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CDU 613.71
Objetivos
Ao terminar de ler este capítulo, você deverá ser
capaz de:
• Explicar as três leis do movimento de Newton
• Aplicar a segunda lei do movimento de
Newton para determinar a aceleração de um
objeto se as forças atuando sobre ele forem
conhecidas
• Aplicar a segunda lei do movimento de
Newton para determinar a força resultante
atuando sobre um objeto se sua aceleração for
conhecida
• Definir impulso
• Definir quantidade de movimento
• Explicar a relação entre impulso e quantidade
de movimento
• Descrever a relação entre massa e peso
Você está assistindo à competição de levantamento de peso nas olimpíadas. A carga da barra é
mais que o dobro do peso do levantador. O atleta se aproxima do implemento e o agarra firme-
mente com ambas as mãos. Com um grito, ele pega a barra do chão e a levanta sobre sua cabeça
em um movimento suave. Quais forças o atleta precisou exercer sobre o implemento para criar
o movimento que você viu? A segunda lei do movimento de Newton – proposta há mais de 300
anos – nos fornece a base para analisar situações como essa. Este capítulo introduz as leis do mo-
vimento de Newton e a aplicação dessas leis para analisar o movimento humano.
mento humano para as quais a primeira lei do movimento de dem ser representadas por equações para as três dimen-
Newton se aplique. Talvez possamos achar aplicações para sões (vertical, horizontal – para frente e para trás; e hori-
essa lei no esporte se considerarmos somente movimentos zontal – lado a lado):
de um objeto ou um corpo em uma direção específica.
Na verdade, nós já usamos a primeira lei do movi- constante se (3.2a)
mento de Newton diversas vezes nos capítulos anteriores. se constante (3.2b)
No Capítulo 2, analisamos o movimento de projéteis. Fi-
zemos isso decompondo o deslocamento do projétil em constante se (3.3a)
componentes vertical e horizontal. Verticalmente, a velo- se constante (3.3b)
cidade de um projétil estava de modo constante, mudando,
e ele acelerava para baixo a 9,81 m/s2 devido à força da constante se (3.4a)
gravidade. Na direção vertical, a primeira lei do movi-
se constante (3.4b)
mento de Newton não se aplica. Horizontalmente, porém,
a velocidade do projétil era constante, e sua aceleração Para manter as coisas simples nos problemas e exemplos
era zero, uma vez que nenhuma força horizontal atuava deste livro, quase sempre nos limitaremos a análises em
sobre ele. Este é um caso no qual a primeira lei do mo- apenas duas dimensões – vertical (y) e horizontal (x).
vimento de Newton se aplica! Se a resistência do ar for Nós já fizemos análises baseadas na primeira lei do
desprezível, a força horizontal atuando sobre um projétil é movimento de Newton nos Capítulos 1 e 2, apenas não sa-
zero, então, a velocidade horizontal do projétil é constan- bíamos disso. Agora que conhecemos essa lei, vamos ten-
te e não muda. A primeira lei do movimento de Newton tar outra análise. Imagine-se segurando um haltere de 4,5
fornece a base para a equação que descreve o movimento kg em sua mão. Qual o tamanho da força que você deve
horizontal de um projétil usada no capítulo anterior. realizar sobre implemento para mantê-lo parado? Quais
A primeira lei do movimento de Newton também é forças externas atuam sobre ele? Verticalmente, a gravi-
aplicável se forças externas atuarem em um objeto, des- dade exerce uma força para baixo igual ao peso do haltere,
de que o somatório das forças seja zero. Assim, um ob- 4,5 kg. Sua mão exerce uma força de reação para cima
jeto pode continuar seu movimento em uma linha reta ou contra ele. De acordo com a primeira lei de Newton, um
permanecer em seu estado de repouso se a força externa objeto vai permanecer em repouso somente se nenhuma
resultante atuando sobre ele for zero. No Capítulo 1, apren- força externa atuar sobre ele ou se a força externa resultan-
demos sobre equilíbrio estático – a soma de todas as for- te sobre ele for zero. Como o haltere está em repouso (não
ças externas atuando sobre um objeto é zero se ele está em se movendo), a força externa resultante deve ser zero. A
equilíbrio estático. A primeira lei do movimento de Newton Figura 3.1 mostra um diagrama de corpo livre do haltere.
é a base para tal equilíbrio. Porém, essa lei também se es- As duas forças externas atuando sobre o haltere são
tende para corpos em movimento. Se um objeto está se mo- verticais: a da gravidade atuando para baixo e a de rea-
vendo com velocidade constante em uma linha reta, então a ção da sua mão atuando para cima. Já que o implemento
soma de todas as forças externas atuando sobre ele é zero.
A primeira lei do movimento de Newton basicamente diz
R
que se a força externa resultante atuando sobre um objeto
for zero, então, não haverá mudanças no movimento dele.
Se já está em movimento, vai continuar se movimentando
(em linha reta e velocidade constante). Se está em repou-
so, vai permanecer assim (não se mover). A primeira lei de
Newton pode ser expressa matematicamente como segue:
constante se (3.1a)
ou:
se constante (3.1b)
onde:
v = velocidade instantânea e W
não está se movendo (v = constante = 0), podemos usar a Ao mover o haltere de 4,5 kg para cima com velocida-
equação 3.3b para resolver a força de reação da sua mão. de constante, a força que você deve exercer contra ele para
manter o movimento ascendente com velocidade constan-
te é de 4,5 kg para cima. Ao segurar o haltere parado, a
(3.5) força que você exerce sobre ele é de 4,5 kg para cima.
Se movê-lo para baixo com velocidade constante, a força
exercida sobre ele também será de 4,5 kg para cima.
onde: A primeira lei do movimento de Newton pode ser in-
terpretada de várias formas:
R = a força de reação da sua mão e
1. Se um objeto estiver em repouso e a força externa re-
P = o peso do haltere = 4,5 kg sultante atuando sobre ele for zero, ele permanecerá
em repouso.
Ao segurar um haltere de 4,5 kg na sua mão, a força que 2. Se um objeto estiver em movimento e a força externa
deve exercer contra ele é de 4,5 kg para cima. O problema resultante atuando sobre ele for zero, ele permanecerá
foi resolvido considerando para cima como o sentido po- em movimento com velocidade constante em linha reta.
sitivo. Já que a resposta obtida foi um número positivo, ele 3. Se um objeto estiver em repouso, a força externa re-
representa uma força para cima. sultante atuando sobre ele deve ser zero.
Agora, vejamos o que acontece se o haltere estiver 4. Se um objeto estiver em movimento com velocida-
em movimento. É melhor se você sentir isso, então tente o de constante em linha reta, a força externa resultante
Autoexperimento 3.1. atuando sobre ele deve ser zero.
um objeto simultaneamente em uma medida. Do ponto de sa, o sistema. Se forem considerados juntos como um todo,
vista matemático, é definida pela equação 3.6. então as forças que um objeto exerce sobre outro são con-
sideradas forças internas e não afetam o movimento do sis-
(3.6) tema. Nós não precisamos saber quais são! Somente forças
onde: externas – aquelas exercidas pelos agentes externos – vão
mudar o movimento do sistema. De acordo com o princípio
L = quantidade de movimento linear, de conservação da quantidade de movimento, a quantidade
de movimento total de um sistema de objetos é constante
m = massa e
se a força resultante atuando sobre ele for zero. Esse prin-
v = velocidade instantânea cípio é representado matematicamente pela equação 3.11.
Para um sistema constituído por um número de objetos, a
A primeira lei do movimento de Newton basicamente
soma das quantidades de movimento de todos eles em al-
afirma que a velocidade de um objeto será constante se a
gum tempo inicial é igual a de um momento posterior, ou
força resultante sobre ele for zero. Nos esportes e no movi-
final, se nenhuma força externa atuar sobre o sistema. Se o
mento humano, a maior parte dos objetos com que lidamos
sistema for constituído por somente um objeto, isso é muito
tem massa constante (pelo menos na curta duração das ati-
simples – velocidade e massa não mudam. Mas, se ele for
vidades que podemos estar analisando). Se a velocidade
constituído por dois ou mais, a velocidade inicial e final de
de um objeto é constante, então sua quantidade de movi-
um objeto dentro do sistema pode mudar. No caso de um
mento também é já que a massa não muda. A quantidade
sistema com muitos objetos, se a velocidade de um deles
de movimento será constante se a força externa resultante
aumenta, a velocidade de outro tem de diminuir para manter
for zero. Isso pode ser expresso matematicamente como:
a quantidade de movimento total do sistema constante.
L = constante se (3.7)
onde: constante (3.11)
L = quantidade de movimento linear e onde:
ΣF = força externa líquida Li = quantidade de movimento linear inicial,
Uma vez que velocidade é uma grandeza vetorial Lf = quantidade de movimento linear final,
(com magnitude, direção e sentido), quantidade de movi-
mento também é. A quantidade de movimento total de um m = massa de parte do sistema,
objeto pode ser decomposta em componentes, ou se estas u = velocidade inicial e
forem conhecidas, podem ser adicionadas (usando adição
vetorial) para determinar a quantidade de movimento re- v = velocidade final
sultante. A conservação da quantidade de movimento se
aplica às componentes da quantidade de movimento, as- A quantidade de movimento total de um
sim a equação 3.7 pode ser representada pelas equações sistema de objetos é constante se a força
para as três dimensões (vertical, horizontal – para frente e externa resultante atuando sobre ele for
para trás; e horizontal – lado a lado). zero.
para predizer os movimentos dos objetos após a colisão é totalmente transferida para o outro após o impacto, ou,
em algumas situações, caso suas massas e suas velocida- de forma mais simples, matematicamente,
des antes da colisão sejam conhecidas.
u1 = v2 (3.15)
Autoexperimento 3.2 e
Para este experimento, vamos usar duas moedas de mesmo u2 = v1 (3.16)
peso, por exemplo, duas moedas de cinco centavos . Pegue
as duas e coloque-as sobre uma mesa (ou outra superfície E se as massas dos dois objetos colidindo não forem
plana dura) separadas por cerca de 5 cm. Empurre uma delas iguais? A quantidade de movimento vai se transferir por
(vamos chamá-la de moeda A) contra a outra (moeda B), de completo de um objeto para o outro em todas as colisões
modo que atinja esta no centro e não em um lado ou outro. perfeitamente elásticas de frente?
Tente isso algumas vezes. O que acontece? Logo após a co-
lisão, a moeda A para e praticamente não se move, enquanto Autoexperimento 3.3
a moeda B agora se move na mesma direção com mais ou Vamos repetir o Autoexperimento 3.2, mas dessa vez
menos a mesma velocidade que a moeda A tinha antes da substitua a moeda A de cinco centavos por uma de 50
colisão. No momento imediatamente anterior à colisão, a centavos. Empurre-a (moeda A) contra a de 5 centavos
quantidade de movimento total do sistema era a massa da (moeda B). O que acontece quando a moeda A bate na B?
moeda A vezes sua velocidade. Como a moeda B não estava Nesse caso, a moeda B se move rapidamente na mesma
em movimento, ela não contribuía para a quantidade de mo- direção que a moeda A estava antes da colisão, mas esta
vimento total. Logo após a colisão, o momento total do sis- última também continua se movendo nesse sentido, apesar
tema é a massa da moeda B vezes sua velocidade. A quanti- de muito mais devagar. Se quantidade de movimento fos-
dade de movimento é conservada. Quando a moeda A atinge se transferida por completo da moeda A para a B e vice-
a moeda B, ela lhe transfere sua quantidade de movimento. -versa, a moeda A não estaria se movendo após a colisão.
Vamos examinar a colisão das duas moedas do Auto- O Autoexperimento 3.3 mostra que, em uma colisão
experimento 3.2. Para um sistema com apenas dois obje- perfeitamente elástica com dois objetos de massa diferente,
tos, a equação 3.11 é simplificada para: a quantidade de movimento de cada objeto não é transferida
por completo para o outro objeto. Vamos tentar descobrir
(3.12) as velocidades das moedas de 50 centavos após a colisão
no Autoexperimento 3.3. Nós sabemos da observação que,
Essa equação nos dá algumas informações sobre o que após a colisão, a velocidade da moeda A não é zero, assim,
acontece após a colisão, mas não o suficiente para resol- as equações 3.15 e 3.16 não funcionam. A equação 3.13
ver as velocidades após o choque, a menos que saibamos ainda é válida, mas uma única equação não é suficiente se
mais sobre o que acontece depois dele. É uma única equa- quisermos resolver duas incógnitas – as velocidades das
ção, mas temos duas variáveis desconhecidas (u1 e u2). moedas A e B após a colisão. Duas equações são neces-
Para o exemplo da nossa moeda, essa equação fica: sárias. Em uma colisão perfeitamente elástica, não apenas
quantidade de movimento é conservada, mas a energia ciné-
mAuA + mBuB = mAvA + mBvB (3.13)
tica também. Nós aprenderemos mais sobre energia cinética
Nesse exemplo, sabemos alguma coisa do que aconte- no próximo capítulo, mas a conservação da energia cinética
ce após a colisão. Nós observamos que a velocidade da nos dá a equação adicional de que precisamos para deter-
moeda A foi zero (ou próximo disso) depois do choque. minar as velocidades das moedas após a colisão ou quais-
A velocidade da moeda B antes da colisão foi zero (uB = quer dois objetos em uma colisão perfeitamente elástica de
0), e a velocidade da moeda B após o choque foi zero (vA frente. As equações que descrevem as velocidades após a
= 0). Assim, colisão em uma colisão perfeitamente elástica de frente são:
Agora, vamos tentar determinar as velocidades após estão em movimento ao longo da mesma linha, mas em sen-
a colisão das duas moedas do Autoexperimento 3.3. Use tidos opostos? Essas equações ainda serão aplicadas?
o subscrito 5 para representar a moeda de 5 centavos e Se ambos os objetos em uma colisão perfeitamente
o subscrito 50 para representar a de 50 centavos. Assim, elástica estão se movendo ao longo da mesma linha, mas
usando as equações 3.17 e 3.18, obtemos as velocidades em sentidos opostos, devemos lembrar que a quantidade de
após a colisão das duas moedas como: movimento é uma grandeza vetorial; assim, a quantidade
de movimento de cada objeto é oposta à do outro objeto na
colisão. Tente o Autoexperimento 3.2 outra vez, mas, ago-
ra, empurre duas moedas de 5 centavos, uma contra a outra,
de modo que se batam de frente ao longo da mesma linha.
e O que acontece? Imediatamente após colidir, elas repelem
uma à outra e se movem no sentido oposto ao da sua velo-
cidade anterior à colisão. Se uma moeda (vamos chamar
de moeda A) está mais rápida que a outra (moeda B) antes
do impacto, esta última vai se mover naquela velocidade e
A massa de uma moeda de 5 centavos de Real cunhada sentido após a colisão, enquanto a moeda A vai se mover na
após 1998 é de aproximadamente 4,10 g; a de uma de 50 velocidade mais lenta na direção oposta após o choque. Se
centavos cunhada após 2002 é cerca de 7,81 g. A massa da a colisão das duas moedas é perfeitamente elástica, então a
*
moeda de 50 centavos (m50) é mais ou menos o dobro da quantidade de movimento pré-colisão de cada uma é trans-
massa da de 5 centavos (m5), ou m50 = 2m5. Nós também ferida para a outra após o impacto. Uma vez que o choque
sabemos que a velocidade pré-colisão da moeda de 5 cen- é perfeitamente elástico, a quantidade de movimento pré-
tavos era zero. Substituindo m50 por 2m5 e u5 por zero nas -colisão da moeda A é igual à quantidade de movimento
equações anteriores, temos: pós-colisão da moeda B, enquanto a quantidade de movi-
mento pré-colisão da B é igual à quantidade de movimento
pós-colisão da A. As equações 3.15 e 3.16 se aplicam, e:
uA = vB
e:
uB = vA
Pré-colisão Pós-colisão
Solução:
Passo 1: Liste as grandezas conhecidas. , ,
vmenor
mmaior = 100 g
mmenor = 25 g
vmenor
umaior = 4,4 m/s
umenor = −4,4 m/s vmenor ,
vmenor
maior maior menor maior menor 330 g·m/s = 330 g·m/s
maior menor Puxa, confere! Isso é um exemplo do “truque da
Passo 4: Agora, substitua os valores das variáveis superbola mortal”. Se uma bola pequena é colocada
conhecidas e encontre a velocidade após impacto de no topo de outra muito maior e ambas são largadas
cada bola. juntas, a menor vai rebater na maior com uma velo-
cidade muito rápida se a colisão for quase perfeita-
, , mente elástica. Atenção: isso é um problema ilustra-
vmaior
tivo, não um autoexperimento. Não tente esse truque
em casa sem proteção nos olhos e proteção pessoal.
É difícil largar as bolas de modo que a menor caia per-
vmaior
feitamente no topo central da maior. Batidas fora do
centro vão lançar a bola menor, voando muito rápido,
vmaior , em uma direção inesperada!
