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Palhoça
2020
THIAGO FRANCISCO DE SOUZA
PALHOÇA
2020
THIAGO FRANCISCO DE SOUZA
__________________________________________
Professor Cleo Marcus Garcia, MSc
__________________________________________
Professora Patrícia da Silva Meneghel, Drª
“Quando pessoas falam, ouça verdadeiramente o que elas têm
a dizer. A maioria das pessoas nunca faz isso.” (HEMINGWAY,
Ernest)
RESUMO
The purpose of this research was to identify aeronautical accidents and incidents
where communication was the main factor that contributed to the occurrences, the
analyzed site was Brazil and the temporal length is between 2010 and 2020. The
research can be defined as exploratory with bibliographic and documental analysis
procedures, through books, articles, reports, regulation, and laws, with a qualitative
and quantitative approaches. The data was analyzed by reports compilation into
graphic representation and tabs, by means of theoretical foundation. As it was
brought to a conclusion, it is possible to understand that the training lack, overusing
of technical terms and operational indiscipline makes communication a considerable
element for aeronautical accidents and incidents in commercial, general, and
agricultural aviation in Brazil.
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA .............................................................................. 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivo Específico ......................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 13
1.4 METODOLOGIA ................................................................................................ 15
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ...................................................................... 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 17
2.1 O PROCESSO DE COMUNICAR ...................................................................... 17
2.2 A COMUNICAÇÃO NA AVIAÇÃO ...................................................................... 18
2.2.1 As Formas de Comunicação na Aviação ......................................................... 19
2.2.1.1 Por voz ......................................................................................................... 19
2.2.1.2 Escrita .......................................................................................................... 20
2.2.1.3 Sinalizações ................................................................................................. 21
2.3 EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO NA AVIAÇÃO ............................................... 22
2.4 MODELO SHELL ............................................................................................... 23
2.4 FATORES CONTRIBUINTES DE ACIDENTES/INCIDENTES
AERONÁUTICOS .................................................................................................... 24
2.4.1 Apresentação dos Relatórios Relacionados à Comunicação........................... 26
3 IDENTIFICAÇÃO DE OCORRÊNCIAS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..... 30
3.1 ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DO CENIPA ....................................................... 30
3.2 AÇÕES REDUTORAS DOS PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO ...................... 44
3.2.1 A Redução de Jargões, Termos Técnicos e Abreviações ............................... 44
3.2.2 O Treinamento Específico em Comunicação ............................................... 48
3.2.3 O Emprego da Tecnologia ............................................................................ 50
4 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 55
11
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
for the future--until then, aviation is forced to deal with the communications
status quo. One of the greatest problems inherent in voice communications
today is the use of non-standard phraseology. (MATCHETTE, 1995)
1.4 METODOLOGIA
análise detalhada acerca dos fatores que contribuem nas falhas de comunicação
geradoras de acidentes e incidentes nas operações aéreas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
AERONAVE
PESSOAS
2.2.1.2 Escrita
2.2.1.3 Sinalizações
(conclusão)
Perda de Controle
8%
8% Incursão/Excursão de pista
20%
Pouso longo
(continua)
CRM.
PR-TKB • Manual ICA 100- Se manual não 1 Passageiro ferido Liveware-liveware
12 (Fraseologia ignorado: Liveware-software
Padrão) ignorado avaliação Liveware-hardware
pela tripulação ou prematura da Liveware-
não recordado; mensagem ou environment
• Omissão de problema de
transmissão de codificação.
informações pelo Se ignorado:
controlador; desinteresse
• Manual de por parte do
operação receptor.
ignorado: não Experiência
houve briefing anterior de já
pré-decolagem; ter feito algo
• Limites da carta semelhante
ignorada; positivo
• Tripulação Ruptura de
ignorou CRM.
informação do
controlador;
(continua)
manobra ao anterior com 1 Pessoa em solo Liveware-hardware
piloto-aluno; feedback levemente ferida
• Não foi efetuado positivo,
briefing das diferença de
manobras de status entre
voo; tripulantes,
• Manual do curso ruptura de
incompleto; CRM,
• Falha no problema na
processo de decodificação
treinamento; da mensagem
• Fichas de (treinamento
missões ineficiente),
incompletas. indisciplina.
(continua)
aterrisagem;
• Informalidade nas
instruções;
• Fichas de
desempenho do
piloto-aluno não
preenchidas.
