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Mudanças Climáticas
Resumo
Este artigo, dimensionado a partir de pesquisa bibliográfica e abraçando o método dedutivo, tem
como objetivo demonstrar, a partir de nosso senso comum, como vemos a natureza pela percepção
da realidade ligada ao paradigma cartesiano-newtoniano-baconiano, e, portanto, de forma linear,
fragmentada e eternamente reversível. Para essa demonstração, foi proposto um cotejamento entre
os diferentes períodos geológicos-ecológicos que a nossa espécie atravessou, enfatizando que o
Holoceno, tem como característica seu relativo equilíbrio, que vem, sofrendo alterações drásticas
que podem ser lidas a partir da aplicação da leitura sistêmica.
INTRODUÇÃO
Este artigo, possui o objetivo de demonstrar que nosso senso comum da realidade, por estar
“preso” ao paradigma clássico, remete o planeta a diferentes fragmentos da realidade, incluindo a
fragmentação da própria natureza, como no caso do clima. Neste sentido, imaginamos que, as alterações
climáticas, que são perceptíveis em nossos dias de forma empírica, ocorrem de forma linear e isolada,
dentro da ideia do hotbox. Assim, ao remetermos nossa realidade aos antigos conceitos de espaço
absoluto, advindos de Newton, Kant e Bergson, nos iludimos, sem perceber que o planeta é uma grande
totalidade intrinsecamente interconcetada em rede e evolutiva, envolvendo a relação sociedade-natureza.
Nossa pesquisa, corroborando com o renomado físico David Bohm (1980), acredita que, em geral,
pensamos o planeta a partir do conceito nascido da ciência cartesiana-newtoniana, porém, essa leitura
da realidade, vem sendo superada pelo próprio avanço da ciência, que hoje estabelece o planeta, como
METODOLOGIA
Este artigo nasceu como parte integrante de um estágio pós-doutoral realizado junto à UFRJ
nos anos de 2020 e 2021. Este projeto, desenvolveu a ideia da flecha do espaço-tempo, e neste
artigo, apresentamos, a partir de pesquisa bibliográfica uma de suas partes. Para efetivar essa
pesquisa de cunho teórico, foram examinados diferentes artigos e livros. No caso, como as pesquisas
ocorreram durante a pandemia do COVID SARS-19, os artigos foram encontrados nas bibliotecas
virtuais de universidades, principalmente às ligadas ao pós-doutoramento (tendo em vista meu registro
na universidade) e ao site Researchgate. Para estas pesquisas contamos também com nosso acervo de
livros e revistas científicas.
A partir da pesquisa bibliográfica de autores relevantes como Bhom (1980),
e Prigogine (1978 e 1993), dentre outros, para apresentar nossa hipótese, inicialmente,
traremos a evolução do ser humano, desde o Pleistoceno até o Holoceno, verificando as
características apresentadas por esses períodos geológicos e ecológicos, demonstrando que o
Holoceno apresenta um estado de relativa estabilidade ambiental.
E, como, a partir do advento do paradigma clássico, remetemos a realidade, a essa
expectativa de um universo mais harmônico e estável, o qual nomeamos como “normal”, acabamos
“nomeando” essa lógica como normalidade. Porém, recentemente o advento do Antropoceno vem
apresentando, empiricamente, diferentes alterações dos padrões esperados, rompendo com a
“normalidade” esperada pela “lógica” clássica que domina o senso comum.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ser humano e o Holoceno
E, apesar de algumas variações climáticas encontradas ao longo deste período, se formos
procurar a principal característica do Holoceno, essa definição seria a sua incrível, mais relativa,
estabilidade dos padrões ambientais (VEIGA, 2019).
A cerca de 12.000, esse estado mais estável, favoreceu a domesticação de animais e, mais
tarde, há 8.000 anos, o mesmo estado de relativo equilíbrio, propiciou o cultivo de plantas, dando
início a agricultura (ASIMOV, 1990).
Ocorre que, dentre diferentes outros fatores, a agricultura, fez com que sua produção
estivesse muito mais vulnerável a roubos e saques de outras tribos, levando assim, a busca de
formação de cidades para proteção, a partir de lugares, onde o lavrador, pudesse se refugiar e, se
fosse o caso, estocar água para guerrear. Esse processo, associado a outros diferentes fatores, como
a Mesopotâmia ser formada por dois rios, e por possuir solos vulcânicos, favoreceu a prática
agrícola, e deu início a civilização com o surgimento da cidade de Ur, em torno dos rios Tigres e
Eufrates (ASIMOV, 1990).
CONCLUSÕES
Sendo o planeta constituído de diferentes subsistemas que desenvolvem trocas constantes de
energia e matéria, ocorrem assim, feedbacks constantes. Porém, se essa dinâmica for vista sob o ponto
de vista clássico, que está intrinsecamente inundado de linearidade e circularidade, o planeta não sofrerá
alterações bruscas e irreversíveis em sua dinâmica, mantendo fluxos constantes e reversíveis.
Por sua vez, a realidade termodinâmica do planeta, se apresenta, em muitos casos, em patamares
de trocas caóticas e imprevisíveis. Isso ocorre, quando esses fluxos alcançam grandes dinâmicas,
impondo ao planeta a mudanças irreversíveis e muitas vezes inesperada.
A dinâmica de trocas que integra a sociedade à natureza, traz em si, o próprio encontro das
quatro esferas naturais (atmosfera, biosfera, estratosfera e litosfera), onde as mesmas, por estarem
integradas dialeticamente podem apresenta alterações termodinâmicas, sendo assim, a lógica ligada a
cada forma-conteúdo, e sua influência ao ambiente, estará relacionado a como se dinamizará seu padrão
de comportamento. Se possui pouca perda energética, assim, como uma floresta com baixa entrada de
energia, dimensionará baixa entropia (perda) e assim, possuirá pouca alteração de sua dinâmica, porém,
lugares de grande entrada de energia externa, como em uma agrobusiness, a taxa de entropia (perda),
tende a ser maior, podendo, inclusive gerar curto-circuito nesses sistemas.
A questão que nos importa aqui é, a mudança então, não é climática, mais, porém, na totalidade,
envolvendo a toda dinâmica ambiental, propiciado pela relação sociedade-natureza. O clima é uma
fração de uma totalidade em evolução, e não acontece isoladamente, mais, porém, em conjunto integrado
e dinâmico.
Logo, sendo o clima uma fração de uma totalidade, sua evolução e mudança ocorre em uma
intricada rede dialética espaço-temporal, que é relacional a cada fração geográfica (de diferentes lugares
em sua relação sociedade-natureza).
Mudanças não são apenas climáticas, mais do todo, ou seja, tudo e todos estão intrinsecamente
ligados em rede, e por isso, a mudança é da totalidade e em sua dialética da litosfera, da biosfera, da
hidrosfera e também do clima.
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