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Pesquisável.
AERODINÂMICA f
INCOMPRESSÍVEL: . f
FUNDAMENTOS
VASCO DE BREDERODE X
V. Í/ =0
COLEÇÃO • ENSINO DA CIÊNCJA E DA TE C N O LO G IA
TÍTULOS PUBLICADOS
43 Vibrações e Ondas
João Paulo Silva
48 Análise de Circuitos
J. A. Brandão Faria
P R E F Á C I O
Naturalmente que é com muito prazer que os dois autores assumem uma responsabilidade
conjunta por esta obra.
Vasco de Brederode
Luís da Cunha Eça
Lisboa, Setembro de 2014
f i c h a t é c n i c a
CO L E Ç Ã O E N S I N O DA C I Ê N C I A E DA T E C N O L O G I A
C O L E Ç Ã O A P O I O AO E N S I N O
PR EFÁ C IO DA P R IM E IR A EDIÇÃO xm
1. A ER O D IN Â M IC A : U M A VISÃO GERAL 1
1.1. Equilíbrio de forças em diversas situações de voo de uma aeronave 4
1.2. Mecanismo físico de produção da sustentação 8
1.3. Efeitos da viscosidade 38
1.4. Efeitos de compressibilidade 70
1.5. Apresentação geral do texto 92
2. C O N C E ITO S E EQUAÇÕES FU N D A M EN TA IS
DA M E C Â N IC A DOS FLU ID O S 94
3. E S C O A M E N T O S T IP O V Ó R TIC E 149
3.1. Significado físico de vorticidade e de circulação 149
3.2. Vórtices livre, forçado e real 150
3.3. Teoremas de conservação de escoamentos tipo vórtice 153
3.3.1. Teorema de Kelvin 153
3.3.2. Permanência do escoamento irrotacional 155
3.3.3. Conservação de circulação no espaço 157
3.4. Campo de velocidades induzido por uma distribuição
espacial de vorticidade; lei de Biot-Savart. 158
3.5. Equação de transporte da vorticidade — equação de Helmholtz 162
3.6. Difusão de vorticidade num vórtice real 165
4. ESCOAMENTO LAMINAR i67
4.1. Escoamentos lam inares un i-d im e n sio n a is 16g
4.1.1. Escoamento de Couette 169
4.1.2. Escoamento de Hagen-Poiseuille 174
4.2. Aproxim ações e equações de camadas de co rte delgadas
bi-dim ensionais em regim e lam inar 175
4.2.1. Equações diferenciais 176
4.2.2. Equação integral de von-Kármán; parâmetros integrais 104
4.2.3. Camada limite axi-simétrica ig 0
4.3. Escoamentos semelhantes de camada limite laminar 192
4.3.1. Condições de semelhança 193
4.3.2. Evolução de uma camada limite laminar em gradiente de pressão nulo 195
4.4. Evolução de camadas limites laminares num qualquer gradiente de pressão 200
4.4.1. Efeitos qualitativos de gradientes de pressão 201
4.4.2. Método de Thwaites 204
4.5. Controlo de camada limite 210
4.5.1. Técnicas de controlo de camada lim ite 211
4.5.2. Camada limite laminar com sucção uniforme 212
4.6. Escoamentos secundários de Prandtl de1* espécie 214
4.7. Camadas de corte livres lam inares 216
4.8. Interacção fraca viscosa / invíscida 220
4.8.1. Escoamentos exteriores 221
4.8.2. Escoamentos interiores 223
C A M A D A L IM IT E TR I-D IM E N S IO N A L 348
7.1. Aproximações e equações de camada limite tri-dimensional 348
7.2. Descrição do campo médio 352
7.3. Campo turbulento 358
7.4. Separação e recolamento 359
7.5. Exemplos de configurações de linhas de corrente limites 363
7.6. Camada limite atmosférica 368
IX
8.5 Tipos de equações às derivadas parciais 666
86 Figuras de Lissajous 668
XII
PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
Xill
-ao Programa Fundo de Apoio à Comunidade Científica, da Junta Nacional
de Investigação Científica e Tecnológica, e ao Instituto de Engenharia
Mecânica - IDMEC, pelas suas comparticipações nos encargos da presente
edição;
- aos projectos ARMOR e SARA, de Aeronaves R obotizadas, e aos meus
Colegas Profs. Caídas Pinto e João Ventura, pelas infraestruturas tornadas
disponíveis;
- aos meus Colegas Profs. H eitor Pina, Margarido Ribeiro, Barradas Cardoso,
Luís Gato, João Ventura, Luís Eça, João Sousa e Eng° A ntónio Santiago, a
quem solicitei apreciações críticas sobre aspectos específicos do texto e que
tiveram a atenção de me transm itir os seus com entários, sem pre muito
pertinentes;
- ao Aluno N elson Bouças que se encarregou de 'bater' em processador de
texto as diversas versões por que este documento foi passando, de lhes dar
forma final e de com plem entar e aprimorar todas as figuras que o ilustram;
- ao Desenhador da STA/DEM/IST, Sr. Jorge Coelho, que produziu todos os
desenhos originais;
- ao A dm inistrador de Sistem as do LEM AC - L aboratório de Engenharia
Mecânica Assistida por Computador, Eng° Nuno Pires, pelo apoio prestado;
- a sucessivas gerações de Alunos que m e ensinaram a ensinar e m e alertaram
para inúmeras gralhas em anteriores versões do documento.
V
Edward Amold (Publishers) Ltd.: Figs. 1.83 a)-e) de [42]
Elsevier Science Ltd.: Fig. 1.7.a) de [19] e Figs. 9.43 e 9.45.a)-b) de [159]
Forschung im Ingenieurwesen: Fig. 11.22 de [8]
Jane's Information Group: Fig. 10.8.a)
McGraw-Hill Book Comp.: Figs. 1.46.a) e b), 5.4, 5.6.b), 6.14, 6.21, 6.31.a) e b), 6.39,
6.40, 6.42 e 11.4.b) de [147] e Figs. 9.70 e 10.25.b) de [87]
Prentice-Hall, Inc.: Fig. 10.46.b) de [12]
Springer-Verlag: Figs. 9.80.a)-b) de [44]
Taylor & Francis, Inc.: Fig. 1.76 de [168] e Figs. 4.15,4.29 e 6.9 de [28]
Verlag Vieweg: Figs. 9.67.a)-c) de [3]
American Institute of Aeronautics and Astronautics: Fig. 5.11 de [130], Figs. 6.27 a) e b) de
[30], Figs. 7.23.a) e b) de [71], Fig. 9.48 de[87] e Figs. 9.68-69 de [101]
The American Society of Mechanical Engineers: Fig. 11,38.b) de [124]
British Hydromechanics Research Group, Ltd.: Fig. 6.43 de [113]
Building Research Establishment: Fig. 6.11 de [128]
Education Development Center: Figs. 1.50.a)-d) e 4.6 de [177], Fig. 1.52.a) de [175],
Fig. 5.l.a) de [174], Figs. 5.1.b)-d) de [182], Fig. 5.10.a) de [176], Fig. 9.38.a) de [180],
Figs. 9.42.a), 9.82.a), 9.88.a), 9.91.a) e 9.96 de [181], Figs. 9.95.a)-b) de [178] e
Fig. 10.6.b) de [179]
Her Majesty's Stationery Office: Fig. 1.56 de [164] e Fig. 11.4.a) de [141]
Imapress: Fig. 9.102
The Japan Society of Mechanical Engineers: Figs. 2.1, 2.21, 4.28.a), 9.44.a)-d), 9.46,
9.88.b), 9.89, 10.40 e 11.l.a) de [169]
von-Kármán Institute for Fluid Dynamics: Fig. 4.25 de [153], Figs. 6.22.b) e 7.22 de [33],
Fig. 7.18 de [40], Fig. 9.50 de [171] e Fig. 11.33 de [48]
Laboratório Nacional de Engenharia Civil: Fig. 11.55.b)
National Aeronautics and Space Administration: Figs. 9.66.a)-c) de [111], Figs. 11.25-26 de
[144] e Fig. 11.34 de [142]
National Renewable Energy Laboratory: Figs. 9.56-57 de [121]
The Royal Collection © Her Majesty Queen Elizabeth II: Fig. 6.2
U.S. Department of Energy: Figs. 7.26.a)-e) de [127]
Dassault Aviation: Fig. 1.28.a)
Opel Portugal, S.A.: Fig. 1.8.b)
Piaggio, Industrie Aeronautiche e Meccaniche Rinaldo Piaggio SpA: Fig. 1.28.c)
PowerGen PIc: Figs. 1.7.b) e 1.8.c) de [140]
Raytheon Aircraft Company: Figs. 1.28.b) e 1.44.b)
I.S.T., 1997
Vasco de Brederode
XV
CAPITULO
1
AERODINÂMICA:
UMA VISÃO GERAL
Quando se fala em "aerodinâmica" há uma natural tendência em logo
associar o tem a ao mundo aeronáutico, onde a aerodinâmica efectivam ente
encontra o seu campo de aplicação por excelência. O mesmo tipo de fenómenos
e efeitos ocorrendo em aerodinâmica de aviões se verifica porém em situações
bem diversas das aeronáuticas, como nos domínios da aerodinâmica automóvel e
da chamada aerodinâm ica industrial: escoamento em tom o de um veículo
automóvel e suas im plicações no consumo e na estabilidade do veículo,
escoamento do vento atmosférico em tomo de um edifício, que interessa tanto à
determinação dos esforços exercidos pelo vento sobre a estrutura com o a
questões am bientais de clim atização, de poluição local, de conforto dos
pedestres circulando na base do edifício, escoamentos em redes de condutas de
distribuição de fluidos, com os problemas associados de consumos de energia,
de regularização dos caudais, dos níveis de ruído, etc.
Todos os principais fenómenos e efeitos ocorrendo em aerodinâm ica de
baixa velocidade serão apreciados e, na medida do possível, quantificados no
presente texto. Rapidamente se aperceberá o leitor que qualquer situação de
escoamento, seja ela do foro da aerodinâmica aeronáutica ou da aerodinâmica
industrial, seja de escoamento exterior a um qualquer corpo ou de escoamento
no interior de um sistema de condutas ou de um motor de combustão interna, é
globalm ente controlada por um reduzido núm ero de sem pre os m esm os
mecanismos físicos, m uitos deles consequência directa dos princípios de
conservação da m ecânica dos m eios contínuos: conservação da m assa,
conservação da quantidade de movimento — balanço de forças: variação da quantida
de de movimento (simétrico da força de inércia) igual à resultante das forças aplicadas
— e conservação da energia, se bem que esta últim a seja de aplicação restrita
num contexto de aerodinâm ica incompressível. H á assim todo o interesse, e
mesmo necessidade, em com eçar por apreciar uma qualquer situação de modo a
identificar os principais factores intervenientes e seleccionar o m odelo
simplificado da realidade que m elhor se adapte a um a descrição m acroscópica
1
2 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
Fig. 1.1 Forças actuantes numa aeronave em voo rectilíneo, horizontal, estabilizado.
O peso W da aeronave — W para inicial de Weight — terá de ser equilibrado
por uma sustentação [Lift] L produzida pela asa [wing], o principal elemento
sustentador; a sustentação é, por definição, a componente da força aerodinâmica
perpendicular à velocidade segundo a trajectória Pelo facto de se deslocar
a uma certa velocidade Uaij, no seio do ar, a aeronave fica sujeita a uma dada
resistência ao avanço D [Drag]\ resistência é, por definição, a componente da
força aerodinâmica segundo a trajectória. Esta resistência terá de ser
rigorosamente equilibrada por uma tracção T [Thrust] fornecida pelo sistema
moto-propulsor. As relações de equilíbrio de forças escrevem-se assim:
L=W
íT = D.
(U )
em torno do centro de gravidade, completo equilíbrio requer ainda que seja nulo
o momento resultante em torno do centro de gravidade: MCG= 0.
Se o voo rectilíneo horizontal for executado a uma velocidade não constante
a relação de equilíbrio de forças na direcção do movimento escrever-se-á
T —D + Fm
onde Fjn representa a força de inércia, seja o movimento acelerado ou
desacelerado. O balanço de forças na direcção vertical todavia manter-se-á: a
sustentação terá sempre de equilibrar o peso da aeronave, seja o movimento
uniforme, acelerado ou desacelerado.
No caso de voo rectilíneo, ascensional, estabilizado [steady clitnb], com um
ângulo de subida 7 relativamente à horizontal, como representado na Fig.
1.2.a), a força propulsora terá de prover cancelamento não só da resistência D
como da componente do peso Wseny, do que resulta para as relações de
equilíbrio:
ÍL = W cosy
( 1. 2 )
[T = D + W sen 7.
T
y min (1-4)
ÍL c o s(p = W
{Lsen<p = Fcmu
' / / / / / / / / / / / / / / / / / / / — x
Fig. 1.5 Aeronave em voo rectilíneo, horizontal, estabilizado.
11 \-^j ___
a) Túnel de circuito fechado 36 x27 in do National Physical Laboratory, U.K.
22,5 m
geradores de
Counihan
barreira
castelar
b) Túnel de circuito aberto tipo sucção 9,1 x2,7 m da PowerGen Plc, U.K.
ventilador
centrífugo
c) Túnel de circuito aberto tipo sopro 1,35 x0,80 m do Dept° Eng* Mecânica
do Instituto Superior Técnico
Fig. 1.7 Diferentes tipos de túneis aerodinâmicos de baixa velocidade.
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 11
são os acidentes nesse percurso — , toda a energia dispendida para com unicar
m ovim ento ao ar na adm issão, ar que estava em repouso na atm o sfera
circundante, é 'perdida' quando esse mesmo ar é ultim am ente descarregado para
a atmosfera ambiente; assim se infere que são menores os custos de operação de
um túnel de circuito fechado, por serem menores os consumos de energia, para
além de serem m enores os custos de instalação de um grupo m oto-propulsor
necessariamente menos potente. Um dos inconvenientes de um túnel de circuito
fechado é, no entanto, o de apresentar custos de instalação substancialm ente
mais elevados que um túnel de circuito aberto: não só é m aior o custo da
instalação experim ental em si, exigindo um circuito de retorno e dispositivos
acessórios para garantir a qualidade do escoam ento — e.g. p á s d ir e c tr iz e s
[turning vanes] nos cantos — , como m aior é a área requerida para instalar uma
montagem experimental de maior vulto e m aior é o custo do edifício necessário
para a albergar. C onclusão natural é que um túnel de circuito fechado se
justifica para situações de ensaios sistem áticos e intensivos, enquanto que um
túnel de circuito aberto é mais adequado e.g. para laboratórios de investigação,
em que a m aior parte do tempo de ocupação do túnel é dedicada a afinação e
calibração da cadeia de m edida e a alterações das montagens experimentais.
Quanto à opção entre túneis de circuito aberto tipo sucção e tipo sopro?
V antagem de um túnel de sucção é que é m elhor a reg ularidade de um
escoam ento directam ente aspirado da atm osfera em repouso do que a do
escoamento produzido por um ventilador, como no caso de um túnel tipo sopro,
seja esse ventilador axial ou centrífugo, pelo que menores são os custos com os
dispositivos necessários para uniform izar o escoam ento de aproxim ação à
secção de tra b a lh o [working section] onde está instalado o modelo a ensaiar.
Um dos inconvenientes de um túnel de sucção é que, sendo o ar aspirado à
pressão atm osférica e ocorrendo perdas de energia de pressão ao longo da
instalação experim ental, a pressão reinante na secção de trabalho é sub-
atmosférica, pelo que através de quaisquer pequenas fendas ou orifícios sempre
existentes nas paredes da secção (ou devido a uma não perfeita estanquecidade
entre diferentes m ódulos da secção de trabalho ou a orifícios ou rasgos
propositadam ente abertos para a introdução de sondas ou de fixações) se
manifestem jactos de ar — do ambiente exterior, à pressão atmosférica, para o
interior da secção de ensaio, a uma pressão m enor que a atmosférica — que vão
perturbar o escoamento; no caso de túneis tipo sopro, ocorrendo o mesmo tipo
de perdas de energia de pressão ao longo da instalação experimental e sendo a
pressão de saída a atm osférica, a pressão reinante na secção de trabalho é
superior à atmosférica, sobre-pressâo esta assegurada pelo ventilador à entrada
da instalação, pelo que esses jactos de ar manifestando-se através de quaisquer
fendas ou orifícios são dirigidos para o exterior da secção de trabalho, não
perturbando assim o escoam ento no interior do túnel. Outra vantagem dos
12 CAP 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
a) Caça MiG-29 num túnel do TsAGI b) Automóvel Opel Tigra no túnel da Pininfarina
bordo de
ataque extradorso
- a extrem idade anterior do perfil, que prim eiro 'ataca' o escoam ento, é
designada bordo de ataque [leading edge]
- a extrem idade posterior, por onde o escoam ento 'abandona' o perfil, é
designada bordo de fuga [trailing edge]
- o segm ento de recta unindo o bordo de ataque ao bordo de fuga é
designado corda [chorã] c do perfil
- a superfície superior do perfil é designada extradorso [upper surface]
- a superfície inferior é designada intradorso [lower surface]
14 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
ponto de
( 1 Estas forças são na realidade de nível molecular, resultando tanto do movimento desordenado
das moléculas do fluido através da fronteira (fictícia) que, numa óptica de meio contínuo,
designamos como interface entre elementos de fluido contíguos — transporte de quantidade de
movimento — como de forças intermoleculares de atracçâo e repulsão; prefiguram-se aqui
como forças de superfície devido, exclusivamente, ao modelo macroscópico de meio contínuo
assumido para a complexa realidade.
16 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
( ) Dado que gradp é um vector, formalmente correcto seria designar âp/ds como componente
longitudinal do gradiente de pressão, o que só não é usual fazer-se por uma questão de
economia de linguagem.
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 17
_ 77 =r .p
"in érc ia r mássica ' " p ^ e s s io ,
Fpmsi,= p S A - [ P + ^ S sy A = - ^ 8 s 8 A = - ^ 8 v .
P t = P + \ p U 2 +pgz. (1-8)
Notemos, por exemplo em relação à pressão dinâmica, que estes termos têm
também unidades, e significado, de energias por unidade de volume:
—mU2
i P u%=1 V
a pressão estática corresponderá assim a uma energia potencial de pressão por
unidade de volume, a pressão dinâmica a uma energia cinética / unid. vol., a
pressão hidrostática a uma energia potencial gravítica / unid. vol. e a pressão
total a uma energia (mecânica) total / unid. vol.
Em termos de energia a equação de Bernoulli (1.7) tem o significado de
uma equação de conservação de energia, razão porque a sua aplicabilidade está
restrita a campos conservativos / não-dissipativos, i.e. a condições de fluido
perfeito; lê-se, nestes termos: em condições de escoam ento perm anente,
incompressível de fluido perfeito, a energia (m ecânica) to ta l m antém -se
constante ao longo do escoamento, podendo apenas ocorrer trocas entre as
diferentes formas de energia.
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 19
~ = ~Pg (1.9.b)
dz
permite resolver problemas de altim etria [altimetry], para e.g. determinação da
altitude de voo de um avião, quando complementada com uma equação de
estado, p. ex. a equação dos gases perfeitos
p = pRT com R ^ = 287 J.kg-1.K-1 (1.10)
e com informação quanto à evolução vertical de temperatura na atmosfera.
Tomemos, como exemplo, a atmosfera padrão internacional [International
Standard Atmosphere ISA] (*), aplicável para condições prevalecendo na maior
parte do ano a latitudes temperadas, em que:
- o g ra d ie n te ad iab ático de te m p e ra tu ra [adiabatic lapse rate] é
/Jad = - 6 ,5 °C/km = const. nos primeiros 11 km da atmosfera, decrescendo a
temperatura linearmente de T0 = 15 °C ao nível médio da água do mar,
tomado como referência de cotas, até cerca de -5 6 °C a 11 km de altitude
— é a chamada tro p o sfera [troposphere], cujo nível superior (a 11 km) é
designado tropopausa [tropopause]
- na e s tr a to s f e r a [stratosphere], entre os 11 e os 20 km, a temperatura
mantém-se constante Tn_w = - 5 6 °C = const., após o que passa a aumentar
ligeiramente com a altitude
- à cota de referência a pressão atmosférica é p0 =101,3 kPa e a massa
específica do ar p0 = 1,225 kg/m 3.
Conjugando (1.9.b) com (1.10) obtemos então
dp g
dz
P RT
pelo que para a troposfera, onde T = T0 +/?z:
dp _ g dz
T ~ ~ R T 0+ p z’
que integrada entre z = 0 e uma altitude z produz
, P S , Tp+Pz
ln — = - - r — In
Po PR To
OU
p ( r a+ P z ^
Po 1 T0
explicitando z obtém-se finalmente:
r PR/g
z= ^ r I— ) -1
P Po
Um altímetro barométrico, calibrado para a ISA, indicará de acordo com
esta relação e num ponto onde a pressão registada seja de p = 26436 Pa, uma
altitude de pressão [pressure altitude] de 10000 m. Claro que correcçoes
deverão ser introduzidas na determinação da altitude sempre que as condições
prevalecentes não correspondam às da atmosfera padrão.
A equação da estática (1.9.a) constitui também a base para medições com
manómetros de líquido, como por exemplo o manómetro em U indicado na
Fig. 1.13.
í r P1<P'
Az z2>z,
zero da escala
(z=0)
w 7
Fig. 1.13 Manómetro em U.
A ) = / ?l + 7 l . m Z i = P 2 + 7l.m.Z2’
P 2 - P l = - r i . m .( z 2 - Z |)
ou
A P = - r i . n . A Z-
Para aumentar a precisão quando se pretendem medir pequenos diferenciais
de pressão podem-se utilizar:
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 21
(*) Dada a simples e comum utilização da água como líquido manométríco, pressões são muitas
vezes expressas nas unidades milímetros de coluna de água; sendo o peso específico da
água pura, à pressão de 1 atm e à temperatura de 4°C, de 1 kgf/dm3 — a 4°C a massa
específica da água exibe um máximo, característica esta designada de 'comportamento
anómalo da água’ — e podendo esse volume de 1 dm3 ser entendido como 1 m2 x 1 mm, i.e.
como correspondendo a uma película de água de 1 mm de altura num vaso de paredes verticais
e 1 ra2 de área em planta, imediatamente resulta a seguinte correspondência entre unidades:
1 mmc.a.= 1 kgf/m a =9,8 Pa.
22 CAP. 1 AERODINÂMICA UMA VISÃO GERAL
Com ecem os por considerar o caso hidrostático do subm arino parado, i.e. de
velocidade do escoam ento nula relativam ente ao corpo. A pressão hidrostática
reinante à profundidade z2 será maior do que à profundidade z, < z2 visto ser
m aior o peso p g z da coluna de líquido, e este facto é im portante em termos do
d im ensionam en to da estrutura. Porém , em m ovim ento, se o submarino se
d e slo c a r à m esm a atitude e à m esm a velocidade às duas profundidades, o
escoam ento em tom o do subm arino deverá ser o m esm o e tam bém as mesmas as
alterações do cam po de pressão induzidas pelo m ovim ento relativamente à
pressão (hidrostática) registada em repouso.
N ão contribuindo o term o g rav ítico p ara o m o v im en to , no estudo do
esco am en to não haverá q ualquer in te resse em esta rm o s constantem ente a
co n sid erar a sua inclusão em equações com o, p. ex ., a eq u ação anterior de
definição de pressão total; a escrita destas equações tornar-se-á obviam ente mais
sim ples com a exclusão deste term o, i.e. se p u d erm o s não o considerar
explicitam ente, e tal é efectivam ente possível.
Notem os que, em bora não o tivéssem os declarado, todos os diferentes termos
de pressão considerados na equação de definição de p T devem ser entendidos
com o pressões m edidas em relação a u m a dada p ressã o de referência. E o
equivalente a dizerm os que um a qu alq u er tem p eratu ra é d e u n s tantos graus;
m as m edida em relação a que tem p eratura de referên cia? em relação ao zero
absoluto (graus K elvin)? à tem peratura de congelação d a água (graus Celsius)?
A equação de definição de p 1 deve assim ser in te rp re ta d a co m o realmente
significando
onde, naturalm ente, a referên cia deverá ser a m esm a p ara todas as diferentes
form as de pressão. L ogo co n clu ím o s que se e sco lh e rm o s co m o pressão de
referência a h id ro stá tic a local, i.e. se tom arm os p Tef= P g Z * a contribuição
gravítica autom aticam ente se anula e os restantes term os passam a contabilizar
apenas os desvios do cam po de p ressão rela tiv a m en te à p ressã o reinante à
m esm a cota em fluido em repouso.
Será esta convenção que sem pre irem os adoptar ao longo do presente texto,
p e lo que a fo rm a m ais geral d a eq u a çã o de d e fin iç ã o de p T com que
trabalharem os será;
pt = p +± pu 2. (ui)
R e fo rça-se que a ’não inclusão' do term o de p ressã o h id ro stática na eq.
(1 .1 1 ) n ão sig n ifica de m odo nenhum q u e se te n h a d esp re za d o o termo
g ra v ític o ; o efeito gravítico está tão considerado em (1.8) com o em (1.11), só
q u e em (1 .1 1) não figura explicitam ente devido exclusivam ente à nossa escolha
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 23
C —^ -Pref ( 1 .1 2 .a )
c- p r (L12b)
Se fizermos, p. ex., a determinação da distribuição de pressões em tomo de
um perfil alar a uma dada velocidade podemos, conhecidos p , p p e
construir a evolução de Cp . Em seguida o efeito de qualquer variação de
altitude (de p ) ou de velocidade de voo (U„) à mesma atitude (mesmo ângulo
de ataque a ) — mais propriamente o efeito de quaisquer variações de pressão
dinâmica — e obtido directamente da evolução de Cp através de uma
proporcionalidade directa.
Se estivermos em condições de aplicar Bernoulli, escrevendo o diferencial de
estáticas no numerador de (1.12.b) como um diferencial de dinâmicas
PT = p + ± p U 2 = p „ + ± p U l -» p - p „ = ± p ( u l - u 2)
24 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
pelo que:
• a infinito: p = px , C =0
• num ponto de estagnação: f/ = 0 —» Cp = + 1 =
• se U>U„ Cp <0.
Realça-se que a forma (1.12) para Cp é sempre válida; é apenas uma
equação de definição. Porém a forma (1.13) é válida apenas se estivermos em
condições de aplicar Bernoulli, i.e. em condições de escoamento permanente,
incompressível de fluido perfeito.
A equação de definição de pressão total — p T = p + -^pU„ — e a equação
de Bernoulli — pT = const, ao longo do escoamento — servem de base à
operação de sondas de pressão para medir a velocidade de um escoamento ou a
velocidade de voo de uma aeronave. Consideremos duas destas sondas; o tubo
de Pitot [Pitot tube] e o Venturi [Venturi meter].
Tubo de Pitot
Consideremos o tubo de Pitot representado na Fig. 1.16, imerso no seio de
um escoamento uniforme de aproximação alinhado com o eixo da sonda e com
as duas saídas ligadas aos dois ramos de um manómetro em U [26, 132].
Uma vez que o sistema tenha estabilizado, todo o fluido no interior da sonda
e do manómetro se encontrará em repouso, quer seja ar quer seja fluido
manométrico, e a sonda, apesar do orifício no nariz, oferece-se ao escoamento
exterior como um corpo sólido. No nariz da sonda registar-se-á assim um ponto
de estagnação e a pressão transmitida ao manómetro pelo tubo interior será a
pressão de estagnação, igual à pressão total a infinito a montante, por Bernoulli.
Az cc
(*) A explicitação ar" em todas estas designações de velocidade justifica-se pela necessidade
em especificar o referencial relativamente ao qual a velocidade é medida: em relação à massa de
ar na qual a aeronave se desloca, não em relação ao solo.
26 CAP. 1 AERODINÂMICA; UMA VISÃO GERAL
Q = ^ p Õ .n d A . (1.14.b)
J
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 27
p i +2^pUl = p 2 +-^pU 2
U1 A2
ÍV
1
(U J
do que finalmente resulta, para a velocidade do escoamento na conduta (ou
velocidade de voo de um avião);
gasolina
do que resulta:
dp _ p U 2
(1.16)
dr r
30 CAP ' AERODINÂMICA UMA VISÃO GERAL
P.»
Fig. 1.22 Geometria e campo de pressões para o escoamento em torno de um perfil alar.
Em resultado destes diferenciais de pressão — sucção no extradorso,
sobrepressão no intradorso — surge a força de sustentação L indicada na Fig.
1.22 .
Uma evolução típica do coeficiente de pressão C , definido por (1.12.b) ou
(1.13), está representada na Fig. 1.23, onde as setas indicam o sentido do vector
força resultante da distribuição de pressão num elem ento de superfície
d f = pixdS, dando assim informação sobre se nos encontram os num a região de
sobrepressões ou de sucções. Cp exibe o seu valor m áxim o no ponto de
estagnação anterior. Cp = +1. O escoamento acelera intensam ente ao contornar
o bordo de ataque, Cp anula-se no ponto onde for U = Um e exibe um valor
mínimo no extradorso na vizinhança do bordo de ataque; o gradiente de pressão
favorável instalado é extremamente intenso, diminuindo a n r« M n do
SEC.1.2. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 31
a) a pequeno b) a elevado
F ig . 1.24 Geometria do escoamento em torno de um perfil alar
a dois ângulos de ataque diferentes.
(1-17.b)
L = ± p V lS C L ou L = íp U Í c C L, (1.18)
perfil simétrico
Fig. 1.2S Evolução de CL vs. a para perfis alares simétricos e com curvatura.
SEC.11. MECANISMO FÍSICO DE PRODUÇÃO DA SUSTENTAÇÃO 33
a) Elevador do estabilizador
( * ) Nestas representações a aeronave é considerada sempre vista de trás, de modo a que asa direita
e asa esquerda correspondam às que seriam tomadas por um piloto sentado aos comandos.
SEG.1.2. MECANISMO FÍSICO OE PRODUÇÃO Of\ SUSTENTAM) 35
i
Fig. 1.32 Placa plana de espessura desprezável alinhada com
escoamento uniforme de fluido perfeito.
Um
Velocidade, neste contexto, deve ser mais propriamente entendida como quantidade de
movimento / unid. massa mÕ/m = Ut pois que, de acordo com a 2“ Lei de Newton, forças
exteriores $âo os entes capazes de operar uma variação da quantidade de movimento.
40 CAP. 1 AERODINÂMICA; UMA VISÃO GERAL
x
L
F ig . 1 .3 4 C am ad a lim ite cm p la c a p la n a .
t= (1.20)
dy
Para o elem ento paralelipipédico de fluido assinalado na Fig. 1.36
estabeleçamos um balanço de forças, equivalente ao da Fig. 1.12 em termos de
esforços de pressão e que nos conduziu à equação de Bernoulli, admitindo as
seguintes hipóteses simplificativas:
• que as duas placas sejam suficientemente grandes, comparativamente à
distância h entre elas, que a velocidade de translação da placa de cima U seja
constante e que tenha decorrido já tempo suficiente, desde que o movimento
relativo tenha sido iniciado, para que o escoamento no espaço inter-placas
tenha assumido uma configuração estabilizada, i.e. que para além de não
variar no tempo (escoamento permanente) também já não evolua segundo a
direcção x, de modo a que o campo cinemático a diferentes x's seja o
mesmo; um tal escoamento é designado completamente desenvolvido \fully
developed]
42 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
• iguais pressões estáticas a 'infinito' a m ontante e a ju san te, i.e. p = const para
todo o campo (gradiente de pressão n u lo), de m odo a que seja nula a
resultante dos esforços norm ais de pressão exercid o s sobre os elementos de
fluido.
y
SA
h
õyY' Sx
TSA
) / y v ; - y 7"
- r SA + T+— ôy 8A = 0
dy '
ou, por unidade do volume elementar:
^ =0
dy
que integrada produz
T = const. ( 1. 21)
Atendendo à equação (1.20) de definição de t e abso rven d o o factor // na
constante de integração, i.e.
dU J J dU „
T = u. — = const. de onde — = C ,,
* dy dy 1
sob nova integração obtemos, para o perfil de velocidades,
u =c iy+c2.
A condição fronteira U(y = 0) = 0 conduz então a C2 - 0 e a condição
fronteira U{y- h) = U produz C ^ Ú / h , do que finalmente resulta, para o
perfil de velocidades, a variação linear expressa por:
( 1.22)
V h
onde o campo de velocidades U(y) vem convenientemente adimensionalizado
pela escala de velocidades U e as distâncias y figuram adimensionalizadas pela
escala de comprimentos [length scale] h.
SEC. 1.3. EFEITOS DA VISCOSIDADE 43
x
Fig. 1.37 Experiência de Stokes: perfis de tensão de corte e de velocidade.
x
Fig. 1.39 Deformação em sólidos elásticos.
A tensão de corte r está associado um significado físico de fluxo de
quantidade de movimento [momentum flux]; interpretem o-lo. Admitamos então
a situação reportada na Fig. 1.40 de dois elem entos de fluido em contacto,
animados de diferentes velocidades.
poderá ser alterada por via desta interacção com os elementos contíguos 1 e 3 se
a aceleração que lhe é impressa pela tensão de corte z 2v na interface com o
elemento 1 animado de maior velocidade, for diferente da desaceleração
introduzida pela tensão de corte t 23, na interface com o elemento 3 animado de
menor velocidade. Tal é equivalente a requerer a instalação de um gradiente
transversal de tensão de corte não nulo
d 2U
f «s»»/unid- vo1-
dy2 ’
do que resulta, para a razão entre estas duas forças,
„dU
Finércia ^ j
uX
Fviscosa
. d2u
dy
Exprimamos esta relação em termos de o rd e m d e g r a n d e z a [order of
magnitude] das variáveis intervenientes, considerando, a títu lo de exemplo, o
caso de um escoamento de velocidade em tom o de um perfil alar de corda
c. O interesse de uma tal avaliação em termos de ordem de g ran d eza relativa
reside na necessidade em apreciar a física de um qualquer processo de modo a
identificar os efeitos mais determinantes e os parâmetros m ais característicos em
cada situação. De facto não é previsível que quaisquer alterações significativas
ocorram, em geral, na física de um determ inado esco am en to enquanto se
mantiver a ordem de grandeza das variáveis controladoras do processo, p. ex.
nas características de voo de uma aeronave se a velocidade de voo passar de 100
para 200 km/h — são ambos valores de ordem de grandeza 100 — , m as pode já
a física do processo revelar-se substancialmente diferente se a velocidade de voo
passar e.g. de 100 para 1000 ou para 10000 km /h — estas diferentes
velocidades de voo correspondem, respectivamente, a casos de escoamento
subsónico incompressível, de escoamento transónico e de escoam ento
hipersónico, última situação esta característica da reentrada de cápsulas na
atmosfera. Em termos de dimensões lineares: as dim ensões em cau sa são da
ordem de grandeza do décimo ou do centésimo de m ilím etro ( 10~4 - 10~5 m),
com o num problema de despoeiramento? da ordem de gran d eza do metro,(*)
(*) Por "ordem de grandeza decimal" entendemos, e.g., que 0,9 e 4 são valores de ordem de
grandeza 1, que 7 e 30 são de ordem de grandeza 10, que 8 x l 0 5 é de ordem de grandeza 106,
etc.
SEC. 1.3. EFEITOS DA VISCOSIDADE 47
v= — (1.25)
P
com unidades [v] = L27’~ ', e apenas envolvendo quantidades cinemáticas L e T ,
é designada viscosidade cinem ática [kinematic viscosity] em contraposição a p
— viscosidade dinâmica —■com unidades [p\ = que envolve também
a grandeza massa M.
Note-se, desde já, que é o valor do grupo adimensional U ^c /v que controla
a evolução do escoamento e não, isoladamente, o facto de este se processar a
uma determinada velocidade , ou de o perfil alar ter uma dada corda c, ou de
o fluido ter uma certa viscosidade v .
Dois escoamentos a diferentes velocidades Í/M em tomo de corpos com
diferentes dimensões lineares c e, eventualmente, operando em diferentes fluidos
com diferentes propriedades p e p ou, simplesmente, diferente v = p jp , dizem-
48 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
f = e c , ( i / : cW )
(2-d) +b - 3 ( \ - d ) - d = 0
do que resulta b = \ - d .
Virá assim, para a dependência funcional de F:
F = C (ul~dc '~dp'~àjÀd)
OU
F _ r ( p U - c X d_ f ( p v ~ c )
p V lc { n j f { M J
No caso da com ponente de força aerodinâmica F a considerar ser, e.g., a
sustentação L, mais significativo seria incluir no denominador do primeiro
membro da relação supra o factor 1/2, de modo a explicitar a influência da
pressão dinâmica de referência do que logo teria ressaltado o coeficiente
de sustentação CL expresso por (1.17.b) ... mas mais se não pode exigir de uma
simples técnica de análise dimensional! Todavia, esta técnica já demonstrou ser
CL função do número de Reynolds Re = pU^cfoi, para além de, para cada
forma de perfil, ser também função do ângulo de ataque a , como discutido na
secção anterior.
Se, num qualquer processo, considerássemos significativo contabilizar
influências gravíticas, expressas através do parâmetro aceleração da gravidade g,
como é o caso de ondas de superfície num escoamento de água, então a
dependência funcional m anifestar-se-ia, ignorando efeitos viscosos, como
F = / ( t / oo,/,p ,g ). Uma análise em tudo análoga à acabada de desenvolver faria
agora ressaltar a dependência no grupo adimensional
F r= W g (1,26)
designado núm ero de F ro u d e, com o significado de ordem de grandeza relativa
entre forças de inércia (por unidade de massa: U2/l) e forças gravíticas (também
por unidade de massa: g). É este o parâmetro adimensional mais caracterísdco
50 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
F =f K . l , p . p )
que, em termos das dimensões M, L, T, se escreve:
M: c +d = 1
L. a + b - c - 3 d =1
T: - c t - 2 c = ~ 2.
2d + b ~ l + d - 3 d = 1, de onde b = 2.
A dependência funcional para F escreve-se assim:
F = CU ld l 2p'~dp d.
É nesta fase que é requerida a tal "apreciação judiciosa" por parte do
utilizador. Devendo, expectavelmente, um coeficiente de força figurar
adimensionalizado por p l/f ,/2 e atendendo ao expoente (1 -á ) que afecta o
termo em p na relação supra, esta relação pode, alternativamente, ser escrita na
forma:
shear layers] e nestas ultimas distinguimos os ja cto s f/V/r], as este ira s (wakes]e
as cantadas de mistura [mixing layers].
dá
Camada Camada de
limite Jacto Esteira mistura
_ U„c 10 0 x 3
Re = ------= --------------r 2 x l 0 7.
v 1.46X10-3
Aos elevados R e 's em que estam os interessados os efe ito s convectivos
predom inarão largam ente sobre os d ifu siv os e é de p re v e r que seja
0[dS/dx] = S /L « 1, i.e. que a camada limite seja efectivam ente um a camada de
corte delgada, sendo ainda de prever, atendendo aos argum entos de natureza
física apresentados, que quanto maior for Re menor seja 8 / L.
Tentemos quantificar esta evolução, previsivelm ente em sentido contrário, de
8 / L com Re considerando, por sim plicidade, o caso quasi uni-dim ensional do
escoamento permanente de um a cam ada limite desenvolvendo-se num campo de
pressões constante (gradiente de pressão nulo), em que os únicos efeitos em
presença são os convectivos e os difusivos; a equação de balanço de forças,
exprimindo a 2a Lei de Newton, escreve-se neste caso:
82
do que imediatamente resulta
8= E L
pu<
ou
í = p “~ - 1 (1.29)
L ]] pU cL 4 R e ’
pelo que se Re » 1 efectivamente será 8 /L « 1, como fisicamente previsto. Como
exemplo, a Re = 105 deverá ser 5/L = (l0 5) ^ S x l O ^ m / m ^ S mm/m,
significando que, em gradiente de pressão nulo e a um número de Reynolds
Re = 105 uma camada limite deverá ter atingido uma espessura da ordem do
milímetro ao fim do desenvolvimento ao longo de 1 m de superfície. Este é um
resultado apenas de ordem de grandeza, mas dá-nos já uma boa noção de quão
delgada efectivamente é uma camada limite.
Notemos que não existe incompatibilidade entre a relação de partida
(1.28.a) e a hipótese de número de Reynolds elevado, com Re » 1 como sempre
entendido como uma relação Fjab<áli/ F yjíCoa. A aparente incongruência resulta
da utilização, neste último caso, de duas escalas de comprimento, L para efeitos
convectivos e <5 para efeitos difusivos, enquanto que Re é definido através de
uma única escala L. De facto:
0 =i
um í
e se Re = Uc L / v » 1 deverá ser S / L « 1.
54 CA? i A f f i O O M W A t:M A V IS Ã O ó t'K .A [
significando que a pressão instalada no seio do escoam ento de cam ada limite é
sensivelmente igual à pressão localm ente reinante no esco am en to exterior de
fluido perfeito; tal facto é usualm ente designado co m o sig n ific an d o que a
pressão exterior é imposta [impressed] sobre o escoam ento de cam ada limite.
Resulta que, sendo, nesta região, d U /dy m uito elev a d o e p = const., a
pressão total p T = p + l p t / 2, com o d efin id a p o r (1 .1 1 ). d e v e rá variar
grandemente de trajectória para trajectória, em bora, ao lo n g o de pequenas
distâncias segundo uma mesma trajectória. se possa assum ir p T« c o n s t., o que
equivale a considerar desprezável a dissipação de energia ocorrendo ao longo de
pequenas distâncias na direcção convectiva por via do trabalho das forças de
origem viscosa r . Iremos, já de im ediato, lançar m ão deste resu ltad o para
qualitativamente apreciarmos a influência de um gradiente de p ressão não-nulo
no desenvolvimento de uma cam ada lim ite, com parativam ente à situação de
gradiente nulo, tomada como referência.
Apesar da sua muito pequena espessura relativa a cam ada lim ite influencia
de forma determinante as caracterfsticas do escoam ento em torno de qualquer
corpo, não só pela introdução de uma resistência de atrito — efeito integrado da
distribuição contínua de tensões de co rte superficiais [wall shear stresses] r w ao
longo da extensão L do corpo — como pelo facto de, em gradiente de pressão
adverso (como ocorre no extradorso de um perfil alar a seguir ao pico de
sucção — vidé Fig. 1.23) se poder separar da superfície do corpo, alterando
substancialmente a configuração do escoam ento e introduzindo um grande
acréscimo de resistência e uma eventual perda de sustentação: diz-se neste caso,
SEC. 1.3. EFEITOS OA VISCOSIDADE 55
(13U
dx 3s p U ~ds p U dx
para o que se recorreu ao resultado (1.30).
Assim, um gradiente de pressão adverso (d p ç/ d x > 0) vai provocar uma
desaceleração ( d U /d x < 0 ) dos elementos de fluido às diversas cotas y = const.,
mas vindo o efeito de dp/dx ponderado por um factor 1/C/ a desaceleração
imposta será tanto maior quanto menores forem as velocidades locais, e portanto
maior para os elementos de fluido mais próximos da parede sólida.
Se o gradiente adverso for 'suficientemente intenso’ e actuar durante tempo
suficiente, os elem entos de fluido junto à parede serão tão desacelerados que
podem inclusivamente passar a fluir em sentido contrário ao do escoamento
exterior, como ilustrado na Fig. 1.43; diz-se neste caso que ocorreu uma
reversão do esco am en to \flow reversal] ou que a camada limite se separou.
dpt f dx> 0
separação
F ig . 1 .4 3 Separação do escoamento.
que ocorre numa camada limite em gradiente de pressão nulo até Reynolds'»
R e - V t L / v da ordem dos 106. A estes baixos números de Reynolds, a
intensidade relativa dos efeitos dissipativos induzidos por tensões viscosas é
suficiente para am ortecer quaisquer pequenas perturbações naturalmente
existentes no ambiente e impostas sobre a camada de corte, sejam elas vibrações
mecânicas da estrutura, irregularidades da superfície do corpo, ondas de pressão
associadas a ruído acústico, etc., e o regime mantém-se organizado, laminar. A
números de Reynolds mais elevados já algumas destas pequenas perturbações
têm capacidade para entrar em sintonia com o escoamento e, semelhantemente a
um fenómeno de ressonância, serem por este amplificadas, conduzindo, ao cabo
de um processo altam ente não-linear, a uma degenerescência do escoamento
num regime caótico, tu r b u le n to [turbulent). Diz-se então que ocorreu uma
transição [transition] de regime laminar a turbulento.
Escoamentos em regime turbulento constituem a regra, e não a excepção, em
questões de aerodinâmica, dados os elevados Reynolds's de operação resultantes
de uma muito baixa viscosidade cinem ática do ar e as inúmeras fontes de
perturbação sem pre presen tes, m orm ente no dom ínio da aerodinâmica
industrial.
Um regim e tu rb u le n to é fundam entalm ente caracterizado pela sua
irregularidade e tri-dim ensionalidade, em que flutuações de velocidade de
diferentes intensidades e de diferentes comprimentos de onda, em tomo de um
valor médio, prom ovem o transporte de corpos de fluido de umas para outras
regiões do espaço, do que resulta um a grande capacidade de mistura ou de
uniformização, várias ordens de grandeza superior à difusão de nível molecular,
única presente em regim e lam inar. Estes corpos de fluido em movimento
desordenado são designados tu rb ilh õ e s [eddies]', correspondem às raja d as de
vento [gM ífj], em escoam entos atm osféricos. Em resultado desta grande
capacidade de m istura, perfis de velocidade m édia de camadas de corte em
regime turbulento são m uito m ais 'cheios', mais uniform es, do que os
correspondentes perfis em regim e lam inar, com o ilustrado na Fig. 1.48 para
dois perfis de camada lim ite em gradiente de pressão nulo, um correspondendo
a regime laminar e o outro a regim e turbulento.
de área for elevada, i.e. se o ângulo de abertura do difusor for elevado, será
também elevado o gradiente de pressão adverso resultante, o qual, numa situação
de fluido real, poderá originar separações das camadas limites desenvolvendo-se
ao longo das paredes sólidas.
de separação
a) Esforços de pressão b) Separações
F ig . 1.4 9 Escoamento num difusor.
Fig. 1.51 Escoamento numa contracção: balanço radial de forças e eventuais separações,
desde p 3 <py até p}, o qual, se suficientemente intenso, poderá, em fluido real,
promover uma separação de camada limite seguida de recolamento, do que
resulta uma nova perda concentrada de energia.
Se em vez de uma contracção de contornos suaves a situação respeitasse a
uma redução abrupta da secção de passagem, imediatamente se ficaria de
sobreaviso para a possibilidade de ocorrerem as bolhas de recirculação ilustradas
nas Figs. 1.52.a) [175] e b), originando uma vena contracta. São porém
situações aparentemente inocentes, como a anteriormente apresentada de uma
contracção de contornos suaves, em que podem eventualmente ocorrer
separações do mesmo tipo (embora menos gravosas) produzidas por
exactamente os mesmos mecanismos físicos, que por vezes induzem o projectista
em erro.
(1.34)
p U A
• Equação da quantidade de movimento
(l.ó.a)
P
• Equação da energia
A Ia Lei da Termodinâmica — eq. (1.33.a) — enuncia-se "a variação da
energia total £ T de um sistema (soma das energias interna, cinética e
potencial) é igual à soma do calor e do trabalho trocados com o exterior
através da fronteira do sistema" e escreve-se, em termos de energias por
unidade de massa:
valendo a constante dos gases perfeitos para o ar: *=287 J.kg '.K"1 ou
1*1 A forma (1.34) pode ser obtida ou aplicando a regra de derivação de um produto e dividindo
pelo próprio produto de factores
U Adp | p A d U | p U d A
pU A + p U A + pU A
ou, mais facilmente para cálculo mental, através de uma prévia aplicação de logaritmos
ln (pU A ) = lnp + ln U + ln A = ln (const.)
e só depois diferenciando.
