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Palhoça
2017
GILENO RIBEIRO DANTAS DUARTE
Palhoça
2017
Palhoça, de de 2017.
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Orientador: Prof. Cléo Marcus Garcia, Msc.
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Avaliador: Prof. Marcos Fernando Severo de Oliveira, Esp.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa teve como propósito identificar o impacto da fadiga da tripulação para a
segurança operacional do voo. Para o alcance dos objetivos estabelecidos foi realizada uma
pesquisa exploratória, para tal foram coletados dados bibliográficos e documentais com
abordagem qualitativa de análise. Entre os principais resultados, o modelo de regime geral do
trabalho dos pilotos aéreos aparece como a principal causa para a fadiga do voo que interfere
sobre suas capacidades físicas e psíquicas comprometendo o desempenho seguro em voo. A
relação entre a fadiga do voo e acidentes e incidentes aéreos é evidente conforme mostram as
estatísticas, desse o Gerenciamento do Risco da Fadiga para a Segurança Operacional do Voo
é crucial como contribuição às medidas que visam reduzir os riscos operacionais na aviação. A
fadiga é a principal causa de natureza humana para acidentes e incidentes aéreos, com isso a
fadiga operacional da tripulação deve ser avaliada e gerenciada para que seus impactos à
segurança do voo sejam os mínimos possíveis. O gerenciamento dos riscos deve gerenciar
principalmente o cansaço da tripulação através de sistemas capazes de avaliar melhores
condições de trabalho como média maior de folgas e menos horas de trabalho, no Brasil os
resultados mostraram que os pilotos brasileiros sofrem maior carga de trabalho quando
comparados a alguns outros países, o que reafirma a urgência no desenvolvimento e execução
de um Sistema do Gerenciamento do Risco da Fadiga alinhado às orientações da OACI sobre a
Segurança do Voo.
This research aimed to identify the impact of crew fatigue on operational flight safety. To reach
the objectives established for an exploratory research, for such with collectors bibliographic
and documentary data with qualitative approach of analysis. Among the main results, the
general regimen model of pilots work seems to be a major cause for flight fatigue that interferes
with their physical and psychic abilities, compromising safe flight performance. The
relationship between flight fatigue and accidents and incidents are evident as statistically as
high as that of Fatigue Risk Management for Flight Safety is crucial as the contribution to
measures aimed at reducing aviation operational risks. A fatigue is the main cause of human
nature for accidents and incidents, so it is a development tool for the creation of an assessed
and managed to its impacts to the security of the shipment. Risk management should mainly
manage crew fatigue through better working conditions such as greater average work hours and
fewer hours of work, not Brazil. The results showed that Brazilian pilots suffer more workload
when compared to some other countries, which reaffirms an urgency without development and
implementation of a Fatigue Risk Management System in line with the ICAO Flight Safety
Guidelines.
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................3
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ..............................................................................4
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................4
1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................4
1.2.2 Objetivos Específicos.........................................................................................4
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................4
1.4 METODOLOGIA ...............................................................................................5
1.4.1 Natureza e tipo de pesquisa.................................................................................5
1.4.2 Materiais ..........................................................................................................6
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .....................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................7
2.1 AS PRINCIPAIS CAUSAS E SINTOMAS DA FADIGA EM PILOTOS..................7
2.2 O IMPACTO DA FADIGA PARA O DESEMPENHO LABORAL DO PILOTO DE
VOO ........................................................................................................................10
2.3 A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DO RISCO DA FADIGA PARA A
SEGURANÇA OPERACIONAL DO VOO..................................................................12
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................15
REFERÊNCIAS .......................................................................................................18
3
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
gerenciamento e redução gradativa dos riscos operacionais pelo fator humano (MACHADO e
CAMPOS, 2014).
No entanto, o fator humano não atua isoladamente para a ocorrência de acidentes,
mas suas práticas estão relacionadas a fatores técnicos e organizacionais que influenciam para
comportamentos de risco (FAJER, ALMEIDA E FISCHER, 2011).
Nesse contexto, o estudo do impacto da fadiga em pilotos para a segurança
operacional do voo é fundamental. Apesar de não existir um consenso acerca da fadiga, é fato
que ela pode interferir na saúde física e mental/psicológica do indivíduo reduzindo as
capacidades que o ser humano possui para atividades laborais (KUBE, 2010 apud CARMO,
2013).
