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Sistemas Elétricos em
Regime Permanente
Sérgio Haffner
http://slhaffner.phpnet.us/
haffner@ieee.org
slhaffner@gmail.com
Setembro 2007
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Sumário
Introdução [1 página] 4
Bibliografia [1 página] 1
Introdução
Estas notas de aula têm como objetivo apresentar, de forma resumida, o conteúdo integral da disciplina
introdutória na área de Sistemas de Energia para um curso em nível de graduação em Engenharia Elétrica
(parcial para uma disciplina em nível de pós-graduação em Engenharia Elétrica) que consiste na análise de
sistemas de energia elétrica em regime permanente senoidal. Estas notas não detalham em profundidade
todos os aspectos relacionados com o tema, mas podem ser utilizadas para balizar estudos nesta área, cuja
bibliografia em português não é muito abundante, em função da retirada dos títulos já esgotados dos
catálogos das editoras.
A análise de sistemas elétricos em regime permanente é de extrema importância, pois é desta forma que as
redes operam quase na totalidade do tempo. Nestas condições, busca-se que todos os equipamentos elétricos
(geradores, transformadores, linhas de transmissão, alimentadores, motores, etc.) estejam operando dentro de
seus limites (tensão, freqüência, potência, etc.) e, se possível, de forma ótima (visando maximizar a
segurança e minimizar o custo de geração, as perdas de transmissão, etc.).
Para efetuar esta análise, em cada condição de carga e geração possível para o sistema ou sub-sistema
elétrico, deve-se conhecer:
• O carregamento nas linhas de transmissão e nos transformadores, visando verificar se há sobrecarga
ou elementos ociosos;
• A potência gerada em cada unidade de geração, visando efetuar uma análise de custos;
• A potência consumida em cada unidade, visando efetuar projeções do crescimento do consumo;
• A tensão nos diversos pontos do sistema, para verificar se existem tensões muito acima ou abaixo
dos valores nominais;
• As perdas de transmissão, visando compara alternativas de alimentação das cargas;
• As conseqüências, em regime permanente, da perda de algum equipamento, visando verificar se o
estado de operação é seguro.
Desta forma, é possível verificar com objetividade a forma de operação que o sistema elétrico se encontra. A
avaliação destes indicadores é a base dos métodos empregados na definição das alterações necessárias para
modificar o ponto de operação do sistema com o objetivo melhorar sua forma de funcionamento em regime
permanente.
No Capítulo I é feita uma revisão dos conceitos necessários da análise de circuitos em regime permanente
senoidal juntamente com a apresentação da notação empregada nos demais capítulos. Adicionalmente,
descrevem-se o sistema por unidade e a análise por fase, muito freqüente em sistemas de energia, quando o
sistema pode ser considerado equilibrado.
No Capítulo II é feita uma breve análise do balanço de potência e suas implicações com a magnitude da
tensão nas barras e com a abertura angular das linhas e dos transformadores.
Os Capítulos III, IV e V são dedicados para apresentar a forma pela qual os elementos do sistema de energia
elétrica são modelados para análise por fase (aplicada para circuitos equilibrados).
Nos Capítulos VI e VII o problema denominado Fluxo de Carga (ou Fluxo de Potência) não-linear que
consiste, basicamente, na determinação das tensões nodais (em módulo e fase) é formulado e resolvido.
No Capítulo VIII é descrito o modelo linearizado para o problema do Fluxo de Carga, que consiste em uma
simplificação do modelo não-linear que é muito utilizada em estudos de planejamento.
Bibliografia
1. Alcir J. Monticelli (1983). Fluxo de carga em redes de energia elétrica. Edgar Blücher.
2. Alcir J. Monticelli, Ariovaldo V. Garcia (2003). Introdução a sistemas de energia elétrica. Editora da
Unicamp.
3. Alcir Monticelli, Ariovaldo Garcia, Osvaldo Saavedra (1990). Fast decoupled load flow: hypothesis,
derivations and testing, IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 4, No. 4, November, pp. 1425-1431.
4. Arthur R. Bergen, Vijay Vittal (2000). Power systems analysis. Prentice Hall.
5. Charles A. Gross (1986). Power system analysis. J. Wiley.
621.3191 G878p
6. Dorel Soares Ramos (1982). Sistemas elétricos de potência: regime permanente. Guanabara Dois.
621.3191 R175s
7. IEEE recommended practice for industrial and commercial power systems analysis (1997). IEEE.
621.31042 I42i
8. John J. Grainger, William D. Stevenson Jr. (1994). Power system analysis. McGraw-Hill.
621.3191 G743
9. J. Arrillaga, N. R. Watson (2001) Computer modelling of electrical power systems. John Willey & Sons
Ltd.
10. Hadi Saadat (1999). Power system analysis. McGraw-Hill, New York, 697p.
11. O. I. Elgerd (1981). Introdução à teoria de sistemas de energia elétrica. McGraw Hill do Brasil.
621.3191 E41ib (Edição 1981)
621.3191 E41ia (Edição 1978)
621.3191 E41i (Edição 1970)
12. Syed A. Nasar (1991). Sistemas eléctricos de potencia. McGraw-Hill.
13. Turan Gonen (1988). Modern power system analysis. J. Wiley.
621.3191 G638m
14. W. D. Stevenson Jr. (1986). Elementos de análise de sistemas de potência. McGraw-Hill.
621.3191 S847eb (edição de 1981)
621.3191 S847ea (edição de 1978)
Nos circuitos elétricos assintoticamente estáveis1, a análise do regime permanente senoidal pode ser
realizada através da simples operação com números complexos por intermédio da transformada fasorial. Na
análise fasorial, todas as correntes e tensões senoidais são representadas por números complexos que
quantificam a amplitude e o ângulo de fase das senóides, sendo a freqüência destas considerada
implicitamente.
g (t ) = G cos (ωt + φ )
A Figura I.1 apresenta o gráfico de uma função senoidal genérica, indicando os valores de G e φ.
G g(t)
−φ ωt
[rad]
-G
Observar que quando o ângulo de fase φ é igual a −π 2 , a função cosseno transforma-se em um seno,
conforme mostra a Figura I.2, ou seja, são válidas as seguintes relações:
π π
cos ωt = senωt + sen ωt = cosωt −
2 2
1
Circuitos assintoticamente estáveis são aqueles que não apresentam nenhuma das raízes de sua equação
característica no eixo imaginário ou no semiplano direito do plano complexo. Neste caso, a resposta natural tende a
zero:
lim t →∞ y n (t ) = 0
e a resposta completa tende à sua resposta forçada:
lim t →∞ y (t ) = lim t →∞ y n (t ) + y f (t ) = y f (t )
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cos
sen
π/2 ω t [rad]
Define-se como defasagem a diferença entre os ângulos de fases de duas funções do tipo senoidal de mesma
φ2
velocidade angular ω. Sendo g1 (t ) = G1 cos (ωt + φ1 ) e g 2 (t ) = G 2 cos ωt + φ1 − α , a defasagem entre g1 (t ) e
g 2 (t ) é dada por φ1 − φ 2 = φ1 − (φ1 − α ) = α , conforme ilustra a Figura I.3.
g1(t) g2(t)
α
ω t [rad]
Observar que qualquer função senoidal pode ser representada através da escolha adequada de Ymax , ω e φ .
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Observar que a transformada fasorial transfere a função senoidal do domínio do tempo para o domínio dos
números complexos, que também é chamada de domínio da freqüência, já que a resposta envolve
implicitamente uma função senoidal de freqüência ω.
Ymax
Notar que Y contém 2/3 das informações de y (t ) a saber, Ymax e φ . Considerando Y = , o valor RMS2
2
de y (t ) , tem-se:
Y = Ye jφ = Y φ (I.3)
Y =Y φ
Y sen φ
Re
Y cos φ
Observar que o fasor é diferente de um vetor porque a posição angular do fasor representa posição no
tempo; não no espaço.
Resumo:
2
“Root Mean Square” ou valor quadrático médio (eficaz).
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Ω] e admitância [Ω
I.2 – Impedância [Ω Ω-1 ou siemens]
∆ R = resistênci a
Z ( jω ) =
V
= R + jX (I.4)
I X = reatância
∆ G = condutância
Y ( jω ) =
1 I
= = G + jB (I.5)
Z ( jω ) V B = susceptância
[
i (t ) = 2 Re I e jωt ]
Circuito +
linear
Z ( jω ) = [ ]
invariante 1
em regime v(t ) = 2 Re V e jωt
Y
permanente
senoidal
–
Um resumo das relações entre tensão e corrente para os elementos simples encontra-se na Tabela I.1.
Forma fasorial:
Elemento Equações
Relação de [ ]
i (t ) = 2 Re I e jωt Diagrama Relação no
2 Re[V e ]
fase fasorial tempo
v(t ) = jωt
i(t )
I
v(t ) = Vmax cos(ωt + φ )
i(t)
i (t ) e v(t )
+
V
v(t )
V = RI v(t)
i (t ) = I max cos(ωt + φ ) em fase
R
φ
–
i(t ) V
v(t ) = Vmax cos(ωt + φ ) V = jω L I
i(t)
+
i (t ) atrasada φ
v(t ) L
i (t ) = I max
π de v(t ) de 90°
cos ωt + φ −
2 X L = ωL I
v(t)
i(t ) 1
v(t ) = Vmax cos(ωt + φ )
V= I i(t)
+
i (t ) adiantada jωC I V v(t)
v(t ) C π
i (t ) = I max cos ωt + φ +
de v(t ) de 90° φ
2 1
XC =
–
ωC
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Para a associação série de impedâncias (vide Figura I.6), a impedância equivalente é dada pela soma das
impedâncias de cada um dos componentes, ou seja:
Z eq = Z 1 + Z 2 + + Z n (I.6)
I + V1 – + V2 – + Vn – I
+ +
Z1 Z2 Zn
V ≡ V Z eq
– –
A expressão (I.6) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Tensões, da forma como segue:
V LKT V 1 + V 2 + + V n V 1 V 2 Vn
Z eq = = = + + + = Z1 + Z 2 + + Z n
I I I I I
1
Sabendo que Z = , pode-se determinar a expressão da admitância equivalente da associação série, a partir
Y
da expressão (I.6):
1 1 1 1 1
= + + + ⇒ Y eq =
Y eq Y 1 Y 2 Yn 1 1 1
+ + +
Y1 Y 2 Yn
Para a associação paralela de impedâncias (vide Figura I.7), a impedância equivalente é dada pelo inverso
da soma dos inversos das impedâncias de cada um dos componentes, ou seja:
1 1 1 1 1
= + + + ⇒ Z eq = (I.7)
Z eq Z 1 Z 2 Zn 1 1 1
+ + +
Z1 Z 2 Zn
I I
+ I1 I2 In +
V ≡ V Z eq
Z1 Z2 Zn
– –
A expressão (I.7) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Correntes, da forma como
segue:
V LKC V V 1
Z eq = = = =
I I1 + I 2 + + I n V V V 1
+
1
+ +
1
+ + +
Z1 Z 2 Zn Z1 Z 2 Zn
1
Novamente, sabendo que Z = , pode-se determinar a expressão da admitância equivalente da associação
Y
série, a partir da expressão (I.7):
Y eq = Y 1 + Y 2 + + Y n
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i (t ) Im
V
+ V max
V= φ
v(t ) 2
SISTEMA
- θ
I max
φ I I= φ −θ
2
v(t ) = Vmax cos(ωt + φ )
i (t ) = I max cos(ωt + φ − θ )
Re
Figura I.8 – Sistema em regime permanente senoidal.
A forma de onda da potência instantânea dada por (I.12) apresenta uma parcela constante, igual a VI cos θ , e
uma parcela variável e alternada variante no tempo, igual a VI cosθ cos(2ωt + 2φ ) + VI sen θ sen (2ωt + 2φ ) , cuja
freqüência corresponde exatamente ao dobro da freqüência da tensão e da corrente.
Quando a tensão está em fase com a corrente, os gráficos das funções tensão, corrente e potência
instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Observar que a função potência instantânea é oscilante e
apresenta sempre valores positivos.
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0
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura I.9 – Gráfico da potência no tempo – corrente em fase com a tensão.
Quando a corrente está atrasada de 90°° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e
potência instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Observar que a função potência é oscilante e
apresenta valor médio nulo.
Corrente atrasada de 90 graus
5
v(t), i(t), p(t)
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura I.10 – Gráfico da potência no tempo – corrente atrasada de 90o em relação à tensão.
Quando a corrente está adiantada de 90°° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e
potência instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Novamente, observar que a função potência é
oscilante e apresenta valor médio nulo.
Corrente adiantada de 90 graus
5
v(t), i(t), p(t)
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura I.11 – Gráfico da potência no tempo – corrente adiantada de 90o em relação à tensão.
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Uma situação intermediária é aquela na qual a corrente está atrasada de um ângulo qualquer (por exemplo,
30°, conforme Figura a seguir). Neste caso a potência apresenta valores positivos e negativos, sendo a
predominância dos positivos.
Corrente atrasada de 30 graus
10
v(t), i(t), p(t)
0
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura I.12 – Gráfico da potência no tempo – corrente atrasada de 30o em relação à tensão.
A partir da expressão (I.12) é fácil determinar o valor da potência ativa (eficaz ou útil, que produz trabalho)
que é igual ao valor médio da potência instantânea fornecida ao sistema:
P∆
1 T
∫ p(t )dt =
1 T
[VI cosθ [1 + cos(2ωt + 2φ )] + VI sen θ sen(2ωt + 2φ )]dt
∫
T 0 T 0
P = VI cos θ [W] (I.13)
As expressões (I.13), (I.14) e (I.15) sugerem uma relação de triângulo retângulo (similar ao triângulo das
impedâncias) na qual a potência aparente S é a hipotenusa, conforme ilustra a Figura I.13.
S P
jQ
θ = ∠V − ∠ I
θ = ∠V − ∠ I jQ
P S
3
Observar que para qualquer elemento ou combinação de elementos, a parcela representada pela potência reativa
apresenta valor médio nulo, ou seja, não existem geração nem consumo efetivo, na metade do ciclo o elemento absorve
energia que será devolvida na metade seguinte do ciclo. A convenção é adequada porque na metade do ciclo em que o
indutor está absorvendo energia o capacitor está devolvendo e vice-versa.
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P VI cosθ
FP = = = cosθ
S VI
*
S = V ⋅ I = V φ I − φ + θ = VI θ = VI cosθ + jVI senθ = P + jQ (I.16)
Notar que desta forma, o ângulo da potência só depende do ângulo entre a tensão e a corrente (θ), conforme
ocorre nas expressões (I.13), (I.14) e (I.15).
+ V =V α
SISTEMA V SISTEMA
A B
- I =I β
De acordo com a notação da Figura I.14, a potência complexa fornecida para o Sistema B pelo Sistema A é
dada por:
O sentido do fluxo de potência ativa P e reativa Q entre os dois sistemas para ψ = α − β variando de 0 a
360o está mostrado na Figura I.15.
Q [var] V =V α
P: B → A P: A → B
I=I β
Q: A → B Q: A → B
ψ =α − β
90 < ψ < 180 0 < ψ < 90
P [W]
P: B → A P: A → B
Q: B → A Q: B → A
Figura I.15 – Sentido dos fluxos de potência ativa (P) e reativa (Q) entre os Sistemas A e B.
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Na Figura I.15, observar que quando o ângulo de abertura é igual a 100o (ψ = 100 ), o valor de cosψ é
negativo e, portanto, o fluxo de potência ativa de A para B também é pois P = VI cosψ . Isto significa que o
fluxo de potência ativa neste caso é de B para A. Por outro lado, o valor de sen ψ é positivo e, portanto, o
fluxo de potência reativa de A para B também é, pois Q = VI senψ . Isto significa que o fluxo de potência
reativa neste caso é de A para B. Observar que dependendo do ângulo de abertura existente entre os fasores
tensão e corrente é possível qualquer combinação de fluxo de potências ativa e reativa entre os dois sistemas.
Uma fonte trifásica ideal é constituída por três fontes de tensão em conexão estrela ou triângulo, conforme
ilustra a Figura I.16.
V AN
A + –
+ +
+ –
V AB V AB
V BN V AB
B –
+ – V CA +
V CA V CA
+ + +
V CN V BC V BC V BC
+ C – + – +
N N
(opcional)
As diferenças de potencial entre as fases e o neutro (referência) são denominadas tensões de fase; as
diferenças de potencial entre as fases 2 a dois são denominadas tensões de linha. Na seqüência ABC, o
sistema é formado pelas seguintes tensões de fase V AN ,V BN ,V CN (
e de linha )
(V AB )
= −V BA ,V BC = −V CB ,V CA = −V AC , ilustradas na Figura I.17:
V AN = Vφ 0 V AB = V AN − V BN = 3Vφ 30 = V L 30
V BN = Vφ − 120 V BC = V BN − V CN = 3Vφ − 90 = V L − 90
V CN = Vφ 120 V CA = V CN − V AN = 3Vφ 150 = VL 150
V CN ω V CB
V CA
ω
V AN V CN V AB
V CA
V AB
V BC
V BN V AN
Figura I.17 – Tensão de fase e de linha em um sistema trifásico simétrico (seqüência ABC).
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A constante que relaciona a magnitude da tensão de fase com a de linha VL = 3Vφ ( ) pode ser obtida,
conforme mostrado na Figura I.18.
− V BN
60 V L = V AB = 2 V AN cos 30 = 3 V AN
V AN
30 V L = 3Vφ
120
V AB = V AN − V BN
30
V BN
A carga trifásica ideal é constituída por três impedâncias de igual valor conectadas em estrela ou triângulo,
conforme mostra a Figura I.19.
A ZY A
ZY Z∆
B B
Z∆
ZY Z∆
C C
N N
A equivalência entre uma carga equilibrada conectada em estrela com outra em triângulo é:
Z ∆ = 3Z Y (I.17)
Para um sistema trifásico qualquer (a três ou quatro fios, ou seja, com ou sem condutor neutro), conforme o
ilustrado na Figura I.20, a potência complexa fornecida pelo Sistema A para o Sistema B é dada por:
* * *
S 3φ = V 1N ⋅ I 1 + V 2 N ⋅ I 2 + V 3 N ⋅ I 3 = V1N I1 α 1 − β1 + V2 N I 2 α 2 − β 2 + V3 N I 3 α 3 − β 3
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V 1N = V1N α 1
V 1N I1
+ φ1 V 2 N = V2 N α 2
V 3 N = V3 N α 3
V 2N I2
+ φ2
I 1 = I1 β 1
N V 3N I3
φ3 Sistema B I 2 = I2 β2
+
I 3 = I3 β3
IN
θ1 = α1 − β1
Sistema A θ2 =α2 − β2
θ3 =α3 − β3
O fator de potência médio da potência fornecida pelo Sistema A para o Sistema B é dado por:
P3φ
FPmédio =
S 3φ
As potências aparentes fornecidas pelas fases são dadas por:
S1 = P12 + Q12 = V1N I1
S2 = P22 + Q22 = V2 N I 2
S3 = P32 + Q32 = V3 N I 3
e os fatores de potência desenvolvidos em cada uma das fases são dados por:
P
FP1 = 1 = cosθ1
S1
P2
FP2 = = cosθ 2
S2
P3
FP3 = = cosθ 3
S3
Quando o sistema trifásico é simétrico e alimenta uma carga equilibrada, os ângulos de defasagem entre os
fasores tensão e corrente das fases são iguais (θ 1 = θ 2 = θ 3 = θ ) e as potências ativa, reativa e aparente totais
são dadas por:
P3φ
FP3φ = = cosθ
S 3φ
Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 12 de 22
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Ainda, para um sistema trifásico simétrico alimentando uma carga equilibrada, tem-se4:
p3φ (t ) = p A (t ) + p B (t ) + pC (t )
[ ( ) (
p3φ (t ) = Vm I m cos(ωt + φ ) cos(ωt + φ − θ ) + cos ωt + φ − 120 cos ωt + φ − 120 − θ + )
+ cos(ωt + φ + 120 )cos(ωt + φ + 120 − θ )]
(I.21)
cos(ωt + φ )cos(ωt + φ − θ ) =
1
[cosθ + cos(2ωt + 2φ − θ )]
2
( ) (
cos ωt + φ − 120 cos ωt + φ − 120 − θ ) =
1
2
[
cos θ ( )]
+ cos 2ωt + 2φ − 240 − θ =
=
1
2
[
cos θ + cos(2ωt + 2φ − θ + 120 )]
( ) (
cos ωt + φ + 120 cos ωt + φ + 120 − θ ) =
1
2
[
cos θ + cos(2ωt + 2φ + 240 − θ )] =
=
1
2
[
cos θ + cos(2ωt + 2φ − θ − 120 )]
=0
( )
p3φ (t ) = Vm I m 3 cosθ + cos(2ωt + 2φ − θ ) + cos 2ωt + 2φ − θ + 120 + cos 2ωt + 2φ − θ − 120
1
2
( )=
1 V I
= Vm I m 3 cosθ = 3 m m cosθ = 3P1φ = 3VI cosθ
2 2
Deste modo, a potência trifásica instantânea fornecida para um sistema equilibrado6, através de tensões
simétricas, é constante. Assim, embora a potência instantânea fornecida por intermédio de cada uma das
fases seja variável, o somatório de todas as contribuições é constante.
4
Foi utilizada a seqüência ABC mas o resultado permanece válido para a seqüência ACB.
cos a cos b = [cos(a − b ) + cos(a + b )]
5 1
Lembrar que:
2
6
Observar que o resultado obtido pode ser estendido para qualquer sistema polifásico simétrico que alimente cargas
equilibradas, ou seja, a potência polifásica instantânea fornecida para um sistema equilibrado, alimentado por tensões
simétricas, é constante.
Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 13 de 22
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
No estudo do regime permanente do sistema de energia elétrica, utiliza-se a análise por fase pois o sistema é
considerado equilibrado, da geração ao consumo, ou seja:
a) as fontes do sistema são consideradas simétricas;
b) as impedâncias das fases são consideradas iguais e
c) as cargas são consideradas equilibradas.
Desta forma, o resultado (tensão, corrente, etc.) de uma fase pode ser utilizado para as demais desde que se
façam os ajustes de fase necessários.
Exemplo I.1 – Uma fonte trifásica, 2400 V, seqüência ABC, alimenta duas cargas conectadas em paralelo:
• Carga 1: 300 kVA, fator de potência igual a 0,8 indutivo e
• Carga 2: 144 kW, fator de potência igual a 0,6 capacitivo.
Se a Fase A é utilizada como referência angular (ou seja, o ângulo de fase de V AN é igual a zero),
determinar:
a) O circuito equivalente por fase (diagrama de impedância).
b) As correntes de linha das Fases A, B e C.
a) Inicialmente, determina-se o fasor potência complexa referente a cada uma das cargas:
Carga 1: S 3carga
φ
1
= 300 kVA
P3carga
φ
1
= FP1 × S 3carga
φ
1
= 0,8 × 300 = 240 kW
Q3carga
φ
1
= (S 3φ ) − (P
carga 1 2
3φ )
carga 1 2
= 300 2 − 240 2 = 180 kvar
Q3carga
φ
2
= − S 3carga
φ (2
) − (P
2 carga 2 2
3φ ) = 240 2 − 144 2 = −192 kvar
Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 14 de 22
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
IA 72,2 − 36,9
2400
0
= 24 − 53,1 Ω = (14,4 − j19,2 ) Ω
2 V AN
ZY = = 3
2
IA 57,7 − 53,1
15,36 Ω 14,4 Ω
+
2400
0 V 1
3 IA
j11,52 Ω − j19,2 Ω
b) De acordo com o diagrama da Figura I.21, a corrente de linha da Fase A é dada por:
I A = I A + I A = 57 ,74 − j 43,30 + 34,64 + j 46,19 = (92,38 + j 2,89 ) A = 92,4 1,8 A
1 2
Observar que quando se realiza análise por fase é melhor empregar o circuito equivalente em estrela; se a
conexão do equipamento é em triângulo, pode-se converter para o seu circuito equivalente em estrela. Como
conseqüência, as linhas de baixo dos circuitos equivalentes por fase representam o neutro, as tensões são as
de fase e as correntes são de linhas (na conexão estrela, a corrente de fase é igual à corrente de linha).
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Na Figura I.22, observa-se a representação de um sistema de energia elétrica através do diagrama unifilar, do
diagrama trifásico (trifilar) de impedâncias e do diagrama de impedância por fase. No diagrama unifilar é
possível representar a topologia do sistema (ligações), os valores das grandezas elétricas dos componentes e
sua forma de conexão. O diagrama trifilar de impedâncias representa o circuito elétrico equivalente ao
sistema de energia elétrica. O diagrama de impedância por fase representa uma simplificação do diagrama
trifásico sendo utilizado para determinar os valores das grandezas elétricas do sistema para uma fase
(posteriormente, este resultado é estendido para as demais fases).
Linha de Carga e
Gerador Transformador 1 Transformador 2
Transmissão Gerador 2
4
1 2 3
T1 T2
G1
G2
Y-Y Y-Y
(a) Diagrama unifilar.
• • •
• • • •
G1 G2
•
• • •
• • • •
G1 G2
• • • • • • • • •
• • •
• • • •
G1 G2
• • • • • • • • • • •
(b) Diagrama trifilar de impedância.
• • •
G1 G2
• • •
(c) Diagrama de impedância por fase (em pu).
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Exercício I.1 – Uma fonte trifásica, 13,8 kV, seqüência ABC, alimenta por intermédio de uma linha com
impedância série de (4 + j 4 ) Ω , duas cargas conectadas em paralelo:
• Carga 1: 500 kVA, fator de potência igual a 0,8 indutivo e
• Carga 2: 150 kvar, capacitivo.
Se a Fase A é utilizada como referência angular (ou seja, o ângulo de fase de V AN é igual a zero),
determinar:
a) O circuito equivalente por fase (diagrama de impedância).
b) As correntes de linha das Fases A, B e C.