Biomecânica do Esporte e do Exercício 93
ilustração geral dessa situação de impacto é apresentada colidem de frente. Há um terceiro tipo de colisão perfeita-
na Figura 3.3. mente elástica linear, em que os dois objetos estão se mo-
Tente o Autoexperimento 3.3 de novo, mas dessa vez vendo no mesmo sentido, mas com velocidades diferentes.
empurre ambas as moedas, de 50 e 5 centavos, uma em O objeto mais rápido alcança e colide com o mais lento. Se
direção à outra de modo que se batam de frente ao longo os dois têm a mesma massa, a quantidade de movimento do
da mesma linha. O que acontece? Imediatamente após a objeto mais rápido é transferida completamente para o mais
colisão, elas repelem uma a outra e se movem no sentido lento, e as equações 3.15 e 3.16 se aplicam. Logo após a
oposto da sua velocidade anterior à colisão. Se as veloci- colisão, o objeto que era mais rápido passa a ter velocidade
dades pré-colisão das duas forem iguais, mas em sentidos daquele que era mais lento, e o que era mais lento passa a
opostos, então a velocidade pós-colisão da moeda de 5 ter a velocidade do que era mais rápido. Esse tipo de colisão
centavos será maior que sua velocidade pré-colisão, en- e as equações que a descreve são mostradas na Figura 3.4
quanto, no caso da moeda de 50 centavos, será menor. Va- para duas moedas de 5 centavos. Se os objetos têm massas
mos supor que a moeda de 5 centavos estava se movendo diferentes, então as equações 3.17 e 3.18 se aplicam.
para a direita com velocidade de 2 m/s, e a de 50 centavos
para a esquerda com uma velocidade de 2 m/s. Lembre-se Colisões inelásticas
que a moeda de 50 centavos pesa o dobro da de 5 centa-
As colisões que examinamos até aqui eram perfeitamente
vos, 8,0 g contra 4,0 g. Se determinarmos nosso sentido
elásticas, mas nem todas as colisões são assim. O oposto de
positivo para a direita, então a velocidade pós-colisão das
uma colisão desse tipo é a perfeitamente inelástica (também
duas moedas ainda é descrita pelas equações 3.17 e 3.18.
chamada de colisão perfeitamente plástica). Nesta, a quan-
tidade de movimento também é conservada, mas, em vez
de repelirem um ao outro, os objetos permanecem unidos
após o impacto e se movem juntos com a mesma veloci-
, , dade. Essa condição pós-colisão nos fornece a informação
, adicional que precisamos para determinar a velocidade pós-
-colisão dos objetos em um coque desse tipo. As equações a
seguir descrevem o movimento de dois objetos envolvidos
, em uma colisão linear perfeitamente inelástica. Independen-
temente de a colisão ser elástica ou inelástica, começamos
,
com a equação 3.12, que descreve a conservação da quanti-
e: dade de movimento para a colisão de dois objetos.
, Assim,
A maioria das colisões no futebol americano é do tipo que se afastam um do outro. O coeficiente de restituição
inelástica. Jogadores ofensivos colidem com jogadores costuma ser abreviado com a letra e. Matematicamente,
defensivos, receptores colidem com jogadores de cober-
tura e assim por diante. Na maior parte desses choques, os (3.20)
dois atletas se movem em conjunto após colidirem. O que
acontece depois dessas colisões afeta muito o desfecho de
cada jogada e, em última análise, o resultado do jogo. Um onde:
atacante mais leve e rápido pode igualar a quantidade de e = coeficiente de restituição,
movimento de um jogador de defesa mais lento e pesado?
O futebol americano valoriza a quantidade de momento – v1, v2 = velocidades pós-impacto dos objetos um e
massa e velocidade têm a mesma importância. Jogadores dois e
rápidos e grandes são os mais bem-sucedidos. Vamos ex-
u1, u2 = velocidade pré-impacto dos objetos um e
perimentar um problema para ilustrar a mecânica de uma
dois
colisão inelástica.
Suponha que um atacante de 80 kg colide no ar com um O coeficiente de restituição é adimensional. Para as
jogador de defesa de 120 kg na linha de pontuação durante perfeitamente elásticas, o coeficiente de restituição é 1,0,
uma tentativa de marcar o gol a uma curta distância. Logo seu valor máximo. Para as perfeitamente inelásticas, é
antes do impacto, o atacante tem uma velocidade de 6 m/s zero, seu valor mínimo. Se sabemos o coeficiente de res-
no sentido da linha de pontuação, e o defensor tem velocida- tituição para dois objetos em uma colisão elástica, isso,
de de 5 m/s no sentido oposto. Se a colisão for perfeitamen- junto com a equação da conservação da quantidade de
te inelástica, o atacante vai se mover para frente e marcar movimento, nos dá as informações necessárias para deter-
logo após o choque, ou o jogador de defesa vai prevalecer? minar as velocidades pós-colisão dos objetos.
Para responder essa questão, vamos começar com a O coeficiente de restituição é afetado pela natureza
equação 3.19: dos dois corpos envolvidos na colisão. Para bolas espor-
m1u1 + m2u2 = (m1 + m2)v
Vamos considerar positivo o sentido que aponta para a li-
nha de pontuação. Substituindo os valores conhecidos das
massas e velocidades pré-colisão, teremos:
,
Altura do quique
Coeficiente de restituição
O coeficiente de restituição é definido como um valor
Coeficiente altura da queda
absoluto da razão da velocidade de separação com a ve- = P=
de restituição altura do quique
locidade de aproximação. A velocidade de separação é a
diferença entre as velocidades dos dois objetos colidindo Figura 3.5 Determinação do coeficiente de restituição a
logo após o choque, ou seja, descreve a velocidade com partir das alturas de queda e do quique.
Biomecânica do Esporte e do Exercício 95
tivas, é facilmente mensurado se o objeto com que a bola O coeficiente de restituição é uma medida crítica na
colide é fixo e imóvel. Assim, somente suas velocidades maior parte dos esportes com bola, uma vez que o “rico-
pré e pós-impacto precisam ser medidas. Na verdade, se a chete” entre uma bola e o implemento ou superfície que
bola é largada de uma altura específica em uma superfície bate afetará bastante o resultado de uma competição. Se
de impacto fixa, então a altura máxima que ela alcança bastões tivessem coeficientes de restituição maiores com
após o impacto com o solo (altura do quique) e a altura bolas de beisebol, ocorreriam mais home runs (e mais ar-
da queda fornecem informação suficiente para que calcu- remessadores seriam lesionados pelas bolas rebatidas). Se
lemos o coeficiente de restituição (Fig. 3.5). (Você pode tacos de golfe tivessem coeficientes de restituição maiores
derivar essa equação a partir das equações 3.20 e 2.18?) com bolas de golfe, batidas de 300 jardas poderiam ser co-
muns. Obviamente, os criadores das regras devem regular
altura do quique o coeficiente de restituição para os implementos e bolas
(3.21)
altura da queda envolvidos em seus esportes.
Solução:
Passo 1: Liste as grandezas conhecidas. vtaco vbola
ubola utaco
mbola = 46 g
mtaco = 210 g ubola utaco vtaco vbola
As maiores partes dos regulamentos de esportes com Essa é a segunda lei do movimento de Newton em la-
bola direta ou indiretamente especificam qual deve ser tim como foi originalmente apresentada no Principia. Ela
o coeficiente de restituição para bolas em superfícies de costuma ser referida como lei da aceleração. Traduzido, o
jogo ou implementos. As regras U.S. Golf Association texto afirma: “A mudança do movimento de um objeto é
(USGA) proíbem tacos com coeficiente de restituição proporcional à força aplicada; e ocorre no sentido da linha
com uma bola de golfe superior a 0,830. As regras de reta na qual a força é exercida” (Newton, 1986/1934, p.
basquete National Collegiate Athletic exigem que a bola 13). Essa lei explica o que acontece se uma força externa
quique até uma altura entre 49 e 54 polegadas ou 1,24 a resultante atua sobre um objeto. De forma mais simples, a
1,37 metros (mensurados do topo da bola) quando lar- segunda lei de Newton afirma que, caso uma força externa
gada a 6 pés (1,83 m) do chão (mensurados da base da resultante seja exercida sobre um objeto, este vai acelerar
bola). As regras de raquetebol afirmam que a bola deve no sentido dela, e sua aceleração vai ser diretamente pro-
quicar até uma altura de 68 a 72 polegadas (1,73 a 1,83 porcional a força externa resultante e inversamente pro-
m) se largada de uma altura de 100 polegadas (2,54 m). porcional a sua massa. Isso pode ser escrito em linguagem
Qual é a taxa de valores permitida para o coeficiente de matemática da seguinte forma:
restituição (equação 3.21) para o raquetebol de acordo
com essa regra? ΣF = ma (3.22)
Mutationem motis proportionalem esse vi motrici A segunda lei do movimento de Newton explica como
impressae, et fieri secundum lineam rectam qua a aceleração ocorre. Vamos ver se conseguimos aplicá-la.
vis illa imprimitur. (Newton, 1686/1934, p. 644) No Capítulo 2, examinamos o movimento de projéteis.
Biomecânica do Esporte e do Exercício 97
sente mais pesado. Se a força de reação, R, é igual ao seu Quando o levantamento parece mais difícil? Quando pare-
peso, você não se sente nem mais leve nem mais pesado, ce mais fácil? Para começá-lo, você deve acelerar o halter
e a força resultante é zero, gerando uma aceleração zero. para cima, assim a força resultante atuando sobre ele deve
Se você e o elevador já estiverem se movendo para cima, ser ascendente. A força que você faz sobre o implemento
você continuaria se movendo para cima com velocidade deve ser maior que 4,5 kg. Isso é como o que ocorre no
constante. Se a força de reação, R, é menor que seu peso, exemplo do elevador. Uma vez que você iniciou o movi-
você se sente mais leve, e a força resultante atua para bai- mento do halter para cima, continuá-lo exige apenas que
xo, gerando uma aceleração para baixo. Isso é exatamente uma força resultante zero atue, e ele vai se mover com
o que acontece quando o elevador diminui a velocidade; velocidade constante. A força que você exerce no halter
você desacelera para cima (diminui a velocidade no sen- deve ser igual a 4,5 kg. Conforme você termina o levan-
tido ascendente e acelera para baixo) e se sente mais leve. tamento, precisa diminuir a velocidade do movimento do
Vamos confirmar nossa análise com algumas medidas halter para cima, assim a força resultante atuando sobre
grosseiras no Autoexperimento 3.5. ele é para baixo. A força que você exerce deve ser menor
que 4,5 kg. Quando o implemento para no final da tra-
Autoexperimento 3.5 jetória de subida, não está mais em movimento, assim a
força resultante atuando sobre ele é zero. A força que você
Você pode chegar grosseiramente aos valores da força de
exerce sobre o halter deve ser igual a 4,5 kg.
reação, R, exercida pelo chão do elevador em seus pés,
Agora, vamos considerar quanta força é necessária
se levar uma balança de banheiro consigo em seu passeio
para iniciar o movimento horizontal de alguma coisa. Na
vertical. A balança indica a força que você exerce sobre
ela, que é igual àquela que ela exerce sobre você – a for- próxima vez que você jogar boliche, tente isso. Pegue uma
ça de reação, R. A balança aponta um valor superior ao bola de 7,3 kg (16 lb) e coloque-a sobre o solo. Tente fazê-
seu peso quando o elevador começa a subir e você acelera -la rolar horizontalmente empurrando-o com apenas um
para cima. Depois, ela volta a marcar o seu peso corpo- dedo. Você conseguiu? Quanta força horizontal foi neces-
ral enquanto o elevador e você continuam subindo com sária para iniciar o movimento horizontal da bola? Você
velocidade constante. A balança aponta um valor abaixo precisou fazer apenas uma pequena força. Isso é facilmen-
do seu peso quando o elevador diminui a velocidade e sua te feito com um dedo. Vamos ver a equação 3.23 para ex-
aceleração é para baixo. plicar a razão disso.
Vamos ver o que acontece quando você desce com o
elevador em vez de subir. O diagrama de corpo livre e as
equações utilizadas para analisar a subida são as mesmas Na direção horizontal, a única outra força horizontal
de antes. Quando o elevador iniciar a descida, ele aumenta atuando sobre a bola é uma pequena força de atrito hori-
a velocidade para baixo. Você se sente mais leve. A força de zontal exercida nela pelo chão, então:
reação do solo (mostrada na balança) é inferior ao seu peso
corporal, assim a força resultante é para baixo, bem como
sua aceleração. À medida que o elevador continua descen-
do, ele para de aumentar a velocidade descendente. Você
sente seu peso normal. A força de reação do solo (mostrada onde:
na balança) é igual ao seu peso corporal, assim a força resul- Px = empurrão do dedo e
tante é zero e você se move com velocidade constante para
baixo. Quando o elevador diminui a velocidade para parar Ff = força de atrito do solo
no andar de baixo, ele diminui a velocidade no sentido para
Para acelerar uma bola horizontalmente e iniciar seu
baixo, e você se sente mais pesado. A força de reação do
movimento, a força do empurrão do dedo deve ser apenas
solo (mostrada na balança) é maior que seu peso corporal,
um pouco maior que a pequena força de atrito exercida
assim a força resultante é ascendente e você acelera para
pelo chão. Nesse caso, a força que você exerce pode ser
cima (a velocidade de seu movimento para baixo diminui).
inferior a 4,5 N (1 lb), e a bola vai iniciar seu movimento.
Agora, tente levantar a bola com o mesmo dedo (use
O exemplo do elevador não parece ter muita relação um dos buracos mesmo assim nela). Você consegue fazer
com o movimento humano em esportes, mas considere a isso? Se não, use toda sua mão e os três buracos. Quanta
força que você deve exercer contra um halter de 4,5 kg (10 força é necessária para iniciar o movimento da bola para
lb) para levantá-lo. As forças externas atuando sobre o im- cima? É bastante difícil fazer isso usando a força de ape-
plemento são a gravidade, para baixo, e a força de reação nas um dedo. Por que é necessária tanta força a mais para
de sua mão, para cima. A força resultante é, portanto, a acelerar um objeto para cima do que para os lados? Veja a
diferença entre essas duas forças, assim como no elevador. equação 3.24 novamente.
Biomecânica do Esporte e do Exercício 99
Solução:
Passo 1: Liste as gandezas conhecidas e as que podem ser derivadas facilmente.
m = 52 kg
Rx = 300 N
Ry = 1.800 N
P = mg = (52 kg)(9,81 m/s) = 510 N
Passo 2: Identificar a variável que deve ser solucionada.
W = 510 N
ay =?
Passo 3: Desenhe o diagrama de corpo livre do corredor.
Rx = 300 N
1.800 N = Ry
onde:
Impulso e quantidade
Ry = força para puxar para cima do dedo (ou mão) e de movimento
P = peso Matematicamente, a segunda lei de Newton é expressa
pela equação 3.22:
Para iniciar o movimento da bola para cima, você deve
exercer sobre ela uma força para cima maior que seu peso
– nesse caso, maior que 7,3 kg. Em geral, fazer algo ini-
ciar o movimento horizontalmente requer bem menos for- Isso mostra o que acontece apenas em um instante de
ça (e, assim, menos esforço) do que fazer algo iniciar o tempo. A aceleração causada pela força resultante é ins-
movimento para cima. A Figura 3.7 ilustra isso. tantânea. Essa é a aceleração experimentada pelo corpo
Agora, sabemos que uma força resultante é necessária ou objeto no instante em que a força resultante atua e vai
para diminuir ou aumentar a velocidade de algo. Diminuir mudar se esta variar. Exceto pela gravidade, a maior parte
ou aumentar a velocidade são exemplos de aceleração. das forças que contribuem para a força externa resultante
Uma força resultante é necessária para mudar direções? mudam com o tempo. Assim, a aceleração de um objeto
Sim, uma vez que a aceleração é causada por uma força que está sujeito a essas forças também muda com o tempo.
resultante e mudança na direção é uma aceleração, uma Nos esportes e no movimento humano, com frequência
força resultante é necessária para trocar direção. O que estamos mais preocupados com o resultado final das for-
acontece quando você corre em uma curva? Você muda ças externas atuando sobre um atleta ou objeto durante um
sua direção de movimento e, portanto, está acelerando. determinado período de tempo do que com sua aceleração
Uma força resultante atua na direção horizontal para cau- instantânea em algum instante da aplicação da força. Nós
queremos saber o quão rápido a bola de beisebol estava indo
depois que o lançador exerceu força durante o arremesso.
A segunda lei de Newton pode ser usada para deter-
minar isso. Olhando a equação 3.22 levemente diferente,
nós podemos considerar qual aceleração média é causada
por uma força resultante média:
(3.26)
onde:
Σ = força resultante média e
= aceleração média
Uma vez que aceleração média é a mudança na velocidade
UGH!
pelo tempo (equação 2.9),
AAH!
Multiplicando ambos os lados por Δt, teremos: de saltos e outras atividades. Em todas essas práticas, as
técnicas usadas podem ser explicadas em parte pela rela-
(3.28) ção impulso-quantidade de movimento. Uma grande mu-
(3.29) dança na velocidade é produzida por uma grande força re-
sultante média atuando por um longo intervalo de tempo.
Essa é a relação impulso-quantidade de movimento. Im- Como há limites nas forças que humanos são capazes de
pulso é o produto da força pelo tempo de durante o qual produzir, muitas técnicas esportivas envolvem aumentar a
esta atua. Se a força não é constante, o impulso é a média duração da aplicação de força. Tente o Autoexperimento
dos tempos de força, a duração da força resultante média. 3.6 para ver como a duração da força afeta o desempenho.
O impulso produzido por uma força resultante atuando
por um período de tempo causa uma mudança na quanti- Autoexperimento 3.6
dade de movimento de um objeto. Nós podemos interpre-
tar essa alteração como uma mudança média na velocida- Pegue uma bola na sua mão de lançamento e veja quão
de, porque a maior parte dos objetos tem massa constante. distante (ou com qual velocidade) você consegue lançá-la
Se quisermos alterar a velocidade de um objeto, podemos usando somente movimentos do punho. Mexa apenas sua
produzir uma maior mudança na velocidade fazendo uma mão e mantenha seu antebraço, seu braço e o resto do cor-
força resultante média maior atuar sobre ele ou aumentan- po parados. Essa não é uma técnica muito efetiva, é? Ago-
do o tempo durante o qual ela atua. ra, tente lançá-la de novo, mas dessa vez use seu cotovelo
Quando Newton declarou sua segunda lei do movi- e punho. Mova somente sua mão e antebraço, mantendo o
mento, ele realmente quis se referir ao movimento do im- braço e o resto do corpo imóveis. Essa técnica é melhor,
pulso. A mudança no movimento de um objeto é propor- mas ainda não é muito efetiva. Tente uma terceira vez
cional à força aplicada. usando punho, cotovelo e ombro. Mova apenas sua mão,
A relação impulso-quantidade de movimento descrita seu antebraço e seu braço, mantendo o resto do seu corpo
matematicamente pela equação 3.29 é, na verdade, apenas parado. Essa técnica é um avanço em relação à anterior,
uma outra maneira de interpretar a segunda lei de Newton. mas você ainda pode fazer melhor. Tente uma quarta vez
Essa interpretação pode ser mais útil para nós no estudo lançando como você normalmente faria, sem restrições.
do movimento humano. A força resultante média agindo Esse lançamento foi provavelmente o mais rápido. Em qual
sobre um intervalo de tempo irá causar uma mudança na deles você conseguiu exercer força contra a bola pela maior
dinâmica do objeto. Podemos interpretar a mudança na quantidade de tempo? E pela menor quantidade de tempo?
quantidade de movimento a partir da mudança na veloci-
dade, pois a maioria dos objetos tem massa constante. Se
queremos mudar a quantidade de movimento do objeto, Durante o Autoexperimento 3.6, você exerceu o
podemos produzir uma força resultante média atuando por maior impulso na bola quando usou sua técnica normal
algum intervalo de tempo. de lançamento. Como resultado, a quantidade de movi-
mento dela mudou bastante, e ela deixou sua mão com
A força resultante média atuando por a maior velocidade. O grande impulso foi o resultado de
algum intervalo de tempo causará uma uma força resultante média relativamente alta sendo exer-
mudança na quantidade de movimento cida sobre a bola por um tempo relativamente longo. Você
do objeto. exerceu o menor impulso quando usou apenas seu punho.
