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Qual a linha tênue que separa a liberdade de expressão da apologia

ao crime ?

Beatriz Perotes de Araújo Freitas1


bperotes1804@gmail.com
Manuela Edwiges Nascimento dos Santos 2

O direito de livre expressar seus pensamentos, ideiais e concepções, é – após o direito


a vida – aquele mais inerente a própria ideia de individuo – se nascer com vida
significa respirar, existir significar expressar-se dentro da sua realidade e concepções.
É, nesse viés que, a liberdade de expressão é concebida em sua acepção primaria na
Constituição Federal. Por ser intrinsecamente ligado a ideia de individuo, é também
aquele que, mais facilmente, tangencia e alcança condutas que, potencialmente,
vulneram o direito de outros indivíduos – sendo vetor de expressão de ideais que
mitigam a Dignidade Humana e relativizam o direito do outro de, simplesmente, existir.
E, tal situação mostra-se, hoje, um desafio crescente e, cada vez, mais urgente de ser
encarado. Isso por que, há, hoje, um binômio que potencializa a liberdade de
expressão como vetor de intolerância, sendo composto, de um lado, pela internet e
sua sensação de anonimato, fala-se com milhões através de um avatar qualquer e,
de outro, por uma inegável solução do movimento humanista surgido com o fim da 2ª
grande guerra. Em recente episodio ilustrativo de tal fenômeno, dois palamentares
brasileiros, em um programa de entrevistas veiculado pela internet, foram
confrontados com afirmações que, indefectivelmente, tocam e dialogam com
movimentos intolerantes como o nazismo, na oportunidade, um dos apresentadores
cujo o nome é Monark, afirmou: “Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele
tinha o direito de ser”. Não obstante o episódio, a época, tenha gerado repercussão
suficiente para que o apresentador restasse afastado do programa em questão, o
fenômeno de resgate de ideais antissemitas e o crescente expoente de concepções
racistas, xenófobas e quejandas, ilustra que, hoje, há uma crescente tolerância e
aceitação de vozes intolerantes que, ao buscar validade, afirmam-se como autenticas,
na medida em que, meramente, refletem a liberdade de expressão de quem as
propaga. É, essa, a questão posta como grande desafio – não só, dos órgãos
governamentais responsáveis pelas políticas públicas, mas da sociedade organizada
como um todo, é que, há muito, o filosofo Karl Popper, já demonstrou que, o excesso
de tolerância – inclusive com a expressão de pensamentos intolerantes, conduz a
derrocada da liberdade da tolerância social com a própria noção de existência do
outro, isto é, a expressão deve ser livre, mas não irrestrita. Sob essa perspectiva, é
que se afirma que, o paradoxo da tolerância reclama que, em tempos modernos, deve-
se agir e pautar a conduta social – sobretudo na perspectiva das redes sociais, pela
política da estrita vigilância e censura de movimentos que relativizem a existência e
bem estar do outro, não por acaso a conhecida Doutrina “broken windows”, já nos
mostra que, o vácuo estatal ou normativo – também em âmbito digital, acaba servindo

1 Acadêmica do Curso de Direito da FIBRA. E-mail: bperotes1804@gmail.com


2 Acadêmica do Curso de Direito da FIBRA. E-mail: iusmanuelasantos@gmail.com
de estimulo para a reprodução e ampliação de fenômenos espontâneos de anomia.
Na pesquisa foram utilizados os métodos dedutivos, com abordagem qualitativa e
como técnica, a pesquisa bibliográfica. Assim, o controle e busca efetiva da regulação
de tais condutas, com uma efetiva politica de controle e sanção, é necessária e
essencial para que se considere que, a valorização da Dignidade Humana, como
conquista dura da humanidade, permaneça, ainda hoje, como um ideal tangível em
nossa sociedade.

Palavra – Chave: Liberdade de Expressão; Discurso de ódio; Karl Popper.

REFERÊNCIAS

POPPER, Karl. A Sociedade Aberta e seus Inimigos. Belo Horizonte: Editora Itataia,
1959. RAWLS. John. O Direito dos Povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito
constitucional. 16. São Paulo: Editora Saraiva, 2021.
Direito constitucional / Pedro Lenza – 26.ed – São Paulo:SaraivaJur,2022.(coleção
esquematizado).

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