Freqüentemente, na análise de sistemas de energia elétrica ao invés de serem utilizadas as unidades originais
para as grandezas envolvidas (tensão, corrente, potência, etc.) são utilizadas unidades relativas (por unidade
ou, simplesmente, pu), obtidas através da normalização dos valores originais destas grandezas (em V, A, W,
etc.) por valores pré-estabelecidos para cada grandeza, denominados valores de base. Realizando esta
normalização em todas as grandezas do sistema, é possível:
• Manter os parâmetros do sistema elétrico dentro de uma faixa de valores conhecidos evitando, portanto,
erros grosseiros. Por exemplo, quando se utiliza o valor nominal da tensão como valor de referência
(valor de base), pode-se verificar a partir do valor normalizado da tensão (em pu) sua distância do valor
desejado (nominal). Valores em pu próximos a unidade significam proximidades do valor nominal;
valores de tensão muito abaixo ou acima de 1 pu representam condições anormais de operação.
• Eliminar todos os transformadores ideais do sistema elétrico.
• A tensão de operação do sistema permanece sempre próxima da unidade.
• Todas as grandezas possuem a mesma unidade ou pu (embora os valores de base sejam diferentes para
cada uma das grandezas).
Para realizar a transformação das grandezas para pu basta dividir o valor destas pelo seu valor de base, ou
seja:
valor atual
valor em pu = (I.22)
valor base
O valor de base deve ser um número real; o valor atual pode ser um número complexo (se for utilizada a
forma polar, transforma-se apenas a magnitude da grandeza, mantendo-se o ângulo na unidade original).
A grandeza de base definida para todo o sistema de energia elétrica é a potência elétrica, S 3φbase
(geralmente 100 MVA):
S 3φbase
Sφbase = ⇔ S 3φbase = 3Sφbase [MVA] (I.23)
3
A tensão base, Vbase , geralmente corresponde à tensão nominal do sistema na região de interesse:
V L base
Vφ base = ⇔ V L base = 3Vφ base [kV] (I.24)
3
A corrente base, I base , e a impedância base, Z base , são obtidas a partir da potência e da tensão de base:
S 3φ base
Sφ base S 3φ base
I L base = I Y base = = 3 = [kA] (I.25)
Vφ base VL base 3VL base
3
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I L base S 3φ base
I ∆ base = = [kA] (I.26)
3 3V L base
Vφ base V L2base
Z Y base = = [Ω] (I.27)
I Y base S 3φ base
Vφ base VL2base
Z ∆ base = 3Z Y base = 3 =3 [Ω] (I.28)
I Y base S 3φ base
Uma operação bastante freqüente na modelagem de sistemas elétricos é a mudança de base de valores de
impedâncias. Um exemplo clássico da necessidade de mudança de base é a compatibilização do valor das
impedâncias dos transformadores, usualmente fornecidos em seu valor percentual, tendo como potência base
a potência nominal do equipamento e como tensões base as tensões terminais dos enrolamentos.
Para realizar a mudança de base de uma impedância na base 1, Z pu (base 1) , para a base 2, Z pu (base 2 ) , deve-se
proceder como segue:
Z
Z pu (base 2 ) = Z pu (base 1) base 1 (I.29)
Z base 2
2
V S 3φ base 2
Z pu (base 2 ) = Z pu (base 1) L base 1 (I.30)
V L base 2 S 3φ base 1
Exemplo I.2 – Considere o sistema do Exemplo I.1. Supondo que S 3φbase = 300 kVA e V L base = 2,4 kV ,
determinar:
a) As bases do sistema por unidade.
b) Desenhar o circuito equivalente por fase em valores por unidade.
c) Determinar o fasor corrente da Fase A em valores por unidade e em ampères.
Solução Exemplo I.2:
a) Utilizando as expressões (I.23), (I.24), (I.25) e (I.27) tem-se:
S 3φbase 300000
Sφbase = = = 100 kVA
3 3
V 2400
Vφ base = L base = = 1386 V
3 3
Sφ base 100000
I Y base = = = 72,2 A
Vφ base 1386
Vφ base 1386
Z Y base = = = 19,2 Ω
I Y base 72,2
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0,8 pu 0,75 pu
+
1 0 pu 1
I A pu
j 0,6 pu − j1,00 pu
Exemplo I.3 – A Figura I.24 mostra o diagrama unifilar de um sistema elétrico trifásico.
1
′ ′
T1: N 2 : N 1 2 3 T2: N 1 : N 2 4
1000 A
G1
2,4 kV 24 kV 12 kV
Y-Y Y-Y
Considere que o comprimento da linha entre os dois transformadores é desprezível, que a capacidade do
gerador 3φ é de 4160 kVA (2,4 kV e 1000 A), que este opera em condição nominal (I L = 1000 A )
alimentando uma carga puramente indutiva. A potência nominal do transformador trifásico T1 é 6000 kVA
(2,4/24 kV Y/Y) com reatância de 0,04 pu. T2 tem capacidade nominal de 4000 kVA, sendo constituído por
um banco de três transformadores monofásicos (24/12 kV Y/Y) com reatância de 4% cada. Determinar:
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a) A potência base.
b) A tensão de linha base.
c) A impedância base.
d) A corrente base.
e) Resuma os valores base em uma tabela.
f) Os valores das correntes em A.
g) A corrente em pu.
h) O novo valor das reatâncias dos transformadores considerando sua nova base.
i) O valor pu das tensões das Barras 1,2 e 4.
j) A potência aparente nas Barras 1,2 e 4.
b) Para o circuito em 2,4 kV arbitra-se o valor de VL base = 2,5 kV . As demais tensões de base são
calculadas utilizando as relações de transformação de T1 e T2:
′
N1 N1
= 10 =2
N2 ′
N2
Assim, para os demais circuitos:
Circuito em 24 kV: VL base = 25 kV
Circuito em 12 kV: VL base = 12,5 kV
c) As impedâncias de base são calculadas a partir dos valores base da potência e da tensão:
V2 2500 2
Circuito em 2,4 kV: Z Y base = L base = = 3,005 Ω
S 3φ base 2080000
VL2base 25000 2
Circuito em 24 kV: Z Y base = = = 300,5 Ω
S 3φ base 2080000
VL2base 12500 2
Circuito em 12 kV: Z Y base = = = 75,1 Ω
S 3φ base 2080000
d) As correntes de base são calculadas a partir dos valores base da potência e da tensão:
S 3φ base 2080000
Circuito em 2,4 kV: I L base = = = 480 A
3VL base 3 2500
S 3φ base 2080000
Circuito em 24 kV: I L base = = = 48 A
3VL base 3 25000
S 3φ base 2080000
Circuito em 12 kV: I L base = = = 96 A
3VL base 312500
Caso fossem escolhidos outros valores base nos itens (a) e (b), os valores calculados para a impedância e
corrente base poderiam ser diferentes dos valores obtidos nos itens (c) e (d).
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i) A Figura I.25 apresenta o diagrama de impedância por fase do sistema da Figura I.24, indicando os
fasores tensão de interesse.
I = 2,08 pu 1 2 3 4
• • • •
+ Z T1 = j 0,0128 pu + + Z T2 = j 0,0192 pu +
G1
V1 V2 V3 V4
– – – –
Figura I.25 – Diagrama de impedância por fase (em pu) do sistema da Figura I.24.
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j) A potência complexa pode ser obtida a partir dos fasores tensão e corrente:
*
[ ] = 2,00 90 pu
S 1 = V 1 I 1 = 0,96 0 2,08 − 90
*
⇒ S1 = 2,00 pu
= V I = 0,93 0 [2,08 − 90 ] = 1,93 90
* *
S2 = S3 2 2 pu ⇒ S 2 = 1,93 pu
I = 0,89 0 [2,08 − 90 ] = 1,85 90 pu
* *
S4 =V 4 4 ⇒ S 4 = 1,85 pu
Observar que a potência aparente entregue pelo gerador é de 2,00 pu e que na carga chega é de 1,85 pu,
sendo a diferença “consumida”7 pelas reatâncias dos transformadores.
Exercício I.2 – Considere o sistema do Exercício I.1. Supondo que S 3φbase = 100 kVA e VL base = 13,8 kV ,
determinar:
a) As bases do sistema por unidade.
b) Desenhar o circuito equivalente por fase em valores por unidade.
c) Determinar o fasor corrente da Fase A em valores por unidade e em ampères.
7
De acordo com a convenção de sinais para potência reativa, os indutores consomem e os capacitores geram.
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II – O balanço de potência
O objetivo fundamental de um sistema de energia elétrica é fornecer energia para as cargas existentes em
uma determinada região geográfica. Quando o sistema é adequadamente planejado e operado, deve atender
aos seguintes requisitos:
• Fornecer energia nos locais exigidos pelos consumidores.
• Como a carga demandada pelos consumidores varia ao longo do tempo (horas do dia, dias da semana e
meses do ano), o sistema deve estar apto a fornecer potências ativa e reativa variáveis, conforme esta
demanda.
• A energia fornecida deve obedecer a certas condições mínimas, relacionadas com a “qualidade”. Entre os
fatores que determinam esta qualidade se destacam: freqüência, magnitude da tensão, forma de onda e
confiabilidade.
• O sistema deve buscar custos mínimos (econômicos e ambientais).
Neste capítulo, serão descritos os mecanismos que atuam no controle das potências ativa e reativa do sistema
de energia elétrica.
Considere uma linha de transmissão do sistema elétrico, representada pela sua reatância série xkm , conectada
entre duas barras, conforme mostrado na Figura II.1.
V k = Vk θ k V m = Vm θ m
k I km Z km = jxkm m
S km
Figura II.1 – Linha de transmissão do sistema elétrico.
Os fluxos de corrente I km e potência S km podem ser obtidos a partir dos fasores tensão das barras k e m
( V k = Vk θ k e V m = Vm θ m , respectivamente):
V k −V m V k −V m
I km = =
Z km jxkm
2
= V k =Vk2
j
* × j j
*
Vk − V k V m
2
V k −V m
*
*
−
*
*
−
S km
*
= V k I km = V k =V k
V k V m = V k V k V k V m
= =
− jxkm − jxkm − j xkm
2
jx km
=
(
j V k − Vk θ k V m − θ m
2
=
) (
j Vk − Vk Vm θ k − θ m
2
=
) (
j Vk − Vk Vm θ km
2
) =
x km xkm x km
=
[
j Vk2 − Vk Vm (cosθ km + j sen θ km ) ]
x km
S km =
(
Vk Vm sen θ km + j Vk2 − V k V m cos θ km ) (II.1)
x km
Quando todas as tensões das expressões anteriores correspondem aos valores de linha em kV e reatância
estiver em Ω, todas as potências obtidas serão os valores trifásicos dados em MW e Mvar. Obviamente, por
outro lado, quando todas as grandezas estão representadas em pu, os resultados das expressões anteriores
também estarão em pu (neste caso não há distinção entre valores de fase/linha e por fase/trifásico).
{ }
Pkm = Re S km =
Vk Vm
xkm
VV
sen θ km = k m sen δ
x km
(II.2)
{ }
Qkm = Im S km =
Vk2 − Vk Vm cosθ km Vk2 − Vk Vm cos δ
x km
=
x km
(II.3)
As equações (II.2) e (II.3) descrevem a forma pela qual as potências ativa e reativa são transferidas entre
duas barras de um sistema. De acordo com (II.2), pode-se observar que para valores constantes1 de tensões
terminais Vk e Vm o fluxo de potência ativa obedece à seguinte expressão:
Pkm = Pkm
max
sen δ
Vk Vm
max
sendo Pkm = o maior valor de potência ativa transmitida pela linha de transmissão km (capacidade de
xkm
transmissão estática) ou seu limite de estabilidade estática, somente atingido quando sen δ = ±1 , ou seja,
quando δ = ±90 . Assim, a potência ativa transmitida por uma linha de transmissão está intimamente
relacionada com sua abertura angular δ, conforme ilustra a Figura II.2.
[ max
Pkm % de Pkm ]
100
50
-50
-100
1
Observar que as tensões de operação em regime permanente dos sistemas de energia elétrica, usualmente, não sofrem
variações acentuadas e permanecem próximas aos seus valores nominais.
Exemplo II.1 – Determinar a capacidade de transmissão estática de duas linhas de transmissão cujo
comprimento é de 200 km:
• Linha 1: 230 kV, 1 condutor por fase com reatância 0,5 Ω/km.
• Linha 2: 765 kV, 4 condutores por fase com reatância 0,35 Ω/km.
Solução Exemplo II.1: Para ambas as linhas, consideram-se que as tensões terminais são iguais aos seus
valores nominais.
Para a Linha 1, cuja reatância total é igual a x1 = 0,5 Ω km × 200 km = 100 Ω , a capacidade de transmissão
trifásica é de:
V V
P1max = 1k 1m =
(230 kV )2 = 529 MW
x1 100 Ω
Para a Linha 2, cuja reatância total é igual a x2 = 0,35 Ω km × 200 km = 70 Ω , a capacidade de transmissão
trifásica é de:
V V
P2max = 2 k 2 m =
(765 kV )2 = 8360 MW
x2 70 Ω
Desta forma, a linha de 765 kV é capaz de transportar o equivalente a mais de 15 linhas de 230 kV.
Embora, individualmente, as cargas existentes no sistema elétrico sejam altamente aleatórias, quando
concentradas por conjuntos de consumidores apresentam caráter previsível. Quanto maior o número de
cargas agrupado, maior será a possibilidade de realizar tal previsão. Além disto, as cargas concentradas
variam com o tempo de maneira também previsível, em função da hora do dia (horário de maior consumo e
horário de menor consumo), do dia da semana (dia útil, final de semana e feriados) e das estações do ano,
conforme ilustrado na Figura II.3 que representa a curva de carga diária de um alimentador.
4.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Na curva de carga de potência ativa da Figura II.3 observa-se um baixo consumo até as 7:00 horas, quando
se inicia um processo de crescimento até o horário do almoço, por volta das 12:00 horas. A partir deste
intervalo o consumo quase se estabiliza em um patamar para iniciar um novo processo de crescimento a
partir das 18:00 horas. O processo de redução inicia-se perto das 21:00 horas, sendo contínuo até as 24:00
horas. A curva de potência reativa segue de forma aproximada a curva de potência ativa, sendo seu valor
inferior à metade do anterior. Pode-se notar o caráter industrial/comercial da carga, em função do elevado
consumo durante o horário comercial e também a presença de residências, em função do aumento de
consumo no horário da ponta (freqüentemente evitado pelas indústrias em função da tarifa maior).
Outra característica importante das cargas de uma maneira geral é seu caráter indutivo, ou seja, a carga típica
consome potência reativa pois é a participação das cargas motoras é significativa. Desta forma, pode-se dizer
que a carga típica de um sistema de energia elétrica pode ser representada de forma simplificada pela
associação série RL da Figura II.4.
I
+
L
SISTEMA
Fonte
V
R
Sendo ω = 2πf a velocidade angular da fonte, a potência complexa consumida pela carga RL é dada por:
2 Z
* ×
V V V2 V2
(R + jωL )
* Z
S =V I =V = * = Z=
R 2 + (ωL )
2 2
Z Z Z
Isolando as partes real e imaginária, tem-se:
{}
P = Re S = f (ω ,V ) = 2
R
V2 (II.4)
R + (ωL )
2
{}
Q = Im S = g (ω ,V ) = 2
ωL
V2 (II.5)
R + (ωL )
2
Para cargas compostas, uma relação funcional do tipo (II.4) e (II.5), via de regra, não é possível de ser
determinada. Neste caso, para pequenas variações na velocidade angular, ∆ω, ou na magnitude da tensão,
∆V, tem-se:
∂P ∂P
∆P ≈ ∆ω + ∆V (II.6)
∂ω ∂V
∂Q ∂Q
∆Q ≈ ∆ω + ∆V (II.7)
∂ω ∂V
∂P ∂P ∂Q ∂Q
sendo as quatro derivadas parciais , , e obtidas empiricamente. Estas derivadas fazem o
∂ω ∂V ∂ω ∂V
papel dos parâmetros da carga, descrevendo a natureza desta em torno dos níveis nominais de freqüência e
tensão. Um exemplo de uma carga típica pode apresentar a seguinte composição:
∂P ∂Q
≈ 1 ≈ 1,3
∂V ∂V
A freqüência em um sistema de energia elétrica deve ser mantida dentro de limites rigorosos pois:
• A maioria dos motores de corrente alternada gira com velocidades diretamente relacionadas com a
freqüência e
• O sistema pode ser mais efetivamente controlado se a freqüência for mantida dentro de limites estreitos.
Desta forma, o controle da velocidade dos geradores pode ser utilizado a cada instante de tempo para ajustar
a quantidade de energia produzida à demanda do momento. Tal controle é realizado pelo regulador de
velocidade das máquinas motrizes dos geradores (constituídas, principalmente, por turbinas hidráulicas e
térmicas) que regulam a potência mecânica fornecida ao eixo do gerador de modo a manter sua velocidade
constante (por intermédio do controle do fluxo de água ou vapor). Este controle é empregado para corrigir
pequenos déficits ou superávits de potencia ativa no sistema; o despacho dos geradores, ou seja, a
definição de quanto cada unidade irá produzir em cada hora do dia, é estabelecida a priori, considerando a
carga prevista, a disponibilidade dos geradores, o melhor uso da água e o custo de geração.
De forma análoga ao caso anterior, no qual a manutenção da freqüência no sistema é a melhor garantia de
que o balanço da potência ativa está sendo mantido no sistema, um perfil constante de tensão em todo
sistema garante que o equilíbrio entre a potência reativa “produzida” e “consumida” está sendo mantido.
Considere o seguinte sistema, sem perdas ativas, no qual a tensão da barra k é mantida constante e igual a
V k , a impedância da linha é Z km = jxkm , conforme mostrado na Figura II.5.
V k = Vk 0 V m = Vm θ m
k I km Z km = jxkm m
S = P + jQ
Figura II.5 – Sistema de duas barras.
Para o sistema da Figura II.5, a tensão na barra m pode ser obtida por:
V m = V k − I km Z km = V k − jxkm I km (II.8)
Supondo que as perdas de potência reativa na linha sejam desprezíveis, a potência entregue para a carga é a
mesma que está sendo transmitida de k para m e a corrente pela linha é dada por:
*
* S P − jQ P − jQ P − jQ
S = S km = V k I km ⇒ I km ≈ =
*
= = (II.9)
V k Vk Vk 0 Vk
Substituindo (II.9) em (II.8), tem-se a seguinte expressão, cujo diagrama fasorial encontra-se na Figura II.6:
Vk 0 I km
P − jQ x x
V m = V k − jxkm = Vk − km Q − j km P
Vk Vk Vk
xkm
Q
Vk
V k = Vk 0
xkm
j P
Vk
I km jxkm I km
V m = Vm θ m
• Uma variação na potência reativa Q afeta o fasor queda de tensão que está em fase com V k , afetando
significativamente o módulo do fasor V m .
Exercício II.1 – Considerando o sistema de duas barras da Figura II.5, completar a Tabela II.1 com o
diagrama fasorial correspondente a cada uma das situações de carga (P e Q podendo ser positivos ou
negativos) e sinal da reatância da linha de transmissão (indutiva, com xkm > 0 , ou capacitiva, com xkm < 0 ).
Representar, no mínimo os fasores V k , I km , V m e suas componentes.
Q>0 V k = Vk 0 V k = Vk 0
P>0
Q<0 V k = Vk 0 V k = Vk 0
Q>0 V k = Vk 0 V k = Vk 0
P<0
Q<0 V k = Vk 0 V k = Vk 0
Exercício II.2 – Efetuar análise similar à realizada na Seção II.4, supondo que a impedância da linha seja
igual a Z km = rkm + jx km . Considerar três casos distintos rkm >> xkm , rkm ≈ xkm e xkm >> rkm .
As linhas de transmissão são os equipamentos empregados para transportar grandes blocos de energia por
grandes distâncias, entre os centros consumidores e os centros geradores. No Brasil, em função do parque
gerador ser baseado na energia hidrelétrica, o sistema de transmissão desempenha um papel muito
importante pois as distâncias entre os centros consumidores e geradores são elevadas.
Os dados do setor elétrico brasileiro podem ser obtidos nos boletins do Sistema de Informações Empresariais
do Setor de Energia Elétrica (SIESE) que é parte do Sistema Integrado de Informações Energéticas (SIE) da
Secretaria Geral do Ministério das Minas e Energia (MME). Um extrato do relatório, referente às linhas de
transmissão encontra-se no Quadro III.1.
Uma linha de transmissão de energia elétrica possui quatro parâmetros básicos: resistência série, indutância
série, capacitância em derivação e condutância em derivação. Estes parâmetros influem diretamente no seu
comportamento como componente de um sistema de energia elétrica mas, a condutância em derivação
(utilizada para representar a fuga pelos isoladores e corona de linhas aéreas ou isolação dos cabos
subterrâneos) geralmente é desprezada por ser muito pequena.
Assim, para a análise do regime permanente de uma linha de transmissão serão considerados apenas três
parâmetros: resistência série, indutância série e capacitância em derivação.
Na construção de linhas de transmissão são empregados largamente os condutores de alumínio devido aos
seguintes fatores:
• Menor custo e peso;
• Maior diâmetro que equivalente em cobre (portanto menor densidade de fluxo elétrico na superfície
proporcionando um menor gradiente de potencial e menor tendência à ionização do ar – efeito corona).
Os nomes código dos cabos CA são nomes de flores (por exemplo: 4 AWG Rose; 266,8 MCM Daisy; 636
Orchid) e dos cabos CAA são nomes de aves (por exemplo: 1 AWG Robin; 636 MCM Grosbeak; 1590
Falcon).
A resistência série é a principal causa das perdas de energia nas linhas de transmissão.
Na determinação da resistência dos condutores devem ser levados em conta os seguintes aspectos:
• Para a faixa normal de operação, a variação da resistência de um condutor metálico é praticamente
linear, ou seja:
T + T2
R2 = R1 0 (III.2)
T0 + T1
onde:
R1 – Resistência à temperatura T1 [Ω]
R2 – Resistência à temperatura T2 [Ω]
2 o
T0 – Constante do material [ C]
• Em cabos encordoados, o comprimento dos fios periféricos é maior que o comprimento do cabo (devido
ao encordoamento helicoidal). Isto acresce à resistência efetiva em 1 a 2%.
Em corrente alternada (CA), devido ao efeito pelicular (skin), a corrente tende a concentrar-se na superfície
do condutor. Isto provoca um acréscimo na resistência efetiva (proporcional à freqüência) observável a 60
Hz (em torno de 3%).
Exemplo III.1 – Para o cabo de alumínio Marigold 1113 MCM ( 61× 3,432 mm ), a resistência em CC a
20oC é igual a 0,05112 Ω/km e a resistência CA-60 Hz a 50oC é 0,05940 Ω/km. Determinar:
a) O acréscimo percentual na resistência devido ao encordoamento.
b) O acréscimo percentual na resistência devido ao efeito pelicular.
2
Utilizando a expressão (III.1), tem-se:
l 1000 m km
RCC = ρ = 2,83 × 10 −8 Ωm = 0,05015 Ω
5,643 × 10 −4 m 2
km
A
Portanto, o acréscimo devido ao encordoamento , ∆ enc , é:
ef Ω
RCC 0,05112
= km
= 1,019 ⇒ ∆ enc = 1,9 %
RCC 0,05015 Ω
km
1
Para o alumínio têmpera dura a 20o C, ρ = 2,83 × 10 −8 Ωm .
2
Para o alumínio têmpera dura a 20o C, T0 = 228 C .
Um condutor constituído de dois ou mais elementos ou fios em paralelo é chamado condutor composto –
observar que isto inclui os condutores encordoados e também os feixes (bundles) de condutores.
Sejam os dois condutores compostos arranjados conforme a Figura III.1. O condutor x é formado por n fios
cilíndricos idênticos, cada um transportando a corrente I n e o condutor de retorno Y é formado por M fios
cilíndricos idênticos, cada um transportando a corrente I .
M
b
a A B
DbC
Dbn
c C
n M
Condutor x Condutor Y
Figura III.1 – Seção transversal de uma linha monofásica constituída por dois condutores compostos.
Considerando as distâncias indicadas na Figura III.1, a indutância dos fios a e b que fazem parte do condutor
x são dadas por:
µ M D D D DaM
La = n ln aA aB aC
[H/m]
2π n r′D D
a ab ac D an
µ M D D D DbM
Lb = n ln bA bB bC
[H/m]
2π n rb′Dba Dbc Dbn
onde:
µ = µr µ0 – Permeabilidade do meio3 (para o vácuo, µ 0 = 4π 10 −7 H
m = 4π 10 −4 H
km ) [H/m]
Dαβ – Distância entre os fios α e β [m]
rα′ – Raio de um condutor fictício (sem fluxo interno) porém com a mesma indutância que o
−1
condutor α, cujo raio é rα (para condutores cilíndricos, rα′ = rα ⋅ e 4 ) [m]
Nas expressões anteriores, é imprescindível que Dαβ e rα′ estejam na mesma unidade (em metros, por
exemplo).
3
Geralmente é utilizada a permeabilidade do vácuo pois, para o ar, a permeabilidade relativa é unitária: µ r ≈ 1 .
A indutância do condutor composto x é igual ao valor médio da indutância dos fios dividido pelo número de
fios (associação em paralelo), ou seja:
La + Lb + Lc + + Ln
L x médio n L + Lb + Lc + + Ln
Lx = = = a [H/m]
n n n2
Segue daí que:
Mn (D D DaM )(DbA DbB DbM ) (DnA DnB DnM )
µ
Lx = ln 2 aA aB [H/m] (III.3)
2π n (Daa Dab Dan )(Dba Dbb Dbn ) (Dna Dnb Dnn )
onde Dαα = rα′ . O numerador da expressão (III.3) é chamado de Distância Média Geométrica (DMG) e é
notado por Dm ; o denominador é chamado de Raio Médio Geométrico (RMG) e é notado por Ds . Assim,
µ Dm
Lx = ln [H/m] (III.4)
2π Ds
com:
Dm – Distância Média Geométrica (DMG):
Dm = Mn (DaA DaB DaM )(DbA DbB DbM ) (DnA DnB DnM ) [m]
Ds – Raio Médio Geométrico (RMG):
Ds = n (Daa Dab Dan )(Dba Dbb Dbn ) (Dna Dnb Dnn ) [m]
2
Considere a linha trifásica transposta com espaçamento assimétrico mostrada na Figura III.2.
