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3. Fornecimento de Energia Elétrica em Média Tensão

O fornecimento de energia a um consumidor primário de distribuição é feito através de um


alimentador com tensão trifásica de 13,8 kV, onde o limite de potência instalada seja superior a 75
kW e igual ou inferior a 2500 kW, sendo necessária uma subestação abaixadora, instalada na
propriedade do consumidor, que deverá ser montada em postes ou construída sobre alvenaria.
Caso a potência instalada seja inferior a 75 kW, a concessionária fornecerá energia elétrica em
tensão secundária de 380/220 V, através de transformadores instalados em postes e localizados
nas ruas públicas.

Critérios para a ligação em Média Tensão

Ramal de ligação

 Ser sempre aéreo;


 Partir do poste da rede da concessionária;
 Ter comprimento máximo de 40 metros na área urbana e 80 metros na área rural;
 Não cruzar terrenos de terceiros ou passar sobre área construída;
 Entrar preferencialmente pela frente da unidade de consumo e ser perfeitamente visível e
livre de obstáculos;
 Ser único para cada unidade de consumo;
 Não ser acessível através de janelas, sacadas, telhados, escadas, ou outros locais de
acesso de pessoas;
 Respeitar as posturas municipais, estaduais e federais; especialmente quando atravessar
logradouros públicos, rodovias e ferrovias;
 Altura mínima em relação ao solo de 12 metros para ferrovias, 8 metros para rodovias, 6
metros para ruas e avenidas e 5,5 metros para circulação de pedestres.

Ponto de Entrega

Quando o prédio da subestação ou estrutura com transformador estiver localizado em


terreno situado em área urbana, o ponto de entrega será na primeira estrutura do consumidor
localizada em sua propriedade, podendo ser na própria parede da edificação da subestação.
Quando o ramal de entrada for subterrâneo partindo de poste de propriedade da concessionária, o
ponto de entrega será nos terminais (muflas) instalados no referido poste.

Ramal de Entrada

 Ser instalado pelo consumidor;


 Não cruzar terrenos de terceiros ou passar sobre área construída;
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 Não ser acessível através de janelas, sacadas, telhados, escadas, ou outros locais de
acesso de pessoas;
 O dimensionamento dos condutores deve ser feito levando em consideração a carga
instalada e a corrente de curto-circuito;
 Os condutores deverão ser instalados de forma a permitir as seguintes distâncias mínimas,
medidas na vertical, entre o condutor inferior e o solo: 6 metros para locais de trânsito ou
passagem de veículos e 5,5 metros para circulação de pedestres.

Fig. 3.1.a – Ponto de Entrega Aéreo – Subestação Abrigada


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Fig. 3.1.b – Ponto de Entrega Aéreo – Subestação Abrigada

Fig. 3.2.a – Ponto de Entrega Aéreo – Subestação aérea


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Fig. 3.2.b – Ponto de Entrega Aéreo – Subestação aérea

Fig. 3.3 – Ramal de Entrada Subterrâneo


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Subestação Elétrica

A subestação tem como finalidade transformar a energia elétrica recebida, sob certas
características e entregá-la, de forma conveniente, aos consumidores. Uma subestação
compreende equipamentos de manobra, de transformação, de conversão (modificação de tensão,
frequência e corrente) e de estrutura. Normalmente são subdivididas em três grupos principais:
primárias ou de transformação, secundárias ou de distribuição e industrial. As primárias destinam-
se apenas à transmissão de energia elétrica, enquanto que as secundárias são empregadas para
transformar, converter ou subdividir a energia a ser distribuída. As industriais são utilizadas para
transformar a energia do sistema de distribuição em energia sob condições de utilização direta
pelo consumidor.

Tipos de Subestações Elétricas

Subestação Aérea (ao Tempo)

Normalmente é montada em postes, ou plataformas ao ar livre, recebendo alimentação por


ramal de entrada aérea. Possui os dispositivos de proteção e controle instalados na própria
estrutura da subestação e sua limitação de potência é de até 225 kVA.

Fig. 3.4 – Subestação aérea – Transformador de 75 a 225 kVA


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Subestação Interna (Abrigada)

Este tipo de subestação se localiza dentro de construção de alvenaria, de forma


independente ou fazendo parte da estrutura, satisfazendo os seguintes critérios:

 Acesso fácil para a manutenção e operação dentro da segurança necessária a essas


atividades;
 Proteção contra interferências externas;
 Proteção em tela metálica ou esquadria especial para as áreas de utilização;

O ramal de alimentação para essa subestação é de entrada subterrânea, através de dutos


e a sua limitação de potência é de 2500 kVA.

