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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ANA CAROLINA GUIRRO COLETTO

ACROBACIA AÉREA EM GERAL: MANOBRAS, REGRAS E COMPETIÇÕES

Palhoça

2018
ANA CAROLINA GUIRRO COLETTO

ACROBACIA AÉREA EM GERAL: MANOBRAS, REGRAS E COMPETIÇÕES

Monografia apresentada ao Curso de


graduação em Ciências Aeronáuticas, da
Universidade do Sul de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel.

Orientador: Prof. Orlando Flavio Silva

PALHOÇA
2018 2
ANA CAROLINA GUIRRO COLETTO

ACROBACIA AÉREA EM GERAL: MANOBRAS, REGRAS E COMPETIÇÕES

Esta monografia foi julgada adequada à


obtenção do título de Bacharel em Ciências
Aeronáuticas e aprovada em sua forma final
pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de junho de 2018

________________________________________
Orientador :Prof. Orlando Flavio Silva

________________________________________
Profª. Drª. Conceição Aparecida Kindermann
Dedico este trabalho à minha família, em
especial, pelos momentos de ausência. E ao
professor Orlando Flávio, pela empatia durante
a execução do mesmo, além de todos que
acreditaram no meu potencial.
AGRADECIMENTOS

Durante vários períodos estive ausente, seja pela profissão de aeronauta ou pela
necessidade de estar contida em casa para os estudos. Essa condição de estar distante, muitas
vezes não é compreendida pelos familiares e amigos, coisa que, admiravelmente não
aconteceu comigo. Por isso deixo aqui registrado meus agradecimentos a minha mãe Lia, meu
Pai Marco. Peço desculpas pela ausência física. Agradeço imensamente meus amigos pela
paciência, entendimento e parceria em aceitar e compreender meus compromissos e sempre
me incentivar a continuar os estudos. Agradeço a Deus pelas oportunidades vividas na vida
pessoal e profissional. Aos poucos amigos que continuaram comigo nessa trajetória.
A todos: MUITO OBRIGADA!
“Um piloto de acrobacia deve ter sorte, mas não deve jamais contar com ela.” Cristhian
Lesage – piloto francês
RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo principal explanar sobre a acrobacia aérea, qualificando
seus objetivos no meio aeronáutico, como por exemplo, a importância do treinamento de
manobras anormais na formação e na vida de um piloto. Caracteriza-se uma pesquisa
exploratória, com procedimento bibliográfico e documental, por meio de artigos, reportagens,
sites de aviação em geral, livros sobre a acrobacia e o seu treinamento, regulamentações e
leis. A abordagem utilizada foi qualitativa e quantitativa. Sendo feita a análise dos dados por
meio de gráficos, analisados de acordo com a fundamentação teórica. Ao finalizar a pesquisa,
conclui-se que o desconhecimento e a relevância sobre o assunto é de mera importância no
meio aeronáutico, assim, mantendo um estudo sobre a segurança de voo em atitudes
anormais, sendo estas efetuadas de forma segura, a fim de garantir a segurança dos pilotos e
dos que assistem e apreciam as manobras do solo, e com isso aumentar a consciência
situacional dos envolvidos, qualificando as habilidades, qualificando a pratica de voara fim de
conseguir maior aproveitamento do voo, conhecendo assim os limites do homem e da
aeronave a ser voada. Com esta pesquisa será discutido sobre o que é acrobacia aérea, como
ela influencia na aprendizagem de um piloto, elevando assim a consciência do piloto.

Palavras chaves: Acrobacia Aérea - Atitudes anormais - Segurança de Voo - Manobras


Acrobáticas.
ABSTRACT

This research had as main objective to explain about acrobatics, qualifying its objectives in
the aeronautical environment, as for example the importance of the training of abnormal
maneuvers in the formation and in the life of a pilot. It is characterized an exploratory
research, with bibliographical and documentary procedure, through articles, reports, aviation
sites in general, books on acrobatics and its training, regulations and laws. The approach used
was qualitative and quantitative. Analyzing the data by means of graphs, analyzed according
to the theoretical basis. At the end of the research, it is concluded that the lack of knowledge
and relevance on the subject is of only importance in the aeronautical environment, thus,
maintaining a study on flight safety in abnormal attitudes, and these are carried out in a safe
way, in order to guarantee the safety of pilots and those who watch and appreciate the
maneuvers of the ground, and thereby increase the situational awareness of those involved,
qualifying the skills, qualifying the practice of flying, in order to achieve greater use of the
flight, thus knowing the limits of man and of the aircraft to be flown. With this research will
be discussed on what aerobatics is, how it influences the learning of a pilot, thereby raising
the pilot's awareness, qualifying it, and ensuring an increase in flight safety.

Key words: Aerobatics - Abnormal Attitudes - Flight safety -Acrobatic maneuvers.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Sequência de 2018 da categoria Básica.................................................................25

Figura 02 - Sequência de 2018 da categoria Sportman............................................................26

Figura 03 - Sequência de 2018 da categoria intermediária......................................................27

Figura 04 - Sequência de 2018 da categoria Advanced............................................................28

Figura 05 - Sequência de 2018 da categoria Ilimitada.............................................................29

Figura 06 - Box de acrobacia....................................................................................................36

Figura 07- Catalogo de manobras/ Código ARESTI...............................................................38

Figura 08- Catalogo de manobras/ Código ARESTI................................................................39

Figura 09- Como formar uma sequência de competições de acrobacia aérea..........................40

Figura 10 - Ana Coletto com Fernando Paes de Barros na linha de juízes no Troféu Bertelli
em Itápolis em 2017.................................................................................................................41

Figura 11- Aileron Roll.............................................................................................................43

Figura 12- Barrel Roll...............................................................................................................44

Figura 13-Slow Roll..................................................................................................................45

Figura 14-Hesitation Roll..........................................................................................................45

Figura 15-Snap Roll..................................................................................................................46

Figura 16-Derry Turn...............................................................................................................47

Figura 17-Inverted Turn...........................................................................................................48

Figura 18-Wing Over................................................................................................................48

Figura 19- Chandelle................................................................................................................49

Figura 20- Hammerhead..........................................................................................................50

Figura 21 - Looping.................................................................................................................51

Figura 22- Square Loop..........................................................................................................52

Figura 23- Avalanche.............................................................................................................53

Figura 24 -horizontal eight...................................................................................................54


Figura 25 - Cuban Eight / Oito cubano................................................................................54

Figura 26 - Clover Leaf........................................................................................................55

Figura 27 - Immelman..........................................................................................................55

Figura 28- Vertical S...........................................................................................................56

Figura 29 - Knife.................................................................................................................57

Figura 30 - Spin / Parafuso.................................................................................................58

Grafico 1 – Fatores Contribuintes para acidentes aeronáuticos 2002 a 2011.......................19

Quadro 1 – Causas dos acidentes X Formação dos pilotos.................................................20


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFA – ACADEMIA DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA

ANAC – AGÊNCIA NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL

CBA – COMITÊ BRASILEIRO DE ACROBACIA AÉREA E COMPETIÇÕES

C150 – AERONAVE CESSNA 150

C152 – AERONAVE CESSNA 152

FAA – FEDERAL AVIATION ADMINISTRATION

FAB – FORÇA AÉREA BRASILEIRA

FAI – FEDERATION AERONAUTIQUER INTERNACIONALE

FH – FATOR HUMANO

FREQUÊNCIA ACRO – RÁDIO FREQUÊNCIA UTILIZADA DURANTE UM


TREINAMENTO DE ACROBACIA AÉREA, OU EM UM SHOW AÉREO E
COMPETIÇÃO.

IAC – INTERNACIONAL AEROBATIC CLUB

ICAO/OACI – ORGANIZAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL

NASA – AGENCIA GOVERNAMENTAL NORTE AMERICANA

NOTAM - AVISO AOS AERONAVEGANTES / NOTICE TO AIRMEN

RBAC – REGULAMENTO BRASILEIRO DE AVIAÇÃO CIVIL


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

2 ACROBACIA AÉREA, SUA HISTÓRIA E SEUS VALORES................................... 15

3 TREINAMENTO, SUA IMPORTANCIA E INFLUENCIAS DO FH ....................... 17

4 AERONAVES UTILIZADAS ......................................................................................... 22

5 CATEGORIAS ACROBÁTICAS ................................................................................... 24

6 COMPETIÇÕES .............................................................................................................. 31

6.1 REGRAS..........................................................................................................................31

6.2 BOX ACROBÁTICO.......................................................................................................35

6.3 LOW LINE - ALTURA MINÍMA....................................................................................37

6.4 CATÁLOGO DE MANOBRAS- CÓDIGO ARESTI......................................................37

7 MANOBRAS ..................................................................................................................... 42

7.1 ROLLS…...........................................................................................................................43

7.1.1 Aileron Roll...................................................................................................................43

7.1.2 Barrel Roll.....................................................................................................................44