D12
2
Condutor B Condutor C Condutor A Posição 2
D13
D23
Transposição
Posição 3
3
1 1 1
/3 comprimento /3 comprimento /3 comprimento
Para a linha da Figura III.2, a indutância média por fase é dada por:
µ Deq
L= ln [H/m] (III.5)
2π Ds
onde:
Deq – Distância média geométrica entre condutores Deq = 3 D12 D23 D31 [m]
Ds – Raio médio geométrico do condutor [m]
Observar a semelhança entre as expressões (III.4) e (III.5). Em linhas constituídas por mais de um condutor
por fase, o raio médio geométrico deve ser calculado como anteriormente, ou seja:
Ds = n (Daa Dab Dan )(Dba Dbb Dbn ) (Dna Dnb Dnn )
2
e os termos empregados no cálculo da distância média geométrica (D12 , D23 e D31 ) correspondem às
distâncias médias geométricas entre cada uma das combinações das fases, ou seja, DxY é dado por:
DxY = Dm = Mn (DaA DaB DaM )(DbA DbB DbM ) (DnA DnB DnM )
Os valores do raio médio geométrico de cada condutor (Daa, Dbb, etc.) podem ser obtidos diretamente nas
tabelas dos fabricantes, juntamente com os demais dados dos cabos (nome código, seção transversal,
formação, número de camadas, diâmetro externo e resistência elétrica), ou podem ser determinados por
intermédio da seguinte expressão:
Dαα = 0,5Dα × K g
onde Dα é o diâmetro externo do condutor α e Kg uma constante que depende de sua formação (quantidade
e tipo de fios), cujos valores encontram-se no Quadro III.2.
Para condutores de alumínio, observar que à medida que o número de fios aumenta o fator de formação (Kg)
−1
se aproxima do valor determinado para condutores cilíndricos maciços, que corresponde a e 4 = 0,7788 .
Exemplo III.2 – Determinar o raio médio geométrico do condutor de alumínio com alma de aço Pheasant
1272 MCM, formado por 54 fios de alumínio e 19 de aço (54/19) que possui um diâmetro externo de
3,5103 cm.
Solução Exemplo III.2: Do Quadro III.2, tem-se que o fator de formação correspondente (54/19) é dado
por Kg =0,8099. Substituindo na expressão, tem-se:
Dαα = 0,5Dα × K g = 0,5 × 3,5103 cm × 0,8099 = 1,4215 cm
Para uma linha de transmissão monofásica formada por condutores de raio r, conforme a mostra Figura III.3,
a capacitância entre os dois fios desta linha é dada por:
πk
C ab = [F/m]
D
ln
r
onde k é a permissividade do meio ( k 0 = 8,85 × 10 −12 F
m = 8,85 × 10 −9 F
km , é a permissividade do vácuo,
geralmente empregada no cálculo de linhas aéreas).
a b
D
Figura III.3 – Seção transversal de uma linha monofásica.
Assim, a capacitância de qualquer um dos fios ao neutro corresponde ao dobro do valor determinado pela
expressão anterior (associação série de capacitores), conforme ilustra a Figura III.4.
C aN C bN
C ab a b
N
a b
C aN = C bN = 2C ab
Capacitância linha/linha
Capacitância linha/neutro
Figura III.4 – Capacitâncias linha/linha e linha neutro.
Desta forma, a expressão da capacitância entre linha/neutro, para uma linha monofásica é dada por:
2πk
CN = [F/m] (III.6)
D
ln
r
Para uma linha de transmissão trifásica espaçada igualmente e formada por condutores de raio r, conforme
mostra a Figura III.5, a capacitância entre linha/neutro de qualquer uma das fases pode ser obtida, também,
pela expressão (III.6).
b
D D
a c
D
Figura III.5 – Seção transversal de uma linha trifásica.
Observar que na expressão (III.5) não foi contemplada a existência da terra que causa uma descontinuidade
no meio dielétrico (passa de isolante para condutivo). Embora a consideração do efeito da terra, geralmente,
não provoque alterações significativas no valor da capacitância (em outras palavras, a capacitância entre as
fases é muito maior do que a capacitância entre as fases e a terra), é possível determinar esta componente
aplicando-se o método das imagens.
Considerando os condutores fase e as imagens, mostrados na Figura III.6, a capacitância média com relação
ao neutro é dada por4:
2πk 2πk
CN = = [F/m] (III.7)
Deq 3 Daβ Dbχ Dcα Deq 3 Daα Dbβ Dcχ
ln − ln ln + ln
r 3 Daα Dbβ Dcχ r 3 Daβ Dbχ Dcα
sendo Deq = 3 Dab Dba Dca a distância média geométrica entre condutores. Observar a semelhança entre as
expressões (III.6) e (III.7). Como os condutores das linhas de transmissão são suspensos e adquirem a forma
de uma catenária, a altura adotada no cálculo da capacitância é diferente da altura de suspensão (H), pois o
cabo apresenta uma flecha f, sendo sua altura média é inferior. Usualmente, a altura empregada no cálculo, h,
é dada por: h = H − 0,7 f .
Condutores b
Dab
a Dbc
Dca c
Superfície do solo
D aβ Dcα Dbχ
χ
α
Imagens
β
Figura III.6 – Seção transversal de uma linha trifásica assimétrica e sua imagem.
4
As duas expressões a seguir são idênticas, apenas diferem com relação ao sinal e a expressão do 2o termo do
denominador – lembrar que ln(a b ) = − ln(b a ) . Observar que o termo 3 Daβ Dbχ Dcα (diagonais) sempre é maior que
3 Daα Dbβ Dcχ (verticais), motivo pelo qual o segundo termo sempre reduz o valor do denominador, ou seja, a
consideração do efeito da terra aumenta a capacitância com relação à terra.
Exemplo III.3 – Para as duas configurações abaixo (vertical e horizontal), determinar a indutância série e a
capacitância em derivação por unidade de comprimento (km). Considerar que ambas as linhas são
transpostas.
a
Vertical
D
µ = µ 0 = 4π 10 −4 H
km
b
k = k0 = 8,85 × 10 −9 F km Horizontal
D Cabo 636 MCM Grosbeak
r = 1,257 cm a b c
c
D D
D s = 1,021 cm (RMG)
D = 7, 0 m
H H = 20 m H
Superfície do solo
5
Isto explica porque o efeito da terra é muitas vezes desprezado no cálculo da capacitância das linhas de transmissão.
Exemplo III.4 (Provão 2002) – Questão relativa às matérias de Formação Profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
Exercício III.1 – Descrever e demonstrar com exemplo as alterações necessárias na disposição dos cabos
(altura, arranjo das fases, arranjo do bundle, etc.) para:
a) Reduzir a indutância série de uma linha de transmissão.
b) Aumentar a capacitância em derivação de uma linha de transmissão.
Embora as linhas nem sempre possuam espaçamento eqüilátero e sejam plenamente transpostas, a assimetria
resultante em sistemas de alta e extra-alta tensão é pequena e as fases podem, geralmente, ser consideradas
equilibradas (via de regra, a carga é bastante equilibrada).
Os parâmetros utilizados nos estudos de fluxo de carga para representar linhas curtas e médias podem ser
obtidos diretamente das expressões anteriores – basta multiplicá-los pelo comprimento da linha de
transmissão. Para linhas longas é necessário fazer uma correção para considerar que os parâmetros são
distribuídos.
Qualquer linha de transmissão pode ser representada de modo exato, a partir dos seus terminais, por um
circuito π equivalente, como mostrado na Figura III.7, onde:
′
γ ⋅l
′ Y Y km
tanh
Y km
=
km 2
2 2 2 γ ⋅l
2
Logo, para linhas de transmissão médias, pode-se utilizar diretamente a impedância série total da linha (pois
′ ′
Z km = Z km ) e a metade da admitância em derivação total (pois Y km 2 = Z km 2 ), resultando no chamado
circuito π nominal.
Para linhas de transmissão curtas, pode-se desprezar a admitância em derivação e utilizar-se somente a
impedância série total da linha.
Exercício III.2 – Para a configuração vertical do Exemplo III.2, determinar o circuito equivalente,
considerando a resistência em corrente alternada por unidade de comprimento igual a r = 0,10054 Ω km , 60
Hz, e que o comprimento da linha é:
a) 500 km (linha longa)
b) 150 km (linha média)
c) 50 km (linha curta).
Após realizadas as correções necessárias para levar em conta o comprimento, a representação das linhas de
transmissão no fluxo de carga é realizada pelo seu equivalente π, mostrado na Figura III.8 que é definido por
sh
três parâmetros: a resistência série rkm ; a reatância série xkm e a susceptância em derivação (shunt) bkm .
V k = Vk θ k V m = Vm θ m
k I rkm jx km m
I km I mk
sh sh
jb km jb km
(
I km = Y km V k − V m + jbkm
sh
)
V k = Y km + jbkm
sh
(
V k − Y kmV m ) (III.8)
I mk = Y km (V m −V k ) + jb
sh
km V m (
= −Y kmV k + Y km + jbkm
sh
Vm ) (III.9)
= V k Y km − jbkm
sh
V k − Y km V m = Y km − jbkm Vk − Y km V k V m
* * * * * sh 2 * *
*
Sabendo que V k V m = Vk Vm θ k − θ m e definindo θ km = θ k − θ m ,
[ (
S km = g km − j bkm + bkm
sh
)]
Vk2 − ( g km − jbkm )Vk Vm θ km
= [g − j (b )]V
(III.10)
km km + bkm
sh
k
2
− VkVm (g km − jbkm )(cosθ km + j senθ km )
Separando as partes real e imaginária, chega-se a:
(
Qkm = −Vk2 bkm + bkm
sh
)
− Vk Vm (g km sen θ km − bkm cosθ km ) (III.12)
* * *
= V m Y km − jbkm V m − Y km V k = Y km − jbkm
* * sh 2 * *
Vm − Y km V m V k
sh
cujas partes real e imaginária são:
(
Qmk = −Vm2 bkm + bkm
sh
)
− Vk Vm ( g km sen θ mk − bkm cosθ mk ) (III.14)
rkm I Vk
jx km I
θ km
V km
Vm I
Figura III.9 – Diagrama fasorial da linha de transmissão.
As perdas de potência ativa e reativa em uma linha de transmissão podem, então, ser determinadas somando-
se, respectivamente, as expressões (III.11) com (III.13) e (III.12) com (III.14), ou seja:
( )
Pperdas = Pkm + Pmk = Vk2 + Vm2 g km − 2Vk Vm g km cosθ km
Qperdas = Qkm + Qmk = (
− Vk2 )(
+ Vm2 bkm + bkm
sh
)
+ 2Vk Vm bkm cosθ km
As expressões (III.8) e (III.9), podem ser arranjadas de outra forma, tendo em vista possibilitar a
representação da linha de transmissão por um quadripolo, conforme mostrado na Figura III.10.
I km I mk
+ +
V m A B V k
V k = Vk θ k = ⋅ V m = Vm θ m
I mk C D I km
– –
Vm =
1
Y km
[(Y km + jbkm
sh
)
] jb sh
V k − I km = 1 + km V k −
Y km
1
Y km
(
I km = 1 + Z km jbkm
sh
)
V k − Z km I km (III.15)
( sh
)
jb sh
( sh
)
jb sh Y + jbkm sh
1
I mk = Y km + jbkm 1 + km V k − I km − Y km V k = Y km + jbkm 1 + km V k − km
I km − Y km V k =
Y km Y km Y km Y km
( ) jb sh sh sh jbkm
sh sh sh
sh jbkm jbkm
= Y km + jbkm
sh
+ Y km + jbkm − Y km V k − 1 + km I km = jbkm + jbkmsh
+ jbkm V k − 1 + I km
Y km Y km Y km Y km
sh
I mk = jbkm
jb sh
Y km
jb sh
2 + km V k − 1 + km I km = jbkm
Y km
sh
2 + Z km jbkm
sh
(
V k − 1 + Z km jbkm
sh
)I km ( ) (III.16)
Assim, os parâmetros do quadripolo são: A = 1 + Z km jbkm
sh
B = − Z km
C = jbkm
sh
(
2 + Z km jbkm
sh
) (
D = − 1 + Z km jbkm
sh
).
Exemplo III.5 (Provão 2000) – Questão relativa às matérias de Formação Profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
IV – O transformador
Os transformadores de força são os equipamentos utilizados para viabilizar a transmissão de energia elétrica
em alta tensão. Desta forma, são instalados nas usinas de geração, para elevar a tensão em níveis de
transmissão (no Brasil de 69 kV a 750 kV), nas subestações dos centros de consumo (subestações de
distribuição ou subestações de grandes consumidores), para rebaixar o nível de tensão em níveis de
distribuição (tipicamente 13,8 e 23 kV) e também nas subestações de interligação para compatibilizar os
diversos níveis de tensão provenientes das diversas linhas de transmissão que aportam.
Para se ter uma noção da importância destes equipamentos no setor elétrico, apresenta-se o Quadro IV.1 no
qual a potência instalada em subestações corresponde aos equipamentos de transformação.
O objetivo deste capítulo é a definição do modelo do transformador para estudos de transmissão de potência
elétrica em regime permanente, ou seja, considerando tensões e correntes senoidais em freqüência industrial.
Além disto, considera-se que os transformadores operam em condições equilibradas. Desta forma, os
modelos e resultados apresentados a seguir não se aplicam a estudos de transitórios de alta freqüência, de
curto-circuito ou de harmônicos.
O modelo dos transformadores de força para estudos de fluxo de potência são similares aos transformadores
de menor porte, desconsiderando-se os efeitos da corrente de magnetização.
Em um transformador ideal considera-se que a resistência elétrica dos enrolamentos é nula (logo não existe
queda de tensão na espira em função desta resistência e a tensão induzida pela variação do fluxo é igual à
tensão terminal) e que a permeabilidade do núcleo é infinita (portanto todo o fluxo fica confinado ao
núcleo e enlaça todas as espiras). Levando em conta as polaridades indicadas na Figura IV.1, têm-se as
seguintes relações entre as tensões terminais:
v1 (t ) = N1 φ1 (t ) = N1 φ m (t )
d d
dt dt
v2 (t ) = N 2 φ 2 (t ) = N 2 φ m (t )
d d
dt dt
Assim, a relação entre as tensões terminais é dada por:
v1 (t ) N1
= (IV.1)
v2 (t ) N 2
N1 espiras φm (t )
N2 espiras
i1 (t ) φ () i 2 (t )
+ +
v1 (t ) v 2 (t )
– –
Fluxo em 1: Fluxo em 2:
φ1 (t ) = φ m (t ) φ 2 (t ) = φ m (t )
Os enrolamentos onde se ligam as fontes de energia e as cargas são geralmente denominados primário e
secundário, respectivamente.
De forma alternativa, as relações (IV.1) e (IV.2) podem ser obtidas levando-se em consideração que um
transformador ideal constitui um caso particular de circuitos magneticamente acoplados no qual o coeficiente
de acoplamento entre os enrolamentos é igual a unidade, ou seja, K = 1 . Para as polaridades indicadas na
Figura IV.2, são válidas as seguintes expressões:
v1 (t ) = L1 i1 (t ) − M i2 (t )
d d
(IV.3)
dt dt
v2 (t ) = M i1 (t ) − L2 i2 (t )
d d
(IV.4)
dt dt
i1 (t ) i 2 (t )
i1 (t ) i 2 (t )
K=1
+ • • +
+ • • +
L1 L2 M = K L1 L2
v1 (t ) v 2 (t ) v1 (t )
+ v 2 (t ) M = L1 L2
– – di (t ) di (t )
N1 : N 2 M 2 M i
dt dt
+
– –
M2
M = L1 L2 ⇒ M 2 = L1 L2 ⇒ L1 − =0 (IV.6)
L2
L1αN12
L2αN 22
M L1 L2 L1 M N12 M N1
= = ⇒ = ⇒ = (IV.7)
L2 L2 L2 L2 N 22 L2 N 2
N φ (t )
pois as auto-indutâncias são proporcionais ao quadrado do número de espiras L1 = 1 1 , com
i1 (t )
N [P N1i1 (t )]
φ1 (t ) = P N1i1 (t ) , sendo P a permeância do espaço atravessado pelo fluxo, então L1 = 1 = P N12 .
i1 (t )
Substituindo (IV.6) e (IV.7) na expressão (IV.5), chega-se a expressão (IV.1):
v1 (t ) N1
v1 (t ) = 0 i1 (t ) + 1 v2 (t ) = 1 v 2 (t )
d N N
⇒ =
dt N2 N2 v2 (t ) N 2
I1 I2
N1 : N 2
+ +
• •
Transformador
Ideal V1 V2
– Ideal –
Considerando as polaridades indicadas na Figura IV.3 e as expressões gerais (IV.1) e (IV.2), o regime
permanente senoidal do transformador ideal pode ser descrito por:
V 1 N1 N2
= ⇒ V2 = V1
V 2 N2 N1
I1 N2 N
= ⇒ I 2 = 1 I1
I 2 N1 N2
N
fazendo a = 2 , a relação de espiras do transformador ideal, pode-se escrever:
N1
1
V 2 = aV 1 ⇒ V1 = V 2
a
1
I2 = I1 ⇒ I 1 = aI 2
a
ref V 1 1200 0
Z2 = = = 240 30 Ω
I 1 5 − 30
ou
N1
V2 2 2 2
ref V 1 N2 N 1 V 2 N1 2000
Z2 = = = = Z 2 = 15 30 = 240 30 Ω
N2 500
I1 I 2 N2 I 2 N2
N1
Utilizando a magnitude das tensões terminais nominais como tensões de base tem-se, os seguintes valores de
base para o primário e secundário, respectivamente:
pri
Vbase – Tensão de base do primário [kV]
N 2 pri
sec
Vbase –
sec
Tensão de base do secundário: Vbase = Vbase [kV]
N1
Sendo S base a potência de base do sistema, as correntes de base para o primário e secundário,
respectivamente, são:
S
pri
I base = base
pri
Vbase
S base S base N pri
sec
I base = sec
= = 1 I base
Vbase N 2 pri N2
Vbase
N1
Portanto, quando as grandezas estiverem em pu, o transformador ideal com relação nominal pode ser
substituído por um curto-circuito, conforme mostrado na Figura IV.4, pois tanto a tensão quanto a corrente
apresentam o mesmo valor em ambos enrolamentos – vide equações (IV.8) e (IV.9).
I 1 pu I 2 pu I 1 pu I 2 pu
+ + + +
Transformador
V 1 pu Ideal V 2 pu V 1 pu V 2 pu
em pu
– – – –
No transformador real de dois enrolamentos, as resistências dos enrolamentos não são nulas (serão notadas
por r1 e r2 , respectivamente, para o primário e secundário), nem todo o fluxo que enlaça um enrolamento
enlaça o outro pois a permeabilidade do núcleo não é infinita, isto é, existem fluxos dispersos nos
enrolamentos cujos efeitos são representados por intermédio das reatâncias de dispersão x1 e x2 ,
respectivamente, para o primário e secundário. Além disto, ocorrem perdas devido às variações cíclicas do
sentido do fluxo (histerese) e também devido às correntes parasitas induzidas no núcleo. Assim, mesmo
com o secundário em aberto, existe uma pequena corrente circulando no primário quando este é energizado,
denominada corrente de magnetização – o efeito deste fenômeno é representado pela impedância de
magnetização rm e x m , colocada em derivação no primário do transformador (ou no secundário).
Considerando os efeitos anteriormente mencionados, o transformador real de dois enrolamentos pode ser
representado por um circuito composto por transformador ideal de dois enrolamentos e algumas
impedâncias para representar o efeito das perdas ôhmicas, devido ao fluxo disperso e à magnetização,
conforme ilustra a Figura IV.5
Fluxo disperso em 1: Fluxo disperso em 2:
φm (t )
φ1disp (t ) φ () φ 2disp (t )
i1 (t ) i 2 (t )
+ +
v1 (t ) v 2 (t )
– –
N1 espiras N2 espiras
I1 r1 + jx1 r2 + jx 2 I2
N1 : N 2
+ +
• •
Transformador
Real V1 V2
rm jxm
– Ideal –
I1 r1 + jx1 r2 + jx2 I2
+ +
Transformador Im
Real em pu
V1 V2
rm jxm
– –
neste ensaio é significativamente menor que o valor nominal e a corrente de magnetização corresponde a
uma fração muito pequena do valor nominal. Considerando que o enrolamento secundário tenha sido curto-
(
circuitado e que a corrente que circula por este é igual ao seu valor nominal I 2 = 1 0 pu , o circuito )
equivalente do ensaio de curto-circuito é dado pela Figura IV.7. Neste circuito equivalente, a impedância
medida nos terminais do enrolamento energizado é dada por:
V1
Z= = r1 + jx1 + r2 + jx 2
I1
Corrente nominal nos enrolamentos
I 1 ≈ I 2 = 1 0 pu r1 + jx1 r2 + jx 2 I 2 = 1 0 pu
+ +
Im ≈0
V1 Magnetização V2 =0
desprezada rm jx m
– –
Como exemplo das características elétricas dos transformadores em nível de distribuição, têm-se os valores
do Quadro IV.2. Em transformadores de maior potência e nível de tensão, as perdas em vazio e as perdas
totais apresentam valores percentuais (em função da potência nominal) menores, sendo inferiores a 0,1 e
0,5%, respectivamente.
Levando em conta as características reais dos grandes transformadores, as perdas nos enrolamentos1 (devido
a r1 e r2 ) e no núcleo2 (devido a rm e x m ) são muito pequenas quando comparadas com a potência do
transformador sendo, geralmente, desprezadas. Desta forma, o modelo equivalente do transformador fica
bastante simplificado, conforme mostra a Figura IV.9.
1
Cujo valor nominal corresponde à diferença entre as perdas totais e as perdas em vazio.
2
Ou perdas em vazio.
I1 jx I2
+ +
jx = jx1 + jx2
V1 V2
– –
Figura IV.9 – Circuito simplificado em pu do transformador real de dois enrolamentos.
Exemplo IV.2 – Um transformador monofásico tem 2000 espiras no enrolamento primário e 500 no
secundário. As resistências dos enrolamentos são r1 = 2 Ω e r2 = 0,125 Ω ; as reatâncias de dispersão são
x1 = 8 Ω e x 2 = 0,5 Ω . A carga ligada ao secundário é resistiva e igual a 12 Ω. A tensão aplicada ao
enrolamento primário é de 1200 V. Determinar o fasor tensão secundária e a regulação de tensão do
transformador:
vazio carga
V2 −V2
Regulação% = carga
100%
V2
carga vazio
onde V 2 é a magnitude da tensão no secundário com plena carga e V 2 é a magnitude da tensão no
secundário em vazio.
Solução Exemplo IV.2: Utilizando uma potência de base de 7500 VA e as tensões nominais, tem-se:
S base = 7500 VA
N pri 500
pri
Vbase = 1200 V sec
Vbase = 2 Vbase = 1200 = 300 V
N1 2000
pri
Z base =
(V ) pri 2
base
=
1200 2
= 192 Ω sec
Z base =
(V )
sec 2
base
=
300 2
= 12 Ω 3
S base 7500 S base 7500
Desta forma, os valores das impedâncias do circuito equivalente em pu são dados por:
r + jx 2 + j 0,125
Z 1 = 1 pri 1 = = (0,0104 + j 0,0417 ) pu
Z base 192
r2 + jx2 0,125 + j 0,5
Z2 = sec
= = (0,0104 + j 0,0417 ) pu
Z base 12
carga 12 12
Z 2 = sec = = 1 pu
Z base 12
e o circuito equivalente em pu desconsiderando a impedância de magnetização é dado pelo circuito a seguir.
I1 Z 1 = r1 + jx1 Z 2 = r2 + jx 2 I2
+ +
carga
V 1 = 1 pu V2 Z2
– –
Valores em pu
Circuito primário Circuito secundário
Com a carga conectada, a tensão nos terminais do secundário do transformador é dada por:
carga
carga Z2 1
V 2 = V1 = 1
Z1 + Z1 +
carga
Z2 0,0104 + j 0,0417 + 0,0104 + j 0,0417 + 1
carga carga
V 2 = 0,9764 − 4,67 pu V2 = 300 × 0,9764 − 4,67 = 292,9 − 4,67 V
Em vazio (sem a carga conectada), como não existe corrente circulando, não existe queda de tensão na
impedância série e a tensão nos terminais do secundário do transformador é igual à tensão primária:
vazio
V2 = V 1 = 1 pu
3
Observar que a potência de base foi previamente escolhida para que a impedância da carga fosse igual a 1 pu.
A solução anterior poderia ter sido obtida sem transformar as grandezas para pu, utilizando reflexão de
impedâncias.