'2 CAP 1 AEROOIWÂWICA UMA VISÃO GERAL
------ eompressível
----- incompressível
em relação ao valor médio, último efeito este que é o único contribuindo para o
movimento:
* v ^ = ( S " pL + ( H L -
Fig. 1.63 Decomposição de esforços de pressão em efeito médio e desvio em relação à média.
Convencionemos considerar como positivo o trabalho desenvolvido sobre o
sistema e como negativo o trabalho desenvolvido pelo sistema; virá então, para
estas duas contribuições, que:
• ( H L é o termo - v d p = - d p j p obtido quando se deduziu Bemoulli —
eq. (1.7) — a partir do balanço de forças ilustrado na Fig, 1.12, resultando o
sinal menos do facto de a quantidade de movimento, e portanto da energia
cinética e da energia total, aumentarem (<ieT> 0 ) em gradiente favorável
(dp < 0);
* (£wp)med é o clássico - p d v [=-(pdA)ds) da 'termoestática', resultando o
sinal menos do facto de, se a tensão for de compressão ( p > 0), o volume
específico diminuir (d v c O ) mas trabalho ser realizado sobre o sistema
(Sw, der > 0 ); este term o anula-se naturalmente em escoamento
incompressível: dv = 0.
Obtém-se assim:
deT = de + d ^ U 2)j + g dz = - p d v - v d p - - d ( p v )
ou
d(e + pv) + d l^-U2^ + g dz = 0.
(1.36)
T
\ p crescente
Por esta razão a pressão total e a massa específica total são definidas para
condições de escoamento evoluindo isentropicamente até à estagnação.
A maior ou menor compressibilidade de um fluido é caracterizada por uma
sua propriedade física, a elasticidade [elasticity] £, definida como a variação de
pressão necessária para produzir uma variação unitária de volume específico:
SEC. 1.4. EFEITOS DE COMPRESSI6IUDADE 75
= (L37)
^ d v /v dp
p a ra o a r e m c o n d i ç õ e s P T N é E~ 1 ,4 2 x 1 0 Pa.
A p re c ie m o s o s ig n i f ic a d o f í s i c o d o f a c to r dp/dp q u e f ig u r a n a e q u a ç ã o d e
definição d e E. P a r a ta l, c o n s i d e r e m o s a s e g u i n te s i tu a ç ã o m u ito s im p le s :
propagação u n i- d im e n s io n a l ( d a d i r e i t a p a r a a e s q u e r d a ) e m flu id o p e rfe ito , e m
repouso, lim ita d o p o r d u a s p a r e d e s p l a n a s , p a r a le la s , a d ia b á tic a s , d e u m a o n d a
de p re ssã o i n f i n i t e s i m a l , g e r a d a , e .g . c o m o i lu s tr a d o n a F ig . 1 ,6 5 .a ), p e lo
m ovim ento im p u ls iv o d e u m ê m b o l o n a e x tr e m id a d e d ir e ita d a c o n d u ta .
p p + dp
Cl
a +da
X
p p+ dp
T ra b a lh a n d o , p o r c o n v e n i ê n c i a , n u m r e f e r e n c i a l s o l i d á r i o c o m a o n d a d e
pressão (e m q u e o e s c o a m e n t o é p e r m a n e n t e ) o c o r r ê n c ia s m a n if e s ta m - s e c o m o
se a o n d a e s tiv e s s e f i x a e o e s c o a m e n t o , n a r e g iã o a in d a n ã o a f e c ta d a p e la o n d a ,
se d e slo c a ss e d a e s q u e r d a p a r a a d i r e i t a c o m a v e lo c id a d e a d e p r o p a g a ç ã o d a
onda em f lu id o e m r e p o u s o , c o m o r e p r e s e n t a d o n a F ig . 1 .6 5 .b ). A s a lte ra ç õ e s
in fin itesim ais p r o d u z id a s e m p, p e a p e l a o n d a d e p r e s s ã o , i.e . as re la ç õ e s e n tre
P' P e a a m o n t a n t e e a j u s a n t e d a o n d a , p o d e m s e r o b tid a s d a s e q u a ç õ e s
d ife re n c ia is a n t e r i o r m e n t e e s t a b e l e c i d a s d a c o n ti n u i d a d e e d a q u a n tid a d e d e
m o v im en to .
C om U = a e A, z = c o n s t . , d e ( 1 .3 4 ) s e o b té m
da = 0n
dP +L —
— dj e o n d,1e . = —a ——,
da dP
p a p
Ig u a la n d o a s d u a s a n t e r i o r e s r e l a ç õ e s p a r a o d if e r e n c ia l da r e s u lta
dp
76 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
(1.38.a)
a=Jy— (1.38.b)
V P
ou ainda, atendendo à equação dos gases perfeitos (1.10)
a = ^yRT. (1.38.C)
Verificamos, desta última relação, que a velocidade do som diminui com T,e
assim com a altitude na troposfera: p. ex. para a ISA é a ( z = 0) = 340 m/s e
a(z = l l km )= 295 m/s.
Vejamos como estas pequenas perturbações ou ondas de pressão emitidas
por uma fonte móvel em fluido em repou so se p ro p ag a m ao campo do
escoamento, em particular como é que a relação entre a velocidade de translação
da fonte de perturbação U e a velocidade de p ro pagação da perturbação a
determina o domínio do escoam ento afectado. S u p o n h am o s então, como
ilustrado na Fig. 1.66, uma fonte de perturbação pontual deslocando-se em
fluido em repouso e apreciemos a extensão do cam po perturbado nos casos
£7 = 0 , U < a , U = a t U > a :
onda [wave front], resultante do facto de, ao longo da frente, cada nova
onda vir reforçar as anteriormente geradas.
Neste caso a perturbação só se propaga ao domínio a jusante da fonte,
permanecendo o fluido a montante não-perturbado até à chegada da
frente-de-onda, visto que a velocidade com que informação quanto à
existência da perturbação é 'transmitida' ao fluido (velocidade de
propagação da onda de pressão) é igual à velocidade a que avança a
própria fonte de perturbação.
o n d a gerada
no in stan te 10
' i =ío+4í
í 2 = t l + Á{
zona
perturbada
d) U > a
0
dp p
ou, atendendo a (1.38.a):
a 2 — + UdU = 0.
P
SEC. 1.4. EFEITOS DE COMPRESSIBILIDADE 79
4./P T
,/Pt
Pc,>Pi>Pc3
Suponhamos a situação da pressão de saída p's referida na Fig. 1.70.a).
Sendo p ' < p C) o escoamento começa a evoluir em regime supersónico no
difusor, não tendo porém 'conhecimento' de que a pressão instalada à saída é
superior à requerida para uma expansão isentrópica. Segue-se que, na secção
de saída e por acção do diferencial de pressões p ' - p c} > 0, vai ocorrendo
uma acumulação de massa que aumenta continuamente de intensidade ao
longo do tempo. Este 'muro', esta perturbação não mais pequena, adquire
capacidade para progredir para montante através da região supersónica até
que todo o campo atinja uma configuração estabilizada, em que o
escoamento no difusor i) começa, a partir da garganta, a desenvolver-se em
supersónico, ii) através da forte descontinuidade a pressão e a massa
82 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
A/ = l
Dado que para p Cl> Ps > PCJ o escoamento no difusor começou por se
expandir mais do que o necessário para atingir isentropicamente uma
pressão p s = pj — por 'falta de informação1quanto à pressão no reservatório
de jusante — diz-se que o escoamento está sobre-expandido [over-
expanded].
Pl<P<,
Neste caso, e tal como já se verificava desde ps = pCj, o escoamento no
difusor é isentrópico supersónico, ocorrendo a expansão ainda requerida
para evoluir de p s = p C3 a p t < p C3 no jacto exaurindo da tubeira. O regime
qualifica-se de sub-expandido [under-expanded].
Condições de projecto respeitam, naturalmente, a p. = pCj.
Sumarizam-se, na Fig. 1.71, estes diferentes regimes de operação de uma
tubeira convergente-divergente.
/
/
M„>1 /
*
\
\
Fig. 1.72 Sistema de ondas oblíquas de compressão e de expansão num
perfil em diamante operando em escoamento supersónico.
84 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
Começamos por notar que, em princípio, não deverá haver uma grande
diferença entre ocorrências num choque normal e num choque oblíquo, já que
estas diferenças podem, em princípio, ser simplesmente interpretadas como se a
mesma ocorrência fosse observada de diferentes referenciais. Salientemo-lo,
considerando a situação ilustrada na Fig. 1.74 de um observador que se desloca
ao longo de uma onda de choque normal com uma velocidade í7|(rajecIlSria).
i onda de choque______ /
abertura elementar Aô> como ilustrado na Fig. 1.79, levar-nos-ia a concluir que
as ondas de Mach isentrópicas tendem agora a divergir, tanto mais que, por
(1.39), aumentando o número de Mach através de cada uma destas ondas
isentrópicas de expansão, diminui o ângulo de Mach p . As ondas de Mach
isentrópicas, em vez de tenderem a coalescer numa onda de choque dissipativa,
como no anterior caso de diedros côncavos, tendem agora a divergir, dando
origem a uma expansão ce n tra d a de Prandtl-M eyer [centered Prandtl-Meyer
expansion] ou leq ue de P ra n d tl-M e y e r [Prandtl-Meyer fan] isentrópico
centrado no vértice do diedro convexo.
ondas de Mach
divergentes
P2<Pl
b) Estabilizador integral
l M_> I
0 0,5 1.0^1.5
a) A í. = 0 ,7 5
b) Aí„=0,81
c) Aí„=0,89
e) AÍ_=L4
crans^n'ca
na gama
Fig. 1.83 E v o lução do escoam en to em to rn o d e u m p e rfil subsónico
SEC. 1.4. EFEITOS DE COMPRESSIBIUDADE 91
a) Velocidade efectiva Af_cos/l b) CD vs. Aí. para asas sem e com flecha
Fig. 1.85 Operação de asas em flecha.
92 CAP. 1 AERODINÂMICA: UMA VISÃO GERAL
94
SEC.2.1. DESCRIÇÃO DO CAMPO DO ESCOAMENTO 95
A
vent o
a) b)
Fig. 2.1 Trajectórias, linhas de corrente e linhas filamento para a pluma de fumo emitida
por uma chaminé em escoamento de aproximação não-permanente.
( 2 . 1)
J , l c PYdV ^ + '
f f V.(pyÚ)dv + í P f 7ydv, ( 2 - 2)
JVC St JvC V / JVC
■Jy + ^ ± + V .(p ( y J = p f r
(2.3)
(2.4)
(2.1.a)
(2.2.a)
= ~ L i t : ( p rU J d v + L p f yd v
Equação da continuidade sob forma diferencial
(2.3.a)
102 CAP, 2 CONCEITOS E EQUACÚES FUNDAMENTAIS
I p U ,n l d S = i) (2.8)
Jsc 11
(fa m ília d e c u rv a s ta n g e n te s a o s v e c t o r e s v e l o c i d a d e ) , o q u e c o n d u z
d e sig n a ç ã o d e "fu n ção d e c o rre n te " p a ra *f'. UZ ^
S e n d o T = c o n st. p a ra c a d a lin h a d e c o r r e n t e ( i .e . c o r r e s p o n d e n d o a uma
d a d a lin h a d e c o rre n te u m v a lo r c o n s ta n te f ' = *#/0 e s e n d o o u t r a lin h a de
c o r re n te id e n tif ic a d a p o r o u tr o v a lo r c o n s t a n t e + A ' F , d ig am o s)
p e rg u n ta -se q u a l o s ig n ific a d o fís ic o d o a c r é s c im o d e (A xíJ) d e lin h a de
c o rre n te p a ra lin h a d e c o rre n te ?
C o n s id e re m o s a s itu a ç ã o tip if ic a d a n a F ig . 2 .2 o n d e e s t á a s s in a la d a uma
lin h a d e c o r re n te c a r a c te r iz a d a p o r u m d a d o v a l o r *P0 e u m a o u tr a a que
c o rre sp o n d e o v a lo r * P = ’f/0 + d f / . O a c r é s c im o d e u m a l in h a d e corrente
p a ra a o u tra p o d e s e r e x p r e s s o c o m o o i n t e g r a l d e d*F a o l o n g o d e um
O ra , d e
-Vdx + Udy- Ú. dn
p e lo q u e
[B U.dh,
*a
o q u e c o r re s p o n d e a o c a u d a l ( v o lu m é tr ic o ) e s c o a d o a t r a v é s d a se c ç ã o
passagem A B .
D o a n te r io r m e n te e x p o s to im e d ia ta m e n te r e s s a l t a o g r a n d e in te re s s e
d e s c r e v e r m o s o c o m p o r ta m e n to d e u m q u a lq u e r c a m p o d e e s c o a m e n to
d i m e n s i o n a l in c o m p r e s s ív e l e m te rm o s d a f u n ç ã o d e c o r r e n t e 'íJ\ c o n h ec i
e v o l u ç ã o e s p a c i a l o u f o r m a a n a lític a d o e s c a l a r *F, n ã o s ó o cam p
SEC. 2.2. CONSERVAÇÃO DA MASSA 105
Numa situação bi-dim ensional axi-sim étrica obteríam os, para relação entre
V — a denominada função de corrente de Stokes — e as componentes de V :
* em coordenadas cilíndricas polares
1dT
(2 .1 0 .a)
r dx
106 CAP. 2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
• em coordenadas esféricas
U - .1 v = ____ ( 2 .10.b)
* f?2sen 6 dô ’ e R sen O dR
Notamos, a finalizar, que esta noção de ¥', se bem que perfeitamente
aplicável, é pouco interessante em situações de:
i) escoamento compressível permanente, em que a equação da continuidade
reveste a forma div (p t/j = 0 em vez de div £/ = 0;
ii) escoamento tri-dimensional (incompressível ou compressível permanente)
onde a cada valor f ' = const. corresponde uma superfície de corrente,
resultando a configuração do escoamento, em termos de linhas de corrente,
da intersecção de duas superfícies de corrente •— em bi-dimensional
cartesiano uma das superfícies de corrente é o próprio plano do escoamento
z = const.
dx2
pdx2dx3 dp . dx2dx 3
*2 " 'S T * '
(*3)
Fig. 2.4 Forças elementares actuantes num corpo paralelipipédico de fluido real.
SEC. 2.3. TRANSPORTE DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO 107
Oí = - p 8 t + Tg ( 2 . 11)
onde a pressão estática p é agora entendida como a média dos esforços normais
tomada com sinal menos
P = -Ciil 3
e %jj representa o desvio do campo de tensões, induzido pelo movimento, em
relação à situação isotrópica de fluido em repouso, e é por isso designado tensor
desviador das tensões [deviatoric stress tensor].
E de notar já duas propriedades importantes do tensor :
1. Sendo a média das tensões normais [normal stresses] (tomada com sinal
menos) igual à pressão estática, deverá ter traço ($) nulo, i.e.
ru = T,, + t22 + t33 = O, significando que, devido ao movimento, algumas das
tensões normais poderão acusar desvios num sentido e outras noutro sentido,
em relação à média, mas que o côm puto global destes desvios individuais
deverá ser nulo.
deform ação
(sem rotação)
3V
( 2 . 12)
dx
dy ^ \d y dx J 2 $y j
rotação deformação
(sem deformação) (sem rotação)
dUl
dx2 I 2 [ dx2 <2v, J 2 ( <?r2 <?*, JJ
rotação deformação
(anti-simétrico) (simétrico)
Mas é de notar, fisicamente, que a rotação não contribui para induzir tensões
de corte; estas estão só associadas à (taxa de) deformação, pelo que o termo
referente a rotação não deverá figurar na relação para r l2. À mesma conclusão
poderíamos ter chegado por via formal, notando que o requisito de que o tensor
das tensões seja simétrico ( r l2 = t2I ) não é compatível com a existência de uma
parcela anti-simétrica.
Assim, rl2 dever-se-á reduzir à segunda contribuição:
1 ( dU, dU2V
*12=1!
2 ( dx2 + <&i j . '
Porém, para que esta relação degenere em r = tid U /d y no caso uni
dimensional em que U -U (y) só e V = 0, precisaremos entender íj2 como
valor duplo do acima apresentado, i.e.:
'du_I | du2'
712 ~i1
>2 dxl y '
Em tri-dimensional verifica-se que, para fluidos isotrópicos newtonianos, a
relação constitutiva continua a ser do tipo da anteriormente apresentada, pelo
que generalizando o resultado acabado de obter para tri-dimensional
poderemos escrever
hi HL] (2.13.a)
dxi ,
Há, porém, uma propriedade do tensor desviador das tensões que ainda não
verificámos se é ou não satisfeita: a de que deve apresentar traço nulo. Ora,
operando uma contracção do tensor desviador das tensões na forma acima
referida, i.e. fazendo i = j na eq. (2.13.a), obtemos:
dU,
7« = 2 li
dx,
valor este que se anula, por conservação de massa, em escoamento
incompressível — equação da continuidade (2.7): dUJdx-, = 0 — mas que é
diferente de zero em escoamento compressível devido à dilatação dos elementos
de fluido. Esta contribuição para o campo de tensões em escoamento
compressível, associada ao movimento molecular induzido pela dilatação dos
SEC. 2.3. TRANSPORTE DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO 111
j dU, t dU j'
- 1 ^ 6 .. ( 2 . 1 3 .b )
dx, 3 d x t "J
dU, dU,
“ - — (- P â y + T#) = ~ | - P S V + /i — L+ — L - l O L s
dxj dxj d xj dx. 3 dXk ô<
e admitindo p - p ( T ) = const.:
d 2U, d 2U dU,
d p +u
dx, dx2 dx, dXj \ dxk
\ d 2U, t d í dU± (2 .1 4 )
dp +U
dx, P dx2 3 d x. ^ dx.
E L ^ +UM 1 dp \ d 2U, , d í ^ j l
---- - T - + V +fi
Dt dt ’ dxj P dx, d x2 3 dx, l * * J.
E i M l +u M 1 dp
+ (2 .1 5 .3 )
Dt dt 1 dxj P dx,
ou, em notação vectorial:
(*) Esta questão será mais pormenorizadamente apreciada em Nota no fun da presente secção.
112 CAP.2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
DU dV - - 1 _
— = - ^ + U.VU = - - V p + v V 2U + f (2.15,b)
(*) Por analogia com o caso de condução de calor exemplificado, alguns autores — e.g. [131 —
preferem definir como o simétrico da relação (2.13.a), i.e.
T if = - M [d V i/d x j + d U jld x , )
exactamente para realçar que este fluxo de quantidade de movimento se processa dos níveis de
maior para os de menor valor da propriedade, assim em sentido contrário ao do gradiente. Não
invertendo a física do processo, continuaremos porém a usar a nomenclatura assinalada a“
corpo do texto, por ser a mais usual.
SEC. 2.3. TRANSPORTE DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO 113
— =k v2r
dl
em que k = K/pcp é a difusividade térmica, sendo cp o calor específico a
pressão constante.
Dado que o termo de transporte difusivo d z jjjdxj envolve uma contracção
do tensor concluímos, por aplicação do teorema da divergência a uma
superfície fechada através da qual o fluxo da quantidade de movimento seja
nulo, que este termo não altera o valor global da quantidade de movimento no
volume encerrado pela superfície, operando tão só uma redistribuição dessa
quantidade de movimento. Assim , de aqui em diante imediatamente
associaremos um significado redistributivo de transporte difusivo a um qualquer
novo termo da forma do que agora interpretámos, envolvendo uma contracção.
Finalmente no que respeita ao termo de forças mássicas, supondo que este
efeito resulta exclusivamente da acção do campo gravítico, caso em que a força
mássica por unidade de massa é igual à intensidade do campo / = £, aceleração
da gravidade, e em que o potencial gravítico se escreve <l>= - g . x = gh, onde h
representa altura em relação a uma cota arbitrária, pelo que a força mássica por
unidade de massa vem dada por
f = -V(j> = - V g h ,
DÚ 1 . , ,-
-j^- = — V ( p + p g h ) + v V 2U .
(ãv)t/=v(Ií/2)-t/x(vxi7),
114 CAP. 2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
~ ~ Õ x Õ = - - V p T + v V 2U, (2.16.b)
dt p
em que o vector
— s — +Õ.VÚ = - - V p (2.18.a)
Dt dt p
ou
~ - U x £ 2 =- - V p r , (2.18.b)
dt p
relação conhecida por equação de Euler.
Se ainda o escoamento for permanente, esta equação degenera em
VpT = p Õ x Õ , (2.19)
f Ík E à d v = ^ i pU ,U ,n, dS + í p f u dv
Jvc dt JscK ' 11 Jv c yJui
em que f u. representa a intensidade das fontes de quantidade de movimento
por unidade de massa.
Usando para estas fontes por unidade de volume a anterior forma
dp |
Pfu, =
dXj dXj dxj
| pUl U,nj d S = \ - ~ d V + \ dV
Jscr 11 Jvc dx, Jvc dxj
dU ^
?22 ~ 2t*
dx. \d x x dx2 (2.21,
r dU. dU 2 ^
h i = 2M - 1+ 2
d xx dx2 yj
ÊHi + * h - . l ( M ± + d u * =0.
^11 "*■^22 ^33 —2f^
dx, dx *1 d x x dx
2
r 33, em bora não nulo, não co n trib u i p a ra o m o v im e n to , anulando-se a
respectiva contribuição em N avier-Stokes:
\
^ r 33 _
dx-,
2 ii d [ dU x
3 gx
dU2
= - i3f ^l ’ d ' dux\ d ( = 0,
dxx dx2 dx | ç d x 3 j d x 2 [ ãx3 j
y
pois, em bi-dim ensional, nem Ux nem U2 variam co m x 3.
D iferentes resu ltad o s seriam obtidos se, lo g o n a fa se d e construção da
relação co nstitutiva p ara x ijy tivéssem os p a rtic u la riz a d o p ara escoamento bi-
dim ensional.
A rgum entámos anteriorm ente, adm itindo que o efeito da dilatação de um
elemento de fluido ao p ro d uzir tensões n orm ais v isc o sas se deveria repartir
igualmente pelas 3 direcções do espaço, que a cad a um dos term os da diagonal
principal de x xj haveria que subtrair 1/3 deste efe ito , i.e. 1/3 {dUk/dxl ). Por
analogia poderíamos ser levados a pensar que, em bi-dim ensional, o efeito da
dilatação se devesse repartir igualm ente apenas pelas 2 direcções do plano do
escoamento, pelo que a Tn e t 22 haveria que su b trair 1/2 do efeito total, i.e.
\/2 (d U k/ d x k); obteríamos então:
SEC. 2A TRANSPORTE OA ENERGIA MECÂNICA 117
t33 s 0 , c o m o p o r h ip ó te s e .
Mais uma vez o req u isito r (í = O seria satisfeito e a contribuição de T}3 não
figuraria em N avier-S tokes, até p ela razão adicional de ser r 33 = 0. Porém, não
só as relações (2 ,2 1 .a) e (2.21 .b) p ara cada um a das componentes de tensões
normais viriam d iferentes com o agora todo o efeito da dilatação desapareceria
de Navier-Stokes:
apenas.
u .S !L =£ j t u U \ . S &
' Dt dM ' D Dt
onde (J representa o módulo do vector velocidade, i.e. U2 = U, U,
' dx) ' dxj { dXj j dxj { ' dxj J dXj dxj
*? (
obtendo-se:
O significado físico de alguns dos term os que figuram nesta equação pode
ser directam ente obtido por analogia com term os form alm ente análogos da
equação do movimento. Assim, os dois term os do prim eiro membro da eq.
(2.22) referem, respectivam ente, a variação tem poral (local) e o transporte
convectivo (*) de energia cinética, enquanto que os dois primeiros termos do
segundo membro, envolvendo 'divergências', representam uma redistribuição de
energia cinética devido ao trabalho das forças de superfície de natureza invíscida
— primeiro termo — e viscosa — segundo term o. Q uanto ao último termo,
dado que envolve um quadrado e está afectad o de um sinal menos é
essencialmente negativo, actuando, portanto, como um poço de energia cinética;
o que mais uma vez reforça o significado desta relação como uma equação de
conservação da energia mecânica em condições de escoamento permanente,
incompressível de fluido perfeito.
Dizendo a eq. (2.23) respeito à evolução da pressão total ao longo de uma
linha de corrente, ela poderia também ter sido obtida a partir da eq. (2.19), que
nos fornece, num dado ponto, o valor do vector variação espacial de p T. A
variação segundo a direcção da linha de corrente será então dada pelo produto
interno de VpT com o versor da linha de corrente ês :
VpT.êJ = pÚx£2.ês = 0 ,
ê> ‘t
d dV_ d u \_ „
1
1
í2= V x£/ = 1—
dx dy
0
dx
(2.25)
\u V 0
de onde
dV_dU_
dx dy
como estabelecendo a condição necessária e suficiente de existência de uma
diferencial exacta d& tal que
d@ d&
d<P = ——d*: + - — dy = Udx + Vdy
dx dy
[U = d 0 /à x
(2.26)
[v = d4>/dy.
Nesta dedução, a relação acima referida para d<P foi estabelecida, à
semelhança do anteriormente praticado para d*F, através da correspondência
X o U ; Y o V
com a notação utilizada no Apêndice B, Sec. B .l.
r =f U.ds, (2.27)
obtém-se:
V 0 .V 'F = -U V + U V = O
de onde Vd>_LV¥/, significando que as duas famílias de curvas 0 = const. e
Vtz const. são mutuamente ortogonais.
N
^ - + —+ i t / 2 =const. (2.28)
dt p 1
forma generalizada da equação de Bernoulli p a r a escoamento não-
permanente.
<j>= - v
Outros autores — e.g. [8, 160] — advogam para <p a forma simétrica:
>= - I v <E l
dx, dx:
dU, dU.
- 2 To apenas, pois é simétrico
v dxj dxi
= Tij ^ij ~ 2^. Sy
sendo essencialmente positivo e estando afectado de um sinal menos na
equação de transporte da energia cinética parece ter apenas carácter
dissipativo.
Porém, se trabalharmos a form a destes term os apelidados 'difusivo' e
dissipativo' obtemos:
dU, ^ dUj W l
- r . * L = -M
» dx, dx, dx,i 2 dx,
<9U?
= -M ~P
KdxJJ dx: dx-
Verificamos assim que, para garantir simetria da dissipação, uma mesma
contribuição redistributiva p d 2[lfi Uj>
j fd x i dXj é incluída, com sinais contrários,
em dois termos com diferente significado físico — um deles difusivo e o outro
dissipativo —, formulação esta com que o presente autor não concorda,
preferindo associar carácter difusivo apenas a p d 2(U2 dx2 e carácter
dissipativo apenas a - / i ( dUjdXj) .
d_ B dU, _d_ 1 dp
u,
dXj dt dX: V dx, P dxt dx, dx] J
de onde:
d fd u P ( d ’ dU ,U , 1 d 2p _ w d 2 f d u A
1 J rr í d u i '
1
j:
1 d 2p d 2Uj Uj
p dx2 dx{ dxj
2.6. Exemplosdeaplicaçãodométododovolumedecontrolo
Por aplicação do teorema da quantidade de movimento, expresso por (2.20),
a um conveniente volume de controlo, quantifiquemos efeitos ou parâmetros
globais de escoamentos em diversas situações características, umas respeitantes a
escoamentos interiores, outras a escoamentos exteriores e a escoamentos em
turbomáquinas.
p xR2- j p +~ Ax j x R 2 + r w2 n R A x = 0
onde R é o raio do tubo, do que advém, para a relação entre a tensão de corte
superficial e o gradiente longitudinal de pressão:
Rdp
= 2 ~dx
Ora atrito na parede produz, sobre o corpo de fluido interior à superfície de
controlo, uma força de sentido contrário ao do escoamento, a que corresponde
126 CAP. 2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
um rw<0 nas coordenadas cilíndricas da Fig. 2.8. Tal implica que, para vencer
atrito na parede, tenha a pressão (estática) de dim inuir no sentido do
escoamento: dpjdx < 0 ; sendo as características do escoam ento independentes
da coordenada longitudinal x , será ainda dp/d x - con st., significando que a
pressão decresce linearmente com x. Esta constante perda de energia mecânica,
sob a forma exclusivamente de energia potencial de pressão (pois a energia
cinética se mantém constante, visto ser o esco am en to completamente
desenvolvido), designa-se por perda de ca rg a em lin h a |friction head loss] por
ocorrer continuamente ao longo da linha de transporte de fluido.
Elaboremos um pouco mais sobre a anterior relação entre rw e dp/dx
Começamos por notar que este r w deve ser entendido como o valor, na parede,
da componente r l2 = r AT do tensor das tensões, a qual, conforme assinalado na
sub-Sec. C.2.3., é expressa num caso geral por
dr d x )'
no presente caso de escoamento com pletamente desenvolvido e ainda supondo
não haver rotação em tomo do eixo longitudinal do tubo nem o campo variar
com a coordenada angular 6, é Ue = 0 e d(...)/dx, d{...)/dd = 0 para qualquer
quantidade cinemática, pelo que a relação supra para tjt se reduz a
=- 4 ^ r w (2.30.b)
k — A1 - = X - (2.31)
D
(*1 Alerta-se o leitor para que a definição (2.32) do coeficiente de fricção A, englobando o factor
4 , embora seja a mais usual não é normalizada; em diversas referências o coeficiente de
fricção é apenas definido como / = -— não observância a esta diferença de
nomenclaturas pode induzir o projectista a dimensionar uma bomba 4x mais potente ou 4x
menos potente do que o necessário para promover uma dada movimentação de fluido mim
sistema de condutas.
128 CAP. 2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
| pU, Uj nj dS = - p U fA l +pU2
2A2 = p U2A2 {U2 - Ut),
Jsc
pois, Por continuidade — equação (1.15.b) — , í/l Â, = U2 A 2\
força resultante da distribuição de pressões ao longo da superfície de
controlo
^ -pnldS=piAl + p i(A1- A í) - p 2A 2.
Pi~Pl+P^2Í^i ~ ^2 ) *
p^ P l + l p ( u 2 - u l ) .
( A Y
A p ^ p ^ - p ^ p i U . - u J = \ p U 2 1 -^ i- .
V A2,
0 diferencial Ap corresponde portanto à dissipação de energia que ocorre
na expansão abrupta. Adimensionalizando esta perda de energia potencial de
pressão pela pressão dinâmica do escoamento de aproximação obtém-se, para o
coeficiente de perda de carga:
(2.33.a)
l AJ
Para um jacto descarregando em meio infinito é A2 = °°, de onde k = 1,
significando que toda a energia cinética é perdida.
Se se tivesse escolhido como pressão dinâmica de referência a do
escoamento a jusante da perturbação viria para k:
Ap
k= (2.33.b)
\PU]
em vez de (2 .3 3 .a).
( - p u f Ai +pUfco&6A2 = Pi Ai —p 2 A 2 c o s 0 - X
de onde
í X = pi Ai - p 2 A2 cos 0 + m (U l - U 2 cos 0)
\Y ~ - p 2A 2s e n 0 - m U 2sQn6
UJVdx = - D
BC+DA
í____V d x - V ^ H - Jdy,
J BC+D A JC
pelo que:
f___ U Vdx = U Í H - [ DU JJ d y.
J bc+d a Jc
D = p f c U (U „ -U ) d y = p U l £ ^ - ( l - Í L J dy = p U l e (2.34)
com
fD J L U_
dy. (2.35)
lc U
(2.36)
J = p ^ U 2dy (2.37)
=- ± p u 2( H - h ' t )
£ U1dy -D
directamente resulta:
D=p f c U {U „ -U )d y ,
© -©
F ig . 2 .1 3 Estações de medida e a infinito na esteira de um perfil alar.
SEC. 2.6. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DO VOLUME DE CONTROLO 137
D ~ p j^ ^ U 2{U „ -U 2)dy2;
0 = P Í UM{ U „ -U 2)dyM,
•'"M
devendo UM e U2 ser entendidos como velocidades na mesma linha de corrente
da esteira.
Adimensionalizando velocidades por [/„ esta relação escreve-se:
Um 1- - u ,
)=PU- J. WMt/_ U„
dyM
^ m Y _ P t m - P m _ ( p t m —P ~ ) ~ ( p m —P~) _c
W \ Pul \pUl PM
e, por hipótese, é
UM
P t, = P tm de onde C pt 2~ t/_
=c,ptm
Segue-se que, com todos os parâmetros referidos à estação de medida M,
próxima do bordo de fuga, onde p M ^ CD se pode escrever na forma:
secção de medida, bastando por isso m edi-lo num único ponto, digamos
linha central. V erifica-se e x p e rim e n ta lm e n te se r esta aproximação
suficientemente boa a partir de distancias do bordo de fuga de cerca de 1'CÇ'
A técnica de medida requer assim, tipicam ente, recurso a uma sonda do
tjPo
da ilustrada na Fig. 2.14: um pente de tubos de total com dois tubos de estátie
laterais na região central.
como um disco com um número infinito de pás, cada uma delas produzindo
uma contribuição elementar para a força propulsora; é o chamado modelo do
disco actuador [actuator disk], em que o escoamento redunda quasi-uni-
dimensional [62].
Através do disco, a evolução de velocidade Ud é contínua, por conservação
de massa; a pressão estática acusa, porém, uma descontinuidade de p t para
p2> pp correspondendo à energia que, localmente, é comunicada ao fluido.
Exprimamos a força propulsora T tanto em termos da variação da
quantidade de movimento no tubo de corrente assinalado na Fig. 2.15 como do
salto de pressão através do disco actuador, sempre admitindo um modelo
simplificado de fluido perfeito:
i) Supondo as secções de montante e de jusante do tubo de corrente
suficientemente afastadas do disco actuador para que, na secção de
montante, seja Um =Uco e p m = p^ e, na de jusante, U- > U„ interiormente
ao tubo e U = no exterior, mas sempre com pj = pM, e dado que,
analogamente ao expresso por (2.38), a força actuando sobre os segmentos
laterais da superfície de corrente exibe uma resultante nula em meio infinito,
a eq. (2.20) conduz a:
-p U X + p U jS ^ -T
T = pUi Si (ui - £ / . ) .
T = ( p 2 ~Pi)$d-
Através do disco, havendo trocas de energia com o exterior, não é aplicável a
equação de Bernoulli; o par Ud>p l pode porém ser relacionado, através de
Bernoulli, com as condições a infinito a montante L/^p^,, assim como
Uà,p2 é relacionável com Obtém-se então para T:
r = { [ p „ + \ p {u ] - c / d2) ] - [ ^ + i p { u l - t/d2)]} s d
^ p { v f- u l) Si.
Igualando as duas expressões de T:
140 CAP. 2 CONCEITOS E EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
r = p t/d^ - c /_ )= l P [u , + )(í/j - u _ )s a
imediatamente resulta:
u~ +ui
U* -----------\ ’ (2.40)
Pm = T U ^ p U áSi (Ur U ^ U ^
a potência que, neste processo, o hélice precisa de dispender sobre o meio fluido
é expressa pelo diferencial dos caudais de energia cinética:
Pt m = P ^ S d [ ^ - U l ) ] .
f ,„ P l W » , - ! '- ) ! '- U.
~vt '
Para um rendimento típico de 80% é:
= p U i Si Ui
= 2 p U \ S á pois Ui ~ 2 U d.
SEC. 2.6. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DO VOLUME OE CONTROLO 141
e
Uj = 2t/d = 18,4 m/s = 66 km /h.
Suponhamos, por último, o caso de um helicóptero em auto-rotação [auto-
rotation} — voo descendente com o rotor livre, i.e. desacoplado do motor —,
em que o rotor extrai energia do escoamento, em que oferece uma resistência ao
escoamento em vez de produzir uma força propulsora; a situação, ilustrada na
Fig. 2.17.a), é agora inversa da referida na Fig. 2.15, e equivalente à de um
rotor de autogiro [gyrocopter] ou ao de uma turbina eólica [wind turbine],
representado na Fig. 2.17.b).
5,
t7„ + r
f
resulta assim:
c ' - , - 3 [ | - B ) ’] - Í I = 5 7 - 59% -
Este limite máximo teórico é conhecido com o lim ite de Betz. Conclui-se que
a principal causa para o limitado valor de C/>mM é a de diminuição de caudal
através do rotor, associado à expansão do tubo de corrente factor 2/3 na
relação supra — , e não tanto a de um a incom pleta absorção de energia na
esteira — factor 8/9.
O rendimento máximo de turbinas eó licas hoje em dia utilizadas paia
accionar geradores produzindo energia eléctrica é da ordem de 40%, já
tendo em conta perdas no rotor, no m ecanism o de m ultiplicação de velocidade,
perdas eléctricas, etc.; tal valor de eficiência corresponde a cerca de 2/3 do
máximo teórico: 0,40/0,59.
Revela-se oportuno justificar a razão da grande diferença de configuração
entre o clássico moinho português u tiliza d o p ara m oagem de cereais,
tipicamente com 4 velas e uma grande área de pano, o moinho 'tipo americano'
utilizado para accionar uma bomba m ecânica aspirante-prem ente para captação
de água para rega, com cerca de umas 20 pás m etálicas, e uma moderna turbina
eólica bi ou tri-pá, com pás de grande 'esbeltez', u tilizada para accionar um
gerador eléctrico; estes três tipos de m oinhos de vento ou de turbinas eólicas
estão ilustrados na Fig. 2.18.
A grande diferença entre estes tipos de turbinas reside na razão entre área
das pás (número de pás vezes corda média) e área varrida pelas pás ( jrR1, onde
SEC. 2.6. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DO VOLUME DE CONTROLO 143
r é o raio máximo das pás); esta razão é denominada solidez [solidity ratio). Os
dois primeiros tipos (moinho português e moinho 'tipo americano') apresentam
uma elevada solidez — ou poucas pás x uma grande corda média ou muitas pás
x uma corda baixa — e o último uma pequena solidez — poucas pás de
pequena corda.
Tal cascata infinita de pás produz uma alteração tanto da grandeza como da
direcção da velocidade dos escoamentos não perturbados a infinito a montante e
ajusante do sistema de perfis. Esta característica justifica a utilização de cascatas
de pás como deflectores do escoamento; uma aplicação típica em escoamentos
interiores, ilustrada na Fig. 2.21 [169], é a instalação de placas directrizes
[guiding vanes] em curvas abruptas em condutas, com o fim de reduzir a
extensão de regiões de separação e assim uniformizar o escoamento e reduzir a
perda de carga, como no caso do túnel aerodinâmico de circuito fechado da
Fig. 1.7.a).
\ p u „ { - u ^ ) + p v 2í{ v j ) = - p u l t + pU*at = P l t - p 2t - X
\ x = {P l - p 2) t
/>, - p 2= \ p [v ; - u ? ) = \ p K - u D = p - v u) .
Definindo um vector velocidade média como Úm= (Ú] + — vidé
esquema auxiliar na Fig. 2.22 — obtém-se para X e T:
| x = pC/mtí(C/2 t - í 7 lt)
j y = p L / mat ( i / 2 l - í / 1I).
Em termos de circulação do vector velocidade ao longo do contorno
fechado da directriz,
J IABCDJ
r = 4 V.ds = í ( V x ( J ) .n J S
7 [cl Js
(3.1)
em que o sentido da norm al n ao elem ento de superfície dS está relacionado
com o sentido de circulação pela 'regra do saca-rolhas'.
A fim de interpretarmos fisicam ente o significado de Q = V x & apliquemos
o teorema de Stokes a um a superfície material elementar que, por conveniência,
suporemos plana e lim itada por um círculo de raio S r [8], Sendo a superfície
constituída por elementos de fluido, ela rodará e deform ar-se-á ao longo do
escoamento; a fim de isolarm os a com ponente de rotação da de deformação
teremos de definir velocidade ang u lar a> (com o corpo sólido) a partir da
velocidade tangencial m édia dos elem entos de fluido; analiticamente virá:
149
150 CAP. 3 ESCOAMENTOS TIPO VÓRTICE
(£■ U.ds/lKÒr j
(y -J Q = ■■■ j U.ds = k o . n
ôr 2}t(8r) * (cj 2
pelo teorema de Stokes, para o que admitimos uma distribuição constante de
vorticidade ao longo da superfície material elementar de área 7t(Sr)2. Dado que
o escoamento é bi-dimensional os vectores Õ e h serão paralelos, pelo que esta
relação se pode escrever:
t f = 2a> = ^ (3,2)
r = 4 O.ds = 2izrU0
J (cl
valor constante pois r íld = const. Obtém-se assim para a relação entre U6 e r
r
Ve- 2K r (3.4)
£2 = r f Ka2 = const. £2 = 0
Cp = { r l a f - 1 Cp = l - ( a / r f
dp j U l
dr r '
forma a que, no caso vertente, se reduz a equação de Navier-Stolces para a
componente radial apresentada na sub-Sec. C.2.4 e conforme primeiramente
expresso na eq. (1.16).
A igualdade entre força centrífuga por unidade de volume e força resultante
do gradiente radial de pressão permite compreender a razão por que a
distribuição de Cp tem continuidade tangencial, embora a de velocidade a não
tenha, e reforçar o facto de que, havendo curvatura das linhas de corrente, a
pressão estática diminui sempre da periferia para o centro de curvatura,
independentemente da forma do campo de velocidades.
Sempre que a dimensão do núcleo de um vórtice real for muito menor que
uma dimensão característica do campo do escoamento como um todo, será lícito
ignorar o valor não nulo da área da secção em rotação sólida e modelar o
vórtice real como se de um vórtice livre irrotacional se tratasse; está no entanto
subentendido que um valor não nulo de circulação requer sempre a existência
de um núcleo central em rotação sólida, pelo que, mesmo nesta situação
simplificada, o escoamento poderá ser tratado como potencial em todo o campo
excepto num ponto singular coincidente com o eixo do vórtice.
T cm = (j> O.Ss
•>CM
significando S diferenciação ao longo de s a tempo constante. Virá para a
variação de ■^cm ao longo do escoamento:
Drm d D
- — 4 U.ôs =íf» DU U .-^ {ô s),
Dt Dl J CM J Cc M Dt Jc
CM Dt
por permutação dos operadores diferenciação no tempo, ao longo do
escoamento, e integração no espaço, a tempo constante.
Ora o termo DÕ/Dt que figura no primeiro integral é dado directamente
por Navier-Stokes, eq. (2.16.a):
£ E = A s 7 p + v V2U.
Dt p
Quanto à segunda integranda, é:
— lSs) = SÕ.
Dr ’
Obtemos então
— í Ãã<SS = 0 ,
Df JSM
significando que o fluxo de vorticidade através de uma qualquer superfície
material se mantém constante ao longo do tempo, i.e. à medida que essa
superfície material é transportada / convectada com o escoamento, o que permite
enunciar este resultado como implicando que a vorticidade é convectada com
o fluido. De facto se, de acordo com Kelvin, a circulação em torno de um
qualquer circuito material se conserva (i.e. se mantém constante) ao longo do
escoamento, tal implica que todos os filam entos de vórtice interiores ao
contorno — e que, à semelhança de um tubo de corrente, constituído por um
feixe de linhas de corrente, poderemos agora designar como um tu b o de
vórtices [vortex tube] — permanecerão interiores ao contorno material; como a
superfície considerada é uma superfície material, constituída por elementos de
fluido que são convectados pelo escoamento, então também a vorticidade a eles
associada é convectada pelo escoamento. Tal resultado, válido em fluido
perfeito em que são nulos os efeitos difusivos, pode ainda ser parafraseado
como exprimindo que:
• um tubo de vórtices é constituído sem pre pelas mesmas partículas de fluido
—nestes termos o resultado é conhecido como 3" teorem a de Helmholtz;
* se a vorticidade for nula num dado instante, perm anecerá igual a zero
sempre — tal enunciado do teorema, em termos de p e rm a n ê n c ia do
escoamento irrotacionai, é devido a Lagrange; ainda
156 CAP. 3 ESCOAMENTOS TIPO VÓRTICE
-C /x f2 = - i V p T + v V 2Ú .
P
Em condições de fluido perfeito ( v = 0 ) esta relação degenera na equação
de Euler (2.18.b) ou (2.19):
VpT = p U x Ú ;
VpT = 0 .
O ra acabámos de demonstrar que "escoam entos de fluido perfeito iniciados
do repouso são irrotacionais". De facto, só pela actuação de tensões de cone
(esforços tangenciais) temos capacidade para com unicar vorticidade a elementos
de fluido — notemos que só podemos im prim ir rotação a uma bola 'dando-lhe
efeito' — e em fluido perfeito é 1 ^ = 0 por ser v = 0, pelo que deverá ser
Í2 = Í2(í = 0) = 0.
Suponhamos porém uma situação de desenvolvim ento de um escoamento de
fluido real em que, numa dada região, tenham actuado tensões de corte
produzindo vorticidade e que, num a reg ião m ais a jusante que estejamos
interessados em analisar, os efeitos de te n sõ es de corte sejam pouco
significativos para interpretar ou quantificar o processo em apreciação, Terá
então validade, para a nossa análise, desprezar os efeitos viscosos e tratar o
escoamento como de fluido perfeito; não podem os porém esquecer que a
vorticidade gerada a montante, e que é co n v ectad a pelo escoamento, pode
induzir, na região em análise, efeitos even tualm ente significativos que não
devam deixar de ser considerados. Se for esse o caso, haverá que modelar o
escoamento como de fluido perfeito ( v = 0) mas rotacional (X 2^0), recorrendo
a Euler.
Exemplo clássico é o do escoam ento induzido po r um hélice propulsor,
ilustrado na^Fig. 1.31 e esquem atizado na Fig. 2.15 num a modelação uni
dimensional.
SEC. 3.3. TEOREMAS OE CONSERVAÇÃO 157
| ã.n«iS = J vV.í 2 íí V = 0
fl = V x í/:= V x (V x « p ) = v (v .
t W =- Q .
v' 4 tt t
Vs = _ ->i vV-1
— — -> x
pelo que
r íxôi
ÔU(r) = -
4n t3
ou
r sí xT
ÔU(r) = (3.6)
4n f3
Esta relação é perfeitamente análoga à lei de Biot-Savart do campo
electromagnético, caso em que ao vector velocidade U corresponde o vector
indução magnética B e à circulação r corresponde a intensidade / da corrente
que percorre o condutor. Por esta razão, tam bém no caso em estudo da
velocidade induzida por um filamento de vórtices esta lei continua a ser
designada como lei de Biot-Savart.
A título de exemplo apliquemos a lei de B iot-Savart à determinação da
velocidade induzida por um segmento finito rectilíneo de vórtice, como, e.g., o
grad/(/) = f* grad t
SEC. 3.4. LEI OE BIOT-SAVART 161
ds xF
~ r
A partir da Fig. 3.6 imediatam ente concluímos que o numerador da
integranda se pode escrever como
dsxt =ev t sendds com * = /icosec0;
atendendo ainda a que
obtém-se para U:
r t sen0
U(r) h cosec 20QdO
d 0 = ên - ^ — [ 2 senQdO
f
4 K h \ th 1 cosec20 Anh J0i
do que finalmente resulta
162 C AP. 3 ESCOAMENTOS TIPO VÓRTICE
~ ~ Ú x Q = —- V p T + v V 2Õ
dt p
Jo que resulta
— - V x ( í / x à ) = v V x ( V JÊ/) .
0 termo de pressão total an u la-se identicam ente nesta operação pois que
rotgradsO.