7.1.3 Slow Roll……………………………………..……………………………………….44

7.1.4 Hesitation Roll…………………………….………………………………………….45

7.1.5 Snap Roll…………………………..……………………………………………….....45

7.2 TURNS……………………………………...…………………………………………...46

7.2.1 Derry Turn……………………………………………………………………………46

7.2.2 Inverted Turn…………………………………………………………………………48

7.2.3 Wing Over………….…………………………………………………………………48

7.2.4 Chandelle……………….…………………………………………………………….49

7.2.5 Hammer………………………………………………………………………………50

7.3 LOOPING…………………….………………………………………………………..51
7.3.1Square Loop………………………………………………………………………….52

7.3.2 Avalanche…..……………………………………………………………………….53

7.3.3 Outised Loop………………………………………………………………………...53

7.3.4 Loop Round………………………………………………………………………….53

7.4 MANOBRAS ACROBÁTICAS COMPLEXAS…………….………………………..54

7.4.1 Eights……………………………………….……………………………………….54

7.4.1.1 Horizontal Eight.………………………..…………………..…………………………….54

7.4.1.2 Cuban Eight…….…….………………………..…….…………………………………….54

7.4.1.3 Vertical Eight.………..…….………………………………..……………………………..55

7.4.1.4 Clover Leaf.……………………………………………………………..…………………..55

7.4.2 Immelman……………….…………………………………………………………..55

7.4.3 Split- S……………….………………………………………………………………56

7.4.3.1 Vertical S………..………………………………………………………………….56

7.4.4 Knife Edge Flight……………………………………………………………………..57

7.4.5 Spins / Parafusos……………..………………………………………………………57

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 59

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62
13

1 INTRODUÇÃO

Acrobacia aérea ou até mesmo o nome mais usado para estes cursos conhecidos
como UPSET RECOVER , que não tem uma tradução genérica, mas é conhecida entre os
pilotos por “Recuperação de situação indesejada”, assim insere o piloto em um mundo de
atitudes anormais dentre estas muitas situações indesejadas, onde essas atitudes são para
enriquecer os seus conhecimentos, qualificando-os e aprimorando-os cada vez mais, a fim de
ajudar em emergências que podem acontecer, e ainda mais aumentando a segurança de vôo,
garantindo uma eficiência em pilotar, a fim de promover uma maior segurança em diversas
atitudes do voo. Conseguindo ainda aprimorar as habilidades de pilotagem com o treinamento
adequado, colaborando para a seguranca de voo.

Infelizmente no nosso país, a prática de acrobacia aérea, é restrita e com um alto


custo para quem quer se aprimorar e conhecer tal prática. Assim, temos poucos pilotos dentre
os milhares que temos no Brasil que fazem da acrobacia uma arte, um esporte. Estes pilotos
tem grande incentivo da família e de amigos entusiastas da acrobacia aérea, já que não temos
um incentivo de associações e escolas de aviação. Com a acrobacia aérea, os pilotos
desenvolvem diferentes aptidões que podem colaborar com a diminuição de acidentes e
incidentes, conseguindo manter um padrão de qualidade de pilotagem elevado, garantindo a
segurança.
Tem-se como problema de pesquisa o apronfudamento sobre acrobacia aérea, a
fim de evitar dúvidas futuras para os novos e experientes pilotos, com isso, a problematização
se fixa em torno de exemplificar a acrobacia, com noções básicas e com um pouco de
aprofundamento para qualificar cada vez mais os pilotos. Sendo assim norteando sobre: O que
é acrobacia aérea? Este é o real problema a ser questionado, dizendo sobre ele, e ainda
exemplificando todos os meios que podem ser abordados, como por exemplo: Quais as
manobras? Como é feito o treinamento para competições e qual a sua importância para a
segurança de voo? Quais aeronaves são usadas? Entre outros questionamentos que vem na
mente dos pilotos que estão começando agora. A fim de contribuir com a segurança de vôo, já
que o risco na acrobacia aérea é elevado. Com a intenção de explanar sobre a importancia do
treinamento sendo este o maior fator contribuinte para a segurança de voo.
O principal objetivo, é definir o que é acrobacia, descrevendo suas
particularidades a fim de descrever os conteúdos de suas definições, para conseguir em torno
do geral sobre acrobacia aprimorar os conhecimentos, através de objetivos específicos sobre o
14

tema. Assim, o objetivo geral é verificar se a acrobacia contribui para a segurança de voo.
Com isso o objeto especifico fica com os estudos sobre as manobras, como o treinamento
dessas pode contribuir com a habilidade de pilotagem. Conseguindo assim, levantar questões
para serem discutidas com maior ênfase durante a realização do trabalho, conseguindo
explanar todas as dúvidas obtidas, e conseguindo ainda expor as metas chegando assim no
objetivo geral da pesquisa, que é explanar sobre a importancia do treinamento acrobatico para
contribuir com a segurança de voo.
As razões para se realizar tal pesquisa é embasada na teoria, para conseguir
qualificar a prática de voar, a fim de conseguir maior aproveitamento do voo, conhecendo os
limites do homem e da aeronave a ser voada, para que com isso seja colocado em prática com
segurança a arte, o esporte que é a acrobacia aérea. Sendo assim, um importante trabalho, para
sanar dúvidas que estão aparecendo com frequência em escolas de aviação onde se vê pilotos
com seus aviões, fazendo acrobacia aérea.
Afim de explanar questões recorrentes do dia a dia em um aeroclube com cursos e
pilotos que fazem acrobacia aérea, este projeto de pesquisa se torna exploratória já que esta
se restringe na busca de informações sobre o assunto e ainda na definição de objetivos da
mesma. No entanto ela acaba se tornando explicativa, no momento em que se passa a
responder as questões expostas, a fim de explicar, identificar e determinar as ocorrências que
levam acontecer a arte da acrobacia, com isso ainda consegue-se englobar os três tipos de
pesquisa, para que seja uma pesquisa mais completa e sem margens para dúvidas, ela
consegue se tornar descritiva quando descreve-se as manobras, os tipos de treinamento, as
categorias de uma competição, as aeronaves a serem usadas na acrobacia aérea. Sendo este
um delineamento de pesquisa documental, e bibliográfica já que serão obtidos através de
materiais publicados em livros, artigos e em sites de aviação, assim conseguindo realizar uma
investigação por meio dos documentos obtidos, tendo como objetivo descrever tanto na
realidade do presente quanto do passado como se faz e faziam a arte de voar.
Com isso, a metodologia aplicada neste trabalho refere-se à uma pesquisa
bibliografica e documental em livros e artigos voltados para a aviaçao, à analise de cenários, à
assimilação de conhecimentos teoricos e praticos e a obtenção de experiencias externas.
Analisando as normas como o Codigo Aresti, por exemplo, que apresenta alguns aspectos
relevantes e alguns estudos sobre as manobras, as sequencias, e o que elas contribuem no
desenvolvimento das habilidades de pilotagem.
15

2 ACROBACIA AÉREA, SUA HISTÓRIA E SEUS VALORES

Segundo o site de Aero magia de Plínio Lins, acrobacia aérea é:

“Acrobacia aérea é genericamente definida como “qualquer” manobra efetuada


intencionalmente com uma aeronave em voo levando-a a atitudes ou acelerações
anormais ou, ainda, a mudanças bruscas de altitude. É uma definição internacional.
Desta forma que é definido acima o voo acrobático pode ser feito com praticamente
qualquer categoria de aeronaves e nem é necessário ir a um evento aéreo para
comprovar isso” (LINS, Plínio. 2012).

Assim, pode-se dizer que acrobacia aérea é um esporte radical com alto grau de
dificuldade e que exige diversas técnicas, que exigem treinamento e grande preparação física,
é praticada com pequenos aviões, planadores e eventualmente helicópteros, que envolvem
manobras aéreas solo, ou em formação de múltiplas aeronaves (voo em formação e/ou voo de
esquadrilha).
O invento desta modalidade esportiva é creditado ao piloto militar russo Piotr
Nesterov, sendo a maioria dos praticantes também militares, havendo alguns pequenos grupos
que realizam acrobacias aéreas por entretenimento ou diversão. Com a Primeira Guerra
Mundial os pilotos foram obrigados a se aperfeiçoar e inventar manobras ousadas, para
adquirirem experiência e segurança durante as guerras. Com o fim da guerra têm-se os
primeiros registros de voos acrobáticos no Brasil, com os irmãos Robba e com a aviadora
Anésia Pinheiro Machado (ACRO BRASIL, 2017).
No Brasil o início da acrobacia aérea se deu ainda na década de 1920,
predominantemente por pilotos militares. Em 1952 foi fundada a Esquadrilha da Fumaça no
Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, e nos anos seguintes destacou-se o acrobata aéreo
Aberto Bertelli, mais especificamente no Aeroclube de São Carlos e depois no Aeroclube de
Rio Claro (aeroclubes do interior paulista). (CBA, 2016).
Conforme diz Plínio, em seu site Aero Magia (2013) “a acrobacia aérea é uma
atividade perfeitamente codificada atualmente (Código Aresti1).”

1
Código Aresti: É um catálogo de manobras, onde estão desenhadas as manobras formando uma seqüência
de voo. Sendo as manobras representadas por linhas e símbolos
16

Com isso, respondem-se esta questão dizendo que acrobacia é um esporte no qual
realizam voos com manobras sendo estas demonstradas, apenas para agradar, “segurar os
olhos” do publico.
Sendo uma arte/esporte no qual o piloto executa manobras em três dimensões, é
um show, uma apresentação no qual o homem domina a maquina. É em esporte que tem como
necessidade muito treinamento, capacidade física e estudo das manobras.
Toda manobra acrobática requer treinamento e prática para evitar acidentes. A
acrobacia aérea consegue ensinar habilidades que fazem com que o piloto tenha uma rápida
tomada de decisão, a fim de evitar acidentes e incidentes, garantindo a segurança do voo e da
operação. Além do mais, a acrobacia consegue conscientizar os pilotos dos seus riscos,
fazendo com que estes treinem e se capacitam com maior segurança, e com treinadores
qualificados para a formação e treinamento, com a intenção de contribuir para a segurança de
voo.
A prática da acrobacia requer do piloto muita experiência e responsabilidade, já
que para fazê-lo é necessário levar em consideração que qualquer erro pode ser fatal tanto
para o piloto, como para quem está observando. É por isso que em alguns países, o uso de
paraquedas em conjunto com o sistema de ejeção 2 é obrigatório.