N 1 2000
A relação nominal do transformador é dada por: a NOM = = =4
N2 500
Refletindo a impedância série do secundário para o circuito primário, tem-se a seguinte impedância série
equivalente do primário e secundário:
R = r1 + r2 (a NOM ) = 2 + 0,125 ⋅ 4 2 = 4 Ω
2
X = x1 + x 2 (a NOM ) = 8 + 0,5 ⋅ 4 2 = 16 Ω
2
(a NOM )2 = 12 ⋅ 4 2 = 192
carga carga
Z ref = Z2 Ω
I2
I1 R + jX a NOM
+ +
carga
V 1 = 1200 V Z ref a NOM V 2
– –
Com a carga conectada, a tensão nos terminais do secundário do transformador é dada por:
carga
carga Z ref 192
a NOM V 2 = V1 = 1200 = 1171,6 − 4,67 V
Z+
carga
Z ref 4 + j16 + 192
carga 1171,6 − 4,67 1171,6 − 4,67 carga
V2 = = V2 = 292,9 − 4,67 V
a NOM 4
Em vazio (sem a carga conectada), como não existe corrente circulando, não existe queda de tensão na
impedância série e a tensão nos terminais do secundário do transformador é igual à tensão primária:
vazio
a NOM V 2 = V 1 = 1200 V
vazio 1200 1200 vazio
V 2 = = V2 = 300 V
a NOM 4
vazio carga
V2 −V2
300 − 292,9
Regulação% = carga
100% = 100% Regulação % = 2,42%
V2 292,9
Exemplo IV.3 (Provão 2000) – Questão relativa às matérias de Formação Profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
Com o objetivo de possibilitar um melhor controle da tensão no sistema elétrico, muitas vezes os
(
transformadores operam com relação de transformação diferentes da nominal N1NOM : N 2NOM . Neste caso, )
os transformadores apresentam um enrolamento especial provido de diversas derivações (taps), comutáveis
sob carga ou não. Quando a seleção da derivação é realizada sob carga, o transformador apresenta um
dispositivo denominado comutador de derivações em carga (ou comutador sob carga) que se encarrega de
realizar as conexões necessárias para que seja selecionada a relação de transformação desejada. Para operar
tais comutadores utilizam-se acionamentos motorizados, possibilitando comando local ou à distância,
inclusive com controle automático de tensão. Quando a seleção da derivação é realizada sem carga o
dispositivo é muito mais simples, sendo utilizada apenas uma chave seletora que opera quando o
transformador está desligado.
Por norma, as derivações são numeradas, sendo a derivação “1” a de maior tensão, conforme mostra o
Quadro IV.3 no qual encontram-se exemplos de valores de derivações e relações de tensão para
transformadores em nível de distribuição. Neste caso, no interior do tanque o transformador apresenta uma
chave seletora que possibilita o ajuste do tap quando este estiver desligado.
Tensão [V]
Tensão máxima
Derivação Primário Secundário
do equipamento
N° Trifásicos e Monofásicos
[KV eficaz] Trifásicos Monofásicos
Monofásicos (FF) (FN)
1 13.800 7.967
15,0 2 13.200 7.621 2 terminais
3 12.600 7.275 220 ou 127
1 23.100 13.337 ou
380/220
3 terminais
24,2 2 22.000 12.702 ou
440/220 ou
3 20.900 12.067 220/127
254/127 ou
1 34.500 19.919 240/120 ou
36,2 2 33.000 19.053 230/115
3 31.500 18.187
(FF) - tensão entre fases
(FN) - tensão entre fase e neutro
Fonte: Trafo Equipamentos Elétricos S.A. (disponível em http://www.trafo.com.br/)
Em nível transmissão de energia elétrica os transformadores podem possuir dispositivos para comutação sob
carga, apresentando um maior número de derivações, conforme exemplifica a Tabela IV.1. Observar que as
derivações são realizadas no enrolamento de maior tensão, visando operar com menores correntes no
comutador sob carga.
Considerando toda a impedância série concentrada em apenas um dos enrolamentos (refletida para o
primário, por exemplo) e desprezando as perdas no núcleo, o circuito equivalente do transformador com
relação não-nominal encontra-se na Figura IV.10. Observar, neste caso, que a relação de espiras dos
enrolamentos N1 : N 2 pode ser diferente da relação nominal, dada por N1NOM : N 2NOM .
N1 : N 2
I1 R + jX I2
1: a
+ + + +
• •
V1 E1 E2 V2
– – Ideal – –
N2 E2 I2 1
a= =a =
N1 E1 I1 a
Utilizando as magnitudes das tensões nominais do primário e do secundário com tensões de base
pri N 2NOM pri , define-se a relação nominal como sendo:
Vbase e Vbase
sec
= Vbase
N1NOM
sec
Vbase N 2NOM
a NOM = pri
=
Vbase N1NOM
Considerando a potência de base S base , as correntes de base para o primário e secundário são dadas por:
S
pri
I base = base
pri
Vbase
S base S base 1
sec
I base = sec
= pri
= pri
I base
Vbase a NOMVbase a NOM
Assim, transformando as grandezas para pu, tem-se:
E1
E 1 pu = pri
Vbase
E2 a E1 a E1 a
E 2 pu = sec
= pri
= pri
E 2 pu = E1 pu (IV.10)
Vbase a NOMVbase a NOM Vbase a NOM
I1
I 1 pu = pri
I base
1
I1
I2 a a I1 a NOM
I 2 pu = sec
= = NOM pri I 2 pu = I 1 pu (IV.11)
I base 1 pri a I base a
I base
a NOM
Portanto, mesmo quando as grandezas estão em pu, o transformador com relação não nominal não pode
ser substituído por um curto-circuito, pois tanto a tensão quanto a corrente apresenta valores distintos nos
enrolamentos – vide equações (IV.10) e (IV.11).
A Figura IV.11 mostra um transformador monofásico de três enrolamentos juntamente com o seu circuito
equivalente em pu. Observar que o ponto comum O representado no circuito equivalente, mostrado na Figura
IV.11(b), é fictício e não tem qualquer relação com o neutro do sistema.
φm (t ) Fluxo disperso em 2:
Fluxo disperso em 1:
φ 2disp (t )
φdisp
(t ) i 2 (t )
1
i1 (t ) +
+ v2 (t )
–
v1 (t )
i3 (t )
N2 espiras
– +
N1 espiras v3 (t )
–
N3 espiras
Fluxo disperso em 3:
φ3disp (t )
(a) Transformador de três enrolamentos.
Z 2 = r2 + jx2 I2
I1 Z 1 = r1 + jx1 +
O
+ Z 3 = r3 + jx3 I 3
+
V2
V1 V3
rm jx m
– – –
As impedâncias de qualquer ramo da Figura IV.11(b) podem ser determinadas através da impedância de
curto-circuito entre os respectivos pares de enrolamentos, mantendo o enrolamento restante em aberto
(ensaio de curto-circuito). Desta forma, sendo z12 a impedância obtida no ensaio no qual é aplicada tensão
no enrolamento primário suficiente para fazer circular a corrente nominal quando o secundário está em curto-
circuito e o terciário aberto (vide Figura IV.12), tem-se (desprezando o ramo de magnetização):
Z 12 = Z 1 + Z 2
I 2 = 1 0 pu
Z 2 = r2 + jx2
I 1 ≈ I 2 = 1 0 pu
Z 1 = r1 + jx1 O +
+ Z 3 = r3 + jx3 I 3
Im ≈ 0 +
V2 = 0
V1
V3
rm jxm
– – –
IV.5 – Autotransformador
I1 N1 : N 2 I2
N2
+ 1: a + a=
• • N1
V1 N1 1
V1 V2 = =
V2 N2 a
I1 N2
– Ideal – = =a
I2 N1
• •
• •
• •
• •
Conexões Aditivas Conexões Subtrativas
Figura IV.13 – Transformador ideal conectado como autotransformador.
Em geral utiliza-se a conexão aditiva nas duas formas de operação possíveis, ou seja, como
autotransformador elevador ou rebaixador, conforme ilustra a Figura IV.14.
I2 Iy Ix
+ • + + + •
V2 V1 I1
Ix Iy
– –
+
Vy Vx + +
+
• •
Vx V1 I1 V2 I2 Vy
– – – – – –
1 : a km I pm
(
I mk = − I pm = −Y km akm V k − V m ) I mk = −akm Y km V k + Y km V m (IV.13)
Deste modo, o transformador em fase pode ser representado por um circuito equivalente do tipo π, conforme
está ilustrado na Figura IV.16.
k m
I km I mk
Vk A Vm
B C
A, B, C admitâncias
Para o modelo π da Figura IV.16, onde A, B e C são as admitâncias dos componentes, as correntes I km e
I mk são dadas por:
4
Lembrar que não há dissipação de potência ativa ou reativa no transformador ideal, logo:
* *
* * I km Vp I km V p
S km = S pm ⇒ V k I km =V p I pm ⇒ = ⇒ =
I pm
*
Vk I pm V k
( )
I km = A V k − V m + BV k = ( A + B )V k − AV m I km = ( A + B )V k + (− A)V m (IV.14)
I mk = A(V
m −V k ) + CV
m = − AV k + ( A + C )V m I mk = (− A)V k + ( A + C )V m (IV.15)
Comparando as expressões (IV.12) com (IV.14) e (IV.13) com (IV.15), tem-se:
A = a km y km
B = a km (akm − 1)Y km
C = (1 − akm )Y km
Observar que o valor de a determina o valor e a natureza dos componentes do modelo π da Figura IV.15:
a km = 1 pu, ou seja, a km = a NOM : A = y km , B = C = 0
a km < 1 pu, ou seja, a km < a NOM : B < 0 (capacitivo) e C > 0 (indutivo)
a km > 1 pu, ou seja, a km > a NOM : B > 0 (indutivo) e C < 0 (capacitivo)
NOTA IMPORTANTE: As grandezas de base utilizadas para fazer a conversão da impedância série do
transformador para pu devem ser obrigatoriamente relativos ao enrolamento no qual esta impedância está
ligada. Mais especificamente, no modelo de transformador adotado, que é mostrado na Figura IV.15, deve-se
utilizar a tensão de base do enrolamento conectado à Barra m.
Exemplo IV.4 – Dado um transformador trifásico, 138/13,8 kV, 100 MVA, cuja reatância de dispersão vale
5% (na base do transformador), determinar o circuito equivalente do transformador se as bases do sistema
são:
a) 138/13,8 kV, 100 MVA;
b) 169/16,9 kV, 200 MVA;
c) 169/15 kV, 250 MVA.
V1 V2
Admitância em pu
– –
V1 V2
Admitância em pu
– –
15 13,8
c) Neste caso, tem-se a NOM = = 0,0888 e a = = 0,1 . Calculando em pu, tem-se:
169 138
13,8
a
apu = = 15 = 1,1267 pu
a NOM 138
169
2
VL pu (base 1) S 3φ pu (base 2 )
Z pu (base 2 ) = Z pu (base 1)
VL pu (base 2 ) S 3φ pu (base 1)
Para o modelo de transformador adotado, que é mostrado na Figura IV.15, deve-se utilizar a tensão de base
do enrolamento conectado à Barra m, ou seja, a tensão do lado de média tensão do transformador, sendo o
valor em pu na base 169/15 kV, 250 MVA dado por:
′ ′
2
13,8 250
Z TR = j 0,05 = j 0,1058 pu Y TR = − j 9,4518 pu
15 100
Os parâmetros do circuito equivalente π são dados por:
′
A = apu Y TR = 1,1267(− j 9,4518) = − j10,65 pu
′
(
B = apu apu − 1 Y ) TR = 1,1267(1,1267 − 1)(− j 9,4518) = − j1,349 pu
′
(
C = 1 − apu Y ) TR = (1 − 1,1267 )(− j 9,4518) = j1,198 pu
e o circuito equivalente correspondente é:
I1 − j10,65 I2
+ +
V1 − j1,349 j1,197 V2
Admitâncias em pu
– –
Exemplo IV.5 – Considerando que o transformador do Exemplo IV.4 alimenta uma carga de 50 MVA, com
fator de potência 0,9 indutivo, no enrolamento de menor tensão e que este é representado pelos três modelos
determinados na solução do Exemplo IV.4 (em função das bases adotadas para o sistema pu), determinar o
valor da tensão no lado de alta tensão em pu e em kV quando a tensão na carga é igual a 13,8 kV.
I1 − j10,65 I2
+ +
SH
I2
V1 − j1,349 j1,197 V2
Admitâncias em pu
– –
V1 = V 2 +
1 1
(
I 2 + I 2 = V 2 + I 2 + CV 2 = 0,92 +
A
SH
A
) 1
− j10,65
(0,1956 − j 0,0948 + j1,197 × 0,92)
V 1 = 169 × 0,8257 1,28 = 139,50 + j 3,11 = 139,54 1,28 kV
Observar que o valor obtido em kV é idêntico ao dos Itens anteriores, mostrando que o resultado não
depende das bases adotadas.
Exemplo IV.6 – Dado um transformador trifásico, 230/69 kV, 50 MVA, cuja reatância de dispersão vale
5%, determinar:
a) o circuito equivalente do transformador, se as bases do sistema são 230/69 kV, 100 MVA;
b) o valor da tensão no enrolamento de 69 kV (onde a carga está ligada), quando a tensão no enrolamento
de 230 kV (onde a fonte está ligada) é igual a 200 kV e são fornecidos 50 MVA, com fator de potência
igual a 0,8 indutivo;
c) o valor da tensão no enrolamento de 69 kV (onde a carga está ligada), quando a tensão no enrolamento
de 230 kV (onde a fonte está ligada) é igual a 250 kV e são fornecidos 10 MVA, com fator de potência
igual a 0,8 capacitivo;
d) nas situações operacionais dos Itens (b) e (c), determinar a potência complexa fornecida para a carga e as
perdas no transformador;
e) comentar as diferenças nos resultados obtidos nos Itens (b), (c) e (d).
V1 V2
Admitância em pu
– –
d) A potência complexa fornecida para a carga nas situações dos Itens (b) e (c) são dadas por:
* *
S 2 = V 2 I 2 = V 2 I1
e as perdas no transformador são dadas por:
2
S perdas = S 1 − S 2 ou S perdas = Z TR I 1
Para o Item (b), tem-se:
S 2 = (0,8351 − j 0,0460)(0,4600 − j 0,3450) = 0,4000 + j 0,2669 = 0,4809 33,72
*
Potência complexa na carga – Nos Itens (b) e (c) a potência ativa na carga é a mesma fornecida para o
transformador, pois o modelo considera apenas a reatância de dispersão. A potência reativa difere, pois
existe um consumo de potência reativa na reatância do transformador.
Perdas ativas e reativas – Em ambos os casos não existem perdas de potência ativa e existe um consumo de
potência reativa em função da reatância de dispersão do transformador ser percorrida pela corrente. No Item
(b) as perdas são maiores, pois a corrente é maior.
Exercício IV.4 – Dado um transformador trifásico, 230 (+4)(–8)×1,875%/69 kV, 50 MVA, cuja reatância
de dispersão vale 5%, determinar:
a) o circuito equivalente do transformador, indicando os valores mínimos e máximos da relação de
transformação em pu (a), se as bases do sistema são 230/69 kV, 100 MVA;
b) o valor da tensão no enrolamento de 69 kV (onde a carga está ligada), quando a tensão no enrolamento
de 230 kV (onde a fonte está ligada) é igual a 200 kV e são fornecidos 50 MVA, com fator de potência
igual a 0,8 indutivo (nesta condição o transformador opera com o tap na posição 13);
c) o valor da tensão no enrolamento de 69 kV (onde a carga está ligada), quando a tensão no enrolamento
de 230 kV (onde a fonte está ligada) é igual a 250 kV e são fornecidos 10 MVA, com fator de potência
igual a 0,8 capacitivo (nesta condição o transformador opera com o tap na posição 1);
d) nas situações operacionais dos Itens (b) e (c), determinar a potência complexa fornecida para a carga e as
perdas no transformador;
e) comentar as diferenças nos resultados obtidos nos Itens (b), (c) e (d).
Como para a linha de transmissão, é possível escrever a expressão do fluxo de potência complexa da barra k
para a barra m:
*
S km = V k I km = V k akm 2
[Y km V k − akm Y km V m = ]
*
Exercício IV.5 – Conhecidos os parâmetros que definem o transformador em fase e os fasores das tensões
terminais, mostrar como é possível determinar as perdas de potência ativa e reativa neste transformador.
V p = e jϕ km V k = Vk θ k + ϕ km
V k = Vk θ k V m = Vm θ m
k p Z km = rkm + jx km m
I km I mk
I pm
1 : t km = e jϕ km
Figura IV.15 – Representação de um transformador defasador puro.
I km = *
tkm I pm = t km
*
(
Y km t km V k − V m = t km
*
)
t km Y kmV k − tkm
*
Y kmV m I km = tkm
*
(
t km Y kmV k + − tkm
*
)
Y km V m (IV.20)
( )
I mk = − I pm = −Y km t km V k − V m = −t km Y km V k + Y km V m ( )
I mk = − t km Y km V k + Y km V m (IV.21)
Assim, o transformador defasador não pode ser representado por um circuito equivalente do tipo π,
conforme está ilustrado na Figura IV.15, pois o coeficiente de V m da expressão (IV.20), − t km
*
Y km , é
diferente do coeficiente de V k da expressão (IV.21), − t km Y km .
Como anteriormente, é possível escrever a expressão do fluxo de potência complexa da barra k para a barra
m:
*
S km = V k I km = V k Y km V k − t km
*
[ Y km V m = ]*
* * * *
* * *
= V k Y km V k − t km Y km V m = Vk2 Y km − t km Y km V k V m =
= Vk2 ( g km − jbkm ) − 1 ϕ km (g km − jbkm )VkVm θ km
= Vk2 ( g km − jbkm ) − Vk Vm ( g km − jbkm )[cos(θ km + ϕ km ) + j sen(θ km + ϕ km )]
Separando as partes real e imaginária, chega-se a:
Pkm = Vk2 g km − Vk Vm [g km cos(θ km + ϕ km ) + bkm sen (θ km + ϕ km )] (IV.22)
Qkm = −Vk2 bkm − Vk Vm [g km sen(θ km + ϕ km ) − bkm cos(θ km + ϕ km )] (IV.23)
Exercício IV.6 – Determinar a expressão do fluxo de potência complexa da barra m para a barra k.
Utilizando esta expressão equacionar as perdas de potência ativa e reativa neste transformador.
(
I km = t km
*
t km Y km + jbkm
sh
)
V k + − t km
*
Y km V m ( ) (
I km = akm
2
Y km + jbkm
sh
) (
V k + − a km e − jϕkm Y km V m ) (IV.24)
I mk = (− t km Y km )V + (Y
k km + jbkm
sh
Vm ) I mk = (− a km e
+ jϕ km
Y km)V + (Y
k km )
+ jbkm
sh
Vm (IV.25)
Tabela IV.2 – Parâmetros para os diferentes equipamentos nas expressões gerais dos fluxos.
Equipamento a km ϕ km sh
bkm
Linha de transmissão 1 0
Transformador em fase 0 0
Transformador defasador puro 1 0
Transformador defasador 0
Os fluxos de potência ativa e reativa em linhas de transmissão, transformadores em fase, defasadores puros e
defasadores, obedecem às seguintes expressões gerais:
(
Qkm = −(a kmVk ) bkm + bkm
2 sh
)
− (a kmVk )Vm [g km sen (θ km + ϕ km ) − bkm cos(θ km + ϕ km )] (IV.27)
Assim, as expressões (IV.24) a (IV.27) podem ser utilizadas indistintamente para o cálculo dos fluxos de
corrente e potência em linhas de transmissão, transformadores em fase, defasadores puros e defasadores,
bastando utilizar os parâmetros conforme a Tabela IV.2.
O sistema elétrico possui duas classes de componentes, os empregados na conexão entre dois nós elétricos
(elementos série) e aqueles que são conectados a apenas um nó elétrico (elementos em derivação). O
segundo grupo inclui os geradores e as cargas que constituem a razão de existir do sistema elétrico. Os
demais componentes em derivação (reatores e capacitores) são empregados no controle da tensão/potência
reativa.
Para todos os componentes em derivação é adotada a convenção gerador, ou seja, são consideradas
positivas aa potências ativa e reativa injetadas.
V.1 – Geradores
A Figura V.1 mostra o sentido positivo da potência injetada em uma barra que contém um gerador.
V k = Vk θ k V k = Vk θ k
k k
Pk + jQk
G Pk + jQk
Figura V.1 – Convenção da potência para um gerador.
V.2 – Reatores
A Figura V.2 mostra o sentido positivo da potência injetada por um reator em uma barra.
V k = Vk θ k Para um Reator V k = Vk θ k
k xL > 0 k
Ik −1
bL = <0
Z k = jxL Pk + jQk xL
Y k = jbL
jQk
Figura V.2 – Convenção da potência para um reator.
Ik =
0 −V k −V k
Zk
=
jx L
= j
Vk
xL
ou ( )
I k = Y k 0 − V k = − jbL V k
* 2
*
* 0 −V k −V kV k Vk 2
Sk =V kIk = V k =
= − j = jbL V k
jxL − jxL xL
Portanto, para um reator (como xL > 0 e bL < 0 ), a injeção de potência reativa é negativa, ou seja, Qk < 0 .
V.3 – Capacitores
A Figura V.3 mostra o sentido positivo da potência injetada por um capacitor em uma barra.
V k = Vk θ k Para um Capacitor V k = Vk θ k
k xC < 0 k
Ik −1
bC = >0
Z k = jxC Pk + jQk xC
Y k = jbC
jQk
Ik =
0 −V k −V k
Zk
=
jxC
= j
Vk
xC
ou ( )
I k = Y k 0 − V k = − jbC V k
* 2
*
* 0 −V k −V kV k Vk 2
Sk =V kIk = V k =
= − j = jbC V k
jxC − jxC xC
Portanto, para um capacitor (como xC < 0 e bC > 0 ), a injeção de potência reativa é positiva, ou seja,
Qk > 0 .
V.4 – Cargas
A Figura V.4 mostra o sentido positivo da potência injetada por uma carga constituída por uma impedância
em uma barra.
V k = Vk θ k V k = Vk θ k
k k
Ik
Z k = rk + jxk Pk + jQk
Pk + jQk
Figura V.4 – Convenção da potência para uma carga.
No fluxo de carga, as cargas são representadas por injeções constantes de potência ativa e reativa ou por
intermédio de uma expressão mais geral que considera a dependência da carga com relação à magnitude da
tensão, sendo as injeções de potência determinadas por:
(
Pk = a P + bPVk + c PVk2 PkNOM )
Qk = (a Q + bQVk + cQVk2 )Q
NOM
k
sendo a P , bP e c P constantes que definem o tipo de dependência que a potencia ativa tem com a tensão e
aQ , bQ e cQ constantes que definem o tipo de dependência que a potencia reativa tem com a tensão.
Observar que devem ser válidas as seguintes relações para que quando a tensão assuma seu valor nominal
(Vk = 1 pu ) , as injeções correspondam ao valor nominal PkNOM e Q kNOM : ( )
a P + bP + cP = 1
aQ + bQ + cQ = 1
Exemplo V.1 (Provão 2002) – Questão relativa às matérias de Formação profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
A avaliação do desempenho das redes de energia elétrica em condições de regime permanente senoidal é de
grande importância tanto na operação em tempo real do sistema quanto no planejamento de sua operação
e expansão. Entre as informações a serem determinadas para uma condição definida de carga e geração se
destacam as seguintes:
• O carregamento das linhas de transmissão e transformadores;
• O carregamento dos geradores;
• A magnitude da tensão nas barras;
• As perdas de transmissão;
• O carregamento dos equipamentos de compensação de reativos (síncronos e estáticos)..
A partir destas informações, é possível definir propostas de alterações a serem implementadas no sistema,
com objetivo de tornar a sua operação mais segura e econômica. Entre as alterações possíveis na operação
do sistema se destacam:
• Ajuste no despacho dos geradores;
• Ajustes nos dispositivos de controle de tensão (injeções de potência reativa, posição dos taps dos
transformadores e status dos bancos de capacitores e reatores);
• Ajustes no intercâmbio com os sistemas vizinhos;
• Mudanças na topologia (ligar ou desligar alguma linha de transmissão ou transformador).
Por outro lado, entre as alterações possíveis no planejamento da expansão do sistema se destacam:
• Instalação de novas plantas de geração;
• Instalação de novas linhas de transmissão e transformadores;
• Instalação de dispositivos de controle do fluxo de potência (FACTS1);
• Interconexão com outros sistemas.
O problema do fluxo de carga (load flow em inglês) ou fluxo de potência (power flow em inglês) consiste na
obtenção das condições de operação (magnitude e ângulo de fase dos fasores tensão nodal, a partir dos quais
podem ser determinados os fluxos de potência ativa e reativa) em regime permanente de uma rede de energia
elétrica com topologia e níveis de geração e consumo conhecidos.
Na formulação básica do problema do fluxo de carga em sistemas elétricos são associadas quatro variáveis
a cada barra da rede (que representa um nó do circuito elétrico equivalente):
Vk – Magnitude do fasor tensão nodal da barra k;
θ k – Ângulo de fase do fasor tensão nodal da barra k;
Pk – Injeção líquida (geração menos carga) de potência ativa da barra k;
Qk – Injeção líquida de potência reativa da barra k.
Por outro lado, aos ramos da rede (cujas barras extremas são k e m) associam-se as seguintes variáveis:
I km – Fasor da corrente que sai da barra k em direção à barra m;
Pkm – Fluxo de potência ativa que sai da barra k em direção à barra m;
Qkm – Fluxo de potência reativa que sai da barra k em direção à barra m.
No fluxo de carga convencional, definem-se três tipos de barras, em função das variáveis que são
conhecidas (dados do problema) e incógnitas, conforme mostra a Tabela VI.1.
1
Flexible AC Transmission System.
De forma geral, as barras de carga aparecem em maior número e representam as subestações de energia
elétrica nas quais estão conectadas as cargas do sistema elétrico; em segundo lugar, as barras de tensão
controlada representam as instalações que possuem geradores que podem realizar o controle da sua tensão
terminal (por intermédio do seu controle de excitação) e também as barras cuja tensão pode ser controlada
por intermédio do ajuste do tap de algum transformador. A barra de referência é única e imprescindível na
formulação do problema em função de dois fatores:
• Necessidade matemática de estipular um ângulo de referência (geralmente igualado a zero);
• Para fechar o balanço de potência da rede pois as perdas de transmissão não são conhecidas a priori,
ou seja, não é possível definir todas as injeções de potência do sistema antes de conhecer as perdas
que são função dos fluxos de potência na rede.
