance of the professional
training of the flight instructor to mitigate the aeronautical occurrences. In relation to the
methodology used, the present research is characterized as descriptive, with bibliographic and
documentary procedure, with both qualitative and quantitative approach. For the analysis of
the data, surveys were made in bibliographies and documents made available by several
organs, such as, for example, ANAC, CENIPA, ICAO, links of SIPAER. At the end of the
research, it is concluded that improving the quality of education requires a higher level of
knowledge and that investing in the training of flight instructors will have repercussions on
the training of the entire aviation workforce. Therefore, requiring higher education in
Aeronautical Sciences, Civil Aviation or another related higher education, added to a
postgraduate related to pedagogy, will bring a significant improvement to the aeronautical
safety culture and will decrease the number of occurrences in the aviation of instruction and /
or contributing factors arising from the instruction.
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................13
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ..............................................................................21
1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................22
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 22
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 22
1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................22
1.5 METODOLOGIA ...............................................................................................25
1.5.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa .................................................................. 25
1.5.2 Materiais e métodos ................................................................................................... 26
1.5.3 Procedimentos de coleta de dados ............................................................................ 27
1.5.4 Procedimentos de análise dos dados ......................................................................... 27
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .....................................................................27
2 INSTRUTOR DE VOO - ELO SIPAER NO SGSO ................................................29
2.1 O SIPAER ..........................................................................................................29
2.2 O SGSO .............................................................................................................30
2.3 O INSTRUTOR DE VOO ....................................................................................33
2.3.1 Impacto da insatisfação dos instrutores de voo no SGSO e no SIPAER .............. 34
3 OCORRÊNCIAS INDESEJADAS NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA ...............37
3.1 AVIAÇÃO REGULAR ........................................................................................39
3.2 A AVIAÇÃO GERAL .........................................................................................41
3.3 AVIAÇÃO DE INSTRUÇÃO ..............................................................................42
3.4 MANTENDO A SEGURANÇA ...........................................................................45
3.5 FORMANDO DEFESAS E BARREIRAS DE SEGURANÇA .................................47
4 MEDIADORES DA APRENDIZAGEM ................................................................49
4.1 MANUAL DO INSTRUTOR DE VOO .................................................................49
4.2 NA ESCUTA? ....................................................................................................50
4.3 FORMAÇÃO ATUAL .........................................................................................51
4.4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS......................................................................53
4.4.1 Didática ....................................................................................................................... 53
4.4.2 Cordialidade ............................................................................................................... 55
4.4.3 Humildade e autenticidade ........................................................................................ 55
4.4.4 Comunicação .............................................................................................................. 56
4.4.5 Cultura de Avaliação Justa ....................................................................................... 56
4.4.6 Organização ................................................................................................................ 57
4.4.7 Bom Julgamento\ Tomada de Decisão ..................................................................... 58
4.5 ENSINANDO ATITUDES OU COM ATITUDES? ................................................58
4.6 A NECESSIDADE DE UM NOVO MODELO DE ENSINO ...................................62
4.7 OS BENEFÍCIOS DA ABORDAGEM DA HÉLICE TRÍPLICE, NA FORMAÇÃO DO
INSTRUTOR DE VOO ..............................................................................................66
4.7.1 A academia .................................................................................................................. 66
4.7.2 O Governo ................................................................................................................... 67
4.7.3 A indústria .................................................................................................................. 68
4.7.4 O resultado da união .................................................................................................. 70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................73
REFERÊNCIAS .......................................................................................................75
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A nota técnica de Lima et al. (2014) é de extrema relevância para esta pesquisa,
nela os autores abordam o Processo de Construção de Perfil de Competência de Profissionais,
com base na concepção construtivista e no modelo integrador e holístico de competência.
Nesse sentido, competência é entendida como sendo a mobilização de diferentes
recursos para solucionar, com pertinência e sucesso, problemas da prática
profissional, em diferentes contextos. Esses recursos ou atributos são as capacidades
cognitivas, atitudinais e psicomotoras mobilizadas, de modo integrado, para a
realização de ações profissionais. (LIMA, 2014, p. 3).
Nesse sentido, Lima (2014) diz que, para exercer uma profissão, as pessoas
devem possuir as competências para o bom exercício de suas obrigações profissionais, que é
possível avaliar se a pessoa realmente possui essas habilidades pelo seu desempenho na
realização das tarefas que sua profissão exige. Assim, para se traçar o perfil ideal de cada
ofício é necessário estabelecer o desempenho que se quer atingir, quais ações chaves esse
profissional deve executar e, para isso, é necessário saber as competências que ele deve
possuir. Assim Lima (2014, p.3) constrói um referencial de abordagem dialógica para o
desenvolvimento de competências. Essa metodologia “[...] leva em conta os acúmulos sociais,
científicos e culturais das sociedades, sendo por isso considerada uma construção histórica”.
O autor considera dialógica porque é construída na interação e a relação complementar entre
indivíduo-sociedade; escola-trabalho; sociedade-escola; indivíduo-profissão.
Philippe Perrenoud trata das competências necessárias ao professor para garantir
um bom aprendizado por parte dos alunos e de como melhorar a formação deste profissional,
para que ele desenvolva competências. No livro: “As Competências Para Ensinar no Século
XXI: A formação dos Professores e O Desafio da Avaliação”, é perfeitamente aplicada à
aviação uma vez que os atores de ambos os terrenos, formação básica educacional e formação
básica de piloto de aeronaves têm o mesmo objetivo, desenvolver no aprendiz os pilares que
darão base, lapidarão e nortearão todo o aprendizado futuro. É importante uma formação
acadêmica que garanta o desenvolvimento de competências necessárias para o exercício da
profissão de instrutor de voo, para que haja um maior comprometimento com a segurança
operacional, levando assim, à conclusão do benefício à segurança da aviação em se elevar o
nível de exigência acadêmica do instrutor de voo para bacharel, como em ciências
aeronáuticas, aviação civil ou outra graduação correlata, acrescida de uma pós-graduação na
área de pedagogia.