A quantidade de movimento da bola não mudou muito, e
Usando impulso para aumentar a bola deixou sua mão com a menor velocidade. O impul-
so pequeno foi resultado de uma força resultante média
quantidade de movimento relativamente pequena sendo exercida sobre bola por um
A tarefa em muitas habilidades esportivas é causar uma curto tempo. A técnica de lançamento normal envolveu
grande mudança na velocidade de alguma coisa. Em even- mais segmentos na ação do arremesso, e você foi capaz de
tos de lançamento, a bola (ou peso, disco, martelo, fris- aumentar o tempo durante o qual pôde exercer uma força
bee, etc.) não tem velocidade no início do arremesso, e sobre a bola (e provavelmente foi capaz de exercer uma
a tarefa é dar ao objeto uma alta velocidade no final do força média maior). O resultado final foi um lançamento
lançamento. Nós queremos aumentar sua quantidade de mais rápido. Em função do período mais longo de aplica-
movimento. Do mesmo modo, em eventos de colisão, a ção de força, a bola teve mais tempo para aumentar a velo-
raquete (ou bastão, punho, taco, vara, etc.) não tem ve- cidade e, assim, sua velocidade no lançamento foi maior.
locidade no início do balanço (ou golpe ou soco), e a ta- Uma coisa importante para lembrar sobre a relação
refa é dar-lhe a maior velocidade logo antes do impacto. impulso-quantidade de movimento (equação 3.29),
Nossos corpos podem ser os objetos cuja quantidade de
movimento queremos aumentar, como ocorre em eventos
102 Peter M. McGinnis
é que a força resultante média, , no termo do impulso Seus treinamentos e seleções têm sido baseados em sua ha-
é um vetor, assim como são as velocidades, vf e vi, no ter- bilidade para produzir altas forças ( no impulso). Lan-
mo da quantidade de movimento. Um impulso vai causar çadores do beisebol e atletas de arremesso de dardo não
uma mudança na quantidade de movimento e, assim, uma são tão fortes. Eles têm sucesso porque suas técnicas ma-
alteração na velocidade na direção da força. Se você quer ximizam o período de aplicação de força (Δt no impulso).
mudar a velocidade de um objeto em uma direção espe- Agora, vamos experimentar uma atividade na qual o
cífica, a força aplicada, ou algum de seus componentes, elemento de força no impulso é limitado, de modo que se-
deve ocorrer nessa direção específica. jamos forçados a enfatizar a duração da aplicação de força
Qual é a maior limitação no impulso – a força ou o (Δt) na equação do impulso. Tente o Autoexperimento 3.8.
tempo? Tente o Autoexperimento 3.7 para ajudar a res-
ponder essa questão. Autoexperimento 3.8
Encha vários balões com água até que fiquem mais ou me-
Autoexperimento 3.7 nos do tamanho de uma bola de softball. Leve-os para um
Veja quão distante (ou com qual velocidade) você conse- campo aberto ou estacionamento vazio. Agora, veja quão
gue lançar um objeto muito leve (como uma bola de tênis rápido consegue lançar um sem que ele estoure em sua
de mesa) em comparação a outro muito pesado (como um mão. Se você exercer uma força muito alta contra o balão,
peso de 7,3 kg). O que restringiu o desempenho do seu ele vai estourar. Para lançá-lo longe, é preciso maximizar
lançamento com o objeto mais leve? O fator limitante foi a duração do período de aplicação de força no lançamen-
sua força (você precisa ser excepcionalmente forte para to enquanto limita a magnitude da força exercida contra
lançar uma bola de tênis de mesa rápido?) ou sua técni- ele para que não estoure. Não limite sua técnica ao que
ca (duração da aplicação da força)? O que limitou seu você considera estilos normais de lançamento. Lembre,
desempenho com o objeto mais pesado – força ou técnica a melhor técnica será aquela na qual você acelera o balão
(duração da aplicação da força)? pelo maior tempo possível enquanto aplica a maior força
contra o balão (mas que não o estoure).
Em alguns esportes e atividades, atletas ou participan- que atletas de salto com vara caem de uma altura maior
tes podem não ser capazes de aterrissar sobre seus pés e e têm velocidades mais altas no impacto, de modo que o
flexionar as pernas para reduzir a força média de impacto. tempo de impacto deve ser reduzido ainda mais para redu-
Como atletas de salto em altura e salto com vara aterris- zir as forças médias de impacto a níveis seguros.
sam? Eles caem sobre suas costas – não no solo duro, mas Os ginastas não costumam aterrissar sobre suas cos-
em colchões de aterrissagem. Se eles realizassem a queda tas, mas sua aterrissagem na saída dos aparelhos ou nos
sobre as costas no chão duro, o tempo de impacto seria exercícios da rotina do solo recebem mais pontos se eles
pequeno, e as altas forças de impacto definitivamente cau- flexionarem menos seus joelhos, tornozelos e quadril. Se
sariam lesão. Como os colchões de aterrissagem previnem essas aterrissagens ocorressem no solo duro, haveria mui-
que eles se lesionem? Esses colchões são feitos de mate- to mais lesões nesse esporte. Porém, esses atletas não ater-
rial macio que reduz a velocidade do atleta por um tempo rissam no solo duro; as saídas dos aparelhos ocorrem em
longo. Esse tempo de impacto mais longo significa que superfície acolchoada. Da mesma forma, as aterrissagens
as forças médias de impacto são reduzidas proporcional- nas acrobacias do exercício de solo se dão sobre o solo da
mente. Os colchões de aterrissagem do salto com vara são ginástica, com molas, elevado e acolchoado. Esse tempo
mais grossos que aqueles usados no salto em altura por- de impacto aumentado diminui a força média de impacto.
Solução:
Passo 1: Liste as grandezas conhecidas.
,
Assuma que a luva fique completamente parada no final do impacto, que o soco ocorre no plano horizontal e que
nenhuma outra força horizontal significativa atue sobre luva ou a mão.
Passo 3: Busque por equações que possuam as variáveis conhecidas e desconhecidas (equação 3.29).
Nesse caso, a força resultante média é a força exercida pelo saco na luva.
O sinal negativo indica que a força que o saco exerce sobre a luva ocorre na direção oposta à da velocidade
inicial da luva.
Deve-se notar que esse aumento no tempo de impacto não Se um objeto exerce uma força sobre
é da mesma magnitude daquele experimentado por atletas outro, este último exerce a mesma força
de salto em altura e salto em distância, ainda que os ginas- sobre o primeiro, mas em sentido oposto.
tas possam saltar – e cair – de alturas similares. Assim, os
praticantes de ginástica têm maior chance de sofrer lesões Autoexperimento 3.11
devido a quedas duras do que atletas de salto em altura.
Agora, pense em outros equipamentos usados para Vá até uma parede e empurre-a com força. O que acontece
amortecer impactos por meio do aumento do tempo de im- quando você faz isso? A parede empurra você de volta. A
pacto. Você pode ter pensado no equipamento de proteção força que ela exerce sobre você é exatamente igual àquela
usado pelos jogadores de futebol americano e hóquei, luvas que você exerceu contra ela, mas no sentido oposto. Pense
de boxe, luvas de beisebol, o material usado entre a sola de no que você sente com suas mãos à medida que a empur-
sapatos de corrida, colchões de luta e assim por diante. ra. Qual o sentido da força que sentiu? A força sentida
A relação impulso-quantidade de movimento ofe- é de fato a da parede empurrando você, não a sua força
rece as bases para técnicas usadas em muitos esportes e empurrando. Quando você empurrar ou puxar algo, o que
habilidades do movimento humano. Em eventos de arre- você sente não é a sua força empurrando ou puxando; é
messo, um atleta aumenta a duração da aplicação da força a força de reação igual, mas em sentido oposto, que está
para aumentar a mudança na quantidade de movimento empurrando ou puxando você.
do objeto sendo arremessado. Isso resulta em uma maior
velocidade do objeto no lançamento. O mesmo princípio Ao empurrar a parede no Autoexperimento 3.11, por
se aplica às atividades de salto, mas, nesse caso, o corpo que você não acelerou como resultado da força exercida
sendo “lançado” é o atleta. Na recepção, na aterrissagem pela parede? Primeiramente, você pode dizer que a força
e em outras situações de impacto, o objetivo pode ser di- que ela exerceu sobre você foi cancelada pela que você
minuir a magnitude da força de impacto. Aumentando a exerceu sobre ela, assim a força resultante foi zero e ne-
duração da aplicação dessa força (aumentando o tempo de nhuma aceleração ocorreu. Essa seria uma explicação cor-
impacto), o tamanho da força média de impacto é reduzi- reta? Não. A força que você exerceu contra a parede não
do. Vejamos a terceira lei do movimento de Newton, que atua sobre você, então não pode cancelar o efeito da força
fornece mais informações sobre o que é uma força. que a parede exerce sobre você. Que outras forças atuam
sobre você quando empurra a parede? A gravidade o puxa
para baixo com uma força igual ao seu peso. O chão em-
Terceira lei do movimento de purra para cima contra a sola dos seus sapatos ou seus
Newton: Lei da ação e reação pés. E uma força de atrito do chão também atua contra
seus pés. Essa força de atrito se opõe à força da parede lhe
Actioni contrariam semper et aequalem esse re- empurrando e evita que você acelere.
actionem: sive corporum duorum actiones in se E as forças que causam aceleração – elas também
mutuo semper esse aequales et in partes contra- vêm em pares? Vamos tentar o Autoexperimento 3.12.
rias dirigi. (Newton, 1686/1934, p. 644)
Essa é a terceira lei do movimento de Newton em la- Autoexperimento 3.12
tim como apresentada no Principia. É comumente referi- Segure uma bola na sua mão. O que acontece quando
da como a lei da ação e reação. Traduzida, essa lei afirma: você a empurra no sentido horizontal (como faz quando
“para cada ação há sempre oposta uma reação igual: ou a vai arremessá-la)? A bola lhe empurra de volta no sentido
ação mútua de dois corpos um contra o outro são sempre oposto com uma força exatamente igual à que você exerce
iguais e no sentido da parte contrária” (Newton, 1986/1934, sobre ela. Nesse caso, porém, a bola acelera como resul-
p. 13). Newton usou as palavras ação e reação para signi- tando da força. Ela ainda exerce força sobre você enquan-
ficar força. O termo força de reação refere-se à força que to acelera. Mais uma vez, pense no que você sente na mão
um objeto exerce sobre outro. Essa lei explica a origem das quando realiza o lançamento. A bola empurra sua mão. Se
forças externas necessárias para alterar o movimento. De você tentar lançá-lo mais forte, sentirá uma força maior
forma mais simples, ela afirma que se um objeto (A) exerce contra sua mão. Em qual direção essa força atua? Ela atua
uma força sobre outro (B), este último (B) exerce a mesma na direção oposta à da aceleração da bola. Ela empurra
força sobre o primeiro (A), mas em sentido oposto. Assim, contra sua mão. A força que sua mão exerce sobre a bola
as forças existem em pares espelhados. Seus efeitos não atua na direção da aceleração dela.
são cancelados um pelo outro porque atuam em objetos di-
ferentes. Outro ponto importante é que as forças são iguais,
mas opostas, e não seus efeitos. Vamos tentar o Autoexpe- Vamos imaginar a seguinte situação. Você está ali-
rimento 3.11 para melhor entender essa lei. nhado de frente para um jogador ofensivo de uma equipe
106 Peter M. McGinnis
da National Football League. Ele pesa o dobro que você. da praga (Fig. 3.8). Ele apresenta essa lei em duas par-
Seu trabalho é empurrá-lo para fora do caminho. Quando tes. Primeiro, afirma que todos os objetos atraem uns aos
você o empurra, ele lhe empurra de volta. Quem empurra outros com uma força gravitacional que é inversamente
mais forte? De acordo com a terceira lei do movimento de proporcional ao quadrado da distância entre eles. Segun-
Newton, a força com que ele empurra você é exatamente do, afirma que essa força da gravidade é proporcional à
igual à que você o empurra. E o efeito dessas forças? A massa de cada um dos dois corpos que se atraem. A lei
segunda lei do movimento de Newton diz que o efeito de universal da gravitação pode ser representada matemati-
uma força sobre um corpo depende da massa desse cor- camente como:
po e das outras forças atuando sobre ele. Quanto maior
a massa, menor o efeito. Quanto menor a massa, maior o (3.30)
efeito. Como a massa dele é bem maior, e a força de atrito
sob seus pés provavelmente é grande também, o efeito da onde F é a força da gravidade, G é a constante universal
sua força ao empurrá-lo será pequeno. Como sua massa é de gravitação, m1 e m2 são as massas dos dois objetos en-
pequena em relação à dele, e o atrito sob seus pés é pro- volvidos e r é a distância entre os centros de massa dos
vavelmente menor que o atrito sob os pés dele, o efeito da dois objetos.
força dele empurrando você vai ser maior. A lei de Newton da gravitação universal foi importan-
A terceira lei do movimento de Newton ajuda a ex- te porque forneceu uma descrição das forças que atuam
plicar como as forças atuam e sobre o que elas atuam. A entre cada um dos objetos no universo. Essa lei, quando
terceira lei nos fornece a base para desenhar diagramas de usada com as leis do movimento, prediz o movimento dos
corpo livre. Porém, ela não explica qual será o efeito de- planetas e estrelas. As forças gravitacionais entre a maior
las. Ela nos diz apenas que as forças vêm em pares, e que parte dos objetos em esportes são muito pequenas – tão
cada força sobre um par atua sobre um objeto separado. pequenas que podemos ignorá-las. Entretanto, existe um
objeto com que devemos nos preocupar no esporte, o qual
Lei de Newton da é grande o suficiente para produzir uma força gravitacio-
nal substancial sobre outros objetos. Esse objeto é a Terra.
gravitação universal A força gravitacional do planeta atuando sobre um corpo
A lei de Newton da gravitação universal nos dá uma me- é o peso dele. Para um objeto próximo da superfície da
lhor explicação do peso. Essa lei foi supostamente inspi- Terra, vários dos termos na equação 3.30 são constantes.
rada pela queda de uma maçã na fazenda da família de Esses termos são G, a constante universal da gravidade;
Newton, em Lincolnshire, quando ele morava lá nos anos m2, a massa da Terra, e r, a distância entre o centro da terra
e sua superfície. Se introduzirmos uma nova constante,
(3.31)
ou:
Resumo
As bases da cinética linear, explicando as causas do movi-
mento linear, estão nas leis do movimento de Newton. A
Figura 3.8 A suposta inspiração para a lei de Newton da primeira lei de Newton explica que objetos não se movem
gravitação universal. nem mudam seu movimento a menos que uma força exter-
Biomecânica do Esporte e do Exercício 107
na resultante atue sobre eles. Uma extensão da primeira lei movimento humano. As bases para as técnicas usadas em
é o princípio da conservação do movimento. A segunda lei muitas habilidades esportivas estão nessa relação. Aumen-
do movimento de Newton explica o que acontece se uma tar a duração da aplicação da força aumenta a mudança na
força externa resultante atua sobre um objeto. Ele vai ace- quantidade de movimento. A terceira lei de Newton explica
lerar na direção da força externa resultante, e sua acelera- que as forças atuam em pares. Para cada força atuando so-
ção será inversamente relacionada a sua massa. A relação bre um objeto, há outra, igual, atuando no sentido oposto
impulso-quantidade de movimento apresenta a segunda sobre outro objeto. Finalmente, a lei de Newton da gravi-
lei de Newton em uma forma mais aplicável a esportes e tação universal nos dá as bases para a força da gravidade.
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UNIDADE 3
Fórmula integral de Cauchy
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, vamos abordar a fórmula da integral de Cauchy, que
recebe esse nome em homenagem a Augustin Louis Cauchy. A fórmula
de Cauchy é um importante teorema para a análise complexa. A fórmula
nos diz que uma função holomorfa, definida em uma curva simples
fechada C, é completamente determinada pelos seus valores na fronteira
dessa curva. Dessa forma, será possível determinar a integral da curva
desconsiderando a sua singularidade.
Integral de Cauchy
Seja uma função f, analítica em um conjunto aberto , em cada ponto de
G dessa função, existe uma expansão em série de potências.
Da definição de conjunto conexo, temos que um conjunto Ω é conexo se
não pode ser dividido em dois subconjuntos fechados simples em que não haja
pontos em comum entre eles. Ou seja, um espaço é conexo se, para percorrer
os intervalos entre dois pontos quaisquer, não for preciso sair do espaço
delimitado pelo conjunto.
74 Fórmula integral de Cauchy
Teorema de Cauchy
Sejam Ω um conjunto simplesmente conexo, um contorno contido em Ω
orientado no sentido anti-horário. Se f é uma função analítica, então:
Vamos supor uma função f holomorfa (o mesmo que analítica), dentro de um caminho
regular .
sendo um caminho simples que faz uma volta em torno do ponto a no sentido
anti-horário.
Vamos calcular . Como f(z) está dividido por z − a, temos que a é
uma singularidade de f; nesse caso, existe uma série de potência de a delimitada:
O resultado pode ser mostrado pelo integral de fora, menos o integral de dentro:
Mas, se , então e .