2
Sistema de ejeção é um sistema com o propósito de lançar o piloto para fora da aeronave a uma distância
segura, para abrir o paraquedas e permitir que o piloto pouse no chão são e salvo. Sendo esse sistema
disponível nos aviões militares com maior frequência do que nos aviões civis.
17

3 TREINAMENTO, SUA IMPORTÂNCIA E INFLUENCIAS DO FH

De acordo com a OACI – Organização Internacional da Aviação Civil a criação


de medidas que elevem à segurança da atividade aérea, estudos e relatórios são continuamente
desenvolvidos sobre os acidentes e incidentes ocorridos. As últimas estatísticas revelam que a
perda de controle em voo é o maior fator contribuinte dos acidentes e incidentes na aviação
comercial.
Após vários acidentes ocorridos recentemente, as autoridades aeronáuticas vêm
demonstrando grande preocupação com a perda de habilidade técnica dos pilotos.
Considerando o cenário atual da aviação, a automação está cada vez mais presente, e a
formação está sendo focada na operação de sistemas eletrônicos modernos, como piloto
automático, instrumentação glass-cockpit, entre outros.
Com isso, o treinamento do voo real foi deixado de lado e substituído por
simuladores, mais adiante com um estudo feito pela NASA (AIRPLANE UPSET TRAINING
EVALUATION REPORT, 2002), obtiveram a recomendação imediata para a implantação do
treinamento de atitudes anormais em companhias aéreas, e, além disso, durante a formação
dos pilotos, vindo desde o piloto privado até se tornar um piloto de linha aérea, foi de suma
importância a implantação deste treinamento, pois, com isso consegue-se uma segurança
elevada, diminuindo os riscos, e ainda sendo este treinamento uma possível solução para a
recuperação de habilidades técnicas de pilotagem.
Já que a mudança abrupta de atitude de voo pode ser causada por diversos fatores,
e se não for corrida a tempo pode-se evoluir a um acidente. Para isso é necessário que o piloto
tenha uma resposta rápida, e ainda o piloto requer precisão para não ultrapassar os limites da
aeronave e de seu corpo.
No entanto, a inserção da acrobacia aérea no treinamento de pilotos, desenvolveria
no piloto a capacidade de responder rápida e precisamente as mudanças abruptas que podem
acontecer. Além disso, o conhecimento e a consciência situacional agregado a tripulação
através do treinamento de atitudes anormais proporciona ao piloto a confiança e a habilidade
necessária para a recuperação ao voo estabilizado.
Acrobacias aéreas são ensinadas como forma dos pilotos desenvolverem
habilidades de voo precisas para uso tático em combate – se falarmos no treinamento para
pilotos militares, já para os pilotos civis, as acrobacias aéreas também são ensinadas para
adquirirem habilidades de voo, além de ser um esporte para os praticantes desta modalidade.
18

Os treinos não têm dia certo para ocorrer, e dependem tanto da meteorologia quanto da escala
de trabalho dos pilotos nas companhias aéreas. Mas seguem mais ou menos um padrão (este
padrão é determinado por pilotos internacionais, seguindo as regras já existentes da
acrobacia), que é o mesmo utilizado no mundo inteiro para a prática de acrobacia de
competição.
Faz se necessário a existência de um “BOX” acrobático, que nada mais é que um
cubo imaginário com 1000 metros cada lado, com laterais marcadas por referências no solo, e
cuja base inferior fica a uma altura segura do solo, algo em torno de 300 metros – é dentro
desse espaço que o piloto realizará as manobras, com o intuito de manter a segurança
operacional elevada, e a fim de evitar incidentes e ou acidentes.
Além disso, um treino de acrobacia de competição nunca ocorre com a presença
apenas do piloto, é de grande importância ter um treinador no solo, este tem a função de
acompanhar visualmente a realização das manobras e se comunicar por rádio com o piloto,
informando ao piloto, o que se deve corrigir, e quais as falhas cometidas.
O que colabora para que o voo se torne muito mais seguro, é a existência deste
piloto treinador no solo, principalmente em aeroportos que são desprovidos de rádio ou de
torre.
Finalmente, os voos de uma competição seguem uma sequencia estabelecida,
nesta o piloto já sabe quais as manobras que irá efetuar e suas limitações. Os voos em geral
são curtos – duram de 10 a 20 minutos.
Os pilotos têm limites que influenciam diretamente na segurança do voo, das
manobras, ou seja, afetam a segurança operacional, estes limites são: os fatores estruturais ao
qual os pilotos podem voar frequentemente mantendo uma margem de segurança abaixo dos
limites estruturais absolutos e ainda os limites físicos pessoais dos pilotos.
Diante disso, além da aeronave ser adequada para se fazer acrobacia aérea, é
necessário que o piloto tenha um condicionamento físico e principalmente mental, já que uma
simples decisão pode nos conduzir a sotavento de uma crista de morro3, ou uma má avaliação
conduzirá ao mau tempo, ou ainda uma pressão psicológica considerável fara um piloto
novato afazer uma aterrisagem desastrada.
Se para os pilotos profissionais o objetivo do Fator Humano é de melhorar suas
capacidades para que eles possam superar o maior número possível de situações, para os

3
Sotavento: é o lado oposto ao lado do qual sopra o vento, assim quando ocorre uma má decisão do piloto,
a aeronave pode o levar para o lado errado, ocasionando assim um acidente.
19

pilotos de lazer os fatores humanos terão a função de evitar que se coloquem em situações
indesejáveis que ultrapassem as suas capacidades de pilotagem e ainda os limites da aeronave.
Uma boa assimilação dos fatores humanos diminuiu em até 50% dos erros de
julgamentos nas suas decisões e vale lembrar que estas últimas estão na origem da maior parte
dos acidentes (como descrito na figura abaixo). São duas, ou três vezes menos risco de
acontecerem acidentes entre dois indivíduos de um aeroclube ao outro, de um país ao outro.

Gráfico 1- Fatores contribuintes para Acidentes Aeronáuticos 2002-2011

Fonte: CENIPA (2015)

Quadro 1- Causas dos acidentes X Formação dos pilotos

Fonte: CENIPA (2015)

Em cerca de 80% dos acidentes aéreos o fator contribuinte principal é o FH, seja
ele sendo um mau julgamento, uma má decisão, um simples erro. Na maior parte dessa
20

porcentagem as capacidades técnicas do piloto não permitem que ele encare uma situação
hostil para ele (mas não necessariamente para o outro), que pode ser até um simples vento de
traves, durante uma aterrisagem por exemplo.
Conhecendo os fatores humanos, os pilotos começam a avaliar seus limites, e,
sobretudo aprender a não os ultrapassar, permitindo assim reduzir as situações de risco em
relação a você e o meio que o circunda.
Assim pode-se dizer que pilotar é dominar a formação técnica, ser piloto é uma
mistura- por vezes sutil e nem sempre livre de riscos- entre o que se deve saber fazer, o que
você pode fazer o que deve fazer.
Com isso, é possível ainda dizer que durante uma apresentação de acrobacia
aérea, ou até mesmo em um treinamento é necessário que o piloto esteja bem, tanto
fisicamente quanto psicologicamente.
Temos os sintomas fisiológicos de fator carga, sendo este durante uma carga
negativa ou positiva, força da gravidade agindo sobre o corpo, é possível ter uma perda total
da consciência, ter uma visão turva, ficar com a visão totalmente escura- sendo um blackout4
ou ainda um grey-out5, impossibilitando que o piloto tenha a real visão do que está
acontecendo, ainda mais isso ocorre devido à falta de pressão no cérebro, e intuitivamente os
pilotos treinados relaxam o controle de pressão reduzindo a força G e imediatamente
recuperar a visão completa e ainda permanecerá consciente sobre tudo, e mais se um piloto
perder a consciência ele tem 15 segundos para recuperar sem causar grandes danos à saúde.
Além disso, é possível afetar os ouvidos, o sistema auricular do piloto, durante
algumas manobras pela pressão estabelecida pelo fator carga gerado pela manobra realizada.
E mais, é possível ainda que ocorra uma desorientação, por permanecer fazendo rotações
continuas, já que os fluidos do na orelha interna alcançam e a sensação de uma elação é
removida. A desorientação causa perda de controle da aeronave, e pode resultar em um
grande e grave acidente, podendo ainda levar a fatalidades.
Contudo, ainda existem as emoções que podem atrapalham a performance durante
uma manobra aérea, como exemplo o estres, a ansiedade, podendo ocasionar enjoos em voo,
náuseas pela pressão que os pilotos colocam em si para conquistas títulos e ainda temos as
condições climáticas que ao mesmo tempo que ajudam acabam atrapalhando as manobras, por
exemplo em um dia quente é difícil conseguir fazer várias sequencias de looping , por

4
Black out: é um apagão da visão, tornando-a escura.
5
Grey out – visão cinza, turva, sendo um apagão mais leve, entrando ainda algumas luzes.
21

exemplo, já que com o passar das repetições o corpo estará cansado, e o calor, o clima quente
faz com que se canse mais facilmente, já outra, as manobras saem com menos perfeição já
que a temperatura também afeta de diferentes formas a performance da aeronave.
Em um dia com um clima mais ameno, mais fresco, o corpo não se desidrata
facilmente, assim os pilotos conseguem manter uma sequência maior, sem aumentar o esforço
físico realizado, e ainda as manobras saem com uma qualidade elevada, justamente por causa
da melhora da performance das aeronaves.
22