Exemplo VI.1 – Considere o sistema elétrico composto por duas barras e uma linha de transmissão
ilustrado na Figura VI.1. Para este sistema, são conhecidos o fasor tensão na Barra 1 (utilizada como
referência angular pois θ1 = 0 ), V 1 , e a demanda de potência da Barra 2 (que constitui uma barra de carga),
S 2 . Deseja-se determinar o fasor tensão na Barra 2, V 2 , e a injeção líquida de potência da Barra 1, S 1 .
V 1 = 1 0 pu V 2 = V2 θ 2
Z LT = (0,01 + j 0,1) pu
1 I 12 2
S1 S 2 = (0,8 + j 0,4) pu
Figura VI.1 – Sistema elétrico de potência.
Solução Exemplo VI.1: Embora o sistema elétrico da Figura VI.1 seja extremamente simples, a
determinação do fasor tensão da Barra 2 não é imediata. De acordo com os tipos de barra definidos na Tabela
VI.1, a Barra 1 é a referência, pois seu fasor tensão é conhecido, e a Barra 2 uma barra de carga, pois sua a
injeção de potência é conhecida.
Da análise do circuito elétrico, observa-se que a tensão na Barra 2 está vinculada com a corrente I 12 que
percorre a linha de transmissão pois:
V 2 = V 1 − Z LT I 12
e, por outro lado, a corrente que circula na linha de transmissão I 12 é função da tensão da Barra 2 pois a
grandeza conhecida nesta barra é a potência demandada, assim
*
S2
I 12 =
V 2
Substituindo a expressão da corrente I 12 na expressão da tensão na Barra 2 tem-se:
I 12
* * *
S2 ×V 2 * * S2 *
V 2 = V 1 − Z LT
⇒ V 2V 2 = V 1V 2 − Z LT V2
V 2 V 2
* *
V22 = V 1V 2 − Z LT S 2
(V2 cosθ 2 )2 = (V22 + 0,048)2 = V24 + 2 × 0,048V22 + 0,0482 = V24 + 0,096V22 + 0,002304
+ (V2 sen θ 2 )2 = (− 0,076)2 = 0,005776
(V2 cosθ 2 )2 (V2 senθ 2 )2
= (V2 cos θ 2 ) 2
+ (V2 sen θ 2 ) = V24 + 0,096V22 + 0,002304 + 0,005776
2
=1
[ ]
V22 (cos θ 2 ) + (sen θ 2 ) = V24 + 0,096V22 + 0,00808
2 2
⇒ V24 + (0,096 − 1)V22 + 0,00808 = 0
V24 − 0,904V22 + 0,00808 = 0
As soluções da equação biquadrada são dadas por:
0,904 ± 0,904 2 − 4 × 1 × 0,00808
V22 = ≈ 0,4520 ± 0,4430
2 ×1
V2 = ± 0,4520 ± 0,4430
Têm-se, assim, 4 soluções para o sistema de equações: V2 = {+ 0,9460; − 0,9460; + 0,0949; − 0,0949}
Os valores negativos não têm significado, pois V2 representa o módulo da tensão. Como o sistema elétrico
não pode operar com valores muito baixos para a tensão (0,0949 pu, por exemplo) a única solução válida é
dada por V2 = 0,9460 pu .
Após a determinação do fasor V 2 , a injeção de potência da Barra 1 pode ser obtida diretamente:
*
S 2 0,8 + j 0,4
*
= = 0,8089 − j 0,4894 = 0,9455 − 31,18 pu
I 12 =
V 2 0,9460 − 4,61
*
(
S 1 = V 1 I 12 = 1 0 0,9455 − 31,18 )*
2
Desta forma, aparece a soma dos quadrados de um cosseno e um seno de mesmo argumento que é igual a 1 e que
permite eliminar o ângulo de fase. Lembrar que cos 2 α + sen 2 α = 1 .
3
Observar que como o sistema possui perdas o valor da injeção da Barra 1 é diferente do valor demandado na Barra 2.
Solução alternativa Exemplo VI.1: A partir das equações da corrente I 12 e da tensão V 2 é possível
construir um procedimento iterativo rudimentar para determinar o valor da tensão na Barra 2. O
procedimento compreende os seguintes passos:
0 0
i. Fazer ν = 0 e estipular um valor inicial para V 2 e I 12 , por exemplo: V 2 = V 1 = 1 0 pu e I 12 = 0 .
ν
ii. Em função do valor atual de V 2 , calcular o valor da corrente I 12 :
*
ν S2
I 12 = ν
V 2
ν ν −1 ν
iii. Se I 12 ≈ I 12 , então o processo convergiu e a solução é dada por V 2 = V 2 . Caso contrário prosseguir.
ν
iv. Calcular o novo valor para V 2 , em função do valor calculado anteriormente:
ν +1 ν
V 2 = V 1 − Z LT I 12
v. Fazer ν = ν + 1 e retornar para o Passo (ii).
Aplicando este procedimento para o problema são obtidos os resultados mostrados na Tabela VI.2.
Os resultados mostrados na Tabela VI.2, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB4.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VI_1.m
clear all
saida=fopen('saida.txt','w');
v1=1+0i;
z=0.01+0.1i;
v2=1+0i;
for k=1:10,
i12=conj((0.8+0.4i)/v2);
y=[k abs(v2) angle(v2)*180/pi abs(i12) angle(i12)*180/pi];
fprintf(saida,'%2.0f %6.4f %6.2f %6.4f %6.2f\n',y);
v2=v1-z*i12;
end
fclose(saida);
Para sistemas elétricos de maior dimensão, a solução analítica se torna impraticável, restando apenas os
métodos numéricos.
4
MATLAB é marca registrada pertencente à The MathWorks, Inc.
Como conseqüência da imposição da Primeira Lei de Kirchhoff para uma barra qualquer do sistema elétrico
da Figura VI.2 tem-se que a potência líquida (geração menos carga) injetada nesta barra é igual à soma dos
fluxos de potência que deixam esta barra, ou seja, têm-se duas equações:
Pk = ∑ P (V ,V
m∈Ω k
km k θ θ
m, k , m ) (VI.1)
sendo:
k = 1,2, , NB – Índice de todas as barras do sistema, sendo NB o número de barras do sistema;
Ωk – Conjunto de barras vizinhas da barra k;
Vk , Vm – Magnitude dos fasores das tensões terminais do ramo k-m;
θ k ,θ m – Ângulo de fase dos fasores das tensões terminais do ramo k-m;
Pkm , Qkm – Fluxo de potência ativa e reativa no ramo k-m;
Qksh – Componente da injeção de potência reativa devido ao elemento em derivação
(
(shunt) da barra k Qksh = bkshVk2 . )
1 2
Pk 2 + jQ k 2
Pk 1 + jQ k 1
Pkm + jQ km
k m
jQ ksh
Pk + jQ k
Nas expressões (VI.1) e (VI.2), os fluxos de potência ativa e reativa nos ramos (linhas de transmissão,
transformadores em fase, defasadores puros e defasadores), obedecem às seguintes expressões gerais5:
Pkm = (a kmVk ) g km − (a kmVk )Vm [g km cos(θ km + ϕ km ) + bkm sen (θ km + ϕ km )]
2
(VI.3)
Tabela VI.3 – Parâmetros para os diferentes equipamentos nas expressões gerais dos fluxos.
Equipamento a km ϕ km sh
bkm
Linha de transmissão 1 0
Transformador em fase 0 0
Transformador defasador puro 1 0
Transformador defasador 0
Assim, o problema do fluxo de carga consiste em resolver o sistema de equações (VI.1) e (VI.2) tendo como
dados e incógnitas as variáveis descritas na Tabela VI.1.
5
Para mais detalhes, vide Capítulo IV, Seção IV.8.
Para a barra k do sistema elétrico da Figura VI.2, a injeção líquida de corrente pode ser obtida aplicando-se a
Primeira Lei de Kirchhoff,
∑I
sh
Ik + Ik = km para k = 1,2, , NB (VI.5)
m∈Ω k
onde
sh
(
I k = jbksh 0 − V k = − jbksh V k) (VI.6)
e
sh *
( *
)
Qksh = Im V k I k = Im V k − jbksh V k = Im V k jbksh V k = Im jbkshVk2 = bkshVk2
*
[ ]
são a injeção de corrente e de potência reativa correspondentes ao elemento em derivação da barra k.
Linha de transmissão: (
I km = Y km + jbkm
sh
) ( )
V k + − Y km V m
I mk = (− Y )V + (Y + jb )V
km k km
sh
km m
Transformador em fase: I km = (a Y )V + (− a Y )V
2
km k km m
= (− a Y )V + (Y )V
km km
I mk km km k km m
Defasador puro: I km = (Y )V + (− e
km Y )V k
− jϕ km
km m
I mk = (− e Y )V + (Y )V
jϕ km
km k km m
I mk = (− a km e
jϕ km
Y km )V + (Y
k km + jbkm
sh
Vm ) (VI.8)
Exemplo VI.2 – Para o circuito de 4 barras e 5 ramos (3 linhas e 2 transformadores) da Figura VI.3,
determinar as expressões das injeções de corrente obtidas com a aplicação da Primeira Lei de Kirchhoff.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 I2 Y 23 V3 1 : a 34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
I3
Y 13
I1 I4
jb3sh
jb13sh jb13sh
1 : e jϕ14
Y 14
Solução Exemplo VI.2: Considerando as expressões (VI.7) e (VI.8), as injeções de corrente nas barras do
sistema da Figura VI.3 são dadas por:
I 12 I 13 I 14
(
I 1 = Y 12 + jb12sh )V + (− Y )V + (Y
1 12 2 13 + jb13sh )V + (− Y )V + (Y )V + (− e
1 13 3 14 1
− jϕ14
)
Y 14 V 4
I 21 I 23
( )
I 2 = − Y 12 V 1 + Y 12 + ( jb12sh )V + (Y
2 23 + sh
jb23 )V + (− Y )V
2 23 3
sh
I3 I 31 I 32 I 34
I3 + − ( jb3sh V 3 ) = (− Y )V + (Y 13 1 13 + jb13sh )V + (− Y )V + (Y
3 23 2 23 + sh
jb23 )V + ( 3
2
a34 Y 34 )V + (− a
3 34 Y 34 )V 4
I 41 I 43
I4 = −e ( jϕ14
) ( )
Y 14 V 1 + Y 14 V 4 + − a34 Y 34 V 3 + Y 34 V 4 ( ) ( )
Agrupando os termos, chega-se a:
( ) ( ) ( ) ( )
I 1 = Y 12 + Y 13 + Y 14 + jb12sh + jb13sh V 1 + − Y 12 V 2 + − Y 13 V 3 + − e − jϕ14 Y 14 V 4
I2 = (− Y )V + (Y + Y + jb + jb )V + (− Y )V
12 1 12 23
sh
12
sh
23 2 23 3
I3 = (− Y )V + (− Y )V + (Y + Y + a Y + jb + jb + jb )V + (− a
13 1 23 2 13 23
2
34 34
sh
13
sh
23
sh
3 3 34 Y 34 )V 4
I4 = (− e Y )V + (− a Y )V + (Y + Y )V
jϕ14
14 1 34 34 3 14 34 4
Exemplo VI.3 (alternativo, sem transformador defasador) – Para o circuito de 4 barras e 5 ramos (3
linhas e 2 transformadores) da Figura VI.4, determinar as expressões das injeções de corrente obtidas com a
aplicação da Primeira Lei de Kirchhoff.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 I2 Y 23 V3 1 : a 34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
I3
Y 13
I1 I4
a41 : 1
Y 41
Solução Exemplo VI.3: Considerando as expressões (VI.7) e (VI.8), as injeções de corrente nas barras do
sistema da Figura VI.3 são dadas por:
I 12 I 13 I 14
(
I 1 = Y 12 + jb12sh )V + (− Y )V + (Y
1 12 2 13 + jb13sh )V + (− Y )V + (− a
1 13 3 41 Y 41 )V + (Y )V
4 41 1
I 21 I 23
( ) (
I 2 = − Y 12 V 1 + Y 12 + jb12sh V 2 + Y 23 + jb23
sh
)
V 2 + − Y 23 V 3 ( ) ( )
sh
I3 I 31 I 32 I 34
( ) ( ) (
I 3 + − jb3sh V 3 = − Y 13 V 1 + Y 13 + jb13sh V 3 + − Y 23 V 2 + Y 23 + jb23
sh
V 3 + a34
2
)
Y 34 V 3 + − a34 Y 34 V 4 ( ) ( ) ( ) ( )
I 41 I 43
I4 = ( 2
a41 Y 41 )V + (− a
4 41 Y 41 )V + (− a
1 34 Y 34 )V + (Y )V
3 34 4
I2 = (− Y )V + (Y + Y + jb + jb )V + (− Y )V
12 1 12 23
sh
12
sh
23 2 23 3
I3 = (− Y )V + (− Y )V + (Y + Y + a Y + jb + jb + jb )V + (− a
13 1 23 2 13 23
2
34 34
sh
13
sh
23
sh
3 3 34 Y 34 )V 4
I4 = (− a Y )V + (− a Y )V + (a Y + Y )V
41 41 1 34 34 3
2
41 41 34 4
I k − jbksh V k = ∑ [(a
m∈Ω k
2
km Y km + jbkm
sh
) (
V k + − a km e − jϕ km Y km V m ) ]
Isolando-se I k , chega-se a:
I k = jbksh +
m∈Ω k
2
akm ∑(
Y km + jbkm
sh
)V
k + ∑ (− a
m∈Ω k
km e
− jϕ km
Y km V m ) (VI.9)
I = YV (VI.10)
sendo:
As principais características da matriz admitância, que relaciona as injeções líquidas de corrente com as
tensões nodais são as seguintes:
• É uma matriz quadrada de ordem NB;
• É uma matriz esparsa para redes de grande porte ( Ykm = 0 sempre que não existir ligação entre os nós
k e m);
• É uma matriz simétrica se a rede for constituída apenas por linhas de transmissão e transformadores
em fase, pois para uma linha de transmissão Ykm = Ymk = −Y km e para um transformador em fase
Ykm = Ymk = − akm Y km . A presença de defasadores torna a matriz assimétrica pois Ykm = −e − jϕ km Y km e
Ymk = −e jϕ km Y km (vide Exemplo VI.2).
Ik = ∑ (G
m∈K
km + jBkm )Vm θ m
Sk = Vk ∑V (G
m∈K
m km − jBkm )(cosθ km + j sen θ km ) (VI.11)
Qk = Vk ∑V (G
m∈K
m km sen km θ − Bkm cosθ km ) (VI.13)
Exercício VI.2 – Para o sistema de 4 barras da Figura VI.2, escrever as expressões das injeções de potência
de cada barra, considerando que a Barra 1 é a referência (Vθ), a Barra 3 é de tensão controlada (PV) e as
demais são barras de carga (PQ). Considerar a matriz admitância conhecida e dada por:
Exemplo VI.4 (Provão 1998) – Questão relativa às matérias de Formação profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
Exercício VI.3 – Sabendo que os dados do circuito de 4 barras e 4 ramos (3 linhas e 1 transformador
defasador com relação não nominal) da Figura VI.4 estão em grandezas normalizadas (pu), determinar o
solicitado:
1 2 3 4
0,05 + j 0,12
I3
j 0,02 j 0,02
a) As expressões das injeções de corrente obtidas com a aplicação da Primeira Lei de Kirchhoff.
b) A matriz admitância a partir das equações anteriores.
c) A matriz admitância a partir das expressões da Seção VI.3.
d) Sabendo que os fasores tensão das barras são dados por V 1 = 1 0 , V 2 = 0,95 − 5 , V 3 = 0,97 − 5
e V 4 = 1,0 5 , determinar as injeções de corrente nas barras.
e) Para as mesmas tensões do item anterior, determinar as injeções de potência nas barras e as perdas
totais na rede de transmissão.
Exercício VI.4 (alternativo, sem transformador defasador) – Sabendo que os dados do circuito de 4
barras e 4 ramos (3 linhas e 1 transformador com relação não nominal) da Figura VI.4 estão em grandezas
normalizadas (pu), determinar o solicitado:
1 2 3 4
0,05 + j 0,12
I3
j 0,02 j 0,02
a) As expressões das injeções de corrente obtidas com a aplicação da Primeira Lei de Kirchhoff.
b) A matriz admitância a partir das equações anteriores.
c) A matriz admitância a partir das expressões da Seção VI.3.
d) Sabendo que os fasores tensão das barras são dados por V 1 = 1 0 , V 2 = 0,95 − 5 , V 3 = 0,97 − 5
e V 4 = 1,0 5 , determinar as injeções de corrente nas barras.
e) Para as mesmas tensões do item anterior, determinar as injeções de potência nas barras e as perdas
totais na rede de transmissão.
Para um sistema elétrico, com NB barras, as equações básicas do fluxo de carga para k = 1,2, , NB são:
Pk = Vk ∑ V (G
m∈K
m km cos θ km + Bkm sen θ km ) (VII.1)
Qk = V ∑ V (G
k m km sen θ km − Bkm cos θ km ) (VII.2)
m∈K
O fluxo de carga básico em redes de energia consiste em resolver este problema definindo (especificando)
parte das variáveis ( 2 × NB variáveis) e calculando as demais ( 2 × NB variáveis). Na formulação clássica, a
definição das variáveis que são especificadas e calculadas encontra-se na Tabela VII.1.
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é conhecida a injeção líquida de potência (como
S k = S G − S D , deve-se conhecer a potência gerada S G e a potência demandada S D ), esta pode ser
especificada, restando calcular Vk e θ k . Este tipo de barra é denominado barra de carga ou PQ.
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é possível o controle da magnitude da tensão Vk ,
através do controle da injeção líquida de potência reativa Qk = QG − QD ou por intermédio do ajuste do tap
de algum transformador, esta tensão pode ser especificada, restando calcular θ k e Qk . Este tipo de barra é
denominado barra de tensão controlada ou PV.
Como as perdas não são conhecidas a priori, deve-se deixar pelo menos uma barra onde a injeção líquida de
potência S k = S G − S D seja calculada. Este tipo de barra é denominado referência ou Vθ, sendo definidos
Vk e θ k . Observar que pelo menos uma injeção líquida de potência ativa Pk = PG − PD e outra de potência
reativa Qk = QG − QD precisam ser calculadas para fechar os balanços de potência ativa e reativa. Embora
geralmente tais injeções de balanço sejam associadas à barra de referência angular, não é mandatório que
sejam associadas a uma única barra.
Uma vez resolvido o problema do fluxo de carga, é conhecido o estado da rede, ou seja, são conhecidos os
fasores tensão (Vk , θ k ) de todas as barras (k = 1,2, , NB ) . Isto torna possível o cálculo de outras variáveis
de interesse como as injeções de potência nas barras e os fluxos de potência nos ramos (linhas e
transformadores).
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 1 de 47
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Sejam NPQ e NPV, respectivamente, o número de barras PQ e PV da rede. O fluxo de carga pode ser
decomposto em dois subsistemas de equações algébricas:
A Tabela VII.2 resume as características dos dois subsistemas. Observar que o Subsistema 2 pode ser
facilmente resolvido após a solução do Subsistema 1, ou seja, após a determinação do estado (Vk , θ k ) da
rede. Por outro lado, a solução do Subsistema 1 exige um processo iterativo pois este é formado por
equações não-lineares. Assim, os métodos de resolução do problema do fluxo de carga concentram-se na
solução do Subsistema 1.
Variáveis
Subsistema Dimensão
Especificadas Calculadas
Pi e Qi , i ∈ {barras PQ}
Vi e θ i , i ∈ {barras PQ}
2 × NPQ + NPV Pj e V j , j ∈ {barras PV }
θ j , j ∈ {barras PV }
S1
Vk e θ k , k ∈ {barra Vθ}
Pi e Qi , i ∈ {barras Vθ }
NPV + 2 e θ k , k = 1,2, , NB
Q j , j ∈ {barras PV }
S2 Vk
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 2 de 47
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Exemplo VII.1 – Considerando o sistema elétrico utilizado no Exemplo VI.1, cujos dados encontram-se na
Figura VII.1, formular as equações referentes ao Subsistema 1 do fluxo de carga.
V 1 = 1 0 pu V 2 = V2 θ 2
Z LT = (0,01 + j 0,1) pu
1 I 12 2
S1 S 2 = (0,8 + j 0,4) pu
Figura VII.1 – Sistema elétrico de duas barras.
Solução Exemplo VII.1: Conforme as definições já apresentadas para o problema do fluxo de carga, a
barra 2 é uma barra de carga pois sua injeção de potência é conhecida; a barra 1 é a referência. Assim, as
variáveis especificadas (conhecidas) para o Subsistema 1 são as seguintes:
P2esp = P2G − P2D = 0 − 0,8 = −0,8 pu
Q2esp = Q2G − Q2D = 0 − 0,4 = −0,4 pu
V1esp = 1,0 pu
θ1esp = 0 rad
A matriz admitância da rede é dada por:
1 1
Y 12 = = ≈ 0,9901 − j9,9010 = 9,9504 − 84,29 pu
Z 12 0,01 + j 0,1
Y 12 − Y 12 0,9901 − 0,9901 − 9,9010 9,9010
Y = ⇒ G= e B=
− Y 12 Y 12 − 0,9901 0,9901 9,9010 − 9,9010
As equações do Subsistema 1 são as seguintes:
1
Isto pode ser comprovado substituindo este valor nas expressões anteriores. Como os números apresentam alguns
arredondamentos, o resultado fica próximo a zero, na ordem de 10-4.
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∆Q = Q − Q (V ,θ ) = 0
esp
em que P é o vetor das injeções de potência ativa nas barras PQ e PV e Q é o vetor das injeções de potência
reativa nas barras PQ. Definindo a função vetorial g (x ) :
∆ P } NPQ + NPV
g (x ) =
∆Q } NPQ
o Subsistema 1 pode ser rescrito de forma simplificada através da seguinte expressão:
g (x ) = 0
Este sistema de equações não-lineares pode ser resolvido por um número muito grande de métodos, sendo
que os mais eficientes são os métodos de Newton e o método Desacoplado Rápido.
Solução Exemplo VII.2: As variáveis e equações do problema são dadas respectivamente por:
θ θ ∆ P( x ) ∆P2 (θ 2 , V2 ) 0
x = = 2 g (x ) = = =
V V2 ∆Q (x ) ∆Q2 (θ 2 , V2 ) 0
Na figura a seguir encontra-se o gráfico das funções ∆P2 (θ 2 , V2 ) e ∆Q2 (θ 2 , V2 ) para valores em torno do
ponto (θ 2 , V2 ) = (− 0,0804 ; 0,9460) que corresponde a solução do problema, pois ∆P2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0
e ∆Q2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0 . A linha pontilhada indica a intersecção entre as duas funções, ou seja,
corresponde aos valores para os quais a função ∆P2 (θ 2 , V2 ) = ∆Q2 (θ 2 , V2 ) .
1
dP2(theta2,V2) dP2=dQ2
0.5
dQ2(theta2,V2)
-0.5
-1
1
-0.06
0.95 -0.08
-0.1
-0.12
0.9 -0.14
V2 theta2
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Exemplo VII.3 – Para a rede de quatro barras cujos dados estão na Figura VII.2 e nas Tabelas VII.3 e VII.4,
determinar as equações do fluxo de carga.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a 34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
S3
Y 13
S1 S4
1 : e jϕ14
Y 14
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] b sh [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —
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Solução Exemplo VII.3: Como já determinado na solução do Exemplo VI.2, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 14 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − e − jϕ14 Y 14
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + jb23
sh
− Y 23 0
Y =
− Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + a34
2
Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34
− e jϕ14 Y 14 0 − a34 Y 34 Y 14 + Y 34
Substituindo os valores da Tabela VII.4, chega-se a:
0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 0,2989 + j1,9775
− 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0
Y= 2
− 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95
− 0,2989 + j1,9775 0 j 0,95 − j3
0,6 − 0,3 − 0 ,3 0 , 2989 − 5,98 2 2 1,9775
− 0,3 0,5 − 0,2 0 2 − 2,97 1 0
G= e B=
− 0,3 − 0,2 0,5 0 2 1 − 3,805 0,95
− 0,2989 0 0 0 1,9775 0 0,95 −3
As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_3.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 4 -2i 0 1.0 0.15;
2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0;
3 4 -1i 0 0.95 0];
bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0];
nr = size(ramos,1);
y = ramos(:,3);
bsh = 1i*ramos(:,4);
a = ramos(:,5);
fi = ramos(:,6);
Y = diag(1i*bksh);
for k = 1:nr
k1 = ramos(k,1);
k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k);
Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k);
Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k);
Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
G = real(Y)
B = imag(Y)
Para cada uma das quatro barras do sistema, podem ser escritas duas equações, uma para a injeção de
potência ativa e outra para a injeção de potência reativa, da forma como segue:
P1 = V1esp Vm (G1m cos θ 1m + B1m senθ 1m )
∑
Ω1 = {2,3,4} K1 = {1,2,3,4}
m∈K1
Q1 = V1esp ∑ V (G
m∈K1
m θ
1m sen 1m − B1m cos θ1m )
2
Observar que devido à presença de um transformador defasador a matriz admitância não é simétrica.