15
Podemos ver pelo índice de fatalidades, que embora o número total de acidentes e
o número de acidentes fatais tenham diminuído, o número de pessoas que morreram não
diminuiu na mesma proporção, demonstrando que por alguma razão os acidentes têm sido
mais letais.
Em “As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o
desafio da avaliação”, Philippe Perrenoud (2002) chama a atenção para o fato de que a
depender de como é a visão, quais são os valores e quais são as prioridades da pessoa que
pensa sobre o ambiente de formação e os formadores de profissionais, maior ou menor será a
importância dada ao docente, conforme transcrição:
16
O perfil do docente ideal não é único, pois diferentes áreas das diferentes ciências
necessitaram de profissionais mais práticos ou mais teóricos, por exemplo; porém existem
algumas competências inerentes à função do docente, neste sentido Perrenoud (2002, p.14)
escreve:
Consigo visualizar uma figura do professor ideal no duplo registro da cidadania e da
construção de competências. Para desenvolver uma cidadania adaptada ao mundo
contemporâneo, defendo o perfil de um professor que seja ao mesmo tempo:
1. Pessoa confiável;
2. Mediador intercultural;
3. Mediador de uma comunidade educativa;
4. Garantia da lei;
5. Organizador de uma vida democrática;
6. Transmissor cultural;
7. Intelectual.
Alguns fatores têm contribuído em mais acidentes, em sua maioria, esses fatores
estão ligados ao perfil de piloto que se envolve mais frequentemente em acidentes, o que é um
reflexo das preocupações que seus instrutores tiveram em sua formação, como é o caso do
Julgamento de Pilotagem, Planejamento de Voo, Aplicação dos Comandos e Indisciplina de
Voo, quatro dos cinco fatores que mais estiveram presentes na cadeia de acontecimentos que
resultaram em acidentes, conforme pode ser visualizado no gráfico acima.
De acordo com a teoria das janelas partidas, desenvolvida por James Q. Wilson e
George Kelling (1982), a desordem gera desordem, pois se um edifício tiver algumas janelas
quebradas, a tendência é de que, logo, outras acabem sendo quebradas também e, em pouco
tempo, algum grupo de vândalos passe a ocupar o aludido edifício. Essa teoria baseou-se na
experiência realizada nos anos 60, por um grupo de psicólogos, que resolveu abandonar dois
carros idênticos em dois bairros de Nova Iorque, sendo um bairro nobre e o outro de periferia.
Num primeiro momento, o carro do bairro nobre permaneceu intacto, enquanto o que estava
18
no bairro periférico foi depredado e suas peças roubadas, porém, bastou que algumas janelas
do veículo abandonado no bairro de classe alta fossem quebradas para que a depredação se
iniciasse, chegando assim à conclusão de que o problema da falta de respeito às regras como a
violência e a criminalidade não são oriundos da pobreza e sim da própria natureza humana e
suas relações sociais.
Figura 3 – Percentual de acidentes por segmento da aviação entre 2006 e 2015.
Você não pode mudar a condição de ser humano, mas pode mudar as condições em
que o humano trabalha: As situações variam enormemente em seu potencial de
provocar resultados indesejados. Identificar essas armadilhas e reconhecer suas
características são passos essenciais para o efetivo gerenciamento do erro.
(REASON, 2002, tradução nossa).
Nesse escopo, o que se propõe nesse trabalho é trazer uma solução viável e
duradoura na mitigação das ocorrências indesejadas da aviação brasileira, tendo como visão
de que a cultura e os hábitos desenvolvidos na instrução basilar estão relacionadas à raiz da
problemática apresentada, e baseando-se na melhoria da qualificação do instrutor para
mudança na cultura de segurança e melhoria de todo o sistema, afinal, de acordo com William
James (1842-1910, apud SELEM, 2016), um dos fundadores da psicologia moderna “a maior
descoberta de minha geração é que os seres humanos podem modificar suas vidas, apenas
modificando suas atitudes mentais”.
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
Uma vez que o valor da vida é imensurável e que acidentes da aviação geral
ceifaram 891 vidas nos últimos 10 anos (BRASIL, 2016), faz-se necessário a criação de
barreiras para que haja a mitigação de acidentes nesta seara da aviação, uma vez que ela
apresenta índices alarmantes. Neste sentido, o aumento da exigência do nível acadêmico para
23
o instrutor de voo pode vir a ser uma ferramenta de altíssima eficiência e eficácia no sentido
de transmissão e multiplicação de conhecimentos e da cultura de segurança operacional.
Conforme o dicionário Michaelis, o significado da palavra docente é “relativo ao
ensino ou àquele que ensina”.
É função do docente ter um empenho indispensável com o aprendizado do aluno,
com vistas a obter um sujeito que logre êxito em suas atividades. Nesse sentido, o
conhecimento do docente não deve limitar-se ao da matéria que ensina, abrangendo também
toda uma variedade de conhecimentos culturais, sociais, políticos, econômicos, dentre outros.
Deixando, assim, para trás a lembrança de professores que ensinam exclusivamente
as disciplinas da grade curricular, levando os educandos a adquirir algumas
qualificações essenciais para a vida, como saber pensar, falar, ouvir, ver, analisar,
criticar e principalmente ser capaz de tomar decisões. (ANTUNES, 2002 apud
SANTOS; SPENA; MOURA, 2018).
Não acreditamos que a formação inicial do professor possa se dar em serviço, não
vemos nenhum outro profissional ser formado assim. Por que nós deveríamos
admitir que para ser professor qualquer tipo de formação possa ser feita? Por isso,
reafirmamos que a formação de professores não pode se eximir de uma bagagem
filosófica, histórica, social e política, além de uma sólida formação didático-
metodológica, visando formar um profissional capaz de teorizar sobre as relações
entre educação e sociedade e, ai sim como parte dessa analise teórica, refletir sobre
sua prática, propor mudanças significativas na educação e contribuir para que os
alunos tenham acesso à cultura resultante do processo de acumulação sócio histórica
pelo qual a humanidade tem passado.
