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CAETANO VENDRAMIN
Palhoça
2018
CAETANO VENDRAMIN
Palhoça
2018
CAETANO VENDRAMIN
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Orientadora: Profa. Conceição Aparecida Kindermann, Dra.
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Prof. Esp. Hélio Luis Camoes de Abreu
Dedico este trabalho aos meus pais e meus tios,
pelo apoio e pela oportunidade que me deram
para poder realizar está graduação.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a minha família pelo apoio que sempre me deram, seja ele emocional
ou financeiro.
Agradeço ao meu amigo Vinicius pela ajuda no desenvolvimento do trabalho e
também a minha namorada Caroline por ter me ajudado na construção deste trabalho, devido ao
conhecimento na área da medicina e pela paciência nos momentos que passamos longe.
Não poderia deixar de agradecer minha orientadora Profa. Conceição Aparecida
Kindermann, pela dedicação e paciência que teve durante a realização deste trabalho.
RESUMO
O trabalho a seguir visa adquirir conhecimento sobre os prejuízos causados à saúde da tripulação
pelo exercício de sua profissão, e avaliar métodos conhecidos para a sua prevenção, como forma
de reduzir o risco de desenvolvimento e/ou agravamento de doenças. A pesquisa aborda
essencialmente fatores fisiológicos que possam ser causados ou agravados pela profissão de
aeronauta. Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva com abordagem qualitativa. Em relação
à coleta de dados, trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Com o presente estudo foi possível
observar que a interrupção do ciclo circadiano devido longas jornadas de trabalho impacta de
forma negativa no que diz respeito às funções cognitivas do aeronauta, ou seja, alterando seu
raciocínio e estado de vigília, diminuindo seu tempo de percepção e reação frente a situações de
risco.
The following paperwork has as its goal to provide an insight into the health disturbance caused
by aviation profession on its crew, and to evaluate methods and forms for their prevention as a
way to reduce the risk of disease development and/or aggravation. The research essentially
addresses physiological factors that can be caused or aggravated by the profession of pilots and
flight attendants. This research is characterized as descriptive with a qualitative approach. In
relation to data collection, this is a bibliographical research. With the present study it was possible
to observe that the interruption of the circadian cycle due to long working hours negatively
impacts on the cognitive functions of the aeronaut, that is, altering their reasoning and awaking
state, reducing their time of perception and reaction situations.
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
Este tema foi escolhido em virtude de ser um fator de segurança para aviação e
também por tratar-se do próprio bem-estar do tripulante, em função da segurança ser um quesito
importante, quando se fala sobre uma atividade que exige elevado grau de performance em um
ambiente com estresse constante.
Um tripulante de voo um tripulante de voo ao longo de sua carreia poderá ter
problemas de saúde, em virtude de sua própria profissão. À vista disso, nesta pesquisa, são
abordados sintomas e causas mais comuns e os possíveis tratamentos recomendados pelos
médicos, para que o aeronauta posso se precaver antes que os problemas surjam.
Sabe-se que na história da aviação muitos tripulantes, durante a sua carreira, tiveram
certos quadros clínicos que prejudicaram sua saúde no decorrer do tempo, até mesmo fazendo
com que fossem afastados da profissão a fim de evitar acidentes aeronáuticos.
Esta pesquisa, desta forma, tona-se relevante por tocar em questões como a saúde
do aeronauta ao exercer sua profissão, dado que visa observar, identificar e expor ao tripulante
os possíveis riscos que a profissão pode causar, caso ele seja negligente com a sua saúde.
1.4 METODOLOGIA
2 CRONOBIOLOGIA HUMANA
Neste capítulo, são apresentados o ritmo circadiano, sono e fadiga que se fazem
presente na vida de um tripulante de voo.
A cronobiologia é uma área de estudo que traz reflexões sobre a organização
temporal da sociedade, no sentido de demonstrar eventuais efeitos negativos e propor horários
de atividades compatíveis com os ritmos biológicos do homem. Assim, traz “[...] a discussão
do trabalho humano para o campo do bem-estar dos indivíduos, ultrapassando o nível
imediatista da produtividade”. (ROTENBERG; MARQUES; MENNA-BARRETO, 1999, p.
43).
