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ENEAGRAMA – Um Estudo da Personalidade

Relacionamento
1. Como posso detectar os outros números do Eneagrama
GALLEN, M.-A. & NEIDHARDT H. (1997). El Eneagrama de nuestras relaciones, Bilbao: Desclée De Brouwer (pp. 82-154)

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a perguntar-me:
- Estará tudo bem em mim?!
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número UM.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a perguntar-me:
- Que quer e que espera este de mim?
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número DOIS.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a ter a sensação:
- Este, de facto, exagera!
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número TRÊS.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a perguntar-me:
- Que tipo de pessoa é este?
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número QUATRO.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que o leva a ter a sensação:
- Não consigo chegar a esta pessoa!
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número CINCO,

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a ter a sensação:
- Que insegurança!... Não percebo bem como é a nossa...
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número SEIS.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a ter a sensação:
- Que simpatia! Mas, parece tudo tão superficial!...
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número SETE.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a ter a sensação:
- Que insegurança! Parece-me tão impessoal!...
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número OITO.

Se, ao relacionar-me com outra pessoa notar em mim uma reacção que me leva a ter a sensação:
- Que maçada! Promete-me sempre coisas agradáveis, mas nunca cumpre o que me prometeu!
Então, muito provavelmente, a outra pessoa é um número NOVE.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 1


2. Comunicação Verbal
ARNALDO PANGRAZZI (1997). El Enneagrama – Un viaje hacia la libertad. Santander: Sal Terrae (pp. 81-104)

UM
 Comunicam verbalmente, julgando a realidade de maneira instintiva: centram a sua atenção nos
comportamentos e não nas motivações que lhes podem estar subjacentes
 Tendem a moralizar: Viste?! Eu não te tinha dito?... Não se faz assim!... Enganaste-te!...
 No seu vocabulário repetem-se expressões como: É preciso... Devíamos todos... Havia que...
 O seu tom de voz é, por vezes, cortante e/ou culpabilizante
 Por vezes detêm-se a repetir informações ou instruções para se certificarem de que quem os ouve
compreendeu tudo bem e não vai cometer erros

DOIS
 Gostam de conversar e distinguem-se pelo calor e intimidade da sua conversa
 Quando se cruzam na rua com um conhecido, saúdam-no calorosamente para começar bem a conversa e
conquistar a outra pessoa: Estás com óptimo aspecto!... Que bonito vestido trazes!...
 A sua comunicação caracteriza-se pela facilidade com que tendem a dar conselhos: Ouve-me! Digo-te isto
para teu bem... Sugeria-te que... Segue o meu conselho e não te arrependerás...

TRÊS
 São especialistas na arte da comunicação
 Devido aos seus dotes de persuasão são capazes de vender as suas ideias e iniciativas
 A palavra constitui uma arma importante para conquistar os outros e alcançar o êxito
 Fazem facilmente o papel do caixeiro viajante que sabe vender as suas propostas, convencer os que o
ouvem e seduzir com o seu jeito próprio

QUATRO
 Sofrem porque têm consciência de não serem capazes de exprimir adequadamente tudo o que sentem,
vivem e pensam
 Por isso, a sua comunicação tem uma conotação de lamento
 A essência desse lamento é a sensação de uma carência
 O seu lamento exprime-se através de profundos suspiros e de frases incompletas: Não sei como dizer...
Não sei se me entendes... Não consigo dizer o que queria...
 Apercebem-se de que a complexidade do seu mundo interior não encontra expressão verbal adequada nem
satisfatória

CINCO
 Preocupam-se em explicar as coisas e usam um modo de falar racional, lógico e analítico
 Pretendem compreender e fazer compreender as coisas
 Se precisam dum exame médico, pedem que se lhes explique tudo, para poderem colaborar melhor
 Se dão uma aula, expõem e desenvolvem claramente o tema, usando os estribilhos: Fui claro?... Expliquei-
me?... Passemos agora ao segundo ponto...

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 2


SEIS
 Quando precisam de comunicar, deixam-se guiar pela cautela: Posso?... Se me permite... Antes de decidir,
gostaria de ouvir a opinião de todos...
 O modo de se exprimir revela as suas dúvidas e medos na hora de assumir uma posição, de tomar uma
decisão ou de transmitir directamente o que sente
 São amáveis mas cautelosos e prudentes na comunicação

SETE
 Têm um modo vivo, fascinante e frequentemente arrebatador de se expressar
 Quer descrevam um passeio, um encontro ou uma experiência, recorrem sempre à fantasia e a uma série
de detalhes e adjectivos que atraiam o interesse de quem os ouve: Foi fantástico!... Foi incrível!... Foi uma
experiência maravilhosa! Foi um espectáculo memorável!... Foi o máximo!...

OITO
 Comunicam verbalmente através da confrontação como meio de estabelecer contacto
 Não são diplomatas
 Surpreendem-se quando os outros se sentem atemorizados pela sua directividade
 Sentem que a verdade ganha força quando se pressiona um pouco
 Querem chegar logo ao fundo das coisas, sem perder muito tempo em discussões
 Auscultam os seus interlocutores para perceber o que pensam e de que lado estão: Com quem estás tu?...
Gostaria de ouvir a tua opinião...
 Partem da clareza das suas próprias convicções para saber onde se encontram os outros
 Alguns falam quase aos gritos e com ímpeto
 Outros usam um tom mais moderado, embora sempre enérgico

NOVE
 Exprimem-se, concedendo a cada coisa a mesma atenção emotiva e intelectual, para não correr o risco de
mostrar preferências e gerar conflitos
 Em grupo, se se lhes pede que tomem posição perante duas hipóteses distintas, podem dizer: Estou de
acordo com a hipótese 'A' por isto, mas também com a hipótese 'B' por aquilo.
 O seu tom de voz é sereno, reflexivo e livre das emoções que poderiam dificultar as relações
 Comunicam frequentemente com humor, o que os toma especialmente atraentes

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 3


3. Gestualidade
ARNALDO PANGRAZZI (1997). El Enneagrama – Un viaje hacia la libertad. Santander: Sal Terrae (pp. 81-104)

UM
 Custa-lhes muito estar relaxados
 A sua tensão constante leva-os a manter o corpo erguido e os músculos prontos para a acção
 Geralmente são pessoas altas em que o físico está dominado pelo sistema nervoso

DOIS
 A intimidade está-lhe no sangue
 Movem-se com naturalidade e rapidez em todos os ambientes
 Estabelecem relações com facilidade, através dum cumprimento, dum abraço, duma carícia
 Desejo de ternura poderia ser o título do seu manual de relações diárias

TRÊS
 A sua linguagem não verbal é viva, entusiasta e cativante
 Utilizam os gestos e os comportamentos adequados para chamar a atenção, impressionar e conquistar
simpatia e confiança (tudo isto para conseguirem os seus objectivos)

QUATRO
 Comunicam não verbalmente, por meio de suspiros e olhares que dizem mais do que mil palavras
 São mais contidos e reservados no que diz respeito à expressão da intimidade física

CINCO
 Esquecem-se, por vezes, de que a cabeça está unida ao corpo
 Estão tão absorvidos no desenvolvimento articulado do seu pensamento que se esquecem de dar
vivacidade e vitalidade às suas ideias por meio da expressão corporal
 O que pretendem transmitir tem uma forma muitas vezes seca, fria e distante
 Para melhorarem a sua forma de comunicar, há que prestar mais atenção à expressão corporal e à
comunicação não verbal

SEIS
 As suas expressões não verbais adaptam-se às circunstâncias: nem são demasiado espontâneas nem
demasiado rígidas, tentando projectar uma imagem digna e apropriada
 Têm especial atenção aos gestos de hospitalidade
 Quando recebem alguém, tratam-no do modo mais requintado possível
 Preocupam-se que tudo esteja em ordem, das toalhas no quarto de banho às bebidas na mesa, tudo isto
para conseguir que o visitante se sinta bem acolhido

SETE
 No plano da comunicação não verbal, são os que geralmente comunicam com maior desenvoltura e
espontaneidade, transmitindo uma maior carga de energia

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 4


 Além duma linguagem colorida e estimulante, dispõem dum corpo em constante vibração que se exprime
através dum humor contagioso e de gestos expressivos e cativantes, que gravitam à volta dum rosto
sorridente e de uns olhos fascinantes
 São a imagem da eterna criança

OITO
 O seu modo de ser e de se comportar exige o respeito dos outros
 Alguns não usam muitos gestos, mas as suas expressões, medidas e intencionadas, centram atenção no
essencial