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Observar que as variáveis que se deseja calcular (incógnitas) encontram-se tanto do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 ,
V2 e V4 ) quanto do lado esquerdo ( P1 , Q1 e Q3 ) da igualdade. O Subsistema 1, de dimensão
2 × NPQ + NPV = 5 , cujas incógnitas aparecem do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 , V2 e V4 ) é dado por:
P2esp = V2 ∑ V (G m 2m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m )
K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
Q2esp = V2 ∑ V (G
m∈K 2
m 2m sen θ 2 m − B2 m cos θ 2 m )
P3esp = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m cos θ 3m + B3m sen θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}
Q3 = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m sen θ 3m − B3m cos θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}
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Exemplo VII.4 (alternativo, sem transformador defasador) – Para a rede de quatro barras cujos dados
estão na Figura VII.3 e nas Tabelas VII.5 e VII.6, determinar as equações do fluxo de carga.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
S3
Y 13
S1 S4
a 41 : 1
Y 41
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Solução Exemplo VII.4: Como já determinado na solução do Exemplo VI.3, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 41 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − a 41 Y 41
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + sh
jb23 − Y 23 0
Y =
− Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + 2
a34 Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34
− a 41Y 41 0 − a34 Y 34 2
a 41 Y 41 + Y 34
Substituindo os valores das Tabelas VII.5 e VII.6, chega-se a:
0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 j1,8
− 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0
Y =
− 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95
j1,8 0 j 0,95 − j 2,62
0,6 − 0,3 − 0,3 0 − 5,98 2 2 1,8
− 0,3 0,5 − 0,2 0 2 − 2,97 1 0
G= e B=
− 0,3 − 0,2 0,5 0 2 1 − 3,805 0,95
0 0 0 0 1,8 0 0,95 − 2,62
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Solução Exemplo VII.4 (continuação): Como os tipos das barras e as conexões existentes são as
mesmas, as expressões obtidas no exemplo anterior permanecem válidas, havendo diferença apenas nas
expressões cujos valores numéricos foram substituídos. Para os valores das Tabelas VII.5 e VII.6 que
definem a matriz admitância, têm-se as seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
∆P2 : − 0,4 − V2 [1,05(− 0,3 cosθ 21 + 2 sen θ 21 ) + 0,5V2 + 0,95(− 0,2 cosθ 23 + 1sen θ 23 )] = 0
0,2 − 0,95[1,05(− 0,3 cos θ 31 + 2 sen θ 31 ) + V2 (− 0,2 cos θ 32 + 1sen θ 32 ) + 0,5 × 0,95 +
∆P3 :
+ V4 (0 cos θ 34 + 0,95 sen θ 34 )] = 0
∆P4 : − 0,8 − V4 [1,05 (0 cos θ 41 + 1,8 sen θ 41 ) + 0,95(0 cos θ 43 + 0,95 sen θ 43 ) + 0V4 ] = 0
∆Q2 : − 0,2 − V2 [1,05(− 0,3 sen θ 21 − 2 cos θ 21 ) + 2,97V2 − 0,95(− 0,2 sen θ 23 − 1 cos θ 23 )] = 0
∆Q4 : − 0,4 − V4 [1,05(0 sen θ 41 − 1,8 cosθ 41 ) + V2 (0 sen θ 43 − 0,95 cosθ 43 ) + 2,62V4 ] = 0
( )
g (x ) = g x 0 +
( )(
1 ∂g x 0
x − x0 + )
1 ∂2 g x0 ( )(
2
x − x0 + )
1! ∂x 2! ∂x 2
Desprezando-se todos os termos após a derivada primeira, isto é, aproximando-se a função g (x ) por uma
reta, conforme mostra a Figura VII.4, chega-se a:
( )
g (x ) ≈ g x 0 +
( )(
∂g x 0
x − x0 ) (VII.4)
∂x
A partir da expressão da aproximação linear (VII.4) é possível determinar o ponto x1 no qual o valor desta
( )
aproximação é nulo, ou seja, g x1 = 0 (vide Figura VII.4) da seguinte forma:
( ) ( )
g x1 = g x 0 +
∂g x( ) (x 0
1
)
− x0 = 0 (VII.5)
∂x
∂g x 0
x = x −
1 0 ( ) 0
−1
( )
gx
∂x
g(x)
Equação da reta tangente por x0:
gx( )0
( )
g (x ) = g x0 +
( )(
∂g x 0
)
x − x0
∂x
( ) (
g x1 = g x 0 + ∆x 0 ) Ponto no qual a reta
tangente por x0 é nula: x1
x1 x0 x
∆x = x − x
0 1 0
3
Embora a função seja de apenas uma variável x, adotou-se a notação de derivada parcial para facilitar a extensão para
o caso multidimensional.
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∂g (x )
x 0 + ∆x 0 ∆x 0
g (x ) = g (x ) + (x − x ) = 0
0
1 0 1 0
∂x
∂g (x )
g (x + ∆x ) = g (x ) +
0
0 0
∆x = 0
0 0
(VII.6)
∂x
∂g x 0
∆x 0 = − gx
0 ( ) −1
( ) (VII.7)
∂x
onde x 0 é a aproximação inicial e x1 = x 0 + ∆x 0 uma primeira aproximação. Observar que x1 não é a
solução da equação inicial (VII.3) e sim a solução de uma aproximação linear dada por (VII.4). A solução da
equação (VII.3) é obtida repetindo-se este processo até que o módulo da função g (x ) esteja suficientemente
próximo de zero (dentro de uma tolerância definida). Isto sugere o seguinte algoritmo denominado método
de Newton-Raphson.
ν ∂g xν
∆x = − ν ( ) −1
( )
gx
∂x
vi. Determinar a nova estimativa de x passa a ser: xν +1 = xν + ∆xν
vii. Fazer ν = ν + 1 e voltar para o Passo (ii).
4
x em radianos.
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ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 1,5403 0,1029
2 1,1029 –0,0046 1,4510 0,0031
3 1,1061 –4,4×10-6 — —
Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , a solução x = 1,1061 foi obtida após 3 iterações, seguindo o
processo ilustrado na Figura VII.5.
1
-1
g(x)
-2
-3
-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura VII.5 – Processo de convergência para x 0 = 0 .
Observar que a escolha da solução inicial afeta o processo de convergência conforme pode ser comprovado
pela comparação entre os resultados obtidos com x 0 = 0 e com x 0 = 2 , quando foram necessárias 4
iterações (vide Tabela VII.8 e Figura VII.6).
ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 2 0,9093 0,5838 –1,5574
1 0,4426 –1,1291 1,9036 0,5931
2 1,0357 –0,1040 1,5099 0,0689
3 1,1046 –0,0021 1,4495 0,0014
4 1,1061 –9,10×10-7 — —
-1
g(x)
-2
-3
-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura VII.6 – Processo de convergência para x 0 = 2 .
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Uma variante do método de Newton-Raphson é obtida considerando-se a derivada constante, isto é, o Passo
(iv) do algoritmo é realizado uma única vez, na primeira iteração quando ν = 0 :
( )
∂g xν
=
( )
∂g x 0
∂x ∂x
Utilizando-se derivada constante, em geral, o número de iterações (para uma tolerância definida) é maior que
no método de Newton original, mas cada uma das iterações se torna mais rápida pois não é necessário
recalcular a derivada.
Exemplo VII.6 – Utilizando o método de Newton-Raphson com derivada constante (Von Mises),
determinar a solução para a equação x = 2 − sen x , considerando uma tolerância ε = 0,001 .
Solução Exemplo VII.6: Considerando uma solução inicial x 0 = 0 obtêm-se os resultados mostrados na
Tabela VII.9.
ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 2 0,0793
2 1,0793 –0,0391 2 0,0196
3 1,0988 –0,0105 2 0,0052
4 1,1041 –0,0029 2 0,0014
5 1,1055 –0,0008 — —
Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , x = 1,1055 . Como esperado, com a utilização de derivada
constante, foi necessário realizar um número maior de iterações (5 ao invés de 3).
Exercício VII.1 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , o valor de x tal que e x = sen x − 3 x 2 + 5 .
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( )
∂g1 xν ( )
∂g1 x
ν
∂g1 x( )
ν
∂x1 ∂x 2 ∂x n
( ) ν ( )
∂g 2 xν ( )
∂g 2 x
ν
( )
∂g 2 x
ν
( )
J xν =
∂g x
∂x
= ∂x
1 ∂x 2 ∂x n
( )
∂g n xν ( )
∂g n x
ν
( )
ν
∂g n x
∂x1 ∂x 2 ∂x n
v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado:
ν
∆x = − J x[ ( )] g (x )ν −1 ν
[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,647 0,147 0,094
1
2,2 0,64 0,294 − 0,294 –0,188
0,994 0 − 0,665 0,165 0,00586
2
2,012 0,0354 0,331 − 0,331 –0,0117
0,999977 0
3 — —
2,000046 0,000137
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Solução Exemplo VII.7 (continuação): Observar que a partir da primeira iteração a função g1 xν passa ( )
a apresentar valor nulo. Isto ocorre porque a aproximação linear empregada para representar esta função
corresponde à própria função pois esta é de primeira ordem nas variáveis x1 e x2 .
Exemplo VII.8 – Utilizando o método de Von Mises, determinar a solução do sistema de equações do
exemplo anterior.
Solução Exemplo VII.8: Considerando uma solução inicial x10 = 0 e x20 = 3 obtêm-se os resultados
mostrados na Tabela VII.11.
Tabela VII.11 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises n-dimensional.
x1ν g1 x ( )
ν
[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,6 0,1 0,064
1
2,2 0,64 0,2 − 0,2 –0,128
0,964 0 − 0,6 0,1 0,00221
2
2,072 0,2212 0,2 − 0,2 –0,0442
0,9861 0 − 0,6 0,1 0,0084
3
2,0278 0,08406 0,2 − 0,2 –0,0168
0,99452 0 − 0,6 0,1 0,0033
4
2,01095 0,03297 0,2 − 0,2 –0,0066
0,99782 0 − 0,6 0,1 0,00131
5
2,00436 0,01309 0,2 − 0,2 –0,00262
0,99913 0 − 0,6 0,1 0,00052
6
2,00174 0,00522 0,2 − 0,2 –0,00104
0,99965 0 − 0,6 0,1 0,00021
7
2,00069 0,00208 0,2 − 0,2 –0,00042
0,99986 0
8 — —
2,00028 0,000834
Exercício VII.2 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , a solução do seguinte sistema de equações:
x 2 + 3xy = 4
xy − 2 y 2 = −5
O método de Newton-Raphson é aplicado para a resolução do Subsistema 1 (S1) sendo dado por:
∆ P = P esp − P (V , θ ) = 0 ∆Pk = Pkesp − Pk (V , θ ) = 0 k ∈ {barras PQ e PV}
(S1) = ⇒ (VII.9)
∆Q = Q − Q (V , θ ) = 0 ∆Qk = Qk − Qk (V ,θ ) = 0 k ∈ {barras PQ}
esp esp
De acordo com o algoritmo de Newton-Raphson deseja-se determinar o vetor das correções ∆ x , o que exige
a resolução do sistema linear dado por:
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gx( ) = − J (x )∆ x
υ υ υ
⇒ ν
∆x = − J x [ ( )] g (x )
ν −1 ν
onde
∆ Pυ
( ) υ
g x = υ
← PQ + PV
← PQ
∆Q
υ θ υ ← PQ + PV υ ∆θ υ ← PQ + PV
x = υ ∆x = υ
V ← PQ ∆V ← PQ
υ
∂(∆ P ) ∂ (∆ P )
∂ g (x )
υ ← PQ + PV
J (x ) =
υ ∂θ ∂V
=
∂x
∂ ∆Q ( ) ( )
∂ ∆Q
← PQ
∂θ ∂V
↑ ↑
PQ + PV PQ
Considerando as expressões dos vetores ∆ P e ∆Q e que P
esp esp
e Q são constantes, a matriz Jacobiana
pode ser rescrita da seguinte maneira:
∂ P (V ,θ ) ∂ P(V ,θ )
υ
∂θ ← PQ + PV
∂V
( )
J x
υ
= −
∂Q (V ,θ ) ∂Q(V ,θ )
← PQ
∂θ ∂V
↑ ↑
PQ + PV PQ
sendo as submatrizes representadas por:
∂ P(V ,θ ) ∂ P (V ,θ ) ∂Q (V ,θ ) ∂Q (V ,θ )
H= N= M= L=
∂θ ∂V ∂θ ∂V
Assim, a equação que define a aplicação do método de Newton ao fluxo de carga fica sendo:
∆ Pυ H N υ ∆θ υ
υ= υ (VII.10)
∆Q M L ∆V
Considerando que:
Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km ) =
∑
m∈K
= Vk2 G kk + Vk ∑V (G
m∈Ω k
m km cosθ km + Bkm sen θ km )
Qk = Vk ∑ (
m∈K
θ
Vm Gkm sen km − Bkm cos km = θ )
= − Vk2 Bkk + Vk ∑ (
Vm Gkm sen km − Bkm
m∈Ω k
θ cosθ km )
∂Pk
H= H kl = = Vk Vl (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂θ ∂θ l
H kl = 0 l ∉ Ωk
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 16 de 47
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
∂Pk
N kk = ∂V = 2Vk Gkk + Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑
k m∈ Ω
∂ P(V ,θ )
k
∂Pk
N= N kl = = Vk (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂V ∂Vl
N kl = 0 l ∉ Ωk
∂Qk
M kk = ∂θ = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑
k m ∈Ω
∂Q(V ,θ )
k
∂Qk
M= M kl = = −Vk Vl (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂θ ∂θ l
M kl = 0 l ∉ Ωk
∂Qk
Lkk = ∂V = −2Vk Bkk + Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )
∑
k m∈ Ω
∂Q(V ,θ )
k
∂Qk
L= Lkl = = Vk (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂V ∂Vl
Lkl = 0 l ∉ Ωk
Assim, os passos a serem executados para solução do fluxo de carga pelo método de Newton são os
seguintes:
i. Fazer υ = 0 e escolher os valores iniciais dos ângulos das tensões das barras PQ e PV θ = θ = θ ( υ 0
)e
as magnitudes das tensões das barras PQ V = V = V ( υ 0
).
ii. Calcular: Pk (V ,θ ) para as barras PQ e PV
Qk (V ,θ ) para as barras PQ
υ υ
e determinar o vetor dos resíduos (“mismatches”) ∆ P e ∆Q .
iii. Testar a convergência: se max
k∈{PQ + PV }
{∆P }≤ ε υ
k P
k∈{PV }
{ }
e max ∆Qkυ ≤ ε Q , o processo convergiu para a
( υ υ
)
solução V ,θ ; caso contrário, continuar.
iv. Calcular a matriz Jacobiana:
(
υ υ
J V ,θ = − ) (
H V υ ,θ υ N V υ , θ υ ) ( )
υ
M V ,θ
υ υ
(
L V ,θ
υ
) ( )
v. Determinar a nova solução V ( υ +1
,θ
υ +1
) , onde:
υ +1 υ υ
θ = θ + ∆θ
υ +1 υ υ
V = V + ∆V
υ υ
sendo ∆V e ∆θ obtidos com a solução do seguinte sistema linear:
(
∆ Pυ H V υ ,θ υ N V υ ,θ υ ∆θ υ
υ=
) ( ) υ
υ
∆Q M V ,θ
υ υ
( υ υ
L V ,θ ∆V ) ( )
vi. Fazer υ = υ + 1 e voltar para o Passo (ii).
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Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Após a determinação do fasor tensão de todas as barras, a solução do Subsistema 2 (S2) é trivial, sendo
obtida através das expressões:
Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑ k = {barra de referência}
(S2) = m∈K
(VII.11)
Qk = Vk Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )
∑ k ∈ {barras PV e referência}
m∈K
Exemplo VII.9 – Utilizando o método Newton, determinar a solução do problema do fluxo de carga
correspondente ao sistema elétrico de duas barras utilizado no Exemplo VII.1, considerando uma tolerância
ε P = ε Q = 0,001 .
∂ P(V ,θ ) ∂P
N= = N 22 = 2 = 2V2G22 + Vm (G2 m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = 2V2 G22 + V1 (G21 cos θ 21 + B21 sen θ 21 )
∑
∂V ∂V2 m∈Ω 2
∂Q(V ,θ ) ∂Q2
M= = M 22 = = V2 ∑ Vm (G2 m cosθ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = V2V1 (G21 cosθ 21 + B21 sen θ 21 )
∂θ ∂θ 2 m∈Ω 2
∂Q (V ,θ ) ∂Q2
L= = L22 = = −2V2 B22 + Vm (G2 m sen θ 2 m − B2 m cosθ 2 m ) = −2V2 B22 + V1 (G21 sen θ 21 − B21 cosθ 21 )
∑
∂V ∂V2 m∈Ω 2
Levando em conta a matriz admitância da rede (já calculada na solução do Exercício VII.1), e os valores
especificados para V1 = V1esp = 1 pu e θ1 = θ1esp = 0 rad , têm-se os seguintes elementos:
H 22 = V2 (0,9901senθ 2 + 9,9010 cosθ 2 )
N 22 = 1,9802V2 + (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
M 22 = V2 (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
L22 = 19,802V2 + (− 0,9901sen θ 2 − 9,9010 cosθ 2 )
Neste caso, como a matriz Jacobiana é dada por:
H N
J = − 22 22
M 22 L22
então sua inversa é dada por:
−1
−1 H N 22 −1 L22 − N 22
J = − 22 = − M
M 22 L22 H 22 L22 − N 22 M 22 22 H 22
Considerando uma solução inicial θ 20 = 0 rad e V20 = 1 pu , obtêm-se os resultados mostrados na Tabela
VII.12. Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 é dada por:
V2 = 0,9461 pu e θ 2 = −0,0804 rad = −4,61 , mesmo valor obtido na solução do Exemplo VI.1.
Na Tabela VII.12 é importante observar os valores obtidos nas submatrizes que constituem o Jacobiano.
Enquanto os elementos das submatrizes H e L possuem maior valor absoluto e apresentam variações
pequenas ao longo do processo iterativo, os elementos das submatrizes N e M possuem menor valor absoluto
e variam de forma significativa.
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Os resultados mostrados na Tabela VII.12, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_9.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p2=-0.8; q2=-0.4;
v1=1; t1=0;
v2=1; t2=0;
x=[t2; v2];
G11=0.9901; G12=-0.9901;
G21=-0.9901; G22=0.9901;
B11=-9.901; B12=9.901;
B21=9.901; B22=-9.901;
for k=0:5,
dp2=p2-v2*(v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2))+G22*v2);
dq2=q2-v2*(v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2))-B22*v2);
gx=[dp2; dq2];
h22=v2*v1*(-G21*sin(t2)+B21*cos(t2));
n22=2*v2*G22+v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
m22=v2*v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
l22=-2*v2*B22+v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2));
Jac=-[h22 n22
m22 l22];
Jac1=-inv(Jac);
dx=Jac1*gx;
y=[k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac1(1,1) Jac1(1,2) dx(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac1(2,1) Jac1(2,2) dx(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
x=x+dx;
t2=x(1);
v2=x(2);
end
p1=v1*(v2*(G12*cos(-t2)+B12*sin(-t2))+G11*v1);
q1=v1*(v2*(G12*sin(-t2)-B12*cos(-t2))-B11*v1);
y=[p1 q1];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f',y);
fclose(saida);
Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência na barra de referência:
P1 = V1 Vm (G1m cos θ1m + B1m sen θ1m )
∑
(S2) = m∈K1
Q
1 = V 1 ∑ Vm (G1m sen θ1m − B1m cos θ1m )
m∈K1
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4450A-04 – Sistemas de Energia I
Exemplo VII.10 – Utilizando o método de Newton, determinar a solução do fluxo de carga da rede da
Figura VII.7 cujos dados se encontram nas Tabelas VII.13 e VII.14. Utilizar uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 .
1 2 3
V1 Z 12 V2 S2 Z 23 V3
S3
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23
S1
jb1sh
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] bksh [pu]
1 PQ — — – 0,15 0,05 0,05
2 Vθ 1,00 0,0 — — —
3 PV 1,00 — 0,20 — —
sh
k m Z km [pu] bkm [pu]
1 2 0,03 + j0,3 0,02
2 3 0,05 + j0,8 0,01
Solução Exemplo VII.10: As admitâncias das linhas de transmissão são dadas por:
≈ (0,3300 − j3,3003) pu
1 1
Y 12 = =
Z 12 0,03 + j 0,3
≈ (0,0778 − j1,2451) pu
1 1
Y 23 = =
Z 23 0,05 + j 0,8
sendo a matriz admitância dada por:
0,33 − j 3,2303 − 0,33 + j3,3003 0
Y = − 0,33 + j 3,3003 0,4078 − j 4,5154 − 0,0778 + j1,2451
0 − 0,0778 + j1,2451 0,0778 − j1,2351
0,33 − 0,33 0 − 3,2303 3,3003 0
G = − 0,33 0,4078 − 0,0778 e
B = 3,3003 − 4,5154 1,2451
0 − 0,0778 0,0778 0 1,2451 − 1,2351
As incógnitas e equações do Subsistema 1 são as seguintes:
θ1
x = θ 3
V1
∆P1 = P1esp − V1 [V1G11 + V2 (G12 cos θ12 + B12 sen θ12 )] = 0
(S1) ∆P3 = P3 − V3 [V2 (G32 cos θ 32 + B32 sen θ 32 ) + V3G33 ] = 0
esp
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Solução Exemplo VII.10 (continuação): Substituindo os valores conhecidos, tem-se o seguinte sistema
de equações:
∆P1 = − 0,15 − V1 [0,33V1 + 1(− 0,33 cosθ1 + 3,3003 sen θ1 )] = 0
(S1) ∆P3 = 0,20 − 1[1(− 0,0778 cosθ 3 + 1,2451sen θ 3 ) + 0,0778 × 1] = 0
∆Q = 0,05 − V [3,2303V + 1(− 0,33 sen θ − 3,3003 cosθ )] = 0
1 1 1 1 1
Para este problema a matriz Jacobiana apresenta a seguinte formação:
∂∆P1 ∂∆P1 ∂∆P1
∂θ1 ∂θ 3 ∂V1 H 11 H13 N11
∂∆P3 ∂∆P3 ∂∆P3
J= = − H 31 H 33 N 31
∂θ ∂ θ ∂V
∂∆Q1 ∂∆Q3 ∂∆Q1 M 11 M 13 L11
1 1 1
∂θ1 ∂θ 3 ∂V1
∂P
H11 = 1 = V1 Vm (− G1m sen θ1m + B1m cos θ1m ) = V1V2 (− G12 sen θ12 + B12 cos θ12 )
∑
∂θ1 m∈Ω1
∂P1 ∂P3
H13 = =0 e H 31 = =0
∂θ 3 ∂θ1
∂P3
H 33 = = V3 ∑ Vm (− G3m sen θ 3m + B3m cos θ 3m ) = V3V2 (− G32 sen θ 32 + B32 cos θ 32 )
∂θ 3 m∈Ω3
∂P1
N11 = = 2V1G11 + Vm (G1m cosθ 1m + B1m sen θ 1m ) = 2V1G11 + V2 (G12 cosθ12 + B12 sen θ12 )
∑
∂V1 m∈Ω1
∂P3
N 31 = =0
∂V1
∂Q1
M 11 = = V1 Vm (G1m cosθ1m + B1m sen θ1m ) = V1V2 (G12 cosθ12 + B12 sen θ12 )
∑
∂θ1 m∈Ω1
∂Q1
M 13 = =0
∂θ 3
∂Q
L11 = 1 = −2V1 B11 + Vm (G1m sen θ1m − B1m cosθ1m ) = −2V1 B11 + V2 (G12 sen θ12 − B12 cosθ12 )
∑
∂V1 m∈Ω1
Considerando uma solução inicial θ10 = θ 30 = 0 rad e V10 = 1 pu , obtém-se os resultados mostrados na
Tabela VII.15.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 21 de 47
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Solução Exemplo VII.10 (continuação): Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do
Subsistema 1 é dada por: V1 = 1,0307 pu , θ1 = −0,0473 rad = −2,71 e θ 3 = 0,1605 rad = 9,20 . Observar
que após a 1a iteração o resíduo ∆P3 já se encontrava dentro da tolerância desejada
( ∆P1
3 )
= − 0,0001 < ε P = 0,001 , mas foi necessário realizar mais uma iteração, pois os demais resíduos
(∆P1 e ∆Q3 ) eram superiores.
Os resultados mostrados na Tabela VII.15, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 22 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Exemplo VII.10 (continuação): Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da
injeção de potência na barra de referência:
P2 = V2 Vm (G2 m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m )
∑ K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
(S2) = Q2 = V2 Vm (G2 m sen θ 2 m − B2 m cosθ 2 m )
∑ K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
Q3 = V3 Vm (G3m sen θ 3m − B3m cos θ 3m )
∑ K 3 = {1,3}
m∈ K 3
2
P = V [
2 1V (G 21 cos θ 21 + B21 sen θ 21 ) + V2 G22 + V3 (G23 cos θ 23 + B23 sen θ 23 )]
(S2) Q2 = V2 [V1 (G21 sen θ 21 − B21 cos θ 21 ) − V2 B22 + V3 (G23 sen θ 23 − B23 cos θ 23 )]
Q = V [V (G sen θ − B cos θ ) − V B ]
3 3 2 32 32 32 32 3 33
Substituindo os valores conhecidos, chega-se a:
P2 = −0,0469 pu
(S2) Q2 = −0,1152 pu
Q = −0,0064 pu
3
Após a determinação do estado da rede, os fluxos de potência nas linhas podem ser facilmente determinados,
utilizando-se as expressões (III.11) e (III.12)5, obtendo-se os resultados mostrados na Figura VII.8.
1 2 3
jb1sh
Exercício VII.3 – No sistema de três barras do Exemplo VII.10, em função da barra de referência (Barra 2)
ocupar uma posição central e de não existir ligação direta entre as Barras 1 e 3, o sistema elétrico de três
barras pode ser dividido em dois sistemas de duas barras independentes, conforme mostrado na Figura VII.9.
1 Sistema A 2 2 Sistema B 3
B
V1 Z 12 V2 V2 S2 Z 23 V3
A
S2 S3
sh sh
jb12sh jb12sh jb23 jb23
S1
A B
S2 = S2 + S2
jb1sh
5
Para detalhes, vide Capítulo III.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 23 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Observar que as equações utilizadas para determinar o fasor tensão da Barra 1 não envolvem o fasor tensão
da Barra 3 e vice-versa. Desta forma as duas redes podem ser resolvidas separadamente, sendo a injeção de
A B
potência da Barra 2 dada pela soma das injeções calculadas para as duas redes, ou seja, S 2 = S 2 + S 2 .
Resolver o fluxo de carga das duas redes separadamente e comparar com os resultados do Exemplo VII.10
para comprovar estas afirmações.
Exercício VII.4 – Para o mesmo sistema elétrico utilizado no Exemplo VII.10, determinar solução do fluxo
de carga considerando os dados da Tabelas VII.16 e utilizando uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 .