Fig. 3.5 – Subestação Abrigada

Fatores característicos da carga

1) Curva de carga ou demanda - É a associação de demanda com os tempos


correspondentes, num período especificado. Se o período é um dia, obtemos a curva diária de
carga.
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Fig. 3.6 – Pontos importantes numa curva de carga

Sobre essa conceituação derivam:

a) Demanda Instantânea - É o valor da demanda quando o intervalo de demanda


tende a zero.
b) Demanda média - É a média aritmética das demandas em um intervalo de tempo
especificado (diária, mensal, anual, etc.).
c) Demanda máxima - É a maior demanda ocorrida num período especificado. É
função do período especificado e do intervalo de demanda.
d) Fator de demanda - É a relação entre a demanda máxima e a potência instalada.
Indica a fração da instalação que está sendo utilizada. É um número  1.

Tabela 3.1 – Fatores de demanda

Número de motores em
Fator de demanda em %
operação
1 – 10 70 - 80
11 – 20 60 – 70
21 – 50 55 – 60
51 – 100 50 – 60
Acima de 100 45 – 55

Tabela 3.2 – Fatores de demanda para iluminação e tomadas

Descrição Fator de demanda em %


Auditório, salões para exposição e
100
semelhantes
Bancos, lojas e semelhantes 100
Clubes e semelhantes 100
Escolas e semelhantes 100 para os primeiros 12 kW e 50 para o
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que exceder
100 para os primeiros 20 kW e 70 para o
Escritório (edifícios de)
que exceder
Garagens comerciais e semelhantes 100
40 para os primeiros 50 kW e 20 para o que
Hospitais e semelhantes
exceder
50 para os primeiros 20 kW - 40 para os
Hotéis e semelhantes seguintes 80 kW – 30 para o que exceder
de 100 kW
Igrejas e semelhantes 100
100 para os primeiros 10 kW - 35 para os
Residências (apartamentos residenciais) seguintes 110 kW e 25 para o que exceder
de 120 kW
Restaurante e semelhantes 100

e) Fator de carga - É a relação entre a demanda média e a demanda máxima. O fator de


carga é sempre  1.

f) Fator de simultaneidade - É a relação entre a demanda máxima de um conjunto de


cargas e a soma das demandas máximas individuais do mesmo conjunto de cargas, no
intervalo de tempo especificado. O fator de simultaneidade resulta da coincidência das
demandas máximas de algumas cargas, devido à natureza de sua operação O fator de
simultaneidade é sempre  1.

Tabela 3.3 – Fatores de simultaneidade

Aparelhos Número de Aparelhos


(cv) 2 4 5 8 10 15 20 50
Motores: ¾ a 2,5 0,85 0,80 0,75 0,70 0,60 0,55 0,50 0,40
Motores: 3 a 15 0,85 0,80 0,75 0,75 0,70 0,65 0,55 0,45
Motores : 20 a 40 0,80 0,80 0,80 0,75 0,65 0,60 0,60 0,50
Acima de 40 cv 0,90 0,80 0,70 0,70 0,65 0,65 0,65 0,60
Retificadores 0,90 0,90 0,85 0,80 0,75 0,70 0,70 0,70
Soldadores 0,45 0,45 0,45 0,40 0,40 0,30 0,30 0,30
Fornos resistivos 1 1 - - - - - -
Fornos de indução 1 1 - - - - - -

g) Fator de utilização – É o fator pelo qual deve ser multiplicada a potência nominal do
aparelho para se obter a potência média absorvida pelo mesmo, nas condições de
utilização.
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Tabela 3.4 – Fatores de utilização

Aparelhos Fator de utilização


Motores: ¾ a 2,5 0,70
Motores: 3 a 15 0,83
Motores : 20 a 40 0,85
Acima de 40 cv 0,87
Retificadores 1
Soldadores 1
Fornos resistivos 1
Fornos de indução 1
Secadores, caldeiras, etc. 1

Determinação da demanda de potência

Cabe ao projetista a decisão sobre a previsão da demanda da instalação, a qual deve ser
tomada em função das características da carga e do tipo de operação da indústria.
Como regra geral, a determinação da demanda pode ser assim obtida:

a) Demanda dos aparelhos

Determina-se a demanda dos aparelhos individuais multiplicando-se a sua potência


nominal pelo fator de utilização. Deve-se, no entanto, considerar, no caso de motores, seus
respectivos fatores de serviço e rendimento.