Buscando o aprimoramento, um dos objetivos da cronobiologia é empregar o
conhecimento dos ritmos ao estudo do desempenho humano, deste modo orientando as
empresas no sentido de aproveitar os picos de disposição dos funcionários, em contrapartida,
diminuir a produção nos horários em que os ritmos apresentam quedas. A cronobiologia alega
que a maior parte dos ciclos biológicos humanos se dá num período de 25,2 horas. O organismo
não percebe a mudança de estações pela diferença de temperatura, e sim pela quantidade de luz,
que varia conforme as estações. (OLIVEIRA, 1989).
A cronobiologia responsabiliza a diminuição da quantidade de luz, pelo
crescimento de surtos de depressão nos meses frios, devido a baixa luminosidade. Por isso, em
países europeus e nos Estados Unidos, já se trata a depressão com fototerapia, em que o
incentivo de luz serve para acertar os ponteiros do relógio biológico. Para realizar o tratamento,
o paciente é isolado em um ambiente desprovido de qualquer sugestão da hora do dia, desta
forma os médicos medem alguns parâmetros fundamentais. Assim, são decretadas as
características dos ritmos biológicos naturais. E estas características mostram como está
funcionando o relógio biológico, mais expecificamente se está atrasado ou adiantado.
(OLIVEIRA, 1989).
que podem alterar a secreção de um dos principais hormônios produzidos durante o sono, o
cortisol. Ele é responsável por estimular a área do cérebro que nos permite identificar o período
do dia em que nos encontramos. Por esse motivo fala-se da importância de um mínimo de 7 a
8 horas diárias de sono, a fim de prevenir problemas de fadiga e diminuir o risco de acidentes.
(ICAO, apud PELLEGRINELLI et al, 2015).
Outro ponto importante que devemos dar ênfase é o mecanismo homeostático, que
está presente no corpo humano, sua função é estimular o corpo humano na presença da luz do
dia. Desta forma a combinação do ciclo circadiano com o mecanismo homeostático é que leva
o ser humano a ficar acordado durante o período do dia e sonolento durante o período da noite.
(GIUSTINA, 2013, apud PELLEGRINELLI et al, 2015).
Devido longas jornadas de trabalho ou voos noturnos, que a tripulação é obrigada
a realizar, sem descanso ou alimentação adequados, acontece a quebra do ritmo circadiano,
fazendo com que o indivíduo passe a mostrar sinais de fadiga. (CARMO, 2013, apud
PELLEGRINELLI et al, 2015).
As empresas costumam adaptar as escalas de voo dos funcionários para que tenham
folgas periódicas, porém isso não resolve os problemas de alterações do ciclo. Pesquisas estão
sendo feitas para desenvolver uma forma de modificar o funcionamento do cérebro através de
hormônios como a melatonina, para que o ritmo circadiano possa ser modificado conforme a
necessidade do tripulante. (RICHARD, 2008).
2.2 SONO
2.3 FADIGA
Toda operação que é realizada por humanos existirá uma probabilidade que ocorra
algum erro, e quando a operação é submetida a situações de estresse ou sobrecarga de trabalho,
a probabilidade da ocorrência do erro é elevada consideravelmente. (HELMREICH, 1998;
FAA, 2002; apud PELLEGRINELLI et al, 2015).
A falha humana representa cerca de 70-80% da ocorrência de acidentes de
transporte, sendo que desses, 20 a 30% possuem a fadiga como importante fator contribuinte.
A fadiga pode ocorrer por diversos motivos, mas na aviação os principais fatos são
pela perda de sono, rompimento do ritmo circadiano, elevadas jornadas de trabalho com direito
a voos na madrugada (AKERSTEDT et al., 2003, apud PELLEGRINELLI et al, 2015).
Os fatores que podem causar a fadiga são variados e ocorrem com frequência na
rotina do aviador, como a falta de sono reparador, ingestão excessiva de cafeína, desidratação,
atividades enérgicas, ruídos, vibrações, doenças, medicação não controlada, hipoglicemia,
hipóxia, variações de temperatura, mudanças no ciclo circadiano, visão debilitada, tédio,
tremores, e problemas externos não resolvidos (RICHARD, 2008).
Desta forma, pode-se concluir que a interrupção do ciclo circadiano devido os
fatores anteriormente citados, estão intimamente ligados com a diminuição da percepção e do
tempo de reação do aeronauta, fazendo com que, consequentemente, ocorra maior número de
acidentes por falha humana.
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Uma parte relevante dos afastamentos nas empresas deve-se aos casos de patologias
ortopédicas. A decisão médica final ocorre pela avaliação do grau de prejuízo funcional residual
encontrado após a lesão ou o dano estarem curados e o tratamento e reabilitação completos.