Aquele que ensina não pode se limitar em realizar atividades repetitivas e difundir
concepções prontas, sob pena de estar realizando apenas um adestramento, pois não mudará a
consciência dos alunos.
Vygotsky (1984, 55) ressalta que:
Essa pesquisa mostra que a mente não é uma rede complexa de capacidades gerais
como observação, atenção, memória, julgamento, e etc., mas um conjunto de
capacidades específicas, cada uma das quais, de alguma forma, independe das outras
e se desenvolve independentemente. O aprendizado é mais do que a aquisição de
capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades especializadas para
pensar sobre várias coisas. O aprendizado não altera nossa capacidade global de
focalizar a atenção; ao invés disso, no entanto, desenvolve várias capacidades de
focalizar a atenção sobre várias coisas. De acordo com esse ponto de vista, um treino
especial afeta o desenvolvimento global somente quando seus elementos, seus
materiais e seus processos são similares nos vários campos específicos; o hábito nos
governa.
1.5 METODOLOGIA
No primeiro capítulo foi feita uma introdução à pesquisa. No dois o leitor será
introduzido ao SIPAER, ao SGSO e ao atual perfil médio do instrutor de voo. No terceiro
capitulo serão demonstradas as estatísticas dos acidentes aéreos da última década e de que
forma os instrutores de voo influenciam esses números. O capitulo quatro abordará o papel do
docente, as características desejáveis, sua influência na formação da sociedade e de seus
valores, como é a atual formação dos instrutores de voo e quais mudanças trariam uma maior
segurança à aviação civil, além de destacar as responsabilidades sociais do governo, da
academia e das empresas, sugerindo um escopo para a criação de uma organização para
ministrar a formação dos instrutores de voo. No quinto será feita a conclusão a respeito dos
resultados obtidos.
29
2.1 O SIPAER
2.2 O SGSO
Segundo Vanessa Portão (2008), temos o habito de buscar satisfação naquilo que
fazemos, da mesma forma que, desejamos mitigar a frustração, dor ou desapontamento
causado por situações que nos desagrada, que nos remete desprazer. A insatisfação no
trabalho acarreta uma série de comportamentos indesejáveis e geradores de impactos
negativos sobre as pessoas e consequentemente, nas organizações e seus sistemas.
É necessário dar mais valor à influência que o instrutor de voo exerce para o bom
funcionamento do SGSO. Ele é o mais precioso recurso para a difusão dos preceitos SIPAER.
Deve-se compreender que o investimento no instrutor de voo proporcionará, sobretudo,
melhoria organizacional.
A insatisfação de quase 75% do Instrutores de voo como trabalho pode estar ligada a
vários fatores, sejam eles externos ou internos. Nara Moura de Sena (2014) classifica os fatores
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internos como aqueles ligados à organização e seus sistemas, o ambiente de trabalho, a equipe, a
chefia, as condições físicas do local de trabalho, o salário, a possibilidade de crescimento
profissional e outros; os fatores externos, são referentes a pessoa, a saúde psíquica do trabalhador,
relacionamento interpessoal e familiar, os quais influem no desempenho do colaborador.
Nara Moura de Sena (2014) escreve em seu artigo que a qualidade das atividades
laborais exercidas pelas pessoas será impactada pela satisfação que ela tem em desempenhar a
função. A insatisfação acarreta uma série de infortúnios às organizações, a exemplo de maiores
taxas de absenteísmo, rotatividade de funcionários e a diminuição do desempenho e da
produtividade dos colaboradores.
Thiago Nepumuceno (2017) relata que a insatisfação no trabalho pode gerar diversos
males à saúde, entre eles, insônia e depressão.Nara Moura de Sena (2014) completa que segundo
Spector (2003), a satisfação no trabalho leva a um maior esforço que resulta em desempenho,
logo, o desempenho gera recompensas que origina a satisfação no trabalho. É evidente a
importância da satisfação para o bom exercício de uma profissão, ela contribui para elevar os
níveis de produção, diminuição do absentismo, da saída de bons empregados e de ocorrências
indesejadas. De maneira geral, a sociedade beneficia do fato de as pessoas se sentirem
satisfeitas com o seu trabalho.
Percebe-se que até o presente momento ainda não foi dada a valoração correta ao
papel dos instrutores basilares da aviação civil, na prevenção de acidentes e aderências às
regras e recomendações de segurança operacional, tanto por parte do governo, como da
indústria e dos Instrutores.
Diversos são os pensadores que dissertaram a respeito da função do aprendizado e
ou do docente, a exemplo de Immanuel Kant que sabiamente contatou “O homem não é nada
além daquilo que a educação faz dele”. Sêneca percebendo que todas as nossas ações se
baseiam em nossa experiência prévia, salientou a importância da educação dizendo “A
educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”. Na visão de Paulo
Coelho, “Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!” Lembrando que
36
ainda segundo o autor, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou a sua construção”. Por fim lembro as palavras de Nelson
Mandela, “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Conforme já se percebe, atualmente o sistema de aviação civil não vê o instrutor
de voo como primeiro elo-SIPAER que aqueles que ingressarão na área terão contato, por isso
não exige deste profissional uma qualificação ao nível de seus encargos.
37
acidentes aéreos. Mas as estatísticas e os tipos de ocorrências mais comuns não são iguais em
todos os setores da aviação
A OACI recomenda às agências reguladoras de aviação civil dos países membros,
através dos anexos da convenção de Chicago e outros documentos complementares, que
estabeleça diferentes níveis de exigências para as diferentes operações aéreas e diferentes
níveis de licenças e habilitações dos tripulantes. (ICAO, 2012). O que leva a uma maior
fiscalização do setor de cias aéreas, a chamada aviação regular, a qual segue os RBAC’s 119 e
121, além do RBHA 91, exigindo um treinamento mais amplo e com maior frequência por
parte dos pilotos. (BRASIL, 2018)
Nos outros setores da aviação, a chamada aviação geral, os níveis de exigências
são bem variados, sendo maior na aviação de operações complementares e por demanda, os
taxis aéreos, regulados pelos RBAC’s 119 e 135, em adendo ao RBHA 91, e vai diminuindo
para as instituições de ensino, RBHA 140 e/ou 141 e RBHA 91, chegando ao menor nível de
exigência para as operações regulamentadas apenas pelo RBHA 91. Da mesma forma ocorre
uma exigência decrescente para as Licenças de Piloto de Linha Aérea, Piloto Comercial,
Piloto Privado e o Certificado de piloto de aeronave leve esportiva, regulados pelo RBAC 61.