b) Demanda dos quadros de distribuição parciais

É obtida somando-se as demandas individuais dos aparelhos e multiplicando-se o


resultado pelo respectivo fator de simultaneidade entre os aparelhos considerados.

c) Demanda do quadro de distribuição geral

É obtida somando-se as demandas concentradas nos quadros de distribuição e aplicando-


se o fator de simultaneidade adequado. Quando não for conhecido o fator com certa precisão,
adota-se o valor unitário.
Exemplo 1 – Utilizando os quadros de carga 1 e 2, determine as demandas dos CCM’s, QDL’s ,
QGF’s , os fatores de demanda global e a potência dos transformadores, para cada grupo de
carga.
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Exemplo 1 – Observe o quadro de carga abaixo

Quadro de Carga 1

Fator de
N0 Tipo de carga Potência Rendimento Quantidade
potência
1 Motor de indução 30 cv 0,92 0,83 10
2 Motor de indução 50 cv 0,90 0,86 5
3 Motor de indução 75 cv 0,92 0,86 10
4 Lâmpadas incandescentes 100 W 1 1 52
5 Lâmpadas fluorescentes 40 W 1 0,95 150

Exemplo 2 – Observe o quadro de carga abaixo

Quadro de Carga 2

Fator de
N0 Tipo de carga Potência Rendimento Quantidade
potência
1 Iluminação fluorescente 40 W 1 0,5 100
2 Tomadas 100 VA - 0,9 200
3 Motor do elevador 10 cv 0,90 0,85 2
4 Motor na Cozinha 2,5 cv 0,92 0,83 1
5 Outras cargas na cozinha 8 kW - - -
6 Laboratório 2,5 cv 0,92 0,83 1
7 Bomba d’água 7,5 cv 0,96 0,80 1
8 Ar condicionado central - bombas 115 cv 0,96 0,86 -
9 Ar condicionado central - chiller 117,5 kW - - 1

Elementos de Entrada em Média Tensão

O princípio de funcionamento de uma subestação pode ser resumido observando o


diagrama unifilar da fig. 11.1, que mostra a esquematização de uma subestação abrigada.
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Fig. 3.7 – Diagrama Unifilar de uma Subestação Abaixadora

Pára-raios de linha

São construídos para a proteção da instalação contra descargas atmosféricas nas linhas
de distribuição. Os pára-raios de linha são instalados na estrutura mais próxima da subestação e
operam com surtos de tensão acima da nominal da linha. Estes surtos devem ser descarregados
para a terra. Os pára-raios comportam-se como se fosse constituído de dois eletrodos, isolados
entre si, e uma resistência variável com a tensão, ligada a terra. Esta resistência possui um
coeficiente negativo, diminuindo o seu valor com a tensão aplicada. Uma vez descarregado o
surto, em milésimo de segundo, a corrente residual devido à tensão da linha, é bloqueada pelo
rápido aumento da resistência.

Fig. 3.8 – Pára-raios de Corpo Polimérico


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Na especificação de um pára-raios é necessário que se indique os seguintes elementos:

 Tensão nominal eficaz, em kV;


 Freqüência nominal;
 Máxima tensão disruptiva de impulso, em kV;
 Máxima tensão disruptiva à freqüência nominal, em kV;
 Corrente de descarga, em A.

Tabela 3.5 – Características dos para-raios


Tensão
Máxima tensão
Tensão disruptiva a
Máxima tensão de descarga disruptiva por
nominal freqüência
(kV de crista) manobra (valor
(kV) industrial
de crista)
(kV)
5000A 10000A
3 4,4 18 13 8,25
6 9 31 22,6 15,5
9 13,5 46 32,5 23,5
12 18 54 43 31
15 22,5 64 54 39
27 40,5 99 97 70
39 58,5 141 141 101

Muflas Primárias

A interligação entre o poste e a subestação abrigada com entrada subterrânea é feita


através de três cabos elétricos. Estes cabos são conectados ao sistema de distribuição através de
muflas, que são terminais de conexão que permitem ligações entre um cabo a um barramento, a
uma chave ou a outro cabo, preservando os valores de tensão de isolamento de linha.

Fig. 3.9 – Muflas com Isoladores


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Fig. 3.10 – Vista Externa de uma Terminação Termocontrátil

Na especificação de uma mufla é necessário que se indique os seguintes elementos:

 Tipo da mufla: corpo de porcelana ou termocontrátil;


 Condutor isolado a ser conectado, em mm2 ;
 Terminal do condutor externo, em A;
 Tensão nominal eficaz, em kV
 Corrente nominal, em A;
 Tensão máxima de operação em kV;
 Tensão suportável de impulso, em kV;
 Uso (interno ou externo).