A relevância dessa pesquisa é justificada pela importância na segurança operacional
do voo com enfoque no fator humano. O gerenciamento do risco da fadiga em pilotos aéreos
melhora a qualidade de vida desses profissionais como também é importante para minimizar ao
máximo possível a ocorrência de acidentes que ultrapassam as perdas materiais, visto que
podem por em risco a integridade física e a vida de tripulantes e passageiros.
Assim, a presente pesquisa busca conscientizar as companhias aéreas acerca do
necessário e crucial gerenciamento do risco da fadiga em pilotos para manter a segurança do
voo que é primordial para o setor aéreo.
1.4 METODOLOGIA
Essa é uma pesquisa exploratória, pois visa o desdobramento teórico do tema sobre
o impacto da fadiga para a segurança operacional do voo. O procedimento de coleta de dados é
bibliográfico e documental, pois serão pesquisados artigos em periódicos online, teses e
dissertações, bem como livros produzidos por outros autores acerca do tema escolhido e
documentos oficiais como disponibilizados pelo CENIPA. Em tempo, a pesquisa exploratória
atende a três principais objetivos, sendo “desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do
pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura
mais precisa ou modificar e classificar conceitos” (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 188).
Segundo Gerhardt e Silveira (2009) , a coleta de dados bibliográfica é a mais
importante para o desenvolvimento de quaisquer pesquisa, pois nela o autor do estudo busca
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dados literários de temas já desenvolvidos por outros autores. Já a coleta documental é bastante
parecida com a coleta bibliográfica, porém o autor busca os dados a partir de documentos como
relatórios de pesquisas, manuais, tabelas estatísticas, etc.
Por fim, a abordagem usada para a análise de dados foi qualitativa, ainda de acordo
com Gerhardt e Silveira (2009, p. 32) “a pesquisa qualitativa preocupa-se, com aspectos da
realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da
dinâmica das relações sociais”.
1.4.2 Materiais
Artigos
Teses
Dissertações
Livros
Sites e documentos oficiais relacionados à área da aviação.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Além desses sintomas, é importante destacar que, de modo geral, a fadiga está
diretamente relacionada à perda da eficiência e esse ponto é responsável por drástica capacidade
do trabalho. Entre as causas diretas para o aparecimento da fadiga crônica estão as jornadas
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O Jet lag é uma fadiga da viagem, uma condição fisiológica consequente de alterações
no ritmo circadiano, provocando mudanças no trabalho do organismo. Cada
organismo está acostumado com o tempo de rotação da Terra e quando uma pessoa
viaja em um avião, mudando de meridianos, pode ocorrer que o dia passe mais rápido
e provoque o Jet lag (SANTI, 2009, p. XVI).
Ainda de acordo com Satin (2009), é importante observar que a baixa iluminação e
o sistema de piloto automático das cabines nas aeronaves elevam o sono e a fadiga, sobretudo
em voos de percursos mais longos. O piloto de voo não pode contar com a iluminação externa
natural. Por fim, Satin (2009) coloca que a idade é outro agravante para o aparecimento da
fadiga e distúrbios do sono, pilotos com mais de 25 anos de idade são mais propensos ao
desenvolvimento desses transtornos.
O regime de trabalho e escala do piloto de voo leva à alimentação fora de horário,
outro ponto que leva esse profissional ao desgaste contínuo (PELLEGRINELLI et. al., 2015).
Portanto, várias características presentes na organização do trabalho do piloto de
voo podem influenciar para o aparecimento da fadiga, além dos sintomas que reduzem a
qualidade de vida dos profissionais, existem consequências de impacto negativo para o
desempenho da tripulação e segurança operacional do voo.
10
1
Estado temporário de sono, movimento que a cabeça faz para frente quando o indivíduo dá um repentino
“cochilo”. (ZAMBUJAL, 2013).
11
julgamento de pilotagem lidera, além desse, outros fatores como aplicação de comandos e
atitude aparecem no ranking, conforme mostra a figura 1.