Vamos fazer uma substituição de variável com :
Faremos , então:
Portanto,
Fórmula integral de Cauchy 77
Determinar
Determinar
Vamos usar a soma dos integrais de Cauchy para as duas singularidades, de forma que:
Para ½
Para 3:
Como ,
https://goo.gl/uAJ2Fd
a) . a) .
b) . b) .
c) 0. c) 0.
d) 2. d) 2.
e) . e) .
82 Fórmula integral de Cauchy
a) . d) .
b) . e) .
c) . 5. Seja um contorno que envolve
a origem. A integral
d) . tendo e é:
a) 0.
e) . b) 1.
c) 2.
4. Dada um contorno fechado d) .
, qual é o e) .
valor de ?
Leituras recomendadas
JESUS, D. V. Aplicações do Teorema do Resíduo. 2007. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Licenciatura em Matemática) — Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2007. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/96550/
Daynitti.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 fev. 2018.
SASSE, F. D. Fórmula Integral de Cauchy: exemplo. YouTube, 2012. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=AmYVez8r8I4>. Acesso em: 20 fev. 2018.
WEISSTEIN, E. W. Cauchy Integral Formula. Wolfram MathWorld, 2018. Disponível em:
<http://mathworld.wolfram.com/CauchyIntegralFormula.html>. Acesso em: 20 fev. 2018.
ZANI, S. L. Funções de uma variável complexa. São Paulo: USP, 2018. Disponível em:
<http://conteudo.icmc.usp.br/pessoas/szani/complexa.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
UNIDADE 4
O teorema dos resíduos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O teorema dos resíduos de Cauchy é um método para o cálculo de
integrais em caminhos fechados e simples que facilita e generaliza a
fórmula de Cauchy.
Neste capítulo, analisaremos o teorema dos resíduos de Cauchy.
Veremos, ainda, o uso desse teorema para o cálculo de integrais em
caminhos e as suas aplicações prática. Além disso, vamos abordar a
teoria de resíduos em uma função analítica de variáveis complexas na
disciplina de Cálculo.
Concluiremos este capítulo esperando que você seja capaz de identi-
ficar uma função de variável complexa, de construir toda a conceituação
teórica a respeito dos elementos desse tipo de função e de calcular a
integral no caminho dessa função.
Teorema
Seja C um caminho fechado tal que uma função f é analítica sobre C e no
LQWHULRUGH&H[FHWRHPXPQ~PHUR¿QLWRGHSRQWRVVLQJXODUHVz0, z1, ..., zn
interiores a C. Então:
Teorema de Cauchy-Goursat
Sejam C um caminho fechado e CjXPQ~PHUR¿QLWR j = 1,2,...,n) de caminhos
fechados contidos no interior de C, tais que os interiores de Cj não tenham
pontos em comum. Seja R a região fechada consistindo de todos os pontos de
C e dos pontos interiores de C, exceto os pontos interiores a cada Cj, e seja B a
fronteira orientada de R, consistindo de C e de todos os Cj, orientados de modo
a deixarem os pontos de R à esquerda de B. Então, se f(z) é analítica em R:
Concluímos que:
98 O teorema dos resíduos
https://goo.gl/P7jWXY
https://goo.gl/ZsQyRT
Dessa forma:
Portanto:
q (x SDUDWRGRx real;
se n é o grau de p e m é o grau de q, então .
Pelo teorema dos resíduos, temos que integrais desse tipo podem ser cal-
culadas por:
Calcule:
Solução:
Vamos tomar p(z) = 1 e q(z) = x4 + 1. As condições para a existência da integral
imprópria estão satisfeitas, então precisamos saber os polos de que estão no 1º e
2º quadrantes.
A equação z4 + 1 = 0, possui quatro raízes, que podem ser escritas na forma expo-
nencial como:
e
ou que podem ser obtidas por meio da lei de Moivre:
e .
Contudo, apenas z e z fazem parte do semiplano positivo.
1 2
Como z4 + 1 possui quatro raízes distintas, a sua fatoração possui quatro fatores de
expoente unitário; logo, z4 + 1 possui polos simples.
Vamos calcular os resíduos de z1 e z2 por meio da fórmula:
Então:
Então:
O teorema dos resíduos 101
E, portanto:
https://goo.gl/Rz7ETX
Solução:
Observe que não há singularidades no denominador, que não se anula para qualquer
quer seja o valor de
Vamos aproveitar para deixar registrada uma fórmula para resolução de integrais
indefinidas trigonométricas. O método do resíduo será especialmente útil nesses
casos, quando aplicado na dinâmica de fluídos, nos quais esse tipo de integral surge
com frequência.
Sendo uma integral do tipo:
e
Dessa forma:
https://goo.gl/zqDvkq
https://goo.gl/xygzQb
https://goo.gl/sHZoAx
b) d)
c) e)
Leituras recomendadas
ÁVILA, G. Variáveis complexas e aplicações. 3. ed. São Paulo: LTC, 2000.
INSTITUTO GOIANO DE MATEMÁTICA. Exercícios resolvidos: teoria dos resíduos. Goiânia,
2011. Disponível em: <http://www.igm.mat.br/aplicativos/index.php?option=com_co
ntent&view=article&id=657%3Aresiduos&catid=38%3Aconteudosfvc&Itemid=43>.
Acesso em: 27 fev. 2018.
OLIVEIRA, G. S.; SANTOS, E. R. Aplicações da teoria dos resíduos no cálculo de integrais reais.
Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, [2015]. Disponível em: <www.seer.ufu.br/
index.php/horizontecientifico/article/download/33478/20431>. Acesso em: 27 fev. 2018.
ZANI, S. L. Funções de uma variável complexa. São Paulo: USP, 2018. Disponível em:
<http://conteudo.icmc.usp.br/pessoas/szani/complexa.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.
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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
FUNDAMENTOS
DE FÍSICA E
MATEMÁTICA
Cristiane da Silva
Leis de Newton e
suas aplicações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a mecânica newtoniana, que descreve a
relação entre forças e acelerações. Você vai conhecer a primeira, a segunda
e a terceira leis de Newton, com exemplos ilustrados e aplicados.
Força e movimento
A mecânica newtoniana descreve a relação entre forças e acelerações. Con-
sidera-se que a velocidade de um objeto pode mudar, ou seja, pode sofrer
aceleração, se o objeto for submetido a uma ou mais forças, como empurrões
ou puxões por parte de outros objetos (HALLIDAY; RESNICK; WALKER,
2018). Que tal conhecer a primeira lei de Newton?
A primeira lei de Newton diz que, se nenhuma força atuar sobre um corpo, a
sua velocidade não mudará, ou seja, o corpo não sofrerá aceleração. Ou ainda:
se o corpo está em repouso, permanece em repouso; se ele está em movimento,
continua com a mesma velocidade (mesmo módulo e mesma orientação). O
módulo da força é definido em termos da aceleração que a força produziria
em um quilograma-padrão. Por definição, uma força que produz uma acele-
2 Leis de Newton e suas aplicações
Agora você vai ver alguns aspectos das forças, como a sua unidade, a sua
natureza vetorial, a combinação de várias forças e as circunstâncias em que
podem ser medidas. Assim, você vai estar pronto para aplicar as leis de Newton.
Você pode aprender mais sobre as leis de Newton e as suas aplicações consultando
o livro Biofísica Essencial (MOURÃO; ABRAMOV, 2017).
Força
O conceito de força é desenvolvido em termos da aceleração que ela produz
quando aplicada a determinado corpo. Pense em um objeto, como um bloco de
cobre, por exemplo. Para aplicar a força no objeto e medir a sua aceleração, é
necessário garantir que o efeito das outras forças causadas pela vizinhança no
movimento do corpo seja desprezível (RESNICK; HALLIDAY; KRANE, 2003).
Leis de Newton e suas aplicações 3
Considere que o agente que fornece a força é uma mola com baixa rigidez. As molas
são construídas com diferentes valores de rigidez, necessitando-se de diferentes
valores de força para distendê-las. Observa-se que o esforço necessário para distender
determinada mola aumenta à medida em que ela é distendida. O corpo padrão é
colocado sobre uma superfície horizontal sem atrito e a mola é acoplada a ele, como
você pode ver na figura (a) a seguir.
Por tentativa e erro, a mola é distendida até fornecer ao corpo padrão uma aceleração de
exatamente 1 m/s2, como mostra a figura (b) a seguir. A força exercida é definida como uma
unidade de força. Repete-se o experimento, distendendo a mola de um valor maior, até
que o corpo padrão experimenta uma aceleração de 2 m/s2. Agora, encontra-se a distensão
que fornece uma aceleração de 3 m/s2, correspondente a três unidades de força. Assim,
tem-se uma calibração completa da mola, a qual fornece o valor da distensão da mola
necessário para promover determinada aceleração no objeto padrão. Outras molas, com
diferentes valores de rigidez, podem ser calibradas de modo similar, com o mesmo corpo
padrão. Assim, é possível medir forças desconhecidas usando esses dispositivos de medição.
Dinamômetro
Como você viu, a força é o resultado da interação entre dois ou mais corpos.
Um dispositivo que pode medir a força chama-se dinamômetro. Veja a Figura 2.
4 Leis de Newton e suas aplicações
Figura 2. Dinamômetro.
Fonte: Almeida ([201-?]).
O dinamômetro possui:
estrutura;
mola;
gancho em uma das extremidades da mola;
graduação na estrutura.
Unidade de força
Vetores
A força é uma grandeza vetorial, então ela possui um módulo e uma orientação.
Assim, quando duas ou mais forças atuam sobre um corpo, pode-se calcular a
força total (ou força resultante) por meio da soma vetorial das forças. Uma única
força com o módulo e a orientação da força resultante tem o mesmo efeito sobre
um corpo do que todas as forças agindo simultaneamente. Esse é o chamado prin-
cípio de superposição para forças (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2018).
6 Leis de Newton e suas aplicações
Como você viu, a primeira lei de Newton afirma que, se nenhuma força resultante
atua sobre um corpo , a velocidade não pode mudar, ou seja, o corpo não
pode sofrer aceleração. Supondo que um corpo esteja submetido a várias forças, se
a resultante das forças for zero, o corpo não sofrerá aceleração.
A primeira lei de Newton não se aplica a todos os referenciais, mas em todas as
situações é possível encontrar referenciais nos quais essa lei é verdadeira. Esses re-
ferenciais são chamados de referenciais inerciais. Veja um exemplo: suponha que
o solo é um referencial inercial (desprezando os movimentos astronômicos da Terra,
como rotação e translação).
A figura (a) mostra a trajetória de um disco que escorrega a partir do polo norte,
do ponto de vista de um observador estacionário no espaço. A figura (b) mostra a
trajetória do disco do ponto de vista de um observador no solo.
Essa hipótese é válida se um disco metálico desliza em uma pista curta de gelo, de
atrito desprezível; assim, o movimento do disco obedece às leis de Newton. Suponha,
porém, que o disco deslize em uma longa pista de gelo a partir do polo norte. Se você
observar o disco a partir de um referencial estacionário no espaço, constatará que ele se
move para o sul ao longo de uma trajetória retilínea, já que a rotação da Terra em torno do
polo norte apenas faz o gelo escorregar por baixo do disco. Entretanto, se você observar
o disco a partir de um ponto do solo que acompanha a rotação da Terra, a trajetória
do disco não será uma reta. Como a velocidade do solo sob o disco, dirigida para leste,
aumenta com a distância entre o disco e o polo, do seu ponto de observação fixo no
solo o disco parecerá sofrer um desvio para oeste. Essa deflexão aparente não é causada
por uma força, como exigem as leis de Newton, mas pelo fato de que você observa o
disco a partir de um referencial em rotação. Nessa situação, o solo é um referencial não
inercial, e a tentativa de explicar o desvio como se fosse causado por uma força leva a
uma força fictícia. Um exemplo mais comum de força fictícia é o que acontece com os
passageiros de um carro que acelera bruscamente; eles têm a impressão de que uma
força os empurra para trás (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2018).
Leis de Newton e suas aplicações 7
Massa
Halliday, Resnick e Walker (2018) destacam que a mesma força produz acele-
rações de módulos diferentes em corpos diferentes. Os autores tomam como
exemplo uma bola de futebol e uma bola de boliche. O objeto de menor massa
é mais acelerado; mais precisamente, a aceleração é inversamente proporcional
à massa. Assim, a massa de um corpo é a propriedade que relaciona uma força
que age sobre o corpo com a aceleração resultante.
Para compreender melhor o conceito de massa, veja este exemplo. A massa fornece a
proporcionalidade entre força e aceleração. A figura deste exemplo ilustra experimentos
que mostram a relação entre força (dada em unidades arbitrárias), massa e aceleração. Os
vetores de aceleração estão desenhados em escala, acima dos blocos. Ao longo de cada
linha, você pode ver que a aceleração é sempre proporcional à força, mas a proporciona-
lidade é diferente para massas diferentes. Ao longo de cada coluna, você pode notar que,
quando a mesma força está atuando, a aceleração é inversamente proporcional à massa.
Uma bola de futebol, que possui massa menor, adquire uma aceleração maior que
uma bola de boliche quando a mesma força (chute) é aplicada a ambas. Considere
a seguinte conjectura: a razão entre as massas de dois corpos é igual ao inverso da
razão entre as acelerações que adquirem quando são submetidos à mesma força. Para
o corpo e o corpo padrão, isso significa que:
Essa conjectura será útil, evidentemente, apenas se continuar a ser válida quando
a força aplicada assumir outros valores. Por exemplo: quando uma força de 8,0 N é
aplicada a um corpo padrão, se obtém uma aceleração de 8,0 m/s2. Quando a força
de 8,0 N é aplicada ao corpo , é obtida uma aceleração de 2,0 m/s2. A conjectura,
portanto, está correta.
Muitos experimentos que fornecem resultados semelhantes indicam que essa
conjectura é uma forma confiável de atribuir massa a dado corpo. Os experimentos
realizados aqui indicam que massa é uma propriedade intrínseca de um corpo, ou
seja, uma característica que resulta automaticamente da existência do corpo. Indicam
também que a massa é uma grandeza escalar (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2018).
A seguir, você vai estudar alguns pontos importantes dessa lei: a escolha do
corpo, a independência das componentes, as forças em equilíbrio, os diagramas
e as forças externas e internas (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2018).
Escolha do corpo
Você deve escolher o corpo ao qual vai aplicar a equação. deve ser uma
soma vetorial de todas as forças que atuam sobre o corpo. É importante você
Leis de Newton e suas aplicações 9
notar que apenas as forças que atuam sobre esse corpo é que devem ser in-
cluídas na soma vetorial. As forças que agem sobre outros corpos envolvidos
na mesma situação não podem ser incluídas.
Forças em equilíbrio
A equação diz que, se a força resultante que age sobre um corpo é
nula, a aceleração do corpo é . Se o corpo está em repouso, permanece
em repouso; se está em movimento, continua a se mover com velocidade
constante. Nesses casos, as forças que agem sobre o corpo se compensam.
Assim, se diz que o corpo está em equilíbrio.
Diagramas
É comum, na resolução de problemas que envolvem a segunda lei de Newton,
desenhar o diagrama de corpo livre. Nesse diagrama, o corpo mostrado é
unicamente aquele para o qual somam-se as forças. As forças que agem sobre o
corpo podem ser representadas por setas com a origem no ponto. Normalmente
inclui-se um sistema de coordenadas. Além disso, a aceleração do corpo em
geral é mostrada por meio de outra seta que acompanha um símbolo, para
indicar que se trata de uma aceleração. Esses diagramas têm como objetivo
concentrar a atenção no corpo de interesse.
10 Leis de Newton e suas aplicações
Suponha um caixote cuja massa é . Ele está sobre a carroceria de um veículo que se
move com uma velocidade . Imagine que o motorista freia e o veículo reduz a sua
velocidade. Essa situação pode ser representada por um diagrama de corpo livre,
como mostra a figura a seguir.
Suponha que você apoiou um livro L em uma caixa C. Nesse caso, o livro e a caixa
interagem: a caixa exerce uma força horizontal sobre o livro, e o livro exerce uma
força horizontal sobre a caixa. Observe a figura a seguir.
(a) O livro L está apoiado na caixa C e (b) as forças e têm o mesmo módulo
e sentidos opostos.
No caso do livro e da caixa, é possível escrever a lei como uma relação escalar:
(módulos iguais)
O sinal negativo significa que as duas forças têm sentidos opostos. O livro e a caixa
estão em repouso, mas a terceira lei seria válida mesmo que eles estivessem em
movimento uniforme ou acelerado (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2018).
12 Leis de Newton e suas aplicações
Agora você vai examinar os pares de forças da terceira lei que existem na figura (a),
que mostra uma laranja, uma mesa e a Terra. A laranja interage com a mesa, e a mesa
interage com a Terra, ou seja, há três corpos interagindo.
Observe a força que age sobre a laranja, na figura (b). A força é a força normal
que a mesa exerce sobre a laranja, e a força é a força gravitacional que a Terra
exerce sobre a laranja. e formam um par de forças da terceira lei? Não, pois
são forças que atuam sobre um mesmo corpo, a laranja, e não sobre dois corpos
que interagem.
Para encontrar um par da terceira lei, você precisa se concentrar não na laranja, mas
na interação entre a laranja e outro corpo: na interação laranja-Terra, como mostra a
figura (c). A Terra atrai a laranja com uma força gravitacional , e a laranja atrai a Terra
com uma força gravitacional . Essas forças formam um par de forças da terceira
lei? Sim, porque atuam sobre dois corpos que interagem, e a força a que um está
submetido é causada pelo outro. Observe as figuras a seguir.
Leitura recomendada
MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Biofísica essencial. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
Conteúdo:
CINEMÁTICA E
DINÂMICA DA
PARTÍCULA
Introdução
O estudo da dinâmica teve grandes avanços com as leis de Newton, que
formularam a conexão entre a movimentação observada de um corpo
e as forças que atuam nele. Com essas leis, é possível explicar, modelar e
prever a movimentação dos objetos que pertencem ao nosso cotidiano,
a partir das forças atuantes neles — por exemplo, a aceleração de um livro
ao ser empurrado ou a aceleração de um trenó puxado por cachorros.