4 AERONAVES UTILIZADAS

É necessário fazer acrobacia aérea em aviões aprovados para esta finalidade, já


que é um suicídio em potencial tentar fazer em qualquer outro avião. Pois os aviões aptos para
a realização das acrobacias têm um sistema diferenciado, e limites distintos das outras
aeronaves, para não quebrarem em voo, ocasionando uma fatalidade.
Para os novatos na área, serão utilizadas aeronaves com uma performance mais
baixa, como Citabria, Decathlon, Super Decathlon, C-150 ou C-152 AEROBAT e CAP10.
Já para os mais experientes, e para acrobacia aérea mais avançada o treinador
mais popular é provavelmente o Pitts S-2A ou S-2B. Ainda existem outros aviões de
acrobacia de maior desempenho porem são experimentais e não podem ser usados para
instrução de voo regular, como por exemplo RV-7, SUKHOI, entre outras aeronaves.
As aeronaves utilizadas para a realização de acrobacias aéreas necessitam de
sistemas diferenciados e são aerodinamicamente diferenciadas. Já que uma aeronave
acrobática tem limites de tempo no voo invertido e nas manobras com G negativo 6(devido à
perda de pressão do óleo e risco de danos no motor), há um sistema de óleo invertido que
continua a fornecer óleo sob pressão e mesmo com G negativo – OIL SYSTENS ou Sistema
de Óleo.
E ainda temos o FUEL SYSTEMS – sistema de combustível, onde o carburador
do tipo flutuante deixará de alimentar o combustível em manobras com G negativo e as linhas
de combustível do tanque também começaram a sugar o ar. Por tanto um avião de categorias a
prestação de serviços públicos é restrito a G positivos. Já outras aeronaves têm um
reservatório de combustível separado dentro dos tanques de combustível para uma resistência
limitada sob G negativo durante talvez trinta segundos ou mais. No entanto, um sistema de
injeção de combustível pressurizado é usado para aeronaves acrobáticas.
Contamos ainda com o sistema de fumaça, já que aeronaves usadas durantes
AIRSHOWS- Eventos Aeronáuticos: competições e shows aéreos- tem um sistema de fumaça
equipado nas aeronaves para ter uma maior visibilidade e para traçar uma trajetória de voo
mais óbvia para quem assiste à apresentação. Em competições as fumaças dão aos juízes a
visão certeira sobre a manobra realizada, e para os leigos no assunto a fumaça se torna bonita,

6
G negativo: É quando uma aeronave mergulha com os motores a pleno e você terá uma sensação de sair
do banco da aeronave, já que a sua aceleração é maior do que a da gravidade, suponhamos que se soltar um
objeto dentro do avião ele ficará “grudado” no teto.
23

e harmoniosa, assim temos dois tipos de fumaça a fumaça branca e a fumaça colorida (que
pode ser colorida com corantes).
As aeronaves acrobáticas contam com um sistema de saída de emergência e um
paraquedas para cada piloto a bordo da aeronave. Os regulamentos da FAA requerem que os
paraquedas como acessório essencial, já que são usados sob algumas circunstâncias
emergenciais, e que há uma única ação de emergência no sistema de saída de voo. Para aviões
com uma cobertura sobre o cockpit, este sistema é um meio de alijamento de dossel 7onde os
trincos de retenção são desfeitos e o Canopy8 é levado pelas cargas de ar.
Conhecer a máquina em que se voa é de extrema importância, anualmente
ocorrem no mundo centenas de apresentações aéreas, em máquinas de todos os tipos, a
maioria são voos de grande qualidade e alguns são de fato excepcionais. No entanto, o show
aéreo tem algo de extraordinário que faz com que não importa qual aparelho possa ser
utilizado. Obviamente que um Airbus não poderá manobrar da mesma forma que um sukhoi.
Para fazer uma bela apresentação não significa que é preciso exceder o desempenho da
aeronave. Mas se for comandada por um piloto de grande experiência naquele tipo de voo,
qualquer aeronave poderá efetuar uma demonstração de qualidade, que agradará tanto aos
espectadores leigos quanto aos profissionais mais veteranos. Por outro lado, pode acontecer
de um avião de alto desempenho não causar entusiasmo se estiver na mão de um piloto
inexperiente.

7
Alijamento dossel: é a ação de ser lançado para fora em situações de emergências, sendo amarrados aos
bancos que podem ser os paraquedas ou somente o paraquedas.
8
Canopy: É a “capota” do avião, sendo uma peça de vidro ou plexiglass que reveste a cabine de pilotagem.
24

5 CATEGORIAS ACROBÁTICAS

Em cada competição, existem categorias acrobáticas para serem disputadas as


colocações de cada piloto e sua performance. O grau de dificuldade das sequências é dividido
em categorias, que vão aumentando gradativamente em nível de dificuldade, sendo a básica a
mais simples, e a ilimitada a mais exigente. E as sequencias a serem seguidas variam de
acordo com a posição do vento, para que o vento colabore com a sequência apresentada, e não
faça com que os pilotos percam nota.
A seguir estarão dispostas as sequências atuais de 2018, e uma breve explicação
sobre cada categoria, sendo ambas retiradas do site ACRO Brasil.

5.1.1. Básica /Primary

Segundo o site ACRO Brasil, é a categoria que os pilotos iniciam na acrobacia


aérea,ou seja é a categoria básica ou a inicial, para a introdução dos pilotos iniciantes aos
campeonatos de acrobacia aérea de precisão. Ela consiste de uma sequência simples de
geralmente 5 manobras. Não tem que seguir à risca as regras, no entanto, o que é cobrado
pelos juízes é a altitude mínima de execução, definido em 1500 pés, para segurança do
próprio piloto iniciante, que se acontecer algum erro tem altitude segura para retomar o voo
normal.
25

Figura 1 – Sequência de 2018 da categoria Básica/ Primary

Fonte: CBA- Comitê Brasileiro de Acrobacia Aérea e Competições. Disponível em:


https://www.acrobaciacba.com

5.1.2 Esporte/Sportsman

Segundo o site ACRO Brasil, está categoria já exigi mais do piloto, já que as
exigências são maiores de acordo com o regulamento, com o passar dos anos, a sequencia que
têm de 10 a 15 manobras diferentes, é liberada pelo IAC – INTERNATIONAL AEROBATIC
CLUB, todos os anos. Nesta categoria, contém praticamente todos os tipos de manobras
básicas e pode ser executada por todos os aviões acrobáticos. São feitos dois voos que tem a
duração de cerca de 3 minutos sem interrupções. A partir dela começa a ser penalizadas as
incursões para fora das laterais do “Box”, ou seja, as regras são levadas à risca,
diferentemente da categoria básica.
26

Figura 2 – Sequência de 2018 da categoria Sportsman

Fonte: CBA- Comitê Brasileiro de Acrobacia Aérea e Competições. Disponível em:


https://www.acrobaciacba.com/

5.1.3 Intermediária/Intermediate

Segundo o site ACRO Brasil, uma categoria mais avançada que as outras, ela
começa a dar mais ênfase às manobras verticais e é onde aparece o tuno rápido ou “snap” pela
primeira vez. Com isso se torna uma categoria difícil, e necessita de maior treinamento, e
habilidades para executa - lá.
27

Figura 3 – Sequência de 2018 da categoria intermediaria

Fonte: CBA- Comitê Brasileiro de Acrobacia Aérea e Competições. Disponível em:


https://www.acrobaciacba.com/

5.1.4 Avançada/Advanced
Segundo o site ACRO Brasil, com combinações mais complexas e que fazem os
pilotos se desgastarem com maior facilidade, esta categoria enfatiza às manobras de altos Gs
negativos, inclusive snaps. Exigindo também aeronaves mais avançadas.
28

Figura 4 – Sequência de 2018 da categoria Avançada

Fonte: CBA- Comitê Brasileiro de Acrobacia Aérea e Competições. Disponível em:


https://www.acrobaciacba.com/

5.1.5 Ilimitada/Unlimited
Segundo o site ACRO Brasil, categoria onde é exigido um nível elevado de
precisão da acrobacia aérea, sendo a ultima categoria de campeonatos. É de extrema
29

necessidade um bom preparo físico por parte dos pilotos. E um ótimo treinamento já que voa-
se muito próximo do solo, até um mínimo de 100 metros.

Figura 5 – Sequência de 2018 da categoria limitada

Fonte: CBA- Comitê Brasileiro de Acrobacia Aérea e Competições. Disponível em:


https://www.acrobaciacba.com/

Segundo o site ACRO Brasil, seguindo as regras na categoria básica cada piloto
executa duas vezes a sequência conhecida, para que seu voo possa ser avaliado. No segundo
30

voo da categoria esporte o piloto pode optar por voar uma sequência de sua escolha (livre) em
vez de repetir a conhecida. Já nas categorias mais complexas, que são a intermediária, a
avançada e a ilimitada, são voadas três sequências: a conhecida ( sendo esta a pré-definida), a
livre ( o piloto se responsabiliza pela criação desta sequencia) e a desconhecida (é uma
sequencia que não pode ser treinada, e é entregue para o competidor um dia antes do voo).
Os pilotos devem voar uma única vez no dia. E ainda existe uma altura mínima
para que os pilotos executem as manobras que vai sendo reduzida de aproximadamente 500
metros (1.500pés) nas categorias básica e esporte para até cem metros, que é o caso da
categoria ilimitada, e estas alturas devem ser seguidas por questão de segurança
principalmente.
Enquanto cada piloto faz sua apresentação, os juízes – que permanecem no chão e
cujo número pode chegar a 15 – avaliam as manobras a partir de técnicas apuradas, dando
nota com base na maneira como a aeronave é conduzida e como são realizadas as figuras no
céu. A cada erro, imprecisão ou esquecimento da sequência pelos pilotos, o julgamento dos
juízes é negativo, reduzindo a nota final do competidor.