(BRASIL, 2018)
Isso tem um impacto direto na contribuição que cada setor da aviação dá para as
estatísticas de segurança operacional.
disto são o alto número de reportes de incidentes, o que facilita na prevenção de incidentes
graves e acidentes, através da avaliação de tendências.
Essa diferença nas estatísticas pode ser atribuída a diferentes fatores, conforme a
visão de quem as analise. Um dos fatores para o qual devemos nos atentar é a exigência
regulamentar de experiência que o comandante deve ter na aviação regular, em que o requisito
mínimo é possuir a licença de Piloto de Linha Aérea, diferente da aviação não regular, em que
temos comandantes com os três níveis de Licença, Piloto Privado, Piloto Comercial e Piloto
de Linha aérea.
Pode-se afirmar, então, que para fazer uma boa gestão dos riscos de cada missão,
o instrutor de voo deve ter uma boa base de experiências próprias ou que adquiriu com as
ações alheias.
Os fatores contribuintes mais corriqueiros têm relação com julgamento e tomada
de decisão. Por mais que os estudiosos do assunto promovam debates, formem grupos de
trabalho e apresentem novos programas voltados ao gerenciamento do risco, o fato é que os
fatores humanos ainda respondem por cerca de 80% das ocorrências aeronáuticas. Já passa e
muito da hora de se atacar o problema em sua base, no momento em que os conceitos de certo
e errado e os preceitos de desvio de regra aceitável, estão sendo estabelecidos, ou seja, desde
o primeiro contato com a aviação. (BRASIL, 2016).
O manual do instrutor de voo (BRASIL, 2016) conceitua Julgamento, como sendo
o processo mental utilizado pelo piloto para determinar a melhor ação em resposta a uma
circunstância, a sua tomada de decisão. Para fins de classificação das ocorrências
aeronáuticas, este termo é utilizado para fazer menção à situação em que o piloto, apesar de
ser habilitado para operar a aeronave envolvida na ocorrência, toma decisões inadequadas
para o cenário que se apresenta, o que no inglês se refere como Poor Judgement. (BRASIL,
2016). Para o referido documento, a solução duradoura para a mitigação deste e de outros
fatores contribuintes paira sobre a qualidade da formação, tendo vista que essa é reflexo de
seus atores, devemos investir na qualificação daquele que tem o papel de fonte\estimulador do
conhecimento. Segue trecho do Manual dos instrutores de voo:
[...] JULGAMENTO não é o único fator contribuinte envolvido, ainda que o mais
expressivo deles. Planejamento de Voo, Aplicação de Comandos, Indisciplina de
Voo, Esquecimento do Piloto, Instrução, Atitude e Atenção são apenas mais alguns
fatores contribuintes que, se avaliados de forma mais abrangente, certamente nos
aponta ao problema central – EDUCAÇÃO. Em resumo, continuamos a formar
pilotos que têm dificuldades em aplicar seu conhecimento ao gerenciamento de uma
atividade dinâmica e sujeita a rápidas mudanças como o voo. (BRASIL, 2016, pág.
64).
Fazendo uso das orientações contidas nos Cinco Gargalos, o instrutor estará
sempre ciente das ações do aluno. Os Briefings elevarão a consciência situacional de ambos,
diminuindo o tempo de resposta a uma ocorrência indesejada.
Portanto, utilizando tais gerenciamentos o aluno estará sendo preparado de forma
responsável e o instrutor cumprindo seu encargo.
Depreende-se que para diminuir as ocorrências indesejadas na aviação civil
brasileira, faz-se primordial melhorar a capacitação dos instrutores de voo, investido em uma
formação de melhor qualidade, com professores melhor qualificados. Ou seja, uma formação
de nível superior, para que os futuros instrutores de voo tenham em sua formação aulas com
profissionais altamente capacitados.
Exigindo uma formação de nível superior em Ciências aeronáuticas ou outro
curso superior correlato, o sistema de aviação civil brasileiro receberá em contrapartida
profissionais com maior dedicação à função e que permanecerão mais tempo no cargo,
melhorando a experiência dos formadores e consequentemente dos formados por eles.
49
4 MEDIADORES DA APRENDIZAGEM
4.2 NA ESCUTA?
Como percebe-se, não nos comunicamos apenas com as palavras, nossas ações
têm tanto o mais poder de transmissão de ensinamentos que o que dizemos.
A interação instrutor-aluno se processa basicamente por meio da comunicação
verbal e não verbal. Ambas são importantes, reforçando-se mutuamente, embora seja
fundamental considerar como básica aquela que melhor permita alcançar os
objetivos propostos para a instrução. Logo, a comunicação efetiva é simplesmente
um elemento vital na instrução. (BRASIL, 2016, pág. 17)).
Assim, nota-se que é vital à boa instrução, que o instrutor saiba conduzir uma
comunicação clara com o aluno.
Dependendo do tipo de aeronave que ele pretenda ministrar instrução, ele terá que
apenas passar por um curso teórico em instituição aprovada pela ANAC, ou terá que fazer
além do curso uma prova na ANAC. (BRASIL. 2018)
Para solicitar o exame prático, faz-se necessário que o postulante ao ofício possua
a experiência mínima de 50 hora de voo, das quais ao menos 40 devem ser em voo solo, caso
queira dar instrução em aeronaves da categoria aerodesportiva e/ou planador. Já para dar
instrução em Helicópteros e aviões, faz-se necessária a habilitação de piloto Comercial. Em
adição, é exigido que candidato tenha recebido instrução prática de voo, em aeronave de
categoria igual a que pleiteia dar instrução, abordando as técnicas de instrução e práticas de
técnicas de instrução em todas as manobras e procedimentos de voo previstos, no período
máximo de 3 (três) meses. (BRASIL. 2018).