Podemos também inferir a força resultante atuante em um objeto, a
partir da sua aceleração.
Neste capítulo, você vai estudar as relações entre força e movimento,
compreendendo conceitos como força e inércia, essenciais para os es-
tudos de dinâmica. Você também vai aprender sobre as leis de Newton
e vai verificar alguns casos aplicados.
As leis de força
As leis do movimento
Força
Podemos listar algumas características associadas às forças, com base em
Knight (2009):
Note que podem existir várias forças atuando em um mesmo objeto. Dessa
maneira, podemos encontrar uma força resultante. Para tal, usamos a super-
posição de forças, que nada mais é do que a soma vetorial de todas as forças
atuantes. Assim, supondo n forças agindo em um objeto, a força resultante
F⃗R será dada por:
Tipos de forças
Existem alguns tipos específicos de força que são muitos usados e estudados
em mecânica (KNIGHT, 2009; BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012). Alguns
exemplos são mostrados na Figura 3.
Gravidade
A força gravitacional é uma força que age a distância. Ela existe entre todos
os corpos e é responsável por manter pessoas, animais e objetos na superfície
do planeta e por fazer um objeto cair em direção ao chão. Ela sempre aponta
em direção ao chão e é indicada por . O seu módulo é a quantidade que
chamamos de peso.
Força de tensão
A força de tensão ocorre quando uma corda, ou algo do tipo, puxa algum
objeto. Ela é geralmente identificada como T⃗. A orientação dessa força é a
mesma que a da corda.
Força normal
Para entendermos a força normal, podemos fazer uma associação com a força
elástica. Da mesma maneira que a mola empurra um objeto posto acima dela,
os átomos de uma estrutura se comportam como molas atômicas e empurram o
objeto colocado acima dessa estrutura. Assim, a força normal é aquela exercida
por uma superfície contra um objeto que a esteja pressionando. Essa força é
geralmente indicada por n⃗ ou N⃗, e sua direção é perpendicular à superfície.
Força de atrito
A força de atrito é uma força de contato que ocorre entre um objeto e uma
superfície, no sentido oposto ao do movimento, ou seja, tangente à superfí-
cie. É geralmente indicada por f⃗. É essa força que dificulta a movimentação
sobre superfícies, já que ela se opõe ao movimento. Quanto mais rugosa uma
superfície, maior o atrito entre o objeto e a superfície. Podemos dividir essa
força em dois tipos: a força de atrito cinética ( f⃗c) e a força de atrito estática
( f⃗e). A força de atrito cinética aparece quando o objeto está deslizando sobre
alguma superfície. Já a força de atrito estática aparece quando o objeto está
parado, com o atrito o impedindo de se movimentar.
Força de arraste
Massa
Podemos dizer, coloquialmente, que a massa de um objeto é a quantidade
de matéria existente nele. Porém, você já deve ter notado que, aplicando
uma mesma força em objetos com massas diferentes, estes se moverão com
acelerações diferentes. Assim, quanto maior a quantidade de matéria que um
objeto possui, mais ele resistirá a acelerar frente uma força aplicada. Essa
tendência que um objeto tem de apresentar variações na velocidade é conhe-
cida como inércia (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 1996; MARQUES,
2007). Dessa forma, podemos dizer que objetos com maiores quantidades
de matéria têm mais inércia do que os que possuem menos matéria. A partir
desse entendimento, podemos definir a massa inercial como uma propriedade
de todos os corpos que determina como um corpo acelera, dada uma força.
2 As leis de Newton
A partir do entendimento dos conceitos básicos da mecânica, podemos estu-
dar as três leis de Newton. As leis de Newton são a base da mecânica e são
amplamente usadas nos estudos do movimento. São elas que fazem a conexão
entre movimentação e forças existentes, explicando a maioria dos fenômenos
da mecânica que observamos em nosso cotidiano.
1ª lei de Newton
A 1ª lei de Newton diz respeito à inércia. Seu enunciado é o seguinte (HALLI-
DAY; RESNICK; WALKER, 1996; KNIGHT, 2009; HEWITT, 2015; MAR-
QUES, 2007): um corpo que se encontra em repouso permanecerá em repouso,
e um corpo em movimento seguirá se movendo com velocidade constante, se,
e somente se, a força resultante sobre ele for nula. Essa lei também é conhecida
como lei da inércia. Podemos dizer que, se não existe uma força resultante,
o objeto possui uma velocidade constante.
Então, quando a força resultante em um objeto for zero, ou seja, F⃗res = 0⃗,
dizemos que ele está em equilíbrio mecânico. De acordo com a 1ª lei de
Newton, podem existir dois tipos de equilíbrio mecânico: o equilíbrio estático,
quando o objeto estiver parado, e o equilíbrio dinâmico, que ocorre quando
o objeto possui velocidade constante em uma linha reta. Veja um exemplo de
cada caso na Figura 4.
Leis de Newton 7
2ª lei de Newton
O que acontece com um objeto cuja força resultante não é nula? Esse caso é
retratado pela 2ª lei de Newton. Um objeto pode receber influência de várias
forças, e a sua aceleração será determinada pela força resultante. Newton
foi o primeiro a conectar força e movimento, o que resultou na seguinte lei
(KNIGHT, 2009; HEWITT, 2015): um corpo de massa m, sujeito às forças
F⃗1, F⃗2, F⃗3, …, sofrerá uma aceleração a⃗ dada por:
onde F⃗res = F⃗1 + F⃗2 + F⃗3 + ⋯ é a soma vetorial de todas as forças exercidas
sobre o corpo.
8 Leis de Newton
Exemplo
Suponha que três pessoas estejam brincando de cabo de guerra. Estas seguram
um pneu, como mostrado no esquema da Figura 5.
Alex
Charles
137°
Betty
O pneu se mantém em repouso. Qual seria a força aplicada por Bete, FB?
Considere que FA = 200 N e FC = 140 N. Para resolver essa questão, primei-
ramente construímos um diagrama de forças, como mostrado na Figura 6.
FA
FC
47.0° Ø
x
Pneu
FB
Como o pneu está em repouso, a somatória das forças deve ser igual a
zero. Assim,
FB = FCsen(Φ) + FAsen(47,0°)
= 177,8 N
Portanto, para o pneu se manter parado, FB tem que ser igual a 177,8 N.
3ª lei de Newton
A 3ª lei de Newton trata da interação entre corpos. Se, por exemplo, um martelo
exerce uma força sobre um prego, o prego também exerce uma força sobre o
martelo, igual e de sentido oposto (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 1996).
Observe a Figura 7. Nela temos dois corpos de massas mA e mB. Se o corpo A
exerce uma força em B, F⃗AB, o corpo B também exerce uma força em A, F⃗BA,
de mesmo módulo, mas sentido oposto. Assim, a 3ª lei de Newton também
é chamada de lei da ação e reação, que pode ser reduzida como: dados dois
corpos A e B, se A exerce uma força sobre B, F⃗AB, então B exerce uma força
sobre A, F⃗BA, de igual módulo e sentido oposto. Ou seja,
F⃗AB = – F⃗BA
Leis de Newton 11
mA FAB FBA mB
A B
FAB = –FBA
Melão Melão
FMT
Mesa
FMm (normal da mesa) FMm
FTM
Terra FMT (peso do melão) FmmM
Terra
Problema 1
A Figura 9 mostra um esquema de um bloco preso por cordas que se encontra
em repouso. A massa do bloco é de m = 10,0 kg. Determine as tensões nas
cordas. Considere g = 9,8 m/s2, α = 30° e β = 40°.
α β
A B
Nó
C
m
Figura 9. Massa presa por cordas.
TB
TC TA
α β
Bloco
Nó x
mg
TC
e:
Problema 2
Neste problema, vamos resolver um caso de bloco deslizante. Suponha o
sistema mostrado na Figura 11. Nele, é mostrado um bloco de massa M em
uma superfície sem atrito sendo puxado por uma corda, que passa por uma
roldana, também sem atrito, que se encontra presa a um bloco suspenso de
massa m. Nesse sistema, o bloco suspenso puxa o outro bloco e o faz acelerar.
Qual é a aceleração dos blocos e a força de tração na corda? Considere que
g = 9,8 m/s2, m = 2,0 kg e M = 3,5 kg.
y a y a
N T
m
M T
x x
m
M g
g
Ou seja,
T = Ma
Ou seja,
mg – T = ma
Leis de Newton 17
BAUER, W.; WESTFALL G. D.; DIAS, H. Física para universitários: mecânica. Porto Alegre:
AMGH, 2012.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996. v. 1.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. v. 1.
MARQUES, G. da C. Mecânica (Universitário). [S. l.], 2007. Disponível em: http://efisica.
if.usp.br/mecanica/universitario/. Acesso em: 11 jun. 2020.
18 Leis de Newton
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CINEMÁTICA E
DINÂMICA DA
PARTÍCULA
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre as leis de Newton e a sua aplicação
na compreensão de eventos do cotidiano. As três leis de Newton estão in-
seridas na área da física denominada mecânica, ou mecânica newtoniana.
Elas compreendem o estudo das forças existentes nos movimentos dos
corpos. A relação entre todas as forças envolvidas em um determinado
corpo determina seu estado de repouso ou movimento. Com o estudo
e a compreensão das leis de Newton, torna-se possível compreender
mais a fundo os eventos relacionados a movimento do nosso dia a dia.
1 Conceito
Para iniciar o estudo das leis de Newton, deve-se partir do entendimento da
grandeza força. O esforço que fazemos para puxar ou empurrar algum objeto
é a força. É aquela grandeza capaz de causar uma aceleração no corpo que a
recebe. A força é uma grandeza vetorial, pois tem módulo e orientação. Sendo,
então, uma grandeza vetorial, sempre será necessário indicar seu módulo,
sua direção e seu sentido, para que haja a correta interpretação da ação dela
sobre o corpo.
2 Aplicações das leis de Newton
1 kgf = 9,8 N
Fg = mg
O peso de um corpo também pode ser descrito com o auxílio da segunda lei
de Newton, uma vez que o peso (P) é igual ao módulo da força gravitacional
(Fg) que age sobre ele (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012).
P = Fg
ou:
P = mg
4 Aplicações das leis de Newton
Fa = Fb
Isaac Newton (1642-1727) foi um físico inglês que publicou, em 1686, sua obra intitulada
Princípios matemáticos da filosofia natural, em que apresentou suas três leis. As leis
de Newton foram desenvolvidas a partir de suas observações e de estudos sobre as
descobertas de outros cientistas, como Galileu e Kepler (HEWITT, 2015).
Suponha que a massa do paraquedista mais pesado seja 1,5 vezes a massa
do paraquedista mais leve. A resistência do ar será representada por R. Como
força é igual à massa multiplicada pela aceleração (gravidade), no paraquedista
mais leve, teremos:
Fg = mg
Fg = (1,5m)g
Para entender melhor o que é a inércia, você pode fazer um experimento simples
em sua casa. Pegue um copo, um pedaço de papel mais firme, que seja maior do
que a boca do copo, e uma moeda. Coloque o copo com a boca virada para cima e
o papel sobre ele. Sobre o papel, no centro, coloque a moeda. Tente retirar o papel,
em um movimento horizontal, de cima da boca do copo. Você vai perceber que, ao
aplicar uma força no papel, a moeda não será movida com a mesma velocidade. Isso
pode ser explicado pela inércia da moeda, que não recebeu nenhuma força sobre
ela, e, assim, o movimento do papel não será capaz de causar igual movimento nela.
8 Aplicações das leis de Newton
A força total, ou resultante, que atua sobre o elemento homem será descrita
pela soma vetorial de todas as forças envolvidas:
A resultante, ou força total, das forças que atuam no caixote será descrita
pela soma vetorial:
Para a componente y,
BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e magnetismo.
Porto Alegre: AMGH, 2012.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016. 1 v.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
HEWITT, P. G. Fundamentos de física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2009.
KNIGHT, R. Física 3: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 3 v.
HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA
História da
matemática
Cristiane da Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A história da matemática destaca-se enquanto metodologia de ensino pelo
seu caráter de ordem prática, revelando quais problemas foram originários de
determinados conteúdos matemáticos. Ao estudar a história da matemática,
constatamos que ela não está pronta e acabada, mas em constante processo
de construção. Como metodologia de ensino, a história da matemática auxilia
em muitas necessidades educacionais, dando ênfase ao valor da matemática
em sala de aula, contribuindo para que os estudantes percebam o que perpassa
os cálculos (ALVES, 2016).
Neste capítulo, você verá a história da matemática como uma importante
ferramenta metodológica para o ensino da matemática em sala de aula.
Conhecerá diferentes métodos, como o da falsa posição, o teorema de Thales,
as proporções de Eudoxo e o teorema de Pitágoras, bem como os problemas
associados a eles. Você verá que a metodologia de projetos na sala de aula da
educação básica, mesmo quando dentro de um projeto maior, multidisciplinar,
2 História da matemática
(
1 1
19 = 8 2 + +
4 8 )
Logo, para obter a solução desejada, faz-se:
(
7 2+
1 1
+
4 8 )
Aqui, utilizamos a notação das frações unitárias que são típicas do Antigo
Egito (BRANDEMBERG, 2019). Vejamos um exemplo utilizando o método da
Falsa Posição.
Aqui jaz Diofanto, que viveu bastante (x). Cuja infância ocupou a
sexta parte de sua existência (6 ). Sua juventude durou cerca de um
duodécimo de sua vida (12). Durante um sétimo de sua vida foi casado (7 ). Após
5 anos, nasceu seu filho; o qual viveu a metade da vida de seu pai (2 ). Triste,
Diofanto morreu 4 anos depois de enterrar seu filho. Qual a idade de
Diofanto?
História da matemática 5
Solução:
O número a ser escolhido para evitar o cálculo com frações, “temido” pelos
egípcios, deve ter como divisores 6, 12, 7 e 2. Nossa escolha recai em 84. Que,
coincidentemente, é a solução desejada.
Em linguagem algébrica temos a equação:
= + + +5+ +4
6 12 7 2
Metodologia de projetos
Estabelecendo continuidade do estudo da história da matemática, faremos
aqui uma relação com a metodologia de projetos na sala de aula na educa-
ção básica. O propósito é oferecer subsídios aos professores de modo que
as aulas tenham mais proximidade com a vivência dos estudantes e façam
sentido dentro de um contexto que vem desde a Antiguidade. Para tanto, será
apresentado o exemplo a seguir, de Garnica e Souza (2011).
Garnica e Souza (2011) relatam a experiência realizada por meio de um pro-
jeto com alunos de uma turma de 3º, uma de 4º e uma de 5º ano da educação
básica no grupo escolar Eliazar Braga, que funcionou de 1920 a 1975, onde
hoje fica o prédio da atual Escola Municipal Eliazar Braga, no município de
Pederneiras, em São Paulo. Os autores têm como metodologia norteadora a
história oral, e buscam produzir uma gama diversificada de fontes e situações
a partir das quais determinado objeto possa ser tematizado e investigado.
Conhecimento científico
Nesta seção, veremos a história da matemática como área de investigação
científica no campo de pesquisa da educação matemática. Um dos principais
meios de divulgação de pesquisas na área, é a Sociedade Brasileira de His-
tória da Matemática (SBHMat). Ela foi fundada em 1999, e tem como objetivo
promover levantamentos, pesquisas e estudos para divulgar dados, reflexões
e informações no que diz respeito à história da matemática. A SBHMat pro-
move seminários, eventos, edita e divulga publicações brasileiras no campo
da história da matemática, da história da educação matemática e afins. Nas
publicações da SBHMat, encontramos anais de seminários e encontros rea-
lizados em diferentes cidades brasileiras, além de livros e periódicos como
a revista brasileira de história da matemática (RBHM), a revista história da
matemática para professores (RHMP) e a revista de história da educação
matemática (HISTEMAT). Além disso, é possível conhecer vários grupos de
pesquisa que atuam na área.
Valente (2013) desenvolveu um estudo que trata de oito temas relativos à
história da educação matemática. O autor mostra como o Grupo de Pesquisa
de História da Educação Matemática (GHEMAT), que foi fundado em 2000, vem
orientando suas investigações e produzindo conhecimento histórico sobre
a educação matemática. Temas como o significado de produzir história da
educação matemática, justificando a sua necessidade; o papel da história
da educação matemática na formação de professores; história cultural da
educação matemática; história oral; história comparativa; história do presente;
e fontes de pesquisa para a história da educação matemática foram tratados
de modo a levar em conta a educação matemática em perspectiva histórica.
Como primeiro tema “o que é história da educação matemática”, o GHEMAT
deixa claro que considera a história da educação matemática um tema dos
estudos históricos, uma especificidade da história da educação — o que
implica na necessidade de apropriar-se e fazer uso do ferramental teórico-
-metodológico elaborado por historiadores para escrita da história. Isso
significa considerar que o aparato conceitual utilizado pelas clássicas pes-
quisas da história da matemática e os aportes levados em conta pela didática
da matemática, dentro do estudo dos processos de ensino e aprendizagem
da disciplina no tempo presente; e, a elaboração de cunho filosófico sobre
História da matemática 15
Referências
ALVES, J. M. S. Dos mínimos quadrados à regressão linear: atividades históricas sobre
função afim e estatística usando planilhas eletrônicas. 2016. 305 f. Dissertação (Mes-
trado) — Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/21304.
Acesso em: 9 fev. 2021.
BRANDEMBERG, J. C. Métodos históricos: sua importância e aplicações ao ensino de
matemática. São Paulo: Livraria da Física, 2019. v. 6.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Dis-
ponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 9 fev. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Bra-
sília: MEC, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.
pdf. Acesso em: 9 fev. 2021.
CLAVIUS, C. Christopher Clavius's Edition of Euclid's Elements. In: MATHTREASURES.
[S. l.: s. n.], 2012. Disponível em: https://mathtreasures.blogspot.com/2012/06/chris-
topher-claviuss-edition-of-euclids.html. Acesso em: 9 fev. 2021.
GARNICA, A. V. M.; SOUZA, L. A. Historicidade e escola: propostas de projetos com
crianças e adolescentes. Natal: Sociedade Brasileira de História da Matemática, 2011.