Chave Seccionadora Fusível

São dispositivos eletromecânicos que tem como função básica, interromper o circuito
elétrico quando da fusão do elo-fusível.
Componentes da chave fusível:

 Elo fusível;
 Cartucho ou canela;
 Isolador;
 Base ou dispositivo de fixação.

Na especificação de uma chave fusível é necessário que se indique os seguintes


elementos:

 Tensão nominal eficaz, em kV;


 Frequência nominal;
 Máxima tensão de operação, em kV;
 Tensão suportável de impulso (NBI), em kV;
 Corrente nominal, em A;
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 Capacidade de ruptura, em kA.

Fig. 3.11 – Chave Fusível Indicadora

Elo-fusível

É um componente da chave fusível que é sensível a um valor de corrente superior à sua


corrente admissível, o qual atinge o ponto de fusão em uma temperatura da ordem de 230 0 C,
dando início ao processo de interrupção do circuito ao qual está ligado.

Fig. 3.12 – Tipos de Elos Fusíveis

Tabela 3.6 – Elos fusíveis para transformadores


Potência do Transformador Chave Fusível
Elo Fusível
kVA (A)
15 1H 50
30 2H 50
45 3H 50
75 5H 50
112,5 6K 50
150 8K 50
225 10 K 50
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300 15 K 100
500 25 K 100
750 40 K 100
1000 50 K 100

Cabo de Energia Isolado para 15 kV

Atualmente, os cabos primários isolados mais comumente utilizados em instalações


elétricas industriais são os de cobre com isolação à base de PVC, de polietileno reticulado ou
ainda os de borracha etileno-propileno.
Os cabos isolados da classe de tensão de 15 kV são constituídos de um condutor metálico
revestido de uma camada de fita semicondutora por cima da qual é aplicada a isolação. Uma
segunda camada de fita semicondutora é aplicada à blindagem metálica que pode ser composta
de uma fita ou de fios elementares. Finalmente, o cabo é provido de uma capa externa de
borracha, normalmente de PVC.

Fig. 3.13 – Componentes de Cabo Unipolar da Classe de até 34 kV com Blindagem de Fios
Metálicos

Na especificação de um cabo de energia é necessário que se indique os seguintes


elementos:
 Seção quadrática, em mm2;
 Tipo do condutor: cobre ou alumínio;
 Tipo da isolação: PVC (cloreto de polivinila), XLPE (polietileno reticulado) e EPR
(etileno-propileno);
 Tensão nominal de isolação;
 Tensão suportável de impulso.
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Tabela 3.7 – Ramal de entrada de alta tensão subterrâneo


Potência
Bitola Eletroduto -
Instalada
(mm2) Diâmetro (polegada)
(kVA)
Até 700 25 4”
701 a 1200 35 4”
1201 a 1700 50 4”
1701 a 2000 70 4”
2001 a 2500 120 4”

Chave Seccionadora Primária

Chave constituída de lâminas, unipolares ou tripolares, com possibilidade de desligamento


externo, por haste de comando, e destinada a interromper, de modo visível, um determinado
circuito. Devido a seu poder de interrupção ser praticamente nulo, devem ser operadas com o
circuito em vazio (somente tensão). Podem ser seccionadora interruptora, do tipo manual ou
automática, que são capazes de desconectar um circuito operando a plena carga.

Fig. 3.14 – Chave Seccionadora Trifásica

Na especificação de uma chave seccionadora primária é necessário que se indique os


seguintes elementos:

 Corrente nominal, em A;
 Tensão nominal, em kV;
 Tensão suportável a seco, em kV;
 Tensão suportável sob chuva, em kV;
 Tensão suportável de impulso, em kV;
 Uso (interno ou externo);
 Corrente de curta duração para efeito térmico, valor eficaz, em kA;
 Corrente de curta duração para efeito dinâmico, valor de pico, em kA;
 Tipo de acionamento (manual ou automática).
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Cubículo de Medição

O cubículo de medição contém os medidores e dispositivos auxiliares, que controlam o


consumo e desempenho da energia em alta e baixa tensão. Os dados do consumo utilizados pela
concessionária, para efetuar a cobrança da energia por ela fornecida, são os seguintes:

