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GUADALUPE, Ana Caroline da Silva¹*; PEREIRA, Gabriela Letícia Martins¹; PASSOS, João Antônio
Ferreira de Almeida¹; DRUMOND, Mariana Resende Soares².
RESUMO:
Palavras-chave:
INTRODUÇÃO
REVISÃO DE LITERATURA
Com o aumento da pecuária extensiva brasileira, houve a necessidade do cultivo
de mais plantas forrageiras por área, visando um melhor aumento da escala de produção
animal, o que demanda um manejo mais eficiente e preciso das pastagens. Em
contrapartida, as condições climáticas do país, associada ao manejo inadequado das
mesmas, podem facilitar o aparecimento de plantas invasoras, tóxicas ou não (Teixeira
et al., 2012; Bosak et al., 2017).
Segundo Riet Correa et al. (2007), alguns fatores como hábito pouco seletivo,
palatibilidade variada e baixa qualidade das pastagens pode favorecer o consumo destas
plantas pelos bovinos, uma vez que, a fome pode levar os animais a consumirem plantas
tóxicas. No Brasil, as plantas tóxicas de maior interesse na medicina veterinária
pertencem aos gêneros Palicoure sp., Manihot sp. e Prunus sp (Tokarnia et al., 2004).
Assis (2009) descreve em seu trabalho sobre intoxicação de plantas na Paraíba
que dentre os anos de 2000 a 2007, cerca de 284 necropsias foram realizadas em
bovinos. Nos quais, aproximadamente 7,4% (21 animais) foram diagnosticados como
intoxicação por toxinas presentes planta.
As principais plantas que acometem bovinos podem ser observadas no quadro 1
(Riet Correa e Medeiros, 2001):
Manihot sp. pertencente ao grupo plantas cianogênicas, possui o cianeto que encontra-se
na forma de glicosídeos e quando as plantas secam ou murcham, os glicosídeos
cianogênicos entram em contato com enzimas que os degradam, liberando o cianeto.
Cultivado em várias regiões do Brasil e responsável por mortes em ruminantes
principalmente em períodos chuvosos. (Schons, 2011; Neto, et al.,2013). Segundo o
mesmo autor, apesar de vários relatos da ocorrência de mortes pela planta, sua
importância tóxica e fatores epidemiológicos ainda permanecem desconhecidos. Os
sinais clínicos da intoxicação que podem ser observados são dificuldade de deglutição,
tremores musculares, andar desequilibrado, dispnéia, taquicardia, mucosas cianóticas,
nistagno, movimentos de pedalagem e opistótomo, além disso não é possível encontrar
achados de necropsia e histopatológicos em função a rápida evolução do quadro clínico.
(Schons, 2011).
Lantana sp. é uma planta tóxica originária das Américas, pertencente à família
Verbenaceae, de ampla distribuição no Brasil, e conhecida por vários nomes populares,
como chumbinho ou cambará. Os componentes tóxicos presentes no camará são os
triterpenos, onde essas substâncias possuem uma ação direta no fígado, afetando a área
periportal e os canalículos biliares. Como efeito, ocorre uma lesão grave no parênquima
hepático, com obstrução dos ductos biliares. Os hepatócitos se tornam mais permeáveis,
permitindo a passagem da bile para o interior e espaços entre eles (Tokarnia et al.,
2012).
Tokarnia et al. (2012) e Silva (2022) detalharam que os sintomas iniciais da
intoxicação por camará em bovinos incluem anorexia e diminuição ou parada dos
movimentos do rúmen. Onde os animais afetados geralmente buscam sombra e emitem
sinais de fotossensibilização, incluindo eritema, edema e necrose das partes
despigmentadas da pele, inquietação, icterícia, urina de cor amarelo escuro e fezes
ressecadas e em pequena quantidade.
Para Rissi et al. (2007) e Tokarnia et al. (2012) a necropsia dos animais
intoxicados por camará revela características específicas, como a presença de áreas
escuras intercaladas com áreas claras nas superfícies capsulares e em cortes hepáticos
(figura 3A). Porém diferente de Rissi et al. (2007), Tokarnia et al. (2012) e Silva (2022)
demonstram em seus estudos que o fígado pode estar com coloração alaranjada ou
esverdeada, a vesícula biliar com grande quantidade de bile e edema na parede, o córtex
dos rins com coloração marrom escuro a levemente esverdeada e, em alguns casos, com
edema subcutâneo. Também pode ser observado conteúdo ressecado no ceco e na parte
proximal do cólon, hemorragia (petéquias e sufusões) e icterícia no omento (figura 3B),
superfície serosa abomasal de pré-estômagos, intestinos delgado e grosso, vesícula
biliar.
B A
Fig. 4 - Achados macroscópicos do bovino 3 com intoxicação aguda por Lantana sp. A) Superfície de
corte do fígado, de aspecto heterogêneo, com áreas amareladas intercaladas com focos vermelho-
escuros e vermelho-claros. B) Icterícia difusa do omento e superfície serosa de múltiplos órgãos, além
de hemorragias multifocais em omento, serosa do abomaso, fígado e vesícula biliar. Fonte: Silva, p-
11, 2022.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Faculdade De Veterinária Residência
Em Área Profissional Da Saúde Em Saúde Animal E Coletiva, Porto Alegre, 2022.
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