Cabe ao instrutor de voo, supervisionar voos solo de alunos pilotos, ministrar
instrução de voo para a concessão e revalidação das licenças e habilitações previstas no
RBAC 61, e endossar nas cadernetas individuais de voo, de seus alunos nos casos em que um
endosso seja requerido por Regulamento. (BRASIL. 2018).
Observa-se que a Instrução Aérea Brasileira se prende muito aos manuais,
fazendo com que o aluno foque no instrutor para conseguir aprovação e não sendo um
profissional independente.
Como se utiliza mais o TBE (Treinamento Baseado em Exercícios), verifica-se
que a ênfase é mais em detalhes técnicos, em detrimento do conhecimento que o aluno
adquiriu, já que se foca mais na execução das manobras.
Com esse treinamento mecanizado, o aluno nunca estará apto a ser de fato um
comandante, mas sempre um aluno. Deixando de focar nele como um gestor de tomada de
decisão.
Assim, é necessário modificar a forma de instrução, trazendo para aliar ao TBE o
TBC (Treinamento Baseado em Cenário), pois este traz melhor abordagem para o aluno tomar
decisões e gerir riscos.
Fala-se em aliar o TBE e o TBC porque ambos se complementam, pois enquanto
aquele foca na técnica, o segundo, na gestão. Sendo complementares e imprescindíveis para
formar um aluno que deixe de ser tal e passe a ser um comandante de fato quando se formar.
O TBC não irá substituir o TBE, mas sim permeá-lo, para que o aluno tenha
raciocínios corretos e de forma a resolver situações problemas.
53
4.4.1 Didática
Existem alguns atributos que compõem a didática, entre eles estão a paciência, a
oportunidade, o exemplo, o respeito, a atenção, a humildade e a autenticidade.
Devemos nos lembrar que nosso cérebro possui limitações e que a aplicação de
um conhecimento que é transmitido pode não surtir efeito imediato, mas a informação será
processada e o insight acontecerá. (BRASIL, 2016).
Em virtude disso, é importante que o instrutor não coloque na ficha de avaliação
suas frustrações pela dificuldade do aluno em aprender. Por isso é importante que o instrutor
saiba o que se espera do aluno, bem como tenha coerência nos comentários da ficha de
avaliação de proficiência. (BRASIL, 2016).
O instrutor de voo deve saber distinguir se a fase do voo e o erro cometido
ensejam uma correção verbal imediata ou se é melhor deixar para o debriefing, ele deve ser
oportuno. (BRASIL, 2016).
Ainda, segundo este manual, o instrutor deve aproveitar a oportunidade de ser
mediador desta aquisição de conhecimentos para atuar com maestria em sua dupla função a de
comandante e a de docente. Ele deve sempre buscar o conhecimento técnico e o
aprimoramento das habilidades de relacionamento interpessoal, esforçando-se para ser um
55
instrutor padrão e não necessariamente o instrutor mais popular da organização, sendo justo e
coerente, além de jamais deixar que seus conceitos ou preconceitos sobre o aluno influenciem
sua avaliação técnica.
4.4.2 Cordialidade
4.4.4 Comunicação
Portanto, o instrutor deve ser capaz de reunir toda a informação necessária para
avaliar o progresso do aluno ao longo de sua formação. Uma boa avaliação deve ter validade,
objetividade, abrangência, construtividade e organização.
Há diferentes tipos de avaliação, como a diagnóstica, formativa e a somática2. No
entanto, o tipo mais comum na indústria da aviação é a avaliação por apreciação. Nessa
avaliação por apreciação, se compara a proficiência demonstrada pelo indivíduo com aquela
que se almeja. Os principais erros cometidos na avaliação por apreciação são Erro de
Tendência Central, Erro de Padrão, Erro de Halo e Erro Lógico, devendo o instrutor estar
familiarizado com eles no intuito de evita-los. (BRASIL, 2016).
4.4.6 Organização
Três competências que estão intimamente ligadas e devem ser desenvolvidas por
aqueles que almejam instruir outros pilotos são a de planejar, “brifar” e “debrifar” as missões,
para isso ele deve conhecer algumas ferramentas e possuir comportamentos adequados, a
exemplo temos, fatores de planejamento como: “análise meteorológica, combustível
necessário, condição do(s) aeródromo(s) envolvido(s) na instrução entre outros, para desta
forma desenvolver um adequado julgamento e tomada de decisão frente às emergências e às
situações anormais em voo”. (BRASIL, 2016, p. 34).
Segundo o manual do instrutor de voo, um bom briefing requer planejamento do
instrutor. Surpresas e improvisações são indesejáveis, à medida que vão de encontro aos
objetivos de um briefing. Já o debriefing, que nada mais é do que uma análise crítica das
atividades executadas durante uma missão, ou seja, é a apreciação de méritos e deméritos, de
forma a estabelecer as ações\correções necessárias para um melhor desempenho futuro.
Sabendo-se que a crítica tem como alvo uma pessoa e que em geral, as pessoas não se sentem
confortáveis ao serem criticadas, o instrutor deve ter tato na abordagem do assunto, para que o
criticado não tornar-se impermeável às críticas, procurando se respaldar nos princípios da
aceitabilidade, da objetividade, da oportunidade e da participação.
Na apreciação de méritos e deméritos (crítica), são abordadas as causas dos erros
e técnicas de correção, já o preenchimento da Ficha de Avaliação tem como função registrar
2 No manual do instrutor de voo, há explicações sobre essas avaliações. (BRASIL, 2016, p. 27).
58
os fatos ocorridos em uma respectiva missão, e para isso deve-se respeitar padrões pré-
estabelecidos e descritos nos manuais de cada curso.
Sistemas com maior educação são menos corruptos ou sistemas menos corruptos
apresentam um maior índice de educação?