NOVE
 Os seus gestos são medidos e controlados
 Não são muito enérgicos por natureza
 Gostam de companhia e são acolhedores
 Passam gostosamente o tempo com os amigos ou frente à televisão
 Sabem adaptar-se bem às circunstâncias
 São cordiais e delicados nas suas manifestações de afecto

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 5


4. Modo de vestir
ARNALDO PANGRAZZI (1997). El Enneagrama – Un viaje hacia la libertad. Santander: Sal Terrae (pp. 81-104)

UM
 Com os QUATRO, são as pessoas que dão mais atenção ao modo de vestir como meio de transmitir a sua
imagem
 A roupa costuma estar a condizer
 Vestem com gosto e elegância
 Preferem as cores clássicas

DOIS
 Vestem-se mais para agradar às pessoas que são importantes na sua vida do que para seu próprio gosto
 Preferem as cores quentes e um estilo liberto e desportivo

TRÊS
 Vestem-se em função da imagem que pretendem dar
 Preferem pedir opinião antes de decidir o que hão-de vestir
 Sabem adaptar-se facilmente a todos os ambientes
 Passam facilmente do modo informal ao modo tradicional e clássico de vestir
 Para eles o importante é dar uma imagem de segurança harmoniosa e eficaz para conquistarem a estima
das outras pessoas

QUATRO
 Representa um modo de exprimir a sua originalidade e unicidade
 Geralmente não gostam das cores demasiado vivas, preferindo as mais apagadas e esvaídas
 A roupa ajuda-os a sentirem-se diferentes, e a maneira de a usarem reflecte a sua classe e originalidade

CINCO
 Dão primazia ao funcional e ao prático
 Não são pessoas que sigam a moda, nem se distinguem pela sua elegância e vistosidade da roupa
 Preferem passar quase desapercebidos e não atrair a atenção

SEIS
 Tendem a vestir-se dum modo cómodo e funcional
 São moderados nos seus gastos e tendem a comprar roupas baratas e pouco vistosas
 Em ocasiões especiais, pedem a opinião de outras pessoas acerca de como devem vestir-se para se
poderem apresentar bem

SETE
 Vestem o que para eles é mais cómodo e agradável
 Costumam vestir-se sem pensar muito, obedecendo ao seu instinto e ao que sentem na altura
 Preferem as roupas largas e de cores alegres

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 6


OITO
 Vestem como lhes apetece, sem se deixarem condicionar demasiado pela opinião dos outros
 O estilo de alguns é simples e prático
 O de outros, clássico e elegante

NOVE
 Não se distinguem pelo facto de andarem sempre à última moda
 Para eles, a roupa não tem importância de maior
 Vestem de maneira informal e cómoda
 Quanto ao estilo e às cores, tendem mais para o conservador

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 7


5. Como se dar bem comigo
R. BARON & E. WAGELE (1996). Eneagrama – Um guia prático. Rio de Janeiro: Ediouro (pp.21-141)

UM
 Assuma a sua parte na responsabilidade, para que eu não acabe a ter de fazer o trabalho todo!
 Reconheça as minhas conquistas!
 Sou exigente comigo mesmo. Confirme-me de que estou bem assim como sou!
 Diga-me que dá valor aos meus conselhos!
 Seja justo e ponderado como eu!
 Peça-me desculpa, se tiver sido insensato; isso vai-me ajudar a perdoar-lhe!
 Anime-me gentilmente a relaxar-me e a rir de mim mesmo quando eu estiver apreensivo, mas antes ouça
as minhas preocupações!

DOIS
 Diga-me que me aprecia; seja específico!
 Partilhe os seus momentos de alegria comigo!
 Interesse-se pelos meus problemas, embora eu, provavelmente, me tente concentrar nos seus!
 Diga-me que sou importante e especial para si!
 Se resolver criticar-me, faça-o com gentileza!

TRÊS
 Deixe-me sozinho quando estou a trabalhar!
 Dê-me um feedback sincero, mas não demasiado crítico ou carregado de julgamentos!
 Ajude-me a manter o meu ambiente harmonioso e pacífico!
 Não me sobrecarregue com emoções negativas!
 Diga-me que gosta de estar perto de mim!
 Quando sentir orgulho de mim ou das minhas conquistas, diga-me!

QUATRO
 Elogie-me muito; os elogios significam muito para mim!
 Como amigo ou companheiro, apoie-me; ajude-me a aprender a amar e a realizar-me!
 Respeite-me pelos meus dons especiais de intuição e visão!
 Embora nem sempre eu queira ser animado quando estou melancólico, às vezes gostaria de ter alguém
que me animasse!
 Não me diga que sou sensível demais ou que as minhas reacções são exageradas!

CINCO
 Seja independente; não seja pegajoso!
 Fale de forma directa e breve!
 Preciso de ficar sozinho para arrumar os meus sentimentos e pensamentos!
 Lembre-se de que, se pareço arredio, distante ou arrogante, talvez não me esteja a sentir à vontade!
 Faça com que eu me sinta bem-vindo, mas não muito intensamente, ou talvez eu duvide da sua sin-
ceridade!
 Se eu ficar irritado quando tiver de repetir as coisas, talvez seja porque, para expressar os meus
sentimentos precise de ter feito um grande esforço!
 Não seja intimidador comigo!
 Ajude-me a evitar desgastes: grandes festas, música alta, emoções exageradas e intrusões na minha
privacidade!

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 8


SEIS
 Seja directo e claro!
 Ouça-me com atenção!
 Não me julgue pela minha ansiedade!
 Trabalhe as coisas juntamente comigo!
 Reassegure-me de que está indo tudo bem entre nós!
 Ria-se e meta-se comigo!
 Estimule gentilmente que eu passe por novas experiências!
 Tente não reagir de forma exagerada aos meus exageros!

SETE
 Ofereça-me companheirismo, afeição e liberdade!
 Junte-se a mim, estimulando conversas e risos!
 Aprecie as minhas visões grandiosas e ouça as minhas histórias!
 Não tente mudar o meu estilo; aceite-me como sou!
 Seja responsável por si mesmo; não gosto de pessoas pegajosas ou carentes!
 Não me diga o que tenho de fazer!

OITO
 Defenda-se... e defenda-me!
 Seja confiante, forte e directo!
 Não ande para aí a falar de mim, nem traia a minha confiança!
 Seja vulnerável e compartilhe os seus sentimentos; descubra e reconheça o meu lado terno e vulnerável!
 Deixe-me espaço para que eu esteja sozinho!
 Reconheça as contribuições que dou, mas não me lisonjeie!
 Muitas vezes falo de forma afirmativa; não assuma automaticamente que se trata de um ataque pessoal!
 Quando grito ou saio a bater com os pés, tente perceber que esse é, apenas, o meu modo de ser!

NOVE
 Se quer que eu faça alguma coisa, o importante é a forma como o pede; não gosto de expectativas nem de
pressões!
 Gosto de ouvir e servir, mas não se aproveite disso!
 Ouça-me até eu acabar de falar, mesmo que eu divague um pouco!
 Dê-me tempo para acabar as coisas e tomar decisões; não vejo problema em ser avisado com gentileza,
mas não me julgue!
 Faça perguntas que me ajudem a esclarecer as coisas!
 Quando gostar da minha aparência, diga; não sou avesso a elogios!
 Abrace-me; mostre-me a sua afeição física; isso deixará vir à tona os meus sentimentos!
 Deixe-me saber quando gostar de alguma coisa que eu tenha feito ou dito!
 Ria-se comigo e compartilhe o meu gosto pela vida!

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 9


6. A pessoa ideal
M.-A. GALLEN & H. NEIDHARDT (1997). El Eneagrarna de nuestras relaciones. Bilbao: Desclée De Brouwer (p.40).

A pessoa ideal, numa determinada situação, é capaz


de perceber conscientemente as três necessidades básicas
e de que dispõe de todas as forças psicológicas (energias básicas)
para satisfazer a correspondente necessidade.
 Esta pessoa poderia dizer "sim" ou "não" a partir do seu ventre, comportando-se de forma unívoca, e
apresentar-se-ia, portanto, como um eu forte e independente.
 Teria a cabeça clara, mantendo o controlo, e poderia decidir rapidamente – no caso de haver perigo – se
tinha sentido lutar, fugir ou pactuar.
 Esta pessoa ideal aproximar-se-ia dos outros com o coração aberto e sem complicações, tendo para
com eles uma relação carinhosa, sem ultrapassar os limites próprios nem os dos outros.

As três necessidades básicas e as três energias básicas manter-se-iam numa relação equilibrada e fluida.
A nossa pessoa ideal poderia dispor livremente da sua atenção para reagir da forma mais adequada a qualquer
situação imaginável.