Aplicando a igualdade vectorial [157]
— = ^ -+ ( ú .v ) q = ( q .v ) u + v V 2q (3.9.a)
Dt dt 1 ; v >
emnotação vectorial, e em notação indiciai
DQ, díi, díi, _ dU<
— Ls — t + f/j—- i (3.9.b)
Dt dt 1 dxj
0 primeiro membro desta equação de Helmholtz diz respeito à variação total
de vorticidade segundo o movimento, soma das variações temporal (local) e
convectiva, e o segundo termo do segundo membro representa o transporte
difusivo de vorticidade por acção da viscosidade cinemática. Fazendo o paralelo
com a equação de Navier-Stokes (2.16.a) verificamos que o termo de pressão
164 CAP. 3 ESCOAMENTOS TIPO VÓRTICE
não figura na equação de Helmholtz e que, por outro lado, surge um novo
termo, (Õ.V)U — primeiro termo do segundo membro —, que não tem
correspondente na equação do movimento. Analisemos em pormenor estes dois
factos.
Analiticamente é fácil justificar o desaparecimento do termo de pressão, pois
este figura na equação do movimento sob a forma de um gradiente que, por
aplicação do operador rotacional, se anula identicamente — rotgradsO.
Fisicamente compreende-se que a pressão não contribua para uma variação de
vorticidade, pois que, sendo um esforço normal, o momento produzido em
tomo do eixo de rotação será nulo — relembramos o argumento expandido na
sub-Sec. 3.3.2. de que a vorticidade só pode ser alterada por aplicação de
esforços tangenciais.
A interpretação do termo ílj dUi/d x j será feita com referência à Fig. 3.8
em que assinalamos o vector Q . associado a um dado troço de tubo de vórtices
de comprimento Sxj e de secção ô S . Consideremos separadamente as situações
i # j e i =j m
.
i) no caso i * j , o vector Qj é rodado sob acção da variação longitudinal (no
referencial da página) da componente transversal da velocidade, pois que
vorticidade é convectada pelo fluido, do que resulta a criação de vorticidade
segundo i a partir dum campo originalmente só com componente j; o termo
pode assim ser interpretado como uma produção (positiva ou negativa) de
vorticidade por rotação do filamento de vórtice [vortex slewing].
Í2,
dU, r
dU . U>+1 T , ÔX>
(*) Refere-se, por analogia, o caso dos bailarinos de patinagem no gelo, que quando aproximam
os braços do eixo de rotação (diminuindo o momento de inércia polar 7) aumentam a
velocidade de rotação a>.
SEC. 3.6. DIFUSÃO DE VORTICIDADE NUM VÓRTICE REAL 165
(
de onde
■)
r
■r<*r
87rvr
significando que nas regiões interiores do núcleo o escoamento assume
características de rotação sólida.
Concluímos assim que o núcleo central de um vórtice real tende a aumentar
progressivamente de dimensões ao longo do tempo por difusão radial de
voracidade, como ilustrado na Fig. 3.9, sendo a principal contribuição para este
efeito a da zona de transição vórtice forçado / vórtice livre. Associado a este
aumento de área do núcleo ocorre uma correspondente diminuição de
vorticidade, de tal modo que a intensidade do vórtice se mantém constante, i.e.
r = jí2dS=const.; esta é, de resto, uma característica inerente a um qualquer
processo difusivo, em que a quantidade total da propriedade se conserva embora
haja uma suavização da distribuição espacial da propriedade.
^ L 5 Í ^ + í / .f^ L 1 dp d 2Uj
Dt dt 7 dxj p dXf oXf
(4.1)
(*) Na Sec. B.5. do Apêndice B são relembrados os diferentes tipos de equações às derivadas
parciais e as respectivas exigências em termos de esforço de cálculo numérico.
167
166 CAP A ESCOAMENTO LAMINAR
atontado por P rsinfdl em Í904 para o caso de uma camada limite laminar bi-
dimensional e. por isso, ainda hoje conhecidas por aproxim ações de cam ada
lim ite [boundary la y e r a p p r o x i m a t i o n s ]. em bora o seu domínio de
aplicabilidade abranja todas as camadas de corte delgadas. Para esta situação,
argumentos de ordem de grandeza relativa dos vários termos que figuram na
equação do movimento perm item desprezar alguns termos face a outros de
maior ordem de grandeza e sim plificar substancialm ente as equações, como
veremos na sub-Sec. 4.2.1.
Embora as equações de cam ada lim ite sejam , hoje em dia, de resolução
quase trivial usando métodos de diferenças finitas, em numerosas situações de
projecto não será n ecessário ou p o ssív e l reso lv ê -las, ou porque a
responsabilidade do trabalho o não justifica, ou porque o programa de cálculo
não está acessível e / ou ainda porque os escoam entos em causa não permitem
este tipo de aproximações; nessas circunstâncias será suficiente, ou só possível,
fazer uma primeira determinação da evolução dos parâmetros característicos do
campo com base em expressões sim ples obtidas da análise de escoamentos
permanentes de camada limite bi-dim ensional em gradiente de pressão nulo,
digamos, estimando em seguida, qualitativam ente, a influência, nesta evolução,
de outros factores eventualmente presentes, tais com o gradientes de pressão
diferentes de zero, curvatura da superfície, etc.
É sob esta óptica que se estrutura a presente série de quatro capítulos
dedicados ao estudo de escoam entos in c o m p ressív eis de fluido real.
Estabeleceremos, em escoamento perm anente bi-dim ensional a propriedades
constantes, a forma simplificada das equações de cam ada limite, a fim de
detalharmos o seu domínio de validade e obterm os as relações simples que
controlam a evolução dos parâmetros característicos globais em gradiente de
pressão nulo, após o que analisaremos os efeitos de gradientes de pressão, de
rugosidade da parede, de curvatura suave e abrupta da superfície, etc., tanto em
escoamentos exteriores como interiores. Abordarem os inicialm ente escoamentos
laminares — Cap. 4 —, a fim de sim plificar um prim eiro contacto com os
diferentes fenómenos e efeitos, descreverem os sucintam ente o processo de
transição de regime laminar a turbulento — Cap. 5 — e analisaremos, com
relativo detalhe, as diversas configurações de m aior interesse para engenharia
em regime turbulento — Cap, 6; serão apresentados program as simples para
cálculo destas três situações. Esta sequência de capítulos sobre fluido real
finaliza com uma breve extensão para tri-dimensional dos resultados obtidos em
duas dimensões — Cap.7.
O presente capítulo sobre regime laminar inicia-se com uma apreciação de
escoamentos uni-dimensionais — Sec. 4.1. — para realçar, de forma simples,
aspectos fundamentais no importante processo de separação de uma camada
limite e termina com o tratamento de questões de interacção viscosa / invíscida
SEC. 4.1. ESCOAMENTOS LAMINARES UNI-DIMENSIONAIS 169
— Sec. 4.8. As seis secções intermédias 4.2. a 4.7. são dedicadas ao estudo de
camadas de corte delgadas bi-dimensionais. Na Sec, 4.2. analisaremos em
pormenor as aproximações de que o sistema de equações exactas de Navier-
Stokes é passível no caso de escoamentos de camadas de corte delgadas [8, 28,
147]; começaremos então por avaliar, na Sec. 4.3., situações simples em que a
forma dos perfis de cam ada lim ite se mantém constante ao longo do
escoamento, de que a evolução em gradiente de pressão nulo, que
pormenorizaremos, é um caso particular, após o que, na Sec. 4.4., apreciaremos
qualitativa e quantitativamente a evolução de camadas limites laminares num
qualquer gradiente de pressão, para o que é apresentado um método de cálculo
numérico; na Sec. 4.5. referir-nos-emos a técnicas de controlo de camada limite
para, em particular, inibir separação, e na Sec. 4.6. faremos um apontamento
sobre efeitos de g radien tes tran sversais de pressão induzindo tri-
dimensionalidade; é então analisada a evolução de um jacto livre axi-simétrico,
como exemplo de camada de corte livre — Sec. 4.7.
77777777777777777777.7 I
Fig. 4.1 Geometria de escoamento de Couette.
(4.2.a)
(4.2.b)
SEC. 4.1. ESCOAMENTOS LAMINARES UNI DIMENSIONAIS 171
Fig. 4.2 Perfis de tensão de corte e de velocidade para escoamento completamente desenvolvido
entre duas placas paralelas estacionárias.
_ Ã2 dp l dp J Ú
p Ú d x ^ ^ p d x / Vh T ' (4'3'b)
Fig. 4.3 Perfis de velocidade em escoam ento de Couette para diferentes valores
do parâmetro A de gradiente de pressão.
(4.4.b)
4 p dx
t o caudal volumétrico
kR4 dp
Q= 2/r £ V r dr - - 8 p dx
V. =i u (4.5)
nRl dx 2
Igualando as relações para dp/dx expressas por (4.4.a) — para r = tf, onde
Tf r s K) = rw é a tensão de corte na parede — e por (4.5) obtém-se
. 64
A“ * (46)
ooòc o coeficiente de fricção X é definido, por (2.32), como
4 r.
A=
\pvL
e R e ^ U ^ O / v é o número de Reynolds característico do escoamento. A
relação (4.6) entre X e Re — relação linear cm escalas logarítmicas — é
conhecida por equação de H ageivPoiseuille e verifica-sc cxpehmcntalmentc
%ilida ate Reynolds‘s da ordem de 2300; a partir desse valor de Re o
escoamento é normalmente turbulento.
:l +t -- --+ t
«b «A- f íív
>/ --- + 1 - = -
' <^v dy (4.7)
(*) Salienta-se que em diversos textos são referidas, como hipóteses simplificativas para
aplicação das aproximações de camada limite, i) Reynolds elevado e ii) camada de corte
delgada, o que é redundante, pois que se a representação formal do nosso processo físico
estiver correcta, o facto da camada de corte ser delgada deve naturalmente surgir em resultado
da hipótese R e » 1.
SEC 4.2. APROXIMAÇÕES DF CAMADAS DE C O R lt DtlCiADAS 177
dx dy
escrita em termos de ordem de grandeza
Notamos que ao trabalhar com ordens de grandeza não nos preocupamos sobre
se um dado termo é positivo ou negativo.
Quanto à ordem de grandeza das componentes do gradiente de pressão que
figuram na equação do m ovim ento temos que, no escoamento potencial
exterior, a pressão estática e a velocidade estão relacionadas pela equação de
Bemoulli (2.23.a), pelo que fora da camada limite é dps/dx = - p U edUe/dx. O
termo equivalente para o escoam ento de camada limite deverá então ser da
mesma ordem de grandeza, i.e.
p dx J |_ p dx J L
Embora seja de prever que o gradiente transversal de pressão estática seja
pequeno, pois sendo baixa a taxa de crescimento de camada limite a curvatura
das linhas de corrente será pouco acentuada, não é possível fazer a priori uma
estimativa da sua ordem de grandeza; esta terá de ser obtida por comparação
com a ordem de grandeza dos outros termos da componente segundo y da
equação do movimento.
Escrevamos então a prim eira equação de transporte de quantidade de
movimento (4.7)
1 7S C \r. 4 ESCOAM ENTO LAMINAR
de onde
Í1 Ei v; ( u; v
L L i + l u l
-í-fíV -,
U L{Ô
de onde
L V Re
resultado já obtido como eq. (1.29).
Ainda um comentário sobre os argum entos que conduziram a este último
resultado. Invocámos que sendo a única contribuição difusiva obtida por soma
ou diferença de um reduzido número de term os de ordem unitária ela seria
quanto muito de ordem unitária. Notemos, exem plificando numericamente, que
duas situações extremas podem ocorrer consoante esses poucos termos de
ordem unitária estejam a som ar ou a subtrair. Suponhamos,, então, o caso
simples de apenas dois termos de ordem unitária, um deles valendo 1,001 eo
outro 0,999:
a) se os termos estiverem a somar, obtem os com o resultado 1,001+0,999 =2,
que é um termo de ordem unitária — claro que se somarmos 1000 termos
de ordem 1 obtemos um resultado de ordem 103 !
b ) se os termos estiverem a subtrair, obtemos 1,001 - 0,999 = 2 x 10~3, um termo
3 ordens de grandeza inferior a qualquer dos outros e, portanto, desprezável
quando comparado com eles.
SEC. 4.2. APROXIMAÇÕES DE CAM ADAS DE CORTE DELGADAS 179
Qualquer destas duas situações pode ocorrer e ambas tôm interesse do ponto
de vista de simplificação das equações de Navier-Stokes. Porém, no caso
ilustrado em b), tendo nós já eliminado uma das duas contribuições difusivas
o[v32l//á*2j= l//te « 1, se também eliminássemos a outra v d 2U/ dy2 cairíamos
numa situação de fluido ideal, perfeitamente válida para descrever o
comportamento do escoamento exterior à camada de corte, mas não a camada
de corte em si, que é a região do escoamento agora objecto de análise.
Concluímos então que, para apreciar o caso em que estamos interessados, onde
os efeitos de corte não são nada desprezáveis, devemos, sim, considerar uma
situação do tipo da exemplificada na alínea a) acima, na qual, em resultado da
soma e da diferença de um reduzido número de termos de ordem unitária,
obtemos um termo quanto muito de ordem de grandeza unitária.
Apliquemos finalmente o mesmo tipo de apreciação, em termos de ordem
de grandeza relativa, à equação restante de transporte da componente V:
n d v A âv 1 dp ( d 2V dM
dx dy p dy ^ dx2 dy2 J
virá*.
• i l j - 0L P * r vr i r +“ s H -
U2J U28 (
1 dp V U]8
Ú + Ú pdy vA L1
1 dp
1+1 = - 7 - 0 + — + 1
u lô P dy Re
pelo que
dp
= 1
UlJ p dy
de onde
o [ - I ^ l = í£ £ .
L Pdy\ Ú
JJ-°.
ây
(4.8)
^ . dp p U 2
ii) contribuição invíscida em superfície curva: — = —— com U o (/„.
ay R
Igualdade das duas contribuições:
conduz a:
L_6
R~ L
Ora mesmo no caso bastante severo de uma camada limite turbulenta
desenvolvendo-se em gradiente de pressão adverso — oportunamente veremos
que uma camada limite turbulenta cresce a uma taxa superior a uma camada
limite laminar e que essa taxa de crescimento aumenta ainda em gradiente de
pressão adverso — temos, tipicamente:
~dy
0 = — - 20 mm/m = 0,02
_dx _ L
de onde R = 50L.
Tal relação verifica-se, p.ex., no caso ilustrado na Fig. 4.7 de um perfil em
arco de círculo, onde de
/
e de 2)3 =sen2j8 = h !2 i
R
dentro de uma aproximação de pequenos ângulos segundo a
sen/3 * tan/3 - /3, com /3 em radianos — se obtém:
SEC. 4.2. APROXIMAÇÕES DE CAMADAS DE CORTE DELGADAS 181
Fig. 4.7 Parâmetros geométricos para uma placa curva em arco de círculo.
4R
epara R -5 0 L :
L .L = 0,25%.
l 400
Esta flecha relativa de 0,25%, obtida num caso extremo de camada limite
turbulenta em gradiente de pressão adverso, corresponde, por exemplo, a um
perfil em arco de círculo com 1 m de corda e uma flecha de apenas 2,5 mm, o
que nos dá bem noção de quão desprezável efectivamente é a intensidade do
gradiente transversal de pressão induzido por efeitos viscosos numa superfície
plana, Podemos assim adm itir, com grande aproximação, que para o
escoamento sobre uma superfície plana é dp/dy = Q pelo que o gradiente
longitudinal de pressão é muito aproximadamente o mesmo para o escoamento
de camada limite e para o escoamento potencial exterior, sendo este último
ditado por condições de fluido perfeito; em superfícies curvas podemos, pela
mesma razão, considerar que dpjSy é controlado só por efeitos invíscidos, i.e.
Bp _ pU1
dy R
Embora aparentemente pacífico, o efeito de dp/dy na diferença entre os
valores de dp/dx a y = 0 e a y = Ô depende de d(l/R)/dx, e este exibe uma
descontinuidade infinita quando, por exemplo, uma superfície plana encontra,
mesmo com continuidade tangencial, uma superfície com uma dada curvatura,
caso em que uma avaliação de ordens de grandeza relativa se toma complicada
[28] — é o tipo de efeito que, nos primórdios dos caminhos de ferro, provocava
sistemáticos e inexplicáveis (!) descarrilamentos em zonas em que, a um troço
rectilíneo, se seguia uma curva a R = const.
Dado que a única informação que nos fornece a equação de transporte
segundo y é a de que d p /B y ^O , podemos ignorar esta equação e injectar a
respectíva informação na equação de transporte segundo x, escrevendo dp/Bx
como dpt j d x y i.e. dentro deste grau de aproximação a pressão no interior da
182 CAM ESCOAMENTO LAMINAR
dU
dt 4
isto é, que a escala de tempos característica do processo não seja menor que o
quociente entre as escalas globais de comprimento e de velocidade adoptadas:
0 [tU L IU e .
termos de um referencial local em que o eixo dos x’s esteja alinhado com a
direcção convectiva. É a situação que se assinala na Fig. 4.8 do escoamento em
tomo de um perfil alar (em que as espessuras das camadas limites
desenvolvendo-se ao longo do extradorso e do intradorso a partir do ponto de
estagnação anterior e prolongando-se numa esteira estão largamente
exageradas).
Fig. 4.8 Referenciais locais e geral para cálculo do escoamento de fluido real
em tomo de um perfil alar.
que se verifica urna interaeção forte camada de corte / escoamento exterior; tal
região de transição camada limite / esteira terá então de ser trabalhada ou com
Navier-Stokes ou recorrendo a correlações mais ou menos empíricas.
pdx t dx
e a componente transversal de velocidade a uma distância y da parede vem dada,
a partir da equação da continuidade, por
tr)U W. ph 1 ( 9 t t
dx dy J . - r * ’- 1'' dx J0 p dy p
S * U '= f0 {U '-U )d y ,
de onde
(4.11)
ô
F ig . 4 .1 1 Áreas correspondentes a <5*ea 6,
168 CAP. 4 ESCOAMENTO LAMINAR
~ l u e2 e )+ u e ô * ^ - = ^
dxK e 1 e dx p
ou ainda, desenvolvendo e reagrupando termos, como
d9 n H +2 dUt C(
— + 0 ---------- - = — (4.12)
dx Uc dx 2
Fig, 4,12 Geometria de conduta com paredes laterais planas convergentes / divergentes.
f* „ d U _ r* d U ^ rfi r d U , eh d W r'-
LV** -U-L-£*+1 U**-U-L * - H l T 1—
U dW A
az
d y\
Equações diferenciais
Nas coordenadas curvilíneas (x,y), representadas na figura, as equações de
camada limite tomam a forma
JU x,dU 1 dp v d ( dU\
dx ay p dx r dy\ ay)
| W .|( r V ) - 0 •
Equações integrais
Em escoamento axi-simétrico os parâmetros integrais 8* e 9 são definidos
pelas áreas:
â iír f M -
Casos há em que:
U
= F(i,)
tf .to
/ y/z
y y r vx
apenas, com q = — , ou melhor tj = e j= por (1.29).
pdo que í H = const. —, diz-se que os perfis são sem elhantes [similarJ ou que
o escoamento se processa em condições de semelhança. O número de variáveis
independentes reduz-se de duas (x t y ) a uma (77) e as equações de camada
limite, originalmente às derivadas parciais, transform am -se em equações
diferenciais ordinárias.
Numa época pré-computador este tipo de sim plificações foi muito
significativo; hoje em dia é pouco relevante, revestindo-se estas soluções de
escoamentos semelhantes apenas de interesse como casos teste de programas
mais gerais de camada limite. Limitar-nos-emos assim à determinação de quais
os escoamentos de camada limite laminar que se desenvolvem em condições de
semelhança — sub-Sec. 4.3.1. — , após o que quantificaremos a evolução dos
parâmetros integrais de uma camada limite em gradiente de pressão nulo —
sub-Sec. 4.3.2. — que, como veremos, é um caso particular de escoamento
semelhante.
4= r, (4.18)
vx
f (x’y)=(uevx)V2f ( x , n ) . (4.19)
— - Í È . + ** d1! d dt] d _ d 77 d
(4.20.a)
ix dx dx dt] dx dx dx dt] dx 2x dt]
(4.21)
r + ^ / r + m ( i - r 2) = o
o
F ig . 4 .1 5 Perfis de velocidade em camadas limites
desenvolvendo-se em condições de semelhança.
Notamos que esta situação é de aplicação muito mais geral do que possa à
primeira vista parecer: trata-se, efectivam ente, do tipo de escoamento que
ocorre sempre na vizinhança im ediata de um ponto de estagnação anterior
para o escoamento em torno de um qualquer corpo com continuidade
tangencial, como facilmente se constata discretizando a superfície do corpo
em painéis planos, eventualmente de dim ensão elementar; neste caso geral a
constante C acima referida deverá ser interpretada como C = (dUe/dx) —
196 CAP.4 ESCOAMENTO LAMINAR
/ ( r |) = |j 7 - ^ r ) 3.
f í [ w w H ' 0-™
^ ( / ( ^ [ l - Z í n ) ] dr7 = 0,139
de onde
tf=2,70 .
A equação integral de von-K árm ãn p o de-se então escrever
odO ? dÕ
r.= pU — ~ 0 , l 3 9 p U c2 ~
dx dx
e a equação de definição de t w:
'
- u v * 'd { U /U .)‘
^ X
y=o 5 . d(y/s ) .
Igualando estas duas expressõ es p a ra Tw e in te g ran d o a equação resultante
em ordem a x obtém-se
Iv x
5 = 4,64 — + const. com co n st. = ( 5 ) ;c=0.
U.
Se o limite inferior de integração fo r referid o ao bordo de ataque da placa, a
partir do qual a cam ada lim ite se c o m e ç a a d e sen v o lv e r, será const.= 0 e a
relação supra pode-se escrever
á I v 4 ,6 4
—“ 4,64 ------= - , - ■,
x lju t x
(*) Oportunamente veremos que, para descrever analiticamente a forma aproximada de um perfil de
velocidades, só terá significado recorrer a relações suplementares, inspiradas na física do
processo, se estas respeitarem a efeitos repercutindo-se a grandes regiões do escoamento, e
não apenas a influências localizadas.
198 CAP. 4 ESCOAMENTO LAMINAR
c . , t f Í Q ^ - - - r = -
^pUl(lxl) \ p U 2t l l 4 * ei
Ô* ---
K
BU áV
r=p também só. (4.25.b)
, By Bx
Os respectivos perfis estão qualitativamente representados na Fig. 4.17: tanto Q
como r são aproximadamente constantes na região mais interior da camada
limite, onde a evolução de U vs. y é sensivelmente linear, e ambos tendem com
continuidade tangencial para zero no escoamento exterior.
1 dp 8 2 dUc
A -- = t/. d
JL I (4.26.a)
p dx dx / v dx
(4.26.b)
v dx
recorreremos já a este parâmetro X de gradiente de pressão na sub-secção
seguinte para numericamente quantificarmos a evolução de um a camada limite
laminar num qualquer gradiente de pressão.
É ainda de notar que um perfil de velocidades em gradiente de pressão
adverso exibe forçosamente um ponto de inflexão, característica esta que, como
veremos na Sec. 5.1., tem uma influência determinante no processo de transição
de regime laminar a turbulento. Este resultado é fácil de obter atendendo a que
• na parede (y = 0), a equação de camada limite (4.9) se reduz a
V cO _\_àp_
Pd*’
pois que = 0 (condição de não-escorregamento) e Vw = 0 (parede não
porosa), significando que a curvatura do perfil de velocidades na parede é
controlada exclusivamente pelo gradiente de pressão local, pelo que, em
gradiente adverso será [d2u / d y 2} > 0 ;
• na zona de interface camada limite / fluido exterior a velocidade tende para
Uc por valores inferiores, zona onde será então d2U /d y 2 < 0 ;
• deverá portanto existir, no interior do perfil, um ponto onde d 2U /dy2 se
anula, i.e. um ponto de inflexão; a situação de gradiente de pressão nulo é
um caso particular em que o ponto de inflexão se situa na parede.
Efeito sobre a taxa de crescimento da camada limite
Analisemos agora a influência de um gradiente de pressão diferente de zero
sobre a taxa de crescimento de uma camada limite laminar que, em gradiente de
pressão nulo, aumenta de espessura exclusivamente por difusão molecular de
SEC. 4.4. EVOLUÇÃO DE C ll's EM GRADIENTE DE PRESSÃO 203
dU ^1 u. V.
® l-
II
dy K*y2 )
í
|W | =l ± = _ l u dUx
{ <?y2 ]„ P dx V e dx ’
EA ±
d +1 [H+2)Q
l Jd L =£iEA
v dx v dx v
e recombinando:
F(A) = 0 ,4 5 -6 A = 0 ,4 5 - 6 — ^ .
v dx
Substituindo esta relação empírica para F(A) na expressão anterior e
multiplicando por U\ vem:
dU,
----- = 0,45 U l ------ 6 u :
dx e v dx
de onde
pois, como salientado na sub-Sec. 4.3.1., a constante C deve ser entendida, num
caso geral de um escoamento não forçosam ente sem elhante, como
C o ( d' U Jc /d x )'estagn
O valor não-nulo (e fisicamente incorrecto) de 6 na origem, dado por
(4.29) , resulta assim de uma extrapolação para a origem de resultados de
camada limite, apenas válidos a Rex elevados.
Conhecida a distribuição de velocidade exterior Ue(x) e uma vez
determinada a evolução de 6 a partir de (4.28), eventualmente recorrendo a
(4.29) , os valores H( X) e f(A) podem ser calculados a partir das seguintes
relações universais propostas por Thwaites e optimizadas por Curle e Skan
: : . / r '" :
—— n la
vordve!
------- ãc verso
-------p o. estagn.
Fig. 4.19 Resultados do método de Thwaites para evolução dos parâmetros integrais de camadas
limites laminares em diferentes gradientes constantes da velocidade exterior.
1.0
0,8
U/V,
0.6
0,4
0.2
jactos parietais
Fig. 4.22 Perfil alar com hipersustentadores tipo fenda e flap deflectidos.
Injectando fluido a baixa temperatura esta técnica de sopro pode ser, e
correntemente é, utilizada para assegurar a necessária refrigeração das pás
metálicas de turbinas a gás funcionando em ambientes de muito elevada
temperatura.
Quanto ao controlo por sucção, ilustrado na Fig. 4.23, ultrapassado (?) o
problema da sua realização tecnológica e apesar de requerer um sistema de
tubagens / bomba dedicados, está a ser investigada a rendibilidade económica da
S* = — — e 0 = - i — , de onde H = 2,
Vw 2 Vw
em vez do valor típico H = 2,6 da solução de Blasius para Vw= 0, equivalendo
assim a um perfil 'mais cheio'.
Quanto aos parâmetros de atrito na parede obtém-se:
Tw=/i( ^ J =~pV*U*'
independente da viscosidade, e
(*) Não deixa de ser curioso notar que esta situação de escoamento rigorosamente constante em x
não é contemplada na família de escoamentos semelhantes de Falkner-Skan, pois as
distâncias transversais deixam de ser escaladas em (vx/t/e)'/2— eq. (4.18). De acordo com
Falkner-Skan semelhança requereria Vlv « jT1/2, por (4.24.a).
214 CA P. 4 ESCO A M EN TO LAMINAR
e 77= (4.34)
J = 2n p M 2 r F 2ridri (4.37)
JQ
com M = U c ô (4.38)
(*) Em alguns textos aparece referida uma outra 'condição fronteira': em r = 0 deverá ser, por
simetria, V = 0 e dU/dr = 0 , o que, embora seja um resultado fisicamente correcto, não é uma
verdadeira condição fronteira mas sim um resultado que deverá surgir da solução das equações.
218 CAP. 4 ESCOAMENTO LAMINAR
como notado na Sec. 2.2. para a função de corrente de Stokes — eq. (2.10.a)
—. vem, atendendo a (4.33) e a (4.34)
(4.39)
r dx T]ô dx
no eixo do jacto (77 = 0), o requisito físico de Í7 e V finitos obriga a /'(O ) = 0 e
a /(0 ) = 0, já que dô/dx será não-nulo; a condição fronteira a infinito
v { n = o») = 0 implica finito.
A equação da quantidade de movimento na forma (4.39) é válida tanto para
regime laminar como turbulento — voltaremos a usá-la em campo turbulento
na Sec. 6.8.
Em regime laminar, com r = /J.dU/dr obtém-se
(4.40)
(4.42)
v.v ( 3 j X in 1
v- ' “ * ' 7 7
e
rr M 3 7, N-i 1 ,
O Õ K p X
Q = 2 i t \ U r d r = & n v x °c x e independente de J.
Jo
No quadro abaixo [28] sumarizam-se as leis tipo potência obtidas, por uma
metodologia análoga à apresentada, para variação da espessura e da velocidade
na linha central nos casos de jactos, esteiras e cam adas de mistura bi-
dimensionais, tanto de geometria rectangular como axi-simétrica; para o caso
das esteiras a escala de velocidades é o déficit de velocidade na linha central
comparativamente à velocidade no escoamento exterior.
„ Velocidade na
Escoamento Espessura
linha central
muitos casos é de pequena espessura relativa e pode ser tratada com as equações
aproximadas de cam adas de corte delgadas, e outra, toda a região exterior, em
que gradientes de velocidade são suficientem ente pequenos para que efeitos
viscosos sejam desprezáveis com parados com efeitos de nível invíscido e onde o
escoamento pode ser m odelado com o de tluido perfeito.
Mas estas duas reg iõ es não têm com portam entos independentes, antes
interaccionando uma com a outra. A título de exemplo, salientámos na sub-Sec.
4.2.1. que uma cam ada lim ite se desenvolve sob a acção de um gradiente de
pressão imposto por condições do escoam ento potencial exterior e referimos na
sub-Sec. 4.2.2. que, devido ao déficit de caudal induzido no interior da camada
limite por acção da condição de não-escorregam ento, as linhas de corrente do
escoamento exterior eram deslo cad as de um valor que podia ser quantificado
por S*.
Assim, devido ao fac to de, para facilidade de tratamento, termos
ficticiamente subdividido o escoam ento global em duas regiões possíveis de
descrever com d ife re n te s m od elo s sim plificados da complexa realidade,
compatibilidade de com portam entos nestas duas regiões distintas acarreta uma
já designada interaeção viscosa / invíscida.
Apreciemos com o se m anifesta e pode ser contabilizada esta interaeção
viscosa / invíscida em casos de escoam entos exteriores e interiores, admitindo
sempre que esta interaeção é fraca; realçaremos, em particular, a destrinça entre
uma interaeção fra c a [w e a k ] e um a interaeção fo rte [sfrongj.
procederemos a um prim eiro cálculo de cam ada lim ite para determinarmos a
evolução de 8*. C onhecido 8 * voltam os à estaca zero, calculando novo campo
de fluido perfeito já não em torno do corpo real mas sim em tomo de um corpo
fictício: corpo + espessura do deslocam ento. Quer dizer, em cada nova iteração
precisamos de refazer tudo, d esde o princípio. Seria mais interessante, e
computacionalmente m uito m ais ligeiro, se para cada nova iteração pudéssemos
trabalhar sempre com a m esm a form a de corpo, apenas simulando o efeito de
deslocamento das linhas de corrente do escoam ento potencial através de uma
conveniente velocidade de tran sp ira çã o ; tal corresponderia apenas a uma
alteração das condições fronteiras na superfície do corpo, passando de superfície
impermeável (V w = 0 ) a um a superfície porosa com sopro ( Vw > 0 ), mantendo
constante a forma do corpo.
Determinemos então a v elo cid a d e d e tra n sp ira ç ã o [transpiration velocity]
necessária para sim ular um dado valor local de 8* [102]. Imediatamente fora
da camada lim ite, i.e. a um a d istân cia h = const.= 8 , a componente V de
velocidade é, por continuidade e com o regularm ente temos vindo a fazer:
(4.43)
a) Visualização do escoamento
b) Representação esquemática
ê h
2.0
0,133
u
t/*-
1.5
1.0
0,5
0
0 0.2 0,4 0.6 0.8 1,0
rlR
Fig. 4.29 Perfis de velocidade na região de entrada do escoamento num tubo.
Para escoamento entre placas paralelas estacionárias é, aproximadamente,
^entr Re
CAPÍTULO
5
TRANSIÇÃO
LAMINAR/TURBULENTO
A números de Reynolds elevados, escoamentos de fluido real são em geral
turbulentos, processando-se a transição de regim e lam inar a turbulento por
amplificação de pequenas perturbações naturalmente existentes no ambiente e
impostas sobre a camada de corte, sejam elas vibrações m ecânicas da estrutura,
irregularidades da superfície do corpo, ondas de pressão associadas a ruído
acústico, etc. Se, semelhantemente a um fenómeno de ressonância, o escoamento
denotar r e c e p t i v i d a d e [r e c e p t i v i t y ] à pequena p ertu rb ação — o que
naturalmente dependerá das características do escoamento, digamos, do número
de Reynolds e da forma do perfil de velocidades, e das características da
perturbação, os seus comprimento de onda e frequência angular ou velocidade
de propagação — a perturbação poderá ser de tal modo am plificada que, ao
cabo de um processo altamente não-linear, conduza a um a degenerescência do
escoamento num regime caótico, turbulento; alternativam ente, se a perturbação
for amortecida o regime permanecerá organizado, laminar. Caso a perturbação
seja forte, todas as sucessivas e muito rápidas etapas do normal processo de
transição são ultrapassadas e transição ocorre abruptamente [by-pass],
O conjunto de Figs. 5.1 documenta situações bem diversas deste processo de
instabilização:
- a Fig. 5.1.a) [174] reporta o fraccionamento do vórtice tórico originado
pela queda de uma gota de leite num recipiente com água;
- a Fig. 5.1 .b) [182] ilustra a propagação para m ontante da perturbação
introduzida num jacto lam inar de água pela presença do dedo do
experimentalista, equivalendo a um processo de encurvadura [buckling]
numa viga à compressão [10];
- a Fig. 5.1.c) [182] ilustra a instabilização da pluma de fumo de um cigarro;
- a Fig. 5.1.d) [182] reporta a formação de células de Bénard resultantes de
instabilidade térmica numa fina camada líquida aquecida.
Na Sec. 5.1. são apresentados e discutidos resultados de estabilidade
hidrodinâmica obtidos pelo método das pequenas perturbações e apreciados os
226
SEC. 5.1. MECANISMOS ENVOLVIDOS 227
dut
i = 0.
dx;
Admitindo:
i) que as componentes de perturbação são suficientemente pequenas para que
termos de segunda ordem, tais como utuj%sejam desprezáveis
ii) que o campo médio e as perturbações são bi-dimensionais
iii) que o campo não perturbado é quasi-paralelo, i.e. V » 0
obtém-se, por aplicação de rotacional à equação acima depois de simplificada
— de modo a eliminar o termo de pressão, tal como fizemos na Sec. 3.5. para
obter a equação de transporte da vorticidade — e exprimindo as componentes
da velocidade de perturbação em termos de uma função de corrente y/(x,y,t):
Fig. 5.2 Curvas de estabilidade neutra para perfis de velocidade com e sem ponto de inflexão.
Fig. 5.7 Sequência de fases do processo de transição num escoamento de placa plana.
F ig . 5 .8 Vórtices de Gortler.
5.2. Previsãodetransição
A complexidade do processo de transição descrito na secção anterior faz
com que, hoje em dia, ainda não haja, sequer, nenhum modelo matemático
capaz de prever o Reynolds de transição num simples escoamento de placa
plana. Não quer isto dizer que, utilizando os potentes meios de computação
actualmente disponíveis, não seja, por exemplo, possível prever com sucesso a
evolução de C( ao longo da região de transição num escoamento de placa
plana, resolvendo as equações tri-dimensionais e não-estacionárias de Navier-
Stokes, como bem patenteado na Fig. 5.11 [130],
Fig. 5.11 Comparação entre previsões numéricas e resultados experimentais para a evolução de
C, ao longo da região de transição num escoamento de placa plana.
Só que este cálculo requereu 400 horas de CPU num processador Cray-YMP, e
dividindo 400 por 24 horas se conclui que envolveu mais de duas semanas de
cálculo num supercomputador dedicado (!!!), o que está completamente fora de
causa para resolver qualquer problema de engenharia.
Pergunta-se então: em termos de engenharia, como se pode prever
ocorrência de transição?
Ora a fase mais extensa do muito rápido processo de transição é
indubitavelmente a de amplificação de pequenas perturbações bi-dimensionais,
sendo depois quase imediata a ocorrência de perturbações secundárias, a
erupção de bolsas turbulentas e a com pleta degenerescência em regime
turbulento. Segue-se que previsão da transição poderá ser conseguida
extrapolando, até ao ponto de transição, resultados da teoria linear das pequenas
perturbações, sendo uma das conjecturas comummente aceites que existe uma
amplitude crítica das ondas de T ollm ien-Schlichting na transição. Esta
conjectura constitui a base do muito divulgado critério e" de Sm ith-van Ingen
que passamos a expor de forma sumária [4],
Admitamos então, com base na Fig. 5.12, uma perturbação do tipo onda
progressiva de Tollmien-Schlichting com um comprimento de onda k t que, ao
SEC. 5.2. PREVISÃO DE TRANSIÇÃO 237
A
— = exp
A0
ou
' _A_
n = ln —kt dx
pode ser determ inada por solução de (5.2.a) para k , fixo; a envolvente da
família de curvas n vs. x para diferentes k's corresponderá ao lugar geom étrico
das maiores taxas de am plificação das perturbações.
Aferição deste critério com resultados experim entais leva a concluir que
melhor concordância é obtida, no caso de transição numa cam ada lim ite bi-
dimensional, com um factor de am plificação n = 9, isto é que transição ocorre
quando a am plitude da perturbação inicial tenha sido amplificada de e9 = 8000
vezes, de onde a com um designação de 'critério e9'. M esm o esquecendo a
miríade de factores de que depende o valor mais ajustado do expoente n, este
critério e ” rev ela-se com putacionalm ente pesado para trabalho corrente de
engenharia, pois que envolve:
i) cálculo preciso dos perfis de velocidade laminares ao longo do escoam ento
ii) cálculo das características de estabilidade para cada um destes perfis
238 CAP 5 TRANSIÇÃO LAMINAR / TURBULENTO
22400
Re» =1,174 1+ W - 46. (5.3)
Re•rtr J
exemplos, o primeiro de um corpo com pletum ente imerso num ineio fluido e o
segundo de unia situarão de superfície livre.
Suponhamos então que se pretende ensaiar em laboratório um perfil de asa
de aviào que. no panótipo. terá 3 m de corda e deverá operar a uma velocidade
de 200 km h e que o ninei aerodinâm ico disponível apenas perm ite instalação
de um modelo do perfil com unia corda de 30 cm. P ara sem elhança dinâmica
dos escoam entos deverá verificar-se ig ualdade dos núm ero s de Reynolds
Re = U„c/ v do protótipo e do m odelo, pelo que. se o m odelo for 10 vezes mais
pequeno que o protótipo, o en saio em túnel d ev erá ser realizado a uma
velocidade 10 vezes superior à de operação em escala real. a 2000 km /h no
caso v erten te. S im p le sm e n te, en q u a n to que a 200 km /h » 60 m /s nos
encontram os no lim iar em que o escoam ento ainda pode ser considerado como
incom pressível (Mach A/ = 0 ), a 2000 km /h estaríam os a operar a cerca de 1,6
vezes a velocidade do som (A í 1.6). pelo que o esco am en to seria dominado
por um sistem a de ondas de ch o q u e e de ex p an são e o núm ero de Mach
passaria a ser o parâm etro de sem elhança m ais significativo, não o número de
Reynolds. N ão podem os então garantir sem elhança dinâm ica e o m odelo terá de
ser e n sa ia d o a um R e y n o ld s m u ito m e n o r qu e n o p ro tó tip o : quais a
consequências? Sendo o R eynolds m enor, transição oco rrerá m ais tarde, pelo
que terem os um a m aior percentagem de d esen v o lv im en to do escoam ento em
regim e lam in ar do q u e no pro tó tip o , o que o casio n ará, a b aix o s ângulos de
ataque, i) um a m enor resistên cia de atrito, pois qu e Cf é m enor em regime
lam inar que em turbulento, ii) um a m aior sustentação e um a m enor resistência
de pressão, pois que Ô* é m en o r em regim e lam inar q u e em turbulento pelo
que é m enos intensa a interaeção viscosa / invíscida e m enor será a alteração do
cam po de pressões co m parativam ente a um a situação de flu id o perfeito, como
terem o s opo rtu n id ad e de d etalh a r ao longo do texto ; a elev ad o s ângulos de
ataque instalam -se gradientes de pressão adversos intensos que irão produzir iii)
um a se p araç ão p rem a tu ra da c a m a d a lim ite la m in ar, de o n d e um a maior
resistência e um a m enor sustentação que no protótipo. E m conclusão, os ensaios
em m odelo red u zid o seriam p erfeitam ente inúteis! Q ue fazer en tão ? Forçar a
que tran sição no m odelo ocorra no m esm o ponto em qu e é de p rever se venha a
v erific ar n aturalm en te no protótipo.
U m a situ ação ainda m ais crítica é a de ensaio em c a n a l h id ro d in â m ic o
[ ío w i n g tank] p ara d eterm in ação , por ex em p lo , d a re sistê n c ia ao avanço do
m o d e lo d e c a sc o de um navio. N esta situação de superfície livre o parâm etro de
s e m e lh a n ç a m a is sign ificativo é o núm ero de F roude F r - U / ^ f g L — eq. (1.26)
— e ig u a ld a d e d o s F ro u d e exige que, sendo m enor a dim ensão L do modelo, os
e n s a io s s e ja m re a liz a d o s a u m a v elo cid a d e U ta m b é m m en o r, pelo que o
R e y n o ld s s e r á m u ito m e n o r; p. ex. se o m odelo fo r feito à escala 1:100 — e.g.
r e d u ç ã o d a d im e n s ã o d e u m su p e r-p etro le iro de 3 0 0 p ara 3 m — os testes
SEC. 5.2. TRANSIÇÃO FORÇADA 241
deverão ser realizados a uma velocidade VR)<) = |0 vezes menor, pelo que o
Reynolds diminuirá de 103, i.e. dc três ordens de grandeza. Mais uma vez há
toda a necessidade em forçar transição no modelo.
Pergunta-sc então: como forçar transição? Uma técnica usual em
aerodinâmica de baixa velocidade consiste em utilizar o chamado arame de
transição |tr//> wire]. O arame produz, localmente, um escoamento do tipo do
representado na Fig. 5.14, semelhante ao escoamento em torno de um edifício
imerso na camada limite atmosférica, logo considerado no Cap. 1.
^ aram e
^arame >826.
V
Esta técnica não é utilizada em supersónico pois que, mesmo que a
velocidade no topo do arame seja subsónica, o deslocamento do escoamento
exterior pode p ro d u zir um choque. Tanto em supersónico como em
hidrodinâmica é mais usual forçar transição com uma faixa de elementos de
rugosidade: ou Carborundum (carboneto de silício) ou Ballotini (esferas de
vidro).
CAPÍTULO
6
ESCOAMENTO TURBULENTO
Escoamentos de camadas de corte em regime turbulento constituem a regra,
e não a excepção, em problemas de aerodinâmica, dados os elevados números
de Reynolds a que esses escoamentos se processam e as inúmeras fontes de
perturbação presentes, mormente em situações de aerodinâmica industrial.
Depois de. no Cap. 4. termos apreciado escoamentos de camadas de corte
em regime laminar e de. no Cap. 5, termos analisado o processo de transição
laminar / turbulento, dediquemos agora este capítulo ao estudo de escoamentos
em regime turbulento. Na Sec. 6.1. são descritas as características de um
escoamento turbulento e nas Secs. 6.2. e 6.3. são apresentadas a$ equações do
campo cinemático, primeiro num caso geral e depois dentro das aproximações
de camadas de corte delgadas; verificaremos que o número de incógnitas é
superior ao número dessas equações pelo que, para tornar o sistema
determinado, haverá necessidade de o complementar com relações adicionais
inspiradas na física do processo: os chamados m odelos de tu rb u lên cia
[turbulence models], a apresentar na Sec. 6.4. A semelhança da metodologia
seguida em regime laminar serão então aplicados estes resultados físico-
matemáticos ao estudo da estrutura de uma camada limite turbulenta, que, como
veremos, apresenta regiões com características distintas — Sec. 6.5. —, e à
quantificação da evolução tanto de escoamentos de camada limite, para o que
será apresentado um método integral de cálculo — Sec. 6.6. — , como de
escoamentos interiores completamente desenvolvidos — Sec. 6.7. —, como
ainda de um jacto axi-simétrico, como exemplo de camada de corte livre — Sec.
6.8. O capítulo termina com uma referência a técnicas de medida com sondas de
pressão — Sec. 6.9.
242
SEC.61 CARACTf RlSTICAS 00 CAMPO TtlfiBUUNIO 243
processo. Uma das boas dcíiiuçòcfc «jc turbulência é a apresentada por Peter
Bradshaw 114|, de que se segue uma tradução literal:
mas o que é que nos leva a supor que, num campo caótico em que,
instantaneamente, tanto pode ocorrer estiramento como compressão de
filamentos de vórtices, a probabilidade de ocorrência de etapas de
estiramento seja superior à de ocorrência de etapas de compressão, e que a
transferência de energia se não processe exactamente em sentido contrário,
i.e. dos pequenos para os grandes turbilhões? Tomemos como exemplo dois
indivíduos numa multidão que se movimenta de forma desordenada e que
cada um desses indivíduos segura a ponta de um elástico. A situação mais
provável é a de que, no meio da multidão, esses dois indivíduos se vão
afastando cada vez mais um do outro, e que portanto o elástico vá esticando,
esticando. Não quer isto dizer que, nessa movimentação desordenada, os
dois indivíduos não possam, casualmente, voltar a passar um pelo outro ...
mas entretanto já o elástico terá dado muitas voltas. É assim efectivamente
mais provável que, num campo turbulento, o número de etapas de
estiramento prevaleça sobre as de compressão e que o efeito final seja o de
produzir uma transferência de energia das grandes para as pequenas escalas
e não em sentido contrário.
3. A últim a característica que ressalta imediatamente da observação de
escoamentos turbulentos é a sua grande capacidade de mistura que produz
elevadas taxas de transferência de massa, quantidade de movimento e
energia, provocando uma rápida uniformização da distribuição espacial da
propriedade em causa. Esta grande difusão, resultante do transporte pelo
campo turbulento de largas massas de fluido ao longo de comprimentos
apreciáveis, é várias ordens de grandeza superior à difusão de nível
molecular, a única actuante em escoamentos laminares.
4. No term o do processo de transferência de energia das grandes para as
pequenas escalas por estiram ento de vórtices, i.e. a nível dos pequenos
turbilhões, a frequência angular e os associados gradientes de velocidade
instantânea são de tal modo elevados que tensões de corte de origem viscosa
se tornam significativas; estas tensões viscosas produzem trabalho de
deform ação que aum enta a energia interna do fluido à custa de uma
diminuição da energia cinética turbulenta. Um campo turbulento é assim
essencialm ente dissipativo, e para que possa sobreviver será necessário
fornecer-lhe continuam en te energia. Esta energia será retirada do
escoam ento médio (criação da desordem a partir da ordem, aumento de
entropia) pelos turbilhões com uma escala de comprimentos (comprimento
de onda) mais próxim a de um a dimensão característica do escoamento
médio, obviam ente pelos turbilhões de maiores dimensões. A repartição de
energia cinética no domínio dos números de onda ou das frequências —
espectro de energia, em que (p, a densidade espectral de energia [power
spectral density]> representa a contribuição fraccional para a energia total da
246 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
Frequência de símbolos
em cada geração
X y z
0 0 1
y z z x 1 1 0
/\ /\ /\ /\ i 2
z x x y x y y z
3 3 2
l\ /\ /\ l\ / \ / \ l\ l\ 5 5 6
x y y z y z z x y z z x z x x y 11 11 10
L /u L '
SEC. 6.1 CARACTERÍSTICAS 0 0 CAMPO TURBULENTO 251
v3
e
v
obtém -se
n v
(6.3)
L KUl- )
do percurso médio livre [mean free parti] das moléculas do fluido? nesse
caso nâo poderíamos continuar a usar um modelo de meio contínuo.