Conforme matéria veiculada no website da Folha de São Paulo em 30 de
dezembro de 2013 e escrita por Sabine Righetti sobre alto nível de educação em alguns
países, o especialista em organizações, Rafael Alcadipani afirma que é um “círculo virtuoso
positivo”, o sistema se retroalimenta, com menos corrupção os recursos educacionais são
melhor aproveitados, e com uma boa educação a comunidade acompanha, participa e fiscaliza
mais, logo a corrupção diminui. (RIGHETTI, 2013)
“Nesses países, a educação funciona porque tudo funciona. E tudo funciona
também porque há menos corrupção”, diz Alcadipani, da FGV. (RIGHETTI, 2013)
Cruzando-se os dados do Pisa, exame feito pela OCDE a cada três anos em 65
países, com o Índice de Percepção de Corrupção Mundial feito anualmente pela ONG
Transparência Internacional em 177 países, obtém-se o resultado de que os países que estão
no topo da avaliação do Pisa também estão entre os menos corruptos. (RIGHETTI, 2013).
Pode-se evidenciar que, focando na educação, os desvios são minimizados ou até
extintos, e para melhorar a qualidade da educação basilar é necessário focar no processo de
qualificação e desenvolvimento de competências do educador.
Ao longo da vida todos somos docentes ou discentes em vários momentos, afinal
estamos sempre ensinando e/ou aprendendo, muitas vezes ensinamos comportamentos,
virtudes e defeitos a pessoas para quem se quer dirigimos a palavra, isso se dá através de
nossas ações. Porém, conduzir o processo de transformação de um aspirante a piloto em um
comandante de aeronaves requer muita atenção, comprometimento, conhecimento e
dedicação, haja vista a complexidade e a diversidade de ciências que envolvem as duas
atividades, pilotar e ensinar. O instrutor de voo é o primeiro contato do aspirante com a “vida”
prática da aviação, ele servirá de base para que o aspirante forme a própria doutrina de
segurança. Por isso, por mais bonito e prazeroso pareça andar pelos trilhos de um trem, a
atitude não é segura, logo deve-se estar sempre atento não apenas ao que se ensina com as
palavras, mas principalmente aos comportamentos desenvolvidos com as atitudes. Convido-os
a refletir:
Ensinar é aprender duas vezes”. Esta simples mas profunda citação enseja toda a
importância e responsabilidade que a instrução no âmbito da aviação requer. Todos
temos uma lembrança de professores ou mentores que, por uma série de atributos,
contribuíram decisiva e positivamente para nossa educação e comportamentos ao
longo da vida. Toda aprendizagem depende de aspectos cognitivos, afetivos e
psicomotores associados à didática do instrutor, bem como a forma como o
instruendo aprende.
61
O Manual do instrutor de voo reforça o que foi dito aqui, nele é salientado que,
todos fomos alunos um dia, e devemos nos atentar para o fato de que o instruendo irá se
espelhar mais nos exemplos e nas atitudes, a despeito do que se diga. Por isso, o ofício de
instruir deve ser encarado como um privilégio e uma excelente oportunidade de exercitar o
profissional ético e responsável que todos gostaríamos de encontrar em todos os segmentos da
sociedade. O comportamento dos instrutores de voo vai influenciar gerações, por mais que ele
não se dê conta desta realidade.
É sabido que por mais experiência de vida que se tenha, todos ficamos ansiosos
quando vamos nos deparar com algo novo, segundo o manual do instrutor de voo, isso faz
com que o indivíduo fique naturalmente propício a manifestar um comportamento mais
defensivo. “A ansiedade pode ser definida como uma preocupação ou nervosismo com algo
que está para acontecer e que não se tem a certeza do resultado”. (BRASIL, 2016)
Lembre-se que o mais importante para o bom instrutor é ser entendido pelo aluno,
a habilidade de adaptação do instrutor para contornar as dificuldades e barreiras dos alunos o
transformará em um verdadeiro facilitador do processo de aprendizagem. Uma das maiores
responsabilidades que o instrutor tem é a de conduzir o aluno na jornada de acúmulo de
experiências, auxiliando para que essas sejam coerentes e fação sentido para o entendimento
lógico e pleno do assunto. Ou seja, criar as condições para os insights, uma instrução bem
fundamentada e dotada de conceitos pedagógicos, acelera o entendimento, em virtude da
metodologia utilizada sobre como concatenar as assimilações. Quanto maior for a coerência
lógica, mais firme será a base do conhecimento e menor a probabilidade de esquecimento do
aprendizado. (BRASIL, 2016).
Não resta dúvida de que somos influenciados por todos que nos rodeiam, estando
mais expostos a essas influências quando nos colocamos na posição de aprendiz. Assim
sendo, se como instrutor tem-se a oportunidade de influenciar as próximas gerações de
pilotos, que o façamos apenas com bons exemplos e cultura de segurança em todas as áreas
das operações.
62
Assim, verifica-se a necessidade de, na formação dos instrutores, não ser apenas
dedicada ao saber da área específica, mas sim levar a reflexão e trabalho de assuntos
imprescindíveis para que formem profissionais com capacidade de reflexão.
Faz-se necessário, na formação dos instrutores de voo, criar bases que
transponham a didática a práticas efetivas, com respeito à diversidade e condições para
exercerem a profissão.
Agora, como seria a melhor forma de ensinar aos alunos? Podemos responder que
seria o ensino por competências em que fosse feito uma aprendizagem baseada em problemas,
PBL, do inglês, Problem Based Learnig.
Segundo Valéria C. I. Costa (2010) a proposta pedagógica PBL, aprendizagem
baseada em problemas, começou a ser desenvolvida no final da década de 60 na McMaster
University (Canadá) e posteriormente na Universidade de Maastrich na Holanda. Tendo como
foco o aluno, a PBL procura estimular que este procure aprender por si próprio. As principais
63
Ainda de acordo com Valéria C. I. Costa (2010) o PBL tem origem conceitual nas
idéias do psicólogo americano Jerome Seymour Bruner e do filósofo Jonh Dewey. Bruner foi
o principal proponente da proposta educacional denominada Learning by Discovery
(Aprendizagem pela Descoberta) que consistia, em essência, no confronto de estudantes com
problemas e na busca de sua solução por meio da discussão em grupos. A filosofia de Dewey
fundamentava-se nos conceitos da educação como reconstrução da experiência e crescimento
e na motivação como força motriz da aprendizagem.