 Potência ativa;
 Potência reativa;
 Fator de potência

A medida desses parâmetros é feita de forma indireta, com auxílio de transformadores de


potencial e de corrente, que evitam a conexão direta com alta tensão, isolando eletricamente da
linha os seus dispositivos de medida. Os medidores de energia antigos eram constituídos de duas
unidades: um medidor de kWh e outro de kVArh. Atualmente estas unidades estão sendo
substituídas por único medidor, que registra não só apenas as energias ativa e reativa, como
também outras variáveis de medida. Os medidores, transformadores de potencial e de corrente
destinados à medição são fornecidos e instalados pela concessionária, que continuará como
proprietária dos mesmos, cabendo ao consumidor sua guarda e responsabilidade pela
conservação dos selos de segurança.

Fig. 3.15 – Medidor de Energia Eletrônico

Transformadores para Instrumentos

Utilizados para baixar correntes ou tensões a valores usuais de medição por instrumentos
normais.

Transformadores de Corrente (TC)

Os transformadores de corrente estão divididos em dois tipos fundamentais:


transformadores de medição e transformadores para proteção. Os transformadores de corrente é
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um equipamento capaz de reduzir a corrente que circula no seu primário para um valor inferior no
secundário. Os transformadores de corrente são constituídos de um enrolamento primário, feito,
normalmente de poucas espiras de cobre, um núcleo de ferro e um enrolamento secundário para
corrente nominal padronizada normalmente de 5 A.

Fig. 3.16 – Transformador de Corrente com chave de curto circuito no secundário

Cuidados devem ser tomados para não deixar em aberto os terminais secundários do TC,
quando da desconexão dos equipamentos de medida a eles ligados, pois, do contrário, surgirão
tensões elevadas no secundário, que danificarão o transformador de corrente e, também, levando
perigo as pessoas.
Os TCs podem ser classificados nos seguintes tipos, de acordo com a disposição do
enrolamento primário e a construção do núcleo.

 TC do tipo barra
 TC do tipo enrolado
 TC do tipo janela
 TC do tipo bucha
Potência Relação de
Instalada (kVA) Transformação
Até 150 5/5
151 a 300 10/5
301 a 450 15/5
451 a 600 20/5
601 a 900 30/5
901 a 1200 40/5
1201 a 1500 50/5
1501 a 2250 75/5
2251 a 2500 100/5
Fig. 3.17 – Transformador de Corrente do Tabela 3.8 – Transformadores de corrente
Tipo Janela para medição em alta tensão,classe de
isolamento 15kV
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Transformadores de Potencial (TP)

É um equipamento capaz de reduzir a tensão do circuito para níveis compatíveis com a


máxima suportável pelos aparelhos de medida. A tensão primária do TP é função da tensão
nominal do sistema elétrico ao qual está ligado, enquanto a tensão secundária é padronizada e
tem valor fixo de 115 V. Os TPs são construídos para serem ligados entre fases ou entre fase e
neutro ou terra, devem suportar uma sobretensão permanente de até 10%, sem que lhes ocorra
nenhum dano. São próprios para alimentar instrumentos como voltímetro, bobina de potencial de medidores de
energia.

Fig. 3.18 – Transformador de Potencial

Bucha de Passagem

São dispositivos constituídos de um isolador de louça e que servem para passar um


circuito aéreo de um cubículo fechado ao seu vizinho.
As buchas de passagem podem ser classificadas em:
a) Bucha de passagem para uso interno – interno e externo - interno
79

Fig. 3.19 – Bucha de passagem para uso


interno – interno

Fig. 3.20 - Bucha de passagem para uso


Fig. 3.21 – Aplicação de Buchas de
externo - interno
passagem para uso interno

Os seguintes elementos podem especificar uma bucha de passagem:

 Corrente nominal, em A;
 Tensão nominal, em kV;
 Tensão suportável a seco, em kV;
 Tensão suportável sob chuva, em kV;
 Tensão suportável de impulso, em kV;
 Uso (interno – interno ou externo – interno).

Disjuntor de Potência

É um equipamento destinado à manobra e a proteção de circuitos primários, capaz de


interromper grandes potências de curto-circuito durante a ocorrência de um defeito. Os disjuntores
estão sempre associados a relés, sem os quais não passariam de simples chaves com alto poder
de interrupção.
Entre os tipos mais conhecidos de disjuntores podem ser citados:

 Disjuntores a grande volume de óleo (pouco utilizado);


 Disjuntores a pequeno volume de óleo;
 Disjuntores a hexafluoreto de enxofre (SF6).