Comparemos as duas escalas. Ora a teoria cinética dos gases produz, para o
percurso médio livre X
X- i ^ - (6.4)
À ~y 2 a
onde y = cp/ c v é a razão de calores específicos ( y = 1,4 para o ar) e a é a
velocidade do som no meio.
De Ree = I vem v - rjv, peio que conjugando as duas relações obtemos:
X \y jz v
- = ------= 1 5 M £ « Mk « M
rt V 2 a £ * 650
R (x ,r )= ^ - (6.5.a)
y u 2( x ) u 2( x + r)
SEC. 6.1. CARACTERlSTICAS DO CAMPO TURBULENTO 25 3
seja pouco menor que I ; se, por outro lado, os dois pontos estiverem contidos
em m assas turbilhonares diferentes, ocorrências nos dois pontos serão
determinadas por mecanismos manifestando-se a nível de turbilhões distintos e
será de prever que a correlação diminua, de tal modo que, à medida que a
distância r entre os pontos P e Q aumente, o que acontece num dos pontos tenha
cada vez menos a ver com o que acontece no outro, pelo que o coeficiente de
correlação deva cair a zero. É assim indicativo que uma escala de comprimentos
representativa da dimensão característica dos grandes turbilhões venha a ser
definida através de uma relação integral do coeficiente de correlação R — na
eq. (6.5.a) de definição de /?, as barras por cima dos símbolos das variáveis
representam o valor médio no tempo dessas variáveis; já na secção seguinte
analisaremos o significado e as consequências desta metodologia de análise em
termos de valores médios no tempo.
t+T)
u (x ,t) u ( x ,t + r)
R ( x ,r ) = (6.5 .b)
u(x)
deverá ser próxim o de 1; caso contrário deverá tender assimptoticamente para
zero.
Estes dois tipos de análise — no espaço, a tempo constante, e no tempo, num
ponto fixo do espaço — seriam perfeitamente equivalentes (hipótese ergódica)
se o cam po turbulento se m antivesse indeformável durante o transporte; é a
cham ada hipótese da vorticidade congelada \frozen vorticity hypothesis] de
G.I. Taylor, que é razoavelmente verificada em campos de baixa intensidade de
turbulência em que é lenta a taxa de deformação dos turbilhões.
254 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
<p(co)da = 1,
£(7) = ^ <p(a)cosarda
( 6 . 6)
(6.7.b)
de onde, em a = 0:
( 6.8)
SEC. 6.1. CARACTERÍSTICAS DO CAMPO TURBULENTO 255
u ^ u ^ x + r^
Ru[ri ) - i — _— --------
*»W = [ +
> n ( M e“ ,r,^ 1 (6.9)
e não apenas como <PM(*i.O.OJ [I4J. já que, como iluscrado na Fig. 6.7, para a
intensidade das flutuações ao número de onda contribuem não só
flutuações de comprimento de onda Al =2/r/A,, propagando-se segundo x [t
como também flutuações de menor comprimento de onda A'< A, propagando-
se transversalmente a essa direcçao; o processo [a/Zoring] tem analogias com um
efeito Doppier.
( 6 . 12)
i.e. é nula a média no tempo de uma componente de flutuação, pois que, devido
à forma como definimos valor médio, desvios (áreas) num sentido compensam
exactamente desvios em sentido contrário.
Notemos que a definição de um valor médio através da equação (6.16)
escamoteia a presença de flutuações que não sejam do tipo turbulento, como
ilustrado na Fig. 6.12 para um escoamento médio periódico; neste caso, para
filtrar apenas as flutuações associadas ao campo turbulento sem perder a
característica não permanente do campo médio, haverá que recorrer a uma outra
técnica de definição de valores médios: as chamadas médias de conjunto
[ensemble averages], A técnica consiste em realizar um conjunto de n ensaios
d“, = d u i _ Q
(6.19)
dxj dxj
e subtraindo (6.19) de (6.13)
( 6 . 20 )
dU, _ Q
dt dt
O segundo term o do primeiro membro envolve variações espaciais de
produtos de componentes da velocidade instantânea cujo valor médio é:
1 dP d 2Uj
■ (U jU j+ U jU j)^ —3 E V_TT'-
dx p dXj dXj
Subtraindo a esta equação a (6.19) multiplicada por Uj, i.e. U, dUj jdXj - 0,
e usando, como sempre temos feito, o símbolo p para referir a pressão estática,
agora em valor médio, em vez de P, por vezes usado para denotar pressão total,
pois que não há confusão possível, obtemos finalmente
( 6 .22)
Z>u; Dú,
u ,— - + U -----
' Dt Dt Dt
i) multiplicar a equação de transporte da com ponente instantânea pela
componente de flutuação uj% ii) multiplicar a equação de transporte da
componente instantânea ãj pela componente de flutuação iii) adicionar os
dois anteriores produtos e iv) operar a média no tempo deste resultado. Obtém-
se então:
2 (6.24)
em vez de
com a, = £
268 CAP 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
~£~
v 1 0 « 0
uL Rek V^
pelo que:
f=vú)-. (6.25)
Esta relação seria exacta em turbulência homogénea, í.e. campo turbulento
em que é nula a variação espacial de qualquer valor médio: d/dxj(....) = 0.
Recorreremos a este resultado na Sec. 6.4.
y dU dU 1 dp + v d 2U du2 duv
(6.26.a)
dx dy p dx dy2 dx dy
i f U - ^ - 4 ^ . (6.26.1»
p ay ax dy
Fig. 6.14 Perfis de velocidade média e de tensões de Reynolds numa camada limite
turbulenta bi-dimensional em gradiente de pressão nulo.
du2 S_
0
dx L'
pelo que, na eq. (6.26.a), podemos desprezar du2ldx face a duvjdy. Esta
aproximação é, no entanto, mais grosseira do que a correspondente às difusões
moleculares, para as quais é
2
ã 2U d 2U õ
0 =0
dx2 dy2 L
27 0 CAP 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
como \imo$ na sub-Sec. 4.2.1.; acresce o facto de, em regime turbulento, ser
dS dx maior do que em regime laminar, dado o muito eficiente processo de
crescimento por arrastamento de fluido potencial exterior.
Com base nos mesmos resultados empíricos concluímos que a eq. (6.26.b),
de transporte segundo v , se reduz a
1 dp
-0
p dy dy
dU dU 1 dp d 2U
U— + V -------- — 4- V ------------
dx dy p dx dy2 v !< -h
(6.27)
d l ^ + dV
= 0.
dx dy
pois que a tensão de corte na parede continua a ser designada por Tw e a tensão
de corte total fora da camada limite continua a ser nula.
Segue-se que, embora as equações diferenciais de quantidade de movimento
expressas por (4.9) e (6.27) sejam diferentes para regime laminar e para regime
turbulento, a equação integral de von-Kármán (4.12) exibe a mesma forma nos
dois regimes. A aproximação é, no entanto, mais grosseira em regime turbulento
que em regim e laminar, já que o era na equação diferencial de partida.
Nota-se, como apontamento, que numa situação com convergência lateral,
como apreciado nas sub-Secs. 4.2.2. e 3. em regime laminar, o efeito de
convergência deve agora ser considerado não apenas em termos cinemáticos,
através da contabilização do termo d W /d z da equação da continuidade, como
numa 'transform ação tipo Mangler' e que conduziu às relações (4.16) e (4.17),
mas tam bém em term os dinâmicos pela sua influência na estrutura do campo
turbulento, produzindo um a com pressão de filamentos de vórtices, uma
diminuição das tensões de Reynolds e uma consequente diminuição de Cf, entre
outros efeitos [21].
A finalizar esta secção registemos apenas a forma que assume a equação de
transporte da energia cinética turbulenta (6.24) dentro de uma aproximação de
camada de corte delgada bi-dimensional e desprezando a difusão molecular, já
que vam os necessitar recorrer a um balanço dos seus diversos termos nas
próximas Secs. 6.5. e 6.8.:
(6.29)
(631)
Conjugando as hipóteses de viscosidade turbulenta (6.30) e de comprimento
de mistura (6.31) a tensão de Reynolds escreve-se
- ,2 dU d li
- p « » '= p L (6.32)
dv
relação algébrica de fecho entre o campo turbulento e o cam po médio.
Esta relação terá de ser suplem entada com inform ação em pírica sobre a
variação de f m transversalmente à cam ada de corte. A presentam -se a seguir
valores típicos do comprimento de m istura em várias situações bi-dimensionais
[98J:
• Camada limite em gradiente de pressão nulo
= Ky com K = 0,41 para y < 0 ,2 8
= 0 ,0 7 5
= 0 ,0 9 8
Fig. 6.16 Interface instantânea entre massas de fluido no escoamento numa conduta.
;:6 CAP 6 iSCúAMfNTO lURBULfcNíO
-MV . .
( _ ---------------- — imagmano;
* \ & !>dy\àl'ldy\
i • i o i L e t a l i a . e outros
SEC. 6.4. MODELOS DE TURBULÊNCIA . 27 7
(6.33)
Fig. 6.18 Balanço dos termos da equação de transporte de energia cinética turbulenta
ao longo da espessura de uma camada limite em gradiente dc pressão nulo.
equilíbrio local, e uma camada exterior [outer layer] onde os efeitos de história
desempenham um papel determinante. Só a experimentação nos poderá dizer
até que cota y /ô da camada limite serão aplicáveis os argumentos de equilíbrio
local, sendo essa fronteira definida como a cota até à qual relações inspiradas
em argumentos de equilíbrio local produzam um bom ajustamento a resultados
experimentais. Analisemos então, respectivamente nas sub-Secs. 6.5.1. e 6.5.2.
seguintes, as caracteristicas do escoamento nestas duas camadas.
Antes, porém, justifiquemos o valor da constante Cj, = 0 ,0 9 figurando na eq.
(6.33) do modelo k - £ apresentado na secção anterior, pois que, para o
fazermos, apenas necessitamos invocar o conceito de equilíbrio local acabado de
apresentar. Conjugando então a eq. (6.30), de definição de viscosidade
turbulenta vt, com este resultado (6.33) do modelo k - e e recordando, como
referimos quando apresentámos o modelo de Bradshaw, que ao longo da
espessura de uma camada limite turbulenta é experimentalmente verificado que
-uv~Q,3k, obtemos:
r-sY
dU_ V 0 -3 J dU
-uv =
dy C" e dy
— dU
tt = Tw (6.34.a)
dx
A variação de tt ao longo da espessura da camada limite deverá então ser
do tipo linear para y / ô pequeno — mais propriamente, enquanto forem válidos
os argumentos de equilíbrio local — , com uma inclinação controlada pelo
gradiente de pressão, e tender para zero na interface escoamento turbulento /
escoamento potencial exterior; na Fig. 6.19 representam-se perfis expectáveis de
t t / t w v s . y / ô para diferentes gradientes de pressão. Para valores de dp/dx não
muito elevados poder-se-á escrever aproximadamente, na camada da parede,
r T = tw, razão porque esta região é por vezes designada por camada de tensão
constante [constant stress layer].
28 4 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
Um pequeno comentário para referir que a eq. (6.34.a) será exacta apenas
em escoamento completamente desenvolvido; numa situação de escoamento de
camada limite, em que os termos de inércia (convectivos) não são nulos, melhor
concordância com resultados experim entais parece poder ser conseguida
diluindo 'um pouco' o efeito do gradiente de pressão, e.g. empiricamente
reduzindo o efeito de dp/dx de cerca de 50%, do que resulta [16]:
= (6.34.b)
p )v'
envolvendo a última forma só grandezas cinem áticas. D ado que r w/p tem
dimensões de (velocidade)2, ^jxwj p desem penhará o papel de escala de
velocidades local; a velocidade característica, sim bolizada por wT para explicitar
que se trata de uma escala de velocidades construída a partir de x ,
U_= u1 y
(6.37)
«r v
Esta lei de variação linear do campo de velocidades médias verifica-se
experimentalmente ser válida até valores do Reynolds local uxy / v cerca de 5; a
região em contacto com a parede, em que (6.37) é aplicável, designa-se por sub-
cam ad a lin e a r [linear sub-layer], pois que U varia linearmente com y, ou por
su b -c a m a d a la m in a r [laminar sub-layer], já que o escoamento se processa
como que em condições de regime laminar, como expresso por (6.35). Note-se
que, dentro deste grau de aproximação, a designação de sub-camada linear é
correcta, porquanto a velocidade efectivamente evolui de forma linear com a
distância à parede, conforme expresso por (6.37). A designação de sub-camada
lam inar é, no entanto, fisicamente incorrecta, pois que, embora os muito
pequenos turbilhões residentes na vizinhança imediata da parede dêem uma
contribuição desprezável para Tl = - p u v — único termo de natureza turbulenta
que figura nas equações de camada limite (6.27) — , a sua contribuição para k
(tensões normais em vez de tensões de corte) não é desprezável. Demonstremo-
lo, admitindo que nesta situação, nada típica de regime turbulento porquanto
muito condicionada pela vizinhança imediata da parede, os turbilhões podem
efectivamente assumir a forma achatada tipo pizza referida no ponto 4. da Sec.
6.1. aquando da m enção do problem a da p a s t a , em que a escala de
com prim entos segundo y (£ ) pode ser muito menor que uma escala de
comprimentos segundo x ou z, suponhamos segundo x (£x) a título de exemplo.
A equação da continuidade para as componentes flutuantes (6.20) escrever-se-á
então, em 'bi-dimensional':
om +çM =o
(6.38)
hl l f “ ry % hl l
dy v V v J y [ v V v
— = - l n ^ + C. (6.40)
uT K v
de onde
Ky *
que não é mais do que a relação (6.39) que, integrada, conduziu à lei da parede
(6.40).
Estamos agora também em condições de interpretar a evolução linear do
comprimento de mistura nos 20% interiores de uma camada limite turbulenta,
que referimos na Sec. 6.4.: substituindo em (6.32) dU /dy dado por (6.39), e
atendendo a que -Hv = ur2, obtém-se im ediatam ente £m = Ky. Este
encadeamento é por vezes utilizado, em sentido inverso, para deduzir a lei
logarítmica a partir da hipótese de comprimento de mistura; é porém de notar
que, embora o conceito de £m, a ter alguma validade, será nesta região em
condições de equilíbrio local, não há necessidade de assentar numa base
fisicamente incorrecta para deduzir um resultado com um bom suporte físico.
Se nos encontrássemos numa situação de escoamento de Couette puro em
gradiente de pressão nulo, que em regime laminar acusa um perfil de velocidade
linear como representado na Fig. 4.3, agora em regime turbulento registaríamos
uma evolução semi-logarítmica de velocidade, conforme a lei da parede, na
vizinhança de cada uma das placas paralelas em deslocamento relativo. Este
resultado está documentado na Fig. 6.21 para três diferentes núm eros de
Reynolds, um deles correspondendo a regime laminar e os outros dois a regime
turbulento [147].
c = 5 _ I lnM .
K v
Como indicado por esta relação, e representado na Fig. 6.23, um acréscimo de
rugosidade produz, a uTy / v constante, maiores déficits de velocidade.
ii) o regim e com p letam en te ru goso, em que os efeito s da rugosidade são de tal
m o d o e le v a d o s q u e o e sc o a m e n to se p ro cessa in d ep en d en tem en te da
visco sid ad e, ocorre para R e e > 70
iii) na gam a in term éd ia 5 < Ree <70 as características do esco a m en to são
d e p e n d e n te s ta n to da v is c o s id a d e m o le c u la r com o da r u g o sid a d e
eq u ivalen te, i.e. U - U ( u T, y , V, e ).
A p r e se n ta m -se n a F ig . 6 .2 4 as v a ria ç õ e s d e B e C co m R e e ob tid as
ex p erim en talm en te por N ik u rad se [1 47 ].
Fig. 6.24 Variação dos parâmetros da lei da parede com o Reynolds da rugosidade.
^ - = exp[tf(B s - B ) ].
6 .5 .2 . C am ada exterior
r= _ * — j- .
- mvdU •'dy dl)! dy
V - U t = F f (Tw. p . y . S )
s U -U 5 U -U J~2~ H - 1
dy (6.44)
* /r u. K H '
C l a u s e r in i c i a l m e n t e d e s i g n o u e s t e t i p o d e e s c o a m e n to s c o m m e m ó r ia c o n s ta n te c o m o
e s c o a m e n to s e m c o n d iç õ e s d e e q u ilíb r io , d e o n d e a d e s ig n a ç ã o d e " p a r â m e tr o d e e q u ilíb r io "
p a ra G , m a s e s ta d e s ig n a ç ã o fo i p o s te r io r m e n te a b a n d o n a d a e m fa v o r d a d e a u to - p r e s e r v a ç ã o ,
p a r a e v i t a r e q u ív o c o s c o m r e g iõ e s d o e s c o a m e n to e m c o n d iç õ e s d e e q u ilíb r io lo c a l: p r o d u ç ã o
= d is s ip a ç ã o .
296 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
dy v J l, v J
com / ' entendido como / ,(y+) = d /(y +j/dy+ e y+= uTy /v; semelhantemente
diferenciando (6.43) resulta
^ =ÍÍ!F 'íT i
dy 8 lá j
com F' agora interpretado como F’(ri) = dF(ri)/dlj e tf = y/8 .
Igualando as duas anteriores relações, convenientemente multiplicadas por
yjuT, obtém-se
//'(/)= f]F'(7j),
resultado este que deverá ser igual à mesma constante universal, porquanto o
primeiro membro é só função de y* e o segundo membro só função de r/, e y*
e tj são variáveis independentes (*).
aí/+SÍ/+~ ( í l n / + C] = f (6'46)
onde 77 é um parâmetro de forma do perfil, AT= 0,41 é a constante de von-
Kármán e a forma da evolução w(y/õ') é conhecida por função de esteira [31],
Coles [32] propõe para a função de esteira a seguinte expressão empírica tipo
coseno que se verifica produzir um bom ajustamento a resultados experimentais
em muitos escoamentos de camada limite:
(6-47)
onde y - S ' é a cota a que ocorre o desvio máximo da distribuição de
velocidades, por isso designado intensidade da componente de esteira [wake
intensity] d t/^ ax = 277/K ; ambos os parâmetros estão representados na Fig.
6.28.
Em gradiente de pressão nulo e a Reynolds's elevados ( Reg > 5 0 00-6000) o
valor típico de A U ^ é 2,85, a que corresponde 77=0,58. Referiremos na sub-
Sec. 6.6.2. a evolução de AU*ax na gama de baixos Reynolds's
400 < Ree < 5000 - 6000.
É assim muito usual descrever analiticamente a forma de um perfil de
camada limite turbulenta, fora da sub-camada viscosa, por:
U -U , 1, 1 , «r <5 77 y_
-------e- = — In----------- ln------ + — - w ( l)
ur K v K v K
1 v 77
= — ln 4 + — w \ - |- w ( l)
K 8 K
de onde, naturalmente, desapareceu a dependência em v .
Na região da camada da parede deveria rigorosamente ser w (y/8 ) = 0, do
que resulta para a constante de integração em (6.45.b):
SEC. 6.5. ESTRUTURA MULTI-CAMADA DE UMA CLT 20 301
2 1 ut a „ 2/7
— = — l n - 5— + C + ---- (6.49)
1 C, K v K
Trata-se de uma chamada 'lei de tensão de corte', por respeitar a uma relação
entre o coeficiente de tensão de corte superficial Cf, um número de Reynolds
do escoamento ut 8 / v e um factor de forma do perfil de velocidades ÍJ. É
porém de notar que o Reynolds envolvido não tem qualquer significado, visto
ser construído com uma escala de velocidades uT, característica da camada
interior, e uma escala de comprimentos 5, típica da camada limite como um
todo.
O factor de forma TI é ainda relacionável com S*, 6 e H integrando (6.48)
entre y = 0 e y = 8 , embora, estritamente, (6.48) só seja aplicável para y* > 30
(!). Para 5*, por exemplo, obtém-se:
U 'ô * _ \ + n
uzô ~ K
Logo concluímos, recorrendo a esta última relação, que em (6.49) podemos
substituir ut 8 por í/eS*, do que resulta um Reynolds muito mais significativo e
fisicamente correcto para caracterizar o escoamento: C/eá * /v = Res..
Em cálculos prévios para obtenção das gamas de valores expectáveis dos
parâmetros globais do escoamento recorre-se muitas vezes à seguinte descrição
analítica simples do perfil de velocidades em escalas lineares:
U_
(6.50)
— 0 - n h - 1+- (6.51)
õ n + l ’ 8 (n + l)(n + 2) n
Nota-se que a distribuição tipo potência (6.50) não constitui mais do que
uma descrição grosseira do perfil de velocidades de uma camada limite
turbulenta, não respeitando nenhum requisito de natureza física: nem a evolução
linear na gama 0 < > +< 5, nem a semi-logarítmica em 3 0 -5 0 <y+< 0,15<S+ e
produzindo valores do gradiente transversal de velocidades ãU/ày = Uc/n8 * 0
em y = 8 e dU/dy = °® em y = 0, o que invalida a sua aplicação em qualquer
determinação de Cf .
302 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
í! - l. z, ,, (6.52)
d 8 ’ s 72~10 ’
Estes valores devem ser comparados com os correspondentes valores da
solução de Blasius para uma camada limite laminar em gradiente de pressão
nulo apresentados no quadro da sub-Sec. 4.3.2.:
S* i 6 ]
T " 3 : rr- H'2A
Esta comparação de resultados bem reflecte a grande capacidade de
uniformização de um escoamento turbulento; a título de exemplo: em gradiente
de pressão nulo é H ~ 2,6 em regime laminar e H ~ 1,3 em regime turbulento.
Recorreu-se também a (6.51) para quantificar, na sub-secção anterior, a
razão 0 /Ô necessária ao estabelecimento da ordem de grandeza da espessura da
sub-camada viscosa: / f = ll 5 - * n = 4 —» 9/Ô = 1/7,5.
A = 4 t» /Í2 pU^ ) 6 Re = U^ D / V ,
a relação entre í/med e t/max no eixo do tubo é E/med = 0 ,8 í/mnx — eq. (6.59) —,
como também justificaremos na sub-Sec. 6.7.1. seguinte. Obtemos assim:
,1/4
v
= 0,0225
pul U'S
Sigamos então a mesma metodologia que em regime laminar na sub-Sec.
4.3.2.:
i) igualando o factor f„ /(p í/e ) expresso por esta lei de tensão de corte ao
mesmo factor obtido da equação integral de von-Kármán
tw = de = 7 dS
pUl d x ~ 7 2 dx'
para o que se recorreu a (6.52), válido para um perfil tipo potência de
expoente 1/7,
ii) obtém-se uma relação para dS/dx que, integrada em x e admitindo que a
camada limite se começa a desenvolver logo em regime turbulento a partir
do bordo de ataque da placa x = 0, produz:
-1 /5
— = 0,37^U’X = 0,37 R e?15;
x l v
iii) resulta então para a evolução dos outros parâmetros integrais
— = 0,046 Rex'115
x
Cf =0,0576 R e;115
CD =0,072 Re;'15.
Verifica-se que estas leis são compatíveis com resultados experimentais no
domínio Rex, Ret entre 5 x l 0 5 e 107, sendo melhor concordância com valores
de Cf e CD obtida com coeficientes 0,0592 e 0,074 em vez de 0,0576 e 0,072,
respectivamente; este erro de menos de 3% nos valores de dois dos parâmetros
dá-nos uma certa segurança na utilização das leis de variação dos restantes.
É de notar, pelo valor do expoente de Re, a menor dependência no número
de Reynolds de um escoamento em regime turbulento do que em regime
laminar: 1/5 em turbulento e 1/2 em laminar.
Se em vez de uma descrição tipo potência tivéssemos optado por uma
descrição de base semi-logarítmica para o perfil de velocidades, após
SEC. 6.6. EVOLUÇÃO DE CAMADAS LIMITES TURBULENTAS 305
R ee x 10-3
com (c D
\
) = 0 .0 7 4 R e* t'rys
U \uib I
e (c „L/lnm )I =1,33Re;1
\ x tt
12
Cf = (2,87 + 1,58 l o g |J ; CD
50
102
2
x/ e
5
IO3
2
5
IO4
2
influência sobre um escoam ento de camada lim ite seja do mesmo tipo
independentemente de o escoamento se processar em regime laminar ou em
regime turbulento.
Recordando os argumentos expandidos e as conclusões a que chegámos na
sub-Sec. 4.4.1. podemos desde já afirmar que o factor de forma H será maior
em gradiente adverso que em nulo e este por sua vez maior que em favorável,
que o coeficiente de tensão de corte superficial Cf será menor em gradiente
adverso que em nulo e este menor que em favorável e que a taxa de crescimento
d8/dx será m aior em gradiente adverso que em nulo e esta maior que em
gradiente favorável. Qualquer efeito de um gradiente de pressão será, porém,
muito menos pronunciado que em regime laminar, dado o forte poder
uniformizante da difusão turbulenta; este efeito é especialmente significativo em
termos do processo de separação da camada limite.
Efeitos de um gradiente de pressão específicos do campo turbulento
referem-se, naturalm ente, à evolução de variáveis características do campo
turbulento, por exemplo, à com ponente de esteira e à in te n sid a d e de
t u r b u l ê n c i a [turbulence intensity]. A preciem os separadam ente o
comportamento destas duas variáveis.
Analisemos o efeito de um gradiente de pressão sobre a intensidade da
componente de esteira com referência à Fig. 6.32, em que estão ilustrados perfis
de camada lim ite turbulenta nas escalas U/Ut vs. y/Ô e U+ vs. In y* para
gradientes de pressão nulo, favorável e adverso.
da ordem de 3 X I0 -6 [5}.
O resultado médio no tempo é compreensível em termos do perfil de tensões
de Reynolds; instantaneamente o que de facto se verifica é uma intermitência
entre extensões do escoamento em regime laminar e bolsas turbulentas, como
representado na Fig. 6.34.b).
laminar
/rui*) rTWfcj
s r r r / / / ? / / / r ri r
ylô
a) P erfil d e te n sõ e s d e R ey n o ld s b) C o n fig u ra ção in stantânea d o esco am en to
v E = ~ { u s ÔH ,) = Us F ( H t) ■, (6 .5 6 .a)
F ig. 6.35 Resultados do método de Head para evolução dos parâmetros integrais de camadas
limites turbulentas em diferentes gradientes constantes de velocidade exterior.
f dC Y/2 / _6 \i/io
(6.57)
c4 v j = ‘ (10
\k = 0,39 em d 2p / d x 2 > 0 e C < 4 /7
com <
(& = 0,35 em d 2p j d x 2 < 0;
Cp e R e são definidos com base em condições de referên cia da região do
escoamento a pressão constante:
Cp = {p ~ P o) / j P U1 ; Re = U0x / v .
*0 = 38,2
A técnica obviamente não resultou (!), pois que. a menos que a nossa actual
compreensão da física de um processo turbulento esteja com pletamente errada,
ocorrências junto à parede, numa região em condições de equilíbrio local,
deverão ser independentes do comportamento da camada exterior. Aponta-se
agora para a instalação, na camada interior, de LEBUs tipo asas em miniatura
com perfis de baixos Reynolds (laminares). É bastante duvidoso que esta
técnica, mesmo que resulte, alguma vez venha a ter aplicação.
A concluir, reproduz-se a frase 'lapidar’ com que Jean Cousteix, da ONERA,
há poucos anos (1992) encerrou um curso especial sobre 'R edução da
Resistência de Atrito’ realizado no Instituto von-Kármán, em Bruxelas, e de que
foi director [36]: Riblets do work, but we don't know why! LEBUs don’t work,
but if they did, we would be able to explain why!
secção não circular — sub-Sec. 6.7.2.; toda esta informação é então aplicada à
análise de escoamentos em redes de condutas — sub-Sec. 6.7.3.
6.7.1. Escoamentosemtubos
Para escoam entos lam inares com pletamente desenvolvidos em tubos
obtivemos, na sub-Sec. 4.1.2., a seguinte relação de equilíbrio entre tensão de
corte e gradiente de pressão expressa por (4.4.a):
r dp
T~ ~ 2 dx'
substituição de r em função do gradiente de velocidade T = - p d U / d r permitiu,
por integração, determinar o perfil de velocidades; com base nestes elementos
foi possível caracterizar completamente o escoamento.
Em regime turbulento a condição de equilíbrio (4.4.a) continua a verificar-
se, donde concluímos que o perfil de tensões de corte é ainda linear, mas agora
com este r entendido como a tensão de corte total, soma das contribuições
laminar e turbulenta, como expresso por (6.28). Prosseguimento da análise do
campo por uma via sem elhante à seguida em regime laminar obrigaria a
relacionar a tensão de Reynolds - p u v com o gradiente de velocidades médias
através de um modelo do tipo viscosidade turbilhonar ou comprimento de
mistura, o que requereria conhecimento empírico sobre a evolução de ou de
£m com r. Não sendo então possível resolver o problema sem lançar mão de
dados experimentais, a solução mais directa, numa óptica de engenharia em que
a informação mais relevante é a relativa à variação do coeficiente de fricção X
com o número de Reynolds R e - U ^ D / v , será recorrer a resultados de ensaios
em que ambos os parâmetros tenham sido medidos [147].
A primeira lei em pírica de X vs. Re, obtida por Blasius em 1911, é da
forma
A = 0,3164 Re"l/4 (6.58)
e concorda com resultados experimentais até /te * 1 0 5. Atendendo à equação
(2.32) de definição de A, substituição da fórmula de Blasius (6.58) em (4.4.a),
conduz a
dp
oc um
7 /4 .
ed ’
dx
em escoamento laminar era A = 64/R e — eq. (4.6) — e dp/dx « Umed — eq.
(4.5). Concluímos que, em regime turbulento, a grande mistura de origem não
viscosa produz, para os mesmos caudal, tubo e fluido, valores mais elevados do
coeficiente de fricção e da perda de carga e uma menor dependência no
número de Reynolds do que em regime laminar.
316 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
— J i T
UJ ■
N a Fig. 6.40 [147] representam -se esses m esm os perfis de velocidade, mas
nas coordenadas (U/Umzx) n vs. y / R . Os v alo res ap re sen tad o s d o expoente n
foram ajustados de m odo a produzirem um a ev olu ção lin e ar d o s perfis nestas
e sc a la s e v e rific a -se serem esses v a lo re s c re sc e n te s c o m o Reynolds,
correspondendo a perfis cada vez com m enores déficits.
y/R
F ig . 6 .4 0 Perfis de velocidade de escoam entos com pletam ente desenvolvidos
em tubos para diferentes R eynolds1s: (U/UmiX)n vs. y/R.
* 0 ,8 para n = 7. (6.59)
(tt + 1) (2n + l) ’
^ed
v 2K
320 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
^ =- I n - +£ - —
ur K £ 2K
e
£_ 9,35 '
(6.62)
7 T U 4 - 2Iog D /? e V Í,
1
• Regime completamente rugoso: = 1.14-21og — (6.61)
71 BD
£ 9,35
• Colebrook e White: (6.62)
7 T U 4 - 2l0g o + / te v T
A fronteira do regime completamente rugoso pode ser descrita pela seguinte
relação empírica sugerida por Pigott:
Re— = 3500.
D
A única dificuldade na implementação numérica destas expressões respeita
aos casos de superfície hidrodinamicamente lisa e de regime de transição entre
hidrodinamicamente lisa e completamente rugoso, i.e. à gama 2300<
Re<3500/(£/D), visto as eqs. (6.60) e (6.62) serem implícitas, o que exige uma
solução iterativa.
A metodologia a adoptar consistirá então em [81]:
a) obter uma estimativa inicial de A ou admitindo regime completamente
rugoso, visto a correspondente eq. (6.61) ser explícita, ou usando equações
explícitas aproximadas, por exemplo a proposta por Swamee e Jain:
com
Fig. 6.44 Escoamentos secundários ao longo da região de intersecção de duas paredes planas.
A
/ \
/ \
m l (6.65)
(a + b)2 ’
-A p =KQ” (6.66)
em vez de se utilizar a equação de Darcy-Weisbach (2.31)
- AP = X ^ P U L - (6-67)
X ( 6 . 68 )
f 7tvD\ 1/4
ú = 0,31641-^— J ; 6 = 1/4.
A p^àP i ou
Se para os diferentes expoentes ni nas N condutas do sistema for
i
Zn,
s * const.= n médio = i5^ - = ne,
Ap V/n«! ( A
AP
= 1
)
SEC. 6.7. ESCOAMENTOS COMPLETAMENTE DESENVOLVIDOS 327
3
í
F ig . 6.4 8 Condutas ramificadas.
C, [1] (D [2] C2
fi.
1 -1 0 -1 0 “ Q i ^ 2
0 0 0 1 1 X Ô3 = c 3
0 1 1 0 -1 _ <u _C 4 _
fis
A matriz A, de que foi retirada a linha correspondente a condições no nó
fonte [1], é designada forma reduzida da m atriz de incidência conduta-nó
[branch-nodal incidence matrix] e exprime o esquema de interligações na rede;
o seu estabelecimento para redes elaboradas recomenda a utilização de técnicas
de pesquisa da teoria dos grafos.
SEC. 6.7. ESCOAMENTOS COMPLETAMENTE DESENVOLVIDOS 329
Nota-se que em cada uma das relações (6.70) apenas intervém as condutas
que confluem em cada nó, pelo que em redes de grande dimensão a maior parte
dos elementos da matriz A são nulos. A título de exemplo: se, numa rede com
500 condutas, a razão do número de condutas para o número de nós for de 2:1,
a percentagem de elementos não-nulos na matriz de incidência conduta-nó será
inferior a 1%. Segue-se que considerável eficiência computacional é conseguida
com algoritmos para resolução de sistemas de equações com matrizes esparsas.
Se uma vez resolvida a rede alguns caudais advierem negativos, tal apenas
significa que, nas correspondentes condutas, o escoamento real se processa em
sentido contrário ao inicialmente arbitrado.
Suponhamos agora que, nos diferentes pontos da rede, são incógnitas não os
caudais Q mas as pressões estáticas p — equações p.
Designemos por Qy o caudal na conduta que liga o nó i ao nó j. Por (6.66)
virá
( A \ / \
P~Pj
Q ,= (6.72)
l K* J l ** J
onde p i é a pressão no nó i.
A eq. (6.70) de conservação da massa no nó j toma, em termos de p , a
forma:
’ f y«ff" ( „ „ \ y "til
I
P i - P i
__ I P i - P i
= Ct (6.73)
K , Ay
_ \ v J
In _ V v )
S * u ( í? o „ + J f t) " U= 0 (6.74)
n - ^ ”- |f +
2
Analisada está a resolução do sistema de equações Q no caso em que todos
os caudais exteriores são dados do problema. Quando estiverem presentes
bombas e/ou reservatórios, os caudais por eles fornecidos irão depender dos
caudais e pressões registados na rede, não sendo, por conseguinte, conhecidos à
partida.
Com todos os caudais exteriores conhecidos, uma das equações da
continuidade era redundante, podendo ser obtida por combinação linear das
restantes ( 7 - 1 ) equações independentes.
Se uma só bomba ou reservatório estiver ligado ao sistema, essa 7 ésima
equação torna-se independente e permite calcular a incógnita adicional: caudal
na conduta de ligação da bomba ou reservatório.
Se mais de uma bomba ou reservatório estiverem presentes teremos de
lançar mão de equações adicionais para fechar o sistema. Tal pode ser
conseguido através de 'pseudo-condutas' com caudal nulo unindo os
reservatórios ou bombas e que criam 'pseudo-circuitos'. É de notar que num
pseudo-circuito o cômputo dos diferenciais de pressão não é nulo mas sim
função das cotas ou pressões nos reservatórios e do ganho de pressão produzido
pela bomba A p m = r}P/Q , onde P é a potência e rj o rendimento da bomba.
332 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
i
Q
Curva característíca
de uma bomba
XK ^ ^ + a G ^ A p i - d
/,(4G,)=zAru(eu +4a)'u=o
i
o algoritmo iterativo traduz-se por:
/.
à Q '. , = * Q .
d fJ d A Q '
É usual, no método de Hardy-Cross, aplicar só uma correcção iterativa a
cada equação antes de prosseguir para a equação seguinte; depois de aplicar
uma primeira correcção a todas as equações, o processo é repetido até se atingir
convergência. É ainda usual ajustar os caudais estimados em cada conduta
imediatamente após a determinação de cada AQ.
Assim sendo a equação anterior reduz-se a
dffdAQ
334 GAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
Tam bém
apenas. = I A r <a | e , f ' ' 1
pelo que
dj
dAQ
e finalm cnte
x * ,e, l a p ' 1
a p c n a s .c o m q = ( 4 . 3 3 ) , (4 .3 4 )
Ut {x) S(x)
C onstância da quantid ad e de m o v im e n to
7 = 2/rpJT í / V d r ^ / r p M 1] ^ F*i]di] ( 4 . 3 2 ) . (4 .3 7 )
conduz a
M =Ueô =const ( 4 .3 8 )
n * .r) ( 4 .3 6 )
A n)*
. , „ \à V
que. atendendo a q u e U- - , está re la c io n a d a c o m F( r?) por
r rh
F r
n
fim term os das no v a s v a riá v e is a e q u a ç ã o d a q u a n tid a d e d e m o v im e n to
escrevia *sc
SEC 6 J CAMADAS DE CORTE LIVRES TURBULENTAS 335
,2
pv; ( 4 .3 9 )
di
£xn re g im e la m in a r c m
êu v Kc t U ( f \
p e lo q u e a e q u a ç io a n te rio r c o n d u z ia a
í í Ií - ísJMí H - (4 .4 0 )
e p ara s e m e lh a n ç a
ATd S
* c o n s t.= C . (4 .4 1 )
V dx
P a ra fa c ilid a d e d e re p re s e n ta ç ã o tín h a m o s , na S ec. 4 .7 ., fe ito C « l , o que
fix a v a o c n té n o d e d e f in iç io d e S. S o lu ç à o d a c q . ( 4 .4 0 ) c o m C « l p ro d u z ia
(4 4 2 )
i'< n è ^ 1) *
h m re g im e tu rtH ile n to é:
rH.! - —
t ~p -------p irv * -p ir r
ÒT
- p l'l r f ) . d ig a m o s , c m c o n d iç õ e s d e s e m e lh a n ça ,
p e lo q u e p o d e m o s re e s c re v e r ( 4 . 3 9 ) c o m o
dS
dx rn- Á l rn])
P ara s e m e lh a n ç a d e v e rá ser
dS
= c o n st- B
ou
6 = i!r« jr
c o m r m e d id o e m re la ç à o à o n g e m v irtu a l d o ja c to — ô ( x * 0 ) a 0 — e, por
Í4 3 8 )
Aí I
---- K —
Bx x
336 C A P .6 ESCOAMENTO TURBULENTO
M = 0,629 ' f J j p
(6.78)
Bx x
SEC. 6.8. CAMADAS DE CORTE LIVRES TURBULENTAS 33 7
produz:
(6.79)
~ l , 4 x l 0 “2 m 2/s.
Sendo ( var) ® 1,46 x 10 "5 m 2/s resulta assim
vt . *>4xl0~2 3
v 1,4 6 x l0 ~ 5
uma diferença de 3 ordens de grandeza.
Semelhantemente à Fig. 6.18 da Sec. 6.5. apresentam-se na Fig. 6.51 [165]
as evoluções dos diferentes termos figurando na eq. (6.29) de transporte de k
para dois casos típicos de camadas de corte livres de geometria cartesiana: um
jacto plano e a esteira de um cilindro circular.
Em am bos os casos se verifica a inexistência de qualquer região do
escoamento em que os transportes convectivo e difusivo sejam desprezáveis
com parativamente à produção e à dissipação locais, i.e. a inexistência de
qualquer região em condições de equilíbrio local equivalente à camada da
parede num escoam ento da camada limite. Num escoamento de jacto plano,
produção e dissipação dominam, mas são apenas cerca do dobro da convecção e
da difusão; no caso da esteira, todos os termos são muito sensivelmente da
338 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
Velocidade na
Escoamento Espessura .. ,
linha central
Camada de mistura X1
SEC. 6.9. TÉCNICAS DE MEDIDA COM SONDAS DE PRESSÃO 339
x \\\
manómetro
O valor de pressão total medido com um simples tubo de total pode, porém,
estar im buído de erros devido i) à não uniform idade do escoamento de
aproximação, ii) ao cam po turbulento e iii) à proximidade de uma parede
sólida; eventuais desalinham entos do eixo da sonda com a direcção do
340 CAP, 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
= P + ^ p [ u l + u2 + v1 + w2y
supondo o eixo da sonda alinhado com o eixo dos x's do referencial. Claro que
esta relação só se aplicará a escalas do campo turbulento resolúveis pela sonda;
para escalas muito maiores a sonda responderá de uma forma quasi-permanente
como se em escoamento lentamente variável em módulo e em direcção, e a
resposta em direcção é insignificante, como referimos.
Integrando a equação (6.26.b) de transporte da quantidade de movimento
segundo y , já dentro de uma aproximação de camada de corte delgada, obtém-
se p e = p + pv5 , onde p t é a pressão no escoamento exterior; notando ainda,
com base nos resultados experim entais reportados na Fig. 6.14, que é
sensivelmente v7 * , a anterior relação pode ser reescrita como:
í’Tnrf= P e + ^ p ( ^ 2 + « 2)-
Desta figura se concJui que o erro máximo, registado com a sonda encostada à
parede y = dm /2> é cerca de -1,5% e que o erro se esbate para distâncias
superiores a dois diâmetros: ^ > 2 ^ , .
Em medições de camada limite dá-se então a feliz coincidência de, junto à
parede, actuarem duas fontes de erro com efeitos em sentidos opostos: o efeito
da própria vizinhança imediata da parede, produzindo PTtned < /?Tvert, e o do
campo turbulento, produzindo P imvi> P t ^ ' pelo 9ue ° err0 conjunto será
sempre menor que qualquer dos erros parciais. Por esta razão é muito usual, em
ensaios de camada limite, ignorar o efeito do campo turbulento e o efeito de
proximidade da parede e corrigir apenas o erro resultante do gradiente
transversal de velocidade primeiramente apreciado.
Situações bem mais exigentes são, por exemplo, as de medição de perfis de
velocidade média em camadas de corte livres, de que caso extremo é o de um
escoamento de esteira, em que intensidades de turbulência são bastante mais
elevadas que numa camada limite e onde não existe o efeito aliviador da
presença de uma parede sólida.
„ v l , 5 x l 0 '5
= 5 — = 5 ------------ ~ 0,06 mm.
u7 1,2
A sonda (tubo de total) requerida para medir este único par extremo de
valores {/, y necessitaria assim de ter um diâmetro da ordem do décimo do
milímetro... e simplesmente acontece que não existem tubos hipodérmicos
de diâmetro tão diminuto; acresce que, para determinarmos o gradiente de
velocidades na parede com um mínimo de rigor, necessitaríamos não apenas
de medir um par de valores (/, y mas, pelo menos, de três ou quatro pares de
valores nesta zona, a que aplicaríamos uma regressão linear, o que implicaria
uma sonda de ainda menores dimensões! a técnica revela-se assim
impraticável.
Uma outra possibilidade, válida tanto em regime laminar como em regime
turbulento, consiste em recorrer à equação integral de von-Kármán na forma
(4.12) : m edindo, pelo menos, dois perfis de velocidade, teríamos
possibilidade de contabilizar Ue>B> H, dUc/dx e dOjdx, e assim determinar
Cf através de um balanço dos termos figurando no primeiro membro da eq.
(4.12) . Acontece que, para além de muito trabalhosa — para determinarmos
um único valor de Cf precisaríamos de medir, pelo menos, 60 pares de
valores U vs. y: pelo menos 2 perfis de velocidade com, pelo menos, 30
pontos por perfil — , esta técnica é extremamente imprecisa, porquanto todos
os erros de medida e de análise, tanto na determinação integral de ô* e de d
como na avaliação de dÔ/dx e de dUt /d x t se vêm a reflectir no valor final
de Cf . A metodologia é assim apenas utilizada como comprovação, com
valores de r w ou de Cf determinados por outros processos, do rigor das
técnicas de medida e de análise utilizadas na campanha experimental.
Atendendo à eq. (6.36) de definição de uT, reescrevamos a lei logarítmica
(6.40) como:
(6.80)
Trata-se, tal como para a lei da parede (6.40), de uma evolução também
linear do perfil de velocidades, mas agora nas coordenadas semi-logarítmicas
U/Ue vs. ln (t/ey /v ), do que resulta uma fam ília de rectas com uma
inclinação e uma ordenada na origem controladas pelo valor de Cf, i.e. uma
família de rectas parametrizadas a Cf como representado na Fig. 6.55, em
vez de uma única recta universal nas coordenadas U/uT vs. ln(ur>/ v).
344 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
C { = 0,004
Cf *0,00335
0,003
0,002
0,001
Alerta-se o leitor para que os códigos de regressão linear implementados em muitas das
máquinas de calcular hoje em dia disponíveis (ano de 1997) não são adaptáveis a esta técnica
de medida de Cf . Esses códigos são concebidos para determinação da recta de melhor
ajustamento a um conjunto de pontos, isto é, à determinação da inclinação e da ordenada na
origem da recta que produza o melhor ajustamento a esse conjunto de pontos. No caso vertente
não temos dois graus de liberdade disponíveis — inclinação e ordenada na origem — mas
apenas um: o valor de Cf ; o que procuramos não é a melhor recta de todas as possíveis rectas
de regressão, mas a melhor recta de entre a família de rectas com parâmetros K e C pré-
estabelecidos.
SEC. 6.9. TÉCNICAS DE MEDIDA COM SONDAS DE PRESSÃO 345
q„=f{'C*,d,p,Li)-
Técnicas de análise dim ensional fornecem imediatamente a seguinte
dependência funcional entre variáveis adimensionais, à semelhança da
relação (6.38) obtida aquando do tratamento da camada da parede:
ou Í M 2) (*)
qw V V
É porém de notar que, contrariamente ao que foi possível evoluir na
definição da forma do perfil de velocidades na região da camada da parede,
partindo de (6.38) e chegando à lei logarítmica (6.40), o valor de qw agora
medido pelo tubo de Preston depende de todo o campo do escoamento em
torno da sonda, pois o escoamento original foi perturbado pela introdução
da sonda, o que faz com que a dependência f 2 só possa ser determinada
experimentalmente.
Requer-se assim uma prévia calibração do tubo de Preston numa situação de
escoamento em que rw possa ser medido com rigor por um processo
diferente. Dado que o tubo de Preston deverá estar inteiramente contido na
camada interior da camada limite e que o escoamento nesta região em
condições de equilíbrio local é controlado apenas pela presença imediata da
parede, sendo independente de condições fronteiras globais, uma
configuração controlada de escoam ento óbvia para proceder a esta
calibração do tubo de Preston será a de escoamento completamente
desenvolvido num tubo, em que Tw pode ser directamente obtido a partir do
conhecimento do gradiente de pressão constante dp/dx, como indicado
através da relação de balanço (2.30.a):
D dp
~A~dx'
É usual absorver o factor numérico 4 nesta relação adimensional, como que em homenagem ao
Prof. Preston — o autor da técnica — que obteve esta dependência por uma via diferente da aqui
apresentada e segundo a qual tinha todo o significado incluir o factor 4.
346 CAP. 6 ESCOAMENTO TURBULENTO
.r*= lo g í|^ r ) e J ^ l o g í j ^
l,4pv J {4pv
nas três diferentes gamas em que subdividiu o domínio de y* que explorou:
[1] >'*<1,5 : >■*= ^**+0,037
[2] l,5<y*<3,5 :y* = 0,8287-0,1381jr*+0.1437jr*2-O.OOóx*3
[3] 3,5<y*<5,3 :x*=y*+21og(l,95y*+4,10)
Estas curvas de calibração estão apresentadas na Fig. 6.56.