5.1.6 Livre 4 minutos/Free 4 Minutes

Segundo o site ACRO Brasil, a última categoria incluída nos campeonatos a


“Estilo Livre 4 minutos”, é a mais apreciada pelo público. Nesta categoria cada piloto escolhe
uma sequência que queria voar, e ainda pode utilizar fumaça e musica para acompanhar a
apresentação, os únicos requisitos para ter uma boa nota é além da precisão na pilotagem e
uso dos limites do caixa, a simetria, a coreografia e a beleza do voo, são de extrema
importância para embelezar a apresentação.
31

6 COMPETIÇÕES

Um campeonato de acrobacia se difere totalmente de um show aéreo. Já que é um


esporte extremamente técnico e complexo, tanto para o competidor que tem a necessidade de
seguir regras e quanto para o espectador que muitas vezes se perde durante as manobras, que
devem ser precisamente executadas para garantir uma boa nota.
É um esporte que possui poucos conhecedores. No entanto é responsável por fazer
surgir os melhores pilotos de precisão que existem, pois é necessário muito treino, muita
técnica, muita disciplina e diferentes aptidões são testadas e agregadas com cada voo.
O responsável pelas regras e rankings internacionais é a FAI, que organiza os
maiores campeonatos e mais bem estruturados do mundo.
Segundo o site de Aero magia de Plínio Lins:

“Uma competição de acrobacia é um esporte com regras especificas, parecido com a


ginastica olímpica. Porém ao invés de usar o corpo, utilizam-se aviões
especificamente projetados, para manobrar e suportar altas cargas de aceleração
(FORÇA G). (LINS, Plínio. 2012).”

6.1 REGRAS

É necessário para se ter sucesso em diversos eventos, seja na aviação, ou em outra


aérea, onde se tem grande responsabilidade e precisão, seguir as regras conforme forem
estabelecidas, sem sair fora delas, para evitar “números baixos” na segurança de voo no meio
dos campeonatos.
Em um Campeonato Brasileiro de Acrobacia não é diferente, visto que além dos
pilotos competidores, há uma equipe de apoio que fica em solo cuidando da parte operacional,
além do corpo de Juízes nomeados para a etapa, e para que nada saia do normal é necessário
que haja muito treino além do entrosamento por parte de todos que estarão trabalhando para
que tudo seja feito de acordo com o planejado.
Segundo diz no site Acro Brasil (2016), as regras utilizadas para a viabilização de
um campeonato, são extraídas de um livro chamado de Official Contest Rules, por nós
apelidados de Red Book, publicado por um dos maiores órgãos de Acrobacia Aérea mundial
chamada IAC (International Aerobatic Club) situado nos Estados Unidos.
32

A Acrobacia aérea é um esporte sério e justamente por causa de suas rígidas


regras, é um esporte seguro, por isso devem-se ser levadas a sério todas as regras
estabelecidas por cada campeonato, sempre seguindo as regras gerais.
Todos os anos a IAC publica em seu site as sequências que serão utilizadas nas
categorias de competição. A Competição fica condicionada às condições climáticas, para que
haja o início da competição o teto deve estar acima do topo do Box Acrobático mais alto de
acordo com as categorias em competição, isto é avaliado pelo juiz chefe do solo, porém é
precedido do primeiro piloto a se apresentar, ou seja, se este o julgar adequado para o voo este
assume o risco, porém se anunciar o ingresso no BOX rocando 9 as asas (balanço de asa
indicativo de início e fim de competição pelo piloto) e a aeronave „‟guardar‟‟ nas nuvens, a
competição estará cancelada.
O Piloto faz a coordenação via rádio com os órgãos de controle devido ao possível
10
tráfego, mas utilizam a freqüência ACRO para ingresso no BOX que será definida no
Briefing antes da competição, e também os possíveis os setores de espera, independentemente
disso é necessário executar a Roca antes do início de sequência e no fim dela, caso não haja, o
piloto poderá ser desclassificado.
O Aluno que ainda não concluiu seu curso de acrobacia aérea e desejar se
inscrever poderá fazê-lo apenas na categoria básica, porém este obrigatoriamente será
acompanhado de um Safety Pilot, que será um instrutor de voo fora da competição que
garantirá sua segurança, porém apenas no pouso e decolagem sem poder sequer opinar
durante a sequência sob o risco de desclassificação, e os Safetys são sorteados antes do início
da competição.
O Starter (é uma pessoa responsável por olhar os procedimentos do piloto durante
o pré-voo) está coordenado diretamente ao Juiz chefe, ele é a pessoa que acompanha o piloto
até a sua aeronave e revisa todos os passos de pré-voo, se este julgar inadequado qualquer
procedimento poderá reportar ao Juiz que irá desclassificar imediatamente o piloto por falta
de segurança de voo.
O Juiz chefe é o mais antigo ou experiente árbitro da competição, ele faz a
conferência de notas e tirar as dúvidas de qualquer juiz ou anotador durante a arbitragem
visual ao fim de cada apresentação.

9
Rocando – vem do termo rocar, significando assim balançar as asas para iniciar a sequencia de manobras.
10
Frequência ACRO – É a frequência de rádio estabelecidas pelos organizados do evento, para que os
pilotos que estiverem voando se comuniquem.
33

Após o início da competição nenhum piloto pode chegar perto da comissão de


arbitragem sob o risco de desclassificação, a pontuação só poderá ser divulgada ao fim de
todas as apresentações.
O Primeiro piloto a se apresentar no dia da competição de cada categoria será
sorteado e fará a delimitação visual da low line, ou seja, voará por todos os cantos inferiores
do BOX e em suas extremidades irá balançar as asas, assim do solo os juízes podem ter uma
referência para a competição.
A sequência de apresentação é sorteada no primeiro dia e é invertida no segundo
dia, ou seja, um dia o piloto é o primeiro, amanhã ele será o último, caso as condições
climáticas não permitam a pontuação é feita por apenas 1 apresentação e caso nem todos
consigam voar a competição estará cancelada.
O Piloto que iniciar sua sequência em um sentido pelo form. B ou C (pela
esquerda ou direita) irá ditar aos demais o sentido da competição, cabendo sempre o bom
senso de checar o lado do vento antes do início da corrida de decolagem.
O Piloto por quaisquer motivos pode interromper sua sequência, rocando11, saindo
do BOX e recomeçando de onde parou, porém irá sofrer pequenas perdas de pontos por parte
da comissão de arbitragem.
Segundo o site Acro Brasil:

“Nas categorias que lhe couberem, o próprio piloto confeccionará o seu aresti 12 e o
divulgará na forma de Known ou na Unknown13, que é a confeccionada e entregue
apenas no dia da apresentação de acordo com o fator K estipulado máximo. Fator K
é o peso de cada manobra de acordo com a sua dificuldade, através dele é prevista
uma determinada pontuação máxima ou mínima, todos constam no aresti divulgado
pela IAC. (Acro Brasil)”

Aquele Piloto que melhor executar a performance de seu Aresti vence a


competição.
Todas as regras os pilotos devem estar cientes e são repassadas nos Briefings pelo
Juiz Chefe, sempre dando ênfase na segurança de voo, é previsto recurso por parte do piloto

11
Rocando: vem do termo rocar, significando assim balançar as asas para iniciar a sequência de manobras.
12
Aresti: é o catálogo de manobras – CODIGO ARESTI
13
Known e Unknown-: é a forma de mostrar ou não mostrar aos juízes a sequência que foi feita e que será
realizada.
34

que pode ser encaminhado ao fim das apresentações por carta ao juiz chefe, e será aceito ou
não de acordo com seu argumento. Este briefing é restrito apenas a pilotos, e todos que irão
voar devem participar dele, inclusive os pilotos da Esquadrilha da Fumaça.
A primeira parte do briefing é dedicada à Segurança de Voo. Um responsável
ressalta que cada participante tem suas características próprias e é muito importante para o
evento, de maneira que ninguém deve se preocupar em „competir‟ com o outro. Ressalta
também que para a maior parte do público só o fato de estar próximo aos aviões já é um
grande acontecimento, de maneira que não é preciso exagerar nos voos. Após isso, é exibida
uma lista de acidentes em demonstração aérea pelo mundo afora, para lembrar a todos que
nem os melhores estão isentos de falhas.
No próximo passo, são mostradas a todos os pilotos as demarcações da área de
manobras, acompanhadas das linhas de infração (foul), que são limite que os pilotos não
podem ultrapassar. Se a aeronave ultrapassar uma vez alguma dessas linhas, a torre emitirá
um alerta, e se ultrapassar uma segunda vez, o piloto deverá pousar imediatamente, como uma
forma de penalidade (vale lembrar que no dia em questão, nenhum voo incorreu nessa medida
extrema).
É vedada qualquer manobra na qual o avião realize giros em trajetória
descendente com o nariz apontado para o público (essa é uma regra universal no âmbito das
demonstrações aéreas). Após essas definições, outro responsável se apresenta e transmite
todas as informações meteorológicas para o dia (vento, nuvens, umidade, precipitação,
visibilidade, temperatura, etc.), com imagens de satélite, horários e demais detalhes.
E por fim, passa-se à organização dos horários de voo de cada piloto, com as
coordenadas de rádio e demais procedimentos, que ocorrem da forma seguinte: após fazer a
notificação, cerca de 20 minutos antes da decolagem o piloto deve comunicar ao controle e
solicitar autorização para acionamento do motor, e se houver atraso, o tempo será descontado
do voo. Se em até 15 minutos antes do horário previsto o piloto não estiver pronto, poderá ser
alterada a ordem dos voos, impedindo que haja uma janela considerável no show. Para tanto,
o demonstrador seguinte deve estar sempre de prontidão.
Para aviões menores o acionamento dos motores deve ser fora da área dos
hangares, e tampouco o cheque de motor pode ser perto do público. Durante o evento, cerca
de 5 frequências14 ficam ativadas: duas para o controle no solo, uma “acro”, que é onde os
pilotos se comunicam em caso de demonstração de voo em formatura, e outra que o controle

14
Frequências: são canais de comunicação bilaterais.
35

de voo controla as aeronaves que chegam e partem do aeródromo, e frequência local do


aeródromo descrita no ROTAER.
Caso ocorra falha nas comunicações em solo, o piloto deverá regressar,
comunicando-se por sinais visuais, e se for em voo, a demonstração deverá ser interrompida,
devendo o piloto sinalizar para a torre com as asas.Por fim, são exibidos os nomes dos pilotos
e modelos de aviões que voarão, bem como os respectivos horários.
O briefing se encerra com mais palavras do responsável geral pelo evento, e todos
os pilotos se dispersam, para preparar os aviões e seus voos.