Mas, isto é uma utopia...


porque, no equilíbrio confluente, há uma tensão conflitiva
entre as três necessidades básicas.
 A necessidade de autonomia (energia do ventre) está em certa contradição com as outras duas
energias.
 A necessidade de segurança e de orientação (energia da cabeça) não "vai bem" necessariamente com
as necessidades de ter uma relação cordial (com o perigo consequente de ser ferido nos seus
sentimentos amorosos) e com a auto-afirmação vital, que sai do ventre.
 Os desejos do coração situam-se irremediavelmente numa relação de tensão com as
necessidades de autonomia do ventre, bem como com as necessidades de orientação da cabeça.

Poder-se-ia dizer que o símbolo do Eneagrama se encontra tenso


entre as três necessidades básicas de autonomia, amor e segurança.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 10


7. Comportamento típico de cada número ao longo
da mesma história
M.-A. GALLEN & H. NEIDHARDT (1997). El Eneagrarna de nuestras relaciones. Bilbao: Desclée De Brouwer (pp.70-71).

Imagine que uma pessoa vagamente sua conhecida o/a convidou para a festa de inauguração da sua nova casa.
Vai sozinho/a. Para lá chegar tem de fazer um longo percurso de autocarro.

1.ª Cena
Entra no autocarro e verifica que só há um lugar desocupado. Há outra pessoa que também se dirige para esse
lugar vago.
O que é que acontece?
O que é que pensa?
Como se sente?
O que é que acontece a seguir?

2.ª Cena
Chega à casa do seu conhecido. O seu anfitrião recebe-o/a à entrada e indica-lhe o salão. Está agora à porta do
salão, olhando para o interior. Verifica que estão lá cerca de 20 pessoas. Não conhece ninguém. Há alguns
pequenos grupos em animada conversa. Duas ou três pessoas encontram-se sós. Há uma mesa com comida e
bebidas para cada um se ir servindo.
O que é que faz?
Procura contactar de uma forma activa?
Com quem e de que modo?
O que é que pensa e sente ao fazê-lo?

3.ª Cena
Logo a seguir, entra um/a grande amigo/a seu/sua.
Como se sente?
O que é que pensa?
O que é que vai fazer?
O que é que gostaria que acontecesse?
O que é que o/a magoaria agora?
Como é que poderia decorrer o resto da noite?
4.ª Cena
Em vez do/a amigo/a, quem entra agora no salão é o seu chefe, com quem, nessa mesma manhã, teve uma
discussão não resolvida.
Como se sente?
O que é que pensa?
Como se vai comportar?

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 11


8. Relações entre os vários números
MARIA-ANNE GALLEN & HANS NEIDHARDT (1997). El Eneagrarna de nuestras relaciones. Bilbao: Desclée De Brouwer (pp.217-278).

São distinguidas as tendências para a desintegração ( - )


e as possibilidades de integração (+)

UM e UM
( - ) Esta formação torna-se difícil quando as duas pessoas têm verdades interiores ou princípios muito
diferenciados. Nestes casos, as opiniões contrapõem-se sem possibilidade de reconciliação, podendo haver
discussões tensas devido a princípios, nas quais cada um procurará convencer o outro. A relação
caracteriza-se então pela mútua tensão.
( + ) No caso positivo, a relação é caracterizada pelo mútuo respeito e consideração. Cada um valoriza o esforço
e a correcção do outro, sabendo que é tratado com justiça e verdade.

UM e DOIS
A perspectiva do UM
( - ) Visto da perspectiva do UM, há que questionar-se o aspecto manipulativo do DOIS (Sou bom, para que...).
Dá-se conta de que há alguma coisa que falha e sente que o seu comportamento não é sincero. Se o DOIS
tenta impor-lhe alguma coisa, o UM senti-lo-á como um ataque à sua autonomia, e aborrecer-se-á muito.
( + ) A verdadeira ajuda que o UM recebe do DOIS e a aceitação que sente, são bem acolhidas. Actuam contra
o próprio questionamento acerca de si mesmo. Com o DOIS, não se sente chamado à ordem nem obrigado
a fazer o que quer que seja.
A perspectiva do DOIS
( - ) Com a sua correcção e autonomia, o UM proporciona ao DOIS poucas oportunidades de o ajudar. O modo
de ser distante do UM pode ser interpretado pelo DOIS como uma recusa. Quando o DOIS se intromete,
receberá logo um desaire (aborrecido). Se o UM critica o DOIS pelos seus princípios, isto pode facilmente
levar a uma luta pelo poder, a qual consiste em demonstrar quem é o melhor.
( + ) O DOIS vê no UM uma pessoa fiável e constante. Algo valorativo que tenha expressado uma vez, vale e
prevalece sempre. Isto permite que o DOIS se sinta independente e autónomo na relação. Não tem de
voltar a adquirir, uma e outra vez, a aceitação do UM.

UM e TRÊS
A perspectiva do UM
( - ) O UM nota logo quando o TRÊS tem a máscara posta e não está a ser autêntico. Se o TRÊS o engana,
sente-se afectado e aborrece-se. Com as suas críticas, alimenta-se da mentira sem piedade. Quando o
TRÊS declara como standard o seu activismo e a sua busca de êxito, e pretende provocar o UM a isso, o
caso origina uma luta de poder.
( + ) O UM valoriza a iniciativa e a eficácia do TRÊS. O esforço que o TRÊS tem pela autenticidade cai bem ao
UM. Aí encontrará a transparência com a qual pode relaxar. A sincera admiração por parte do TRÊS
encaixa bem na sua exagerada autocrítica.
A perspectiva do TRÊS
( - ) O TRÊS tem problemas com o UM quando entra em contacto com a sua forma de pensar por meio de
princípios e com a sua elevada moral. Sabe que nunca poderá fazer frente a tão altas expectativas e que,
por isso, não vai ser aceite. Por isso, é fácil que pretenda impor a sua competência e que tenha de
demonstrar que alcança um êxito maior.
( + ) O sentido da realidade e a procura da verdade do UM também se podem conjugar de forma positiva com a
dinâmica do TRÊS. A rectidão do UM encoraja o TRÊS a seguir também pelo caminho recto. Como equipa,
os dois juntos podem obter grandes êxitos, desde que não se tomem concorrentes em matéria de
competência.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 12


UM e QUATRO
A perspectiva do UM
( - ) O UM pega-se com o QUATRO ao criticá-lo pelo seu deficiente sentido da realidade e pelo seu caos. Se
não conseguir respeitar este estado de coisas e tentar converter o difuso do QUATRO em algo mais claro, o
QUATRO não se sentirá bem compreendido e retirar-se-á. O UM, pelo seu lado, sentirá que está a ser
tratado injustamente e com maldade (dor).
(+ ) O UM recebe do QUATRO muito aplauso pelo seu realismo e pela sua procura sincera do caminho
correcto. O QUATRO dá-lhe uma autonomia total, independentemente onde possa conduzir esse seu
caminho. Se o UM se tornar rígido e excessivamente "de princípios", receberá logo uma correcção por parte
do QUATRO.
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO interpreta o pedantismo do UM como: Este pretende saber mais de mim do que eu próprio!..., e
sente-se completamente incompreendido. As críticas constantes aos seus erros levam o QUATRO a isolar-
se no seu mundo interior.
( + ) A exactidão e a escrupulosidade que lhe chegam da parte do UM, bem como o respeito para com os seus
próprios limites (que ele próprio não tem conhece com clareza) permitem ao QUATRO permanecer no
presente, apoiando-o.

UM e CINCO
A perspectiva do UM
( - ) Se o CINCO bate em retirada, o UM viverá esse facto como um mau trato ou uma crítica. Quererá saber o
que é que se passa. Se se colocam num plano de querer saber, o UM e o CINCO entrarão com facilidade
numa luta de poderes, se não se derem conta de que saber significa coisas diferentes para cada um deles.
Para o CINCO significa orientação existencial, enquanto que para o UM significa a verdade.
( + ) O UM valoriza no CINCO o facto deste lhe respeitar os seus limites. O CINCO não se intromete, e deixa-o
ser como ele é. Com o CINCO, o UM pode-se sentir seguro a respeito a valorizações negativas acerca de si
mesmo. Pode estar seguro de que sempre haverá uma argumentação objectiva. Com esse facto, a verdade
dos outros será mais fácil de aceitar para o UM. Os sóbrios conhecimentos do CINCO ajudam-no na sua
próprio busca da verdade.
A perspectiva do CINCO
( - ) Se o CINCO se vê confrontado com os princípios ou com um sermão moralizante do UM que não coincidam
com o que está habituado a constatar, sentir-se-á inseguro na sua orientação. Se o saber do UM não
coincide com o seu próprio saber, haverá lutas de poder.
( + ) Normalmente, o CINCO pode orientar-se com facilidade em relação ao UM, já que este envia mensagens
claras e inequívocas. Também poderá estar seguro que o Um respeitará os seus limites.

