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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO

CURSO DE BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ISABELA PEREIRA ANDRADE - 23025513

LÔHANA COUTO FERNANDES SILVA - 23025449

SABRYNA ANDRADE DE ALMEIDA - 23025640

IRI – RESENHA CRÍTICA DO CAPÍTULO TRÊS, “COMO A


GUERRA FEZ OS ESTADOS E VICE-VERSA” DO LIVRO
“COERÇÃO, CAPITAL E ESTADOS EUROPEUS”, POR CHARLES
TILLY

SÃO PAULO

2023

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TILLY, Charles. Coerção, Capital e Estados Europeus. 1.ed. São Paulo.
EDUSP, 1996.

Charles Tilly nasceu nos Estados Unidos em 27 de maio de 1929, na


cidade de Lombard, Illinois. E, apesar de ter uma abordagem interdisciplinar (é
um historiador, filósofo e cientista político), estudou sociologia nas Universidades
de Harvard e Oxford, e foi desta última instituição que recebeu o seu
doutoramento em 1958. Foi professor honorário da Universidade de Columbia
em Nova Iorque, Estados Unidos. Ele formou gerações de pesquisadores e tinha
uma propensão para reunir pesquisadores para o seu lado em todos os
momentos. De acordo com a historiadora Michelle Perrot, ele tinha estabelecido
“um laboratório quase demiúrgico” na universidade com sua ex-mulher e ele
queria compilar todas as estatísticas históricas da França do século XVI,
incluindo salários, strikes e protestos. Ele faleceu no Bronx em 29 de abril de
2008, aos 78 anos.

Em seu livro “Coerção, Capital e Estados Europeus”, no capítulo três que


traz como tema: Como a Guerra fez os Estados e Vice-Versa, aborda de forma
coerente e com embasamento como as guerras afetaram os Estados Europeus
e vice-versa, usando a coerção e o uso da força para obter vantagens, e,
destacando o aumento da belicosidade global, mas também evidenciando a
diminuição da ferocidade entre pessoas em grande parte devido ao controle
sobre a violência. Tal diminuição se deu após o processo de desarmamento civil
citado no texto, no qual, aponta como o processo de coerção foi importante para
a consolidação do poder estatal nos Estados, em que, os governantes passaram
a desarmar a sua população enquanto armavam suas tropas, criando uma
distinção daqueles que controlavam os meios de guerra e aqueles que pagavam
por eles.

O autor também traz estatísticas comparando os últimos três séculos:


XVII, XIX e XX, sendo o último o mais violento de todos em questão de taxas de
mortalidade. Com a guerra houve um fortalecimento dos estados, movimentando
o aumento das atividades governamentais e à crescente necessidade de
organização e um financiamento para as campanhas militares. O financiamento
para essas campanhas se dava através de empréstimos ou tributos, que eram

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algumas das estratégias fiscais adotadas pelos Estados que se tornaram
determinante para o sucesso militar em guerras.

A priori, deve-se pontuar o notável contraste entre as guerras com


potências menores e grandes potências, como um notório modelo de guerra
entre grandes potências cabe citar a guerra entre Rússia e Ucrânia, na qual, em
mais de um ano de conflito, os números de mortos é de quase 500 mil segundo
projeções do “New York Times”, à vista disso, há mais guerras acontecendo entre
potências menores e que recebem menos atenção, como a guerra no Iêmen que
com nove anos de combate já deixou 233 mil mortos, logo, nota-se a eficácia do
autor e, como sua resolução ainda tem relevância nos dias atuais.

Ademais, é mostrado no texto como a burocratização e a criação de


organizações políticas pelos Estados impulsionou a coleta de impostos como
consequência das guerras, já que os países europeus entraram em dívidas
exorbitantes no ritmo em que os conflitos cresciam, usando dessa arrecadação
para financiar os custos, deixando claro que, o resultado era mais importante do
que suas implicações. A cultura da tributação ainda se vê na contemporaneidade,
na qual, é administrado pelo Estado, no entanto, a cobrança não é usada apenas
para fortalecer exércitos, ela ganhou uma complexidade à medida que a
sociedade se desenvolvia e outros impostos eram criados para diversos outros
fins, como para garantir os direitos dos trabalhadores. Cada Estado cobra ou cria
impostos de acordo com a sua necessidade, como foi citado no texto que os
europeus ampliaram seus impostos para arcar com os custos nas guerras. Em
comparação com a atualidade os países europeus mudaram a finalidade de seus
impostos, tornando-se mais complexos, constantes e voltados para o bem-estar,
o que não era comum séculos atrás.

Em resumo, o capítulo destaca bastante as guerras e suas


consequências, expondo taxas e o seu gradual crescimento ao longo dos
séculos, ele é de fácil compreensão e bem explicativo, usando de artifícios
gráficos para ilustrar as suas falas lhe dando certa legitimidade. Entretanto, é
necessário um conhecimento prévio acerca do que o autor expõe sobre o “uso
legítimo da violência”, pois isso contribui para uma leitura rápida e eficiente e,
mantém o leitor ciente do contexto histórico e das análises do autor.

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REFERÊNCIAS

TILLY, Charles. Coerção, Capital e Estados Europeus. 1.ed. São Paulo.


EDUSP, 1996.

AZEVEDO, Maria Eduarda. Do sistema de recursos próprios ao imposto


europeu. Disponível em: <https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=impostos+europeus&btnG=#d=gs_qabs&t=1696363050
324&u=%23p%3DBtJ7zCMr4IUJ> Acesso em: out. 2023

PEREIRA, Danilo. Iêmen: crise humanitária. Disponível em:


<https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=dados+guerra+I%C3%AAmen&btnG=#d=gs_qabs&t=1
696363784247&u=%23p%3DVWWpBWEPWu0J> Acesso em: out 2023

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