6.2 BOX ACROBÁTICO

As manobras durante a competição são executadas dentro de um “box”, que é uma


caixa virtual no céu, com mil metros de comprimento, profundidade e altura. Nos voos de
competição, o piloto deve permanecer dentro dos limites laterais e verticais do box, onde são
posicionados juízes para fiscalizar o cumprimento dessa regra As penalidades por exceder os
limites do box são aplicadas através da subtração de pontos do total conquistado pelos
competidores, com exceção dos limites inferiores, os quais, em razão da segurança, jamais
devem ser ultrapassados, podendo o aviador zerar a sequência se isso acontecer.
De acordo com o livro The Basic Acrobatic Manual de William Kershner, as
dimensões verticais do box acrobático variam conforme a categoria:

Limites inferiores:

1500′ AGL: Básica e Esporte.


1200′ AGL: Intermediária.
800′ AGL: Avançada.
328′ AGL: Ilimitada.

Limite superior:

3500′ AGL: Básica, Esporte, Intermediária e Avançada.


3280′ AGL: Ilimitada.

Dimensões laterais:

3300′ x 3300′; centrada na linha dos juízes.

Nota: AGL = Above Ground Level; ou seja, é a altitude absoluta ou altura (em
relação ao solo).
36

A existência do BOX torna um campeonato de acrobacia um evento


extremamente seguro, pois obriga os competidores a voar em uma altura sensata e adequada
para o nível de dificuldade de cada categoria. Em alguns aeroportos como em Itápolis-SP, em
Americana- SP, e em Amarais – Campinas- SP, os BOX são utilizados para treinamento de
acrobacias já que se localizam ao lado da pista, facilitando assim em caso de emergências e
necessidades de prioridades de pouso.

Figura 6 - Box de acrobacia

Fonte: Regras Acro Brasil. Disponível em: http://www.acrobrasil.com.br/aeronaves/box-acrobatico/


37

6.3 LOW LINE – ALTURA MINIMA

Em shows aéreos diferentemente das competições, as alturas das manobras são


condicionadas por critérios incontornáveis: como as instruções das autoridades aeronáuticas, a
competência do piloto, os parâmetros exteriores.

As instruções são dadas durante o briefing preparatório, a competência do piloto é


de extrema importância para dizer que essa segurança não é apenas uma altitude numérica, em
pés ou metros, é antes de tudo uma questão de experiência do piloto e da categoria de
manobras, admissíveis ou não em voo a baixa altura. Logicamente os pilotos conscientes para
determinadas manobras especificas manterão sempre uma altura acima da mínima autorizada,
para garantir assim a segurança operacional.

Os parâmetros exteriores são sempre fatores que podem levar o piloto a fazer suas
manobras acima da altura mínima autorizada, são estes a turbulência, a visibilidade, a
temperatura, o solo e, sobretudo o revelo e obstáculos ao redor.

A altura segura não depende meramente de uma linha em pés ou metros, por
exemplo, um parafuso chato terminado a 400 pés de altura é infinitamente mais perigoso do
que um immelmann15 iniciado a 1 metro do solo. No entanto, paradoxalmente, em numerosos
países o parafuso chato será autorizado enquanto o immelmann rasante será estritamente
proibido. E, além disso, as alturas determinam uma segurança tanto para os pilotos, quanto
para os espectadores dos shows aéreos e das competições.

6.4 CATÁLOGO DE MANOBRAS – CÓDIGO ARESTI

Segundo o site de Plinio Lins (Aero magia), as manobras são catalogadas e


denominam figuras, numa classificação que se originou a partir do chamado “Código
aresti”, é este código que representa as manobras por meio de símbolos e linhas,
aparentemente complicados, ele passa a ficar mais claro quando se compreende, por
exemplo, que:

- O voo positivo é um traço continuo, e o voo invertido é pontilhado;

- Uma rotação (tounneau) é uma flecha, ou uma fração de flecha;

- Cada figura começa por um ponto e termina por um traço;

- Toda figura começa e termina na horizontal;

15
Immelmann : manobra acrobática é uma meia volta com meio rolo de aileron ou meio snap rool para
erguer o voo no topo, descrita na pagina 65, item 10.4.2.
38

- Parafusos são triângulos retângulos, e snap roll é um triangulo isósceles;

- A direção do vento deve ser indicada no desenho, por setas continuas na parte
superior.

O código aresti começou a ser elaborado na década de 1960 por um acrobata


espanhol, o coronel Jose L. Aresti, e veio sendo constantemente aperfeiçoado, até ser
substituído pelo atual Catalogo Acrobático da CIVA/FAI. As manobras foram redigidas
por pilotos americanos, russos, e franceses, assistidos pelo próprio Jose Aresti.

As manobras são atualmente divididas em nove famílias, assim numeradas:

F1 à F8 são famílias de manobras básicas:

F1- linhas e ângulos;

F2- curvas e toouneaux em curva;

F3- combinações de linhas;

F4- parafusos;

F5- reversões/hammerheads;

F6- estóis 16de badalo, tail slides;

F7- loopings, oito cubano, e oito vertical;

F8- combinações de linhas, ângulos e loopings;

F9- os toouneaux ou manobras complementares, que podem se inserir nas


manobras das oito famílias acima.

Figura 7- Catálogo de Manobras - Código ARESTI

Fonte: retirada do livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 150.

16
Estóis : indica a separação do fluxo de ar do extradorso da asa, resultando em perda total de sustentação.
39

Figura 8- Catálogo de Manobras - Código ARESTI

Fonte: Retirada do livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 151.


40

Figura 9 - Como formar uma sequência de competições

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 152.

Cada manobra tem um peso em pontuação, que é chamado de coeficiente K.O.


piloto deve voar uma sequência de manobras que são desenhadas com antecedência, e ser
avaliado por um grupo de juízes que tem treinamento anualmente. Ao final de cada prova,
multiplicam-se as notas dos juízes pelos coeficientes de cada figura para obter o número
de pontos atingidos pelo piloto.

A sequência de manobra pode ser colocada numa posição visível ao piloto durante
a realização do voo, na maioria das vezes localizada no painel da aeronave, de maneira a
possibilitar lê-la como se fosse uma partitura musical. No início e no final de cada
sequência o piloto deve sinalizar com as asas aos juízes para indicar que iniciou a prova.

Os juízes devem avaliaras manobras com critérios rigorosos que incluem a


perfeição geométrica da manobra (forma, raio, ângulo, etc.); execução primorosa e
41

precisa; ritmo das rotações; a nitidez (o piloto deve definir bem quando está entrando e
saindo de uma manobra); respeito a sequência e ao sentido do vento; o posicionamento do
Box, a altura do voo, etc.

Figura 10 - Autora com Fernando Paes de Barros na linha de juízes no Troféu Bertelli em
Itápolis-SP, em 2017

Fonte: Acervo pessoal (Ana Carolina Coletto).


42

7 MANOBRAS

A preparação para competições e shows aéreos não envolve somente o voo, mas
também uma série de atividades que ajudam a disciplinar a mente para as disputas e aumentar
o nível de segurança dos voos. Algumas manobras foram inventadas durante o combate aéreo,
durante as guerras mundiais, e entre diferentes países como forma de se livrar de ser um alvo,
sendo assim, foram incluídas algumas descrições verbais e o símbolo do IAC para cada figura
básica, os símbolos para as figuras seguem as regras do FAI para descrição de figuras de
acrobacia, seguindo o Código Aresti. Toda figura de acrobacia aérea começa e termina em
linhas horizontais, em voo normal ou invertido, afetando assim o número de dificuldade para
cada figura.

Segundo Cmte. Gúnar Ármin Halboth, de um modo geral, todas as manobras


básicas são baseadas em:

- Linhas

- Arcos

- Rolls

- Curvas

- Parafusos de competições.

As linhas correspondem a todo o tipo do voo em linha reta, horizontal, vertical ou


a 45° - subindo ou descendo-, em voo normal ou invertido (de dorso), com mudança de
atitude da aeronave, por exemplo, o Looping17. As curvas de competição em muito se
assemelham as curvas normais, sendo também comandadas pelos ailerons, porém sem o uso
do pedal para a coordenação e com uma inclinação bem maior (acima de 60°). As curvas
normalmente são utilizadas nas sequencias de manobras para reposicionar a aeronave no box
acrobático.

São considerados rolls as rotações no eixo longitudinal da aeronave. Os parafusos


são manobras que normalmente se provoca um estol de asa, objetivando uma trajetória em
espiral da aeronave, fazendo-a girar sobre seu eixo vertical e em voo descendente. Da
combinação destes elementos básicos a praticamente qualquer manobra acrobática objetiva-se
o desenho, em voo, de “figuras” geométricas pré-determinadas.

A exemplo das manobras, as representações gráficas destas figuras se dão também


através de segmentos de linhas horizontais, verticais e em linhas de 45°. Eles descrevem voo
em linha reta nestas direções. Linhas solidas descrevem voo normal e linhas tracejadas

17
Looping: Um loop é uma manobra inteiramente no plano de lançamento em que a aeronave gira 360 ° em
um caminho normalmente circular, descrição na pagina 61, item 10.3.
43

descrevem voo invertido / voo de dorso. As porções arredondadas (arcos) na maioria das
figuras têm que ter o mesmo raio em todas as partes da mesma figura. Já em Rolls em linhas
verticais e em linhas de 45° tem que ser centrados nesta linha para marcar o máximo de
pontos. Qualquer divergência do centro resulta uma perda de pontos durante uma competição.
Temos manobras acrobáticas simples que englobam os Rolls, loopings e
parafusos. Assim, elevando de categoria tem-se linhas, loopings e tunos, subindo ainda mais
temos além dessas manobras o snap, e na categoria ilimitada já começa a ter ¾ de snap, que
se torna de maior grau de dificuldade por ser uma manobra giroscópica sendo esta a mais
difícil.