Inicialmente o PBL foi aplicado nos cursos da área de saúde, mas logo foi adotado
no ensino de múltiplas áreas profissionais em vista da mudança de olhar que essa estratégia
metodológica proporciona aos estudantes; (Valéria C. I. Costa, 2010). Nesse modelo vemos
perfeitamente uma verdadeira articulação entre teoria e prática, fazendo com que o aluno
esteja preparado para ser um profissional altamente qualificado. Porém, tudo isso só é
possível se o professor em sua formação para tal ofício for preparado como profissional de tal
forma, com visão de transversalidade, conforme abordado.
Dentro da aprendizagem por problemas o aluno é levado a resolver situação-
problema, definida como:
[...] fragmentos relacionados com nosso trabalho, nossa integração com as pessoas,
nossa realização de tarefas, nosso enfrentamento de conflitos. Referem-se, pois, a
recortes de algo sempre aberto, dinâmico e, como tal, repetem aquilo que é universal
no problemático e fantástico que é a vida, entendida como exercício das funções que
a conservam no contexto de suas transformações. (PERRENOUD et al., 2002, p.
115)
64
A estruturação da formação dos instrutores de voo com o uso do PBL, pode ser
feita da seguinte forma. Sabe-se que a proposta pedagógica da PBL utiliza do estudo de
problemas comuns no ambiente que o aluno irá exercer sua função, proporcionando ao aluno
a oportunidade de pensar soluções para um problema real antes que ele aconteça na prática. O
PBL usa de três pilares, os blocos ou unidades pelos quais se estrutura o currículo, os
problemas ou questões apresentadas aos alunos e os grupos tutorais.( Valéria C. I. Costa
(2010)
O currículo a ser acrescentado ao curso de ciências aeronáuticas ou outro curso
superior correlato, com a finalidade de oferecer também a titulação de licenciatura; ou
seguindo outra possibilidade, deve estruturar um curso de pós graduação em instrução de voo,
deve ser dividido em módulos ou unidades temáticas, que não são disciplinas, mas sim
envolvem disciplinas variadas. Cada unidade temática é subdividida em temas. Cada tema
deve cobrir uma parte do conteúdo proposto utilizando-se de um problema (uma ou mais
questões) elaborado pela unidade educadora para este fim. Valéria C. I. Costa (2010)
Os problemas no PBL devem levar em consideração os conhecimentos prévios do
aluno (mesmo que seja a experiência com o próprio corpo ou o conhecimento comum),
proposto de modo simples, objetivo e direto. (Valéria C. I. Costa (2010). No caso da formação
dos Instrutores de voo, esses problemas podem ser relacionados com alunos, com a
meteorologia, com a aeronave, ocorrências comuns no ambiente de instrução. Um exemplo de
65
questão é, O que você faria como instrutor se em uma navegação Visual, de “bate-volta” para
um aeródromo afastado 150 km de sua base, ao sobrevoar a cidade o climb ficasse
inoperante? E Se ao invés do Climb fosse o Velocimetro? Com esse tipo de questão os
instrutores serão doutrinados a pensarem sobre a segurança de suas decisões e desenvolver
uma melhor tomada de decisão.
Grupo tutorial, esse método de aprendizagem divide os alunos em pequenos
grupos (8-10 alunos), com a finalidade de analisar o problema e definir os objetivos da
aprendizagem. Cada grupo tutorial conta com o apoio de no mínimo um tutor, cujas
atribuições são estimular o processo de aprendizagem dos estudantes e de ajudar o grupo a
conduzir o ciclo de atividades do PBL, utilizando-se de diversos meios, dentre eles a
apresentação de perguntas e sugestões, no caso da formação dos instrutores de voo, esses
grupos devem ter no mínimo dois tutores, um pedagogo e o outro psicólogo. Nos grupos
tutoriais, os estudantes, irão identificar problemas comuns ao ambiente de instrução,
investigar suas causa e efeitos, debater formas de lidar, eliminar ou mitigar esses problemas,
interpretar os resultados dos debates e produzir possíveis soluções, resoluções ou
recomendações. Para tanto eles devem ter a disposição e devem ser estimulados a utilizarem
os recursos da Internet, Biblioteca, Livros e artigos de periódicos sobre o assunto. (Valéria C.
I. Costa (2010)
Além dos recursos já apresentados a formação dos instrutores de voo deve possuir
outras atividades curriculares tais como o treinamento de habilidades físicas, mentais e
emocionais, assim como, estágios. Devem ser realizadas avaliações progressivas periódicas
por meio de provas escritas e provas práticas, compostas de questões de múltipla escolha e
idênticas para todos os alunos independente do período que estão no curso. A finalidade
destas avaliações é avaliar o aluno e sua progressão e dar compatibilidade entre alunos,
turmas e objetivos gerais da formação dos profissionais.
4.7.1 A academia
4.7.2 O Governo
Conforme exposto por Paulo Silvino Ribeiro, Thomas Hobbes, teórico do poder
absolutista em vigor na Idade Moderna, considerava que o Estado deveria ser a instituição
fundamental para regular as relações humanas, dado o caráter da condição natural dos homens
que os impele à busca do atendimento de seus desejos de qualquer maneira, a qualquer preço,
de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões (RIBEIRO). Resumindo, o estado deve
nos proteger de nós mesmos, deve nos obrigar e/ou nos ensinar a fazer a nossa.
(MONTAÑÉS, 2012)
A constituição Federal, lei máxima do Brasil, traz os direitos sociais de todo
cidadão no artigo 6º, são eles os direitos à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao
lazer, à segurança, entre outros. No artigo 196° fica determinado que, A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
A incolumidade pública significa evitar o perigo ou risco coletivo, tem relação com
a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens diante de
situações que possam causar ameaça de danos.