2 4 5 5 6 8
X’
Fig. 6.56 Calibração de Patel nas coordenadas y * vs. x * .
DU-, m^ i + u dUi = _ \ d p + J.
Dt /d t J dxj p 3xi p dxj
W =0
dx(
f dUt dUj
com Ty = p. - p u ,U j
dxj dXj
ou, por extenso:
DU TJdU dU dU 1 dp \ ( d z xx d zxy d t xA
Dt dx dy dz p dx p y dx ay az )
1 dp 1 A f dU —\
~ +- -p u
p dx p dx ^ dx puw )
DV _ _ i i p + i í A * , A . A
( 7 .1 )
Dt p dy p l , dx dy *
DW _ A , 1A | A
Dt P dz p \ K àX dy dz
dU | dV | dW _
dx dy dz
J o q u e r e s u lta
Dr dx dy dz p d.x p \ dy dz J
1 dp 1 d ( du —] d ( du —
=— - f+ -
pàx p * * * - H + * r * " pmh'
DV 1 dp 1 } ( dV - i ) d ( àV —V
+- (7.2)
Dl P dy p ^ dy
- pv r ú ^ ~ pvw ).
DW
Dt
1 dp | 1
p dz p
^^__pw
—)J+_^__p
dW d ( dW w
—
du | dV t
ãx dy dz
dU ,ãU ..,dU 1 dp 1 ã ( dU —
U-— + V— + W—- = — +
dx dy dz p dx p d y \ ày
dp . O.u
- f = 0 ou = p -----
dy r
(7.3)
7 dW x dW xudW 1 dp 1 d f dW —-
U-— + V— + W -— ■ — f +~ - r - U - r - ~PVW
dx dy dz p dz p à y { dy
dU dV dW n
r dW ,,d W d2W oW
(7.4)
í' i r + v i r v^ _T ^
dU dV „
a ) L in h a s d e c o r r e n te e x te r io r e s e b ) P e r f il d e v e l o c id a d e s
lin h a s d e c o r r e n t e lim ite s
F i g . 7 3 T o r ç ã o d o p e rf il d e v e lo c id a d e s d e u m a c a m a d a li m it e tr i- d im e n s io n a l.
b) c)
Fig. 7.5 Asa em flecha de corda constante e envergadura infinita: linhas de corrente
do escoamento exterior e perfis de velocidade transversal.
(7.6)
Uma descrição mais flexível será conseguida com uma família bi-
paramétrica
(7.7)
SEC. 7.2. DESCRIÇÃO DO CAMPO MÉDIO 357
em que g(;y/<5) é uma função universal tal que g(0) = l e g(l) = 0 , estando os
perfis longitudinal e transversal interligados; esta é, de resto, uma característica
comum a muitas das propostas existentes para descrição dos perfis transversais.
(ângulo de torção das linhas de corrente limites em relação à direcção de
Ue) é o parâmetro a determinar pelo método de cálculo.
A forma mais simples e muito corrente para g(y/Ô) é a sugerida por Mager:
/ \ / \2
(7.8)
W_ 1 V + bi
l+a—
V. k J
Atendendo a que diagramas polares de muitos perfis experimentais de
camada limite tri-dimensional apresentam uma forma sensivelmente triangular,
como estilizado na Fig. 7.7, Johnston escreve
w _ u U ' u '
— tan/3 para — <
v. V* l ^ e j vén
(7.9)
w _ u (
fi U \ para
Vt ~ l V J 0 / vén
em que a razão U/Ue no vértice do triângulo é dada por
f u ' tanjS^ 1
M j ; ( 1+ ta n a I
„5 du
eq. (6 .31 )
dy
de onde
d U dU
- p u v = p í 2m eq. (6.32).
dy dy
E m escoam entos tri-dim ensionais de folhas lim ites v erificám o s que as únicas
com ponentes dos tensores das taxas de d efo rm aç ão e d a s ten sõ es de Reynolds
que figuravam nas equações do m ovim en to (7.3) eram d U / d y , d W Jd y e -p u v,
—p v w , donde p o r vezes se falar, neste caso, em 'v e d o r e s 1 ta x a de deformação e
tensão de R eynolds, respectivam ente (d U /d y , 0, d W fd y ) e {—p u v , 0, -p v w ).
Foi a estes 'vedores* entre plicas que nos referim o s no p o n to iv ) d a crítica aos
m odelos p ( e na Sec. 6.4.
A fim de se ter em conta a não-coincidência, co n statad a experimentalmente,
d a direcção dos vectores tensão de corte e gradiente de velo cid ad e — na camada
ex terior de um a cam ada lim ite tu rb u len ta tri-d im ension al ch e g am a verificar-se
experim entalm ente ângulos, entre estas duas direcções, d a o rd em de /0W — , um
m odelo de viscosidade turbulenta, p o r exem plo, deveria co n sid erar estritamente
com o um tensor de 2a ordem .
É porém usual adm itir, relevando esta não-coincidência de direcções, que:
SEC. 7.4. SEPARAÇÃO E RECOLAMENTO 3S9
- OU — OW
~ puv = p. — e - p vw = p —
' ày
ou, ainda mais simplesmente, que p t - ju, , isto é, que a viscosidade turbulenta é
isotrópica; nestas condições obtém-se para o comprimento de mistura
(7.11)
como o ponto em que duas linhas de co rrente lim ites distin tas, um a oriunda
de montante e a outra de ju san te do ponto de separação , confluem , partindo
da superfície como uma linha de corrente de separação única.
Exploremos as circunstâncias em que uma linha de corrente limite pode
aumentar a sua distância à superfície [103]. Considerem os então um tubo de
corrente de secção rectangular cuja base é a porção de superfície delimitada por
duas linhas de tensão de corte superficial a uma distância £, variável, e com uma
altura h, também variável. Constância do caudal volumétrico através da secção
recta do tubo de corrente escreve-se:
(7.12)
tan0„
x
separação recolamento
lim —
s-»j0 T,
K , M " L '
Diferentes situações ocorrem consoante as derivadas de Tw através do ponto
crítico sejam contínuas (ponto de equilíbrio) ou descontínuas (ponto singular) e
lineares ou não-lineares. Analisemos o caso linear contínuo, caso geral em que
os restantes podem ser transformados.
A equação de primeira ordem
dz _ Tw;
& Tw,
dx
T,„ =—;— Ax + — — Az
ds dx dz
dz
T„. = Ax + Az ,
ds dx ~dT
onde A x = x —x Qi A z = z - Z q e as derivadas parciais de tw e x. são
constantes.
A equação característica é:
dxa dxu
-A
dx dz
dx.. dx„
-X
dx dz
ou
A2 - A div rw+ J(rw) = 0
com valores próprios A, e X2.
362 CAP. 7 CAMADA LIMITE TRI-DIMENSJONAL
dT^ _ 3 3
w dx dz dz dx 12
do divergente de Tw
d tw d tw
divTw= - ~ + ~ £ - = stJ+Z2
A=(divrw)2- 4 J ( r w). ;
O domínio divrw,J(fw) é dividido em 3 regiões principais pelas rectas
divrw =0, j ( r w) = 0 e pela parábola A = 0. Três configurações principais ;-
ocorrem nestas regiões, como ilustrado na Fig. 7.9: i
I. j( r w)<0 ponto sela [saddle point] i
II. J(rw)>0, A>0 ponto nodal [/iode]
III. A < 0,divrw* 0 foco [focus] ou ponto espiral [spiral point]
i
i
i
■<
i) Nodo ») Centro
|
’ ' Um simples tubo de pressão total ligado a um estetoscópio permite detectar transição numa &
camada de corte pelo seguinte processo simples e expedito: i) em regime turbulento, as 't
flutuações de pressão associadas às flutuações de velocidade, cobrindo uma vasta gama do 1
espectro, ouvem-se como um ruído fundamentalmente de baixa frequência, por efeito dos A
grandes turbilhões: ii) em regime laminar, não havendo qualquer flutuação de pressão, não se «j
ouve nenhum som; iii) na transição ouve-se um silvo agudo a uma frequência bem definida, j
induzido pela perturbação que primeiro pode ser amplificada ao Reynolds crítico. |
SEC. 7.5. EXEMPLOS DE CONFIGURAÇÕES DE UNHAS DE CORRENTE LIMITES 367
b) segue-se que, num sistema sustentador finito, com o uma asa, o vórtice
ligado associado à sustentação não pode term inar nos bordos marginais,
uma vez terminado o corpo sólido que lhe serve de suporte, devendo
sim prolongar-se para algures de modo a constituir-se num anel
fechado; com base num modelo de fluido perfeito som os levados a
concluir que se deva prolongar para infinito a jusante, seguindo a
orientação das linhas de corrente, já que vorticidade é convectada pelo
fluido; em termos de fluido real com preendem os tam bém que se deva
organizar segundo a camada de corte que constitui a esteira, pois só
efeitos viscosos têm capacidade para com unicar vorticidade a elementos
de fluido; assim, de uma asa finita deve em anar um sistem a de vórtices
arrastados, de que alguns dos principais efeitos foram logo apresentados
em termos muito gerais no fim da secção introdutória 1.2,
c) no caso em apreço de um a asa encastrada num a parede sólida em
condições de fluido real: a circulação r = <^ U .ds — eq. (2.27) —
deverá cair a zero na parede po r e f e ití? da co n d ição de não-
escorregamento (í/w = o) pelo que, tal como no caso de uma asa finita,
da asa em estudo deverá em anar um sistem a de vórtices arrastados,
orientados segundo as linhas de corrente locais e mais concentrados na
vizinhança imediata da parede onde d U jd y é elevado, leia-se, no seio da
camada limite sobre a placa lateral, onde serão difundidos por acçao
viscosa e efeitos turbulentos.
Este exemplo com que termina a presente secção de fluido real ilustra bem
quão interessante e complicado é um escoamento de cam ada de corte e como
devem andar sempre a par as apreciações em term os de regim e laminar e
turbulento, de transição, a duas e a três dimensões, de escoam entos tipo vórtice,
de efeitos invíscidos de gradientes longitudinais e transversais de pressão, etc.,
etc., etc. Este é o desafio da aerodinâmica.
|t/.VÊ/| « \ õ x U \ e |v V 2f/| «
U2 V
— « (oU e v —5- « (ú U
L L2
ou ainda:
V 2I l V , . v u j 1} v ,
------- ----- «1 e ----------- = — - « 1. (7.14)
CúU (úL (úU (ôL~
O grupo adimensional R o - U / ( ú ) L ) y designado n ú m e ro d e Rossby,
estabelece um balanço entre forças de inércia e forças de Coriolis e o grupo
Ek = vf{ú)L2'j, designado núm ero de E k m an, define um a relação entre forças
viscosas e forças de Coriolis. Quando, como no caso em apreço, forem ambos
Roy Ek « 1 a equação de Navier-Stokes reduz-se a:
2 (ò x U = — Vp. (7.15)
P
Escoamentos com estas características designam -se p o r g eo stró fic o s
[geostrophic] e são característicos das camadas altas da atm osfera, fora da CLA;
a espessura da CLA designa-se por a ltu ra geostrófica e o vento em altitude por
vento geostrófico.
Nota-se já uma característica importante destes escoam entos: sendo a força
de Coriolis normal ao vector velocidade, 0 gradiente de pressão também 0 será,
denotando que 0 escoamento geostrófico se p ro cessa ao longo d as isobáricas
(e não das regiões de maior para as de menor pressão). O equilíbrio de forças
ilustrado na Fig. 7.14.a), entre as componentes paralelas ao solo da força de
Coriolis e da força resultante do gradiente de pressão, escreve-se:
pdy
(0 = 3 O ° N ) ----------------------- 7 — P = const. -
Equador --------------------------------------------
a ) V e n to g e o s tr ó f ic o b ) V e n to g rad ien te
F i g . 7 . 1 5 E q u ilíb r io d e f o rç a s e v e n to n o in te rio r d a C L A .
0=- l ^
p dx
(7.16) í
2(oU = _ I ^ i
g P dy
À semelhança da situação que explorám os na sub-Sec. 4.5.2. de camada
lim ite laminar com sucção uniforme, indaguemos agora da possibilidade de
ocorrência» na camada de Ekman, de um escoam ento uniforme segundo xey,
i.e. escoamento para o qual
dU dU dV _ d V _ 0
dx dy dx dy
pelo que, por continuidade e impermeabilidade, será W = const.= 0.
No interior da camada de Ekm an a equação da quantidade de movimento
desdobra-se nas três seguintes relações:
' „ „ 1 dp d 2U
- 2 ú)V = ---- -Z-+V-
p dx dz
1 dp d 2V
= — -f+ v a
p dy dz
dp
=0 deonde p{x,y,z) = p A y) apenas, por (7.16).
dz
Atendendo a (7.16) o sistema acima reescreve-se
d2U
-lú)V= v
dz2
(7.17)
-2 a)(ug- u ) = v ^
isto é
v ^ - f - 2 if i > ( Z - l) = 0
dz
com
fZ = 0 em z=0
[Z -* l com z
A solução é
1/2 "
2ico
Z = 1- exp 2
v
com k = (co/v)l/2.
A solução está ilustrada nas Figs. 7.16.a) e b), respectivamente, sob a forma
de perfis adimensionais de velocidade longitudinal e transversal e de diagrama
polar, conhecido como espiral de Ekm an [Ekman spiral\.
í / , > t /2 ( / , > t /2
a) S ucção b ) E je c ç ã o
= t/ 3 +3í/w 2 + « \ pois u = 0 ,
com U igual à velocidade média no intervalo T.
A potência avaliada apenas a partir do conhecimento da velocidade média
seria P^ « t / \ pelo que dividindo os dois resultados se obtém:
jL = * = 1+3“ + “ ; (7.19)
med w u
ii), dado que j p(u)du = 100%, quanto maior for a velocidade média, maior é a
variabilidade do vento — menor é p(u) para cada u.
Para tratamento analítico a ddp da velocidade do vento é geralmente
representada por uma distribuição de Weibull
it
(7.20)
p^ = l u l exp
onde A é uma escala de velocidades, proporcional à velocidade média anual do
vento, e k é um factor de forma da distribuição, apresentando valores extremos
entre 1,1 e 2,8; para o clima europeu é sensivelmente fc» 2. Diferentes formas
da distribuição de Weibull estão representadas na Fig. 7.19.b), correspondendo
a diferentes valores de k [167]. Para k = 1 a relação (7.20) degenera na
distribuição exponencial e para k = 2 na distribuição uni-paramétrica de
Rayleigh:
- \2
/ -\ U u n\ u
p[u) = ------- exp (7.21)
yK ] 2 U U 41 U
, x 1,203-0,088 ln z a
k(z) = ka----------------------- com [z,za] = m.
v' a 1,203-0,088 ln*
Em vez de uma descrição tipo potência para o perfil longitudinal de
velocidades médias na CLA UjU%= (z/zg)1/H, onde Ug e zg têm,
respectivamente, o significado de velocidade do vento gradiente e de altura
adiente, físicamente mais significativo seria utilizar, nas camadas baixas da
E nosfera, uma descrição semi-logarítmica do tipo
—=- ln — (7.24)
uT K z0
equivalente a (6.41) e estando agora a constante aditiva B englobada no factor
z0: z 0 = £sq~kb «0 ,03 es para £ = 0,41 e B = S,5.
Apresentam-se, na tabela abaixo [29, 33, 127], valores típicos da altura
gradiente zg, do expoente n e do parâmetro de rugosidade z 0 para diferentes
configurações do terreno em condições de vento forte, em que efeitos
mecânicos prevalecem largamente sobre efeitos térmicos — o que é entendido
verificar-se quando í/(z = 10m)>10m/s:
E sp ectro Espectro
vertical / lateral longitudinal
* (* ) 1 l+ f(U 3 9 U )J
von-K árm án
K[l + (1.339Z.A:)2] (T2L nl 1
0 (* ) 1 1 + 3 (L * )2
Dryden
ff2*. T [l + ( U ) 1] 2 o2L 1
\
>n - Kármán
\ \ (d<
Víclive -5 /3 )
\ 1 /
\
Dry den
(declh e - 2 )
A\ \
\ \
; \ \
\ \
\ \
\
...... .................
1 0 '5 IO*4 1 0 -' IO '2
k 1 k / 2 n (ciclos/ft)
— — (ciclos/ft)
2n X
1 T/Tw
F ig. 7.25 Diferentes evoluções verticais de temperatura na CLA.
b) F a n n i n g (estável)
K
J
u
l
\
u
\V
* J 1
T
c) L o o p i n g (instável)
r
d) L o ft in g (ao anoitecer)
1 r
r 7-
e) F u m ig a tio n (ao amanhecer)
Prod. = —hw +
* dz 0
onde 6' é a flutuação turbulenta de temperatura; o primeiro termo corresponde
à produção m ecânica de k , por acção das tensões de Reynolds, e o segundo à
produção térmica de k, por efeito da impulsão.
A relação entre estes dois termos
Ri ^ Í 8 / e ) ° ' w (7.27)
f u w (dU /dz)
é designada n ú m e ro d e R ich ard so n do fluxo {flux Richardson number]. Em
condições de atmosfera neutra, estável e instável é, respectivamente, Rif = 0 , > 0
e < 0 — atenção aos sinais no num erador e denom inador da equação
convencional de definição de Rif \ resultados experim entais indicam que
turbulência é inibida para, aproximadamente, Rif > 0,2.
Se, sem elhantem ente a v t — —mw>= v , d U /dz, eq. (6.30) — , definirmos
uma condutividade turbulenta y t como
— dd (7.28)
- 0 'w = y t
dz
386 CAP. 7 CAMADA LIMITE TRI-DIMENSIONAL
Ri - r > g d6! dz
v . 9 (d U / d z f '
Para além de y t e v t, esta equação envolve quantidades que podem ser
medidas com relativa facilidade, o que sugere a introdução de um parâmetro
diferente, o nú m ero de R ich ard so n do g rad ie n te [gradient Richardson
number]:
Ri (7.29)
9 (dU/dz)2
relacionado com Ri{ por
R i,= — Ri.
vt 1
Quanto a escalas características do campo?
Para um corpo de fluido deslocando-se na direcção vertical em atmosfera
estável, a força de restituição, por unidade de massa, é -(g/@ )(dd/dz) e igual à
aceleração d 2z / d t 2 do corpo de fluido, do que resulta para a frequência do
movimento oscilatório induzido
g dO
N= (7.30)
& dz
O parâmetro N 7 designado frequência de B runt-V áisãlã, é a frequência das
ondas gravíticas numa atmosfera estável; numa atmosfera instável as ondas
gravíticas instabilizam e degeneram num movimento turbulento; em condições
de estabilidade neutra é N = 0. O inverso de N claramente constitui uma escala
de tempos característica do processo de impulsão [buoyancy time scale].
A escala de comprimentos mais comummente utilizada na camada da parede
é o com prim ento de M onin-O bukhov L definido como a cota a que a produção
mecânica iguala a produção térmica, i.e. R i{ - 1:
-
—
u
dU
w = —
g 7p—
O w .
dz e
Dado que na camada de tensão constante é
dU Ôw
■uw = u. 6'w =
dz Kz PCD
sendo Qw o fluxo de calor à superfície, resulta para L:
u le
(7.31)
Kg 0 'w K g £)w
SEC. 7.6. CAMADA LIMITE ATMOSFÉRICA 387
Ri, = ~ . (7.32)
<2 A A -B B — —
2 -3 A -B B C E F
3 -5 B B -C C D E
5 -6 C C -D D D D
6 c D D D D
A 40 55 15 - 55 25 - 0 ,1 4 0 ,0 8 - 0 ,0 6 0,02
B 2 5 -4 0 1 0 - 15 20 - 0 ,0 6 0 ,1 0 - 0 ,1 5 0,04
C 15 - 0 ,0 2 0 ,1 1 - 0 ,1 7 0,01
D 1 0 -2 5 5 -8 10 0 0 ,1 8 - 0 ,2 3 - 0,14
E 5 0 ,0 2 0 ,3 1 - 0 ,3 8 - 0 ,3 1
F 8 -2 5 3 -7 2 ,5 0 ,0 6 0 ,4 2 - 0 ,5 3 -0 ,4 9
8.1. Introdução
Escoamentos potenciais incom pressíveis, por definição, satisfazem
simultaneamente a equação da continuidade na forma divC/ = 0 e a condição de
389
390 CAP. 8 ESCOAMENTO POTENCIAL, INCOMPRESSÍVEL, BI-DIMENSIONAL
m = (f Ú.ndS = 2 n r U r
pelo que
m
V = ( 8 .2)
2nr
SEC.8.1. INTRODUÇÃO 391
Fig. 8.2 Par fonte-poço em escoamento Fig. 8.3 Fonte / dois poços em
uniforme: oval de Rankine. escoamento uniforme.
(*) Aieita-se o leitor para que quando, numa situação bi-dimensional cartesiana e por uma questão
de economia de linguagem, tios referirmos a fontes / poços, estamos na realidade a pretender
significar linhas de fontes / poços.
SEC. 8.1. INTRODUÇÃO 393
Fig. 8.5 Cilindro circular em F ig. 8.6 Cilindro circular com circulação
escoamento uniforme. em escoamento uniforme.
í/= i£ ur = ™
dx dr * dR
m
V=Ê ± u - I " i /r= i *
dy U,~ r d 9 9 R dd dr
V = 1 w
' r ãO R f?2sen0 d$
u v - 1 w ur-
9 dr B Ksen0 dR r dx
= (U - i V ) d z
ou seja
dW —
— =U -iV = U (8.5)
dz
onde U , o com plexo co n ju g ad o (*) da velocidade U + i V , é designado
velocidade com plexa.
Notemos a sim plicidade m etodológica de trabalhar, em termos do potencial
complexo, um qualquer cam po de escoam ento potencial, incompressfvel, numa
situação bi-dim ensional cartesiana: i) estabelecido o potencial complexo W do
campo, ou por com binação linear dos potenciais complexos das singularidades
necessárias para sim ular a fronteira sólida do corpo em estudo ou através de
uma transformação conform e, ii) o coeficiente da parte imaginária de W é
directamente a função de corrente 0 , a partir da qual podemos determinar a
configuração das linhas de corrente 0 = const., iii) W derivado em ordem a z
fornece as com ponentes U e V do campo cinemático, iv) conhecido U 1 = UU o
(*) Neste contexto de espaço complexo» e de acordo com a notação usual, uma barra por cima do
símbolo de uma variável representa o seu complexo conjugado.
400 CAP. 8 ESCOAMENTO POTENCIAL, INCOMPRESSÍVEL, BI-DIMENSIONAL
y\
= const.
= const.
n
W= l/„e”iaz. (8.7)
Consideremos, por último, apenas a seguinte generalização do anterior caso
( 8. 6):
n=1
Este é o caso do "escoamento de placa plana" (diedro de ângulo de abertura
K) considerado no primeiro exemplo: eq. (8.6) e Fig. 8.9
1 /2 < « < 1 (e.g. n = 2/3): Fig. 8.10.d).
Passamos agora para o caso de diedros convexos (ângulo de abertura > n \
em vez de diedros côncavos (ângulo de abertura < 7r); para descrevermos o
escoamento exterior a este diedro teremos assim, em (8.8), de considerar
#i = 2/3, enquanto que, para descrevermos o escoam ento interior, devemos
tomar #i = 2 — ver caso anterior.
#i = l/2 : Fig. 8.10.e)
Este é o caso limite de um diedro com um ângulo de abertura de 2 n que
nos vai interessar, por exemplo, na sub-Sec. 9.1.1. para interpretarmos as
características aerodinâmicas da forma mais rudim entar de perfil alar: uma
placa plana a incidência (como num simples papagaio de papel).
É particularmente simples a identificação da fam ília de linhas de corrente
nos casos n = 2 e n = 1/2:
- Para n - 2 a relação analítica para *F escreve-se:
KF = ~ r 2 sen20;
c) abertura 2;r/3
OU
.tys=const.,
e q u a ç ã o d e u m a f a m ília d e h ip é r b o le s e q u ilá te r a s .
- Para n = 1/2 obtém-se para *P:
¥ ' = 2<jrl/2s e n —;
2
atendendo a que sen (0/2) = [ ( l- c o s 0 ) /2 ] I/2 e quadrando a expressão
resultante advém:
r ( l- c o s 0 ) = const.,
equação de uma família de parábolas com foco na origem — vidé e.g,
[157].
Quanto ao campo cinemático, obtemos de (8.8):
rr dW ji-I N-l i(n-l)0
U s ---- —az —a r e'
dz
de onde
U = \U\ = ar"-', (8.9)
/
F ig. 8.11 Separações do escoamento de fluido real
num canto abrupto numa conduta.
V irá assim:
2 m
fi m + l ou m =
2-fi'
Para escoamento de placa plana será /3 = 0, m = O e n s l ; para escoamento
de ponto de estagnação — placa normal ao escoamento: p T t ^ x — será
=l m= l e n =2 .
ox ày
pelo que
d<P
U - ---- = a
dx
que integrada em x produz
SEC. 8.3. ESCOAMENTOS INDUZIDOS POR SINGULARIDADES 407
<í>= ajt,
já que 0 é sempre definido a menos de uma constante aditiva arbitrária
(eventualmente zero).
• em termos de H*:
<W_ 9Y
l/ = =a V =0
dy 9x
pelo que
dV
t/ = a
dy
que integrada em y produz
♦ em termos de 0 :
m = bU .n d S = 2 n rU r —2 n r
Ih d0 _ m
0 ~ — lnr (8.11)
190 dr 2 Kr 2n
96
• em termos de f':
m = 2nrU,
' { rdO ) dY _ m
de ~ 2 n 2n ( 8 . 12)
dY
para forma de W:
IV= 0 + i y = J L (e _ i In r) = - — (ln r + i 0)
2n 2n
ít
lnz (8.18)
2 n
y- — (8.19)
dz 2 nz
Sendo a velocidade puramente tangencial (em vez de puramente radial,
como no caso da fonte), as linhas de corrente são círculos concêntricos
r = const. — eq. (8.17) — (em vez de rectas radiais) e as equipotenciais são
rectas radiais 8 = const. — eq. (8.16) — (em vez de círculos concêntricos); a
velocidade decai inversamente com a distância — eq.(8.19) —, tal como num
escoamento tipo fonte — eq. (8.14). Para uma circulação positiva — no sentido
directo, anti-horário — a velocidade Ue aparece rodada de ?:/2 no sentido
directo relativamente à velocidade Ur induzida por uma fonte positiva —
operador - i em (8.19), comparativamente a (8.14), em vez de + i, pois que U
é o conjugado do vector velocidade, o que faz com que qualquer rotação no
semi-plano superior apareça, no semi-plano inferior, como que reflectida num
espelho coincidente com o eixo real.
■ r
m , , m , , \ m ae
ln i — - l n 1+
l z )
Desenvolvendo esta expressão em série para a/z pequeno (*), pois no lima -r 0
estaremos sempre a avaliar o comportamento do campo a distâncias |z| » a,
vem:
2m ae'a 2m a3e 3l“
w = ----------------------- 5— ...
2 itz 2 %?>z
W =- Z — (8.21)
z
— íte 'a
U= (8.22)
z
Para completa caracterização do dipolo intervêm, por exemplo na eq. (8.21)
para W, tanto a sua intensidade H como o seu ângulo de orientação a . É de
notar, com referência à Fig. 8.14, que a é definido, antes da passagem ao
limite, como o ângulo medido do semi-eixo real positivo para a parte do
segmento de recta que une as duas singularidades e se encontra do lado da
fonte. A situação do cilindro circular em escoamento uniforme, que
Fig. 8.15 Orientação relativa dos referenciais geral e segundo o eixo do dipolo.
r = — seno
ou
r2~ — rsenfl = 0.
V
Dado que r 1 ~ X 2 + Y 2 e r sen/3 = Y obtém-se:
x2+ r 2— y =0
w
ou, rearranjando
equação de uma fam ília de círculos tangentes ao eixo do dipolo (eixo dos X’s)
na origem e parametrizada a *P: círculos de centro Xc = 0 ; Kc = /i/(2 f ') e raio
R =ti/( 2 T ) .
412 CAP. 8 ESCOAMENTO POTENCIAL, INCOMPRESSÍVEL, BI-DIMENSIONAL
1 ^ 1 ^
-> >
r= ju y . (8.25)
r dr r dr
Em coordenadas esféricas obtém-se imediatamente, recorrendo às anteriores
relações entre os dois sistemas de coordenadas:
0 = U„ R cos 0 (8.26)
1 dY An d Y
m = 4 n R 2 UR = 4 n R 2 *P = - — cosé» (8.29)
R 2 senB dO sen0 dd An
p e rtu rb a ç ã o ( v e lo c id a d e ) in d u z id a p e la s in g u la r id a d e a te n u a -s e a g o ra com / r 2
c o m o e x p re s s o p o r ( 8 . 2 8 ) , e m v e z de com r " 1, c o m o em bi-dim ensional
c a rte s ia n o — e q s . ( 8 . 1 1 ) e ( 8 . 1 4 ) . C o m p r e e n d e -s e a r a z ã o : a fo n te pontual tem
a g o ra d e 'a lim e n ta r * to d o o e s p a ç o , e n q u a n to q u e o c a u d a l e m a n a d o de uma
lin h a de fo n te s ra d ia a p e n a s n u m p la n o n o r m a l a o fila m e n t o .
V ^ s e n 2S (8.31)
R
com
.. 2 a m
\í = l i m ------- . (8.32)
a- * 0 AK
/n—
J Q d V = £ V x Od V = £ h x UdS
no limite 8 —>0: i) a superfície lateral tende para zero, pelo que se anula a
respectiva contribuição integral, ii) a normal nx tende para a normal m à
superfície média e n2 —>-in e ainda iii) dSx e dS 2 tendem ambas para dS,
obtendo-se
fd S = m x{Ú 1 - U 2)dS
ou seja
y = m x ( t / 1- Ê /2) (8.35)
(í?! - U2). m ~ O
implicando que, para conservação de massa, haja continuidade nas
componentes normais de D ao atravessar a folha de vórtices.
Podemos assim concluir que, ao atravessar uma folha de vórtices, o campo
de velocidades exibe uma descontinuidade de intensidade |í/( —1/21= y na
componente tangencial, sendo o vector descontinuidade (t/,-È /2) normal ao
plano y,ih.
E esta a forma do campo de velocidades induzido por uma folha de vórtices
num referencial solidário com a própria folha. É porém de notar, com base nos
argumentos expandidos na sub-Sec. 3.3.2., que uma folha de vórtices deverá ser
convectada pelo fluido, o que corresponde, na situação limite aqui considerada,
a ser convectada com uma velocidade igual à média das velocidades de um e do
outro lado da folha. Continuando a designar estas velocidades por Ul e U2,
respectivamente, tal corresponderá a afirmar que a folha de vórtices é
convectada com uma velocidade:
É L ,= t f * d = £ ( t f . + v a) (8.36)
r = J> U.ds = - U . A x .
J (ABCD]
u/2
-u ji '
Fig. 8.20 Modelação de um escoamento de camada limite
através de uma folha de vórtices.
o
-<7/2 |
' Js
em que G é o ângulo sólido total subtendido por S em P — é de notar que
0 depende apenas da forma da fronteira [C].
Consideremos agora um circuito [A'] que intersecta a superfície S num
ponto A; sejam B e C dois pontos vizinhos de A, respectivamente do lado
das faces positiva e negativa de S. A circulação ao longo de [K]y medida da
face positiva para a face negativa de S, virá, atendendo ao significado do
acréscimo de circulação A r de uma equipotencial para outra apresentado
na Sec. 2.4.:
Mas, no limite, a diferença dos ângulos sólidos é 47T (área da esfera de raio
unitário), pelo que:
r= 4 ^ jU (* > . (8.37)
(*) Se, em (8.32), tivéssemos definido f i sem englobar o factor 4 n , teríamos agora obtido
SEC. 8.3. ESCOAMENTOS INDUZIDOS POR SINGULARIDADES 421
8.4. Sobreposiçãodesingularidades
De acordo com a linha condutora traçada na introdução a este capítulo,
depois de na anterior secção termos estabelecido a forma dos campos de
escoamento induzidos por diferentes tipos de singularidades, sobreponhamos
agora esses campos até chegarmos ao caso do cilindro circular com circulação
que, por aplicação de uma conveniente transformação conforme, nos permitirá
atingir um primeiro objectivo de escoamento em tomo de um perfil alar.
Consideremos então, primeiro, o caso de um cilindro circular (sem
circulação) em escoamento uniforme — sub-Sec. 8.4.1. —■, após o que
trabalharemos o caso do cilindro circular com circulação — sub-Sec. 8.4.3.
Faremos, entretanto, o paralelo com o caso axi-simétrico da esfera em
escoamento uniforme — sub-Sec. 8.4.2. — e ultimaremos a secção com o
tratamento de um "método das imagens" que, a seu tempo, justificaremos —
sub-Sec. 8.4.4.
W(z) = U „ z - ^ ~ = U„z + ^
Z z
(8.39)
SEC. 8.4. SOBREPOSIÇÃO DE SINGULARIDADES 423
0 = U cos 9 ( (8.40.a)
r + £r )
(8.40.b)
0 = {/„ sen 0 ^= 0
w = v - ^ z+~ j ■ (8-41)
u_
C ^ . = 1- (8.42)
' w : U
u = — =u, \ - -a
dz
de onde
U/U„ = 2 sen 0 (8.43)
e
C„ = l - 4 s e n 20 (8.44)
+1
-2
-3
Fig. 8.25 Distribuição de C p ao longo da superfície de um cilindro circular
em condições de fluido perfeito e de fluido real { R e ~ 105).
igualização das pressões nos tubos extremos, medir a pressão total com o tubo
central; a sonda de 5 tubos permite alinhamento primeiro num plano e depois
num plano perpendicular a esse, sendo finalmente medida a pressão total com o
tubo central. Considerável simplificação do complexo e preciso mecanismo tri
dimensional requerido para suporte e rotação fina e continua da sonda em dois
planos, em tomo do ponto do nariz, pode ser conseguida efectuando esta
determinação local da direcção e da pressão total do escoamento de acordo com
a seguinte metodologia alternativa; i) primeiro fixando a sonda numa orientação
próxima da estimada para o escoamento e ii) depois processando os diferenciais
de pressão medidos nos diferentes tubos, nessa única posição fixa, através de
uma matriz de calibração — construída, numa fase prévia de calibração em
escoamento uniforme, com os dados de resposta da sonda numa gama restrita
de velocidades e de ângulos de ataque e de guinada — , o que permite
quantificar os desvios da direcção do escoamento relativamente à posição a que
o eixo da sonda tenha sido colocado e determinar o valor local da pressão total.
Solução intermédia, e mais interessante, consiste em identificar o ângulo de
guinada por rotação da sonda em tomo do eixo da sua haste de suporte — o
que apenas requer um mecanismo de rotação facilm ente instalável — e
determinar o ângulo de ataque por uma simples calibração em picada.
Deixámos claro que uma linha de corrente divisória de forma circular só
seria obtenível com um dipolo de orientação a = 7t. A título de exemplo
ilustram-se na Fig. 8.28 as configurações de escoam ento que resultam da
sobreposição de uma corrente uniforme segundo Ox com dipolos orientados a
a - 0o e a n /2 . Atendendo à forma das linhas de corrente induzidas por um
dipolo toma-se óbvio que os pontos de estagnação tenham de residir, no
primeiro caso, sobre o eixo imaginário e, no segundo, sobre uma recta orientada
a 3tt/4.
Y = j U „ R 2 &n 2 0 - j s e n 2d = ^ U „ R 2 - ^ s e n 2 e. (8.46)
^ = ( £ t f . a 2“ )sen l 0 = O
do que resulta, para que o valor = 0 se continue a verificar mesmo fora dos
pontos de estagnação:
ll = ^ u y - (8.47)
. 2r J
A velocidade (tangencial) sobre a superfície da esfera virá então dada por:
(£/,)^=(iHL=“i,5t/“sen® (8-48)
resultando o sinal menos apenas do facto de Ú , sobre a superfície da esfera no
semi-plano superior, ter sentido contrário ao sentido tomado como positivo para
os ângulos — o mesmo sinal menos teria aparecido em (8.43) se tivéssemos
calculado U na superfície do cilindro a partir de <P.
A evolução da velocidade tangencial continua a ser do tipo seno, como no
caso do cilindro — eq. (8.43) — mas o pico de velocidade é agora de apenas
1,511^, em vez de pelo que gradientes de pressão são quase metade dos
428 CAP. 8 ESCO A M ENTO POTENCIAL, JNCOMPRESSÍVEL, BI-DIMENSIONAL
(8.49)
(8.50)
í i Y +- 1- - í - j - 1 = 0
V ,íí/e s t 2 T tC lU ^ \ f l / c s t
cuja solução é:
,- í (8.51)
4naU„ \ { 4 naV„
a) r j { 4 n a V j ) ^ 0
c) rj{4naUm) = \ d) rj(4KaVj)>\
Fig. 8.29 Cilindro circular com circulação.
A, Comecemos por explorar o caso rj(4naUj)<\ que, convenientemente,
podemos tomar como
— — = sen/3 . (8.52)
4naUaa
Esta identificação permite-nos partir do caso já conhecido de T = 0 (/í = 0)
e avançar até ao caso fronteira rj{4itaUj)=\ =tt/2).
Substituindo então (8.52) em (8.51) obtém-se
= - i senp ± cosp
430 CAP. 8 ESCOAMENTO POTENCIAL, INCOMPRESSÍVEL. BI-DIMENSIONAL
- = - i (cosh y ± senh y)
D= p a c o s B d d ; L= -J pcts& ndd9.
r V p u .r
P= - l p ( 2 í / 0Osene)2 sen©
2n a , 7t a
i) o prim eiro term o entre parêntesis rectos envolve só factores constantes, pelo
que não d á qualquer contribuição para força resultante;
ii) o seg u n d o term o en v o lv e um sen2, cu jo p erío d o é K — sen2©=
sen2 ( 6 + k ) — , pelo que contribuições diam etralm ente opostas se cancelam
m utuam ente;
iii) quanto ao últim o termo:
• a sua contribuição para com ponente de força resultante segundo x é
nula, pois a respectiva expressão envolve Jo sen 6 cos B d S —Q.
• a sua contribuição^joara com ponente de fo rça resultante segundo y é
porém não nula: Jq sen2© d© = Tf (*).
(*) Foi finalidade destes comentários apenas exem plificar com o uma prévia apreciação crítica
permite poupar esforço de cálculo.
SEC. 8.4. SOBREPOSIÇÃO DE SINGULARIDADES 433
Resulta então
JD = 0
t
\ L = p U mr .
W = — ln ( z - i d ) + — ln (z + id ) = — \n U 2 + d 2).
V //7 /A
F ig . 8 . 3 5 P o ç o n u m a p a re d e . F ig . 8 .3 6 'Fonte' numa parede em
fluido real: jacto livre.
Porém a m o d e laç ão d o efe ito sim étrico tipo fonte, em vez de poço, já não é
válida em fluido p erfeito :
- em fluido p e rfe ito , u m a fo n te n a p are d e pro duziria um escoamento com
linhas de c o rre n te r a d ia is se m e lh a n te ao representado na Fig. 8.35 para um
poço, apenas o se n tid o d o esco a m en to seria revertido;
- em fluido re a l, o e s c o a m e n to e m a n a n d o d e um a boca de exaustão exibiria,
porém, u m a c o n f ig u r a ç ã o tip o ja c to — F ig. 8.36 — , em resultado da
separação d a s c a m a d a s lim ite s n o e x tre m o d a conduta de exaustão,
co nfig uração d e e s c o a m e n to e s ta in trín se c a de fluido real e que não é
passível d e m o d e la ç ã o e m flu id o perfeito .
A construção dos sis te m a s im a g e m é in tu itiv a se a parede for plana:
• no caso de u m v ó rtic e d e in te n sid a d e + T à distância d de uma parede plana
a im agem s e rá u m v ó r tic e d e in te n sid a d e sim étrica - F , simetricamente
localizado re la tiv a m e n te à fro n te ira — F ig. 8.37.a).
R I—
conclui-se assim que "/"«O sobre o círculo, o qual será portanto uma linha
de corrente do escoamento resultante.
Para qualquer ponto z exterior ao círculo é \a2/z \ < a \ como, por hipótese,
todas as singularidades de f ( z ) estão localizadas em pontos tais que | z|> íi
conclui-se que todas as singularidades de f [ a 2/z) caem no interior do
círculo, i.e. fora do campo do escoamento.
Como f { a 2/z) tende para o valor constante /(O ) quando z -» 00, conclui-se
ainda que o escoamento a infinito será o mesmo para os potenciais
complexos W e f ( z ) — um potencial é sempre definido a menos de uma
constante aditiva —, i.e. que o escoamento a infinito não é perturbado pela
introdução do círculo na origem.
3. Exemplos de aplicação
Tomemos, como primeiro exemplo, o caso simples do cilindro circular em
escoamento uniforme acima referido. Para {/_ / / x virá, por (8.6) e (8.7):
f( z ) = U„z
de onde
f( z) = U_z
= t/ -
pelo que
X 2
í a 2>)
W (z ) = / ( z ) + / a = U„z + U_ — = U„ z + —
J z l 2)
que nao é mais do que a eq. (8.41) obtida na sub-Sec. 8.4.1.
Se o escoamento de aproximação incidisse a um ângulo a seria, por (8.7):
f{z) = U„e~'az
e
V '
/ =u (8.56)
^ = J5Lln( £ l _ fre-«
V z I 2n \ z
mas o termo logarítmico em f ( a 2/z} pode ser reescrito como:
,2
ln| - — bQ~lp | = ln
b
= ln z —— e l/J | - l n z + l n ( - 6 e
do que resulta:
m ( 2 >
W( z) = l n ( z - f c e '^ + ln( z - — e 1^ - l n z + ln (-b e (8.57)
2K
A última contribuição pode ser ignorada, visto ser uma parcela constante. O
primeiro termo corresponde à fonte real, fora do cilindro, no campo do
escoamento; os dois termos a seguir reflectem o sistema imagem: uma fonte
de igual intensidade em {a2fb } e lp e um poço de intensidade simétrica na
origem, requerido para absorver todo o caudal emitido pela fonte
interiormente à fronteira cilíndrica, assim satisfazendo conservação de massa.
A configuração do escoamento resultante está representada na Fig. 8.41;
recorreremos a este resultado no Cap. 11.
z-b (a2/ z ) - b
= è ln K z2 ^ ■
“ 4/,2) - ] =5 ln ^_z v ).
K 7 00
= f < l n ~ n 1— +ln
2K h i n2h2 ^ iv .
onde o segundo termo se pode desprezar por ser um valor constante; resulta
assim
itz a
í—Tl
l h)
W=— ln T n
2n h i n2n2
_
m . ( kz\ (*)
= — ln sen— (8.58.a)
2n \ h )
Quanto à velocidade complexa:
dW m nz
— = — cot — . (8.58.b)
dz 2h h
A título ilustrativo quantifiquemos o acréscimo de velocidade induzida, por
exemplo, no ponto z = i/i/2, comparativamente à velocidade induzida por uma
fonte isolada, em meio infinito:
- para a fonte isolada virá, de (8.14):
77 m .m .h
u n= -— , = - i — para z = i -
u n=~ m/(2h) tI % 71 ,, n ,
- = —= —t;—^ coth—= —coth —*=1,71,
UQ mj{nh) 2 2 2
isto é, um acréscimo de velocidade de cerca de 71%.
1= =t = = 4 = 1= =1
F ig. 8.48 Forças elem entares actuantes num corpo de geometria arbitrária.
(*) A este teorema estão geralm ente associados os nomes do alemão Kutta (ano de 1902) e do
russo Joukowski (1906), m as em livros de origem russa é muitas vezes apreseotado como
teorema de Joukowski-Tchaplyguine.
448 CAP 8 ESCOAMENTO POTENCIAL. INCOMPRESSlVEL. Bl-D\MENS\ONAL
obcém-se para d F :
d F ——i p d z .
Semelhantemente virá para a contribuição elementar para o momento (jy0
sentido directo) em tomo da origem:
d M 0 = x d Y + y { —d X ) = p ( x d x + y d y )
e dado que:
x d x + ydy = + iy ) (íiv —i €/;>>)} = ^ ( z d z )
onde o operador $!(...) representa ‘parte real de (.•••)'•
dM0 = p ¥Í {z d z) .
Exprim am os dF e dM0 em term os d o cam p o d e v e lo c id a d e s em v ez d e em
termos do cam po d e p ressões, para tal recorrendo a B e m o u lli, i.e.:
P ~ P t ~~ ^ P ^
com V 2 en ten did o com o:
u 2 = u* + v* = (u + í v ) ( u - í v ) = ^ - ^ - .
az az
E m b o ra as c o n trib u iç õ e s p a ra f o r ç a e m o m e n to r e s u lta n te s dos termos
asso ciad o s a p T = co nst. se v e n h a m a a n u la r q u a n d o in te g r a r m o s ao longo do
c o n to rn o fe c h a d o d a d ire c triz d o c o rp o , s ó s e rá f o r m a lm e n te c o n e c to não as
c o n s id e ra rm o s q u a n d o e fe c tu a d a e s s a in te g ra ç ã o ; a té l á c o n tin u a re m o s a incluí-
las n a s e x p re s s õ e s p a r a as c o n trib u iç õ e s e le m e n ta re s , s e b e m q u e en tre chaveto
p a ra r e a lç a r e x a c ta m e n te o f a c to d e q u e n ã o ir ã o p r o d u z ir e f e ito g lo b al.
V irá e n tã o ,
d F = - i p d z = X i p U 2d z =
^ J L dz dz v
e
= + p o is U2 é r e a i
2
zdz. (8.59.b)
(8.60)
onde:
Q - representa a intensidade resultante da distribuição de fontes e poços
interiores ao contorno do corpo
r - representa a intensidade resultante da distribuição de vórtices
M • representa o momento complexo resultante da distribuição de dipolos.
É de notar que, a grandes distâncias do corpo, os efeitos dominantes da
distribuição espacial das singularidades necessárias para o simular respeitam
apenas ao seu valor resultante, i.e. a distâncias grandes comparadas com a
distância entre as diversas singularidades 'tudo' se passa, em primeira
aproximação, como se singularidades da mesma família estivessem concentradas
num único ponto (na origem); efeitos associados ao detalhe da distribuição
espacial das singularidades figurariam nesta expansão em série como termos de
ordem superior, não explicitados num desenvolvimento a menos de R~3.
O termo (d W /d z f que figura nas fórmulas de Blasius (8.59) para força e
momento pode-se então escrever:
com:
^-i ~ 2 í40A_j; B_2 — + 2A 0A_2; etc.
e finalmente:
SEC. 8.5. FORÇA E MOMENTO ACTUANTES NUM CORPO 451
de onde:
lx=-pu„Q+pv„r
\Y~-pU„r-pV„Q .
Num referencial aerodinâmico, i.e. com o eixo dos x's alinhado com a
direcção do escoamento não perturbado, em que as componentes de força X e Y
têm directamente o significado físico de resistência D e de sustentação Lt
obtemos:
=-p\uJr
|i/-| \um\
ou, associando carácter vectorial a estas diferentes entidades:
D = -pU„Q
( 8. 61)
L^-pu^xf com r= rêz
(*) É de notar que a resistência (invíscida) de pressão e a resistência (viscosa) de atrito são apenas
duas manifestações do mesmo efeito de fluido real: produção de uma camada limite a que está
associado um dado S * e um dado rw ou Cf .
SEC. 8.6. TRANSFORMAÇÕES CONFORMES 453
de onde
z d z ~ - ~ ^ - + 27tp[VoeZ{M)~V„<
^ (M)\
W (C)
í
Fig. 8.49 Transformação conforme de um plano para outro.
x = 2acos0
(8.64)
Ly = 0 .