7.1 ROLLS

Rolls é o simples movimento de giro em torno de si mesmo, com um rolamento


rápido e uma trajetória direta.

7.1.1 Aileron Roll – roll é o movimento geralmente sobre o eixo longitudinal da aeronave
geralmente um rolamento razoavelmente rápido e com uma trajetória de voo direta.

Este movimento difere de aeronave para aeronave já que depende da taxa de


rotação que pode ser alcançada. Uma alta performance da aeronave, a manobra é quase
um rolo instantâneo sobre o eixo longitudinal da aeronave. É uma atípica manobra
acrobática treinada nas aeronaves, é essencial manter o nariz levantado/pitch up à uma
distância acima do horizonte. Os pilotos devem manter o aileron aplicado sempre suave
e cheio, sem violência, para conseguir manter uma manobra suave, e limpa, sem erros a
fim de ter uma alta pontuação em competições. Se usa o aileron full 18/ por completo,
quando se começa o roll/ a rolagem.

Figura 11 – Aileron Roll

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 99.

18
Aileron Full: é o movimento realizado com o aileron, utilizando-o totalmente.
44

7.1.2 Barrel roll, ou tuno barril – é a combinação de rolagem, pitch e guinada. A aeronave
descreve um espiral horizontal. Ou seja, em que o traço segue um trajeto de voo
helicoidal como se estivesse a voar em volta do entorno de um barril/ dentro de um
barril.

Figura12- Barrel Roll

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 113.

7.1.3 Slow Roll – é uma torração em volta do eixo longitudinal onde a aeronave segue
normalmente direto e nivelado durante uma parte do voo. Os pilotos mantem a altitude
com as asas verticalmente e se necessário utiliza um ângulo de ataque negativo para
manter o voo invertido.
45

Figura 13- Slow Roll

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 132.

7.1.4 Hesitation roll- essa manobra consiste em girar em ângulos de 90° graus, por exemplo,
a aeronave está reta nivelada com um ponto e aplica aileron e pedal para o lado direito,
aí mantem este giro até voltar ao nivelamento original. Esta manobra também é
conhecida como tuno de 4 tempos, onde o piloto pode efetuar 4, 8 ou até 16 pausas
durante a rolagem. É muito fácil em aeronaves de altas performances, já que a guinada
adversa provocada por ailerons também um problema me velocidades mais baixas.

Figura 14- Hesitation Roll 4 tempos

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 141.

7.1.5 Snap Roll – a manobra com um nível mais difícil de ser feita, já que necessita de um
conjunto de outras manobras, e ela se torna uma manobra giroscopica de lato risco. Um
estol acelerado e um giro incipiente através de meia ou uma volta, às vezes mais ao
longo de uma trajetória de voo horizontal, embora não seja incomum em uma direção
vertical, ou 45 °, para cima ou para baixo. Também usado para o meio roll ou roll
46

completo no topo de um loop para fazer uma avalanche ou um immelmann. Nesta


manobra o piloto deve nunca ultrapassar os limites de velocidade e não entrar na
manobra com a aeronave acelerando ou descendo. É utilizado full aileron e full
leme/rudder para ajudar na rotação. É efetivamente fazer um parafuso/giro
horizontalmente.
Figura 15- Snap Roll

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 142.

7.2 TURNS

7.2.1 Derry turn- é um tuno sob inversão de curva íngreme de uma direção para uma curva
íngreme na outra direção - normalmente feita através de um rolo de aileron, mas às
vezes via snap roll.
47

Figura 16- Derry Turn

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 146.


48

7.2.2 Inverted turn – é um giro invertido ou externo de um voo reto e nivelado invertido com
a cabeça do piloto saindo da trajetória de voo (portanto, há g negativo ao longo da
manobra).

Figura 17 –Inverted Turn

Fonte: Livro Skydancyng Aerobatic Flight Techniques, página 05.

7.2.3 Wing- Over – é o resultado de um leve puxar para cima, rolar, virar subindo, descida de
curva, chance de direção, através de qualquer número de graus - usado para posicionar
a aeronave e estabelecer os parâmetros de entrada para a próxima manobra. Muito útil
para procurar e ganhar a queda de uma nova aeronave. Não estritamente uma manobra
acrobática como todas as aeronaves são capazes de uma asa sobre. Pode ser unido a
partir de um oito preguiçoso.

Figura 18-Wing Over

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 92.


49

7.2.4 Chandelle - o Chandelle é semelhante à primeira parte do wing-over, mas é completado


no ponto mais alto e na velocidade mais baixa - o ápice da manobra. É um meio de
trocar a velocidade para altitudes enquanto muda de direção em um raio pequeno. Foi
derivado do Immelmann que é baseado na primeira metade de um laço em vez da
primeira metade da manobra wing-over.

Figura 19 - Chandelle

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 98.


50

7.2.5 Hammer. / Hammerhead – Hammer ou “cabeça de martelo” consiste de uma tração


reta para cima, para a vertical, uma guinada de 180 ° a partir do voo vertical para cima,
para o voo verticalmente para baixo e, em seguida, uma tração reta para fora, para
recuperar na direção oposta.

Figura 20 – Hammerhead

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 120.


51

7.3 LOOPING

Um loop é uma manobra inteiramente no plano de lançamento em que a aeronave


gira 360 ° em um caminho normalmente circular. Há G positivo, mas não constante, ao
longo da manobra existem G positivo e negativo. Esta manobra deve ser feita mais
arredondada possível, caso tenha algum desvio no “circulo” que ela forma os juízes
descontam pontos.

Figura 21-Loop

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 103.


52

7.3.1 Square Loop -Em um loop quadrado, o pitching é conduzido em quatro mudanças
discretas no traçado de voo de 90 ° com um período momentâneo de voo direto entre os
cantos. É uma manobra severa que requer rápida aplicação e remoção para tornar a
manobra distinta e claramente definida.

Figura 22- Square Loop

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 07.


53

7.3.2 – Avalanche -A avalanche consiste em uma rolagem completa do voo invertido para o
voo invertido na parte superior do loop normal. É espetacular, mas fácil e confortável
de realizar.

Figura 23- Avalanche

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 144.

7.3.3 - Outside Loop - o loop realizado com a cabeça do piloto fora do caminho de voo.
Requer uma entrada invertida e termina invertida. Sendo necessário ter uma alta
experiência e pratica nesta performance

7.3.4 Loop Round - é uma sequência de looping, seguido de outras manobras, tendo
dentro dessa manobra, 1/4 de rolo, ou um tuno 4 tempos, e assim por diante.
54

7.4 MANOBRAS ACROBÁTICAS COMPLEXAS

7.4.1 Eights – Oito

7.4.1.1 Horizontal Eight um loop de três quartos para um mergulho vertical seguido por
um meio roll (através de 180 °), um loop de vertical para baixo para vertical para baixo
seguido de mais um meio roll e pull out (saída).

Figura 24- Oito Horizontal

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 08.

7.4.1.2 -Cuban Eight / Oito Cubano - um loop de 5/8 (através da posição descendente
de 225 ° para a posição de 45 °) seguido de um meio rolo, um loop de peça a mais até
270° (45 ° até 45 ° para baixo), mais meio roll e puxe para fora.

Figura 25- Oito Cubano

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 08.

7.4.1.3- Vertical Eight- um meio loop normal para invertido com um meio roll, outro
loop para cima, mais um meio roll para invertido e completando o primeiro loop
55

7.4.1.4 Clover Leaf- quatro laços/loopings com 90 ° para baixo (ou para cima) rolam
entre si.

Figura 26- Clover Leaf

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 09.

7.4.2 Immelmann – é uma meia volta com meio rolo de aileron ou meio snap rool para
erguer o voo no topo. Uma mudança de direção no plano vertical sem componente
horizontal. Como uma maneira rápida de reverter a direção sem perda de altitude, no
mínimo espaço, e com perda mínima de energia. É o mesmo que um meio cubano oito,
exceto que o teste é completado no ápice para maximizar o ganho de altitude.

Figura 27- Immelmann

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 136.

7.4.3 Split -S (Half roll and pull through) - um meio rolo de aileron ou meio snap roll para
voo invertido seguido pela metade descendente de um loop para erguer voo
56

7.4.3.1 Vertical S – meio roll, o meio loop de descida seguido de outro meio roll e meio
loop. O S vertical também pode ser executado para cima, como meio loop para o voo
invertido, meio roll, mais meio loop para o invertido e um outro meio roll para erguer
o voo de um oito vertical

Figura 28- Vertical S

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, pagina 10

7.4.4 Knife- Edge Flight – é um trajeto de voo reto e de alavanca com as asas verticais. A
força lateral da fuselagem junto com o componente vertical de empuxo gera a elevação
necessária. O empuxo da hélice nesse ângulo alto do flanco esquerdo tem um
57

componente a 90º da trajetória de voo, bem como o principal componente ao longo da


trajetória de voo.

Figura 29 - Knife Edge Flight

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 139.

7.4.5 Spins ou Parafusos - spin ou spin estável - um equilíbrio de forças e momentos


aerodinâmicos e giroscópios que causam uma rotação sustentada e baixa de velocidade
no ar, guinada e rolante, e a aeronave seguindo uma trajetória de voo em espiral ou
helicoidal com um eixo nominalmente vertical. Para uma aeronave projetada para girar,
esse também é um giro estável.

