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Reconhecimento ético

e virtudes
Thiago Teixeira
COMUNITARISTAS

Taylor Macytire
Charles Taylor
Mal-estar contemporâneo
 Destacamos que há, por parte do filósofo Charles Taylor,
um resgate das perspectivas aristotélicas, na medida em
que, para ele, o mal-estar da contemporaneidade se
configura pela perda do sentido comum da vida.

 A descompressão do valor comum gera, para nós, um


problema moral, visto que o homem contemporâneo
rompe com a possibilidade de sair do seu lugar comum
rumo ao encontro e ao diálogo.
 O mal-estar da contemporaneidade, segundo
Charles Taylor, é formado por três conceitos
fundamentais, a saber:

 Individualismo
 Razão instrumental
 Despotismo suave
 Acerca da individualidade, é sabido que ele se
estrutura a partir da busca por direitos
fundamentais dos sujeitos, em sua individualidade.

 Sendo assim, o individuo, a rigor, não configura


um mal, visto que direitos são inalienáveis e
irrevogáveis ao homem.
 Ao recorrermos à nossa Constituição Federal de 1988,
fica-nos claro esse princípio, na medida em que lemos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
 Percebemos uma tensão entre a individualidade e
o valor do comum que, para nós, remete
fundamentalmente ao que Taylor anuncia.

 É preciso que nós, homens contemporâneos, não


nos fechemos no egoísmo e assumamos um
horizonte do comum, do reconhecimento a partir
de lugares múltiplos e difusos.
Em Lipovestky:

 https://www.youtube.com/watch?v=FuA_rii0ySs&t=3s
Razão instrumental
 Para Taylor, a razão instrumental denota a eficácia
do cálculo, isto é, a utilização da razão vinculada
ao fim dado, ao sucesso e a máxima produção.

 Esse tipo de racionalidade, indica uma esteira


valorativa que se sustenta na relação custo-
benefício. Reconhecemos uma ambivalência
nessa perspectiva, a rigor:
 a) Ela pode ser vista como uma mudança libertadora, ao
passo que o homem se desprende, por exemplo, das
grandes ordens sociais que, em alto grau, só fizeram
usurpar o homem e disposição.

 a.1) Esse cálculo vinculado a eficácia e longe de


pressupostos transcendentes fizeram com que o homem
pudesse dominar e se afirmar frente a realidade que o
circunda.
 a.2. A segunda maneira percebe o perigo pode detrás dessa
razão que visa, como fim ultimo, abarcar todos os âmbitos
da vida humana.

 a.2.1. Onde está o perigo? Para nós o risco se configura


através de um problema moral, pois assumindo a razão
instrumental como lente para ler a realidade, nós, em
última instância, transferimos a prática do universo da
produção para a vida entre os homens.
 a.2.2. Assumir isso é indicar que, nós,
contemporâneos não cuidamos das pessoas e nos
ocupamos das coisas, mas ao contrário, nós nos
ocupamos das coisas e também das pessoas.
Assumimos um lugar de objetivação do mundo,
como se ele não fosse orgânico para além de nós.
 a.3. Taylor entende que a razão instrumental se
deu, na modernidade e na contemporaneidade,
pelo prestigio da Tecnologia tem para nós:

 a.3.1. O mundo contemporâneo é “povoado” por


uma série de instrumentos que ajudam a facilitar a
vida humana no que diz respeito à comunicação,
ao transporte, à saúde e etc.
 a.3.2. Taylor, não critica a tecnologia e seus avanços, mas
se inquieta pelo fato de que cada vez mais, pela imersão da
tecnologia, de modo desenfreado no universo humano, nós
perdemos a ressonância, a profundidade, e a riqueza do
nosso ambiente humano.
 A relação custo-benefício também é trazida, para Taylor, às relações
interpessoais. Nesse sentido, a razão instrumental contemporânea
rechaça a possibilidade de reconhecimento e vida moral, na medida
em que os homens são, uns para os outros, objetos e não pessoas.
 Assim,

A razão instrumental desenvolveu-se porque se encontra


associada a um modelo de ser humano entendido como
livre de todo vinculo e, muitas vezes entendido como uma
“pura racionalidade autoverificante”. É o que ele chama de
razão desengajada, representada por um tipo de
racionalidade em que os argumentos, as análises, as
considerações se baseiam sempre em algum tipo de cálculo
formal, exemplificado principalmente pelo pensamento
matemático.
 Taylor questiona o fato de, por exemplo, a medicina “perder a
profundidade ou riqueza do nosso horizonte humano.” Aqui busca-se
a eficácia a partir do uso das tecnologias e eles, a seu modo,
transformam terapia médica em meros problemas técnicos.
 A razão instrumental supõe uma lógica em que o valor das coisas é
medido, principalmente, na relação custo benefício. Para ele, nós
somos herdeiros de Bacon, pois para este pensador, a ciência é, em
alto grau, meio pelo qual o homem adquire a possibilidade de intervir
e modificar a realidade em que vive.
 O filósofo entende a razão instrumental como uma razão
“desengajada”.