UM e SEIS
A perspectiva do UM
( - ) O UM sentirá dificuldades relativamente ao seu desejo de verdade se chocar com as duvidosas idas e
vindas do SEIS. Se tentar pôr ordem no SEIS, procurando convencê-lo duma verdade, verá que o SEIS se
fecha. O lado adaptativo do SEIS enerva o UM.
( + ) A fidelidade e lealdade do SEIS agradam ao UM; o modo intuitivo de captar a realidade fascinam-no. Ao
relacionar-se com o SEIS, o UM pode confrontar-se com as suas próprias imperfeições, sem experimentar
uma valorização negativa.
A perspectiva do SEIS
( - ) O SEIS tem problemas com a energia iracunda do UM. Se o UM o critica, senti-lo-á como algo demolidor.
Se o SEIS não puder contrapor a esta crítica uma confiança em si mesmo, encarará o UM como um
atacante que fere. O SEIS sente-se um pouco atropelado pelo voluntarismo e a actividade esforçada do
UM.
( + ) Sob o ponto de vista do SEIS, o UM será digno de confiança quando lhe proponha, com cuidado e
exactidão, o que está a precisar nesse momento. O SEIS intuirá então a verdade e a objectividade do UM.
Em situações deste tipo, o SEIS sente que o UM é fiel e digno de confiança, encontrando nele segurança.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 13


UM e SETE
A perspectiva do UM
( - ) A visão crítica do UM pega com os problemas não resolvidos e a superficialidade do SETE. Quanto pior o
UM suportar que o SETE não monte os aspectos dolorosos e problemáticos da sua vida, mais críticas lhe
fará. Se o UM sobrecarregar demasiado o SETE, verá que este se afasta dele.
( + ) Na relação com o SETE, o UM experimenta que também se pode viver com menos profundidade e
necessidades de ordem. Sempre que o UM leva as coisas a sério demais, o SETE chama-o à atenção de
que se pode relaxar e encarar os problemas mais levemente.
A perspectiva do SETE
( - ) O que se toma difícil para o SETE é quando o UM apenas repara criticamente nos aspectos negativos da
sua vida, já não conseguindo reparar no positivo que (também) há no SETE. Então, entra em pânico e tem
de se afastar da relação; ou então contra-ataca como o UM.
( + ) Na relação com o UM, o SETE repara que o seu lado profundo é muito tido em conta e levado a sério. Por
outro lado, vê-se confrontado com ele cada vez que quer iludir alguma dificuldade. O UM cruza o
comportamento do SETE que tenta evitar a dor.

UM e OITO
A perspectiva do UM
( - ) O UM entra em conflito com o OITO quando as diferentes formas de querer autonomia chocam entre si. Ou
interpreta a vontade de atacar do OITO como críticas e começa a duvidar de si mesmo, ou então tem de
defender os seus próprios princípios. Da perspectiva do UM, o OITO é uma pessoa que nunca se deixa
convencer por uma opinião diferente da sua, mesmo que esteja certa.
( + ) Pode-se originar uma relação positiva se o UM vir que os seus limites pessoais são respeitados pelo OITO.
Então, verá que o OITO lhe concede autonomia e é muito generoso. O UM aprecia muito a independência
do OITO em relação a opiniões predominantes.
A perspectiva do OITO
( - ) Os esforços de autonomia tão diferentes que têm o OITO e o UM estão facilmente sujeitos a tensões. O
OITO sente-se ameaçado no seu próprio território pela extrema precisão e pela fé nos princípios do UM,
tentando desmontar a formalidade do UM.
( + ) Ao relacionar-se com o UM, o OITO vê respeitados os seus limites, notando que o UM não o manipula. Isto
permite-lhe abandonar a sua necessidade de controle e atrever-se a começar uma comunicação não
protegida.

UM e NOVE
A perspectiva do UM
( - ) A imobilidade e a indecisão do NOVE incita o UM a pressioná-lo e a instigá-lo. Propõe lhe os seus próprios
princípios acerca de como se devem fazer as coisas. O NOVE revoltar-se-á contra isso.
( + ) A capacidade do NOVE de se colocar na posição dos outros encaixa com os esforços de autonomia do UM.
Pode seguir o seu próprio caminho, não se sentindo criticado. Frente ao NOVE, pode ser como
verdadeiramente é, não lhe sendo nada imposto.
A perspectiva do NOVE
( - ) O UM critica o NOVE pela sua imobilidade e por não saber o que quer. Se o NOVE se sentir pressionado
por isso, ou se tentar meter-se na pele do UM para o compreender, perderá o seu rumo.
( + ) Se o UM deixar o NOVE em paz e não o pressionar, o NOVE encontrará nele uma pessoa que o leva a
sério e valoriza o seu ponto de vista.

DOIS e DOIS
( - ) O DOIS vê no DOIS o seu próprio dilema, vê-se ao espelho. Os aspectos negativos chamam-lhe de
seguida a atenção, sentindo que tem de os combater. O caso torna-se mais difícil quando os dois caem na
sua própria armadilha e tentam ultrapassar-se um ao outro com muito boas acções.
( + ) Mas o DOIS também pode trazer ao outro DOIS muita valorização através de verdadeiras boas acções,
compreendendo as suas carências internas.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 14


DOIS e TRÊS
A perspectiva do DOIS
( - ) O DOIS apercebe-se perfeitamente de que por detrás do que o TRÊS pretende ser existe outra pessoa. A
superficialidade brilhante põe-no nervoso. Se não lhe é mostrado nada mais, afastar-se-á temporariamente,
ou então tentará encontrar a verdadeira pessoa do outro.
( + ) O DOIS sente que o TRÊS o admira sem limites pela sua bondade. Por isso, sente-se aceite e valorizado. A
sua auto-estima é reforçada. Agrada-lhe a positividade que o TRÊS emana.
A perspectiva do TRÊS
( - ) Se o TRÊS tenta ser bem acolhido pelo DOIS, deparará com uma recusa, pois o DOIS não se interessa
pela representação positiva de si mesmo. Se este facto lhe desencadear grande insegurança, tentará
apresentar-se melhor, para conseguir o esperado reconhecimento.
( + ) A valorização positiva do DOIS em relação à parte mais branda do seu mundo interior torna possível que o
TRÊS se possa sentir acolhido também pelos seus aspectos menos brilhantes, e que mostre e viva mas
estas suas características.

DOIS e QUATRO
A perspectiva do DOIS
( - ) Quanto mais o DOIS correr atrás do QUATRO para obter gratidão e valor, mais o QUATRO se retirará. Com
isso, o DOIS sentir-se-á rejeitado e mal interpretado nas suas boas intenções.
( + ) O cruzamento da estratégia de relação do DOIS por parte do QUATRO obriga-o a desenvolver uma
independência. Além disso, ao relacionar-se com o QUATRO, o DOIS apercebe-se que a sua
individualidade também tem um valor só por si.
A perspectiva do QUATRO
( - ) Se o QUATRO sentir o comportamento do DOIS como um ataque ao seu mundo interior, ou se se sentir
pressionado (O que é que este quer mais de mim?!...), então afastar-se-á aborrecido. O QUATRO sente-se
atacado quando o DOIS lhe diz que sabe melhor do que ele o que lhe convém, ou seja, quando o DOIS o
"enche" de ajudas sem lhe perguntar primeiro.
( + ) Se o QUATRO conseguir experimentar as expectativas que o DOIS nele põe como um verdadeiro interesse
pela sua pessoa, a proposta de relação que o DOIS lhe faz possibilitar-lhe-á sair do seu isolamento.

DOIS e CINCO
A perspectiva do DOIS
( - ) Aos olhos do DOIS, o CINCO é particularmente difícil para a relação. O DOIS intui a profundidade do
"argumento" interior e pretende ajudar. Por seu lado, o CINCO reage com uma retirada perante qualquer
tentativa de aproximação, e o DOIS sentir-se-á recusado.
( + ) Pode-se dar um desenvolvimento positivo na relação se o DOIS conseguir aceitar que deve retirar-se, e que
o CINCO necessita ver aceite a sua privacidade bem como a sua economia que poupa sentimentos.
A perspectiva do CINCO
( - ) Na perspectiva do CINCO, o DOIS é o mais pesado de todos os tipos de personalidade. Quando o DOIS o
quer ajudar a todo o custo, ou o submete a exigências emocionais, o CINCO só pensa em fugir.
( + ) Quanto menos intrusões faça o DOIS, mais o CINCO se conseguirá abrir a uma relação. Nestes casos,
ganhará confiança e saberá valorizar muito bem a preocupação que o DOIS tem pelo carinho.

