Resumo sobre o discurso da desigualdade e o coronavírus
Cecília Di Fernandes Ferreira Sales Félix de Oliveira
O vídeo O discurso da desigualdade e o Coronavírus é feito com base
em uma questão: “o coronavírus é democrático?”. Questão essa que vem sido debatida devido ao fato dessa frase ter sido usada como afirmação pela mídia, junto com o discurso científico sobre o assunto. Essa afirmação está errada na visão do professor, e ele utiliza dos argumentos a seguir para explicar porque o “coronavírus”, na verdade, fortalece a desigualdade. Primeiramente, é citado Jean Jacque Rousseau, que foi um filósofo suíço, e sua obra Os fundamentos da desigualdade entre os homens, publicado em 1755. Nesse livro, Rousseau fala sobre a gênese histórica da desigualdade, como o mal aparece na história, o mal em questão sendo o vírus. O filósofo usa da “teoria” do estado de natureza para embasar seu argumento sobre a existência de dois tipos de desigualdades existentes na origem da sociedade: a natural e a social. A desigualdade natural é aquela que nasce com o homem e o difere dos demais, como peso, altura, idade, etc. Já a desigualdade social é definida por Rousseau como aquela referente as habilidades de manipulação da natureza, os conhecimentos específicos que costumavam ser passados apenas em grupos específicos. Obviamente, estas definições se encaixam melhor nas sociedades passadas e é com essa noção em mente que devem ser analisados. É dentro deste contexto que o autor fala sobre a origem da desigualdade, afirmando que esses dois tipos de desigualdade estão relacionados com a propriedade privada, que nasceu quando o homem passou a ter um senso de individualidade, natureza e cultura, e assim passaram a se dividir em grupos específicos, com os mais fortes, obviamente, detendo o “poder” ou maior conhecimento. Dessa noção de individualidade é também onde nasce o conhecimento sobre propriedade, e então os homens passaram a clamarem certas áreas como suas, iniciando o que hoje entendemos como propriedade privada e fortalecendo a ideia de individualidade. Rousseau então diz que “para acabar com a injustiça social, deve-se acabar com a propriedade privada”. Outro ponto é que primeiramente não havia violência, mas agora com a noção de propriedade e de que um lugar era melhor para sobreviver que o outro (noção de manipulação da natureza), os homens começam a brigar pelo poder nessa “segunda parte” da história. Na terceira parte é onde ocorrem os acordos, proporcionando uma espécie de trégua momentânea. Depois, com a mudança de conhecimentos em relação à natureza, visto a evolução do homem, é onde passa-se a surgir noções de moralidade, ideia de limites passam a ser mensurados, leis e normas passam a ser criados para se controlar o poder ao invés da violência, etc. Foi assim, então, que ocorreu a transferência do estado de natureza para o estado social. Aqui, não existe mais o costume de se passar conhecimento apenas entre seu grupo ou família, este agora sendo compartilhado com todos depois que o trabalho passou a ser “privatizado”. A questão do coronavírus entra nesse contexto, tendo relação direta com a desigualdade e não se tratando de uma “situação democrática”, visto que depende da forma que as pessoas se organizam na sociedade, e não uma coisa que todos podem pegar, levando em conta os privilégios sociais. Podemos entender, portanto, que a contaminação do vírus, ou seja, quem é contaminado, tem haver com o funcionamento social, suas organizações e os direitos e privilégios de cada um, não se tratando de um problema que pode ou irá afetar a todos e ter os mesmo impactos.