 Ora, o que significa ser engajado?

 A dimensão instrumental nos faz esquecer do nosso corpo, da nossa


situação dialógica, nossas emoções e, por fim, nossas tradicionais
formas de vida.
 Para Taylor nós, também, somos “agentes encarnados, que vivem uma
condição dialógica e habitam em uma maneira específica, isto é, nossa
vidas adquirem sentido enquanto histórias que conectam o passado, do
qual vivemos, aos nossos projetos futuros.”
Despotismo suave

Individualismo
Egoísta

Razão
Mal –estar
instrumental

Despotismo
suave
 Sensação de impotência dos homens frente a máquina burocrata do
Estado.
 Alienação
 Centralização do poder
 Modelo pelo qual os indivíduos escolher a satisfação da vida privada
sem se preocupar com a vida pública.
 Sensação de liberdade política: os indivíduos estão diante de poderes
que eles não se sentem parte ou por eles representados.

 Aqui o individuo se torna alienado no que tange à esfera pública. Ele


julga, por exemplo, que a pobreza, a mortalidade infantil, a violência
em todos os seus âmbitos, por exemplo, não são também sua
responsabilidade.
MacIntyre e o desacordo moral da modernidade

 Em primeira instância, o desacordo moral pode ser entendido como a


dificuldade de homem contemporâneo encontrar um lugar comum.

 Logo, ele se define como “grave estado de desordem da linguagem


moral”. ( VITORIANO, 2013, p. 23).
 Na hipótese de MacIntyre vivemos num ambiente confuso, pois
possuímos apenas fragmentos de esquemas morais passados que, a
rigor, não formam um todo homogêneo.
 Há aqui também um relativismo negativo. Ora, em algum momento o
relativismo pode ser compreendido como positivo? Quando?
 O filósofo reconhece que o século XX foi o lugar de descompressão
de qualquer valor homogêneo e universal no que tange à moralidade.
Nós, contemporâneos, ali, passamos por vários momentos, nos quais o
ideal de uma ética universal se declinou.
O DESACORDO MORAL
 A parábola da catástrofe científica.
 A moral, na contemporaneidade, é um simulacro de morais passadas.
 Atestamos a dificuldade do consenso como aceno ao desacordo moral
previsto por MacIntyre. O dissenso, de modo absoluto, impera nos
discursos “morais” na contemporaneidade.
 Os valores, nesse contexto, tomam formas incomensuráveis.
Da incomensurabilidade
Essa perspectiva torna os argumentos afastados e, mais, inviabiliza
quaisquer aproximação entre os sujeitos. A incomensurabilidade dos
valores morais pode ser explicitado sob três vias: guerra justa e a
controversa do aborto.
 A) guerra justa: “é aquela na qual o bem a ser alcançado supera os
males inerentes à própria guerra e na qual se podem distinguir os
combatentes — cuja vida está em jogo — e não os combatentes
inocentes.

Esse argumentos nos leva a vários outros:


 A.1. pacifistas: para estes, a dificuldade em separar os culpados e os
inocentes torna TODA guerra injusta. Eles entendem que a melhor
solução é viver em paz e evitando qualquer tipo de guerra.

 MacIntyre ainda postula criticas às guerras entre grandes potências


são destrutivas e, por isso, são sempre condenadas. Todavia, aquelas
instauradas para libertar oprimidos podem ser admitidas, pois são o
único meio pelo qual países oprimidos deixam de ser explorados.
Da controversa do aborto
 MacIntyre apresenta algumas perspectivas:

a) Para um grupo de pessoas o aborto é legal, pois estes se fundam na


compreensão de que toda pessoa tem o direito sobre o seu próprio
corpo.

b) Outros são veementemente contra o aborto, pois se firmam no


argumento de que não desejariam que suas mães os tivesse abortado,
ou também, se auto intitulam pró-vida.
c) Um terceiro grupo, há a possibilidade do aborto no caso da criança
estar morta;

d) Outro grupo, por fim, é contra ao aborto em todas as instâncias por


julgar que assassinato é errado.
 MacIntyre argumenta que o caminho entre esses grupos se torna
atravessado, isto é, dificilmente um desses argumentos pode passível a
conversão.

 Cada um desses grupos tende a pensar que seus argumentos estão


fundamentados em uma verdade evidente.
 Estes exemplos são muito radicais, mais evidenciam algo que nós
vivemos em nossa vida cotidiana: uma desordem moral.

 Essa discordância ética ocorre em razão de três características:


incomensurabilidade conceitual, argumentações racionais impessoais
e, por fim, esquecimento das origens históricas.

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