O princípio de interrupção dos disjuntores, em geral, está na absorção da energia que se


forma durante a abertura dos seus contatos. Uma parte do óleo em torno do arco se transforma
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em gases, provocando uma elevada pressão na câmara hermeticamente fechada, proporcional ao


valor da corrente interrompida. Esta pressão gera um grande fluxo de óleo que é dirigido sobre o
arco, extinguindo-o e devolvendo a rigidez dielétrica ao meio isolante. Os disjuntores a pequeno
volume de óleo podem ser fabricados para montagem fixa ou extraível com operação de
fechamento manual ou automática.

Fig. 3.22 – Disjuntor a pequeno volume de Fig. 3.23 – Disjuntor a pequeno volume de
óleo óleo

No pedido de um disjuntor devem constar, no mínimo, as seguintes informações:

 Tensão nominal, em kV;


 Corrente nominal, em A;
 Capacidade de interrupção nominal, em kA;
 Freqüência nominal;
 Tempo de interrupção;
 Tipo de comando: manual ou motorizado;
 Tensão suportável de impulso, em kV;
 Acionamento frontal;
 Montagem: fixa ou extraível.

Transformadores de Força

O transformador de força se constitui no equipamento básico de uma subestação


abaixadora. Ele é o responsável pela modificação do valor de tensão do ramal de alimentação
(alta tensão) para os valores exigidos pela carga da subestação (baixa tensão). Nos
transformadores trifásicos, usados nas subestações abaixadoras, os enrolamentos (primário e
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secundário) são feitos para circuitos trifásicos com configuração delta para o primário e estrela
aterrado para o secundário.

Fig. 3.24 – Transformador de Força

Devido aos valores de potência, que se desenvolvem nos enrolamentos, serem altos, o
aquecimento por perdas no cobre e no ferro é grande, obrigando o arrefecimento forçado do
transformador. Na maioria das vezes o arrefecimento nos transformadores de subestações
industriais é feita pela imersão dos seus enrolamentos em óleo mineral. Neste tipo de
arrefecimento, a circulação do óleo é feita pelo efeito de convecção e a troca de calor com o ar
ambiente é feita por tubulações externas.
As características específicas que permitem a classificação dos transformadores de força
quanto ao uso e aplicação já se encontram normalizados pela ABNT, onde destacamos:

 Transformador de potência, geralmente usado para transmissão ou distribuição de alta


potência (acima de 500 kVA).
 Transformador de Distribuição, usado para distribuição de potência das linhas de
transmissão para redes de consumo local, com potência inferior a 500 kVA.

A tabela abaixo mostra valores práticos de transformadores usados em subestações. Os


valores de impedância percentual e rendimento são dados importantes para a operação em
paralelo e para determinação das correntes de curto-circuito, usados no dimensionamento dos
condutores e dispositivos e de proteção, do sistema alimentado.
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Tabela 3.9 – Potência dos transformadores


Características Elétricas de Transformadores
Potências (kVA) 15/30/45/75/112,5/150/225/300/500/750/1000/1500/2000
Tensões Primárias
11,4/12/12,6/13,2/13,8/19,8/20,9/22/23,1/24,2
(kV)
Tensões Secundárias (V) 380 Y/220 – 220 Y/127
Rendimento (%) 95 – 99,9%
15 a 150 kVA 2,5 – 3,0 % 2,0 – 3,0 %
Impedância Percentual 225 a 300 kVA 3,0 – 4,5 % 4,5 – 5,0 %
500 a 2000 kVA 5,0 – 5,75 % 5,0 – 5,75 %
Condição dos Enrolamentos Imerso em Óleo Seco

Fig. 3.25 – Partes de um Transformador


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Quadro Geral de Cargas em Baixa Tensão

O quadro de geral de carga dentro da subestação é alimentado pelo lado secundário do


transformador da subestação. O quadro geral de carga é constituído de uma caixa metálica, onde
abrigamos equipamentos de seccionamento, proteção, comando, sinalização e instrumentos de
medida ou outros destinados ao controle e supervisão da instalação de baixa tensão. As
dimensões dos quadros de carga dependem de dados de projeto das cargas instaladas dentro
dos mesmos. Estes dados são importantes para o dimensionamento dos cabos que alimentam o
quadro, como dos cabos que alimentam as cargas conectadas ao quadro, das proteções, como:
fusíveis e disjuntores de baixa tensão e de chaves seccionadora ou disjuntores gerais que
energizam o quadro.

Fig. 3.26 – Quadro Geral de Força Modular

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