DOIS e SEIS
A perspectiva do DOIS
( - ) O DOIS reconhece no SEIS as suas dúvidas indecisas e confusas, e quer deitar-lhe uma mão. Mas, como
as dúvidas nunca acabam, corre o perigo de se esgotar totalmente. Como o SEIS não se encontra
satisfeito, o DOIS não recebe o desejado reconhecimento pelo seu esforço.
( + ) Por outro lado, a fidelidade e o apego do SEIS transmitem ao DOIS um valor positivo. O SEIS sente (de
forma intuitiva) os lados mais sombrios do DOIS, e não precisa de fingir que só é bom e que tudo lhe corre
bem.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 15


A perspectiva do SEIS
( - ) O SEIS sente o lado necessitado e negado do DOIS, e incomoda-o a insistência de querer sempre fazer o
bem. Questiona-se acerca do que estará por detrás disso e não confia na bondade. O SEIS interpreta a
obsessiva disposição para ajudar como uma doença e um "querer-se meter". Prepara-se para se defender
contra as expectativas de resposta.
( + ) Se o SEIS experimentar também a outra faceta do DOIS, pela qual este se sente carente e pretende algo,
diminuirá a sua desconfiança. A disposição do DOIS para ajudar proporciona ao SEIS a segurança de que
será ajudado quando a vida lhe correr mal e precisar de alguém.

DOIS e SETE
A perspectiva do DOIS
( - ) Sob o ponto de vista do DOIS, pouco se pode fazer com um SETE. Este apresenta-se sempre de modo
alegre e prefere retirar-se a reconhecer algum tipo de dor. Nesse caso, se o DOIS tentar aprofundar (para
ajudar), o SETE levantará barreiras à sua volta. O DOIS pensará então: Este não precisa de mim..., e
sentir-se-á rejeitado.
( + ) Se o DOIS aceitar que o SETE só admite ter problemas em determinadas ocasiões e que, mesmo então,
rapidamente converterá tudo em positivo, o SETE poder-se-á abrir tomando possível uma aproximação e
uma relação profunda.
A perspectiva do SETE
( - ) O SETE gosta de receber do DOIS o agradável e o bom que este lhe oferece, e mostra-se pouco
compreensivo em relação às coisas nas quais, segundo a sua forma de ver, o DOIS inventa problemas. Se
o DOIS o pretender ajudar de modo errado, o SETE afasta-se, pois ele próprio sabe aquilo que deseja e de
que precisa.
( + ) Na relação com o DOIS, o SETE nota que também se podem aceitar os próprios problemas. Se o DOIS não
se tomar pesado, o SETE poderá encontrar nele apoio e carinho nas situações difíceis.

DOIS e OITO
A perspectiva do DOIS
( - ) As dificuldades começam quando o DOIS exige mais do OITO, como compreensão ou satisfação das suas
próprias necessidades. Se o DOIS se queixar disso ou se tentar manipular o OITO nos seus pontos fracos,
este fechar-se-á frente a ele.
( + ) No espaço de relação que o OITO lhe oferece, o DOIS encontra uma valorização ilimitada dos seus pontos
fracos e carentes, podendo assumi-los.
A perspectiva do OITO
( - ) A situação complica-se se o DOIS se tornar manipulador por causa da sua própria problemática com a auto-
estima. Se, por exemplo, disser: Não gostas de mim porque te estás a fechar tanto, coloca o OITO num
verdadeiro dilema. Se o OITO se abrisse depois disto, era sinal que tinha caído na manipulação por parte
do DOIS. Por isso, o OITO opta por se isolar completamente.
( + ) Na sua relação com o DOIS, o OITO aprende a deixar emergir o seu lado fraco. O OITO aprende do DOIS
que na fraqueza também há força.

DOIS e NOVE
A perspectiva do DOIS
( - ) A carência interior do NOVE, quando não é consequência da sua preguiça, incita o DOIS a proporcionar-lhe
todo o género de conselhos e sugestões acerca do modo como deve fazer alguma coisa. Se o NOVE entrar
então numa resistência passiva, pelo facto de essas não serem as suas próprias soluções, o DOIS sentir-
se-á rejeitado.
( + ) A capacidade de compreensão e a aceitação incondicional por parte do NOVE transmitem ao DOIS estima
e um elevado grau de confiança na relação. Sente-se bem compreendido pelo NOVE no plano emocional.
A perspectiva do NOVE
( - ) Para o Nove, surgem dificuldades quando se dá conta de que o DOIS o quer salvar do abismo. Sente-se
empurrado a ter de fazer algo e reage de forma defensiva. Boicota as expectativas do DOIS a partir da raiz:
Só dou se eu quiser!...

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 16


( + ) Na relação com o DOIS, o NOVE sente-se aceite e importante. Tem direito a um lugar estável na sua
relação, não tendo de lutar por isso. Se a ajuda do DOIS for sincera, então verá assegurada a sua
autonomia.

TRÊS e TRÊS
( - ) No caso negativo, cada um vê no reflexo do outro um mentiroso, e luta contra o que não ver em si mesmo.
( + ) Se o TRÊS e o TRÊS se animarem mutuamente, formam uma equipa com sucesso, podendo entusiasmar o
seu público duplamente.

TRÊS e QUATRO
A perspectiva do TRÊS
( - ) O TRÊS encontra no QUATRO uma pessoa que se ocupa maioritariamente com o seu mundo interior (ao
contrário dele próprio). No caso negativo, entre ambos haverá uma imensidão. O TRÊS sente que as suas
tentativas para se apresentar a si mesmo de forma positiva vão chocar com uma recusa e um desinteresse.
O lado melancólico e depressivo do QUATRO apresenta-se-lhe demasiado pesado e difícil.
( + ) Mas nesta tensão também se encontra a atracção. O TRÊS sente que o QUATRO o apoia na sua procura
da verdade interior. O TRÊS não se sente avaliado pelo QUATRO. SE o TRÊS passa mal, o QUATRO
considera esse facto como muito natural e evidente.
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO intui com facilidade o que se esconde por detrás da máscara do TRÊS. Se o tomar como um
tema importante, o TRÊS tentará demonstrar-lhe que não é verdade pois, caso contrário, aceitaria ser
mentiroso; então, exagera ainda mais.
( + ) Ao QUATRO calha-lhe muito bem a imensa admiração que lhe chega da parte do TRÊS: Agradas-me, com
o teu individualismo. O QUATRO tem inveja da atitude desavergonhada do TRÊS (no sentido de não
vergonhosa).

TRÊS e CINCO
A perspectiva do TRÊS
( - ) A expectativa que o TRÊS sente por parte do CINCO é: Prova-me que sabes alguma coisa. O TRÊS
apresenta-se como sábia e inteligente. A frieza e a reserva do CINCO provocam insegurança no TRÊS.
Sentir-se-á como que rejeitado e valorizado negativamente. Nesse caso, sentirá necessidade de se revelar
ainda melhor.
( + ) O TRÊS admira a capacidade mental e a independência do CINCO. Encara-o como uma relação discreta,
que lhe oferece os seus conhecimentos e opiniões. O CINCO assegura ao TRÊS que não pretende fechá-lo
em categorias de bom/mau ou de vitorioso/fracassado. Isto significa que não se quer intrometer na
problemática de auto-valoração do TRÊS.
A perspectiva do CINCO
( - ) Se o CINCO for confrontado com sinais contraditórios por parte do TRÊS, deixará de saber em que é que
se pode fiar. Se esta contradição não for clarificada, terá de se retirar. Já não sei com o que é que posso
contar!...
( + ) O TRÊS mostra admiração pelos seus conhecimentos do CINCO; está entusiasmado com ele e não o
desafia. Na sua relação com o TRÊS, o CINCO pode descobrir e sentir o que, de positivo, tem.