Concluímos assim que a figura transformada é, como ilustrado na Fig. 8.50,
o segmento do eixo real compreendido entre os pontos jc(0 = 7t) = ~2a e
x{d=Q )-+2a.
8 .6 .2 . T ra n s fo rm a ç ã o de Jo ukow ski
/ '( 0 = 1 - ^ = 0 -» Ç = (8.67)
z =x + iy = a e 'e + — e",e
a
de onde:
x = fl + — |COS0
a
(8.69)
.2^
sen0.
■= í (8.70)
b2 \ 2 . 2\ 2
a+—
a
equação de uma elipse de semi-eixos
r b1
p =a + — ; q - a ------
a a
(*) Nota-se que esta preservação das velocidades dos escoamentos a infinito nos dois planos não
é um requisito ou uma característica de uma qualquer transformação conforme; no caso da
transformação ser a de Joukowski uma ta) preservação apenas se verifica em consequência do
resultado (8.68).
45 8 CAR 8 ESCOAMENTO POTENCIAL. INCOMPRESSÍVEL. BI-DIMENSIONAL
e distância focal
c - y P 2 - Q 2 = 2fc = const.
Verificamos assim que a transformação de Joukow ski transforma círculos de
raio a > b e centro na origem do plano dos Ç s num a fam ília de elipses
confocais no plano dos z's, como ilustrado na Fig. 8.51. Os graus de liberdade
para se obter uma elipse de forma dada são o raio do círculo gerador
a=(p+q)/2 e o parâmetro b = c/ 2 da transformação.
459
460 CAP.9 PERFIS ALARES
(*) No meio aeronáutico os termos ângulo de ataque e ângulo de incidência são por vezes
utilizados com significado diferente, embora esta diferença de terminologia não esteja
normalizada; no presente documento utilizaremos os dois termos indístintamente. No caso
vertente estamos apenas a seguir a designação mais comum em livros-texto de aerodinâmica:
tradução literal de f l a t p la te a t in cidence.
SEC. 9.1. PERFIS DE JOUKOWSKI 461
= 0,
Fig. 9.1 Escoamento sem circulação em torno de um cilindro circular e da placa transformada.
£= + ueia — ponto B; a tal conclusão se poderia ter chegado por via formal
recorrendo às considerações tecidas em torno da eq. (8.56), que produzem, para
o potencial complexo deste escoamento;
• a placa fica sujeita a uma força de sustentação positiva a que, pelo teorema
de Kutta-Joukowski, está associada uma circulação no sentido horário.
O modelo de escoamento em torno da placa anteriormente considerado
precisará assim de ser complementado com uma circulação - 7 \ o que nos
conduz ao caso do cilindro circular com circulação. A intensidade dessa
circulação será a estritamente necessária para fazer deslocar a linha de corrente
divisória posterior para o bordo de fuga do perfil, o que, em termos do plano do
SEC. 9.1. PERFIS DE JOUKOWSKI 463
a) Placa de espessura h
Fig. 9.5 Escoamento subsónico em torno do bordo de ataque de uma placa plana.
pois 2isena se pode escrever como (e'“ -e ~ '“); quanto a f'(Ç) é, por (8.67)
com fc= a:
(9.3)
U
+r
c) Configuração estabilizada do escoamento com vórtice ligado
Se, numa fase posterior, cessar a translação do perfil, este vórtice ligado será
deixado, em fluido em repouso, como um vórtice de travagem [stopping
vortex], deslocando-se então os dois vórtices (de arranque e de travagem), de
circulação simétrica, para 'baixo', no referencial da Fig. 9.7, por acção dos
campos de velocidade mutuamente induzidos.
-r +r
O ...................... o
Fig. 9.9 Escoamento em torno de uma Fig. 9.10 Vórtices de arranque e de travagem,
extremidade em gume.
47 0 CAP 9 PERFIS ALARES
r = 47ra£/„sen(a + /?).
L - p U „ r = 4 /rp a £ /^ s e n (a + /?)
e para CL:
Ç= ~be + b(\ + e ) c ie
que substituído em (8.66) fornece, para a figura transformada:
472 CAP.9 PERFIS ALARES
z = - ^ + Ml + e ) e i9 + _ e + (I; j ) ? J .
de onde
- =— e = l,3 e (9.1.i)
c 4
a
x
(9.7.b)
c
concluindo-se que, para espessuras relativas típicas de perfis alares de baixa
velocidade entre 9 e 18%, a espessura máxima de um perfil de Joukowski se
verifica entre 20 e 22% da corda a contar do bordo de ataque.
Dado que o ângulo n entre dois segmentos elementares da superfície do
círculo gerador em tomo do ponto singular Ç = +b aparece duplicado em
z = 2b, um perfil de Joukowski apresenta um bordo de fuga tipo aresta de
rev e rsã o [cusp\, com um ângulo interno nulo, ou uma tangente comum ao
extradorso e ao intradorso; tal como para o caso da placa plana considerado na
anterior sub-secção, a linha de corrente divisória posterior abandona o bordo de
fuga com continuidade tangencial, pelo que este não é um ponto de estagnação.
Ora não é exequível uma aresta sem espessura, pelo que qualquer perfil
realizável na prática deverá apresentar um bordo de fuga com um ângulo
interno pequeno mas não nulo; nesse caso, e comparando com a situação de
aresta de reversão também ilustrada na Fig. 9.13, se conclui que os ângulos de
abertura dos diedros A e B assinalados na figura deverão ser iguais, pelo que a
linha de corrente divisória posterior deverá apresentar, no bordo de fuga, uma
tangente segundo a bissectriz do ângulo do bordo de fuga. Sendo os diedros
côncavos, o bordo de fuga será forçosamente um ponto de estagnação, como
dado por (8.10); a recuperação de pressão até Cp = + 1 no bordo de fuga, se
bem que muito localizada, produzirá uma separação não realista da camada
limite, situação esta que será preciso tornear num qualquer método de cálculo
viscoso / invíscido e a que faremos referência no fim da sub-Sec. 9.2.2.
®
a) Bordo d e f u g a em a resta d e re v e rsã o b) B ordo d e fuga anguloso
F i g . 9 .1 3 P o rm e n o r d o e s c o a m e n to n a vizin h an ça d o
b o rd o d e fu g a d e u m p erfil alar.
(9.9)
-2
a) Geometria do perfil
a) a = 0°
SEC. 9,1, PERFIS DE JOUKOWSK! 479
480 CAP.9 PERFIS ALARES
y,n /. n'
í '- / ( n = f '+ Ç .
( z + í) = (ç + í)+ ( f e ]
ou
C+ s
r b2 ( s \ r b2
para |j / Ç | < 1 .
b2 ) a2U„e,a b2 1 r ( b2 Y
— +... Inz+ln 1— 5-+...
* J z { z2 ) In L l z JJ
„ _io i r , a U ^ a - b 2U ^
= t/„e ,az + — lnz + -----=---------- - + ...
2K z
ir b2Ume i a - a 2U_ t ia
U, = Umt ia +
2 tíz z
M = b2U„e~'tt- a 2U„eia
(9.15)
que substituída em (9.13) produz
Aíc = 9? - a 2E/„e‘“ )]
= ~2 Jtpb2U i sen2 a
= ( i p ^ ) ( 4 t ) 2[ - | « ]
Nota: Alerta-se o leitor para que os sentidos (os sinais) de momentos indicados
neste texto são contrários aos usualmente adoptados em aerodinâmica de
perfis. Para que um perfil produza uma sustentação positiva setá
necessário que a circulação instalada seja no sentido horário, razão pela
qual o sentido usualmente adoptado como positivo para ângulos e
momentos, em textos específicos de aerodinâmica de perfis, é o sentido
inverso. No presente texto, que não é específico de aerodinâmica de
perfis e em que este assunto constitui apenas uma das partes do volume,
considerou-se que não se justificava alterar pontualmente a convenção
de sinais, pelo que se optou por continuar a considerar o sentido directo
como sentido positivo para ângulos e para momentos. Aqui fica o alerta
— o momento de cabragem referido no contexto da eq. (9.16)
continuará, no entanto, a ser de cabragem (nariz em cima), seja
considerado positivo ou negativo!
Ç
obtido para a, = b , com b real, e an =0 para n > 1; os coeficientes aa serão em
geral complexos.
A fim de aliviarmos o constrangimento CMc(a = 0o) = 0 sempre e obtermos
uma evolução C«c vs. a aplicável a qualquer tipo de perfil alar, generalizemos
(8.66) permitindo apenas que o coeficiente do termo em 1/Ç possa ser
complexo, i.e. o1=fe2e“2,A e a„ = 0 para n > l [115].
Por analogia com a relação (9.15) anteriormente obtida para M virá agora:
M =al U„e~‘a - a 2U„e,a = b2e~ra l/„e_i“ - a2 U_e,a
de onde
Mc = 'R [-2^ipt/Me 'i“ 62e '2Ul/„ e 'i“ ]
= 9? j-27ripè21/2 e '2i(“+i)|
= -4 rcpb2U l(a + X)
e finalmente
(*) Tomou-se a, = h2e 2,2 e não a, = fe2e 2'2 apenas para que (9.17) resultasse formalmente
análoga a (9.11): CMc=(a+ /l) assim como Ct «(a+/3).
486 CAP.9 PERFIS ALARES
* Mr + - L cos a
c 2
ou em termos adimensionais e dentro de uma aproximação de pequenos
ângulos
£l
~ CMc +
2 '
Substituindo nesta relação CMq e CL dados, respectivamente, por (9.17) e
(9.11) obtém-se:
CMba= - j ( a + ^ ) + 7t(a + P)
K CL
= 2 y+T (9-18)
com Y = p - X.
Para tratamento analítico, em vez de trabalharmos com momentos medidos
em relação a um ponto para o qual CM = f ( a ) , como acontece com (9.18) em
que CWba varia com a por intermédio de CL, mais cómodo seria trabalhar com
momentos medidos relativam ente a um ponto para o qual fosse
CM = c o n s t.* /(a ). Tal ponto efectivamente existe e é designado por centro
aerodinâm ico [aerodynamic centre]', determinemos a sua localização e o
correspondente valor constante 86, 115].
Para um ponto sobre a corda e à distância x da origem é, como representado
na Fig. 9.23.a):
(9.19)
=|r - (9.22)
Para a generalidade dos perfis é p > A, de onde y > 0 e CM > 0 (*). Para
um perfil simétrico obviamente será p = X - 0 e CM^= 0; para um perfil com
curvatura (assimétrico) um valor já elevado de CM é CM =+0,1 ou -0,1,
dependendo do sentido considerado positivo para momentos.
Para qualquer tipo de perfil operando, em fluido real, a um qualquer
número de Reynolds, o centro aerodinâmico está geralmente localizado entre
24% e 26% da corda a contar do bordo de ataque, pelo que 25% c é uma
primeira estimativa já suficientemente precisa.
Para uma aeronave completa, e para distinguir do centro aerodinâmico dos
perfis ou da asa, o ponto relativam ente ao qual o momento de picada é
independente do ângulo de ataque é designado como ponto neutro [neutral
point].
O centro aerodinâmico é um ponto de referência da maior importância para
os aerodinamicistas; é, porém, um ponto perfeitamente irrelevante para quem
trabalha em estruturas! Quem tem de dimensionar uma asa, entendida como
(*) Alerta-se novamente o leitor para a convenção de sinais adoptada neste texto geral sobre
aerodinâmica, contrária à. usualmente utilizada em textos, tabelas e gráficos específicos de
aerodinâmica de perfis, onde geralmente $e regista
488 CAP.9 PERFIS ALARES
C- „ - C- c " ? Ci = 0 -
imediatamente obtemos:
*çp = C « c
c CL
de onde, por substituição de (9.21): CMc - C M^ - C L/ 4 resulta
*cp C»c 1
* CL 4
OU
X-1 Fi ^
r, ■
e a transformação T2 de Ç em é expressa por
£ = a e #'l*,+i* (9.24.1)
e no plano f, do círculo exacto por
Fig. 9.27 Análise de um perfil de Joukowski com curvatura mas sem espessura.
(*) Aplicação do método não está restrita a casos de escoamentos de aproximação irrotacionais,
apenas requerendo que o campo de perturbação seja irrotacional. Trata-se de uma não-restriçâo
quase que só filosófica! O único exemplo que o presente autor conhece de um escoamento
rotacionai de aproximação que produz um escoamento de perturbação irrotacional é o de um
cilindro circular no seio de um escoamento de corte puro: d U ^ jd y = const.
SEC. 9.2. MÉTODOS DE ANÁLISE DE PERFIS ALARES 493
0-
-ln-
4* r + r
(9.28)
X
(u.) = — tan — - tan —
-i -i
' v,y 2n Y Y
com X+= X +1/2 e X. = X - l / 2 .
y
y 0
/} (£ /„)
tf x
/
/
/
/
-112 j X 112 x
F ig . 9 .2 9 C om ponentes da v elo c id ad e in d u z id a num ponto
de controlo no referencial d o p ain el indutor.
(9.29)
i
soma das componentes tangenciais do escoamento de aproximação e do campo
de perturbação nos n pontos de controlo.
É este o processo envolvido na determinação do escoamento em tomo de
qualquer corpo não sustentador.
Exemplifiquemos aplicação do método na determinação do escoamento em
torno de um cilindro circular de raio unitário a = 1 imerso no seio de uma
corrente uniforme de intensidade unitária E/„=I e discretizado em 4 painéis
planos, como representado na Fig. 9.30.
lontes sv^rt DA devera prover não xo o Jiiu U in rn io <ir í/# * l como aindi
compensar a velocidade induzida pelo painel de poço^ nobre BC Em revuludo
da simetria do escoamento, qualquer d iv cteti/açáo «nnetrica do cilindro circul*
p nx lu i resultados co incid en tes co m os d a s o l u t o an alítica exacu ^
inclusivam ente no caso de se u tiliz a re m a p en as 3 pain éis um cilindro
discretizado num tnàngulo e q u ilá te ro ’
Dada a relação de ortogonahdadc entre velocidades induzidas por
filamentos e folhas de fontes e de vórtices, sim u la d o da mesma fronteira sólida
poderia ter sido conseguida com pameis de vórtices de circulação horária ca
CD e antt-horana (no sentido dtrecto, positivo 1 cm AB. com a mesma
intensidade em valor numérico y que a intensidade cr acima determinada pan
painéis de fontes
No estudo do escoamento em torno de um corpo sustentador. como um
perfil alar. estamos em geral interessados cm explorar o comportamento do
corpo para diferentes ângulos de ataque A plicação do método, como acima
descrito, requereria resolução do sistema 27) tantas vezes quantos os ângulos
de ataque a testar, o que é com putacionalmcntc pouco eficiente Dadoquco
tempo de CPU necessário para resolver um sistema de equações lineares por um
método directo para um único segundo membro ou para um reduzido número
de segundos membros diferentes é praticam ente o mesmo, a metodologia
normalmente adoptada consiste em
- resolver logo o sistema (9.27) para dois segundos membros diferentes,
correspondentes a escoamentos de aproxim ação dc intensidade unitária
segundo Ox e segundo O y %como ilustrado na Fig 9.31, calculando, em
simultâneo, as intensidades <r, e o : das distribuições dc fontes necessárias
para satisfazer as condições fronteiras para a = 0 ’ c para a = 90°:
11
I
a)cc = 0° b) a = 90°
F i g . 9*31 E s c o a m e n to s s e m c i r c u la ç ã o e m to m o d e u m p e r f il
0 sistema (9.27) é então, de uma única vez, logo resolvido para três
segundos membros diferentes, de modo a determinar as intensidades de fontes
necessárias para satisfazer as condições fronteiras perante i) um escoamento
uniforme |í/..| = l a a = 0°, ii) um escoamento uniforme |£/_| = 1 a a=90° e
iii) um escoamento circulatório puro induzido por uma distribuição unitária
constante de circulação Jj = 1 ao longo da superfície do perfil: ff,, o, e ct3,
respectivamente. Sendo l o comprimento de desenvolvimento do contorno do
perfil — soma dos comprimentos de todos os painéis — a circulação resultante
r = ly é determinada de modo a satisfazer a condição de Kutta em termos que
veremos um pouco mais à frente.
Apenas três comentários intermédios quanto à modelação de um
escoamento circulatório puro através de uma folha superficial de vórtices de
intensidade constante:
i) Este tipo de modelação levanta problemas numéricos no caso de perfis com
um ângulo interno de bordo de fuga muito pequeno, de que o caso de
perfis de Joukowski, com um bordo de fuga em aresta de reversão, é um
exemplo extremo: nos painéis adjacentes ao bordo de fuga, as folhas de
vórtices e de fontes a uma muito pequena distância produzem um efeito
local tipo dipolo de grande intensidade, que afecta a precisão do método; o
problema pode ser tomeado provendo uma distribuição parabólica, em vez
de constante, de y. ao longo do contorno do perfil, distribuição esta
aproximada por patamares ys = const. em cada painel, como ilustrado na
Fig. 9.33 [68].
ii) Dado que, em fluido real, a vorticidade está apenas contida nas camadas
limites que se desenvolvem ao longo da superfície do perfil, uma simulação
de um escoamento circulatório puro através de uma folha de vórtices de
intensidade constante ou parabolicamente variável ao longo do contorno do
corpo poderia parecer fisicamente mais realista. É porém de notar que esta
simulação não tem, nem pretende ter, nada a ver com a realidade; trata-se
apenas de um meio para numericamente introduzir a circulação necessária
para satisfazer a condição de Kutta. Em fluido real, a vorticidade na camada
limite ao longo do extradorso é de sentido horário e de sentido anti-horário
na camada limite ao longo do intradorso, com uma resultante f < 0
SEC. 9.2. MÉTODOS DE ANALISE DE PERFIS ALARES 499
Re = 106
cD 0 ,0 1 8 7 0 ,0 1 0 6 0 ,0 0 7 9
fU \^Hw+5^2
Cd = 2
®bf |
(9.30)
C [ u j
D =p £/(l/„ - U ) d S = pUld„,
Id e ^ + (H + 2) ^ Í M ^ =o
6 dx dx 1 ’ dx
de onde foi eliminado o termo em rw visto não haver tensões de corte externas
actuando sobre a esteira. Obtém-se:
50 6 CAP 9 PERFIS ALARES
-u x M w )/2
exp J' 1ln dH
(/
por acção de um g rad ien te adverso ainda mais intenso a camada limite
turbulenta vem a separar-se na região do bordo de fuga; continuando a
aumentar a , o ponto de separação turbulenta vai progredindo do bordo de
fuga em direcção ao bordo de ataque e, em consequência, a taxa de variação de
CL com a vai sen d o cad a vez m enor, até que se atinge um ponto de
estacionaridade a p artir do qual CL passa a diminuir com posteriores aumentos
de a . Ao ângulo de ataque a que é atingido Ct chama-se ângulo de ataq u e
de perda.
Esta sequência final de eventos está ilustrada nas Figs. 9.42.a) [181] e b) [8];
na Fig. 9.42.b) é bem patente a grande escala dos entes turbilhonares em toda a
região separada do extrad orso , responsável por im prim ir vibrações de baixa
frequência e grande am plitud e na estrutura sustentadora que se reflectem em
(*) 'Manche': alavanca de comando manobrada para controlo em picada (manche para a frente ou
para trás) e em rolamento (manche para a direita ou para a esquerda). O termo usado em
português na gíria aeronáutica é um francesismo; o termo equivalente em inglês ê stick. Em
aviões com um sistema de controlo f l y - b y - m r e — como o transporte de passageiros de médio
curso Airbus A-320 — o manche é substituído por um jo y - s tic k ; a fim de transmitir ao piloto a
sensação de uma aproximação da perda a vibração do s t i c k é simulada por um sistema
automático s tic k - s h a k e r .
S E C . 9 .3 . P E R F IS A L A R E S E M F L U ID O R E A L 509
s /e (*>
Fig. 9.46 Bolha curta num perfil NACA 4412 a fte = 2 ,lx l0 5.
(*) Aeronaves dotadas com perfis deste tipo deverão forçosamente estar providas com os
chamados dispositivos avisadores de perda [stall waming], para precaver o piloto quanto
a uma eventual brusca entrada em perda.
512 CAP. 9 P E R F IS A L A R E S
Re x IO'6
o 3,18
» 2.38
• 1,34
• 0,66
’ 0,33
<■ 0,17
venlo
incidente
■L> 0
(*) Troposkiana — do grego tropos, corda — é a forma que naturalm ente assume uma corda em
rotação, como a corda de 'saltar-à-corda', em que, não tendo os elem entos da corda capacidade
para suportar momentos flectores, estão apenas a trabalhar à tracção.
SEC. 9.3 PERFIS ALARES EM FLUIDO REAL 515
/ S / / / / S S S / S / / / /
F ig . 9 .5 3 Sistem a de coluna de água oscilante para aproveitamento
da energia das ondas marítimas.
Pretende-se, n este ca so , q u e, qu er esteja o nível da água no interior da
câmara a subir ou a baixar, i.e., em term os da tu r b in a W ells de ar [57] que
estará a accio nar um g e ra d o r eléctrico , que quer o escoamento se esteja a
processar num se n tid o ou no outro, a força m otriz para accionam ento da
turbina actue sem pre no sentido do deslocam ento, como ilustrado na Fig. 9.54.
Tal sim etria do escoam en to recom enda a utilização de perfis sim étricos para
as pás da turbin a e a v aria çã o cíclica do ângulo de ataque leva a antever a
possibilidade de o corrência de situações instacionárias de perda dinâmica.
5T6 CAP.9 PERFIS ALARES
a -1 8 .9 7 ° a - 19.99° 0 = 19,44°
= 0 ,9 + 2,5(0,0 6 - í/c )
W = 1 ,4 -6 ,0 (0 ,0 6 - t/c )
• Resistência: = 0,2
= 0 ,7 + 2,5(0,0 6 -f/c )
W = 1 ,0 - 2 ,5 ( 0 ,0 6 - t/c )
518 C A P .9 P E R F IS A L A R E S
c
Uidin= CW.esIV«mod£7
(a ) - a- - £ a-
a modL P
(9.31)
100% jc*
(9.32.b)
(*) Reforça-se o alerta feito em Nota na sub-Sec. 9.1.3. quanto à diferente convenção de sinais
para momentos adoptada neste documento e em textos, tabelas e diagramas específicos de
aerodinâmica de perfis.
j extradorso j inlradorso |
■
■
H
—.
—^
"h "
0 0
2.71 1,25 - 2 ,0 6
3.71 2.5 - 2 ,8 6
5,07 5,0 - 3 ,8 4
6,06 7.5 - 4 ,4 7
6,83 10 - 4 ,9 0
7,97 15 - 5 ,4 2
8,70 20 - 5 ,6 6
9,17 25 - 5 ,7 0
9,38 30 - 5 ,6 2
| 9,25 40 - 5 ,2 5
8,57 50 - 4 ,6 7
7,50 60 I - 3 ,9 0
6,10 70 - 3 ,0 5
4.41 80 - 2 ,1 5
2,45 90 - 1,17
1,34 95 -0 ,6 8
(0,16) 100 (-0 ,1 6 )1
#
o
e
O
ri
0
-o
S K . 9 .4 . T IP O S D E P E R F IS A U R E S
521
9 .4 .2 . Perfis laminares
- 0.6
1,0 o 20 40 60 80 100
x /c {%)
X f c (% )
a ~ 0,5.
Flg. 9.65 C oordenadas e característícas aerodinâm icas d o perfil N ACA 652 —415
t-- <
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526 C A P .9 P E R F IS A L A R E S
x /c (%)
b) Distribuição de Cp vs. x /c ao
ângulo de ataque de projecto
Í f e 4 x JO* Re -2 .5 x l0 5
tl-^ , CG
^ ^ A a 1v
£/„
Fig, 9.74 Condição de estabilidade: e.g. á a > 0 = $ A M > 0 .
C«tca=CMc. - ~ Cr = ° (9-35)
com CMca > 0, em geral, e xCG/c < 0 conduz então a que o voo estabilizado
tenha de ser realizado a CL< 0: ora não é este o ponto de funcionamento em
que perfis alares sejam supostos operar eficientemente ou para que sejam
projectados! Haverá assim necessidade de operar uma translação na curva
CMcovs. Cl de modo a que, em condições equilibradas (C „CG= 0), seja CL>0,
como ilustrado na Fig. 9.76.
Para esta nova curva CMcc vs. CL é CMco(CL = 0) = CMco< 0, o que requer a
intervenção de uma superfície sustentadora adicional produzindo, neste ponto
de sustentação total nula e em conjunto com a sustentação simétrica da asa, um
momento puro Aísup tal que Aísup + Mca = Mc o < 0, isto é, um momento de
cabragem prevalecendo sobre o momento em torno do centro aerodinâmico da
asa. Se for t a distância entre os centros aerodinâmicos da asa e desta nova
superfície, o momento Afsup = f x í,sup < 0 pode ser obtido ou com £>0 e
Líup <0, i.e. com um estabilizador produzindo uma sustentação negativa, como
ilustrado na Fig. 9.11.a), ou com f < 0 e Lsup> 0 , i.e. com um canard
produzindo uma sustentação positiva, como na Fig. 9.77.b).
Nota-se que ao introduzir mais uma superfície sustentadora o centro
aerodinâmico do conjunto, i.e. o ponto neutro mencionado na sub-Sec. 9.1.4.,
534 CAP 9 PERFIS ALARES
.«... L»>>0
(>0 £„,< 0
P™«d>0
í<0 £^<0
>0 (9.36)
c cSua dCLJ d a
(9.37)
CS«3 ’
em que o numerador e o denominador têm dimensões Ú , é designado
coeficiente de volum e de p ro fu n d id ad e ou coeficiente de volume do
estabilizador [horizontal tail volume coefficient]; nesta equação de definição de
Cv o factor i é geralmente tomado ou como a distância longitudinal entre os
quartos de corda da asa e do estabilizador ou como a distância do centro de
gravidade da aeronave ao quarto de corda do estabilizador — o braço de cauda.
Valor típico de Cv para um transporte de passageiros é <7^=1 [138],
Facilmente se verifica que, e.g. no caso de uma configuração convencional,
condições de estabilidade e de equilibragem podem ser conseguidas, a uma
velocidade ou a um ângulo de ataque específicos de voo, com uma carga nula
por parte do estabilizador, assim produzindo o mínimo de resistência de
equilibragem possível. Para tal admitamos a situação reportada na Fig. 9.79 de
uma aeronave convencional em que o centro de gravidade pode, como
acabámos de ver, estar localizado atrás do centro aerodinâmico da asa.
o que se verifica, e.g. com os perfis NACA das Figs. 9.61 e 9.65, com
CMoa=0,05, nos casos simples Jtca/c = 0,05 e CL^ = 1 ou jcca/c = 0,1 e
Ciaa = 0,5, correspondendo a centragens a 30 ou a 35% c, admitindo que o
centro aerodinâmico da asa está localizado a 25% c.
Controlo para voo equilibrado a qualquer outro ângulo de ataque, embora
seja conseguido com uma actuação convencional de comandos, terá de ser tal
que o estabilizador produza, para voo mais lento, uma sustentação positiva —
i.e. um momento de picada — e, para voo mais rápido, uma sustentação
negativa — um momento de cabragem. Comprovemo-lo com um pequeno
exemplo numérico, admitindo que partim os da situação Ct = 0, com
CWcj=0,05, xca/c = 0,1 e Citsa= 0,5, e que pretendemos passar para uma atitude
de voo mais lento a Ct = 1; a esta nova atitude e para um Cv =1 mostra a eq.
(9.38)
CuW CG = 0 ,0 5 -0 ,lx l + lx C ,L est = 0 -4 C,^ e s l = 0,05
9.5. Hipersustentadores
Aumentos de CL, para além do CL que um perfil com uma dada forma é
capaz de produzir, podem ser conseguidos ou simplesmente controlando o
desenvolvimento da camada limite a a 's elevados, de modo a atrasar a
ocorrência de separações, ou por deflexão de superfícies móveis, alterando a
forma do perfil, aumentando a sua curvatura de modo a aumentar o diferencial
de pressões p im e p tm mas simultaneamente inibindo separação por controlo
da camada limite.
Descreveremos, nesta secção, o princípio de actuação de dispositivos hiper
sustentadores de bordo de fuga (flaps) — sub-Sec. 9.5.1. — e de bordo de
ataque tipo fenda fixa e móvel — sub-Sec. 9.5.2.; concluiremos com alguns
exemplos de aplicação destes dispositivos hipersustentadores — sub-Sec. 9.5.3.
538 CAP.9 PERFIS ALARES
9.5.1. Flaps
Suponhamos uma forma rudim entar de perfil tipo placa plana a a = 0°, em
que a região do bordo de fuga tenha sido deflectida de um determinado ângulo,
formando um flap. como ilustrado na Fig. 9.81. Tal configuração corresponde
a um perfil com uma certa curvatura que. a um ângulo de ataque nulo, já
produz sustentação, conforme (9.11).
Fig. 9.81 Distribuição de carga em fluido perfeito para uma placa plana
a a = 0o com a secção posterior deflectida.
Os tipos mais básicos de flap são o flap simples \plain flap] e o flap split. O
flap simples, ilustrado na Fig. 9.83, apenas envolve articulação da região
posterior do perfil, tendo a superfície móvel uma corda, tipicamente, de 20% -
30% e; CL é conseguido com uma deflexão de cerca de 40o- 45°.
,/ , ,
F i g . 9 . 8 3 F la p sim p les.
Dada a capacidade de deflexão do flap simples nos dois sentidos, este tipo
de superfície móvel é, em aplicações aeronáuticas, utilizado para controlo da
aeronave: elevador do estabilizador, ailerons, leme de direcção.
Comparam-se, na Fig. 9.84, características aerodinâmicas do perfil NACA
2415, que temos estado a usar como exemplo, obtidas com o código PANDA a
a = 6 ° e a /?e = 6 x l 0 6 para os casos de configuração limpa e com flap simples
de corda 20% c deflectido de 15°.
F ig . 9 . 8 5 Fiap split.
F ig . 9 .8 8 F laps F o w le r com fe n d a .
c - ^ ^ Cf - r £ t
L %pU2c \ p U 2c{ c if c ‘
Uma fenda fixa {slot] consiste de um canal entre a zona de altas pressões na
vizinhança do ponto de estagnação no intradorso e a zona de baixas pressões a
seguir ao pico de sucção no extradorso, através do qual é injectado um jacto
parietal para controlo da camada limite, como ilustrado na Fig.9.96 [181]. A
forma do perfil mantém-se; apenas a perda é relegada para a *s mais elevados.
A fenda pode também ser do tipo m óvel [slai\. caso em que o nariz do
perfil i) se destaca, revelando a fenda para controlo da camada limite, ii) é
546 CAP.9 PERFIS ALARES
I y ~ ------------ \
Fig. 9.99 Flap Kriiger.
O dispositivo actua promovendo aumento da corda, do que resulta um
acréscimo em d C J d a , e diminuindo a intensidade do pico de sucção, pelo que
atrasa a ocorrência de separações.
para baixo, assim actuando também como flaps simples, e de fendas móveis ao
longo de todo o bordo de ataque; tanto flaps, como fendas e freios
aerodinâmicos estão a deflexão máxima na figura.
(9.36)
y = í> ~ ^ +r ~ p~)i *
onde o primeiro integral é calculado ao longo do extradorso e o segundo ao
longo do intradorso do perfil.
Em termos adimensionais obtém-se:
r Y (P~P-) j
y \p V tc \p U l ±pU l
(9 .3 7 )
(9.38)
553
554 CAP.10 ASAS FINITAS
o z s
( 10. 1)
z +s -s
O modelo de asa finita com que temos estado a elaborar, em que o sistema
sustentador é simulado por apenas um filam ento de vórtice ligado de
intensidade continuamente variável do qual em ana uma folha contínua de
vórtices arrastados, é designado por modelo de linha su sten ta d o ra [lifting tine],
Mais correcto seria simular o sistema sustentador finito por uma folha de
vórtices ligados, distribuída sobre a superfície de curvatura ou da corda dos
perfis, e uma folha de vórtices arrastados; um tal m odelo de superfície
sustentadora [lifting surface] permitiria contemplar variações de circulação não
só ao longo da envergadura, como o da linha sustentadora, mas também
segundo a corda. Uma primeira implementação numérica pode ser conseguida
discretizando a superfície sustentadora em painéis planos e montando, em cada
painel, um filamento de vórtice ligado de intensidade constante, do qual
emanam filamentos arrastados semi-infinitos, como representado na Fig. 10.4.
A superfície sustentadora fica assim coberta por uma rede ou malha de vórtices
em ferradura, de onde a designação da técnica: m a lh a de vórtices [vortex
lattice).(*)
(*) Nota-se que esta designação de "esteira", usada num contexto de modelo de fluido perfeito de
ura sistema sustentador finito, deve ser entendida como referindo-se à folha de vórtices
arrastados; não é uma esteira entendida como camada de corte delgada, como nos capítulos de
fluido real.
SEC. 10.1. CARACTERIZAÇÃO E MODELAÇÃO DO CAMPO 557
1
1
1 1
1 1
1 1
1— =1
Fig. 10.4 Modelo de malha de vórtices.
co m o s e m p r e g e r a d a p a r a s a t i s f a ç ã o d e u m a c o n d i ç ã o d e n ã o - e s c o r r e g a m e n t o
num a p a re d e s ó lid a , q u e é c o n v e c ta d a p e lo e s c o a m e n to a o lo n g o d a e s te ir a e s e
c o n fig u ra c o m o u m s i s t e m a d e v ó r t i c e s a r r a s t a d o s .
c . c«, c»
-5 - d s)
a) Representação esquemática
l
bordo de
ataque
bordo de ____
fuga
Extradorso Intradorso
Para q ue a e s te ir a se m a n te n h a in d e fo r m á v e l d e v e rá ser p e q u e n a a
intensidade d o s v ó r tic e s a rra s ta d o s , p a ra q u e s e ja p o u c o in ten so o c a m p o de
velocidades p o r e le s in d u z id o . O r a p a ra q u e Sy=dr/dzÔz> com o dado por
(10.1), seja p e q u e n o re q u e re -s e q u e , s im u lta n e a m e n te :
i) o n u m e ra d o r A r s e ja p e q u e n o , is to é , q u e a asa esteja pouco carregada;
ii) o d e n o m in a d o r Az s e ja g r a n d e , is to é , q u e as v a ria ç õ e s de r o c o rra m ao
longo d e u m a g r a n d e d is tâ n c ia n o s e n tid o tra n s v e rs a l, ou seja, que a asa
tenha u m a g ra n d e e n v e r g a d u r a b,
M as g ra n d e e n v e rg a d u ra c o m p a r a d a c o m q u ê ? N o caso d a asa m u ito esbelta
de um p la n a d o r d e a lta p e r fo r m a n c e , e m q u e a e n v e rg a d u ra é ce rc a de "20 - 3 0
vezes a co rd a m é d ia — F i g . 1 0 .8 . a ) — , p a re c e te r to d a a v a lid a d e m o d e la r o seu
efeito s u s te n ta d o r p o r u m f ila m e n t o ú n ic o d e v ó r tic e lig a d o , m as ta l tip o de
m odelo não s e rá c e r ta m e n te a p lic á v e l a u m a asa c o m a m e s m a e n v e rg a d u ra mas
uma corda apenas 2 ou 3 vezes menor que b — Fig. 10.8.b). Por conseguinte, o
que efectivamente se requer não é que b seja grande em termos absolutos, mas
sim que seja grande a razão b/c onde
1 rW S
c=- f cdz = ~ (10.2.a)
b J-t>J2 b
é a corda média geométrica [mean geometric chord] \ a esta razão
b b2
(10.3)
5
chama-se alongam ento [aspect ratio] (*), A teoria da linha sustentadora é
aplicável, tipicamente, para alongamentos maiores que 6.
Para adimensionalizar momentos e para definir a localização do centro
aerodinâmico da asa completa é usual escolher, como corda de referência, não
a : = t a n _l — <0 (1 0 .4 )
CL CL
d e s ig n a d a â n g u lo d e a t a q u e i n d u z i d o [induced angle o f attack]. C a d a perfil,
in s ta la d o a u m â n g u lo d e a ta q u e g e o m é tr ic o a r e la t iv a m e n t r e à d ire cç ã o do
e s c o a m e n to d e a p r o x im a ç ã o C L , re a g e a g o r a c o m o o p e r a n d o a u m â ngulo de
a ta q u e e fe c tiv o :
a ef = a + a i , < a. (1 0 .5 )
O m ó d u lo d o v e c to r v e lo c id a d e e fe c tiv a é s e n s iv e lm e n te ig u a l a | c l |, dentro
d e u m a a p r o x im a ç ã o d e p e q u e n o s â n g u lo s
Ucf = U00secai
p e l o q u e o ú n ic o e f e it o d o s v ó r tic e s a rra s ta d o s se tr a d u z , d e a c o rd o com as
h ip ó te s e s s im p lif ic a t iv a s a n te r io r e s , n u m a d im in u iç ã o d o â n g u lo d e ataque
e f e c t iv o , c o m o d a d o p o r ( 1 0 . 5 ) e ( 1 0 . 4 ) .
A d m i t i n d o q u e c a d a p e r f i l re a g e a a ef c o m o e m b i-d im e n s io n a l, e le irá
p r o d u z i r u m a s u s te n ta ç ã o L 2DJ _ t/e f, c o m u m a c o m p o n e n t e d e sustentação
e f e c t iv a n o r m a l a U„:
Lef = L2Dcos(xi ~ L 2d
SEC. 10.2. TEORIA DA UNHA SUSTENTADORA 563
e uma c o m p o n e n te s e g u n d o U„:
í ) i =1“ * -2 D S e n 0 ! l (1 0 .6 )
i) um a re d u ç ã o d a s u s te n ta ç ã o , p o is L 2 D ( a el) < L 2 D { a ) \
ii) a in tro d u ç ã o d e u m a r e s is tê n c ia in d u z id a .
0 tra b a lh o d e s ta fo r ç a d e r e s is tê n c ia d e n a tu r e z a in v ís c id a e q u iv a le à e n e rg ia
que é p re c is o f o r n e c e r a o f l u i d o p a r a c o n tin u a m e n t e f o r m a r o s is te m a d e
vórtices a rra s ta d o s . N o t e m o s q u e e m b i- d im e n s io n a l a p e n a s e ra fo r m a d o u m
vórtice n a fa s e d e a r r a n q u e , p e lo q u e 0 = 0 e m r e g im e e s ta b iliz a d o .
N a s p r ó x im a s s u b -s e c ç õ e s ir e m o s , p a r a u m a d is tr ib u iç ã o g e ra l d e c irc u la ç ã o
H z ) , o b te r as r e la ç õ e s p a r a o c a m p o d e v e lo c id a d e s d e s c e n d e n te s v ( z ) e p a r a as
variáveis g lo b a is L 3D e D x.
de onde
dz—sstn 9d 9 . (1 0 .7 .b )
= ^ + 2 a„cosn0+X bRse n n ô .
U m r e q u is it o f í s i c o d a d is t r i b u i ç ã o d e c ir c u la ç ã o é q u e T c a ia a z e r o n o s
bordos m a r g in a is 0 = 0 e 6 =n, c o n d iç ã o e s ta q u e é a u to m a tic a m e n te s a tis fe ita
pela s é rie d e te r m o s e m s e n o , o q u e n o s l e v a a c o n c lu ir q u e a fo r m a m a is g e r a l
56 4 CAP. 10 ASAS FINITAS
d e s é rie d e F o u r ie r q u e r e q u e re m o s p a ra d e s c re v e r o n o s s o p ro b le m a fís ic o éa
d e u m a s é rie ím p a r an = 0 .
P ara q u e os c o e f ic ie n t e s dos te r m o s d a s é rie r e s u lt e m ad im e n s io n a is
e x p l i c it e m o s um a e s c a la d e v e lo c id a d e s e um a e s c a la d e c o m p rim e n to s
c a ra c te r ís tic a s d o p r o b le m a , e s, re s p e c tiv a m e n te , d o q u e a d v é m p ara a forma
m a is g e r a l d e r (ff) q u e p re c is a r e m o s c o n s id e ra r:
O f a c t o r 4 é in c l u í d o n a e q u a ç ã o d e d e s c r iç ã o d e r(6 ) a p e n a s p o r uma
f a c ilid a d e f o r m a l q u e a b a ix o s e rá ju s tific a d a .
N o t a - s e q u e p a r a u m s is te m a s u s te n ta d o r s im é t r ic o e m r e la ç ã o ao plano
c e n tra l z= 0 apenas p r e c is a m o s c o n s id e r a r o s te r m o s ím p a r e s d a série
( n = l, 3, 5 , . . . ) , p o is o s te r m o s p a re s (n = 2, 4, . . . ) dão u m a c o n tr ib u iç ã o anti-
s im é tr ic a e m r e la ç ã o a 0 = ; r / 2 — u m s e n o c o m p le to d e 0 a 2 te , u m d u p lo seno
de 0 a 4 n , e tc . — , c o m o ilu s tr a d o n a F ig . 10.1 1.
Fig. 10.12 Velocidade induzida por um filamento de vórtice arrastado a nível do vórtice ligado.
P a ra c á lc u lo d e v ( z ) p r e c is a m o s a s s im d e in te g r a r d e z 0 = -s a z 0 = + s as
c o n tr ib u iç õ e s e le m e n ta re s 5 v (z ) de fila m e n to s de v ó r t ic e s a rra s ta d o s de
in te n s id a d e 5 y ( z 0] e m p o n to s c o rre n te s z 0.
SEC. 10.2. TEORIA DA UNHA SUSTENTADORA 565
com
1 r* 4 s U „ X íiB „ c o s n 0 o
— —— I ■■■■1 ■ 1 ■ UWn
4 ks Ji> cos0o -c o s 0
X nBnsennd
( 1 0 .9 )
sen0
SL(z) = p U „r(z)ô z
pelo que ate n d e n d o a ( 1 0 .7 .b ) e a (1 0 .8 ):
566 CAP 10 ASAS FINITAS
= ^p U lb 2KBx
pois b = 2s. R e s u lta a s s im p a ra o c o e fic ie n te d e s u sten tação tri-dim ensional:
( 10. 10)
a te n d e n d o à eq. ( 1 0 .3 ) d e d e fin iç ã o d e A{ .
M o s tra esta re la ç ã o q u e o v a lo r d e CL d e p e n d e ap e n a s d o c o e fic ie n te B{ do
p r im e iro te rm o d o d e s e n v o lv im e n to d e r(9) e m s é rie d e F o u rie r, pelo que
te rm o s d e o rd e m s u p e rio r d e v e rã o d a r c o n trib u iç õ e s p o s itiv a s num as regiões e
n e g a tiv a s n o u tra s , a lte ra n d o a fo r m a m as n ã o a á re a sob a c u rv a r(0).
Q u a n to à c o n tr ib u iç ã o e le m e n ta r p a r a re s is tê n c ia in d u z id a , obtém -se de
( 10. 6 ):
e p o r (1 0 .7 .b ) , ( 1 0 . 8 ) e ( 1 0 .9 ) :
8Di{e)=-pv{e)r(e)sseneôe
■j(4sC/^X Bnsenn9 ) s s e n 0 Ô6
= 4 p £ /2 í 2X nBnsenn6 X BnSQnn6ô6 .
O p ro d u to dos d o is s o m a tó rio s p o d e -s e e s c re v e r c o m o u m som atório duplo,
pelo q u e se o b té m p a ra a re s is tê n c ia in d u z id a to ta l:
= %pUlb2n1nB*
e para o c o e fic ie n te de re s is tê n c ia in d u z id a
C D. = KM^nB* .
> [0 para m* n
SEC. 10.2. TEORIA DA UNHA SUSTENTADORA 567
—~ (1 + ô) com (10.11.a)
nM
Esta relação é m u ita s v e ze s e s c rita com o:
C2
CD. = — com e= \/(\ + ô) (1 0 .1 l.b )
‘ nefa
onde e é d e s ig n a d o f a c t o r d e e fic iê n c ia d e O s w a ld [Oswald efficiency factor],
cujo sig n ific a d o a n a lis a re m o s m a is à fre n te .
C om p re e n d e -s e , fis ic a m e n te , o po rq u ê da d im in u iç ã o de C D. com aumento
de M. S u p o n h a m o s d u a s asas c o m ig u a l área e diferentes alongamentos,
produzindo a m e s m a sus te n ta ç ã o : i ) p e la 2 a L e i de N e w to n , produção da mesma
força de s u s te n ta ç ã o e s tá a s s o c ia d a à c o m u n ic a ç ã o , ao flu id o , da m esm a
quantidade d e m o v im e n to , e m s e n tid o c o n trá rio ao de L, ii) a asa de m aior
alongamento — m a io r e n v e rg a d u ra , pois a área a la r é a m esm a — , actuando
sobre um a m a io r m a s s a m d e flu id o in d u z irá menores velocidades U de m odo a
produzir a m e s m a q u a n tid a d e d e m o v im e n to mUt i i i ) pelo que será m enor a
energia c in é tic a ^ mU2 im p re s s a n a e s te ira e iv ) m enor será a resistência
induzida Dx. D a d o q u e a v e lo c id a d e in d u z id a p o r u m vórtice se esbate com a
distância, a u m e n ta n d o a e n v e rg a d u ra v o rtic id a d e é espraiada ao lon g o de
maiores d is tâ n c ia s , v d im in u i, d im in u i (e m m ó d u lo ) e Dx d im in u i.
V o ltarem o s a e s te m e c a n is m o d e e s p r a ia m e n t o de v o r tic id a d e [vortex
spreading] n a s u b -S e c 1 0 .5 .2 .
S alienta-se q u e e m b o r a e m te rm o s adim ensionais o coeficiente de resistência
induzida CD_ v a r ie c o m o a lo n g a m e n to , desem penhando este o papel de um a
'envergadura a d im e n s io n a l' blc= M , a fo rç a de resistência in d u z id a Dx
depende não d o a lo n g a m e n to m a s d a e n v e rg a d u ra fís ic a b, com o acabado de
argumentar. P a r a e .g . a s itu a ç ã o d e u m a aeron ave em voo rectilíneo h o rizo n ta l,
em que
W = L = íp U ^ S C ,, deonde C ,= t ------- — ,
2 \p u ls
obtemos p a ra Dit a te n d e n d o a (1 0 .1 l.b ):
568 CAP 10 ASAS FINITAS
[ w K \p u is ) ]
D =íp U * S -Ç ±-= yU ÍS
£ ne/B
tr* > JR *• iteb2!s
W
b ( 10. 12)
\p u lrte
o que m o s tra q u e , à p a rte a in flu ê n c ia das p ro p o rç õ e s d a asa no peso W e na
e fic iê n c ia e, a res is tê n c ia in d u z id a d e p e n d e n ã o d e >R m a s d o p a râm etro W/b,
que p o d e re m o s d e s ig n a r d e c a r g a p o r (u n id a d e d e ) e n v e r g a d u r a [span
loading], d im in u in d o Di c o m d im in u iç ã o de W/b.
10.2.5. Distribuiçãodecirculaçãopararesistênciamínima
Id e n tifiq u e m o s a fo r m a d a d is trib u iç ã o d e c irc u la ç ã o q u e , p a ra u m dado CL,
p ro d u z u m C0 . m ín im o .
D e (1 0 .1 0 ) c o n c lu ím o s q u e a p e n a s o c o e fic ie n te Bl d o desenvolvim ento
(1 0 .8 ) in te r v é m n a re la ç ã o de CL, in d e p e n d e n te m e n te d o n ú m e ro e valor dos
c o e fic ie n te s de o u tr o s e v e n tu a is te r m o s n e c e s s á r io s p a ra re p ro d u z ir a
d is trib u iç ã o de f ( 0 ) ; im p o s to o v a lo r d e CL p a r a u m a a s a c o m um dado
a lo n g a m e n to fic a a s sim e s ta b e le c id o o v a lo r d e Bp. B { =C,J( k A\) .