Ou seja, são fatores que podem estar relacionados à fadiga do voo como descrito
anteriormente.
No total, 20% dos acidentes aéreos são causados pela fadiga do voo, mesmo quando
o voo é conduzido em dupla, pode ocorrer de ambos apresentarem a fadiga, de modo que a
segurança do voo permanece comprometida, sendo fundamental a reestruturação da
organização do trabalho aeronáutico para a tripulação (SANT’ANA, 2014).
Dessa forma, com base nas consequências da fadiga expostas acima faz-se
necessário destacar a importância do gerenciamento do risco da fadiga para garantir maior
segurança operacional ao setor aéreo. Essa importância será apresentada no próximo tópico.
De acordo com Ruppenthal (2013), a importância dos riscos evolui à medida que a
sociedade se desenvolve e evolui o que torna impossível eliminar os riscos envolvidos nas
atividades humanas. Nesse contexto, surge o processo de Gerenciamento dos Riscos que visa
melhorar o nível de segurança nas empresas através de ações que priorizam a prevenção das
ocorrências inesperadas que possam afetar a rentabilidade da empresa devido aos danos físicos,
financeiros ou de responsabilidade com terceiros.
Assim:
possível dos regulamentos desenvolvidos pela OACI. No Brasil, a Convenção foi promulgada
no pelo decreto 21.713 em 1946.
Mais à frente:
Contudo, a fadiga é um fenômeno difícil de ser mensurado, não é algo como medir
a força muscular de alguém ou seu nível de oxigênio. A fadiga foi descrita pela primeira vez ao
final do século VIII, porém mesmo com o excessivo volume de pesquisas sobre a fadiga ao
longo da história não existe um consenso para a definição, o que é possível identificar são as
causas para o aparecimento da fadiga (SANTOS et. al., 2010).
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Outro dado que chamou muito a atenção dos pesquisadores foi o fato de que no Brasil
apenas 18% dos aeroportos possuem procedimentos de aproximação de precisão,
sendo que nos EUA e na Austrália praticamente todos os aeroportos dispõem desse
tipo de equipamento. Com isso, o nível de alerta dos pilotos para realizar uma
operação segura num procedimento de não-precisão deverá ser maior do que nos casos
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onde a automação poderia mitigar - ainda que de forma parcial - os riscos de falha
humana (MENQUINI et. al., 2015, pp. 24-25).
Dessa forma, alguns dos pontos básicos para o gerenciamento da fadiga do voo no
Brasil não fazem parte de nossa realidade.
Sobre isso, a nova lei do aeronauta aprovada recentemente pelo Congresso, caso
seja sancionada pelo então Presidente da República. Entre os objetivos da lei está a proposta de
aumentar o número médio mensal de folgas dos pilotos para reduzir a probabilidade da fadiga
e riscos operacionais. A lei também prevê uma mudança sobre o gerenciamento de escala dos
pilotos tendo por base parâmetros para identificar os períodos mais críticos de cansaço e
comprometimento da atuação segura dos pilotos. Para isso, as companhias aéreas deverão
considerar o histórico de trabalho dos pilotos. Caso a lei seja sancionada, mas a empresa opte
por não prosseguir com o Sistema do Gerenciamento da Fadiga conforme a lei, deverá então
reduzir o horário de trabalho dos seus funcionários (CASAGRANDE, 2017).
Como visto, o ritmo circadiano ou a carga de trabalho dos pilotos de voo estão entre
os principais fatores que podem influenciar na saúde física e psíquica do piloto colocando em
risco uma atuação segura no ato de pilotar. Nesse sentido, a ferramenta FAST (Fatigue
Avoidance Scheduling Tool) é um software capaz de mitigar os riscos operacionais da aviação
brasileira, pois funciona para a “avaliar e prever mudanças de desempenho induzidas por
restrições de sono e de acordo com a hora do dia”. (LICATI et. al., 2010, p. 119).