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] bksh [pu]
1 PQ — — – 0,15 0,05 – 0,05
2 PV 1,00 — – 0,0469 — —
3 Vθ 1,00 0,1605 — — —
O processo iterativo de solução do fluxo de carga pelo método de Newton baseia-se na solução do seguinte
sistema linear:
∂ P (V ,θ ) ∂ P(V ,θ )
H= N=
∆ Pυ H N υ ∆θ υ ∂θ ∂V
υ = υ com
∂ ( θ ) ∂ (V ,θ )
∆ Q M L ∆V
Q V , Q
M = L=
∂θ ∂V
Em redes de transmissão em alta tensão (maiores ou iguais a 230 kV), o fluxo de potência ativa é muito
menos sensível às mudanças na magnitude das tensões que às mudanças nos ângulos de fase das tensões
nodais. De forma similar, o fluxo de potência reativa é muito menos sensível às mudanças nos ângulos de
fase das tensões que às mudanças nas magnitudes das tensões nodais. Isto faz com que as sensibilidades
∂P e ∂Q sejam muito mais intensas que as sensibilidades ∂P e ∂Q , e possibilita a separação
∂θ ∂V ∂V ∂θ
deste sistema linear em dois subsistemas independentes (não acoplados). Esta separação é denominada
desacoplamento Pθ θ-QV.
O algoritmo básico do método de Newton-Raphson para solução do fluxo de carga é dado por:
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 24 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
( ) (
∆ Pν V ν ,θ ν = H V ν ,θ ν ⋅ ∆θ ν + N V ν ,θ ν ⋅ ∆V ν ) ( ) barras PQ e PV
1 Iteração
ν ν ν
( ν ν
) (
ν
∆Q V ,θ = M V ,θ ⋅ ∆θ + L V ,θ ⋅ ∆V
ν +1
ν ν ν
) ( ) barras PQ
ν ν
θ = θ + ∆θ barras PQ e PV
V = V + ∆V ν
ν +1 ν
barras PQ
Desprezando os termos N V ,θ ( ν ν
) e M (V ν
,θ
ν
), é possível resolver separadamente e alternadamente para
∆θ ν e ∆V ν da seguinte maneira:
1 Iteração Pθ ν +1
(
∆ Pν V ν ,θ ν = H V ν ,θ ν ⋅ ∆θ ν ) ( ) barras PQ e PV
θ = θ ν + ∆θ ν
2
barras PQ e PV (VII.12)
1 Iteração QV ν +1
(
∆Qν V ν ,θ ν +1 = L V ν ,θ ν +1 ⋅ ∆V ν ) ( ) barras PQ
2 ν ν
V = V + ∆V barras PQ
As alterações introduzidas pela simplificação da matriz Jacobiana são, parcialmente, compensadas pelo fato
ν +1
das variáveis θ e V serem atualizadas a cada meia iteração (observar que utiliza-se θ para os cálculos
ν
dos resíduos ∆Q e da submatriz L ).
De um modo geral, a taxa de convergência dos dois subproblemas (subproblema ativo: ½ Iteração Pθ;
subproblema reativo: ½ Iteração QV) são diferenciadas e é comum a realização de iterações em apenas um
dos subproblemas.
A resolução do fluxo de carga pelo método de Newton desacoplado segue os seguintes passos:
i. Fazer p = q = 0 , KP = KQ = 1 e escolher os valores iniciais dos ângulos das tensões das barras PQ e
PV θ = θ = θ ( ) e as magnitudes das tensões das barras PQ (V = V = V ) .
p 0 q 0
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 25 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Para o método de Newton desacoplado, as matrizes a serem definidas são apenas as submatrizes H e L, ou
seja:
H 11 H 13
H =
H 31 H 33
∂P1
H11 = = V1 Vm (− G1m sen θ1m + B1m cos θ1m ) = V1V2 (− G12 sen θ12 + B12 cos θ12 )
∑
∂θ1 m∈Ω1
∂P1 ∂P3
H13 = =0 e H 31 = =0
∂θ 3 ∂θ1
∂P3
H 33 = = V3 Vm (− G3m sen θ 3m + B3m cos θ 3m ) = V3V2 (− G32 sen θ 32 + B32 cos θ 32 )
∑
∂θ 3 m∈Ω3
L = [L11 ]
∂Q1
L11 = = −2V1 B11 + Vm (G1m sen θ1m − B1m cosθ1m ) = −2V1 B11 + V2 (G12 sen θ12 − B12 cosθ12 )
∑
∂V1 m∈Ω1
Considerando uma solução inicial θ10 = θ 30 = 0 rad e V10 = 1 pu , obtém-se os resultados mostrados na
Tabela VII.17.
Tabela VII.17 – Resultados parciais do processo iterativo – fluxo de carga Newton desacoplado.
θ 1p ∆P1 x( )p ,q
[ ( )] [H (x )] −1 ∆θ 1p
( ) [ ( )] [L(x )] −1
( ) − H x ∆Q1 x p , q − Lx ∆V1q
p,q p ,q q p,q p,q
p q V1
θ 3p ∆P3 x p , q ∆θ 3p
0 –0,15 − 3,3003 0 0,3030 0 –0,0455
0 0 1 0,1016 –3,1787 0,3146 0,0320
0 0,20 0 − 1,2451 0 0,8031 0,1606
–0,0455 –0,0065 − 3,3868 0 0,2953 0 –0,0019
1 1 1,0320 –0,0043 –3,3861 0,2953 –0,0013
0,1606 –0,0001 0 − 1,2415 0 0,8055 –0,0001
–0,0474 2,44×10-4
2 — — — 2 1,0307 –5,10×10-6 — — —
0,1605 0
Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 é dada por: V1 = 1,0307 pu ,
θ1 = −0,0474 rad = −2,72 e θ 3 = 0,1605 rad = 9,20 . Observar que após a 1a iteração, ou seja, após duas ½
(
iterações, o resíduo ∆P3 já se encontrava dentro da tolerância desejada ∆P31 = − 0,0001 < ε P = 0,001 , mas )
foi necessário realizar mais uma ½ iteração Pθ, pois o outro resíduo (∆P1 ) era superior.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 26 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Exemplo VII.11 (continuação): Os resultados mostrados na Tabela VII.17, foram obtidos
executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_11.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p1=-0.15; q1=0.05; p3=0.2;
v1=1; t1=0; v2=1; t2=0; v3=1; t3=0;
x=[t1; t3; v1];
b1sh=0.05;
g12=0.33; b12=-3.3003; b12sh=0.02;
g23=0.0778; b23=-1.2451; b23sh=0.01;
G11=g12; G12=-g12; G13=0;
G21=-g12; G22=g12+g23; G23=-g23;
G31=0; G32=-g23; G33=g23;
B11=b12+b12sh+b1sh; B12=-b12; B13=0;
B21=-b12; B22=b12+b23+b12sh+b23sh; B23=-b23;
B31=0; B32=-b23; B33=b23+b23sh;
kmax=10; tol=0.001; kp=1; kq=1;
for k=0:kmax,
dp1=p1-v1*(v2*(G12*cos(t1-t2)+B12*sin(t1-t2))+G11*v1);
dp3=p3-v3*(v2*(G32*cos(t3-t2)+B32*sin(t3-t2))+G33*v3);
gxp=[dp1; dp3];
if max(abs(gxp))>tol
h11=v1*v2*(-G12*sin(t1-t2)+B12*cos(t1-t2));
h13=0; h31=0;
h33=v3*v2*(-G32*sin(t3-t2)+B32*cos(t3-t2));
Jacp=-[h11 h13; h31 h33]; Jacp1=-inv(Jacp);
dxp=Jacp1*gxp;
kq=1;
else
kp=0;
Jacp=[0 0; 0 0]; Jacp1=[0 0; 0 0];
dxp=[0; 0];
end
y=[k x(1) gxp(1) Jacp(1,1) Jacp(1,2) Jacp1(1,1) Jacp1(1,2) dxp(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gxp(2) Jacp(2,1) Jacp(2,2) Jacp1(2,1) Jacp1(2,2) dxp(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kp==1
x=x+[dxp(1); dxp(2); 0];
t1=x(1); t3=x(2);
elseif kq==0
break
end
dq1=q1-v1*(v2*(G12*sin(t1-t2)-B12*cos(t1-t2))-B11*v1);
gxq=[dq1];
if max(abs(gxq))>tol
l11=-2*v1*B11+v2*(G12*sin(t1-t2)-B12*cos(t1-t2));
Jacq=-[l11]; Jacq1=-inv(Jacq);
dxq=Jacq1*gxq;
kp=1;
else
kq=0;
Jacq=[0]; Jacq1=[0];
dxq=[0];
end
y=[k x(3) gxq(1) Jacq(1,1) Jacq1(1,1) dxq(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kq==1
x=x+[0;0;dxq(1)];
v1=x(3);
elseif kp==0
break
end
end
p2=v2*(v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+G22*v2+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3)));
q2=v2*(v1*(G21*sin(t2-t1)-B21*cos(t2-t1))-B22*v2+v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3)));
q3=v3*(v2*(G32*sin(t3-t2)-B32*cos(t3-t2))-B33*v3);
q1sh=v1*v1*b1sh;
y=[p2 q2 q3 q1sh];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f\n %8.4f\n %8.4f\n',y);
fclose(saida);
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 27 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Em alguns sistemas, é possível acelerar a convergência através da normalização das equações (VII.12) com
relação à magnitude da tensão. Sendo V a matriz diagonal cujos elementos não-nulos são as magnitudes das
tensões das barras do sistema, ou seja,
1
V 0 0
V1 0 0
0 V 1
0 ⇒ 0 1
0
V = 2
V −1 = V2
0 0 VNB 1
0 0
VNB
as equações normalizadas do fluxo de carga pelo método de Newton desacoplado são dadas por:
1 Iteração Pθ
( ) (
V −1 ⋅ ∆ Pν V ν ,θ ν = V −1 ⋅ H V ν ,θ ν ⋅ ∆θ ν
ν +1
) barras PQ e PV
θ = θ ν + ∆θ ν
2
barras PQ e PV (VII.13)
1 Iteração QV
(
ν
V ⋅ ∆Q V ,θ
−1
ν +1
ν ν +1
) ν
= V −1 ⋅ L V ,θ(ν +1
⋅ ∆V
ν
)barras PQ
2 ν ν
V = V + ∆V barras PQ
Sabendo que as matrizes H e L originais são dadas por:
∂Pk
H kk = ∂θ = Vk ∑ Vm (− Gkm sen θ km + Bkm cosθ km ) = −Qk − Vk2 Bkk
k m∈ Ω
∂ P(V ,θ )
k
∂Pk
H= H kl = = VkVl (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂θ ∂θ l
H kl = 0 l ∉ Ωk
∂Qk
∑ Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km ) = k − Vk Bkk
Q
Lkk = ∂V = −2Vk Bkk + Vk
k m∈Ω k
∂Q(V , θ ) ∂Qk
L= Lkl = = Vk (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂V ∂Vl
Lkl = 0 l ∉ Ωk
é possível definir novas submatrizes, incluindo a normalização, ou seja, definir:
' 1 ∂Pk − Qk
H kk = V ∂θ = ∑ Vm (− Gkm sen θ km + Bkm cos θ km ) = − Vk Bkk
Vk
k k m∈ Ω k
1 ∂Pk
H ′ = V −1 H H kl' = = Vl (Gkl sen θ kl − Bkl cos θ kl ) l ∈ Ωk
V k ∂θ l
H kl' = 0 l ∉ Ωk
' 1 ∂Qk
Vm (Gkm sen θ km − Bkm cos θ km ) = k 2 − Bkk
1
Lkk = V ∂V = −2 Bkk + V ∑ Q
Vk
k k k m∈Ω k
1 ∂Qk
L′ = V −1 L L'kl = = Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl l ∈ Ωk
Vk ∂Vl
L'kl = 0 l ∉ Ωk
Utilizando as matrizes H ′ e L ′ , o processo iterativo do método de Newton desacoplado, em sua versão
normalizada, se resume a:
1 Iteração Pθ
( )
V −1 ⋅ ∆ Pν V ν , θ ν = H ′ V ν , θ ν ⋅ ∆θ ν
ν +1
( )
barras PQ e PV
2 ν ν
θ = θ + ∆θ barras PQ e PV
(VII.14)
1 Iteração QV
ν
V ⋅ ∆Q V , θ
−1
ν +1
ν
(
ν +1 ν
= L′ V , θ ) (
ν +1
⋅ ∆V
ν
barras PQ )
2 ν ν
V = V + ∆V barras PQ
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 28 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Tabela VII.18 – Resultados parciais do processo iterativo – fluxo de carga Newton desacoplado normalizado.
θ 1p ( )
∆P1 x
p ,q
[ ( )] [H ′(x )] −1 ∆θ 1p
( ) [ ( )] [L′(x )] −1
( ) − H′ x ∆Q1 x − L′ x ∆V1q
p,q p ,q q p ,q p,q p ,q
p q V1
θ 3p ∆P3 x p , q ∆θ 3p
0 –0,15 − 3,3003 0 0,3030 0 –0,0455
0 0 1 0,1016 –3,1787 0,3146 0,0320
0 0,20 0 − 1,2451 0 0,8031 0,1606
–0,0455 –0,0065 − 3,2819 0 0,3047 0 –0,0019
1 1 1,0320 –0,0043 − 3,2812 0,3048 –0,0013
0,1606 –0,0001 0 − 1,2415 0 0,8055 –0,0001
–0,0474 2,44×10-4
2 — — — 2 1,0307 –5,10×10-6 — — —
0,1605 0
Comparando-se os resultados das Tabelas VII.17 e VII.18, observam-se diferenças apenas nas matrizes
utilizadas no processo iterativo pois este descreve a mesma trajetória. Isto ocorre, neste caso, porque para o
subproblema ativo (Pθ), a matriz H só possui elementos não nulos na diagonal e os sistemas resolvidos nos
dois casos tornam-se idênticos (embora isto não ocorra no caso geral):
ν ν ν
∆P1 H 11 0 ∆θ1 ∆P1ν = H 11
ν
∆θ1ν
Desacoplado: ∆P = 0 H ⋅ ∆θ ⇒
3 33 3 ∆P3ν = H 33
ν
∆θ 3ν
ν ν ν
V1−1∆P1 ′ 0 ∆θ1
H11 V1−1∆P1ν = V1−1 H 11
ν
∆θ1ν
Desacoplado normalizado: −1 = ⋅ ⇒
V3 ∆P3 ′ ∆θ 3
0 H 33 V3−1∆P3ν = V3−1 H 33
ν
∆θ 3ν
Para o subproblema reativo (QV), a matriz L só possui um elemento, razão pela qual os sistemas resolvidos
também são idênticos.
Desacoplado: [∆Q1 ]ν = [L11 ]ν ⋅ [∆V1 ]ν
Desacoplado normalizado: [V−1
1 ∆Q1
ν
] = [L11
′ ] ⋅ [∆V1 ]
ν ν
⇒ V1−1∆Q1ν = V1−1 Lν11∆V1ν
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 29 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Exemplo VII.12 (continuação): Os resultados mostrados na Tabela VII.18, foram obtidos
executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_12.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p1=-0.15; q1=0.05; p3=0.2;
v1=1; t1=0; v2=1; t2=0; v3=1; t3=0;
x=[t1; t3; v1];
b1sh=0.05;
g12=0.33; b12=-3.3003; b12sh=0.02;
g23=0.0778; b23=-1.2451; b23sh=0.01;
G11=g12; G12=-g12; G13=0;
G21=-g12; G22=g12+g23; G23=-g23;
G31=0; G32=-g23; G33=g23;
B11=b12+b12sh+b1sh; B12=-b12; B13=0;
B21=-b12; B22=b12+b23+b12sh+b23sh; B23=-b23;
B31=0; B32=-b23; B33=b23+b23sh;
kmax=10; tol=0.001; kp=1; kq=1;
for k=0:kmax,
dp1=p1-v1*(v2*(G12*cos(t1-t2)+B12*sin(t1-t2))+G11*v1);
dp3=p3-v3*(v2*(G32*cos(t3-t2)+B32*sin(t3-t2))+G33*v3);
gxp=[dp1; dp3];
gxp1=[dp1/v1; dp3/v3];
if max(abs(gxp))>tol
h11=v2*(-G12*sin(t1-t2)+B12*cos(t1-t2));
h13=0; h31=0;
h33=v2*(-G32*sin(t3-t2)+B32*cos(t3-t2));
Jacp=-[h11 h13; h31 h33]; Jacp1=-inv(Jacp);
dxp=Jacp1*gxp1;
kq=1;
else
kp=0;
Jacp=[0 0; 0 0]; Jacp1=[0 0; 0 0];
dxp=[0; 0];
end
y=[k x(1) gxp(1) Jacp(1,1) Jacp(1,2) Jacp1(1,1) Jacp1(1,2) dxp(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gxp(2) Jacp(2,1) Jacp(2,2) Jacp1(2,1) Jacp1(2,2) dxp(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kp==1
x=x+[dxp(1); dxp(2); 0];
t1=x(1); t3=x(2);
elseif kq==0
break
end
dq1=q1-v1*(v2*(G12*sin(t1-t2)-B12*cos(t1-t2))-B11*v1);
gxq=[dq1];
gxq1=[dq1/v1];
if max(abs(gxq))>tol
l11=-2*B11+(v2/v1)*(G12*sin(t1-t2)-B12*cos(t1-t2));
Jacq=-[l11]; Jacq1=-inv(Jacq);
dxq=Jacq1*gxq1;
kp=1;
else
kq=0;
Jacq=[0]; Jacq1=[0];
dxq=[0];
end
y=[k x(3) gxq(1) Jacq(1,1) Jacq1(1,1) dxq(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kq==1
x=x+[0;0;dxq(1)];
v1=x(3);
elseif kp==0
break
end
end
p2=v2*(v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+G22*v2+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3)));
q2=v2*(v1*(G21*sin(t2-t1)-B21*cos(t2-t1))-B22*v2+v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3)));
q3=v3*(v2*(G32*sin(t3-t2)-B32*cos(t3-t2))-B33*v3);
q1sh=v1*v1*b1sh;
y=[p2 q2 q3 q1sh];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f\n %8.4f\n %8.4f\n',y);
fclose(saida);
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 30 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
O método desacoplado rápido é uma simplificação do método de Newton desacoplado, versão normalizada,
na qual são empregadas matrizes constantes nos lugares das matrizes H ′ e L ′ , mostradas na equação
(VII.14). Na determinação das matrizes constantes, são realizadas algumas aproximações:
a) cosθ km ≈ 1
b) Bkm >> Gkm sen θ km
c) Vk2 Bkk >> Qk
Têm-se, assim, as seguintes aproximações para as matrizes H e L:
' 1 ∂Pk
H kk = V ∂θ ≈ ∑ Vm Bkm
k k m∈Ω k
' 1 ∂Pk
H ′ H kl = ≈ −Vl Bkl l ∈ Ωk
Vk ∂θ l
H kl' = 0 l ∉ Ωk
' 1 ∂Qk
Lkk = V ∂V ≈ − Bkk
k k
' 1 ∂Qk
L′ Lkl = = − Bkl l ∈ Ω k
Vk ∂Vl
L'kl = 0 l ∉ Ωk
Considerando-se que as tensões são próximas a 1 pu, é possível obter matrizes independentes das variáveis
de estado do sistema. Tais matrizes dependem apenas dos parâmetros do sistema e são dadas por:
Bkk' ≈
∑m∈Ω k
Bkm
H ′ ≈ B′ Bkl' ≈ − Bkl l ∈ Ωk
B ' = 0 l ∉ Ωk
kl
Bkk'' ≈ − Bkk
L′ ≈ B′′ Bkl'' = − Bkl l ∈ Ω k
B '' = 0 l ∉ Ωk
kl
A denominação B ′ e B ′′ vem do fato destas matrizes serem semelhantes a matriz de susceptâncias B .
Utilizando estas matrizes (B ′ e B ′′) , o processo iterativo do método desacoplado rápido é dado por:
1 Iteração Pθ ν +1
( )
V −1 ⋅ ∆ Pν V ν , θ ν = B′ ⋅ ∆θ ν barras PQ e PV
θ = θ ν + ∆θ ν
2
barras PQ e PV
( )
(VII.15)
V −1 ⋅ ∆Qν V ν , θ ν +1 = B′′ ⋅ ∆V ν barras PQ
1 Iteração QV
ν +1
V = V ν + ∆V ν
2
barras PQ
De modo heurístico, observou-se que o método apresentava melhor desempenho quando, na formação da
−1
matriz B ′ , desprezava-se as resistências série, aproximando-se bkm por − x km :
Bkk' =
∑m∈Ω k
−1
xkm
' −1
B′ kl
B = − xkm l ∈ Ωk
B ' = 0 l ∉ Ωk
kl
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 31 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Quando no sistema considerado existem elementos shunt com admitâncias anormalmente elevadas, a
hipótese (c) pode não ser válida. Neste caso, o emprego da matriz B ′′ como definido anteriormente pode
proporcionar convergência lenta ou até mesmo a divergência.
A correção que deve ser realizada na matriz B ′′ é obtida realizando-se as seguintes aproximações na
expressão do elemento da diagonal da matriz L. Tem-se que:
≈ − Bkm
≈1 ≈1 ≈1
∂Qk
Lkk =
∂Vk
= −2Vk Bkk +
m∈Ω k
∑
Vm Gkm sen θ km − Bkm cosθ km ≈ −2 Bkk +
m∈Ω k
G km sen θ km − B km ∑
Lkk ≈ −2 Bkk + ∑ (− B )
m∈Ω k
km
′′ = −2 Bkk −
Bkk ∑B km = −2 Bksh −
∑ Bkm − ∑
m∈Ω
Bkm = −2 Bksh + ∑ Bkm = − Bksh −
∑ Bkm − Bksh
m∈Ω k m∈Ω k k m∈Ω k m∈Ω k
′′ = − Bkk − Bksh
Bkk
onde Bksh é a soma de todas as susceptâncias que ligam o nó k à terra.
A resolução do fluxo de carga pelo método desacoplado rápido segue os seguintes passos:
i. Fazer p = q = 0 , KP = KQ = 1 e escolher os valores iniciais dos ângulos das tensões das barras PQ e
( )
PV θ = θ = θ e as magnitudes das tensões das barras PQ V = V = V .
p 0
( q 0
)
ii. Determinar as matrizes B′ e B′′ .
iii.
q p
( )
Calcular Pk V ,θ para as barras PQ e PV e determinar o vetor dos resíduos (“mismatches”) ∆ P .
p
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 32 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
′ =0
B13 e ′ =0
B31
1 1
′ =
B33
m∈Ω3
∑x −1
3m = =
x23 0,8
= 1,25
B′′ = [B11
′′ ]
′′ = − B11 − B1sh = −(− 3,2303) − (0,05 + 0,02) = 3,1603
B11
Para o método desacoplado rápido as matrizes utilizadas para determinar as correções nas iterações Pθ e QV
são constantes e podem ser obtidas no início do processo pois não dependem do estado Vθ da rede (vide
Passo (ii) do algoritmo), sendo dadas por:
−1
3,3333 0 0,3 0
[B′]−1
= =
0 1,25
0 0,8
[B′′]−1 = [3,1603]−1 = [0,3164]
Considerando uma solução inicial θ10 = θ 30 = 0 rad e V10 = 1 pu , obtém-se os resultados mostrados na
Tabela VII.19.
Tabela VII.19 – Resultados parciais do processo iterativo – fluxo de carga desacoplado rápido.