Claramente situações onde ocorram limitações de movimento, perda de força ou prejuízos
funcionais são prejudiciais à segurança de operação das aeronaves e nesses casos o afastamento
do tripulante é mandatório. (RAYMAN, 2006).
Um estudo indicou que cerca de 80% dos pilotos civis e militares já apresentaram
dores na região lombar, dos quais a maioria não teve maiores complicações ou impedimentos.
A causa mais comum costuma ser a distensão do músculo lombo sacral onde o paciente pode
ser afastado temporariamente para tratamento com relaxantes musculares, terapias físicas,
massagens dentre outros. Também podem ocorrer patologias mais graves, que necessitem de
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tratamento mais intensos, que por vezes necessitam do afastamento da função e que serão
tratadas a seguir. (RAYMAN, 2006).
Alguns casos onde são relatados dores nas costas podem estar relacionados ao
aparecimento de hérnias de disco, que são degenerações dos discos localizados entre as
vértebras da coluna (Fig. 1), pressionando o nervo espinhal provocando dor e/ou disfunção
neurológica, por vezes irradiando a dor pela compressão dos nervos para as pernas. As causas
comuns são o levantamento excessivo de peso ou traumas, que causam o desgaste dos discos e
pode ser diagnosticado pela diminuição da capacidade de movimentação da coluna, redução
dos reflexos de tornozelos e joelhos e exames de imagem. (RAYMAN, 2006).
O tratamento pode ser por medicamentos como analgésicos e relaxantes
musculares, onde é recomendado o descanso e sono em superfícies firmes ou pelo método
cirúrgico, quando o anterior falhar ou houver recorrência dos sintomas, porém uma parte dos
pacientes continuará a sentir dores. No caso do tratamento cirúrgico, os tripulantes precisam
aguardar um período de três a quatro meses antes de retornar ao voo, porém para os dois
métodos, caso as dores continuem e prejudiquem a performance, faz-se necessário o
afastamento da função. (RAYMAN, 2006).
nervais pelo disco herniado. Tal compressão causará dor de forma proporcional ao tamanho da
inflamação, o que será decisivo para uma posição médica referente ao futuro da carreira do
tripulante.
3.2.1.2 Espondilólise
3.2.2 Espondilolistese
estima que em 2025 essas doenças serão a principal causa mundial de morbidez e mortalidade.
(DAVIS, 2008).
Alguns passos são adotados pelos médicos para obter diagnósticos, baseados em
uma razão de porcentagem de eventos por ano, de um a três anos para efeitos de curto prazo e
de cinco a dez anos para longo prazo, utilizando dados de aeronautas e da literatura clínica. Para
os dados selecionados, os problemas de incapacitação completa ou súbitos, como ataque
cardíaco, são fundamentais, mas todos os outros fatores que possam trazer a eventualidade de
risco para o voo devem ser considerados. As avaliações médicas feitas por exames periódicos
devem ser capazes de identificar tanto tripulantes que possuam sintomas quanto os
assintomáticos, para promover a eficácia da prevenção e tratamento dos problemas. (DAVIS,
2008).
3.2.5 Hipertensão
3.2.6 Varizes
de proteção em atividades de alto risco potencial, como em esportes de impacto, para evitar
possíveis danos. (DAVIS, 2008).
Entre os aviadores mais experientes, costumam aparecer casos de glaucoma ou
hipertensão ocular, que provocam o endurecimento do globo ocular e uma pressão no nervo
ótico, podendo degradar a capacidade visual. Atualmente já existem tratamentos com
aplicações de laser e medicinais, que podem ser recomendados para aviadores seguramente por
não apresentarem efeitos colaterais à visão a garantindo a permanência do tripulante em sua
carreira sem o comprometimento da segurança de voo. (DAVIS, 2008).
3.2.9.2 Labirintite
A renite alérgica é uma doença incômoda que provoca espirros, coceira no nariz,
excesso de secreções nasais e o bloqueio das passagens de ar e estão relacionadas ao contado
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com poeira ou pólen. A doença costuma ser um incômodo para os aeronautas não apenas pelos
sintomas inconvenientes, mas também pelo fato de que os tratamentos efetuados por meio de
antialérgicos da primeira geração causavam sedação e sonolência, incapacitando os tripulantes
para o voo. Já na segunda geração, os antialérgicos foram aprimorados de forma a não
apresentar efeitos adversos e possibilitarem sua indicação médica sem prejuízos a performance
do profissional. (RAYMAN, 2006).