KNISS, P. O ensino da trigonometria e a história da matemática. 2015. 85 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Licenciatura em Matemática) — Universidade Tecnológica Federal
do Paraná, Curitiba, 2015. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/
handle/1/8845. Acesso em: 9 fev. 2021.
SKOVSMOSE, O. Educação matemática crítica: a questão da democracia. Campinas:
Papirus, 2015.
VALENTE, W. R. Oito temas sobre história da educação matemática. REMATEC, v. 8,
n. 12, 2013. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/38424062.pdf. Acesso
em: 9 fev. 2021.
Leitura recomendada
CREPHIMAT. [S. l.: s. n.], 2021. Disponível em: http://www.crephimat.com/centro. Acesso
em: 9 fev. 2021.
18 História da matemática
Objetivos de aprendizagem
>> Analisar as origens da matemática grega.
>> Explicar a álgebra e a geometria desenvolvidas na Grécia.
>> Demonstrar técnicas da matemática grega na sala de aula de matemática.
Introdução
A matemática que existia na Mesopotâmia e no Egito antigo possuía apenas o
objetivo de resolver problemas concretos e práticos. Na Grécia Antiga, a matemática
teve uma mudança na sua evolução, deixando de ser empírica e se tornando uma
ciência abstrata. O uso de demonstrações e técnicas para validar os resultados
se tornou parte fundamental da estrutura matemática.
Ao longo da história é possível verificar a utilização e evolução da Geometria
plana, por exemplo. Os conceitos de homotetia, que é a ampliação ou a redução
de distâncias e áreas a partir de um ponto fixo, e de semelhança de figuras geo-
métricas já eram aplicadas pelos povos antigos, como os egípcios, que utilizavam
quadriculados para determinarem figuras semelhantes. Já na geometria grega,
existiam trabalhos voltados ao real também, mas tinha-se a preocupação de
construir propriedades gerais de figuras geométricas abstratas.
Neste capítulo, veremos como se desenvolveu e floresceu a matemática grega,
que tanto contribuiu para a evolução da matemática.
2 A matemática na Grécia
Tales de Mileto
Tales, nascido na cidade de Mileto (624 a.C.–548 a.C.), uniu o estudo da as-
tronomia ao da geometria e da teoria dos números, fundando a chamada
Escola Ioniana. Desenvolveu um dos trabalhos mais importantes no estudo
das proporções. Ele observou que a cada instante a altura dos objetos e
o comprimento de suas respectivas sombras projetadas mantinham uma
razão constante. Sendo comerciante, fazia muitas viagens e tinha contato
com muitos povos diferentes. Numa de suas viagens ao Egito, foi desafiado
a medir a altura da grande pirâmide de Quéops. Com o uso de um bastão,
aplicou seus conhecimentos sobre segmentos proporcionais, comparando
a altura do bastão e de sua sombra com a altura da pirâmide e sua sobra
(ARAGÃO, 2009).
Matematicamente, Tales de Mileto desenvolveu a proporção para os seg-
mentos de duas retas transversais a um feixe de retas paralelas, conforme
exemplifica a Figura 1.
A matemática na Grécia 3
Pitágoras
Pitágoras (580 a.C–500 a.C) nasceu na cidade Samos, próxima à cidade de
Mileto, e foi aluno de Tales. Após se estabelecer na cidade de Crotona, na
atual Itália, teve início a formação de uma irmandade religiosa, filosófica e
científica chamada Escola Pitagórica, onde foram abertas as portas pela
primeira vez às mulheres. Na Escola Pitagórica, em que os conhecimentos
eram transmitidos de forma oral, dava-se grande destaque aos estudos de
aritmética, música, geometria e astronomia. Seus membros tinham a ideia de
que o universo era aritmética e que, no fundo, todas as coisas são números
(BOYER; MERZBACH, 2018).
São atribuídas a Pitágoras a definição do ponto como unidade com posi-
ção, a classificação dos ângulos e a concepção geométrica do espaço como
entidade homogênea, contínua e limitada. Além disso, foi o primeiro a de-
senhar poliedros regulares convexos e demonstrou que não existe qualquer
fração racional cujo quadrado é dois, sendo um dos mais belos raciocínios
matemáticos (ARAGÃO, 2009).
a2 = b 2 + c2
Platão
Por volta do século V a.C., a cidade de Atenas consolidou-se como o principal
centro econômico e cultural do mundo helênico, tornando-se referência com
em seu estilo de governo, a democracia. Nesse período, o debate público era
a base para esse sistema democrático, o que levou ao compartilhamento de
conhecimento e ideias. Assim, a primeira grande escola filosófica ateniense
foi a dos sofistas, que eram professores que vendiam seus conhecimentos e
treinavam cidadãos para os confrontos verbais.
Nesse ambiente de debates verbais e assembleias públicas, a cidade de
Atenas teve a maior contribuição para a estruturação da matemática na Grécia
Antiga dada pelo filósofo Platão (427 a.C.–347 a.C.).
A escola chamada de Academia foi fundada por Platão e durante um século
dominou a vida filosófica da cidade. A Academia pode ser considerada como
o primeiro exemplo de instituição de ensino e pesquisa de alto nível. Era uma
escola destinada ao estudo, pesquisa e ensino da filosofia e da ciência, e
tinha na matemática sua principal disciplina, sendo considerada indispensável
para a formação intelectual do cidadão. Dessa forma, a Academia se tornou
o centro dos trabalhos matemáticos mais importantes do seu tempo, apesar
de não se ter provas de contribuições técnicas de Platão para a matemática
(MOL, 2013).
Segundo o autor, Platão foi influenciado por Pitágoras na visão de como
a matemática estruturava o universo, porém diferenciava-se na concepção
geométrica, contrastando com a concepção aritmética pitagórica. Para Platão,
a matemática era um domínio autônomo e autossuficiente, cujas verdades
podem ser conhecidas a priori, independentemente dos sentidos. Essa maneira
de pensar influenciou a própria concepção de demonstração, pois apenas
o uso do raciocínio dedutivo passou a ser permitido, não sendo admitido o
recurso à experiência sensível. Para Platão, os objetos sensíveis são susce-
tíveis a mutações, enquanto seus modelos abstratos são imutáveis, eternos
e universais. Assim, exigia-se na matemática o uso do método analítico das
demonstrações com a identificação clara da tese que se deseja provar.
Platão criou novos modelos para compreender e desenvolver a estrutura e
a natureza da matemática. Sabia do caráter abstrato dos objetos matemáticos
ao distinguir o “mundo real”, onde vivem os objetos sensíveis, do “mundo
das ideias”, alcançado pela razão. Pode-se dizer que a maior contribuição de
Platão para a matemática foi a concepção da matemática pura.
Talvez pela falta de registros, muitos historiadores acreditam que Platão
era obcecado pela matemática, embora não fosse um matemático em si, sendo
6 A matemática na Grécia
muito provável que nunca tenha resolvido uma questão geométrica. Suas con-
tribuições à geometria estão mais no melhoramento de seu método do que em
adições a seu conteúdo. De qualquer forma, sendo considerado efetivamente um
matemático ou não, é inegável que Platão contribuiu para o desenvolvimento
da matemática grega, em especial da geometria, o que levou a uma das maiores
obras da antiguidade, os Elementos de Euclides (BICUDO, 1998).
Aristóteles
Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) estudou e trabalhou na Academia de Platão,
sendo considerado seu discípulo mais famoso. Em sua trajetória, Aristóteles
foi professor de Alexandre, o Grande, e professor de outro futuro rei, que teve
um papel importante na ciência do mundo clássico, Ptolomeu Sóter.
Em suas concepções matemáticas, Aristóteles discordava de seu mestre
em relação à natureza da matemática e de seus objetos. Acreditava que as
formas geométricas e numéricas não existem como entidades independentes
do mundo real, ou seja, os objetos matemáticos existem como abstração dos
objetos reais, mas sua existência depende da existência do próprio objeto.
Ao contrário da visão racionalista de Platão, Aristóteles tinha uma visão
empirista, segundo a qual os elementos matemáticos têm vida independente
no “mundo das ideias” (MOL, 2013).
Aristóteles entendia a matemática como uma ciência dedutiva, como um
edifício estruturado por verdades encadeadas por relações lógicas, fundado
sobre alguns pressupostos básicos não demonstrados. Para Aristóteles, era
fundamental produzir um discurso capaz de explicá-lo de acordo com certas
regras, estabelecidas por meio da lógica formal, criada e sistematizada por
ele mesmo. Esse modelo de lógica, chamado de modelo aristotélico, dominou
o Ocidente até meados do século XIX, quando foi incorporado à lógica formal
moderna (MOL, 2013).
Conforme explica Mol (2013), entre seus estudos, Aristóteles analisou a
noção de infinito, distinguindo infinito atual e infinito potencial. Além disso,
contribuiu para as noções matemáticas fundamentais, como de axioma,
definição, hipótese e demonstração.
Figura 2. Platão e Aristóteles no centro, em detalhe do afresco Escola de Atenas, de Rafael (1511).
Fonte: Zucker (2014, documento on-line).
Euclides
O livro Elementos, escrito pelo matemático grego Euclides em Alexandria,
por volta de 300 a.C., é um tratado matemático e geométrico composto por
13 livros. A obra trata da geometria plana conhecida da época, da teoria dos
números, dos incomensuráveis e da geometria espacial, sendo considerado a
mais brilhante obra matemática grega e um dos textos que mais influenciaram
o desenvolvimento da matemática e da ciência em todos os tempos (MOL, 2013).
Nele, são abordados aspectos da geometria plana ou, como ficou conhecida,
geometria euclidiana plana, segundo um processo já dedutivo, sem nenhuma
preocupação com aplicação em situações reais ou práticas. Euclides definiu
objetos geométrico cujas propriedades desejava estudar, totalizando 23 defini-
ções. Temos como exemplo as definições de ponto, reta, círculo, triângulo, etc.
Arquimedes
Após Euclides, outro importante matemático grego foi Arquimedes (c. 287
a.C.–212 a.C.), que nasceu e viveu na cidade de Siracusa, na Sicília, mas estudou
em Alexandria. Sua obra apresentava o rigor que a matemática exigia com a
preocupação para a aplicação.
Arquimedes foi muito conhecido entre os gregos por suas invenções. As
máquinas de guerra que construiu, usadas para defender a cidade de Sira-
cusa, eram famosas. Pode-se dizer que foi um pioneiro na área da física e da
mecânica teórica. Em sua obra que trata do equilíbrio do plano, escreveu de
maneira de formal e com estrutura semelhante à dos Elementos de Euclides,
partindo de definições e postulados simples para chegar a resultados mais
complexos.
Foi Arquimedes quem descobriu a primeira lei da hidrostática. Na sua obra
Sobre corpos flutuantes, prova duas proposições que compõem o chamado
princípio hidrostático de Arquimedes, que afirma que, quando um corpo é
mergulhado em um fluido, recebe um empuxo de intensidade igual ao peso
do volume de água deslocado (ZANARDINI, 2017).
Também contribuiu para o desenvolvimento de métodos rudimentares de
cálculo diferencial e integral em estudos relacionados à geometria espacial
sobre esferas, cilindros e cones. No seu trabalho chamado Sobre a medida
do círculo, avaliou a razão entre a circunferência e o diâmetro de um círculo.
Começou com um hexágono regular inscrito e um hexágono circunscrito a um
determinado círculo, para então ir progressivamente dobrando o número de
lados, até chegar a um polígono de 96 lados. Como resultado de seus cálculos,
chegou a uma aproximação de π com enorme precisão para a época: 3,1408
< π < 3,1428 (MOL, 2013).
No início do século XX, foi descoberto um dos mais importantes trata-
dos de Arquimedes, chamado de O método. Nele, há uma série de cartas
escritas por Arquimedes ao matemático Erastóstenes de Cirene, que era
chefe da Biblioteca de Alexandria. Nessa obra, Arquimedes comenta que a
10 A matemática na Grécia
Diofante
Vários estudiosos da matemática acreditam que Diofante de Alexandria viveu
no século III a.C., mas seu período de vida não é preciso. Pouco se sabe sobre
sua vida com exatidão, apenas que morreu aos 84 anos, fato que foi descrito
em um poema da antologia grega que serviu de epitáfio a Diofante.
Das obras de Diofante, a mais importante é intitulada Aritmética, um
tratado analítico de teoria algébrica dos números, composta de 13 livros.
É bem provável que o a obra Aritmética seja uma compilação e sistemati-
zação dos conhecimentos da época, assim como os Elementos de Euclides.
Tal obra possui problemas de aritmética com enunciados abstratos e
gerais, sendo os dados numéricos especificados apenas a posteriori. Já
na resolução desses problemas, não utiliza as referências geométrica,
diferenciando-se assim da álgebra geométrica grega tradicional. De certa
forma, é um trabalho muito diferente dos demais trabalhos gregos da
época, pois não apresenta uma exposição sistemática de proposições,
apenas uma centena de problemas formulados em termos de exemplos,
cujas demonstrações são apenas ilustrações, em alguns casos particulares
concretos (MOL, 2013).
Entre os assuntos abordados por Diofante, estão as chamadas equações
indeterminadas, cujos coeficientes, assim como suas soluções, eram sempre
números racionais positivos, quase sempre inteiros. Desse modo, não tinha
preocupação na obtenção de soluções gerais, apenas buscava soluções
particulares com exemplos numéricos.
Diofante incorporou símbolos, notações e abreviações em seus trabalhos,
contribuindo para o primeiro passo da álgebra simbólica, que seria desen-
volvida apenas no século XVII, sobretudo por René Descartes. Muitos estu-
diosos consideram Diofante o pai da álgebra, mas avaliando seus trabalhos
talvez seja mais adequado tratá-lo como precursor da moderna teoria dos
números, que deslancharia com o trabalho de Fermat no século XVII (BOYER;
MERZBACH, 2018).
A matemática na Grécia 11
Ptolomeu
Cláudio Ptolomeu (90 d.C.–168 d.C.), também conhecido como Ptolomeu de
Alexandria, foi um astrônomo, geógrafo e matemático de origem grega. Nas-
ceu em Ptolemaida Hérmia, no Egito, na época de domínio romano. Foi um
importante cientista grego, contribuindo de forma significativa nas áreas da
matemática, geografia, cartografia, astrologia, astronomia, óptica e teoria
musical. Também vale ressaltar que não possui parentesco com os reis da
dinastia ptolemaica (MOL, 2013).
Ptolomeu se esforçou muito para sintetizar os trabalhos de seus an-
tecessores e também escreveu uma série de trabalhos matemáticos, mas
foram as teorias sobre trigonometria esférica e sobre o movimento do Sol
e da Lua e a catalogação dos corpos celestes que o tornaram reconhecido.
Escreveu um tratado astronômico e matemático sobre o movimento estelar
e planetário segundo um modelo geocêntrico do universo, tornando-se um
dos textos científicos de maior influência de todos os tempos. Esse tratado
é composto por 13 livros, sob o título de Síntese Matemática, mas ficou co-
nhecido como Almagesto, que em árabe significa “o maior”, destacando-se
de outros tratados de astronomia. Nele, Ptolomeu mostra o conceito da
esfericidade do céu e a descoberta da forma esférica da Terra, aplicados
à geometria do círculo e da esfera, contribuindo significativamente para
trigonometria da Antiguidade e criando ferramentas que dariam suporte
para lidar com essa geometria.
De acordo com Mol (2013), Ptolomeu estendeu os trabalhos de Hiparco e
de Menelau, criando uma maneira de calcular as cordas subentendidas por
arcos de um círculo. Na Grécia, já se fazia uso da divisão de um círculo em
360°, mas a prática foi incorporada de vez por Ptolomeu. Também construiu
uma tabela de cordas de arcos, com os ângulos variando de 0,5° a 180°,
em intervalos de 0,5°. Essa tabela de cordas serviria de referência para os
astrônomos por mais de mil anos. O que Ptolomeu construiu é equivalente
a construir uma tabela de senos de 1/4° a 90° e, uma vez que cos θ = sen
(90° − θ), indiretamente também fornecia uma tabela de cossenos.
O desafio da pirâmide
Tales de Mileto, em uma de suas viagens ao Egito, foi desafiado a medir a
altura da grande pirâmide de Quéops. Com o uso de um bastão, aplicou
seus conhecimentos sobre segmentos proporcionais, comparando a altura
do bastão e da sua respectiva sombra com a altura da pirâmide (Figura
3). Dessa forma, Tales estimou que a altura da pirâmide de Quéops era de
158,8 metros. Originalmente, a altura da pirâmide era de 146,5 metros, mas
com o passar do tempo e devido à erosão e a vandalismos, sua altura hoje
é de 138,8 metros.
A matemática na Grécia 13
Triângulo pitagórico
Talvez a maioria dos estudantes já tenha ouvido falar do famoso teorema
de Pitágoras. Pitágoras e seus discípulos, os pitagóricos, abordavam entre
seus estudos a matemática. Na área de figuras, uma delas está relacionada
ao triângulo retângulo, importante figura, que tem inúmeras aplicações no
nosso cotidiano.
Pode-se mostrar o teorema de Pitágoras já no ensino fundamental com
a demonstração por semelhança de triângulos ou com a demonstração de
Perigal, em que a ideia de que a soma de quadrados dos catetos é igual
ao quadrado da hipotenusa é demonstrada com o recurso geométrico
das áreas. Também pode-se utilizar um dos triângulos retângulos mais
conhecidos, chamado triângulo pitagórico, que possui os lados medindo
3, 4 e 5 unidades, e que sempre formará um triângulo com um dos ângulos
retos (Figura 5).
A atividade que se propõe é pedir para os alunos traçarem uma linha reta
que seja ortogonal a uma das paredes da sala usando um barbante. Primeiro,
deve-se dar nós no barbante espaçados a distâncias iguais. Ao todo, devemos
fazer 13 nós. Com esse barbante, desenhamos a forma de um triângulo, no
caso um triângulo pitagórico com os lados 3, 4 e 5 unidades (Figura 6).