Alguns pilotos gostam de incluir um giro controlado e meio como parte de seu
repertório acrobático. O aspecto essencial dessa manobra é iniciar e completar as
rotações precisamente no proa. Isso exige uma entrada e recuperação positivas. Isso,
por sua vez, significa praticar e estar familiarizado com seu avião particular, e além
disso seja qual for o modelo do avião, a recuperação de um parafuso é sempre efetuada
da mesma maneira: pressão contraria do leme de direção e um momento após, o
manche é levado para frente, alguns aviões cessarão de girar logo que os comandos
forem neutralizados, outros são projetados de modo que é necessário tira-los do
parafuso. Enfim, de um modo geral, deve-se aplicar pressão para os comandos para:
cessar a rotação, adquirir menos velocidade, e a saída do mergulho deve ser gradativa.
58

Figura 30- Spin / Parafusos

Fonte: Livro Skydancing Aerobatic Flight Techniques, página 147.


59

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que foi mostrado nos capítulos anteriores, é de suma


importância que para realizar algum tipo de manobra acrobática é necessário ter um
treinamento especifico e em aviões adequados, a fim de evitar quaisquer acidentes ou
incidentes. Ainda mais além, para manter a segurança operacional de um aeroclube ou
aeroporto, ou até mesmo em pistas em fazendas, ou condomínios, é necessário que se tenham
um alto grau de experiência no que vão realizar, para minimizar as fatalidades.
Conclui-se que acrobacia aérea é uma modalidade de um esporte, de uma arte e de
um espetáculo. Que é necessário ter um programa de treinamento perfeito.
Nota-se que uma apresentação em show aéreo deve ser objeto de um treinamento
severo, com numerosas repetições da sequência. A série de manobras deve ser perfeitamente
conhecida e contornada, e não deve em hipótese alguma ser modificado em cima da hora,
muito menos em voo. Em competições, uma alteração de sequência faz com que o piloto zere
a pontuação. Em show aéreo, as fantasias de improvisos trazem a possibilidade de o piloto
terminar o dia no necrotério. E suponhamos que não seja o que os pilotos querem que
aconteça ao fim das apresentações.
E ainda mais, os pilotos devem conhecer a máquina em que estão voando, além de
manter uma boa forma física, com o intuito de evitar a desorientação durante o voo por causa
de uma manobra mais brusca, e ainda mais conhecer o local onde está sendo feito estas
manobras, para assim administrar a aproximação do solo.
Com isso em competições exige-se constantemente que o piloto faça uma quebra
de ângulos retos de trajetórias verticais descendentes. No entanto, isto não pode ocorrer em
manobras à baixa altura, já que estas são treinadas e executadas a uma baixa distância do solo.
De modo geral, toda descida até uma baixa altura deve ser constantemente controlada e
consciente.
Além de que existem manobras que são selecionadas para serem realizadas a
baixa altura, e outras que não, nem jamais serão, quaisquer que sejam as performances da
aeronave utilizada durante as manobras.
Conclui-se que a acrobacia aérea aperfeiçoa no piloto diversas qualidades:
autoconfiança, domínio do voo, da máquina, destreza, precisão, acuidade de visão, rapidez na
interpretação e na decisão, entre outros. É, portanto, uma forma de explorar as três dimensões
de maneira muito mais intima do que pelos pousos e decolagens de um voo convencional.
60

E mais, atualmente a acrobacia aérea é uma atividade perfeitamente codificada,


com figuras catalogadas e que uma formação progressiva e solida permite praticar em total
segurança, com isso, é possível dizer que na acrobacia a improvisação não deve ter lugar.
Além disso, durante a realização da acrobacia aérea seja em shows aéreos ou em
competições, só vai o piloto para voo, para não ter problema de um passageiro ou outro piloto
que está junto não se sentir bem, e acabar atrapalhando as manobras, e com isso prejudicar o
desempenho do competidor, fazendo com que o mesmo perca pontos.
Para pilotos de acrobacia aérea, ela é uma arte, um esporte que faz liberar toda a
adrenalina, e esta é quem mantem os pilotos dentro de seus limites (físicos), quanto dentro
dos limites da máquina, a fim de não os ultrapassar e garantir uma bela apresentação, para
todos os espectadores, e mais além para evitar fatalidades.
Muito mais que uma aprendizagem, quem vivencia shows aéreos, sabe a grande
bagagem que se levará para toda vida, em ambientes que se têm pessoas mais experientes
dispostas a fazer o melhor, e ainda ensinar os mais jovens, se consegue aprender e muito.
Com isso, em minha visão sobre este trabalho, tenho que não é só por dinheiro, que se vive,
tem-se que viver pelas conquistas, experiências, pelos amigos que te querem bem, assim é
fácil viver a vida numa boa. É isso que eventos proporcionam para os que já são do meio
aeronáutico, e aos que não conhece, uma amizade nova cresce a cada dia, pessoas de cada
lugar do mundo, que ensinam, colaboram, ou apenas lhe dizem um “olá”, já se tornaram um
grande ídolo, neste meio.
Além disso, posso dizer que é um privilégio o convívio com tantas pessoas de
corações gigantes, na aviação as mulheres estão aumentando, mas demoraremos a alcançar os
homens, mas sabemos que podemos fazer o que quisermos e estar onde quisermos. E é assim
que Monica Edo, Juliana Franchesti, Marta Bognar, e tantas outras aviadoras inspiram muitas
meninas que nem se quer pensaram que poderiam se tornar pilotos. Monica e Juliana são
acrobatas, e a Juliana é a atual campeã feminina do CBA (campeonato brasileiro de acrobacia
aérea) (CBA, 2017). E com isso vamos conquistando e almejando altos escalões da nossa
aviação brasileira.
E mais adiante, a acrobacia é uma atividade que se renova constantemente, de um
voo ao outro, as condições meteorológicas se modificam, as manobras podem ser combinadas
de formas indefinidamente diferentes, a destreza progride, o prazer do sucesso se concretiza e
recompensa os esforções realizados ao longo dos dias de treinamento.
Os treinamentos na acrobacia aérea são de suma importância para assim qualificar
cada vez mais o piloto, com isso as manobras e habilidades são melhoradas a cada novo voo,
61

e nova performance, para assim conseguir escalar com um passo de cada vez a vitória em
competições, e o mérito entre os pilotos.
Sobretudo, voar melhor não significa voar mais baixo, mais rápido, nem mais
forte, mas sim voar com a segurança operacional em primeiro lugar sem ultrapassar nenhum
limite, para manter elevada a segurança, e assim, sem causar incidentes ou acidentes.
A segurança é uma preocupação iminente entre os pilotos, organizadores,
espectadores de uma competição, demonstração aérea, e esta devem ser mantidos nos níveis
mais rigorosos possíveis, para assim ter um evento, uma competição segura, e ainda, fazer a
utilização de aviões que são concebidos especificamente para manobras, fazer uso de
paraquedas, que é um item obrigatório, ter atenção reforçada que cada piloto dispensa a seu
avião antes de voar, ainda pela experiência adquirida e transmitida pelos instrutores aos
pilotos, e de piloto a piloto, pois a finalidade é explorar o máximo domínio seguro do voo, já
que a progressividade da formação e aperfeiçoamento através de categorias de voo permite a
cada um acostumar seu organismo progressivamente e se adaptar as performances das
aeronaves.
Para concluir, a acrobacia aérea é uma atividade desportiva onde se adquire
perfeccionismo, pois ao lutar para corrigir os erros, defeitos técnicos, aprende-se a dominar as
reações físicas e emotivas. E finalmente, é uma atividade individual que se pratica em grupos,
já que quando o instrutor se torna dispensável, é ele que ajudara o piloto a manter o voo
seguro, assim ele intervém dando avisos, macetes ou ainda só orienta pelo rádio sobre a
segurança visual da aérea de evolução do piloto, e ainda mais é ele que corrige do solo se a
entrada está correta, se a manobra ficou de acordo com o desenho dela, se será descontado
pontos ou não, tudo isso durante o treinamento. Sabendo que em uma competição quem
pontua o voo do piloto, são os juízes, que recebem treinamentos para ficarem por dentro das
mudanças que aconteceram nas sequencias, e sobre como pontuar corretamente, sem deixar
escapar nenhum detalhe.
Conclui-se que a acrobacia aérea é de encher os olhos de quem aprecia, ou de
quem a pratica, assim é necessário ter todo um conjunto de treinamento, para conseguir
mantê-la dentro das regras, dos limites operacionais, e ainda mais além de tudo isso, efetuar o
voo com segurança, que é o principal objetivo de se conhecer as manobras a serem realizados,
conhecer a aeronave em que vai voar, e se conhecer, para evitar acidentes e ou incidentes de
grandes proporções.
62

REFERÊNCIAS

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em: http://www.acrobrasil.com.br/ Acesso em 22 de fevereiro de 2018.

ACRO BRASIL, Categorias acrobaticas. Disponivel em: http://www.acrobrasil.com.br/


Acesso em 22 de fevereiro de 2018.

AERO MAGIA. Acrobacias Aéreas . Disponivel em: https://aeromagia.net/ Acesso em 16


de fevereiro de 2018.

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<https://aeromagia.net/2016/09/13/conselhos-para-o-voo-demonstracao-aerea/>. Acesso em
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ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil - Gerenciamento da segurança operacional na


avição civil. Disponivel em: <http://www.anac.gov.br/assuntos/paginas-
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ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil. OACI - Organização da Aviação Civil


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http://www.anac.gov.br/A_Anac/internacional/organismos-internacionais/organizacao-da-
aviacao-civil-internacional-oaci Acesso em : 12 de maio de 2018.
63

CBA- CÔMITE BRASILEIRO DE ACROBACIA AÉREA, Dispostos regulamentações,


sequencias atuais das categorias do campeonato acrobacia. Disponivel em :
http://acrobaciacba.com/ Acesso em 30 de janeiro de 2018.

CENIPA, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, Panorama


Estatístico da Aviação Civil Brasileira. FCA 58-1, 2012. Disponível
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