M o s tr a p o r é m ( 1 0 . 1 1 . a ) q u e os c o e fic ie n te s de to d o s os term os do
d e s e n v o lv im e n to d e r(0) c o n tr ib u e m p a ra CD , e c o n tr ib u e m d e forma
p e n a liza n te pois p ro m o v e m , todo s e le s, u m a c ré s c im o d o fa c to r 8.
S om os a s s im le v a d o s a c o n c lu ir q u e a d is tr ib u iç ã o d e r(6) q u e , para um
dado CL, p ro d u z a u m a re s is tê n c ia in d u z id a m ín im a , d e v e rá s e r ta l que, para um
Bl fix a d o , a p res e n te to d o s os o u tro s c o e fic ie n te s B„ n u lo s , i.e . Bn = 0 para
n > l . E ssa d is trib u iç ã o rev e s te e n tã o , p o r ( 1 0 .8 ) , a fo rm a :
r(0) = 4sU„Bl s e n f)
p a ra a q u a l
r aa= r { 0 = x/2) = r c = 4sumB1,
r no
on d e f c é o v a lo r m á x im o d e p la n o d e s im e tr ia c e n tr a l, p e lo que pode
ser re e s c rita co m o :
r (0 ) = r c sen0.
D e ( 1 0 .7 .a ) o b te m o s s e n 0 = - \ / l - z 2/ í2 , q u e s u b s titu íd o n a expressão acima
p ro d u z , e m te rm o s d a c o o rd e n a d a z em vez de 0:
r ( z ) = r c ^ - z 2/s2
OU
r 2(z) (1 0 .1 3 )
n
e q u a ç ã o d e u m a e lip s e d e s e m i-e ix o s f c e s .
SEC. 10.2. TEORIA OA UNHA SUSTENTADORA 569
C o n c lu ím o s a s s im q u e a d is tr ib u iç ã o d e c irc u la ç ã o ao lo n g o d a e n v e rg a d u ra
que, para u m a d a d a s u s te n ta ç ã o , p r o d u z u m a re s is tê n c ia in d u z id a m ín im a é u m a
d is trib u iç ã o e líp tic a .
Para essa d is tr ib u iç ã o ó p tim a d e F ( z) é , p o r (1 0 .9 )
-B | sen 0 C,
OCj(0) --- 1----- = -£ , = ------ L. = c o n s t. (1 0 .1 4 )
sen 0 rr/R
e por (1 0 .1 1 )
C2
CD. = (C 0. ) . = — t - . (1 0 .1 5 )
' n/B
C o m p re e n d e -s e a g o r a o g r a n d e a lo n g a m e n to , a n te rio rm e n te r e fe rid o , de
planadores d e a lta p e r fo r m a n c e , n o o b je c tiv o d e d im in u ir CD. p a ra u m dad o
CL. A d is tr ib u iç ã o e líp t ic a d e c ir c u la ç ã o n ã o é , p o r é m , a gerailm ente a d o p ta d a
nestes casos ( ! ) , p o is c a r r e g a n d o u m p o u c o m a is a asa nos p a in é is c e n tra is e
a liv ia n d o -a n o s e x tr e m o s d a e n v e r g a d u r a se c o n s e g u e m r e d u z ir m o m e n to s
flectores, o q u e p e r m it e u m a e s tr u tu r a m a is a lig e ir a d a e u m a c o n s e q u e n te
dim inuição d a c a r g a p o r e n v e r g a d u r a .
O fa c to r d e e fic iê n c ia d e O s w a ld e< 1 p a ra u m a asa p la n a — a p rec ia re m o s ,
na sub-S ec. 1 0 .5 .2 ., o p o r q u ê d e s ta r e s tr iç ã o a "asas p la n a s " — d e fin id o e m
( l O . l l . b ) e c o n ta b iliz a n d o o d e s v io d a d is tr ib u iç ã o d e c irc u la ç ã o e m re la ç ã o à
d is trib u iç ã o ó p tim a , fo rn e c e a s s im um a m e d id a d o re n d im e n to d a a s a
c o m p a ra tiv a m e n te à a s a c o m d is t r ib u iç ã o e líp tic a , to m a d a c o m o re fe rê n c ia :
e = 100% e m ( 1 0 . 1 5 ) .
10.2.6. Asasderesistênciamínima
P ro c u re m o s a fo rm a da asa, ou das a s a s , c a p a ze s d e p r o d u z ir e m a
distribuição ó p tim a d e c ir c u la ç ã o .
E m b i-d im e n s io n a l é
L=Pumr = ± p u ic C L70
com
^ L z o ~ a 2o { a + P ) e f l 2D = ^ ^ ^
por (9 .1 1 ); d a q u i r e s u lt a
F i g . 1 0 .1 3 P lanta do S p itfire.
SEC. 10.2. TEORIA DA LINHA SUSTENTADORA 571
A decrescente
bTc = - b r c
c 4 c
de o n d e
b' = - b = 0 M ,
4
s ig n ific a n d o q u e os v ó rtic e s m a rg in a is e stão lo c a liz a d o s c e rc a de 10 %b para o
in te rio r dos bo rd o s m a rg in a is .
SEC. 10.2. TEORIA DA UNHA SUSTENTADORA 573
£ B lts e n n 0 | n / i ( 0 ) + s e n 0 ] = / i ( 0 ) s e n 0 ( a ( 0 ) + 0 ( 0 ) ]
( 1 0 .1 9 )
( 10.20 )
574 CAP.10 ASAS FINITAS
fl
Y•\ , • ,n• i
fí • ,#
Cl | Cl2 0) d4
A B
F ig. 10.19 Possíveis modelações de uma asa em flecha com vórtices em ferradura.
SEC. 10.3. MÉTODO DA MALHA OE VÓRTICES 577
h = vers ( d i x d 2 )
K -* 4 e
582 CAP. 10 ASAS FINITAS
É de n o ta r q u e s e n d o , n o b o r d o m a r g in a l, E 2D « c C L jd= 0 , o que, c o m c * 0 ,
0t>figa a C t2D= 0 , o e s c o a m e n to e m to m o d e asas c o m c bm^ 0 se o rg a n iz a
sempre de m o d o a in d u z ir , n o b o rd o m a r g in a l, u m a i = ~ ( a + / 3 ) .
586 CAP. 10 ASAS FINITAS
Sendo uma asa curva difícil e cara de construir, esta forma é na prática
aproximada por troços rectilíneos, com o representado na Fig. 10.29.
- ^ 0 - ^
a) Diedro único b) Diedro só na região dos c) Wínglets
bordos marginais
Fig. 10.29 Aproximação de uma asu curva por troços rectilíneos.
S o b a a c ç ã o da c o m p o n e n te d e p e s o Wsenq> a a s a c o m e ç a rá a deslizar
la te ra lm e n te , ao q u e correspond e a in s ta la ç ã o , n u m r e fe r e n c ia l lig a d o à asa, de
u m a c o m p o n e n te d e v e n to la te ra l c o m o s e n tid o in d ic a d o . D ecom pondo
w„ s e g u n d o as d ire cç õ e s d a e n v e rg a d u ra 'e s tru tu ra l' e d a n o r m a l ao plano de
c a d a m e ia asa c o n c lu ím o s , c o m o ilu s tra d o , q u e d o la d o d a asa esquerda, que
'c a iu ', a c o m p o n e n te w „ s e n r p ro d u z u m a u m e n to d o â n g u lo de ataque
e fe c tiv o , d e o n d e u m a u m e n to de sustentação ALesq > 0 e , p a ra a asa direita, uma
d im in u iç ã o d e a tí e u m a d im in u iç ã o d e s u s te n ta ç ã o ALáir < 0 ; o m om ento de
SEC.106 DIVERSOS TIPOSDí ASAS 509
m r <o
A/r > 0
W in g le ts [7 4 ] — v e rd a d e ir o s c o m p o n e n te s sustentadores, produzindo um a
'sustentação' quase h o r iz o n ta l, e n ã o s im p le s placas term inais com o nos 'ailerons'
dos F ó rm u la 1 — a c tu a m a u m e n ta n d o a e fic iê n c ia aerod inâm ica da asa, a qual
passa a c o m p o rta r-s e c o m o u m a as a p la n a d e m a io r alo n g a m e n to 'e fe c tiv o '
tftcf = efàge0m com e> l. P e r m ite m r e d u z ir m o m e n to s fle c to r e s no
encastram ento as a / fu s e la g e m , c o m p a r a tiv a m e n te à solução de a um ento da
envergadura p a r a a m e s m a e f ic iê n c ia , in d u z e m u m e fe ito e s la b iliz a n te em
rolamento tip o d ie d ro , tê m u m c o m p o rta m e n to d e lic a d o e m derrapagem devido
a assimetrias c ria d a s p o r e v e n tu a is separações e co m p o rta m um a penalização em
termos de p e s o m a s , e m o p e ra ç ã o às c o n d iç õ e s de p ro je c to , p ro d u zem uma
pequena m as fa v o r á v e l c o n tr ib u iç ã o p a ra a fo rç a p ropulsora, com o ilustrado na
Fig. 10.32, e m q u e a c o m p o n e n te d e sustentação do w in g le t l w na direcção de
U„ prevalece s o b re a c o m p o n e n te d e Dw.
590 CAP. 10 ASAS FINITAS
10.5.3. Asasemflecha
São três as p rin c ip a is ra z õ e s p a ra im p r im ir fle c h a a um a asa:
- relegar p a ra m a io re s v e lo c id a d e s d e operação, ou, mais propriamente, para
números d e M a c h (s u b s ó n ic o s ) m a is e levado s, a ocorrência de indesejáveis
efeitos de c o m p re s s ib ilid a d e , ta l c o m o refe rim o s na Sec. 1.4;
- im p rim ir e s ta b ilid a d e lo n g itu d in a l (e m p ic a d a ) em aeronaves tipo asa
voadora e e s ta b ilid a d e d ir e c c io n a l (e m g u in a d a ) e em rolam ento em
qualquer tip o d e a e ro n a v e ;
- como p a lia tiv o , n u m a fa s e j á a v a n ç a d a d e m ais para reform ulação de um
novo p ro je c to , d e m o d o a g a ra n tir a necessária localização relativa do ponto
neutro e d o c e n tro d e g ra v id a d e d e u m a aeronave — que, na sub-Sec. 9.4.3.,
designámos p o r " m a rg e m e s tá tic a ".
A preciem os o p o rq u ê destes e fe ito s c o m relação à F ig. 10.35, em que estão
ilustrados os casos d e asas p la n a s c o m fle c h a po sitiva e negativa. Comecemos
por c o n s id e ra r a s itu a ç ã o s im é tr ic a d e e s co am en to de aproxim ação de
velocidade U„ a lin h a d o c o m o p la n o c e n tra l d e sim etria da asa. Para uma asa de
flecha A (p o s itiv a o u n e g a tiv a ), d e c o m p o n d o a velocidade do escoamento de
aproximação se g u n d o a n o r m a l à e n v e rg a d u ra estrutural U„cosA e segundo a
direcção dessa e n v e rg a d u ra sen A c o n c lu ím o s que, em bora a velocidade do
escoamento d e a p r o x im a ç ã o s e ja U„, os p e rfis da asa reagem com o se
estivessem a o p e ra r a u m a v e lo c id a d e m e n o r U„cosA <U„, em fluido perfeito a
com ponente s e g u n d o a e n v e rg a d u ra Ux sen A
e s tru tu ra l não p ro d u z iria
qualquer c o n trib u iç ã o p a r a fo rç a s n e m m o m e n to s. É esta a razão porque, com
uma asa e m fle c h a , se c o n s e g u e m re le g a r e fe ito s de com pressibilidade para
Mach's de o p e ra çã o m a is e le v a d o s ; o res u ltad o é o m esm o, seja a flecha positiva
ou negativa — c o s e n o é u m a fu n ç ã o p ar.
C o m p reen d e-se ta m b é m c o m o , c o m fle c h a , é possível im p rim ir estabilidade
longitudinal a u m a a e ro n a v e d o ta d a de p e rfis não auto-estáveis — vidé sub-Sec.
9.4.3. — a q u a l, s e m fle c h a , re q u e re ria o u u m e s ta b iliza d o r produzindo uma
sustentação (e m g e r a l) n e g a tiv a o u u m c a n a rd p ro d u zin d o um a sustentação
positiva: será s u fic ie n te o u im p r im ir to rç ã o n e g a tiv a a um a asa com flecha
592 CAP. 10 ASAS FINITAS
^dir ^•esq
LA = - jp ( [ /00co sA )2 5 a 2D( a s e c A )
de onde
2 P u ~*
Fig. 1 0 .4 3 Possível configuração dos filam entos de vórtices ligados numa região
de intersecção de diferentes componentes sustentadores.
A grande d efic iên c ia d a m o d elação sim p lifica d a ad o p tad a resu lta das
velocidades induzidas, nestas regiões de intersecção, pelos elem entos de vórtices
ligados, os quais, no caso de u m a asa plana sem flecha, não produzem qualquer
contribuição. A m o d e la ç ã o é , n o e n ta n to , ad e q u a d a p a ra d escrev e r
comportamentos n a re g iã o ce n tral de cad a m eia asa ou para quantificar
parâmetros globais, não se lh e podendo ex ig ir que descreva, adequadamente,
todos os efeitos locais.
598 CAP. 10 ASAS FINITAS
h /s C i / C ‘ ,c< 4/Arf
5 1 .0 1 1 ,0 0 1,01
1 1 ,0 2 0 ,9 4 1 ,1 0
0 .5 1 ,0 5 0 ,8 5 1 ,2 7
0 ,2 1 ,1 4 0 ,7 4 1 ,7 5
miinii nnm.mil
a) Organização espacial das três asas
C ° i / CDin=f
le a d er 1 ,0 5 0 ,9 2
'a s a s ' 1 ,0 8 0 ,8 4
* bJL L ^ (A U 2L L ^ .
c DU liv j cU C D W
Admitindo tj, c = const., se o voo for efectuado a velocidade U = const. e a
ângulo de ataque constante, pelo que CLjC D = const., integração da relação
supra entre os pesos inicial W' e final W, fornece directamente para autonomia
E:
rwt J
= dt= l i £ k (1 0 .2 3 .a)
Jw, cU C n
ou atendendo à relação de equilíbrio de forças segundo a vertical
W = L=^-pU2SCL de onde U=
p sc~L :
SEC. 10.6. VOO PARA AUTONOMIA E PARA RAIO DE ACÇÃO 605
p rw
ln (10,23.b)
w /s Wt
Sendo CL(a ) = const., para que a velocidade V se mantenha constante
deverá continuamente aumentar a altitude a que o voo é efectuado, de modo a
que a diminuição de W seja compensada pela diminuição de p (*); o factor
W/p=const. figurando em (10.23.b) pode ser assim tomado tanto como
{Wlp). como (W /p)f .
Se, alternativamente, o voo for efectuado a altitude constante, em vez de a
velocidade constante, então p = const. e a velocidade U deverá continuamente
diminuir para compensar a diminuição de W. A relação a integrar escreve-se
agora
1 f p s C 3L12
í 2 CD W
obtendo-se
~ ~ r c f (10.24)
c w f / s CD
onde o peso final (sem combustível) foi tomado como referência para explicitar
acarga alar [wing loading] WjS.
De (10.23.b) e de (10.24) se conclui que para maximizar autonomia é
requerido
- prestar especial atenção às características propulsoras: E ^ i], c“'
- efectuar o voo a baixa altitude; E p 1/2
- que o aparelho tenha uma baixa carga alar: £«(IV /5)“V2
- voar ao ângulo de ataque para o qual é (C ^/C p) .
Para raio de acção R obtém-se imediatamente, atendendo às relações supra,
c CD W
que integrada produz:
]
R = ~ — ln (10.25)
c Cp wf y
de onde se conclui que:
(*) Por questõ es d e s e g u r a n ç a d e tráfeg o aéreo diferentes faixas de altitude sio atribuídas a
aeronaves n a v eg a n d o e m d ife re n te s sentidos, pelo que este aumento de altitude de voo não é
contínuo m as s im d e p a ta m a r em patam ar; presentem ente os regulamentos de controlo de
tráfego aéreo e sta b e le c e m de sn ív e is de 4000 ft * 1220 m para aeronaves voando em sentidos
contrários.
606 CAP 10 ASAS HN1TAS
<is caractensticas propulsivas têm o mesmo efeito e o mesmo peso que para
autonomia: //, c l;
o raio de aeção e independente tanto da altitude de voo (excepto pela sua
influencia nas variáveis de propulsão) como da carga alar: alteração de p ou
de IV S apenas altera a velocidade a que o voo é efectuado, não alterando a
distância que é possível percorrer com uma dada carga de combustível;
- o voo deve ser efectuado ao ângulo de ataque de ( Q / C p ) ^ .
Admitamos uma descrição analítica simples para a polar da aeronave
completa do tipo
Cp = CDo + CDl com CDl = KC I (10.26)
onde no termo quadrático estão englobadas todas as contribuições para o
coeficiente de resistência dependentes da sustentação: não só a resistência
induzida, o que está formalmente correcto, como e.g. também a resistência de
forma, para a qual a evolução quadrática apenas constitui uma grosseira
aproximação empírica.
Quando se pretende estudar a influência de diferentes áreas alares no
desempenho de uma aeronave com componentes fixos apenas produzindo
resistência — e.g. cargas externas, mísseis, uma antena de radar, o trem de
aterragem — toma-se conveniente exprimir a parcela CD em termos de uma
área p ara sita equivalente [equivalem parasite area] constante (i.e. não
dependente da área de referência escolhida para adimensionalizar forças e
momentos)
S, = SCDo (10.27)
- -- ■----------- Í O V3
SEC. 10.6. VOO PARA AUTONOMIA E PARA RAIO DE ACÇAO 607
E - i W * (10.32)
C Cn w,
e para raio de acção a velocidade U constante
n UCLt
R=------ l n
c Cn V ^r
(10.33)
W /S C l12 [ Wj
= a/2 - In
c P CD ^Wf
e a altitude constante, p — const.:
-.1/2 f
^ -1 . (10.34)
V ’
'Dq V3
c dl ~ Q >0/ 3 * C d r “ 3 Ç d 0» Q .* J 3 K
(10.36)
Cd ) r 4 J K C Dq
& I = 0 ,8 7 [ — (10.37)
^DJr 2 l CZ>/£
De (10.30) e (10.37) constatamos que é a mesma a finesse nos pontos
(< ».L • k-faL e cerca de 87% da finesse máxima.
Estes vários pontos óptimos de desempenho estão assinalados na polar
parabólica da Fig. 10.51.
dW DU
-+P.U
dt
se reduz de mais de 1900 km para menos de 1600 km; também, e.g. para raio
de acção, enquanto que máximo raio de acção sem geração de potência eléctrica
é conseguido a Q « 0 ,8 6 , correspondendo ao ponto de (CL/C0) , com
geração de potência eléctrica passa a ser conseguido a Ct «0,80.
Concluamos este pequeno apontamento sobre desempenho em voo de
cruzeiro com um breve comentário sobre voo planado. Na Sec. 1.1. tínhamos
obtido que máximo raio de acção era conseguido ao ângulo de ataque de
(Q/Q>)max — ech (1*4); máxima autonomia será conseguida à velocidade de
descida mínima. Com referência à Fig. 1.3 vem
D
í/vert = E/sen 7 « E/tan y ~ U
~V2
fwjs cD
(10.38)
i P C f
peio que máxima autonomia ou velocidade de descida mínima é conseguida ao
ângulo de ataque de (c^/2/Q>)
Conhecida a polar aerodinamica CL vs. CD imediatamente se constrói a
chamada polar de velocidades de um planador para determinados W/S e p:
curva de velocidade de descida E/veit versus velocidade na horizontal
representada na Fig. 10.53. Nesta curva são directamente identificáveis os
pontos correspondentes a raio de acção máximo em atmosfera calma, a
velocidade de descida mínima (máxima autonomia) e a velocidade mínima de
V00~ a CW < > «Perda-
Salienta-se que, em voo planado, máxima autonomia é conseguida sempre
ao ângulo de ataque de (cl/2/CD) mas que máximo raio de acção é
' /max / v
conseguido ao ângulo de ataque de (Q /C p ) apenas em condições de
atmosfera calma; se se voar com vento de frente ou de cauda ou em ascendente
ou descendente as condições de voo para máximo raio de acção são diferentes
das correspondentes a {CL/CD) . Este facto está ilustrado na Fig. J0.53 em
que, interessando trabalhar em termos de velocidades reíativamente ao solo e
não em relação à massa de ar em que o planador se desloca, em vez de se alterar
610 GAP. 10 ASAS FINITAS
B
em atmosfera calma
ÁL = ^ p [ ( t / _ + u f - í/ * ] S C L = p u U „ S C L
(10.39)
SEC. 10.6 RESPOSTA A RAJAOAS 611
um
a) Rajada horizontal b) Rajada vertical
F ig. 10.54 Aeronave em turbulência.
4n = — * i p v t / „ —— « C, , — (10. 40)
W 2P W /S La W /S 1 J
Concluímos, por exemplo no caso extremo de uma aeronave eficiente
dotada de motores alternativos e hélices em voo de autonomia, que são
perfeitamente antagónicos os requisitos para grande autonomia e para pequena
resposta a rajadas: por um lado CLa e CL elevados e W/S baixo — eqs.
(10.23.b) ou (10.24) — e por outro CLa e CL baixos e W/S elevado — eqs.
(10.39) e (10.40). Neste caso, para não sacrificar o desempenho em cruzeiro,
haverá necessidade ou de prover a aeronave com um sistema de aumento de
estabilidade ou, se se tratar de uma missão de observação utilizando câmaras
video ou de infraverm elhos, de instalar a câmara numa plataforma com
estabilização giroscópica ou então recorrer a técnicas de processamento para
estabilização das imagens.
Maior insensibilidade à turbulência atmosférica pode, sempre que
necessário, ser im pressa num a qualquer aeronave degradando as suas
características aerodinâmicas através de uma deflexão de spoilers ou de freios, o
que é prática corrente na aviação em geral — vidé Fig. 10.55 [73].
612
PREAMBULO 613
Re « 1 e Re 5 0 < R e < 3 x l0 3
Fig. 11.3 Escoamento em torno de um cilindro circular a diferentes números de Reynolds.
614 CAP.11 CORPOS NÀO-FUSELADOS
Fig. 11.4 Configuração do escoamento num referencial solidário com a estrada de vórtices.
CL
ii) a pressão de b ase | base pressure] ser sensivelmente constante e menor que a
estática a infinito; n o te-se que não existe qualquer incompatibilidade entre
Ub~0< U „ e p b ~ co n st.< de onde Cpb< 0, pois que a pressão total se
não conserva ao atravessar a folha de vórtices — vidé eq. (2.19).
0 problema do estu d o da esteira próxim a traduz-se assim no estudo do
escoamento potencial e x te rio r ao corpo e à esteira. É um problema que não
pode ser resolvido p or um m étodo iterativo, como no caso do escoamento de
fluido real em torno de um perfil alar a pequenos ângulos de ataque, pois nos
encontramos agora p erante um a situação de interaeção viscosa / invíscida forte;
tal requer que, logo à partida, seja considerado não apenas o corpo sólido em
estudo mas sim corpo m ais esteira, i.e. corpo + 5*. A dificuldade reside no facto
da forma da esteira não ser conhecida a priori.
A dificuldade pode porém ser torneada passando, através de uma sequência
de transformações, do p la n o do escoam ento, em que a forma da esteira é
desconhecida, para um plan o onde parâmetros característicos do escoamento
possam ser estabelecidos, revertendo-se então ao plano físico por transformações
inversas.
Nesta secção se rã o apresen tad o s alguns dos modelos invíscidos m ais
significativos para tratar o escoam ento a nível da esteira próxima, começando-se
pela teoria das linhas de corrente livres de Kirchhoff-Helmholtz, avançada em
1869 e que, su b stitu in d o o corpo por corpo + esteira, primeiro conseguiu
relevar o paradoxo de d'A lem bert, produzindo um valor CD* 0 em escoam ento
permanente, b i-d im en sio n al de fluido perfeito, até modelações baseadas no
método numérico dos painéis.
( 11 . 1)
y ©
* a, í
Fig. 11.6 Transformação de Schwarz-Christoffel aplicada
ao domínio interior a uma figura poligonal.
Na expressão anterior:
- os a /s são os ângulos internos do polígono
- os a/s são as coordenadas dos pontos do eixo real Ç em que são
transformados os vértices do polígono
- K é um factor de escala, eventualmente complexo.
Em geral, três das coordenadas a, dos transformados dos vértices do
polígono podem ser escolhidas arbitrariamente.
Quando um dos vértices do polígono estiver localizado a infinito, o ângulo
interno associado a y, digamos, será nulo; neste caso podemos, sem perda de
generalidade, considerar que o ponto transformado em Ç (i.e. | - a }) está
também a infinito, de modo que o factor é efectivamente constante e
pode ser considerado como englobado na constante K.
Comprovemo-lo para o caso em que um dos vértices do polígono
corresponde ao ponto al =-©o do eixo real do plano dos f s.
Escolhendo para o factor de escala a forma
i=2
SEC. 11.1. ESTEIRA PRÓXIMA 617
:omo
-1
C -a,
lim = 1
V -a ,
Atemos finalmente
B ©
^ A
% a ©
CV'
-s*/2
-I +1
-K \ 2
D E
C' D' A' = E ' B' C'
Fig. 11.7 Transformação de uma faixa semi-infinita num semi-plano.
z = -iK \n + C.
~ç n 2 1
A correspondência Ç = -l< > z = - h r /2 fornece directamente C = - j ^ .
correspondência Ç = 1<> z = i ^r/2 conduz então a
(*)
i—= - i ATln(—1) —i—~ k K - i —
2 1 7 2 2
de onde Af = i .
Obtém-se finalmente
í * r~:----- \
. TC
Z= ln 0 1 .2)
J
_1i *
-1 1
B' S' (: s b
ii) !2 = ln f = l n - 4 ] 8 = l n - + i0
we u
A introdução desta variável complexa Q constitui a chave da solução de
Kirchhoff-Helmholtz e é tal que, ao longo da face frontal da placa:
3(í2)= 0 = const.= ±7r/2 e, ao longo das linhas de corrente livres:
9?(í2) = ln(l/«) = const.= 0 pois « s l ; o domínio do escoamento fica assim
transformado numa faixa semi-infinita em O;
iii) a faixa semi-infinita em Í2 é então transformada no semi-plano superior X
por aplicação de Schwarz-Christoffel, eq. (11.2.):
620 GAP. 11 CORPOS NÁOFUSÉLADOS
(11.4)
(11.5)
( 11.6 )
d
Através de (11.4) e de (11.5) e atendendo a (11.6) a cinemática e a
geometria do escoamento ficam assim completamente determináveis a partir do
plano A, relacionado com W por (11.3).
Quanto à resistência da placa, sendo p b = p„ ou Cpb= 0 ela será apenas
devida às sobrepressões actuantes na face frontal; em termos adimensionais virá:
com:
i) C,f = l- « ? e
dy = -id z = - i —
- |i
(*) e
SEC 111 FSTEWAPAÔOtt «21
dX
í 1 1.7)
JT+ 4
Substituindo corpo por co rp o + £ * — corpo semi-infinito — a teoria das
linhas de corrente livres toi o prim eiro modelo de escoamento potencial a
fornecer um valor não nulo para a resistência de pressão, assim relevando o
paradoxo de d'Alembert.
0 grande senão do m odelo de Kirchhoff-Helmholtz reside no facto de
produzir um valor C/1((h« 0,88 exageradamente baixo comparado com o que
veio a ser obtido experim entalm ente anos mais tarde (1927) por Fage e
Johansen (45J: Cn * 2 ,1 3 ; a discrepância, como então se verificou, é
fundamentalmente devida à intensa sucção na base de corpos não-fuselados
pb<p„, efeito este não considerado no modelo de Kirchhoff-Helmholtz.
Outros modelos foram então propostos de modo a permitir contemplar um
Cpb<0; o modelo de Riabouchinsky [8, 114], instalando um corpo fictício a
jusante do corpo real, o m odelo do jacto reentrante [8, 114], etc. O modelo
fisicamente mais correcto foi porém o avançado por Roshko em 1954 e que
apresentaremos na próxim a sub-secção.
Nota-se, a finalizar, que o modelo de Kirchhoff-Helmholtz é, por exemplo,
perfeitamente adaptado a descrever o escoamento bi-dimensional através de
uma fenda numa placa plana, com o na situação ilustrada na Fig. 11.10 de
descarga de um reservatório para a atmosfera.
Note-se que qualquer outra curva característica SIS", tal como a curva a
traço-ponto na Fig. 11.11, onde os pontos B \ B e I são coincidentes, seria
compatível com o resultado Cpy^ = \~ k 2\ porém, já não seria p b = const. na
esteira próxima, como experimentalmente verificado.
Ilustra-se na Fig. 11.12 a sequência de planos utilizados para transformar o
domínio do escoamento no domínio do potencial complexo.
As velocidades são adimensionalizadas por Us = kU go de modo a que, tal
como no modelo de Kirchhoff-Helmholtz, os círculos nos planos u e f = l/«
tenham raios unitários; resulta então para a velocidade a infinito; u„ = l/k.
A passagem de Ç para X envolve uma rotação recta e aplicação da
transformação de Joukowski:
SEC. 11,1. ESTEIRA PRÓXIMA 623
1
Í - I
* = 2 ^ f.
no ponto í é = £, de onde X l = k —i j ou
tf - 1
Xj - i h com h~
2k
A passagem de X p ara t envolve uma duplicação de ângulos (X ), uma
translação de + t f e um a normalização por ( t f + 1), de modo a que os pontos
de separação S e S' venham a residir em t = 1:
X2 +h2
t-
h2 + 1
itf + 1 tf + 1
fn d' = ~~r
b .b a 2 com a= ( 11. 8)
tf- 1
O plano do potencial complexo é simplesmente o inverso de /: W = \/t.
De X = X (Ç) e de t ~ t { X ) obtêm-se as transformações inversas
í ^ - i V Ã 5 +1 ±1 /
t f +1
624 CAP.11 CORPOS NÀO-FUSELADOS
C=±i- (11-9)
2k ( J W a‘ (IV
Dado que Ç=lju=dz/dW obtém-se para o campo geométrico
z=J ÇdW
.*2+l W
=±i +atan ( 11 . 10)
2k al -W
tendo a constante de integração sido determinada a partir da condição W = 0
em 2 = 0.
As eqs. (11.9) e (11.10), complementadas com a relação (11.8), fornecem
uma descrição completa do campo de escoamento.
Pontos característicos referem-se a *F = 0 e > 0: superfície frontal da
placa e linhas de corrente livres. Para a largura da placa obtém-se:
2k ifc2 + l
d = 23(z)Wsl = - ----1--- 7------ • tan
2 *2+ l 2k
a espessura máxima da esteira é
k2+ 1
k2- 1
e ocorre à distância da placa
f * 2+ ^ 2 r + i k+ i
+ -------ln------ .
2k k-\
Para A:= 1,54 obtêm-se os seguintes valores numéricos para estes
parâmetros:
d - 1 , 70; d' = 11,9; 6 = 7,74.
Note-se que é desprovido de qualquer significado, e.g., o resultado d = 7,70
para largura da placa, sendo este valor numérico constante apenas consequência
de, no plano do potencial complexo, se ter imposto # ss, =1. Fisicamente
significativos serão os valores adimensionais
d'/d = l 1,9/7,70 -1,55 e 6/<í = 7,74/7,70 = 1
revelando que a esteira tem uma espessura cerca de 55% superior à largura da
placa e que essa espessura máxima ocorre, aproximadamente, a uma largura de
placa a jusante da base.
SEC.111 ES1BRA PftÔXlMA 625
Cp = l - = 1- *2« 2 = 1 -
u
líf
do que resulta
pelo que
r =- Ç h -k 2u2
f) —d0.
Pl d ) 0 ' f' Bf
Substituindo « f = l / |f | . com f dado por (11.9), e atendendo a que ao
longo da face frontal da placa é W real e 0 S <£•á 1 obtém-se, integrando a
anterior relação:
626 CAP. 11 CORPOS NÃO-FUSELADOS
ijM tan
2k
-2 (* 2-!) ( 11 . 12)
k
Fig. 1 1 .1 4 E s c o a m e n to s im é tr ic o e m to m o d e u m c o rp o d e se c ç ã o rectan g u la r
e d e u m a c u n h a d e â n g u lo in te rn o /3 n .
11.1.3. Outrosmodelos
Suponhamos o caso sim ples ilustrado na Fig. 11.16 de um corpo não-
fuselado sim étrico, com um a superfície com continuidade tangencial,
simetricamente posicionado relativamente a um escoamento de aproximação e
com separações nos pontos S e S '; admitamos ainda a existência de uma
transformação conform e z - f ( Ç ) que permita converter o plano Ç, do
escoamento em torno de um cilindro circular, no plano físico do escoamento z.
623 CAP. 11 CORPOS NÃO-FUSELADOS
« = /( C K - c o .r ~ f r ; —
a)6á/teS40 b) R e * * 4 0
R e= 55 «<r=102
«e=161
condições globais, uma camada limite turbulenta se separa mais tarde que uma
camada limite laminar, a esteira deverá agora ser de menor espessura que a Re's
inferiores, do que resultam menores déficits de quantidade de movimento e
portanto uma menor resistência. A Fig. 11.24, em que se apresentam
distribuições do coeficiente de pressão C ao longo da superfície do cilindro
para Reynolds's inferior e superior a Recút = 3 x l 0 5 [145], ressalta a ocorrência
de valores menos negativos de Cp na base do corpo conducentes a um menor
valor de CD a Reynolds's supercríticos. As camadas de corte livres, estando
agora mais próximas, levarão menos tempo a interaccionar, menos tempo terão
as concentrações de vorticidade para crescer e maior será a frequência de
libertação de vórtices.
Assim sendo é natural adm itir que S esteja mais relacionado com as
características geom étricas e cinem áticas da esteira próxima do que cora as
características globais do escoamento. A escala de comprimentos típica da esteira
próxima será a distância m áxim a entre as linhas de corrente livres d' e, a escala
de velocidades, a velocidade Us = kU„ do escoamento exterior às camadas de
corte — vidé Fig. 11.12.
Exprimindo a frequência de libertação de vórtices em termos destes novos
parâmetros
f = G(d',kU„, v )
a análise dimensional conduz a
0,20
,
0.18
* ' *
0,16
0.14 :a ola na
e*• cilindro
cunha a 90*
circular
0,12 * placa com interferência
cilindro com interferência
0,10
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
X e * x lO '
À medida que parte da vorticidade numa das folhas é arrastada para a outra,
as concentrações de vorticidade afastam-se do plano médio de modo a que, para
conservação da quantidade de movimento, o deslocamento total de cada
distribuição seja nulo. Verifica-se assim que a diminuição da intensidade das
concentrações de vorticidade, em relação ao valor da vorticidade inicial, está
intimamente ligada ao aumento da espessura da estrada verificado na prática
durante a fase intermédia do desenvolvimento — lembrar Fig. 11.1 .b).
O único efeito da viscosidade será o de cancelar, por difusão, vorticidade de
sinal contrário no contorno das concentrações de vorticidade deixando, no
entanto, o núcleo central bem definido, o que explica a persistência dos vórtices
discretos por grandes distâncias a jusante do corpo.
SEC. 11.2. ESTEIRA AFASTADA 637
-r -r -r
-O- x
-2ci a 2a
F ig . 1 1 .2 8 Organização linear, discreta, de vórtices pontuais.
u- -i —
r cot —
kz
(11.14.b)
2a a
de onde, desdobrando U = U - i V em parte real e parte imaginária:
U_ T senh (27ty /a )
2a cosh (2 7 T y /a)-c o s(2 ;rjc/a )
T ______ sen (2 7Tx/a)_______
2a c o s h (2 7 ry /a )-c o s(2 7 tx /a )
U é uma função par de x de período a, cujo valor médio ao longo de um
comprimento de onda é
t / = - f Udx - — sign(y) (11.15.a)
a Jo 2a
onde sígn(y) = y/\y\ é o sinal de y: positivo acima da distribuição ( y > 0 ) e
negativo abaixo da distribuição ( y < 0 ) . V é uma função ímpar tam bém de
período a, de onde:
638 CAP. 11 CORPOS NÃO-FUSELADOS
V = - fV íír = 0. (11.15.b)
(jJO
Ainda quando |.v| —>00:
lim £/ = — sign(;y) e lim V = 0. (11.16)
r*±- 2a )-»±~
Daqui se conclui que o efeito desta distribuição periódica de vórtices
discretos é equivalente ao efeito de uma folha contínua de vórtices de
intensidade r/a ■— vidé §8.3.3.1. — tanto:
i) em média ao longo de um comprimento de onda, para todo o domínio —
um vórtice de intensidade r ocorrendo todas as distâncias a> de onde um
valor (médio) de densidade de circulação y = r / a — , como
ii) instantaneamente a grandes distâncias d da distribuição: dja —» °o — notar a
analogia deste resultado com os argumentos expandidos na introdução do
Cap. 1 e na sub-Sec. 8.5.2 para, respectivamente, justificar a hipótese de
meio contínuo e deduzir o teorema de Kutta-Joukowski.
No caso da distribuição dupla de vórtices correspondente à estrada de von-
Kármán e esquematizada na Fig. 11.29 [96, 114] imediatamente concluímos, da
construção geométrica ilustrada, que cada distribuição periódica de vórtices
induz, na outra distribuição, uma velocidade £/w < 0 levando a que, em fluido
em repouso, as duas distribuições progridam imutáveis em direcção ao corpo
que as produziu e se desloca com uma velocidade £/„ > C/w.
deonde:
(/ = - — tanh—71= t/w
2a a (11.17)
V=0.
Demonstra-se [96, 114] que a p resen te distribuição de vórtices só é estável a
pequenas perturbações b i- d im e n s io n a is p a ra v alo res do espaçam ento
adimensional h/a tais que senh {h %/a ) = 1 a que corresponde
Jt/a* 0,281 (11.18)
vulgarmente designado e s p a ç a m e n to d e v o n -K á rm án .
Dado que estradas de vórtices são verificadas persistir por longas distâncias e
que só para valores do espaçam ento adim ensional h/a expresso por (11.18) tal
distribuição espacial d e v ó rtic e s é estáv e l a pequenas perturbações bi-
dimensionais, conclui-se q u e tod as as estradas de von-Kármán ocorrendo na
realidade se tendem a o rg an izar segundo essa única configuração estável; caso
contrário, tenderiam a auto-destruir-se.
A velocidade de convecção dos vórtices em relação ao corpo não-fuselado
será então:
(11.19.a)
-y
-i _o-
—T “O —
y
Fíg. 11.30 Campo de velocidades médias exterior e interior a uma estrada de von-Kármán.
D c
“_£w s f> ^
O O ò ò
A B
F ig. 11.31 Superfície de controlo para determinação da resistência
de um corpo não-fuselado em termos de esteira afastada.
É porém de notar que, dado que o corpo não permanece fixo no referencial
escolhido solidário com a esteira, dois novos vórtices vão sendo libertados em
cada período interiorm ente à superfície de co ntro lo , pelo que, para
(*) É esta a situação considerada para a configuração de Unhas de corrente ilustrada na Fig. 11.4.
SEC. 11.2. ESTEIRA BASTADA 641
D-, p™. = ~ à H „ = ^ = ~ ( V m- V v )
dw iT
— ■— =—
dz 2a ( a 1 a
L \ j V /J
a ,h
com Zq = —+ i —;
4 2
o campo de perturbação só acusa valores não-nulos ao longo do troço BC
da superfície de controlo de grandes dimensões, onde d z ^ i d y , pelo que;
o -PIL-Ellu
Dpenn 2 na a w'
Adicionando as contribuições permanente e não-permanente resulta para j
resistência média ao longo de um período:
D=£ j l +Ell{u_-2t/w)
2na a K w'
ou, em termos do coeficiente adimensional CD e para o espaçamento de von-
Kármán (11.18):
D
o ,= 4 (l,5 9 « w-0,63«5,)
\p u U d'
( 11. 20)
^ (5 ,6 5 u w - 2 ,2 5 « ^ )
d v
com « w= í/w/í/„ e tendo-se feito uso da relação (11.17) para 7 \
A expressão (11.20) para o coeficiente CD de um corpo não-fuselado em
termos das escalas de comprimento a ou h e de velocidade u w características
da esteira afastada é designada por fórm ula da resistência de von-Kármán.
Atendendo a (11.13) e a (11.19) a expressão (11.20) pode, altemativamente, ser
expressa em termos de / ou de S , pois
«w = ^ w = 1_ í k = 1_ / £ = l
U„ t/„ U„ j*-
A fórmula de von-Kármán (11.20) determina CD em termos de escalas
características da esteira afastada — a ou h e mw — , enquanto que (11.11) e
(11.12) o exprimem em termos de escalas características da esteira próxima —
d e Vs = kUeB com k = ^ j i - C pb. Compatibilidade entre as duas soluções, por
exemplo admitindo d* = h e atendendo a que só uma fracção da vorticidade
convectada nas camadas de corte livres se manifesta depois concentrada em
vórtices discretos [144], permitiria reduzir o número de variáveis independentes,
mas tal compatibilização de resultados, embora fisicamente significativa, seria
sempre algo incorrecta, dada a simplificação dos modelos adoptados para
descrever características do escoamento tanto a nível da esteira próxima como da
esteira afastada.
O
Re=W
t/d~ 100
/
«c=500 fe=500 «£=500
z /4 = 3 z /4 = 10 z/<l=105
Fig. 11.34 Figuras de Lissajous para sinais de velocidade instantânea entre dois pontos
a distância variável segundo a envergadura e a diferentes Reynolds s
no escoamento na esteira de um cilindro circular.
Estes resultados não são estranhos porquanto embora seja de prever que,
pelo menos a baixos Reynolds's, a libertação de vórtices a várias cotas seja
perfeitamente regular, não há nenhum mecanismo que fixe o instante a que essa
libertação se inicie nas diferentes estações. É assim de prever que os filamentos
de vórtice libertados possam ser rectilíneos, paralelos, mas não necessariamente
paralelos ao eixo do cilindro, como ilustrado na Fig. 11.35 [60].
n nd
onde U„/(nd) é designada velocidade reduzida [reduced velocity].
Se a estrutura fosse rígida teríamos sempre f = f s e a evolução dos dois
parâmetros seria linear com uma inclinação de 45°, como ilustrado na Fig.
11.37.
Sendo a estrutura flexível, condições de ressonância são atingidas quando
f sfn=\. Nestas condições o corpo desenvolve oscilações de grande amplitude A
e, tal como no caso anterior, passa a ser a deslocação do corpo num e noutro
sentido a comandar a libertação de vórtices, e não qualquer mecanismo de
natureza aerodinâmica. Esta situação de cap tu ra [lock-in] consegue-se manter
numa determinada gama de velocidades reduzidas, após a qual, com
subsequentes aumentos de (/„, a transferência de energia do escoamento para o
corpo já não é suficiente para prevalecer sobre o amortecimento aerodinâmico e
abruptamente ocorre uma diminuição da amplitude das oscilações. Para
cilindros circulares esta região de captura abrange, tipicamente, uma gama de
velocidades reduzidas entre U„/(nd)=1/0,2=5 e 7 e a amplitude máxima das
oscilações verifica-se perto do limite superior. A recuperação dá origem ao ciclo
de histerese ilustrado na Fig. 11.37.
Para meios-cilindros, com a face plana voltada a montante, a região de
captura verifica-se à esquerda do ponto de ressonância, f sfn< 1; para corpos
com outras formas pode-se estender para ambos os lados do ponto de
ressonância.
SEC 113 VIBRAÇÕES INDUZIDAS PELO ESCOAMENTO «47
a) Oscilação só em flexão
------------
b) Oscilação só em torção
F ig . 1 1 .4 2 Mecanismo de flutter.
ef° ‘ ^ P U - Cal D j j - x
êt = % pU lca1Da u l.
Para que o movimento seja auto-sustentado será necessário que seja positivo
o momento de rolamento AÍR produzido pela alteração da força normal Fy nas
duas asas em resultado da alteração do ângulo de ataque, i.e. ACy < 0 para a asa
esquerda onde d tr > 0 e ACy>0 para a asa direita onde A a < 0. A condição de
instabilidade é assim
Tal situação só se poderá verificar após a perda e requer que a asa esteja
dotada de perfis exibindo uma perda relativamente abrupta — e.g. tipo bordo
de ataque — de modo a que o valor muito negativo de dCL/d a possa prevalecer
sobre o valor positivo e também muito elevado de CD, em resultado de
separações massivas, conduzindo a um dCy/d a < 0.
Em aeronaves mais 'renitentes', pode-se tentar forçar uma vrille cruzando
comandos, e.g., para uma vrille para a direita, metendo 'pé para a direita e
manche para a esquerda', o que facilmente se compreende. "Pé para a direita",
i.e. empurrando o pedal direito, faz o leme de direcção deflectir para a direita,
SEC. 11.3. VIBRAÇÕES INDUZIDAS PELO ESCOAMENTO 653
Ar
Fig. 11.47 Apêndice para criar um vórtice Fig. 11.48 Renault 5 e VESTA U.
capturado no vidro traseiro
de um Volkswagen Golf.
'A . ,'
Fig. 11.50 Configuração da esteira para veículos automóvel de 2 e de 3-volumes.
Fig. 11.51 Libertação de vórtices inibida pela instalação de uma placa divisória
na esteira próxima de um corpo não-fusetado.
Fig. 11.52 Relação entre Cp e a distância b /h F ig. 11.53 Instalação de fitas soltas
a que vórtices são formados na esteira de em cabos submarinos,
um corpo não-fuselado com placas divisórias.
SEC. 11.3. VIBRAÇÕES INDUZIDAS PELO ESCOAMENTO 657
SJ M M , co,,,,.
Um
^ Vj
b) Visualização do escoamento
Fig. 11.56 Libertação não-regular de vórtices num corpo c ó n ic o .
SEC. 11.3. VIBRAÇÕES INDUZIDAS PELO ESCOAMENTO 659
H =— = — (g(h)dh,
8o 8oJo
onde <p é o potencial gravítico, h a altitude geométrica, g ( h ) a aceleração da
gravidade, função da altitude, e g Q =9,80665 m /s 2 o valor de g à cota de
referência h - 0 do nível médio das águas do mar.
Desprezando a aceleração centrífuga induzida pelo movimento de rotação
da Terra, comparativamente à aceleração gravítica, obtém-se para forma de
g (h ), pela lei da gravitação de Newton:
vale y = l , 4 .
Valores de referência, à cota h ~ 0, para temperatura, velocidade do som,
pressão, massa específica, viscosidade dinâmica e viscosidade cinemática, são,
respectivamente:
661
662 APÊNDICE A
sT
T +S
com = l,4 5 8 x l0 '6 k g /(m .s.K 1/2) e 5 = 110,4 K.
Apresentam-se, na tabela a seguir, os valores base para cada uma das
camadas da ISA.
0 288,15 101325
- 6,5
11 216,65 22632,0
0
20 216,65 5474,87
+1
32 228,65 868,013
+ 2,8
47 270,65 110,905
0
51 270,65 66,9381
- 2,8
71 214,65 3,95637
-2
80 196.65 0,88627
PROPRIEDADESFÍSICASDAISA 663
dX, _ 3Xj
dxj dXj
X = d f/d x
df = ^ - d x + ^ - d y = Xdx + Ydy
dx ay Y = d f/d y
com
dX_dY_
dy dx
B.2. Funçõesanalíticas
Definição: A função f ( z ) = a ( x ,y )+ ib (x ,y ) da variável com plexa z = x + iy
diz-se analítica num domínio D se for unívoca e diferenciável em
todos os pontos desse domínio.
i) É condição necessária para que f ( z ) seja diferenciável que as quatro
primeiras derivadas parciais d a /d x , da/d y , à b / d x e d b / d y existam e
satisfaçam as equações de Riemann-Cauchy:
da db da db
dx dy ’ dy dx
ii) E condição suficiente para que f ( z ) seja analítica que as quatro primeiras
derivadas parciais sejam contínuas.