Portanto, a ferramenta FAST poderá servir o Sistema de Gerenciamento do Risco
da Fadiga para pilotos aéreos brasileiros, ou ainda as companhias aéreas brasileiras podem
desenvolver seus próprios sistemas de apoio para o gerenciamento do risco da fadiga com base
com na lei do aeronauta 13.475 que ainda depende da sanção presidencial. As orientações sobre
média mensal de folgas maior do que a atual, bem como uma reestruturação no regime de escala
do aeronauta são medidas básicas para que os pilotos brasileiros recebam atenção à saúde e
também que a segurança operacional do voo esteja em um nível mais próximo do ideal.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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pilotar um voo com segurança. A fadiga, por sua vez, é resultado direto das características de
trabalho desse profissional como baixo número de folgas, excessivas horas de trabalho e escalas
alternadas que prejudicam o sono do piloto, suas funções psíquicas e físicas. Dessa forma, é
fundamental às companhias aéreas adotarem modelos de Gestão do Gerenciamento de Risco da
Fadiga para aumento da segurança operacional.
Portanto, respondendo ao problema de pesquisa, a fadiga da tripulação desempenha
um forte impacto para a segurança operacional do voo porque prejudica o funcionamento
adequado da tripulação operar em segurança. Assim, o gerenciamento da fadiga é fundamental
para prevenir o comprometimento das habilidades necessárias ao ato de pilotar com segurança.
Isso foi evidenciado ao longo do trabalho, quando inclusive foi observado que a fadiga do voo
está entre os fatores que ocasionaram em acidentes e incidentes aéreos. Por outro lado, também
foi constatado que medidas simples para a gestão da segurança operacional do voo foram
capazes de reduzir o número de incidentes e acidentes na aviação. Assim, o gerenciamento da
segurança operacional do voo agrega ao modelo preventivo de segurança operacional. Para
futuras pesquisas, sugiro que seja abordado sobre a prevenção de substâncias psicoativas entre
pilotos fatigados. Acredito que o tema perpassará sobre a segurança do voo, uma vez que uso
dessas substâncias também pode alterar as funções físicas e psíquicas do piloto prejudicando
seu desempenho em voo.
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REFERÊNCIAS
CASAGRANDE, V. Lei dá mais folga a piloto, mas passagem aérea pode subir, dizem
empresas. UOL Economia, 2017. Disponível em:
<https://todosabordo.blogosfera.uol.com.br/2017/08/04/lei-do-aeronauta-piloto-aviao-
cansaco-seguranca-passagem-mais-cara/> Acesso em: 18 Out. 2017.
CENIPA. Painel SIPAER: Panorama dos acidentes nos últimos dez anos – Fatores
Contribuintes. 2017. Disponível em:
<http://painelsipaer.cenipa.aer.mil.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=SIGAER%2Fgia
%2Fqvw%2Fpainel_sipaer.qvw&host=QVS%40cirros31-37&anonymous=true> Acesso em:
Ago./2017.
LIRA, W. J. Segurança de voo. Aero TD Escola de Aviação Civil: 2015. Disponível em:
<http://www.aerotd.com.br/decoleseufuturo/wp-
content/uploads/2015/05/SEGURAN%C3%87A-DE-VOO-.pdf> Acesso em: Out. 2017.
MENQUINI, A. et. al. Relatório FRMS dos Aeronautas: Uma abordagem científica para o
Gerenciamento do Risco da Fadiga Humana na Aviação Civil Brasileira. Aeronautas Org. 2015.
Disponível em:
<http://www.aeronautas.org.br/wp-content/uploads/2015/12/relatorio_frms_parte2.pdf>
Acesso em: Out. 2017.
OLIVEIRA, J. R. S. et. al. Fadiga no Trabalho: Como o psicólogo pode atuar. Psicologia em
Estudo, Maringá, v. 15, n. 3, p. 633-638, jul./set. 2010. Disponível em:
< http://www.scielo.br/pdf/pe/v15n3/v15n3a21.pdf> Acesso em: Ago./2017.
SANT’ANA, P. 20% dos acidentes aéreos são causados pela fadiga dos pilotos. Jornal Zero
Hora, 2014. Disponível em:
20
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2014/08/paulo-sant-ana-20-dos-acidentes-aereos-sao-
causados-pela-fadiga-dos-pilotos-4584455.html> Acesso em: Ago./2017.
VILARTA, R. et. al. Qualidade de Vida e Fadiga Institucional. Campinas, SP: IPES
Editorial, 2006.