PT-NQQ • Deficiência no Decodificação Aeronave danificada Liveware-liveware
treinamento de da mensagem. Liveware-software
fonia;
• Dificuldade na
comunicação
com o controle
de tráfego.
PP-GGR • Falta de Ausência da Instrutor faleceu, Liveware-liveware
informações mensagem, aeronave muito Liveware-software
quanto ao ruptura de danificada e piloto- Liveware-
procedimento CRM. aluno lesionado. environment
padrão de pane
simulada nos
manuais do
aeroclube e no
MCA 58-3.
• Informalidade e
falta de
padronização na
instrução.
PT-IZS • Ausência de Desinteresse, Aeronave danificada. Liveware-liveware
briefing e experiência
debriefing no voo anterior com
de cheque pré- feedback
solo positivo.
PP-HPB • Instrutor assumiu Diferença de Aeronave danificada. Liveware-liveware
o controle da status entre os
aeronave na tripulantes,
corrida de ausência da
decolagem sem mensagem.
informar ao Ruptura de
aluno, portanto CRM.
ambos tentaram
34
(continua)
corrigir o eixo de
decolagem, o
que foi aplicado
comandos em
excesso,
provocando o
capotamento.
PP-RTX • Instrutor assumiu Diferença de Aeronave danificada. Liveware-liveware
os comandos status entre os Pilotos sofreram Liveware-software
sem comunicar o tripulantes, lesões.
aluno, este ficou ausência da
confuso quanto mensagem.
quem estava no Desinteresse
comando, uma ou
vez que não decodificação
houve callout; errônea do
• Foi realizada manual.
manobra em Ruptura de
discordância com CRM.
o manual de
manobras da
escola.
PT-HVW • Houve dúvida Diferença de Aeronave danificada. Liveware-liveware
entre os pilotos status entre os Liveware-software
de quem estava tripulantes,
com o comando ausência da
da aeronave, o mensagem.
que atrasou uma Ruptura de
manobra de CRM.
retomada do eixo
da aeronave.
PT-LXO • Houve falha nos Diferença de Aeronave danificada Liveware-liveware
geradores, porém status entre os Liveware-software
devido a falta de tripulantes, Liveware-hardware
padronização de ausência da
comunicação mensagem.
entre os pilotos, a Ruptura de
ausência de CRM.
realização de Decodificação
checklists e da mensagem.
35
(continua)
procedimentos Experiência
do tipo scan— anterior com
flow (enuncia e feedback
confere), não se positivo.
sabe ao certo se
os procedimentos
foram realizados
mesmo, ou se
foram ignorados
o que pode ter
dificultado a
verificação do
problema antes
de ocasionar o
acidente.
PT-YBF • Falta de Ausência da Aeronave danificada Liveware-liveware
padronização na mensagem Liveware-hardware
mensagem de Liveware-software
“entrega” dos
comandos da
aeronave para o
outro tripulante.
(continua)
correto e abortou CRM.
a primeira
tentativa de
aterragem;
• Na segunda
tentativa o OEE
nada falou, e o
Piloto prosseguiu
baseado apenas
em suas
habilidades;
• O co-piloto nada
falou à respeito
do Piloto está
tentando pousar
sem auxílio de
manobra.
PT-NUH • Instrutora ignorou Diferença de Instrutora e aluno Liveware-liveware
os avisos de mal status entre os faleceram; Liveware-
tempo e decidiu tripulantes, Aeronave totalmente environment
continuar com o desinteresse, danificada.
voo. experiência
anterior com
feedback
positivo.
PT-NBE • O Piloto decolou Ausência da Piloto e passageiro Liveware-liveware
sem entrar em mensagem e faleceram; Liveware-software
contato com o desinteresse. Aeronave destruída. Liveware-hardware
APP, que seria Liveware-
obrigatório pelas environment
normas do
aeródromo de
partida;
• Não houve
comunicação
bilateral entre o
piloto e o ATS,
que poderia ter
informado sobre
as condições
37
(continua)
meteorológicas
em rota.
PR-DAN • O piloto aceitou Emoções Aeronave destruída, 1 Liveware-liveware
fazer um voo (medo de piloto e 3 passageiros Liveware-hardware
VFR em recusar a faleceram.
condições de ordem)
pouca
visibilidade, pois
o proprietário da
aeronave o
obrigava.