Dessa forma, basta colocar o lado menor do triângulo, que possui três
espaços, paralelamente à parede e formar o triângulo pitagórico, com o outro
cateto com quatro espaços, formando um ângulo de 90° com a parede.
Desse modo, com material de fácil acesso e sem muito custo é possível
mostrar o triângulo pitagórico e como pode ser utilizado na prática. É muito
provável que os alunos vão gostar da experiência, entendendo o conceito e
a história por trás dele.
Assim, foram apresentadas duas técnicas da matemática grega a serem
aplicadas em sala de aula como apoio ao professor. Há muitas outras que
podem ser aplicadas, ajudando na aprendizagem do aluno. Esse olhar dife-
renciado para a matemática, para sua evolução e como os antigos faziam
para determinar e resolver problemas, ajuda na construção do saber e no
entendimento do assunto.
Referências
ARAGÃO, M. J. História da matemática. Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
BARRETO, M. S.; TAVARES, S. Do mito da geometria euclidiana ao ensino das geometrias
não euclidianas. Vértices, Campo dos Goytacazes, v. 9, n. 1/3, p. 73-81, 2007. Disponível
em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/maio2013/matematica_ar-
tigos/artigo_barreto_tavares.pdf. Acesso em: 8 mar. 2021.
BICUDO, I. Platão e a matemática. Letras clássicas, Rio Claro, n. 2, p. 301-315, 1998.
BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 2018.
16 A matemática na Grécia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A matemática oriental — chinesa, árabe e hindu — que conhecemos hoje surgiu
em razão do domínio de Roma em toda a Grécia e do fechamento da escola de
Atenas. Isso fez com que muitos filósofos e pensadores fugissem da Grécia e se
aproximassem do Oriente Médio. As ideias do oriente se espalharam rapida-
mente, contribuindo para o desenvolvimento da matemática (ARAGÃO, 2009).
Neste capítulo, você vai estudar as matemáticas chinesa, árabe e hindu e
suas contribuições para a matemática que conhecemos hoje. Vamos começar
pela chinesa, que teve seu início há mais de 3 mil anos, e depois veremos as
hindu e árabe, bases do sistema de numeração que usamos atualmente.
2 Matemáticas chinesa, hindu e árabe
Matemática chinesa
A civilização chinesa é uma das mais antigas do mundo, sendo anterior aos
egípcios e aos babilônicos. Historicamente, é dividida em períodos: China
Antiga (2000 a.C. a 600 a.C.), China Clássica (600 a.C. a 221 d.C.), China Imperial
(221 a 1911) e China Moderna (1911 até hoje). Em qualquer um desses períodos,
sempre foi comum a existência de grandes impérios.
As batalhas e os combates entre entidades políticas eram inevitáveis.
Contudo, sempre foi destacado o interesse pela cultura, principalmente nas
áreas das artes, literatura e filosofia. A matemática ficava de lado e, por isso,
sofreu um atraso (BOYER; MERZBACH, 2018).
Apesar desse atraso e do pouco interesse pela matemática, é possível
encontrar obras matemáticas relevantes, como o livro das permutações, es-
crito por Wog-Wang por volta de 1150 a.C., e Os nove capítulos sobre a arte da
matemática, em que são apresentados 246 problemas de diversas naturezas,
como agricultura, negócios e engenharia (ZANARDINI, 2017). No livro Sun Tzu
Suan Ching (Manual de Aritmética de Sun Tzu, em tradução livre) é possível
encontrar o primeiro problema chinês de análise indeterminada, conhecido
como teorema chinês dos restos:
Figura 1. Ábaco.
Fonte: Cardoso (2014, documento on-line).
ax2 = bx
ax2 = c
bx = c
ax2 + bx = c
ax2 + c = bx
bx + c = ax2
Sistema indo-arábico
Um dos maiores passos da história da matemática talvez seja a adoção da
representação de qualquer número usando dez símbolos de 0 a 9. Como vimos,
a origem desse sistema decimal posicional foi na Índia, passando por Bagdá
e chegando ao matemático árabe Al Khwarizmi, que estabeleceu, no século
IX, seu uso e importância. Porém, esse sistema e as técnicas de cálculo só
foram definitivamente admitidos em torno de 1250, após a publicação do livro
Algorismus vulgaris, de Scrobosco, que teve como base Khwarizmi e Fibonacci.
Leonardo de Bonaccio, ou Leonardo de Pisa, ou Fibonacci (1180‒1240),
era filho de mercador e teve a chance de viajar pelos países mediterrâneos a
negócios da família. Sempre se interessou pela ciência e teve a oportunidade
de aprender a calcular pelo sistema indiano em suas viagens pela África
islâmica. Regressando para a Itália, escreveu o livro Liber Abaci, no qual
falou da aritmética e da álgebra que havia conhecido. O livro de Fibonacci e a
tradução latina do sistema indo-arábico foram os grandes responsáveis pela
introdução desse sistema decimal posicional na Europa cristã.
10 Matemáticas chinesa, hindu e árabe
1 4 3
Figura 3. Representação
vertical do número 143.
1 2 1 2
1 1
3 3
1 2
6 pontos de interseção
1 2
3
6 pontos de interseção
5 pontos de interseção
3
6 pontos de interseção
5 pontos de interseção
1 ponto de interseção
3 2 5
3 2 5
9 4
18 6
41
32 30
9 18 41 32 30
9 18 41 32 + 3 0
9 18 41 35 0
O número da segunda diagonal (35) também é maior que uma dezena, então
repetimos o processo, ou seja, tiramos o algarismo da dezena e adicionamos
ao número da próxima diagonal à esquerda:
9 18 41 + 3 5 0
9 18 44 5 0
Matemáticas chinesa, hindu e árabe 15
9 18 + 4 4 5 0
9 22 4 5 0
9+2 2 4 5 0
11 2 4 5 0
Por último, o número da quinta diagonal (11) também é maior que uma
dezena, então mais uma vez tiramos o algarismo da dezena e adicionamos
ao número da próxima diagonal à esquerda:
0+1 1 2 4 5 0
1 1 2 4 5 0
Referências
ARAGÃO, M. J. História da matemática. Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 2018.
CARDOSO, M. Ábaco. 2014. Disponível em: https://www.trabalhosescolares.net/abaco/.
Acesso em: 17 fev. 2021.
MOL, R. S. Introdução a história da matemática. Belo Horizonte: CAED/UFMG, 2013.
ZANARDINI, R. A. D. Um breve olhar sobre a história da matemática. Curitiba: InterSa-
beres, 2017.
16 Matemáticas chinesa, hindu e árabe
Leituras recomendadas
ROMÃO, F. Matemática védica no ensino das quatro operações. 2013. 145 f. Dissertação
(Mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) — Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bits-
tream/123456789/16092/1/FreudR_DISSERT.pdf. Acesso em: 17 fev. 2021.
SANTOS, M. Sistema de numeração chinês: contagem, exercícios. [S. l.: s. n.], 2020.
1 vídeo (29 min). Publicado pelo canal Prof. Marconi Santos. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=qtpj7PhII7Y. Acesso em: 17 fev. 2021.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Ao longo da história, o homem sempre buscou formas de simplificar suas tarefas
diárias, utilizando diversos meios para isso. Muitas ciências, portanto, têm a
incumbência de facilitar grande parte das atividades cotidianas do homem em
sociedade, como as ciências físicas e matemáticas. A necessidade de contar per-
mitiu ao homem uma evolução na matemática, que vem aprimorando essa técnica
e criando outras formas de utilizar conceitos matemáticos aplicados a situações
do dia a dia. Assim, a história da matemática é permeada de situações nas quais
conceitos matemáticos foram descobertos e aperfeiçoados no sentido de satis-
fazer às necessidades do homem, seja na Idade Média ou em tempos modernos.
2 Matemática na Idade Média e no Renascimento
Desenvolvimento da matemática
na Idade Média
Atualmente, as ideias no campo da matemática encontram-se bastante evolu-
ídas e amparadas por altas tecnologias; porém, suas origens estão baseadas
em ideais e noções primitivas, relacionadas aos conceitos de número, de
grandeza e de forma. A história da matemática constitui uma área de estudo
capaz de explorar as diversas práticas matemáticas existentes ao longo da
história, desde suas origens, passando pela Idade Média e pelo Renascimento,
até chegar à matemática moderna (ARAGÃO, 2009). Nesse caminhar, muitas
descobertas foram realizadas e grandes nomes fizeram história nesse setor da
ciência, que, sem dúvidas, trata-se de um dos mais importantes e de grande
contribuição para o avanço científico (BOYER; MERZBACH, 1996).
Do ponto de vista histórico, a Idade Média é delimitada com base em mar-
cos históricos bem definidos, pois teve seu início a partir da queda de Roma,
no ano de 476, e seu término ligado à queda de Constantinopla, no ano de
1436 (BOYER; MERZBACH, 1996). Essa foi uma época da história rica em acon-
tecimentos marcantes da história humana, mas, na história da Matemática,
não houve um grande desenvolvimento de conceitos e de ideias como ocorreu
mais adiante, na época do Renascimento, por exemplo (ARAGÃO, 2009). Ainda
assim, alguns matemáticos e cientistas famosos da época fizeram história
e grandes contribuições para o desenvolvimento de conceitos e teorias da
matemática (MEDINA, 2013). Ressalta-se, aqui, que os grandes acontecimentos
da história ligados à matemática ocorreram na Europa, mas, ainda assim,
muitos historiadores fazem menção ao desenvolvimento matemático da Era
Medieval, relatando a contribuição dos povos chineses, hindus e árabes, além
dos europeus (BOYER; MERZBACH, 1996).
Matemática na Idade Média e no Renascimento 3
0 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144 ....
Desenvolvimento da matemática
no Renascimento
O período que compreendeu o Renascimento iniciou-se no final do século
XIII, indo até meados do século XVII (BOYER; MERZBACH, 1996). Esse foi um
período de descobertas e de valorização da cultura da Antiguidade Clássica,
uma vez que essas produziram mudanças na direção de um ideal humanista
e naturalista (EVES, 2004).
Diferentemente do que se passou na Idade Média, no Renascimento,
o enfoque para a matemática se deu de forma mais aplicada, considerando-se
os avanços da época. De forma gradativa, percebeu-se um aumento no número
de trabalhos matemáticos por volta do século XV (EVES, 2004). O período do
Renascimento trouxe alguns marcos importantes da história, como a queda
de Constantinopla, um grande tumulto acerca das grandes navegações e a
possibilidade de difusão de grandes obras, uma vez que se tornou possível
imprimi-las (BOYER; MERZBACH, 1996).
A matemática no Renascimento:
técnicas de uso em sala de aula
Após o grande desenvolvimento da matemática na Idade Média, alguns fatos
históricos e políticos intimidaram o processo de criação de teorias e conceitos
matemáticos. Somente na época do Renascimento, datado do fim do século
XIII até meados do século XVII, é que houve uma mudança no pensamento,
pautada em ideias humanistas e naturalistas, permitindo que o desenvolvi-
mento da matemática tomasse novos rumos e continuasse a mostrar grandes
avanços, mas de forma aplicada aos avanços da época (SMOLE; MUNIZ, 2013;
EVES, 2004). Durante o período do Renascimento, houve um sensível aumento
da produção de trabalhos matemáticos de grande relevância até os dias de
hoje, e o desafio, atualmente, é transpor, para o ensino, toda a produção
de ideias e de conceitos advindos não só da época do Renascimento, mas
também de outras épocas (BOYER; MERZBACH, 1996).
Após a queda de Constantinopla, um marco histórico importante, a ma-
temática aplicada passou a ser empregada em áreas como artes, mecânica,
cartografia, contabilidade, ótica, etc. Alguns exemplos incluem (POSAMENTIER;
KRULIK, 2014; EVES, 2004):
Referências
ARAGÃO, M. J. História da matemática. Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1996.
EVES, H. W. Introdução à história da matemática. Campinas: Unicamp, 2004.
MEDINA, M. B. Os grandes matemáticos. São Paulo: MBOOKS. 2013.
POSAMENTIER, A. S.; KRULIK, S. A arte de motivar os estudantes do ensino médio para
a matemática. Porto Alegre: AMGH, 2014.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO. Grandezas e medidas: triângulo áureo.
[20--?]. Disponível em: http://www.matematica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uplo
ads/4/943triaguloaureo.3.jpg. Acesso em: 15 fev. 2021.
SMOLE, K. S.; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula: reflexões e propostas para
os anos iniciais do ensino fundamental. Porto Alegre: Penso, 2013.
14 Matemática na Idade Média e no Renascimento
Leitura recomendada
MENDES, M. J. F. Possibilidades de exploração da história da ciência na formação do
professor de matemática: mobilizando saberes a partir da obra de Nicolau Copérnico
“De Revolutionibus Orbium Coelestium”. 2010. 193 f. Tese (Doutorado em Educação)
— Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A história da matemática possui algumas subdivisões que retratam todo seu
desenvolvimento ao longo da história. É notório que, ao longo dos tempos,
as teorias e os conceitos fundamentais vêm sendo aprimorados, e muito do que
se conhece hoje já foi vastamente estudado, tendo a contribuição de muitos
pensadores e matemáticos de renome. A Idade Moderna constitui uma fase rica na
evolução de conceitos, teorias e teoremas da matemática, tendo sido representada
por grandes gênios da história da matemática.
Neste capítulo, você verá quais foram os matemáticos que contribuíram para o
avanço da matemática, muitas vezes resgatando conceitos e teorias da antiguidade
e promovendo, a partir destes, novas formas de pensamento e novas soluções
para problemas enfrentados nesta época.
2 Matemática nos séculos XV e XVI
Para ver uma abordagem das três leis de Kepler e como este mate-
mático de renome utilizou-se de conceitos matemáticos no estudo
das cônicas em uma abordagem de elipses para provar sua lei das órbitas,
busque pela obra Fundamentos de física: óptica e física moderna, de Halliday,
Resnick e Walker (2018).
a b
Figura 1. Fotografia de (a) René Descartes e (b) Pierre Fermat, matemáticos contemporâneos
da Idade Moderna.
Fonte: (a) (CONHEÇA..., 2020, documento on-line) e (b) Fernandes (2010, documento on-line).
Exemplo
Um dos desenvolvimentos matemáticos do início da Idade Moderna foi o
estudo do matemático François Viète sobre o número “pi”. Na matemática,
o número π constitui uma proporção numérica definida a partir da relação
entre o perímetro de uma circunferência e o seu diâmetro. Viète utilizou-se
das formalizações de Arquimedes sobre o número π para aplicar nos seus
cálculos sobre séries infinitas. Os estudos de Viète permitiram calcular o
valor de π com base na equação que segue, usando o método dos limites.
Matemática nos séculos XV e XVI 13
Resolução
Com base nos conceitos desenvolvidos por François Viète e sua definição
para o número π, as informações pedidas serão obtidas a partir da Figura 5,
utilizando-se das informações de raio e diâmetro dadas.
Perímetro da circunferência
A equação para o cálculo do perímetro C de uma circunferência será dada
por:
C = 2πR
A = πR2
14 Matemática nos séculos XV e XVI
4 3
=
3
Referências
123 CALCULEI. Calculadora do círculo. 2020. Disponível em: https://www.123calculei.
com/Circulo/. Acesso em: 12 fev. 2021.
ARAGÃO, M. J. História da matemática. Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
BARROS, L. Conheça mais sobre a braquistócrona. 2020. Disponível em: http://blogs.
unama.br/noticias/matematica/conheca-mais-sobre-braquistocrona. Acesso em:
12 fev. 2021.
BOYER, C. B.; MERRZBACH, U. C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 1996.
CONHEÇA René Descartes (1596 - 1650). 2020. Disponível em: https://sites.google.com/
site/embuscapsicologia/a-historia-da-psicologia/conheca-rene-descartes-1596---1650.
Acesso em: 12 fev. 2021.
EVES, H. Introdução à história da matemática. Campinas: UNICAMP, 2004.
FERNANDES, M. Pierre Fermat. 2010. Disponível em: http://moniquefernandes15.blogspot.
com/2010/11/pierre-fermat.html. Acesso em: 12 fev. 2021.
MARCIANO, E. Plano de aula sobre formas geométricas: educação infantil. 2020. Disponí-
vel em: https://escolaeducacao.com.br/plano-de-aula-formas-geometricas-educacao-
-infantil/. Acesso em: 12 fev. 2021.
MEDINA, M. B. Os grandes matemáticos. São Paulo: M. Books, 2013.
POSAMENTIER, A. S.; KRULIK, S. A arte de motivar os estudantes do ensino médio para
a matemática. Porto Alegre: AMGH, 2014.
ROONEY, A. A história da matemática. São Paulo: M. Books, 2017.
SMOLE, K. S.; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula: reflexões e propostas para
os anos iniciais do ensino fundamental. Porto Alegre: Penso, 2013.
STEWART, I. Os maiores problemas matemáticos de todos os tempos. Rio de Janeiro:
Zahar, 2014.
Matemática nos séculos XV e XVI 15
VIEIRA, A. O que a Torre de Pisa e o levantamento de peso têm em comum? 2015. Dis-
ponível em: https://descomplica.com.br/artigo/torre-de-pisa-e-levantamento-de-
-peso-tem-algo-em-comum-o-equilibrio-estatico-desvenda-esse-misterio/4FR/.
Acesso em: 12 fev. 2021.
Leitura recomendada
HALLIDAY, D.; RESNICK, J.; WALKER, J. Fundamentos de física: óptica e física moderna.
10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 4.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O desenvolvimento do cálculo diferencial e integral provocou um grande impacto na
matemática e na ciência de forma geral. Com essa ferramenta, uma grande classe
de problemas foi solucionada e novos resultados importantes na matemática
surgiram como sua consequência.
Grandes personagens da matemática foram responsáveis pela descoberta e
evolução do cálculo diferencial e integral. Alguns deles são bastante populares
até por descobertas em outras áreas, como Isaac Newton. Conhecer a história
desses personagens e como eles desenvolveram esses importantes conceitos trará
uma compreensão plena da essência do cálculo, além de auxiliar o professor da
educação básica a ter uma visão mais ampla dos conteúdos a serem trabalhados
em sala de aula com seus alunos.