Em alguns casos, uma obstrução nasal pode ser causada por uma anormalidade
estrutural, como os de desvio de septo e polipose nasal, que impedem o ar de circular livremente
devido a um bloqueio mecânico formado por eles. Se o ar não puder entrar e sair livremente
das cavidades nas mudanças de altitude, ocorre a barosinusite, que causa dor e desconforto ao
tripulante. Quando há desvios leves que não alterem o fluxo de ar, geralmente não é necessário
tratamento e não há contraindicação para o voo, já em casos em que a lesão é maior, interferindo
na passagem de ar para as cavidades, restrições ao voo podem ser aplicadas pelos riscos da
ocorrência de barosinusite em voo e o tratamento cirúrgico é recomendado para reabilitar-se ao
voo. (RAYMAN, 2006).
diferentes intensidades de desvio de septo, quanto mais intensificado seja o desvio mais se torna
necessário métodos de correção
Em suma, esse capítulo visa expor como o Certificado Médico Aeronáutico (CMA)
e sua regulamentação possuem grande importância para a segurança da operação aérea, além
de expor quais os procedimentos adotar, em caso do tripulante não estar apto físico ou
mentalmente para exercer sua função a bordo. O ambiente de trabalho no qual o aernonauta
está inserido, além de sua rotina composta por exaustivas horas de trabalho, contribuem de
forma prejudicial ao exercício da profissão, pondo em risco sua própria segurança e a de seus
tripulantes. Dessa forma, as somas de todos esses fatores ao longo de anos geram problemas de
saúde relacionados à profissão do aeronauta, tais como problemas articulares, circulatórios,
cardíacos, oftalmológicos, além de desordens de natureza psicológica.
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folgas e os locais de repouso. Visto que o tripulante obtem uma redução do estresse gerado
pelas operações quando existe a possibilidade de visitas a família, por exemplo.
Após identificado o que é a fadiga e quais os perigos ela pode trazer às operações
aeronáuticas, podem ser avaliados os riscos e como os mesmos podem ser mitigados, então o
programa de gerenciamento de fadiga leverá esses fatores em consideração, afim de manter-se
um monitoramento sobre a eficácia da redução da fadiga e a possibilidade de novas adapções
para melhores resultados. (OLIVEIRA, 2011).
Dessa forma, para que haja segurança no exercício da profissão se faz necessário
que todas áreas envolvidas na prevenção, promoção de saúde e administração de riscos estejam
trabalhando conjuntamente em beneficio à saúde do profissional. As empresas aéreas estão
sendo cada vez mais incentivadas a adotarem medidas que visam diminuir fadiga e estresse de
seus funcionários, diminuindo assim o risco de falha humana.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
conhecimento dos problemas de saúde da equipe de voo por parte das empresas, para que seja
inserida uma cultura de cuidado e prevenção de doenças no meio aeronáutico.
REFERÊNCIAS
AKERSTEDT, T. et. al. Meeting to discuss the role of EU FTL legislation in reducing
cumulative fatigue in civil aviation. Brussels: European Transport Safety Council, 2003.
Disponível em: <http://www.etsc.be/documents/pre_19feb03.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.
DAVIS, J. R.; Johnson, R.; Stepanek, J.; Fogarty, J. A. Fundamentals of Aerospace Medicine,
2008.
DUVAL NETO, Gastão Fernandes. Stress e Fadiga na Segurança do Ato Anestésico: Impacto
no Desempenho Profissional. In: CAVALCANTI, Ismar Lima; CANTINHO, Fernando
Antônio de Freitas; ASSAD, Alexandra (Ed.). Medicina Peri operatória. Rio de Janeiros:
Saerj, 2006.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/ecb/files/2009/09/Tipos-de-Pesquisa.pdf>. Acesso
em: 19 fev. 2018.
OLIVEIRA, Dr. Ludmar Acosta de. SSO: Gerenciamento de Fadiga com Objetivo de
Reduzir Acidentes. 2011. Disponível em: <http://itag-es.com.br/itag/?page_id=243>. Acesso
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RAYMAN, R. B.; Davenport, E. D.; Dominguez, R.; Gitlow, S.; Hastings, J. D.; Ivan, D. J.;
Kruyer, W. B.; Pickard, J. Clinical Aviation Medicine, 2006.
SILVEIRA, João Henrique da. Fatores humanos e aspectos de medicina aeroespacial: livro
didático. Palhoça: Unisul Virtual, 2011.