TRÊS e SEIS
A perspectiva do TRÊS
( - ) As dificuldades surgem quando o SEIS reage às mentiras do TRÊS com perguntas consequentes e
desconfiadas, levando o TRÊS ainda mais para o engano, para não parecer mentiroso nem fracassado e,
assim, poder salvar a sua própria imagem. Quanto mais o TRÊS tentar salvar as aparências mais
desconfiadamente será perseguido pelo SEIS.
( + ) O TRÊS pode expor-se aos seus aspectos com menos êxito, no espaço de relação que lhe oferece o SEIS,
sem se sentir rejeitado. O SEIS transmite-lhe a certeza que a sua vida interior não pode ser mais difícil do
que a dele, e que também vê e valoriza o seu outro lado mais luminoso. Este facto dá apoio ao TRÊS no
seu esforço para alcançar a verdade e a autenticidade.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 17


A perspectiva do SEIS
( - ) SE o TRÊS não se abrir nem se mostrar tal como é, este facto será frustrante e doloroso para o SEIS. Se o
TRÊS lhe transmitir: Sou melhor que tu!, o SEIS sentir-se-á muito rebaixado na sua pessoa. Outro ponto
difícil é quando o TRÊS reage com manobras de engano frente aos esforços do SEIS para chegar à
verdade. Nesse caso, o SEIS sentir-se-á atraiçoado e confirmado na sua desconfiança (dor). O SEIS tornar-
se-á agressivo (rebelde) e tentará encontrar dados que confirmem essa traição.
( + ) No espaço de relação com o TRÊS, o SEIS sente apoio e reconhecimento pelos aspectos positivos da sua
dúvida, através dos quais tenta chegar à verdade. Por outro lado, não lhe é possível realizar projecções
hostis.

TRÊS e SETE
A perspectiva do TRÊS
( - ) O TRÊS sente no SETE o desafio: Sê alegre! Agrada-lhe cumpri-lo. Embora pareça não haver problemas à
primeira vista, correm o perigo de se perder numa mútua superficialidade.
( + ) O TRÊS acha que o SETE é uma pessoa que precisa de muito tempo até que consiga abandonar-se
profundamente a uma relação. Não irrita o TRÊS e, na hora de tornarem a vida agradável, encontram
muitos pontos em comum. O TRÊS nunca se sente descoberto pelo SETE porque o SETE não tem nenhum
interesse em o desmascarar.
A perspectiva do SETE
( - ) A primeira coisa que o SETE vê no TRÊS é a sua fachada, muito parecida à sua própria forma de viver: Eis
aqui alguém que também quer passar uns bons tempos!... Ao SETE custa-lhe aprofundar a sua relação
com o TRÊS. Mas, para se poder meter na relação dum modo comprometido, há que fazê-lo.
( + ) Por outro lado, o SETE percebe que o TRÊS também precisa de muito tempo para se abrir, e constata que
as suas facetas mais difíceis também têm o seu lugar próprio, não ganhando um significado exagerado. A
actividade do TRÊS tem um efeito estimulante no SETE.

TRÊS e OITO
A perspectiva do TRÊS
( - ) O TRÊS vê no OITO um competidor que lhe questiona o seu êxito. Se se sente atacado pelo OITO, terá
que lhe demonstrar o que vale.
( + ) O OITO não é uma relação que esteja constantemente a colocar exigências à vida interior do TRÊS. Por
isso, sentir-se-á aceite e não questionado pelo OITO.
A perspectiva do OITO
( - ) O OITO reconhece no TRÊS o ponto fraco das aldrabices. Com o seu sentido da justiça, não pode deixar
passar isso. O TRÊS converter-se-á para ele num inimigo que utiliza “Jogos sujos". O OITO atacará o
TRÊS, ou retirar-se-á por não o considerar um inimigo à sua altura.
( + ) Se o OITO se abre ao TRÊS (ou vice-versa), reconhecerá o seu lado fraco por detrás da dura fachada. Isso
basta-lhe. Nesse caso poderá aceitar a sincera admiração do TRÊS e as suas propostas de, juntos,
alcançarem algo de positivo.

TRÊS e NOVE
A perspectiva do TRÊS
( - ) Torna-se difícil quando o TRÊS começa a inquirir o NOVE para saber o que é que este quer dele, ou o que
quer em geral. O ritmo lento do NOVE é pesado para o TRÊS. Quanto mais actividade exija o TRÊS do
NOVE mais verá como este reage de forma obstinada e estática.
( + ) O NOVE oferece ao TRÊS um espaço de relação no qual o TRÊS se pode sentir aceite incondicionalmente.
Deixa que o TRÊS seja tal qual é. O TRÊS nem tem, nem pode enganar o NOVE.
A perspectiva do NOVE
( - ) Mas, se o TRÊS tenta pressioná-lo, dizer-lhe o que deve fazer ou o que seria melhor para ele, o NOVE
obstina-se. Se, nesse caso, o TRÊS se tornar mais exigente e rápido, o NOVE ficará cada vez mais lento.
No final, o NOVE pode-se sentir verdadeiramente aborrecido.
( + ) No espaço de relação do TRÊS, o NOVE encontra admiração e estímulo para adoptar o seu próprio ponto
de vista, bem como para o defender frente aos outros. E isso arranca-o da sua preguiça.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 18


QUATRO e QUATRO
( - ) Neste caso, encontram-se dois individualistas que acentuam o facto de terem o seu estilo próprio. Mas esta
combinação pode levar os dois a sentirem uma grande solidão: Não nos entendemos porque cada um de
nós só se percebe a si mesmo...
( + ) Por sua vez, nesta combinação, o QUATRO pode sentir de forma mais intensa o facto de se ver reflectido.
Reconheço-me totalmente em ti... Vamos muito a par…

QUATRO e CINCO
A perspectiva do QUATRO
( - ) Para o QUATRO, o mais difícil no CINCO é a sua frieza e a economia de sentimentos. Não se sente
suficientemente aquecido. As poucas mensagens que o CINCO lhe envia no campo emocional não lhe
bastam.
( + ) O QUATRO sente-se muito compreendido pelo CINCO no que respeita aos abismos do seu mundo interior
(pois o CINCO também tem abismos interiores). E sente-se compreendido no sentido de que se sente
reconhecido. O CINCO é, para o QUATRO, um espelho frio e objectivo, mas muito fiel.
A perspectiva do CINCO
( - ) O QUATRO desafia o CINCO com exigências emocionais. Embora não insista demais, tem a tendência
para sacar dele tudo o que conseguir para se compreender a si mesmo. Então, é fácil que o CINCO chegue
à conclusão de que não basta, e isso lembra-lhe a sua própria sensação de vazio e afastamento, o que o
levará a afastar-se.
( + ) De todos os tipos de personalidade, apenas o QUATRO conhece os mesmos abismos internos e profundos
do CINCO. O QUATRO transmite-lhe a mensagem de que se pode viver assim. Ao relacionar-se com o
QUATRO, o CINCO pode sentir como são especiais as suas capacidades, sem ser por ele considerado
anormal.

QUATRO e SEIS
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO nota as dúvidas, mas também a desconfiança que o SEIS lhe transmite. Se interpretar essa
desconfiança como hostil e agressiva, sentir-se-á completamente incompreendida: Mas, se não lhe fiz
nada!...
( + ) Os aspectos positivos da dúvida ajudam muito o QUATRO: Aqui está outra pessoa que não se clarifica a si
mesma... O SEIS pode suportar bem as suas facetas de abismo e dificuldade.
A perspectiva do SEIS
( - ) O SEIS atirará às cegas se tentar encontrar segundas intenções no QUATRO. O QUATRO nem lhe
levantará obstáculos quando sentir uma certa hostilidade, nem quando for elogiado como uma verdadeira
autoridade. Quando o QUATRO não é claro, não se mostra nem como amigo nem como inimigo.
( + ) Por sua vez, na relação com o QUATRO, o SEIS reparará que este, de facto, não lhe faz mal nenhum. O
QUATRO não constitui uma ameaça para o SEIS, por isso, este sentir-se-á seguro e aceite. O SEIS sente
uma afinidade anímica entre a melancolia do QUATRO e a sua própria faceta depressiva (com dúvidas
acerca de si mesmo). Por isso, consegue confiar no QUATRO e ganhar confiança em si mesmo através
desta relação.

QUATRO e SETE
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO não sabe o que há-de fazer com a superficialidade convertida em espectáculo do SETE, e
pergunta-se onde está a dimensão mais profunda, na qual se possa sentir compreendido e possa também
sentir-se ele próprio. Frente a alguém que está sempre alegre, o QUATRO aborrece-se e retira-se. Isto, por
outro lado, vai desencadear a sua inveja.
( + ) Se a alegria for sincera, o QUATRO deixa-se contagiar com prazer. Nestes casos, vive com o SETE uma
viajem por um mundo que lhe era totalmente estranho mas que, exactamente por isso, o fascina
imensamente.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 19


A perspectiva do SETE
( - ) A aflição, a mágoa e a problemática que o QUATRO transmite é demasiado para o SETE: Será que este
não pode estar simplesmente feliz e contente?!... Enerva-me!... Se o SETE não conseguir descobrir nada
de positivo, terá de se afastar.
( + ) O SETE sente como algo muito positivo a compreensão e a valorização da sua individualidade feita pelo
QUATRO. Se o QUATRO o deixa em paz com os seus próprios problemas, o SETE experimentará com ele
uma profundidade na relação que será muito valiosa para si mesmo.