O Código Penal trouxe a previsão dos crimes contra a incolumidade pública no
intuito de evitar e punir atos que causem perigo comum ou coloquem em risco a
segurança pública, a segurança dos meios de comunicação, transporte e outros
serviços públicos e a saúde pública. Os referidos crimes estão descritos nos artigos
260 a 285. (ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, 2016)
68
O código penal traz os crimes conta a incolumidade nos artigos 250 à 285,
dividindo os em crimes de perigo comum, crimes contra a segurança dos meios de
comunicação e transporte e outros serviços públicos e crimes contra a saúde pública.
No artigo 205° da carta Magna está escrito que, “ A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho". O entendimento deste artigo é complementado com o exposto
no artigo seguinte, no 206° é exposto os princípios que devem reger o ensino, sendo eles, os
princípios da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber; do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino; valorização dos profissionais da educação; garantia de padrão
de qualidade; entre outros. Percebe-se que o estado tem uma grande responsabilidade social
para com seus cidadãos.(BRASIL, 1988)
Na seara da aviação, é responsabilidade da união, entre outras coisas, por meio da
Secretaria de Aviação Civil, da Agencia Nacional de Aviação Civil e do ministério da Defesa,
incentivar e gerar meios para o desenvolvimento seguro da aviação e fomentar a cultura de
aviação.
4.7.3 A indústria
Dessa forma, entende-se como responsabilidade social uma nova estratégia para
aumentar o lucro e potencializar o desenvolvimento das empresas, tendo em vista
que o consumidor está cada vez mais consciente e procurando por produtos e
empresas com práticas pautadas na melhoria da qualidade ambiental e no
relacionamento com a comunidade, valorizando aspectos como a cidadania e a ética.
A responsabilidade social corporativa é o compromisso voluntário das empresas
com o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente, desde sua
composição social até um comportamento responsável com as pessoas e os grupos
sociais aos quais integram. (VASCONCELOS, 2009)
sendo, as empresas devem ser corresponsáveis pelos insumos e serviços adquiridos, tornando
a sua própria prática transparente para a sociedade. Investir no instrutor de voo é investir na
melhoria da capacitação da mão de obra que será ofertada ao mercado!
No caso da formação dos instrutores de voo, uma das possíveis interações entre
estes três atores é por meio da Força Aérea Brasileira, mais especificamente dos instrutores e
ex-instrutores de voo da Força Aérea Brasileira, em conjunto com as universidade e empresas
de todos os setores da aviação civil.
As universidades se encarregariam de formular a grade curricular para o curso de
pós-graduação em instrução de voo ou a ser acrescentada nos cursos de Bacharelado em
Ciências aeronáuticas e outros cursos congêneres, no intuito de criar o curso de licenciatura
em Ciências aeronáuticas, além de facilitar a interação dos futuros instrutores com
profissionais do mercado de aviação civil e militar, por meio da promoção de eventos e
disponibilização de ferramentas de interação virtual.
O estágio é um dos momentos mais importantes para a formação profissional. É
nesse momento que o futuro profissional tem oportunidade de entrar em contato direto com a
realidade profissional na qual será inserido, além de concretizar pressupostos teóricos
adquiridos pela observação de determinadas práticas específicas e do diálogo com
profissionais mais experientes. Os futuros instrutores de voo deveram passar por estagio na
Força Aérea Brasileira, aonde acompanharam de perto as operações pré e pós voo de
instrução. Ministrar uma formação com interações com o contexto real de atuação estimula a
concepção autônoma do conhecimento cientifico por meio de exemplos práticos para
discussões acadêmicas. No estágio, o profissional em formação tem a oportunidade de
investigar, analisar e intervir na realidade profissional especifica, enredando-se com a
realidade educacional, organização e o funcionamento da instituição educacional e da
comunidade.
Os coronéis aviadores instrutores da reserva são o exemplo da importância da
experiência de voo para a formação do cadete. O Coronel Aviador Marcio Cesar dos
Santos, formado em 1979, está na reserva há seis anos, porém, voltou para
Pirassununga (SP) para novamente ser instrutor. Atualmente, acumula 2.500 horas e
é o oficial com a maior quantidade de horas de voo no 2º Esquadrão de Instrução
Aérea (2º EIA), onde os cadetes do segundo ano têm seu primeiro contato com a
aviação.
“Muitos chegam sem nunca terem voado antes. Aqui podemos acompanhar todo o
progresso do cadete, por isso, gosto de atuar na instrução primária. Com o tempo,
adquirimos mais paciência e experiência, importantes para transmitir aos cadetes a
sensação e sentimentos necessários para o voo”, afirma o instrutor padrão de 1983,
ano em que serviu pela primeira vez na AFA. (ACADEMIA DA FORÇA AÉREA,
2015).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na busca por respostas para como melhorar a qualidade da instrução aérea basilar
e diminuir as ocorrências aeronáuticas da aviação geral, foram analisados atual cenário da
instrução aérea, as estatísticas e os fatores contribuintes dos acidentes aéreos da última década
e a influência dos atuais e dos antigos instrutores sobre seus instruendos.
Tendo em vista que a formação dos instrutores de voo feita pelos aeroclubes e
escolas de aviação tem se mostrado ineficiente como ferramenta de defesa contra as
ocorrências indesejadas na aviação geral brasileira, recomenda-se que seja desenvolvido um
complemento ao curso de bacharelado em ciências aeronáuticas, a fim de prover o
conhecimento inerente à titulação de licenciatura ou que seja criado o curso de pós-graduação
em instrução de voo. “[...de nada vai adiantar para o instrutor da indústria da aviação possuir
uma bagagem de conhecimentos técnicos inquestionável, se este não aperfeiçoar as
habilidades de comunicá-la aos alunos”. (BRASIL, 2016, pág. 17).
Essa pesquisa encontrou barreiras na escassez de publicações sobre o ambiente de
instrução e os reflexos do instrutor ao longo da carreira profissional dos pilotos.
Ficam como sugestões para outras pesquisas a formulação da grade curricular ideal para a
formação dos instrutores de voo, ou a influência da Power Distance na cabine de instrução, ou
a porcentagem dos aspirantes a piloto que desejam ser instrutores desde o primeiro contato
com a aviação.
75
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