2 Desenvolvimento do cálculo diferencial e infinitesimal
O desenvolvimento do cálculo
O surgimento do cálculo ou cálculo infinitesimal como entendemos hoje
ocorreu por meio de dois problemas importantes na matemática e na física
dos séculos XVI e XVII, de acordo com Boyer e Merzbach (2012). O primeiro
estava relacionado à obtenção da taxa de variação instantânea de uma
quantidade em um dado instante, ou, em termos geométricos, a obtenção
da reta tangente a uma curva em um dado ponto. Este problema levou ao
desenvolvimento do cálculo diferencial. Já o segundo problema se preocupava
com o que era chamado de quadratura, ou cálculo de áreas sob uma dada
curva, e levou ao desenvolvimento do cálculo integral. Esses problemas estão
ilustrados nas Figuras 1 e 2.
Diversos matemáticos contribuíram para o desenvolvimento do cálculo,
mas dois personagens foram de destacada importância por terem realizados
trabalhos independentes que fundamentaram a área: Isaac Newton e Gottfried
Wilhelm Leibniz.
∞
1
= 1 < ∞.
2
=1
De fato, toda série infinita cujos termos constituem uma progressão geo-
métrica de razão 0 < q < 1 é convergente.
∞
1
=∞
=1
Logo, é divergente.
A análise de séries infinitas e a expansão de funções em séries infinitas
foram desenvolvidas por Newton, sendo fundamentais para seus avanços no
cálculo diferencial e integral.
Newton fez uso de seus avanços em séries infinitas no estudo de sua prin-
cipal contribuição para a matemática, o cálculo. A taxa de variação instantânea
de uma quantidade, denominada fluxo na época de Newton, pode ser vista
como variações dessa quantidade em intervalos muito pequenos de tempo,
chamados de infinitésimos. Asim, por exemplo, se temos um carro em movi-
mento retilíneo que percorre 80 km em uma hora, sua taxa de variação média
ou velocidade média é de 80 km/h. O problema de obter a taxa de variação
instantânea consiste em responder qual a variação da distância percorrida
pelo carro em um intervalo suficientemente pequeno de tempo, aproximando-
-se cada vez mais de zero. Esse problema foi solucionado por Newton por
meio de seu método de fluxões, hoje chamado de cálculo infinitesimal.
Desenvolvimento do cálculo diferencial e infinitesimal 5
se a é constante, da = 0;
dx = 1;
d (y + z) = dy + dz;
d (yz) = ydz + zdy.
Desenvolvimento do cálculo diferencial e infinitesimal 7
( ) = ( ) ,
então ′( ) = ( ), ∀ ∈ [ , ], isto é,
( ) = ( ).
S(t) = S 0 + vt,
S' (t) = v,
²
( )= 0 + 0 + ,
2
′(
2
)= 0 + = 0 + = ( )
2
S(t) = 7t 3.
y = ax 2 + bx + c,
y' = 2ax + b
′
−
=0⇒2 + =0⇒ = ,
2
−
que é a fórmula da abscissa do vértice, isto é, = .
2
− 2 − ² 2 2
−2 2+4 − 2
+4 ∆
= + + = − + = = ⇒ =−
2 2 4 ² 2 4 4 4
∆
em que ∆ = b2 – 4ac. Assim, obtemos a fórmula da ordenada do vértice, =− .
4
Referências
BARDI, J. S. A guerra do cálculo. Rio de Janeiro: Record, 2008.
BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 2012.
FLOOD, R.; WILSON, R. Os grandes matemáticos. São Paulo: M. Books, 2013.
ROONEY, A. A história da matemática. São Paulo: M. Books, 2012.
STEWART, J. Cálculo. São Paulo: Cengage Learning, 2013. v. 1.
TAVORA, M. The calculus according to Leibniz. 2020. Disponível em: https://towardsda-
tascience.com/the-calculus-according-to-leibniz-5ee1e485a5a2. Acesso em: 5 fev. 2021.
Leitura recomendada
SILVA, W. M. A descoberta do cálculo sob as perspectivas de Newton e Leibniz. 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Matemática) – Programa de Pós-
-Graduação em Matemática, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2015. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A44GV3/1/
monografia_warley.pdf. Acesso em: 5 fev. 2021.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A matemática evoluiu em diversos aspectos entre os séculos XVII e XIX. Novos
conceitos foram introduzidos e desenvolvidos nas mais diversas áreas, como
teoria dos números, cálculo diferencial e integral, geometria, teoria das proba-
bilidades, entre outras e novas formas de pensar propostas, com aumento do
rigor e do formalismo nas demonstrações e divulgações do raciocínio matemático.
Para alcançar esses novos patamares matemáticos, diversos personagens foram
marcantes. Grandes matemáticos espalhados por toda a Europa contribuíram
para um dos períodos mais produtivos da matemática.
Neste capítulo, você vai estudar alguns dos principais avanços da matemática
entre os séculos XVII e XIX, além de conhecer os principais personagens desses
avanços e como os conceitos por eles introduzidos se fazem presentes até os dias
atuais no ensino da matemática.
2 Matemática nos séculos XVII a XIX
A família Bernoulli
A família Bernoulli ficou conhecida por possuir diversos matemáticos renoma-
dos e influentes. De fato, cerca de 12 membros da família tiveram contribuições
significativas na matemática ou em áreas correlatas, como a física. A família
se estabeleceu na Basiléia, Suíça, em 1576, após fugir dos Países Baixos devido
a perseguições religiosas (BOYER; MERZBACH, 2018).
Na primeira geração de matemáticos da família, estão os irmãos Jacques
Bernoulli (1654–1705) e Jean Bernoulli (1667–1748). O mais velho, Jacques,
mergulhou no estudo do cálculo infinitesimal por meio da leitura de artigos
de Leibniz, além de obras dos ingleses Isaac Barrow (1630–1677) e John Wallis
(1616–1703). Devemos a ele o termo “integral” na linguagem do cálculo, termo
que sugeriu a Leibniz e que foi adotado pelo alemão. Após certo tempo,
Jacques Bernoulli já estava contribuindo para o cálculo com publicações na
Acta eruditorum, a revista matemática que Leibniz ajudou a fundar e na qual
publicava frequentemente.
Apesar de seu interesse pelo cálculo infinitesimal e por séries infinitas,
Jacques Bernoulli obteve avanços em diversas áreas. Uma desigualdade
importante na matemática, conhecida como desigualdade de Bernoulli, foi
desenvolvida por ele:
Matemática nos séculos XVII a XIX 3
Figura 2. Capa da obra Ars conjectandi, publicado em 1713 por Jacques Bernoulli.
Fonte: Internacional... (2013, documento on-line).
Sequência n m FR = m/n
1 10 8 0,8
2 100 51 0,51
(Continua)
Matemática nos séculos XVII a XIX 5
(Continuação)
Sequência n m FR = m/n
onde p(x) e g(x) e são funções quaisquer de x. A solução proposta para essa
equação consiste na transformação v = y1-n. A equação obtida ao substituir tal
transformação na equação diferencial original é linear, e portanto, passível
de solução pelo método do fator integrante, por exemplo.
Leonhard Euler
Considerado um dos matemáticos mais produtivos da história, com mais de
500 artigos publicados em diversas áreas, o suíço Leonhard Euler (1707–1783)
(Figura 3) influenciou gerações com o desenvolvimento e a fundamentação
da análise matemática. Sua obra Introductio in analysin infinitorum, de 1748,
é considerada a fonte inicial dos fundamentos da análise e proporcionou o
avanço da área posteriormente por outros matemáticos.
Matemática nos séculos XVII a XIX 7
Euler estudou com Jean Bernoulli e fez grandes amizades com seus filhos
Nicholas e, principalmente, Daniel. Tinha imensa habilidade em outras áreas
do saber, como medicina, línguas, astronomia e teologia. Tais conhecimen-
tos permitiram sua entrada na cadeira de medicina da Academia de São
Petersburgo, na Rússia, onde os irmãos Nicholas e Daniel Bernoulli estavam
trabalhando, porém como professores de matemática. Certo tempo depois,
Euler conseguiu transferência para a cadeira de filosofia natural da academia.
Construiu grande reputação na instituição e em toda a Europa, onde ganhou
diversas premiações acadêmicas. Fez parte da Academia de Berlim a convite
de Frederico, o Grande, onde ficou por 25 anos, até retornar à Rússia. Mesmo
com graves problemas de visão, que o levaram à completa cegueira, Euler
permaneceu produzindo e pesquisando até sua morte, em 1783 (FLOOD;
WILSON, 2013).
A influência de Euler já é evidente com as notações matemáticas defi-
nidas por ele e utilizadas até os dias de hoje. Para citar alguns exemplos, a
utilização da letra grega ∑ para representar somatórios, a notação f(x) para
funções da variável x, a aplicação de letras maiúsculas para ângulos internos
8 Matemática nos séculos XVII a XIX
que também fora estudada por Laplace e utilizada por Gauss na sua teoria
dos erros. Laplace, inclusive, foi o autor de diversos artigos na área de teoria
das probabilidades. Reuniu seus resultados na obra Théorie analytique des
probabilités, de 1812, considerada clássica na área. Por fim, escreveu Essai
philosophique des probabilités, de 1814, em que considera toda a teoria
desenvolvida sobre a área até então, além de introduzir o assunto para o
público leigo.
10 Matemática nos séculos XVII a XIX
notações, muitas delas introduzidas por Euler no século XVIII para funções
matemáticas, para a unidade imaginária e para a base do logaritmo natural,
por exemplo. As ferramentas de cálculo, amplamente estudadas naquele
período, podem ser vistas em diversos assuntos. Ao abordar esses conceitos
em sala de aula, o professor pode fazer conexões com o contexto histórico e
com os matemáticos que os desenvolveram. O exemplo a seguir interpreta o
teorema do valor médio em termos de retas secantes e tangentes.
onde:
x2 + 1 = 0
De fato, a equação dada não possui raízes reais. Porém, o teorema funda-
mental da álgebra garante que tal equação possui duas raízes, por ser de grau
igual a 2. Nesse caso, as duas raízes são complexas, isto é:
Referências
ABOUT Project Euler. In: PROJECTEULER.NET. [S. l.], [2021?]. Disponível em: https://
projecteuler.net/about. Acesso em: 22 fev. 2021.
BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 2018.
FLOOD, R.; WILSON, R. A história dos grandes matemáticos: as descobertas e a pro-
pagação do conhecimento através das vidas dos grandes matemáticos. São Paulo:
MBooks, 2013.
GAUSS, C. F. Disquisitiones arithmeticae. In: SMITHSONIAN Libraries. New York, 1801.
Disponível em: https://archive.org/details/disquisitionesa00gaus. Acesso em: 22
fev. 2021.
INTERNACIONAL CONFERENCE ARS CONJECTANDI, 2013. Basel: Swiss Statistical Society,
2013. Disponível em: http://www.statoo.ch/bernoulli13/. Acesso em: 22 fev. 2021.
MONTGOMERY, D.; PECK, E.; VINING, G. Introduction to linear regression analysis. Ho-
boken: Wiley, 2012.
Matemática nos séculos XVII a XIX 17
PIERRE Simon. Matemáticos famosos. In: PROFESSOR Cardy. [S. l.], [2021?]. Disponível
em: http://www.profcardy.com/matematicos/index.php?c=Fran%C3%A7a. Acesso em:
22 fev. 2021.
ROONEY, A. A história da matemática. São Paulo: MBooks, 2017.
STEWART, J. Cálculo. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. v. 1.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Após uma autêntica revolução no século XIX, um novo período se abriu para a
matemática, conduzido pelas inúmeras contribuições anteriores, que levaram à
formatação de uma lista de problemas que nortearam as pesquisas matemáticas,
como um desafio permanente às mentes dedicadas ao estudo dessa ciência.
Neste capítulo, você vai encontrar uma descrição das contribuições mate-
máticas ao longo do século XX, passando pela constatação de que há questões
matemáticas não demonstráveis. Também estudará a construção teórica da lógica
que possibilitou o desenvolvimento dos computadores, e ainda verá um novo tipo
de geometria, a geometria fractal. Por fim, conhecerá uma aplicação da matemática
do século XX que pode ser utilizada na educação básica.
2 Desenvolvimento da matemática no século XX
Conjectura de Poincaré
A conjectura de Poincaré, datada de 1904, afirma que qualquer variedade
tridimensional fechada é topologicamente equivalente à esfera S3, que é uma
generalização de uma esfera comum para uma dimensão superior. Segundo
Hosch (2013), o próprio Poincaré mais tarde generalizou sua conjectura para
qualquer dimensão, afirmando que a n-esfera é o único espaço n-dimensional
limitado que não contém buracos, implicando que, para n = 3 voltamos à
conjectura original.
Desenvolvimento da matemática no século XX 3
David Hilbert
David Hilbert foi um matemático alemão, nascido numa cidade famosa por sua
ligação com a história da matemática devido às suas pontes, Königsberg, em
23 de janeiro de 1862, e morreu em outra cidade que deve muito de sua fama
aos grandes mestres da ciência que passaram por sua universidade, como
Carl Friedrich Gauss, Felix Klein, e o próprio Hilbert. Estamos nos referindo
à Göttingen, onde David morreu em 14 de fevereiro de 1943 (UNIVERSITÄTS-
GESCHICHTE..., [2021?]).
Em 1895, Hilbert foi trabalhar em Göttingen, lecionando teoria algébrica
dos números, noções básicas de geometria, análise, física teórica e noções
básicas de matemática. Em 1900, apresentou 23 problemas no Congresso
Internacional de Matemáticos de Paris, os quais nortearam muitas buscas
durante os séculos XX e XXI. Como exemplo, podemos citar o 8º problema,
que é a hipótese de Riemann (DAVID..., [2021?]).
Entre vários trabalhos produzidos por Hilbert, destacam-se a teoria in-
variante, a criação de um método direto para provar teoremas de finitude
(fundamentais para a álgebra moderna), o teorema da irredutibilidade de
Hilbert, investigações sobre a representação de polinômios definidos como
somas de quadrados, a solução das equações de 9º grau por funções algé-
bricas de quatro variáveis, a teoria dos campos de números algébricos, a
axiomatização da álgebra e da topologia, o resgate do princípio de Dirichlet,
o reconhecimento da importância do que hoje é denominado de espaço de
Hilbert e uma prova da conjectura de Waring (DAVID..., [2021?]).
David Hilbert propôs uma curva fractal que preenche o espaço, derivada
da curva de Peano, denominada curva de Hilbert, exibida na Figura 1.
4 Desenvolvimento da matemática no século XX
Kurt Gödel
Gödel nasceu na Áustria em 1906, e tinha o apelido familiar de “senhor por quê”,
pela curiosidade que o levava a perguntar sobre diferentes assuntos. Quando
Desenvolvimento da matemática no século XX 5
Alan Turing
Segundo Hodges (1995), Alan Mathison Turing nasceu em 23 de junho de 1912,
e desde a infância mostrava sinais de muita inteligência, tendo oportunidade
de estudar na Sherborne School, escola de prestígio de Londres, formando-se
em matemática na Universidade de Cambridge em 1931.
Em 1935, Turing começou a se dedicar a uma questão sobre a capacidade
de decisão, conhecida pelo termo alemão Entscheidungsproblem (problema de
decisão), que pergunta se poderia haver, ao menos em princípio, um método
ou processo definido capaz de decidir se qualquer afirmação matemática é
ou não demonstrável? Para responder essa pergunta, se fazia necessário que
houvesse uma definição de método, que deveria ser precisa e convincente.
Turing forneceu a resposta expressando-a em termos de uma máquina teórica
capaz de realizar certas operações elementares precisamente definidas sobre
símbolos em fita de papel, criando o conceito chamado máquina de Turing,
base da teoria da computação (HODGGES, 1995).
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, Turing foi convocado pela
forças britânicas para trabalhar em Bletchley Park, local onde equipes bus-
cavam descobrir os códigos utilizados pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália
6 Desenvolvimento da matemática no século XX
Figura 3. Placa na entrada do bangalô utilizado por Alan Turing (bem à direita na placa),
situada atualmente no Bletchley Park Museum.
Benoît Mandelbrot
Mandelbrot (1924–2010) nasceu em Varsóvia, na Polônia, mas durante a infância
sua família, devido a dificuldades financeiras, emigrou para a França. Após a
invasão alemã de 1939, instalaram-se em Tulle, pois eram judeus e essa era
uma zona francesa desocupada, um pouco mais segura, rumando mais tarde
para Paris em 1944, onde Benoit pôde cursar a École Polytechnique, indo para
o Massachusetts Institute of Technology (MIT) no período 1953–1954, para
o pós-doutorado. Em 1958, foi trabalhar na IBM, em um estágio de verão, e
permaneceu por 35 anos na empresa, enquanto, em paralelo, dava aulas na
Universidade de Yale (BENOÎT..., c2021).
Mandelbrot ganhou fama trabalhando e divulgando a geometria fractal,
que mostrava graficamente uma série de estruturas matemáticas que estu-
dou, especialmente as variações econômicas caóticas e repentinas que se
revelavam serem mais frequentes do que era previsto. Ele lecionou até 2004,
quando encerrou sua carreira como professor emérito em Yale, morrendo
em 2010 em Cambridge.
(40 km) cada uma, utilizaríamos 102 segmentos para a medição, encontrando
um comprimento final de 2250 milhas (cerca de 3.600 km). Se obtivermos
mapas locais e continuarmos a medir o litoral, o comprimento total segue
aumentando, pois conforme nos aproximamos, mais detalhes surgem. Isso
acontece porque o litoral é um fractal e sua dimensão não é um número
inteiro, e sim uma fração, estando entre 0 e 1.
Muita gente que acessa seu notebook, usa seu smartphone, assiste a um
vídeo em algum canal da web talvez nem imagine a capacidade intelectual, o
talento, a imaginação e a criatividade de matemáticos como Benoît Mandel-
brot e Alan Turing, que deram os passos teóricos que possibilitaram avanços
tecnológicos definidores da nossa sociedade, cujos hábitos e cultura estão
imersos no virtual. Esse já um fato por si só com peso considerável para
admirarmos a matemática produzida no século XX, e pensar no que ainda
pode nos surpreender nos anos que vem por aí.
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