QUATRO e OITO
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO sente-se rapidamente atropelado pelo OITO. Nota a sua força agressiva e sente-se oprimido
como uma flor de grande fragilidade. Devido à impetuosidade e à capacidade de se impor do OITO, o
QUATRO tem a impressão de que não tem consideração por ele nem o compreende. A sua tendência é
para se afastar.
( + ) Se o OITO se aproxima, atraído pela fascinação da suavidade, do caloroso e da criatividade que o
QUATRO oferece, este respirará de novo. Nestes casos, podem constituir algo em comum: o QUATRO
fornece o estímulo criativo e o OITO converte-o em algo concreto.
A perspectiva do OITO
( - ) O OITO interpreta como ponto fraco do QUATRO a excessiva preocupação consigo mesmo; não sabe
como lidar com esse facto, pois o QUATRO não lhe oferece nenhum campo pelo qual possa ser atacado.
Tende a encarar o QUATRO como débil demais.
( + ) O OITO vive fascinado com a vida interior tão variada do QUATRO. Na sua presença, sente-se inspirado e
consegue admitir mais coisas do seu próprio mundo interior, e exprimi-las.

QUATRO e NOVE
A perspectiva do QUATRO
( - ) O QUATRO sente-se espelhado no NOVE no que respeita ao seu lado caótico, sendo-lhe confirmada a sua
temida suposição de que de que a clareza não é possível. Quando o NOVE se encontra atolado, o
QUATRO entra na (cálida) névoa. (Estes estados interiores são muito parecidos). Isto activa o medo do
QUATRO de se perder em si mesmo.
( + ) Mas se o QUATRO se apercebe da parte autónoma e independente do NOVE, a qual ocorre sempre que o
NOVE se começa a mexer por sua própria iniciativa, então sentir-se-á bem. Sente a energia independente,
e sente-se aceite e compreendido.
A perspectiva do NOVE
( - ) Se o QUATRO se encontrar perdido dentro de si mesmo e o NOVE estiver preso em si mesmo, então não
se passará absolutamente nada entre eles. Nenhum pode ajudar o outro a sair dessa situação.
( + ) O NOVE recebe do QUATRO muito apreço pelo seu individualismo e autonomia. Se o NOVE se começou a
mover, pode ir, na sua relação com o QUATRO, para qualquer caminho que lhe pareça válido.

CINCO e CINCO
( - ) No caso mais negativo, os dois CINCOS convertem-se em dois observadores que se contemplam de longe,
não sabendo nenhum deles o que fazer como outro.
( + ) No sentido positivo, entre dois CINCOS pode criar-se uma forte união mental embora, por outro lado, os
dois não tenham muito a ver entre si.

CINCO e SEIS
A perspectiva do CINCO
( - ) O SEIS não oferece ao CINCO nem apoio nem orientação por ele próprio se encontrar tão inseguro. Se o
SEIS entrar na sua auto-armadilha, há o perigo de arrastar o CINCO consigo.
( + ) O CINCO e o SEIS entendem-se bem em relação aos aspectos temerosos da sua existência. O CINCO
sente insegurança, e isso faz com que o SEIS se torne espontaneamente digno de confiança para ele. Na
relação com o SEIS, o CINCO pode permanecer com a sua insegurança existencial.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 20


A perspectiva do SEIS
( - ) Se o CINCO se retrai, há o perigo do SEIS o interpretar como uma hostilidade: Tem alguma coisa contra
mim!... A distância do CINCO toma o SEIS inseguro por não encontrar proximidade pessoal nem apoio. No
campo intelectual, o SEIS não está tão à vontade como o CINCO.
( + ) Para o SEIS, o CINCO será totalmente digno de confiança se estiver presente. Nestes casos, sentirá que
tem ali uma pessoa com a qual não se tem de sentir ameaçada. A maneira de ser tão ma e sóbria do
CINCO permite ao SEIS poder estar mais tranquilo no seu mundo interior e ganhar confiança.

CINCO e SETE
A perspectiva do CINCO
( - ) Se o CINCO já só se sentir ao serviço da excessiva necessidade de satisfazer desejos do SETE, e já não
tiver espaço para estar consigo mesmo, então a situação torna-se difícil. O CINCO perde o rumo quando
tratar com os aspectos demasiado opulentos, exageradamente alegres do SETE.
( + ) O SETE oferece ao CINCO um espaço de relação que não é desagradável. Isso permite ao CINCO ganhar
confiança e construir um contacto pessoal.
A perspectiva do SETE
( - ) O difícil para o SETE é quando o CINCO sai da relação e desaparece para dentro ou para fora. Nestes
casos, o SETE fica com a impressão de que o CINCO dá cabo voluntariamente dos seus bonitos planos. Se
pretender tomar a atrair o CINCO, este fugirá ainda mais.
( + ) O CINCO obriga o SETE a encarar a verdade nua e crua, evitando assim que o SETE paire no ar. Oferece-
lhe um espaço de relação no qual o SETE se pode comprometer e permanecer com os seus próprios
problemas, sem que estes cresçam ou desapareçam.

CINCO e OITO
A perspectiva do CINCO
( - ) A dificuldade começa quando o CINCO aparece na lista negra do OITO. SE o OITO se aproxima do CINCO
duma maneira agressiva, fechada e sombria, e exige todo o espaço só para si, então não resta nenhum
lugar onde o CINCO possa estar, tendo por isso de se retirar para dentro de si mesmo.
( + ) O CINCO pode-se desenvolver para dentro do mundo no clima de relações que lhe oferece o OITO,
sentindo-se bem-vindo. Com o OITO, o CINCO sente-se seguro e encontra apoio.
A perspectiva do OITO
( - ) A situação dificulta-se quando o OITO se torna apressado e exigente no delicado espaço protegido do
CINCO. Nestes casos, ao CINCO só lhe fica a hipótese da retirada. Deste modo, fica interrompido o
contacto entre os dois.
( + ) Na relação com o CINCO, o OITO experimenta grande consideração e estima pelo seu modo seguro de
estar no mundo. O OITO não tem de ter medo de nenhum golpe baixo por parte do CINCO.

CINCO e NOVE
A perspectiva do CINCO
( - ) Para o CINCO, o NOVE é difuso, não se conseguindo definir a seu respeito. Questiona-se acerca do que é
que o NOVE quererá e fica dependente do NOVE avançar ou não, senão não haverá nenhum tipo de
contacto possível.
( + ) A paciência que o NOVE tem em relação ao CINCO, é-lhe agradável. O NOVE permite que o CINCO seja
tal qual é, com todas as suas originalidades. Neste tipo de relação, o CINCO sente-se acolhido e bem-
vindo.
A perspectiva do NOVE
( - ) O NOVE sente no CINCO a falta de clareza de que necessita para se situar. Se o NOVE se comporta de
um modo pouco claro, nota que o CINCO se afasta ou quer saber o que é que se passa. Então, o contacto
interromper-se-á, ou o NOVE sentir-se-á pressionado.
( + ) Se o NOVE seguir o seu caminho, encontrará no CINCO alguém que, com todos os seus conhecimentos
acerca dele, o ajudará a saber para onde se dirige esse seu caminho. A aguda capacidade de observação
do CINCO não o pressiona, mas ajuda-o a clarificar-se a si mesmo.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 21


SEIS e SEIS
( - ) Os dois SEIS reconhecem-se um ao outro na desconfiança e nas dúvidas acerca de si próprios. Se se
aproximarem com mútua desconfiança, nenhum encontrará confiança no outro, e combater-se-ão.
( + ) Mas, por outro lado, nenhum deles pode dissimular frente ao outro. Isto pode produzir uma grande
segurança na relação para ambos: Podemos, sem problemas, confiar um no outro. Os dois SEIS sentem-se
muito unidos através das suas facetas complicadas: O sofrimento partilhado é apenas meio sofrimento.