PR-DOC • A tripulação Desinteresse, 2 pilotos e 6 Liveware-liveware
prosseguiu com o ausência da passageiros Liveware-software
pouso, mesmo mensagem, faleceram, a Liveware-hardware
sem as experiência aeronave pegou fogo Liveware-
condições anterior com ao colidir com o chão environment
mínimas para feedback e ficou destruída.
operação de voo positivo,
IFR; diferença de
• A tripulação não status entre
informou à rádio tripulantes,
local que estava ruptura de
passando pelo CRM.
Minimum
Descent Altitude
(MDA), o que
seria padrão de
comunicação em
descida;
• A tripulação
passou pelo MDA
em altitude
inferior à
explicitada na
carta de
aproximação do
aeródromo;
• A tripulação agiu
diferente do que
haviam
38
(continua)
programado no
Briefing, que
seria fazer
órbitas até a
névoa dissipar;
• A tripulação
ignorou o manual
(ICA 100-12 –
Regras do Ar e
Tráfego Aéreo),
que determina
que o pouso
deve ser
abortado caso
não faça contato
visual com pista
ao cruzar o MDA;
• O copiloto não
questionou as
atitudes do
comandante;
• A tripulação
ignorou os
alertas da
aeronave de
aproximação com
o solo.
PR-KLA • Piloto estava Desinteresse, 1 piloto faleceu e a Liveware-software
voando VFR sem emocional. aeronave ficou Liveware-
as condições destruída environment
mínimas
operacionais
para esse tipo de
voo.
• Piloto ignorou as
informações
recebidas de mal
tempo e seguiu
com o voo.
Tipo: incursão em pista e pouso longo
39
(continua)
PR-GTN/ • A copiloto do Ausência da Não houve perdas Liveware-liveware
FAB2345 FAB2345 mensagem, humanas e materiais. Liveware-
confundiu o ruído do environment
designativo da ambiente (era
taxiway C com G, noite e
devido a dificultou a
semelhança das visualização
letras; das placas de
• O Controlador taxiway).
não utilizou a
fraseologia
padrão ao não
condicionar a
mudança de
frequência da
torre para o
controle solo ao
livramento da
pista;
• A tripulação do
FAB2345 agiu
diferente ao
briefing que
haviam realizado,
que seria livrar a
pista por uma
taxiway, e após o
pouso pediram
autorização para
livramento em 3
taxiways
diferentes.
PR-GGY • A tripulação Ruídos do Não houve perdas Liveware-liveware
seguiu para ambiente humanas e materiais. Liveware-software
pouso em uma (sinalização Liveware-
pista interditada, deficitária e environment
pois não documento
enxergaram as confuso da
marcas na pista; companhia),
• O comandante ruptura de
40
(continua)
assumiu as CRM,
tarefas da cabine diferença de
que cabiam ao status entre os
copiloto; tripulantes,
• O NOTAM não foi desinteresse
verificado com (análise
atenção pela superficial do
tripulação; NOTAM)
• As informações
de voo fornecidas
pela companhia
eram confusas;
PR-MRG • As etapas do Desinteresse, 2 pilotos lesionados Liveware-liveware
checklist para a experiência Liveware-software
configuração de anterior com
pouso da feedback
aeronave foram positivo,
ignoradas pela diferença de
tripulação; status entre a
• O manual de tripulação.
operações da Ruptura de
própria CRM
companhia foi
ignorado pelo
comandante.
(continua)
aeronave foi
ignorado;
• O copiloto não
questionou a
atitude do
comandante em
continuar com o
voo direto.
Tipo: com lançamento de pessoas
PT-OQR • Não houve Experiência 1 paraquedista Liveware-liveware
briefing pré-salto anterior com faleceu e 2 ficaram
dos feedback feridos
paraquedistas, a positivo.
fim de informar as
intenções de
mergulho da
aeronave junto
com estes.
Tipo: despressurização
42
(continua)
PR-GGE • Comandante Diferença de Não houve perdas Liveware-liveware
efetuou a status entre os materiais e humanas. Liveware-software
configuração do tripulantes. Liveware-hardware
sistema de Manual foi
pressurização, ignorado
sendo que no (Desinteresse).
manual determina Ruptura de
que tal tarefa é do CRM.
copiloto;
• Comandante
efetuou a
configuração “de
cabeça”, sem
seguir o padrão
estabelecido em
manual;
• O copiloto não
questionou a
ruptura da divisão
de tarefas
cometido pelo
comandante.