Duas das propriedades de uma função analítica f ( z ) = a + ib, importantes
para o nosso estudo, são que i) numa função analítica, x s y figuram sempre na
combinação x + \y = z, pelo que f é uma função de z, e não de x ou de y
separadamente, e que ii) tanto a parte real a como o coeficiente da parte
imaginária b satisfazem a equação de Laplace: V2a = 0, V2ò = 0.
RECOROATÓRIA DE NOÇÕES DE ANÁLISE MATEMÁTICA 665
/ ( z) = +£ A .( z - 2 o)"
|jc|/(*)<fe = 27riSr,
B.4.Algumasrelaçõesintegraisenvolvendo
operadoresvectoriais
Listam-se algumas relações integrais envolvendo os operadores grad, div e
rot;
j VadV = rtadS
j V xã d V =^ fix ã d S
onde n é a normal exterior às superfícies fechadas que encerram os volumes.
B.5.Tiposdeequaçõesàsderivadasparciais
Suponhamos a equação às derivadas parciais de 2* ordem num espaço tri
dimensional
=o p 2 = M l - 1>0
ox oy
em que i>2 - 4 a c = 4/?2 > 0 ( a = /J2, b = 0, c = - l ) .
Em supersónico, pequenas perturbações só se propagam para jusante a uma
região confinada pelo cone de Mach, como argumentado na Sec. 1.4. A
correspondente equação pode seT assim também resolvida por um processo de
marcha ou, mais eficientemente, ser resolvida ao longo das direcções
correspondentes às ondas de Mach, denominadas curvas características e
668 APÊNDICE B
dy dx dy p dx
obtemos í>2 -4 n c = 0, denotando que a equação é parabólica em x.
B.6. FigurasdeLissajous
Admitamos o movimento harmónico bi-dimensional descrito por
x = A, sen(tu, t + ç>,)
I y = Ajsen(©2r + ç>2j.
<P2 = <P,
II
i
RECORDATÓRIA DE NOÇÕES DE ANÁLISE MATEMÁTICA 669
Figuras de Lissajous
apêndice c
Equações do cam po cin em ático d e u m e s c o a m e n to a p ropriedades
constantes em coordenadas c a rtesia n as, c ilín d ric a s e esféricas [ 13]
- dU dUy dUz .
v .c /= — i + — ^ + - ^ = 0
dx ay az
Q Q Q dUy dU*
* dy di y dl dx z dx dy
f d 2u x d zUx
v [ * 2 dy1
.+U*L=_i ^ +
1 dl p dl
670
EQUAÇÕES DO CAMPO CINEMÁTICO 671
1d
V=2M- - 1<?U(í
[ d fU A 1 dV 1 (due 1du.)
íã u t ãur \
T- =^ =/ib f +i r
C.2.4. Equações de Navier-Stokes
1 dU „
fl.= 'Vt sen tf ) -
tf sen 0 tftf tf sen tf tfÇ>
^ - ________
Q 1 MgS.
9 tf sen tf tf0 tf tftfK )
xrr~^-R
dR
xee~ ± i E i +E*
R de R
—2/z 1 dU * I U r_ + ^ £ } ^
tfsen tf dtp R tf
T*e~ x8r- H t f - i r í V L i i í V
. tftf l tf; tf <?tf
_T i tfu* tf El o
> r0R~H hr - - —*-+ /? —í- I
[ tf s e n tf dtp tftfl
xep ~ tf — —f , 1 dU„
tf tf0 v sen 0 J tf sen 0 dtp
equações do campo cinemático 673
c 3 4, Equações de Navier-Stokes
BE*
Dt dt dR R de RsenO dtp R
■ - ~ + v { ^ U R~ ~ U R _2
pdR R2 R2 d g ~JfUecotfl-
R2 sen d dtp J
£Ejls ?B<l +u
Dt dt dR R de RsenO dtp R r
= _ I J - ^ E + V ( s / 2U i 2 âU * U« 2cose
pR de Ç 6 R2 de R 2 sen20 R2sen20 dtp
V2=— —
R2 dR R2senOO0v dd) R2sen2o(^O02J
APÊNDICE D
Simulação da fronteira de um corpo
com distribuições superficiais de singularidades
-V $-< P V \ (D.2)
.n d S = 0 . (D.3)
130 0
---J ~ + ~2 \dS = 0;
r dr r
674
SIMULAÇÃO DA FRONTEIRA DE UM CORPO 675
A distribuição expressa por (D.5) pode ainda ser substituída por uma
distribuição superficial ou só de fontes ou só de dipolos. Seja 0 { harmónica na
região 7?, encerrada pela superfície S e seja 0 o potencial de perturbação em
causa. Se P for um ponto em V será:
o que mais uma vez exprime que <í> em P é devido a uma distribuição
superficial de fontes e de dipolos. A densidade destas distribuições é porém
diferente da dada em (D.5), reflectindo que a representação de d>(P) através de
uma distribuição de fontes e de dipolos não é única. Este resultado está de
acordo com os teoremas de unicidade, segundo os quais a solução determinada
para 0 só será única quando ou o valor de 0 ou o valor de d0/dn for
prescrito na fronteira da região onde 0 é harmónica.
Comecemos por considerar uma condição fronteira de Dirichlet, de valor
imposto, prescrevendo 0 = 0 X sobre S. A anterior equação para 0 {P ) reduz-se
neste caso a
Listagem do código
program ISA
character resp*5
real miu, niu
dimension Hb(8) ,beta(7) ,Tb(7) ,pb{7)
data gO/9.80665/rRar/287.05287/, gama/1.4/, r/6356766/
*, Hb/0., lle3,20e3,32e3,47e3,51e3,71e3,80e3/
*,beta/-.0065,0., .001, .0028,0.,-.0028,-.002/
\Tb/ 2 8 8 . 15,2*216.65,228.65,2*270.65,214.65/
* , p b / 1 0 1 3 2 5 ., 2 2 6 3 2 .0 ,5 4 7 4 .8 7 ,8 6 8 .0 1 3 ,1 1 0 .9 0 5 ,6 6 .9 3 8 1 ,3 .9 5 6 3 7 /
write (*, ' ('' ******************************************1')1)
write (*, 1 ('f
write(*,'('' FUNDAMENTOS DE * " ) f )
rho=p/Rar/T
miu=l.458e-6*T**1.5/{T+110.4)
niussmiu/rho
write(*,1020) Hgeom,g, T, a,p,rho, miu,niu
50 write(*,1030)
read(*,'(a)') resp
if (resp.eq.’s ’.or.resp.eq.'S') goto 10
stop'##### FIM DE EXECUCAO #####'
Execute , .
***#*******************»oM<**>Mc^>MoMolo|oM(**
* *
* FUNDAM ENTOS DE *
* AERODINAMICA *
* INCOMPRESSIVEL *
* >K
* Propriedades físicas da *
* atmosfera padrao internacional (ISA) *
* de 0 a 80 km *
* *
* V. de Brederode, 1997 *
Listagem do código
program THWAITES
do 170 i=l,np
C Integracao trapezoidal
Ue52=Ue(i)**5
if (i.eq.l.or.(i.eq.2.and.Ue(1).eq.O)) goto 40
intOe5=intUe5+ (Ue51+Ue52)* (x(i)-x(i-l))/2.
teta=sqrt (0.45*niu*intOe5+const)/Ue(i)**3
C Diferenciacao linear
dTJedx= (Ue (i) -Ue (i—1)) / {x (i) -x (i-1))
goto 50
40 dUedX'(Ue(2)-Ue(l))/(x(2)-x(1))
teta-tetaO
if (Ue(l).ne.O) goto 50
C Escoamento de ponto de estagnacao
teta=sqrt(0.075*niu/dUedx)
50 Rx-Ue<i)*x(i)/niu
Rteta=Ue(i)#teta/niu
1ambda«“t eta **2/niu *dUedx
if (i.eq.l) goto 110
C * * # * * # * * * * # •* ♦ * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * '* * * * * * * * * * * .» *
1010 format(A)
1020 formate ’,i4, f7.0, f7.3,3f7.3, lpell.3,0pf8.3, lpell.2,0pf7.0)
1030 formatt/,* *** Lantoda - 0.25 a x aprox. -'.fS.O,* mi «♦*•)
1040 formate *,* *** Limite superior de validade do método ***',/)
1050 formatí/, ' *** Transicao ocorre aprox. a x ma',
*' ***',/>
1060 fornat e !V, *! *** Transicao ocorra aprox. a x •*» f5.0, * em",
♦' ***',/'!*)
S0^0 f^rmatf/,* *** Separacao ocorre aprox. a * «•'»
....................., / )
1080 f o r m a t e ! ' / , ’ ! *** Separacao ocorre aprox. a x • m \
®ncí
s.ibr^.ut in e saltaco re
character string
I*" s* ri ng • ' *
readO , ' (A) ') str-rrg
if (string.eq. V *) goto 10
heckapaceO)
return
end
682 A P ÊN D IC E E
x (mm) Ue (m/s
0 1.1
10 1.098
25 1.095
50 1.09
100 1.08
200 1.06
300 1.04
400 1.02
500 1.0
600 .98
700 .96
800 .94
900 .92
1000 .9
end
Listagem do código
program HEAD
if (H.gt.1.6) goto 60
H1=0.8234/(H-l.l)**1.287+3.3
goto 70
60 Hl=l.5501/(H-0.6778)**3.064+3.3
70 h2=Hl
S=Ue(1)*teta*Hl
C CALCULO DA EVOLUÇÃO DA CAMADA LIMITE
i0=0
b(l)=teta
b(2)=S
d=x (2) -x (1)
Uel=Ue(1)
dUedxl=dUedx(1)
x(np+1)=2.*x(np)-x(np-1)
do 180 i=2,np+1
do 170 1=1,4
goto (100,80,100,90),1
80 Uel= (Uel+Ue (i) )/2.+d* (dUedxl-dUedx (i) )/8.
dUedx1=(dUedxl+dUedx(i))/ 2 .
goto 100
90 Uel=Ue(i)
dUedxl=dUedx(i)
100 Hl=b(2)/b(l)/Uel
C CRITÉRIO DE SEPARACAO: H=2.4 <> Hl=3.59
if (Hl.gt.3.59) goto 120
if (.not.(i.eq.2.or.i.eq.3.and.l.eq.l)) goto 110
write(*,1020)
goto 190
110 x0=x (i-1 )+ (X (i-2) -x (i-1))/ (h3~h2) * (3.59-h2)
write(*,1030) x0*1000.
write (2,1040) x0*1000.
goto 190
120 if (Hl.lt.5.3) goto 130
H = (0.8234/(Hl-3.3))**(1./1.287)+1.1
goto 140
130 H=( 1 - 5 5 0 1 / ( H 1 - 3 , 3 ) ) * * ( 1 . / 3 , 0 6 4 ) + 0 6778
140 Rteta=Uel*b(1)/niu
CÓDIGOS FORTRAN 685
1010 format(A)
1020 format(/,' *** Condicoes iniciais inadequadas conduzem a
*H > 2.4 ***')
1030 fomat(/, ' *** Separacao ocorre aprox. a x =',f5.0,' nro',
*i ***',/)
1040 format (' í '/, ’! *** Separacao ocorre aprox. a x =',f5.0,1 mm',
*» ***•^
1050 formatC ', i3, f7.0, f6.1, f7.2,2f7.2, f7.3, lpell.3,0pf6.2,lpel0.2,
*0pf7.0)
end
Ç *******************************************************************
subroutine RK4{i0,b,c,d,k,g)
C Entrada 2
30 do 40 j-1,2
g (4*j—2)= C (j)*d
b(j)=k(j)+g(4*j-2)/2.
40 continue
goto 90
C Entrada 3
50 do 60 j-1,2
g (4*j-1)=c{j)*d
b(j)=k(j)+g(4*j-l)
60 continue
goto 90
C Entrada 4
70 do 80 j-1,2
g(4*j)=c(j)*d
b (j) = (g<4*j—3) +2. * (g (4* j-2) + g (4* j-1))+ g (4* j))/ 6 .+k (j)
80 continue
i0=0
90 return
end
subroutine saltacom
character string
10 string = ' 1
read(l, ' (A)') string
if (string.eq.'!') goto 10
backspace(1)
return
end
x (mm) Ue (m/s)
0 45.
10 44.7
25 44.25
50 43.5
100 42.
200 39.
300 36.
400 33.
500 30.
600 27.
650 25.5
670 24.9
675 24.75
678 24.66
680 24.6
end
CÓDIGOS FORTRAN 687
Listagem do código
program MOODY
character resp*5
real lambda,Inovo
write(*, 1(’' **********************************i’>’)
write (*,'(' ’ * *i M ')
write(*, ' ' * FUNDAMENTOS DE *•’)')
write(*,’(' 1 * AERODINAMICA *i’)
write(*, *(* ’ * INCOMPRESSIVEL *•’>’)
write(*, ’ ' * *•') ’)
write (*,'(' ' * Diagrama de Moody *• ')
write (*, ' ' * *•') ')
write(*,' (’1 * V. de Brederode, 1997 *' ’)')
write(*,' (' ' *********************************** M ')
write (*,*)
write( * , * )
write ( * , '(*' Numero de Reynolds : Re ? '
read(*,*) Re
if(Re.gt.2300) goto 20
C Equacao de Hagen-Poiseuille
lambda=64./Re
goto 50
20 write(*,'C1 Rugosidade relativa: epsilon/D ? ’',$)')
read(*,*) epsilon
C Fronteira do regime completamente rugoso (Pigott)
if(Re*epsilon.lt.3500) goto 30
688 APÊNDICE E
E x e c u te
>K>íoKJK>>«toK>«>K>K>|o|o|o(<Jfo|o(<5(oJoK>K>KJíof<>K)K>foío(ojoKX<>)<>k
* *
* FUNDAMENTOS DE *
* AERODINAMICA *
* INCOMPRE SSIVEL *
* *
* Diagrama de Moody *
* *
* 7. de Brederode, 1997 *
>MoMoK>k>K>to|oK>K>M<>|oK>(otofoM(>(oMolOMo|o|oK>|o|<)tOi<>f(
Listagem do código
program PAINÉIS
c h a r a c t e r I n F ile * 1 5 , O u tF ile* 1 5 , re sp
r e a l x b p (61) ,y b p (6 1 ) ,b (6 0 , 60) ,u (6 0 ,3 ) ,xcp(6 0 ),y cp (6 0 ) ,1 (60),
* n (6 0 ,2 )
common a ( 6 0 ,6 0 ) , sigm a (6 0 ,3 ), ncp, i e r
d a t a p i / 3 . 1 4 1 5 9 2 6 5 4 /,c o r d a /1 0 0 ./
************************************************ *) *)
w r i t e (*, * * . .) .)
w r i t e (*, ' C * FUNDAMENTOS DE
w r i t e (*, , ( , , ★ AERODINAMICA * " ) ')
w r i t e (*, ’ ( ' ’ * INCOMPRESSIVEL *M ),)
w r i t e (*, 1k
w r i t e (*, ' < " * C a r a c t e r i s t i c a s aerodinâm icas *” ) ’)
w r i t e (*, •< ” * de c o rp o s s u s te n ta d o re s b i-d im e n sio n a is
w r i t e (*, ■* p e lo método dos p a in é is de Hess & Smith
w r i t e (*, ’ <’ ' ★
w r i t e (*, , r , * V. de B rederode, 1997 * . . ) . )
w r i t e {*, ’ ( . . ***********************************************'')')
w r i t e (*, *)
w r i t e (*, *)
C LEITURA DAS COORDENADAS DO PERFIL
w r i t e ( * , ' ( ' * Nome do f i c h e i r o d e e n tra d a : ' ’,$ ) ’)
r e a d ( * , 1010) I n F i l e
open ( u n i t = l , f i l e ® I n F i l e , s t a t u s - 1o l d ')
c a l l s a lta c o m
r e a d (1 ,* ) nbp
c a l l s a lta c o m
do 30 i = l , n b p
r e a d (1, *) xbp ( i ) , ybp (i)
30 c o n tin u e
c l o s e (1)
w r i t e ( * , ' ( * ' Nome do f i c h e i r o d e s a id a : 1 ' , $ ) ')
r e a d ( * , 1010) O u tF ile
o p e n ( u n it* 2 , f ile = O u tF ile , s ta tu s » 'n e w ')
w r i t e (* ,* )
w r i t e (*, ' ( ' ' *** C a lc u la n d o .. . " ) ' )
w r i t e (* ,* )
C CALCULO DAS COORDENADAS DOS PONTOS DE CONTROLO, DO COMPRIMENTO
C DOS PAINÉIS E DAS COMPONENTES DAS NORMAIS UNHARIAS EXTERIORES
C NOS PONTOS DE CONTROLO
n cp = n b p -l
s l-0 .
do 40 i = l , n c p
xcp ( i) = (xbp (i)+ x b p (i+ 1 ) ) / 2 .
ycp ( i) - (ybp ( i) +ybp (i+ 1 )) / 2 .
x«xbp (i+ 1 ) -x b p (i)
y*ybp (i+ 1) -y b p ( i)
1 ( i)= s q rt(x * x + y * y )
690 APÊNDICE E
s l= s l+ l(i)
n ( i,l) * y /l( i)
n ( i,2 ) — x /l( i)
40 c o n tin u e
C CONSTRUCAO DAS MATRIZES DOS COEFICIENTES DE INFLUENCIA:
C a ( i , j ) & b ( i , j ) , r e s p e c t i v a m e n t e c o m p o n e n te s n o r m a l e t a n g e n c i a l
C (norm al e x t e r i o r e t a n g e n t e c o n s i d e r a d a p o s i t i v a no s e n t i d o d i r e c t o )
C da v e l o c id a d e i n d u z id a no p o n to d e c o n t r o l o i p o r uma d i s t r i b u i ç ã o
C c o n s t a n t e d e f o n t e s d e i n t e n s i d a d e u n i t a r i a a o lo n g o d o p a i n e l j ,
do 60 j = l , n c p
do 50 i = l , n c p
i f ( i . e q . j ) g o to 50
C C o o rd e n a d a s do p o n to d e c o n t r o l o i n o r e f e r e n c i a l d o e le m e n to j:
C t r a n s l a c a o s e g u id a d e r o t a c a o
x = x c p (i)-x c p (j)
y = y c p (i)-y c p (j)
x j « - x * n ( j , 2 ) + y * n ( j, 1)
y j = - x * n ( j , 1 ) - y * n (j , 2)
x p l= x j+ l(j)/2 .
x m l = x j - l (j ) / 2 .
C C om ponentes d a v e l o c i d a d e i n d u z i d a n o r e f e r e n c i a l d o e le m e n to j
u j = a l o g ( ( x p l* x p l+ y j* y j) / ( x m l* x m l+ y j* y j) ) / 4 . / p i
i f ( a b s ( y j ) .l t .l E - 0 6 ) th e n
v j= 0 .
e ls e
v j- ( a ta n ( x p l/y j) -a ta n (x m l/y j) ) / 2 . /p i
e n d if
C C om ponentes d a v e l o c i d a d e i n d u z i d a n o r e f e r e n c i a l g e r a l
C ( r o ta c a o i n v e r s a )
u i= - u j* n ( j , 2 ) - v j * n (j , 1)
v i= u j* n ( j,l) -v j* n ( j,2 )
C C om ponentes n o rm a l e t a n g e n c i a l d a v e l o c i d a d e i n d u z i d a
C no p o n to d e c o n t r o l o i
a ( i, j) = u i* n ( i,l) + v i* n ( i,2 )
b ( i , j ) = - u i * n ( i , 2 ) + v i * n ( i , 1)
50 c o n t in u e
C A u to - in d u c a o
a (j , j ) = 0 .5
b ( j , j) = 0 .
60 c o n t in u e
C ESCOAMENTOS INCIDENTES ELEMENTARES:
C 1 . E sc o a m e n to u n if o r m e d e i n t e n s i d a d e u n i t a r i a s e g u n d o Ox
C 2 . E s c o a m e n to u n if o r m e d e i n t e n s i d a d e u n i t a r i a s e g u n d o Oy
C 3 . E s c o a m e n to c i r c u l a t ó r i o p u r o i n d u z i d o p o r uma d i s t r i b u i ç ã o
C s u p e r f ic ia l d e c ir c u la c a o de in te n s id a d e u n i t a r i a c o n s ta n te ,
d o 80 i = l , n c p
s i g m a ( i , l ) = - n ( i , 1)
s ig m a ( i,2 ) = - n ( i,2 )
s ig m a ( i,3 ) = 0 .
u ( i , 1 ) = -n ( i , 2)
u ( i , 2 ) * n ( i , 1)
u ( i,3 ) = 0 .
do 70 j = l , n c p
s ig m a (i, 3 )= s ig m a (i, 3 )+ b ( i , j )
u ( i , 3) =*u ( i , 3) + a ( i , j )
70 c o n tin u e
80 c o n t i n u e
CÓDIGOS FORTRAN 691
subroutine Gauss
c c m o n a (60, 6 0 ), s (60, 3 ) , n , i e r
d im en sio n x ( 6 0 ,3 ) , s o m a t(3)
ie r» 0
do 40 i » l , n - l
do 30 j - i + 1 , n
razao=*a (j, i) /a(i,i)
do 10 n c » l ,3
s (j , n c ) = s ( j , n c ) - r a z a o * s < i , n c )
10 c o n tin u e
do 20 k = i+ l,n
a (j , k ) « a ( j , k ) ~ r a z a o * a ( i , k)
20 c o n tin u e
30 c o n tin u e
40 c o n tin u e
C S u b s t i t u i ç ã o i n v e r s a de J o r d a n
do 50 n c * l ,3
x (n, nc) =s (n, nc) / a (n , n)
50 c o n tin u e
do 100 i - n - 1 , 1 ,- 1
do 60 n c = l,3
som at< n c)* 0 .
60 c o n tin u e
do 80 j = i + l , n
do 70 n c * l ,3
som at (nc) « so m at ( n c ) + a ( i , j) * x ( j , n c )
70 c o n tin u e
80 c o n tin u e
i f ( a ( i , í ) . e q . 0 ) th e n
ie r* l
re tu rn
e n d if
do 90 n c - 1 ,3
x ( i ,n c ) * ( s ( i,n c ) -so m at ( n c ) ) / a ( i , i)
90 c o n tin u e
100 c o n tin u e
d o 120 i = l , n
d o 110 nc=*l, 3
s ( i,n c ) = x ( i,n c )
110 c o n tin u e
120 c o n tin u e
en d
s u b r o u tin e s a lta c o m
c h a ra c te r s tr in g
10 s t r i n g = ' *
r e a d ( l , ' (A)’ ) s t r i n g
i f ( s t r i n g . e q . ' ! - ) g o to 10
b a c k s p a c e ( l)
re tu rn
end
CÓDIGOS FORTRAN 693
; p e r f i l NACA 2412
y/c<%)
x/c<%)
0.
100.
95. 1.14
2 .0 8
90.
3 .7 5
80.
5 .1 8
70 .
6 .3 6
60.
7 .2 4
5 0.
7 .8 0
40.
7 .8 6
30 .
7 .6 7
25.
7 .2 6
20.
6 .6 1
15.
5 .6 3
10 .
7 .5 4 .9 6
4 .1 3
5.
2 .9 9
2 .5
1 .2 5 2 .1 5
0. 0.
- 1 .6 5
1 .2 5
- 2 .2 7
2 .5
- 3.01
5.
7 .5
-3.^ 6
- 3 .7 5
10 . - 4 .1 0
15.
- 4 .2 3
20.
- 4 . 22
25 .
- 4 .1 2
30.
- 3 .8 0
40.
- 3 .3 4
50.
-2 .7 0
60.
70.
-2.14
- 1 .5 0
80 .
- 0.82
90.
- 0 .4 8
95 .
0.
100 .
end
694 APÊNDICE E
s e n F * s in (fle c h a )
c o s F ^ c o s (fle c h a )
ta n F = ta n (f le c h a )
e n v = l. /n p
do 40 i*»l,np
z v (i)« re a l(i)/n p
if ( i.e q .n p ) z v ( i) = l.-e n v /4 .
lb v ( i ) = z v ( i ) / c o s F
i f ( i . e q . l ) th e n
z p c (1 )= z v ( l ) / 2 .
e ls e
zpc (i) = (zv (i) +zv ( i —1)) / 2 .
e n d if
c ( i) = c r * ( l.- z p c ( i) * ( 1 .- a f i l ) )
xpc ( i ) = z p c ( i ) * t a n F + c ( i ) / 2 .
40 c o n tin u e
C CONSTRUCAO DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE INFLUENCIA
do 60 i = l , n p
ln = x p c ( i) * c o s F - z p c ( i) * s e n F
lt= x p c ( i) * s e n F + z p c ( i) * c o s F
1 0 = s q rt(ln * ln + lt* lt)
ln i= l n + 2 . * z p c ( i)* s e n F
i f ( a b s ( l n i ) .l t .l e - 6 ) ln i= le - 6
l t i = l t - 2 . * z p c ( i)* c o s F
do 50 j » l , n p
lz ® z v ( j ) - z p c ( i )
l x = x p c ( i ) - z v (j ) * ta n F
l z i = l z + 2 . *zp>c ( i)
C v e lo c id a d e in d u z id a p e l o v ó r t i c e a r r a s t a d o
v t= ( l.+ lx /s q r t( lx * lx + lz * lz ) ) / l z
C v e lo c id a d e in d u z id a p e l o v ó r t i c e a r r a s t a d o imagem
v t i = (1 .+ l x /s q r t( l x * lx + lz i * lz i ) ) / l z i
d = s q rt(ln * ln + (lb v (j)-lt)* * 2 )
d i= s q rt(ln i* ln i+ (lb v (j)-Iti)* * 2 )
C v e lo c id a d e in d u z id a p e l o v ó r t i c e l i g a d o
v b = ((lb v (j)-lt)/d + lt/1 0 )/ln
C v e lo c id a d e in d u z id a p e l o v ó r t i c e l i g a d o imagem
v b i= ((lb v (j)-lti)/d i+ lti/1 0 )/ln i
a (i,j)= (v b + v b i+ v t+ v ti)/p i4
50 c o n tin u e
60 c o n tin u e
C RESOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES
C PARA O CONJUNTO DE ÂNGULOS DE ATAQUE
C C o n s tru ç ã o d o s seg u n d o s membros
to r c a o astorcao*D 2R
do 70 j = l , n a l f a
a l f a (j ) = a l f a (j ) *D2R
do 70 i = l , n p
s o l ( i ,j ) = - ( a l f a ( j)+ to rc a o * z p c (i))
70 c o n tin u e
C R e so lu ç ã o do s is te m a de e q u a ç õ e s p e l o m éto d o d e G auss
c a l l G a u s s (n a lfa )
i f ( i e r . n e . 0 ) g o to 120
CÓDIGOS FORTRAN 697
CALCULO E ESCRITA DAS DISTRIBUIÇÕES
E DOS RESPECTIVOS VALORES INTEGRAIS DE FORCAS E MOMENTOS
do 110 l = l , n a l f a
w r i t e ( * , 1020) a lfa (l)/D 2 R
w r i t e (2 ,1 0 3 0 ) a l f a ( l ) / D 2 R
w r i t e (* ,* )
w r i t e ( * , ' {’ ' I d . x /s z /s a lfa i c l 1',
' ' c * c l/c m e d cdi cm c/4' ’) ')
w rite ( * , '( ''
w r i t e ( 2 , ' ( ' ' ! id . (graus) " ) •)
x /s z /s
'' c * c l/c m e d cdi a lfa i c l '',
c m c /4 '' ) 1)
w r i t e (2, ' ( ’ ’ !
(g ra u s)' ' ) ' )
C C a lc u lo d a d i s t r i b u i ç ã o de c irc u la c a o
gam m a-0.
d o 80 i « l , n p
k = n p -i+ l
gama (k) =gamma+sol (k, 1)
gamma=gama(k)
80 c o n t in u e
C L asa= 0 .
C D ia sa = 0 .
CM asa=0.
do 100 i = l , n p
c l = - 2 . *gama ( i) / c (i)
c c l = c ( i ) * c l * 2 . /S r e f
c C a lc u lo do campo de v e lo c id a d e s descendentes
c a p a r t i r do p la n o de T r e f f tz
v=0.
do 90 j = l , n p
r = z v (j ) - z p c ( i )
ri= z v (j)+ z p c (i)
v = v + so l (j , 1) * (1. / r+ 1 . / r i ) /p i4
90 c o n t in u e
c d i= -c l* v
c m = c l* z p c ( i) * ta n F /c ( i)
w r i t e (* ,1 0 4 0 ) i , x p c ( i ) , z p c (i) ,v /D 2 R ,cl, cc l,c d i,c m
w r i t e (2, 1040) i , x p c { i ) , z p c ( i ) , v/D 2R ,cl, c c l, cdi,cm
c C a lc u lo d o s v a l o r e s in t e g r a i s
S=c ( i) * e n v
CLasa=C Lasa+S*cl
C D iasa=C D iasa+S*cdi
CMasa=CMasa+S*c (i) *cm
100 c o n tin u e
C L asa= 2 . * C L a sa/S ref
C D ia sa = 2 . * C D ia sa/S ref
CM asa=4. * C M asa /S ref/S re f
e=*CLasa*CLasa/ (pi*CDiasa*AR) *10°-
write (*,1050) CLasa,CDiasa,e,CMasa
write (2,1060) CLasa,CDiasa,e,CMas
110 c o n tin u e
1010 f o r m a t (A)
1020 fo rm a t ( / / / , 1 a l f a { g ra u s) = \ f 5 . 1 )
103 0 f o r ma t ( ' J ! a l f a ( g r a u s ) = ’ , f 5 . l , / . !M
1040 f o r m a t ( i 4 , 5 f l Q . 3 , f l l . 5 , f l O .4 )
1050 fo rm a t( /,* CL a s a = ' , f 6 . 3 , / , r CD i a s a =• fft c
* / , ' e (%) = ' r f 6 . 1 , / , ' CM c/4 a s a = ' , f 7 . 4 ) * ’ '
1060 f o r m a t 1 ! CL a s a = \ f 6 . 3 , / , ' ! CDi âsa
* / , ’ *. e (%) = ’ , f 6 . 1 , / , ’ í CM c/4 a s a = ' , f 7 . 4 ) ' 8' 5'
1070 f o r m a t ( / / / 1 *** A m a t r i z d o s c o e f i c i e n t e s d e i n f i „ a .
&- s i n g u l a r * * * ■ ///) lu e n c ia e ',
end
Q ***************************************************** ****#ltit
*****<
s u b r o u tin e G a u ss(n 2 )
C RESOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELO MÉTODO DE GAUSS
common a (4 0 ,4 0 ) , s ( 4 0 ,1 0 ) , n , i e r
d im e n s io n x (4 0 /1 0 ) , s o m a t (10)
ie r= 0
d o 40 i = l , n - l
d o 30 j = i + l , n
r a z a o = a (j , i ) / a ( i , i )
d o 10 n c = l , n 2
s (j , n c ) = s (j , n c ) - r a z a o * s ( i , n c )
10 c o n tin u e
d o 20 k = i + l , n
a ( j , k) = a ( j , k) - r a z a o * a ( i , k.)
20 c o n tin u e
30 c o n tin u e
40 c o n tin u e
C S u b s titu iç ã o in v e r s a de Jo rd a n
d o 50 n c = l , n 2
x (n , n c ) = s ( n , n c ) / a ( n , n)
50 c o n tin u e
d o 100 i = n - l , 1 , - 1
d o 60 n c * l , n 2
s o m a t(n c )= 0 .
60 c o n tin u e
d o 80 j = i + l , n
d o 7 0 n c = l r n2
s o m a t ( n c ) = s o m a t (n c ) + a ( i , j ) * x ( j , n c )
70 c o n tin u e
80 c o n tin u e
i f ( a ( i , i ) . e q . 0) t h e n
ie r= l
re tu rn
e n d if
d o 90 n c = l , n 2
x ( i,n c ) = ( s ( i,n c ) - s o m a t( n c ) ) / a ( i , i )
90 c o n tin u e
100 c o n tin u e
d o 1 20 i = l , n
d o 1 10 n c = l , n 2
s ( i , n c ) “ x ( i,n c )
110 c o n tin u e
12 0 c o n tin u e
end
CÓDIGOS FORTRAN 699
subroutine saltacom
character string
10 string * '
read<l, ' ( A ) ’) string
if (string.eq.•!’) goto 10
b a c k s p a c e (1)
re tu rn
end
A sa t r a p e z o i d a l com f l e c h a
C o n ju n to d e â n g u lo s d e a ta q u e (m ax.10):
n o . a l f a 's a l f a m in alfa m ax
5. 10.
end
a lfa (g ra u s) = 5 .0
CL a s a * .2 0 8
CDi a s a « .0 0258
e <%) = 8 8 .9
CMc / 4 a s a - .1 3 3 9
700 A P Ê N D IC E E
! a lfa ( g r a u s ) = 1 0 .0
CL a s a = .562
CDi a s a = .01 67 4
e (%) = 1 0 0 .3
CMc/4 a s a = .4081
Nota: Chama-se a atenção do leitor para o valor fisicam ente incorrecto e - 100,3% obtido
para o coeficiente de eficiência de O swald a a = 1 0 °. E ste valor e>100% ,
fisicamente incorrecto porquanto referido ao correspondente à distribuição óptima de
circulação para asas planas, reflecte a im precisão num érica do método para a
discretização simples, mas grosseira, escolhida e para a aproximação dos pequenos
ângulos adoptada. Esta a razão por que, no corpo do texto, a comparação entre as
prestações de diferentes formas de asas foi feita não em termos de e mas de qualquer
outro parâmetro menos sensível, e.g. em termos do ângulo de ataque geométrico
requerido para produzir um m esm o valor de C L — CÍ3D = 1 nos casos
exemplificados nas sub-Secs. 10.5.1., 3. e 5.
APÊNDICE F
Programas MAPLE
701
702 A P Ê N D IC E F
> assume(r>=0):
> z := r*e x p (l'th e ta );
> w :=z+1/z+rG am m a*ln(z);
> Gam m a:=1;
> psi>slm plify(evalc(lm (w )));
> plot3d([r*cos(theta),r*sin(theta),2*psi],r=0..7,theta=0..2*P i,
> grid=[700,700],scaling=cpnstrained,style=contour,
> orientation= [-90p0],axes=norm al,num points=40000,color=black,
> linestyle=1 ,th ickness»2,view =[-2.5..2.5,-2.5..2.5,-4..6]);
PROGRAMAS MAPIE 703
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 711
Relação de "film-loops" de que foram extraídas im agen s para ilustrar o texto; estes "film-
loops", produzidos para o National C om m ittee for F lu id M ech a n ics F ilm s, U SA , são
distribuídos pela Encyclopaedia Britannica Educational Corporation.
713
714 DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS
t,I [iota] P . P
a .A [alfa]
P,B [beta]
k .K [kapa] a ,I
X , A [lambda] x, T
y,T [gama]
H, M [miu] v ,Y
5 _a [deto]
£,E [épsilon] v ,N [niu] <|>, 4>
Ç. Z [zeta] ç .s [ksi] x .x
ri , H [eta] o ,0 [ómicron] y ,¥
0 .0 [teta] 7t,n [pi] to , Q
718
índice remissivo
A celeração
de Coriolis: arame de transição:
369 área 241
parâmetro de: 311 alar:
advecção: 118,266 32
admitância: parasita equivalente:
382 aresta de reversão: 606
aerodinâmico 472
arrastamento:
centro: 258,297
486,533 velocidade de:
freio: 258,312
67,541 asa
túnel: 9,240,438,445 díptica: 57Q
aeroelasticidade: 596,647 em delta: 598
afilamento: 584 em flecha: 9^
aileron: 34 rectangular: ’ 535
(s) diferenciais: 544 trapezoidal: 534
d'Alembert, paradoxo de: 147,451 triangular: 535
alhetas helicoidais: 657 voadora: 533,591
a lia s in g : 256 (s) não-planas: 535
ataque
alongamento: 561
ângulo de: 14
altimetria: 19
altímetro barométrico: 20 bordo de: 13
altitude atmosfera
padrão internacional: 19,661
de pressão: 20
classes de estabilidade: 387
geométrica: 661 condições de estabilidade da: 383
geopotencial: 661 atrito, resistência de: 43,198,304,452
altura auto
geostrófica: 370 -correlação, coeficiente de: 254
gradiente: 370,378/9 -estáveis, perfis: 532,536
amplificação -indução: 493
espacial: 228 -preservados, escoamentos: 293
temporal: 228 -rotação
analítica, função: 399,664 asa em:
helicóptero em: '41
ângulo de
ataque: 14 autogiro: 141
475 autonomia:
absoluto:
de perda: 58,507 241
de projecto: 481 B a llo tin i:
89
efectivo: 562 barreira do som:
ideal: 481 base
68,614
562 de um cotpo não-fuselado:
induzido: 68
583 pressão de:
derrapagem: 120,556
559 Beltrami, escoamentos de:
diedro: 18,73,119,122
92,553 B em oulli, eq. de:
flecha: 142
460 Betz, limite de:
incidência: Biot-Savart, lei de: 160,565,574
momento nulo: 485
6 Blasius , , q c,,
planeio: fórmulas de: ’
pranchamento: 7,588
lei de fricção de:
sustentação nula: 33,475
354 solução de, w
torção de uma CL 3D: teorema de:
aproximação dos pequenos ingulos: 180
719
‘20 W f REMISSIVO
N o q u o u n c n io a p ro x im a ç õ e s de c a m a d a s de corte
de esteira: 135, 446 d e lgadas la m in a re s 2 D : 168,175
e le ito de: 446 a p ro x im a ç õ e s de cam a d a s d e corte
b o la com e le ito : 395 d e lg a d a s tu rb u le n ta s 2 D : 268
bo lh a iie separarão: 64,259 eqs. d ife re n c ia is d e cam a d a s d e corte
curta: 509 d e lg a d a s la m in a re s 2 D : 182,191
longa: 510 eqs. d ife re n c ia is d e cam a d a s de corte
contracçào de: 531 d e lg a d a s tu rb u le n ta s 2 D : 270
rebentam ento de: 510 tran sição e m c a m a d a s de corte delgadas:
bolhas de hidrogéneo; 61 227,354
bordo c a m a d a de E k m a n : 371
de ataque: 13 c a m a d a lim ite : 39,167,348
e m dente de serra: 595 a x i-s im é tric a : 190
reb ative l: 545 c o m s u c ç ã o u n ifo rm e : 212
de ftiga: 13 e m s u p e rfíc ie ru g o sa: 288,307,379
anguloso: 473 a p ro x im a ç õ e s d e C L 3 D : 348
e m aresta de reversão: 472 c o n tr o lo d e : 210
m a rg in a l: 35,553 e q . in te g r a l d e C L 2 D : 184/8,192,271
bossa la m in a r: 522 eqs. d ife r e n c ia is d e C L 2 D : 182,191,270
Boussinesq eqs. d ife r e n c ia is d e C L 3 D : 350/1
aproxim ação de: 385 es p e s su ra d e C L 2 D : 40
m o d e lo d e visco sid ade turbulenta: 273 e s p e s su ra d e C L 3 D : 355
braço de cauda: 131 m e c a n is m o d e c re s c im e n to de
Bradshaw C L la m in a r: 39,199/200
'árvore' de: 249 C L tu rb u le n ta : 256/8
de fin iç ã o de c a m p o turbulento : 243 p a râ m e tro s in te g ra is : 184
m o d elo de turb u lê n c ia de: 276 s e p a ra ç ã o d e C L 2 D : 55,172,202
B regu et-Léduc, eqs. de: 604 s e p a ra ç ã o d e C L 3 D : 359
B ru n t-V ã isã là , frequência de: 386 c a m a d a lim ite a tm o s fé ric a : 368
B u c k in g h a m , te o re m a dos 77 ’s: 48 c â m a ra d e e s ta b iliza ç ã o : 12
B u y s B a llo t, le i de: 370 c a n a l h id ro d in â m ic o : 240
canard: 34,533,602
C a b r a g e m , m o m e n to de: 33 c a rb u ra d o r, p r in c íp io d e ope ra çã o : 28
calibração de Patel: 346/7 C a rb o ru n d u m : 241
camada carga
da parede: 281,299 alar: 605
de corte: 51,167 d e u m p e r f il a la r: 523
d e corte liv re : 51 fa c to r de: 8
de E km a n : 371 cascata
de m istura: 52 d e e n e rg ia : 247
d e tensão constante: 283 d e pás: 144,446
exte rio r: 2 8 2 ,291,299 Cauchy
in te rio r: 2 8 1 ,283,299 te o re m a s de: 449,665
lim ite : 39,167 v a lo r p r in c ip a l de: 565
tam pão: 287,299 ca u d a , b ra ç o de: 131
sobre-cam ada viscosa: 298 caudal
sub-cam ada la m in a r: 285 c o rre c tiv o : 329
sub-cam ada linear: 285,299 m á s s ic o : 26
sub-cam ada viscosa: 287,299 26
v o lu m é tr ic o :
camadas de corte 36
c a v ita ç ã o :
delgadas: 51,167 C e b e c i e S m ith , c r it é r io d e tran sição : Z&
liv re s : 51 ,2 1 6 ,3 3 4 c e n tra g e m :
53b
ÍNDICE REMISSIVO 721
centro: 362 in flu ê n c ia :
aerodinâmico: 486,533 493
m o m e n to de picada: 484
de gravidade: 533
a v a lia ç ã o experim ental do: 549
de pressão: 488 perda de carga:
passeio do: 489 127
p la n e io : a
de um perfil: 462
p o tê n c ia d e u m a tu rb in a eólica: 142
cérceas: 595 pressão:
chaminé cilíndrica: 23,152,424
659 resistência: 1198,504,566
choque avalia ç ã o experim ental do:
destacado: 86 549
sucção:
em X: 91 213
sustentação: 32,466,566
forte: 85
fraco: ava lia ç ã o e x p e rim e n tal do: 549
85
oblíquo: 84 tensão d e corte superficial: 188
normal: 83 v o lu m e
onda de: 82 d o estabilizador: 535
perda por: 89 de profundidade: 535
cilindro circular coerentes, estruturas: 307
com circulação: 394,428 c o la p s o d e vórtices: 599
em escoamento uniforme: 394,422 C o le b r o o k e W h ite , fó rm u la d e : 320
cilindro elíptico: 458 c o lu n a d e água, m ilím e tro s de: 21
cinemática, viscosidade: 47,111 com andos cruzados: 652
cinética, energia: 18,118,244,267 c o m p le x o
circuito material: 153 p o te n c ia l: 399,456
circulação velocidade: 399,456
conservação no espaço: 157 c o m p o n e n te de esteira: 300,358
conservação no tempo: 155 intensidade da: 300,309
cilindro circular com: 394,428 c o m p rim e n to
distribuição elíptica de: 569 d e m is tu ra : 273,288,358
distribuição geral de: 563 d e M o n in -O b u k h o v : 386
eq. de definição de: 121 de onda: 228
geração de circulação num cilindro e q u iv a le n te de conduta: 327
circular em rotação e translação: 433 escala d e (s): 42
geração de circulação numa condição de
placa plana a incidência: 467 K u tta : 463,499,583
significado físico de: 149 não-escorregam ento : 38
círculo re g u la rid a d e a in fin ito : 390
gerador (s ) fe c h o : 270
centrado na origem: 460 (s ) R ie m a n n -C a u c h y : 664
descentrado segundo o eixo c o ndução d o c a lo r, eq. de: 112/3
imaginário: 473 conduta: 26 ,12 5
descentrado segundo o eixo real: 471 (s ) e m p a ra le lo : 326
teorema do: 439 (s ) e m série: 326
classes de Pasquill-Gifford: 387 (s ) ram ificad as: 327
Clauser c u rv a em : 130
diagrama de: 344 e s c o a m e n to e m (s ): 1 2 5,171,323
parâmetro de equilíbrio de: 295 e x p a n s ã o a b ru p ta n u m a; 127
Coanda, efeito: 258 redes de (s): 327
coeficiente de re g iã o d e entrada: 224
auto-correlação: 254 c o n d u tiv id a d e turbulenta: 385
correlação espacial: 252,255 cone
correlação temporal: 253 de M ach: 78
fricção: 127,175,317 e m e s c o a m e n to u n ifo rm e : 658
?22 ÍNDICE REMISSIVO
perda
Onda de asas e m flecha:
82 595
de choque: de carga
normal: 83
concentrada: 128,327
oblíqua: 83
e m lin h a : 26,126,171,325
de compressão: 83
singular: 128
de expansão: 83
de perfis alares: 55,506
de Mach: 85
dinâm ica: 513
de Prandtl-M eyen 87
p o r choque: 89
de pressão: 76
p o r rotação na esteira: 144
de T ollm ien-S chlichting: 232
tip o bordo de ataque: 511
sonora: 76
tip o bo rd o de fuga: 508
com prim ento de: 228
tip o p e rfil delgado: 510
frente de: 76/7
ângulo de ataque de: 58,507
núm ero de: 228,245,255,380
avisadores de: 511
resistência de: 88,466
coeficiente de perda de carga: 127
origem virtual de 506
tipos de:
u m difusor: 173 13,459
p e rfil (a la r):
u m jacto: 219,335 c o m d u p la curvatura: 530
um a camada lim ite turbulenta: 307 e m flu id o real: 501
OiT-Som m erfeld, eq. de: 229 e m S: 530
Osw ald, factor de eficiência de: 567 oscilante: 516
oval de Ranldne: 392 (s) auto-estáveis: 532,536
(s ) E p p ler: 531,537
P ainéis (s ) evo lu tiv o s : 570
método dos painéis 2D : 492 (s) de Jo u k o w s k i: 397,460
método dos painéis 3D : 579 (s ) lam inares: 522
par fonte / poço: 393 (s ) L ie b e c k : 527
paradoxo de d A le m b e rt 147,451 (s ) N A C A d e 4 -d íg ito s : 519
parâmetro de (s ) N A C A lam inares: 522
(s ) N A S A G A ( W ) : 524
aceleração: 311
(s ) W h itc o m b : 524
C oriolis: 370
(s ) W o rtm a n n : 527
curvatura transversal: 191
carga de um : 523
equilíbrio de C lausen 295
c e n tro d e um : 482
gradiente de pressão: 171,194,202 13
corda de um :
história: 293 cu rva tu ra de um : 14,475
recuperação de pressão: 510 espessura de um : 14,472
parede fle c h a de um : 14,475
camada da: 281,299 p o la r de um : 58,522
le i da: 286,290,358 te o ria dos p e rfis delgados: 497
pás te rm in o lo g ia de p e rfis alares: 13
directrizes: 11 tipos d e (s): 518
de hélice: 36 p e rfil (d e velocidade e m cam ada lim ite)
de helicóptero: 513 de M a g e r: 357
cascata de: 144,446 lo n g itu d in a l. 353
Pasquill-Gifford: 387 s e m i-lo g a rítm ic o :
passo (de uma cascata de pás): 145 286,290,300,319,358,378
patamar de sucção: 528 tip o p otência: 301,318,356,378
Patel, calibração de: 346/7 transversal: 353,356
pente de tubos: 136,138 p e rfil, resistência de: 452
percurso m édio livre: 252,273 p e rm anente, escoam ento: 9
ÍNDICE REMISSIVO 731