SEIS e SETE
A perspectiva do SEIS
( - ) O SEIS desconfia muito da alegria fingida do SETE. Visto do seu mundo, este facto é uma verdadeira
provocação. Não se pode ser tão despreocupado! Se o SEIS captar intuitivamente o oco e ficar preso a
esta discrepância, não conseguirá confiar no SETE.
( + ) Se a alegria e a despreocupação do SETE forem autênticas, o SEIS viverá este facto como algo atractivo e
agradável. Tem um efeito aliviante e tranquilizado para a sua própria alma atormentada. A forma discreta de
se relacionar do SETE agrada ao SEIS. Com ele poderá gozar as facetas boas da vida, sem se sentir
ameaçado ou pressionado.
A perspectiva do SETE
( - ) O SETE encontra no SEIS poucas coisas agradáveis e muitas dificuldades. Isso faz com que se aproxime
com cuidado e fuja com facilidade. O pessimismo causal (predisposição para o negativo) do SEIS opõe-se
ao seu optimismo causal (predisposição para o positivo). Neste caso, os pontos de união são poucos.
( + ) Ambos podem encontrar-se no seu medo comum, bem como na sua procura de segurança e calor humano,
sem nenhum encarar o outro como uma ameaça. O SETE sente que, na sua relação com o SEIS, pode
conviver com o seu medo à dor.

SEIS e OITO
A perspectiva do SEIS
( - ) Se o OITO se encontra encerrado, o SEIS não vê nenhuma possibilidade de perceber o que se encontra
por detrás da sua defesa. Isso fá-la desconfiar. O SEIS sente essa força contida e vive-a como uma
ameaça. O SEIS teme a parte agressiva do OITO, que o poderia destruir. Se o OITO se aproxima do SEIS
duma forma agressiva, o SEIS foge, ou então revolta-se contra ele.
( + ) Por outro lado, a força e a capacidade de se impor do OITO são atraentes para o SEIS, por nota falta delas
em si mesmo. SE o SEIS não temer ser agredido por parte do OITO, sentir-se-á seguro junto dele e
encontrará apoio e segurança.
A perspectiva do OITO
( - ) Os pontos fracos em que o OITO se prende são a submissão e a hostilidade do SEIS. Se o SEIS se mostra
submisso, o OITO não o poderá levar a sério; se se mostra hostil e desconfiado, sente-se controlado. Se o
SEIS se encontra inseguro e duvidoso, o OITO notará falta de clareza nele (ou sim ou não) e tentará levá-lo
a tomar uma posição mais clara.
( + ) Na relação que o SEIS lhe oferece, o OITO sentir-se-á tão importante quanto questionada com as suas
exageradas pretensões de poder. O SEIS oferece-lhe, com as suas dúvidas construtivas, um sincero
correctivo para o seu pensamento em branco ou preto.

SEIS e NOVE
A perspectiva do SEIS
( - ) A situação torna-se difícil se o NOVE começar com acções obstinadas de qualquer tipo, ou se a sua ira
contida rebentar. O SEIS sentir-se-á totalmente ameaçado porque não consegue encontrar pontos de
referência em relação à origem de todo o problema. Instintivamente, tomará tudo como uma hostilidade
contra si mesmo e ver-se-á obrigado a reagir contra a situação.
( + ) O SEIS encontra no NOVE a proximidade, a confiança e a segurança de que precisa nas suas relações. A
oferta de relação por parte do NOVE ajuda o SEIS a confiar em si mesmo. Com o NOVE, o SEIS tem
experiência duma pessoa que tolera pacientemente as próprias dúvidas, mas que não lhe tira o poder de
decisão. Com esse facto, sente-se obrigado a viver os seus próprios impulsos.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 22


A perspectiva do NOVE
( - ) Se o SEIS se aproximar do NOVE com desconfiança e projecções hostis, o caso complica-se. Então, o
NOVE corre o perigo de aceitar as projecções e procurar em si a culpa. Para o NOVE torna-se difícil
distinguir o que são as projecções do SEIS do que tem realmente a ver consigo mesmo. Para o saber, teria
de se afastar totalmente do SEIS.
( + ) O NOVE recebe do SEIS muita compreensão pela sua lentidão e o seu ritmo pausado. Sente-se levado a
sério pelo SEIS, e não pressionado. O SEIS pergunta sempre o que é importante e o que sente como seu,
deixando-lhe o tempo necessário para reagir.

SETE e SETE
( - ) Ambos os SETES terão dificuldades se o que cada um pensa que será o melhor modo de desfrutar a vida
diferir muito do que o outro possa pensar. Nestes casos, cada um se sentirá ameaçado pelas necessidades
do outro.
( + ) Se os dois SETES se conseguirem unificar em planos conjuntos, motivar-se-ão mutuamente e haverá muito
movimento.

SETE e OITO
A perspectiva do SETE
( - ) Para o SETE, a relação torna-se difícil com o OITO, quando este apenas se preocupa com as suas
necessidades e preferências. Se o que proporciona prazer e é importante para o OITO não coincide com o
que o SETE planeara, este sentir-se-á ignorado e enredado por ele.
( + ) O SETE encara o OITO como alguém com quem é possível fazer muitas coisas. O OITO não é complicado.
O SETE pode divertir-se com ele, trocar gracejos e realizar muitas coisas. Na sua relação com o OITO,
sente muita tolerância bem como respeito em relação aos seus aspectos mais débeis.
A perspectiva do OITO
( - ) O OITO encara como negativa a obsessão do SETE por se divertir. Se tiver a impressão de que é à sua
custa ou à custa de alguma outra pessoa, tentará acabar com isso.
( + ) Mas, a maioria das vezes, na sua relação com o SETE, pode satisfazer o seu próprio prazer sem ser
incomodado. Junto dele, pode desfrutar ao máximo da vida e divertir-se muito. A sua criança interior
(brincalhona) sente-se bem à vontade nesta relação.

SETE e NOVE
A perspectiva do SETE
( - ) Ao SETE, aborrece-o que o NOVE seja tão lento, e que lhe custe tanto decidir-se. O SETE tenta clarificar o
indefinido do NOVE, enchendo-o de propostas acerca do como poderia ultrapassar-se e sentir-se mais à
vontade. Se o fizer, terá que perceber muitas vezes que o NOVE não liga a nada e que contrapõe com as
suas próprias ideias obstinadas.
( + ) O que agrada ao SETE da parte do NOVE é que este o deixa ser tal como é. Ao relacionar-se com o
NOVE, o SETE apercebe-se de que pode percorrer o seu próprio caminho, para o bem ou para o mal.
A perspectiva do NOVE
( - ) Se o SETE se aproximar de um modo superficial do NOVE, este não saberá bem o que fazer com isso. Se
se colocar na sua pele, o NOVE dar-se-á conta imediatamente de que há alguma coisa que não está bem.
O NOVE vê no SETE uma pessoa que evita os conflitos, igual a ele. Isto pode levar a que nenhum deles
encare as dificuldades que possam surgir na sua relação.
( + ) O NOVE deixa-se contagiar, com gosto, pelo sincero desfrutar da vida do SETE. Com o SETE, vive as
facetas leves e superficiais da vida, sentindo-se arrancado à sua seriedade.

OITO e OITO
( - ) No caso de dois DITOS estão a chocar-se duas personalidades fortes, sendo óbvia a luta pelo poder.
Quando duas pessoas de personalidade OITO discutem entre si, nenhuma delas cederá na sua opinião. As
possibilidades de chegarem a um compromisso ou de se encontrarem num ponto são praticamente nulas.
( + ) Do lado positivo, dois OITOS podem juntar-se com um grande respeito mútuo, valorizando-se um ao outro
como pessoas justas e podendo dedicar-se a realizarem juntos actividades agradáveis.
Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 23
OITO e NOVE
A perspectiva do OITO
( - ) O OITO reconhece o ponto fraco do NOVE na sua indecisão e no seu evitar os conflitos. O OITO quer
espevitar o NOVE, levá-lo a fazer qualquer coisa, e só consegue o contrário.
( + ) O NOVE deixa que o OITO seja tal como é. Não tenta mudá-lo. Neste tipo de relação, o OITO não tem
medo de ser dirigido de fora e não se sente controlado. Por isso, não precisa de se proteger nem de atacar.
A perspectiva do NOVE
( - ) Se o NOVE se encontra indeciso, o OITO lembra-se logo de fazer alguma coisa por ele ou de o pressionar,
para que o NOVE se decida a actuar. Perante isto, o NOVE terá de se isolar duma forma passiva e
obstinada.
( + ) O NOVE repara que o OITO o leva a sério e que a sua autonomia é respeitada. O OITO apoia as
tendências fortes e convincentes do NOVE. Com ele, pode-se brigar.

NOVE e NOVE
( - ) A dificuldade surge quando dois NOVES criam um ninho comum que prima pela indolência e a inactividade.
Nestes casos, já nenhum dos dois se porá em movimento.
( + ) Dois NOVES reconhecem-se na necessidade de dispor de muito tempo para qualquer coisa que seja.
Empregam tudo o que precisam para se desenvolver e para se pôr em movimento. Não se pressionam um
ao outro.

Eneagrama Relacionamento * Jacinto Jardim 24

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