(conclusão)
passageira ao
descer se apoio
em comando da
aeronave, tirando-
a do idle.
Tipo: outros
PP-EPV • Aeronave tocou o Ruptura de Aeronave danificada. Liveware-liveware
solo 120 metros CRM.
antes da
cabeceira da
pista;
• Pilotos fizeram o
briefing antes do
pouso de
emergência,
porém na hora da
aproximação final
os pilotos
tomaram ações
em separado,
sem comunicar
um ao outro.
Sometimes I wish I could take them out back...to bring them back to reality.
More complicated words do not necessarily mean fewer accidents, but they
certainly ensure more violations if you are not perfectly in tune with the
current set of commandments and the most current interpretations
(LENGEL, 2017)
45
Torre para o VBO: victor bravo oscar, alinhe e mantenha na uno uno.
VBO para a Torre: victor bravo oscar, alinha e mantém na uno uno.
Torre para o VBE: victor bravo eco, aguarde ponto de espera da uno uno
Torre para o VBO: victor bravo oscar, autorizada a decolagem na pista uno
uno, vento uno dois zero graus à cinco nós, ajuste de altímetro uno zero uno
zero.
VBO para a Torre: victor bravo oscar autorizada a decolagem na pista uno
uno, vento uno dois zero graus à cinco nós, ajuste de altímetro uno zero uno
zero.
Torre para o VBE: victor bravo eco, alinhe e mantenha na uno uno.
Fonte: Aeroclube do Rio Grande do Sul, Fraseologia de Tráfego Aéreo (2019) com adaptações
Torre para o VBO: victor bravo oscar, após decolagem curve a direita, proa
do Beira Rio, chame o controle na frequência uno dois zero decimal uno
zero. Para aeronaves de pequeno porte, com apenas um piloto em voo, a carga
de informações pode ser excessiva durante esses momentos críticos do voo, e se o
Procedimentos sendo realizados pelo piloto: decolagem, com verificação de
controlador as transmite
velocidade, parâmetros de forma
de motor muito
e inserção aceleradadesérios
da frequência rádio. desentendimentos podem
ocorrer. Por outro lado, as aeronaves comerciais de grande porte, apesar de terem 2
VBO para a Torre: victor bravo oscar curvar a direita após decolagem com
pilotos, possuem
proa do Beira umao controle
Rio, chamar carga node trabalho
uno dois decimalnos momentos
uno zero. críticos do voo
extremamente elevada. A carga de trabalho na cabine da aeronave
concomitantemente com a recepção de informações do controle é um problema
analisado pela EUROCONTROL (2006), esse órgão faz a recomendação de que
todas as informações referentes ao voo informadas pelos órgãos de controle e pelas
próprias companhias aéreas sejam realizadas antes do início do táxi, para evitar
distrações.
47
Speed: 15 Knots
Gusting to: 27 Knots
Visibility 2.5 miles
Present Weather Heavy thunderstorm with rain
Sky condition Ceiling: 2.500 feet broken clouds
Cloud layer: few 500 feet
few with cumulonimbus 1.000 feet
scattered 1.800 feet
broken 2.500 feet
Temperature 50º F
Dewpoint 37º F
Altimeter 29.38-inch HG
Derived measurements Relative humidity: 62 %
Wind chill: 44º F
Density altitude: 139 feet
4 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BIANCHINI, D. Navegação aérea visual para piloto privado. 5ª Ed. São Paulo:
Editora Bianch, 2014.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KALAZANS, D. C., Desvendando a caixa preta. São Paulo: All Print, 2011.
LENGEL, R. Everything explained for the professional pilot. 13th Ed. Charlotte:
Aviation Press, 2012.
MORRIS, H. How Many Planes Are There In The World Right Now?. The
Telegraph, Londres, 16 de agosto de 2012. Disponível em <
59
https://www.telegraph.co.uk/travel/travel-truths/how-many-planes-are-there-in-the-
world/> Acesso em 16 de agosto de 2020.
ZILLE, N., MORAES I. W . Voo sem volta: a epopeia do voo RG254.1ª Ed. Rio de
Janeiro: Esteio Editora, 2015.