( ) ∆P1 x
p ,q
∆P (x ) ( )
θ ∆θ 1p
( )
p p ,q
∆Q1 x
q p ,q
V
∆P (x ) ∆P (x )
∆Q1 x ∆V1q
1 1 1 q p ,q
p q V1
θ 3
p
3
p ,q
3
p ,q
∆θ 3p V1q
V3
0 –0,15 –0,15 –0,0450
0 0 1 0,1018 0,1018 0,0322
0 0,20 0,20 0,1600
–0,0450 –0,0081 –0,0078 –0,0023
1 1 1,0322 –0,0051 –0,0049 –0,0016
0,1600 0,0006 0,0006 0,0005
–0,0473 1,8×10-4
2 — — 2 1,0307 1,9×10-4 — —
0,1605 4,3×10-6
Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 obtida pelo método desacoplado
rápido é dada por: V1 = 1,0307 pu , θ1 = −0,0473 rad = −2,71 e θ 3 = 0,1605 rad = 9,20 . A grande
vantagem deste método é o fato de não ser necessário recalcular e re-inverter a cada iteração as matrizes
necessárias para as iterações Pθ e QV. Desta forma, embora possa ser necessário realizar um número maior
de iterações, as iterações do método desacoplado rápido são sempre mais simples e rápidas do que as
iterações dos métodos de Newton-Raphson ou Newton desacoplado.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 33 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Exemplo VII.13 (continuação): Os resultados mostrados na Tabela VII.19, foram obtidos
executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_13.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p1=-0.15; q1=0.05; p3=0.2;
v1=1; t1=0; v2=1; t2=0; v3=1; t3=0;
x=[t1; t3; v1];
b1sh=0.05;
g12=0.33; b12=-3.3003; b12sh=0.02; x12=0.3;
g23=0.0778; b23=-1.2451; b23sh=0.01; x23=0.8;
G11=g12; G12=-g12; G13=0;
G21=-g12; G22=g12+g23; G23=-g23;
G31=0; G32=-g23; G33=g23;
B11=b12+b12sh+b1sh; B12=-b12; B13=0;
B21=-b12; B22=b12+b23+b12sh+b23sh; B23=-b23;
B31=0; B32=-b23; B33=b23+b23sh;
bl11=1/x12; bl13=0;
bl31=0; bl33=1/x23;
Jacp=-[bl11 bl13; bl31 bl33]; Jacp1=-inv(Jacp);
bll11=-B11-b1sh-b12sh;
Jacq=-[bll11]; Jacq1=-inv(Jacq);
kmax=10; tol=0.001; kp=1; kq=1;
for k=0:kmax,
dp1=p1-v1*(v2*(G12*cos(t1-t2)+B12*sin(t1-t2))+G11*v1);
dp3=p3-v3*(v2*(G32*cos(t3-t2)+B32*sin(t3-t2))+G33*v3);
gxp=[dp1; dp3];
gxp1=[dp1/v1; dp3/v3];
if max(abs(gxp))>tol
dxp=Jacp1*gxp1;
kq=1;
else
kp=0;
dxp=[0; 0];
end
y=[k x(1) gxp(1) Jacp(1,1) Jacp(1,2) Jacp1(1,1) Jacp1(1,2) dxp(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gxp(2) Jacp(2,1) Jacp(2,2) Jacp1(2,1) Jacp1(2,2) dxp(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kp==1
x=x+[dxp(1); dxp(2); 0];
t1=x(1); t3=x(2);
elseif kq==0
break
end
dq1=q1-v1*(v2*(G12*sin(t1-t2)-B12*cos(t1-t2))-B11*v1);
gxq=[dq1];
gxq1=[dq1/v1];
if max(abs(gxq))>tol
dxq=Jacq1*gxq1;
kp=1;
else
kq=0;
dxq=[0];
end
y=[k x(3) gxq(1) Jacq(1,1) Jacq1(1,1) dxq(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
if kq==1
x=x+[0;0;dxq(1)];
v1=x(3);
elseif kp==0
break
end
end
p2=v2*(v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+G22*v2+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3)));
q2=v2*(v1*(G21*sin(t2-t1)-B21*cos(t2-t1))-B22*v2+v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3)));
q3=v3*(v2*(G32*sin(t3-t2)-B32*cos(t3-t2))-B33*v3);
q1sh=v1*v1*b1sh;
y=[p2 q2 q3 q1sh];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f\n %8.4f\n %8.4f\n',y);
fclose(saida);
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4450A-04 – Sistemas de Energia I
V1 Z 12 V2 S2 Z 23 V3
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23
S1 Z 13 S3
jb13sh jb13sh
jb1sh
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] bksh [pu]
1 PQ — — – 0,30 0,05 – 0,05
2 Vθ 1,00 0,0 — — —
3 PV 1,00 — 0,20 — —
sh
k m Z km [pu] bkm [pu]
1 2 0,03 + j0,3 0,02
1 3 0,08 + j1,1 0,03
2 3 0,05 + j0,8 0,01
Dezesseis anos após a apresentação heurística do método desacoplado rápido, foi publicado um artigo
descrevendo formalmente esta abordagem em 19906. Em linhas gerais, a formulação apresentada neste artigo
parte da iteração do método de Newton clássico:
∂ P(V ,θ ) ∂ P (V ,θ )
H= N=
∆ P H N ∆θ ∂θ ∂V
∆Q = ⋅ com
∂ Q(V ,θ ) ∂ Q(V ,θ )
M L ∆V M= L=
∂θ ∂V
∆ P = H∆θ + N∆V (VII.16)
∆Q = M∆θ + L∆V (VII.17)
Isolando ∆θ em (VII.16) e ∆V em (VII.17), tem-se:
∆θ H ∆θ N
∆θ = H −1 (∆ P − N∆V ) = H −1∆ P − H −1 N∆V (VII.18)
∆V L ∆V M
∆V (
= L−1 ∆Q − M∆θ ) L−1∆Q − L−1 M∆θ (VII.19)
6
A. Monticelli, A. Garcia, O. Saavedra (1990). Fast decoupled load flow: hypothesis, derivations and testing, IEEE
Transactions on Power Systems, Vol. 4, No. 4, November, pp. 1425-1431.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 35 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
∂θ
∂P
∆V ∆V
∂V
∂∆ P
∆ PV + L ∆Q, θ ≈ ∆ P (V , θ ) +
−1
∆V = ∆ P (V , θ ) − N L ∆Q
−1
∂V
Embora o processo já possa ser resolvido de forma desacoplada, apresenta dois seguintes inconvenientes:
• Em ambos algoritmos uma das correções é calculada em dois passos: ∆θ para o primal e ∆V para o
dual.
• As matrizes H eq e Leq podem ser cheias.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 36 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
ν ν
∆θ N = − H −1 N∆V
θ ν +1 = θ νtemp
+1 ν
+ ∆θ N
ν ν
∆V M = − L−1 M∆θ
ν +1 ν +1 ν
V = V temp + ∆V M
Para a próxima iteração a correção temporária em magnitude seria:
ν +1
∆V L = L−1 ∆Q V ,θ
ν +1 ν +1
( )
ν +2 ν +1 ν +1
V temp = V + ∆V L
Assim, as duas correções sucessivas de magnitude seriam dadas por:
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 37 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
ν
∆V M + ∆V L
ν +1
[ (
= L−1 ∆Q V
ν +1
,θ
ν +1
)− M∆θ ]
ν
≈ L−1 [∆Q(V ν +1
temp , θ ν +1 )− L∆V − M∆θ ]
ν
M
ν
ν ν
Como ∆V M = − L−1 M∆θ ,
ν ν ν
L∆V M = − LL−1 M∆θ = − M∆θ
logo
ν ν
− L∆V M − M∆θ = 0
Assim:
ν ν +1
∆V M + ∆V L
ν +1
≈ L−1∆Q V temp ,θ (
ν +1
)
Deste modo, as duas correções em magnitude sucessivas podem ser obtidas de uma só vez, ou seja, as
correções ∆V M são automaticamente realizadas (de forma aproximada) na próxima iteração.
Para evitar que a solução obtida para o problema do fluxo de carga seja não realizável, é importante verificar
se os equipamentos e instalações do sistema encontram-se dentro dos seus limites de operação. Além disto,
devem ser considerados os dispositivos de controle que influenciam as condições de operação para que seja
possível simular corretamente o desempenho do sistema elétrico. Exemplos de controles e limites existentes
nos programas de fluxo de carga são os seguintes:
• Controle da magnitude do fasor tensão nodal por ajuste de tap (transformadores em fase);
• Controle do fluxo de potência ativa (transformadores defasadores);
• Controle de intercâmbio;
• Limite de injeção de potência reativa em barras PV;
• Limite de tensão em barras PQ;
• Limites de taps de transformadores;
• Limites de fluxo em circuitos.
Um exemplo de limite que pode ser facilmente verificado é a injeção de potência reativa das barras de tensão
controlada (PV) que deve estar dentro da faixa definida para o equipamento
( )
Qkmin ≤ Qk ≤ Qkmax , k ∈ {barras PV} . Embora existam diversas formas de realizar este controle, é
conveniente fazê-lo ao longo do processo iterativo (antes da convergência) para evitar que sejam realizados
cálculos desnecessários.
É importante observar que a inclusão dos controles provoca alterações na taxa de convergência do processo
iterativo (para pior) podendo, ainda, provocar sua divergência e facilitar o aparecimento de soluções
múltiplas para o problema original.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 38 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
V1 Z 12 V2 S2 Z 23 V3
S1 S3
jb12sh jb12sh
jb2sh
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] bksh [pu]
1 Vθ 1,0 0 — — —
2 PQ — — – 0,20 – 0,10 – 0,05
3 PV 1,05 — – 0,30 — —
sh
k m Z km [pu] bkm [pu]
1 2 0,01 + j0,1 0,1
2 3 0,02 + j0,3 0,0
Solução Parcial Exercício VII.7: As admitâncias das linhas de transmissão são dadas por:
≈ (0,9901 − j 9,9010) pu
1 1
Y 12 = =
Z 12 0,01 + j 0,1
≈ (0,2212 − j 3,3186) pu
1 1
Y 23 = =
Z 23 0,02 + j 0,3
sendo a matriz admitância dada por:
0,9901 − j9,8010 − 0,9901 + j 9,9010 0
Y = − 0,9901 + j 9,9010 1,2113 − j13,1696 − 0,2212 + j 3,3186
0 − 0,2212 + j 3,3186 0,2212 − j 3,3186
As incógnitas e equações do Subsistema 1 são as seguintes:
θ 2
x = θ 3
V2
∆P2 = P2esp − V2 [V1 (G 21 cos θ 21 + B21senθ 21 ) + V2 G22 + V3 (G23 cos θ 23 + B23 senθ 23 )] = 0
(S1) ∆P3 = P3esp − V3 [V2 (G32 cos θ 32 + B32 senθ 32 ) + V3 G33 ] = 0
∆Q
2 = Q2 − V2 [V1 (G 21senθ 21 − B21cosθ 21 ) − V2 B22 + V3 (G 23 senθ 23 − B23 cosθ 23 )] = 0
esp
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 39 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.7 (continuação): Para este problema a matriz Jacobiana apresenta a
seguinte formação:
∂∆P2 ∂∆P2 ∂∆P2
∂θ 2 ∂θ 3 ∂V2 H 22 H 23 N 22
∂∆P3 ∂∆P3 ∂∆P3
J = = − H 32 H 33 N 32
∂θ 2 ∂θ 3 ∂V2
M 22 M 23 L22
∂∆Q2 ∂∆Q2 ∂∆Q2
∂θ 2 ∂θ 3 ∂V2
∂P2
H 22 = = V2 ∑ Vm (− G2 msenθ 2 m + B2 m cosθ 2 m )
∂θ 2 m∈Ω2
= V2 [V1 (− G21senθ 21 + B21 cosθ 21 ) + V3 (− G23senθ 23 + B23 cosθ 23 )]
∂P2 ∂P3
H 23 = = V2V3 (G23senθ 23 − B23 cosθ 23 ) H 32 = = V3V2 (G32 senθ 32 − B32 cosθ 32 )
∂θ 3 ∂θ 2
∂P3
H 33 = = V3 ∑ Vm (− G3m senθ 3m + B3m cosθ 3m )
∂θ 3 m∈Ω3
= V3V2 (− G32 senθ 32 + B32 cosθ 32 )
∂P2
N 22 = = 2V 2 G 22 + ∑ V m (G 2 m cos θ 2 m + B2 m senθ 2 m )
∂V2 m∈Ω 2
= 2V 2 G 22 + V1 (G 21 cos θ 21 + B21senθ 21 ) + V3 (G 23 cos θ 23 + B23 senθ 23 )
∂P3
N 32 = = V3 (G32 cosθ 32 + B32 senθ 32 )
∂V2
∂Q2
M 22 = = V2∑ V m (G 2 m cos θ 2 m + B2 m senθ 2 m ) =
∂θ 2 m∈Ω 2
= V2 [V1 (G 21 cos θ 21 + B21senθ 21 ) + V3 (G 23 cos θ 23 + B 23 senθ 23 )]
∂Q2
M 23 = = V2V3 (− G23cosθ 23 − B23senθ 23 )
∂θ 3
∂Q2
L22 = = −2V2 B22 + Vm (G2 m senθ 2 m − B2 m cos θ 2 m ) =
∑
∂V2 m∈Ω 2
= − 2V2 B22 + V1 (G21senθ12 − B21 cos θ 21 ) + V3 (G23senθ 23 − B23 cos θ 23 )
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 40 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.7 (continuação): Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a
solução do Subsistema 1 é dada por: V2 = 1,0045 pu , θ 2 = −0,0511 rad = −2,93 e θ 3 = −0,1402 rad = 8,03 .
Observar que após a 1a iteração os resíduos ∆P2 e ∆P3 já se encontravam dentro da tolerância desejada
( ∆P1
2 )
= − 0,0008 < ε P = 0,001 e ∆P31 = 0,0007 < ε P = 0,001 , mas foi necessário realizar mais uma iteração,
pois o resíduo ∆Q2 era superior.
Os resultados mostrados na Tabela VII.24, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exercicio_VII_7.m
clear all;
saida = fopen('saida.txt','w');
p2esp = -0.20; q2esp = -0.10; p3esp = -0.3;
v1 = 1; t1 = 0; v2 = 1; t2 = 0; v3 = 1.05; t3 = 0;
b2sh = -0.05; b12sh = 0.1; b23sh = 0.0;
z12 = 0.01+0.1i; z23 = 0.02+0.3i;
y12 = 1/z12; g12=real(y12); b12 = imag(y12);
y23 = 1/z23; g23=real(y23); b23 = imag(y23);
G11 = g12; G12 = -g12; G13 = 0;
G21 = -g12; G22 = g12+g23; G23 = -g23;
G31 = 0; G32 = -g23; G33 = g23;
B11 = b12+b12sh; B12 = -b12; B13 = 0;
B21 = -b12; B22 = b12+b23+b2sh+b12sh+b23sh; B23 = -b23;
B31 = 0; B32 = -b23; B33 = b23+b23sh;
Y = [G11+B11*1i G12+B12*1i 0; G21+B21*1i G22+B22*1i G23+B23*1i; 0 G32+B32*1i G33+B33*1i];
x = [t2; t3; v2]; kmax = 50; tol = 1e-5;
fprintf(saida,'Resumo do processo iterativo --------------------------------------------------------
------------------');
fprintf(saida,'\n\nIter x g(x) -Jac -
inv(Jac) dx\n\n');
for k=0:kmax,
p2 = v2*(v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+v2*G22+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3)));
p3 = v3*(v2*(G32*cos(t3-t2)+B32*sin(t3-t2))+G33*v3);
q2 = v2*(v1*(G21*sin(t2-t1)-B21*cos(t2-t1))-v2*B22+v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3)));
dp2 = p2esp-p2; dp3 = p3esp-p3; dq2 = q2esp-q2;
gx = [dp2;dp3;dq2];
if max(abs(gx)) > tol
h22 = v2*(v1*(-G21*sin(t2-t1)+B21*cos(t2-t1))+v3*(-G23*sin(t2-t3)+B23*cos(t2-t3)));
h23 = v2*v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3));
h32 = v3*v2*(G32*sin(t3-t2)-B32*cos(t3-t2));
h33 = v3*v2*(-G32*sin(t3-t2)+B32*cos(t3-t2));
n22 = 2*v2*G22+v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3));
n32 = v3*(G32*cos(t3-t2)+B32*sin(t3-t2));
m22 = v2*(v1*(G21*cos(t2-t1)+B21*sin(t2-t1))+v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3)));
m23 = -v2*v3*(G23*cos(t2-t3)+B23*sin(t2-t3));
l22 = -2*v2*B22+v1*(G21*sin(t2-t1)-B21*cos(t2-t1))+v3*(G23*sin(t2-t3)-B23*cos(t2-t3));
Jac = [h22 h23 n22; h32 h33 n32; m22 m23 l22]; Jac1 = inv(Jac);
dx = Jac1*gx;
y = [k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac(1,3) Jac1(1,1) Jac1(1,2) Jac1(1,3) dx(1)];
fprintf(saida,' %2.0f %8.4f %10.6f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f
%8.4f\n',y);
y=[x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac(2,3) Jac1(2,1) Jac1(2,2) Jac1(2,3) dx(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %10.6f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f
%8.4f\n',y);
y=[x(3) gx(3) Jac(3,1) Jac(3,2) Jac(3,3) Jac1(3,1) Jac1(3,2) Jac1(3,3) dx(3)];
fprintf(saida,' %8.4f %10.6f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f
%8.4f\n\n',y);
else
y = [k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac(1,3)];
fprintf(saida,' %2.0f %8.4f %10.2e %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y = [x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac(2,3)];
fprintf(saida,' %8.4f %10.2e %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y = [x(3) gx(3) Jac(3,1) Jac(3,2) Jac(3,3)];
fprintf(saida,' %8.4f %10.2e %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
break
end
x = x+dx; t2 = x(1); t3 = x(2); v2 = x(3);
end
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 41 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência ativa e reativa na barra de
referência e de potência reativa da barra de tensão controlada:
P1 = V1 Vm (G1m cosθ 1m + B1m senθ 1m )
∑ K 1 = {1,2}
m∈K1
(S2) = Q1 = V1 Vm (G1m senθ1m − B1m cosθ1m )
∑ K 1 = {1,2}
m∈K1
Q3 = V3 Vm (G3m senθ 3m − B3m cosθ 3m )
∑ K 3 = {2,3}
m∈K 3
1 2 3
sh
S 2 = − j 0,0505
jb2sh
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 42 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.7 (continuação): Os resultados anteriores podem ser obtidos por
intermédio de simulação computacional empregando, por exemplo, o programa PowerWorld Simulator7. Na
Figura VII.13 encontra-se o diagrama unifilar do circuito com o resultado do fluxo de carga, e quadros com a
matriz admitância da rede e com a matriz Jacobiana utilizada no fluxo de carga pelo método de Newton
(− J (x )) , calculada para a solução do fluxo de carga.
V1 V2
S1 S2
3 4
V3 V4
S3 S4
7
Comercializado pela PowerWorld Coporation (http://www.powerworld.com/). Arquivos de simulação disponíveis
em:
http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/ex_3barras.pwd e
http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/ex_3barras.pwb.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 43 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.8: As admitâncias série dos ramos são dadas por:
≈ (1,9231 − j 9,6154 ) pu
1 1
Y 12 = =
Z 12 0,02 + j 0,1
≈ (3,8462 − j19,2308) pu
1 1
Y 13 = =
Z 13 0,01 + j 0,05
≈ (0,9615 − j 4,8077 ) pu
1 1
Y 23 = =
Z 23 0, 04 + j 0,2
= (− j 20 ) pu
1 1
Y 24 = =
Z 24 j 0,05
θ1
θ
3
x = θ 4
V3
V4
∆P1 = P1esp − V1 [V1G11 + V2 (G12 cos θ12 + B12 sin θ12 ) + V3 (G13 cos θ13 + B13 sin θ13 )] = 0
∆P3 = P3esp − V3 [V1 (G31 cos θ31 + B31 sin θ31 ) + V2 (G32 cos θ32 + B32 sin θ32 ) + V3G33 ] = 0
(S1) = ∆P4 = P4esp − V4 [V2 (G42 cos θ 42 + B42 sin θ 42 ) + V4 G44 ] = 0
∆Q
3 = Q3esp − V3 [V1 (G31senθ31 − B31 cos θ31 ) + V2 (G32 senθ32 − B32 cos θ32 ) − V3 B33 ] = 0
∆Q4 = Q4esp − V4 [V2 (G42 senθ 42 − B42 cos θ 42 ) − V4 B44 ] = 0
∆P2 = − 0,2 − V 2 [1(− 0,9901 cos θ 2 + 9,9010senθ 2 ) + 1,2113V2 + 1,05(− 0,2212 cos θ 23 + 3,3186senθ 23 )] = 0
(S1) ∆P3 = − 0,3 − 1,05[V 2 (− 0,2212 cos θ 32 + 3,3186senθ 32 ) + 0,2212 × 1,05] = 0
∆Q
2 = − 0,1 − V2 [1(− 0,9901senθ 2 − 9,9010cosθ 2 ) + 13,1696V 2 + 1,05(− 0,2212senθ 23 − 3,3186cosθ 23 )] = 0
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 44 de 47
4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.8 (continuação): Para este problema a matriz Jacobiana apresenta a
seguinte formação:
∂P1
H11 = = V1 Vm (− G1m senθ1m + B1m cosθ1m )
∑
∂θ1 m∈Ω1
= V1 [V2 (− G12senθ12 + B12 cosθ12 ) + V3 (− G13senθ13 + B13 cosθ13 )]
∂P1 ∂P3
H13 = = V1V3 (G13senθ13 − B13 cosθ13 ) H 31 = = V3V1 (G31senθ 31 − B31 cosθ 31 )
∂θ 3 ∂θ1
∂P3
H 33 = = V3 Vm (− G3m senθ 3m + B3m cosθ 3m )
∑
∂θ 3 m∈Ω3
= V3 [V1 (− G31senθ 31 + B31 cosθ 31 ) + V2 (− G32 senθ 32 + B32 cosθ 32 )]
∂P4
H 44 = = V4 Vm (− G4 m senθ 4 m + B4 m cosθ 4 m ) = V4V2 (− G42senθ 42 + B42 cosθ 42 )
∑
∂θ 4 m∈Ω4
∂P1
N13 = = V1 (G13cosθ13 + B13senθ13 )
∂V3
∂P3
N 33 = = 2V3G33 + Vm (G3m cosθ 3m + B3m senθ 3m )
∑
∂V3 m∈Ω3
= 2V3 G33 + V1 (G31 cosθ 31 + B31senθ 31 ) + V2 (G32 cosθ 32 + B32 senθ 32 )
∂P4
N 44 = = 2V4 G44 + ∑ Vm (G4 m cosθ 4 m + B4 m senθ 4 m ) = 2V4 G44 + V2 (G42 cosθ 42 + B42 senθ 42 )
∂V4 m∈Ω 4
∂Q3
M 31 = = V3V1 (− G31cosθ 31 − B31senθ 31 )
∂θ1
∂Q3
M 33 = = V3 ∑Vm (G3m cosθ 3m + B3m senθ 3m ) =
∂θ 3 m∈Ω 3
= V3 [V1 (G31 cosθ 31 + B31senθ 31 ) + V2 (G32 cosθ 32 + B32 senθ 32 )]
∂Q4
M 44 = = V4 ∑ Vm (G4 m cosθ 4 m + B4 m senθ 4 m ) = V4V2 (G42 cosθ 42 + B42 senθ 42 )
∂θ 4 m∈Ω 4
∂Q3
L33 = = −2V3 B33 + ∑ Vm (G3m senθ 3m − B3m cosθ 3m ) =
∂V3 m∈Ω3
= − 2V3 B33 + V1 (G31senθ 31 − B31 cosθ 31 ) + V2 (G32 senθ 32 − B32 cosθ 32 )
∂Q4
L44 = = −2V4 B44 + ∑ Vm (G4 m senθ 4 m − B4 m cosθ 4 m ) = − 2V4 B44 + V2 (G42 senθ 42 − B42 cosθ 42 )
∂V4 m∈Ω 4
Considerando uma solução inicial θ10 = θ 30 = θ 40 = 0 rad e V30 = V40 = 1 pu , obtém-se os resultados
mostrados na Tabela VII.27.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 45 de 47
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Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 é dada por: V3 = 1,0272 pu ,
V4 = 0,9379 pu , θ 1 = −0,0545 rad = −3,13 , θ 3 = −0,0558 rad = −3,20 e θ 4 = −0,0168 rad = −0,96 .
Os resultados mostrados na Tabela VII.27, foram obtidos executando-se a rotina em MATLAB, disponível
em http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exercicio_VII_8.m.
Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência ativa e reativa na barra de
referência e a injeção de potência reativa na barra de tensão controlada:
P2
= V2 ∑V (G
m∈K 2
m 2m cosθ 2m + B2 m senθ 2 m ) K 2 = {1,2,3,4}
(S2) = Q2 = V2 ∑V (G m θ
2 m sen 2 m − B2 m cosθ 2 m ) K 2 = {1,2,3,4}
m∈K 2
Q1
= V1 ∑V (G m θ
1m sen 1m − B1m cosθ1m ) K1 = {1,2,3}
m∈K1
P2 = V2 [V1 (G21 cosθ 21 + B21senθ 21 ) + V2 G22 + V3 (G32 cosθ 32 + B32senθ 32 ) + V4 (G42 cosθ 42 + B42senθ 42 )]
(S2 ) Q2 = V2 [V1 (G21senθ 21 − B21cosθ 21 ) − V2 B22 + V3 (G32senθ 32 − B32 cosθ 32 ) + V4 (G42senθ 42 − B42 cosθ 42 )]
Q = V [− V B + V (G senθ − B cosθ ) + V (G senθ − B cosθ )]
1 1 1 11 2 12 12 12 12 3 13 13 13 13
P2 = 0,8356 pu
(S2) Q2 = −1,4129 pu
Q = 1,3858 pu
1
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4450A-04 – Sistemas de Energia I
Solução Parcial Exercício VII.8 (continuação): Os resultados anteriores podem ser obtidos por
intermédio de simulação computacional empregando, por exemplo, o programa PowerWorld Simulator8. Na
Figura VII.15 encontra-se o diagrama unifilar do circuito com o resultado do fluxo de carga, e quadros com a
matriz admitância da rede e com a matriz Jacobiana calculada para a solução do fluxo de carga.
8
Arquivos de simulação disponíveis em:
http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/ex_4barras.pwd e
http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/ex_4barras.pwb.
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 47 de 47
Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente
Em função da grande simplificação proporcionada nas equações do fluxo de carga, os modelos linearizados
apresentam grande utilidade no planejamento da operação e da expansão dos sistemas elétricos. Tais
modelos se baseiam no acoplamento entre a potência ativa (P) e o ângulo do fasor tensão (θ) e apresenta
bons resultados para níveis elevados de tensão, característicos dos sistemas elétricos de transmissão e
subtransmissão.
Nos sistemas elétricos em alta e extra alta tensão, como a magnitude do fasor tensão não varia muito entre
barras vizinhas, o fluxo de potência ativa é aproximadamente proporcional à abertura angular existente e
desloca-se no sentido dos ângulos menores. Deste modo, a relação entre os fluxos de potência ativa e as
aberturas angulares é similar a existente entre os fluxos de corrente e as tensões nodais de um circuito em
corrente contínua no qual aplica-se a Lei de Ohm. Surge daí a nomenclatura fluxo de carga CC para a versão
linearizada do fluxo de carga.
VIII.1 Linearização
Para uma linha de transmissão, o fluxo de potência ativa entre duas barras é dado por:
Pmk = Vm2 g km − VmVk ( g km cosθ mk + bkm sen θ mk ) = Vm2 g km − Vk Vm ( g km cosθ km − bkm sen θ km )
sen θ km ≈ θ km
−1
bkm ≈
x km
o fluxo de potência entre duas barras pode ser aproximado por:
1 θ −θ m
Pkm = θ km = k
xkm x km
1 θ −θ
Pmk = θ mk = m k
x km x km
Para um transformador em fase, o fluxo de potência ativa entre duas barras é dado por:
Pmk = Vm2 g km − Vm (a kmVk )(g km cosθ mk + bkm sen θ mk ) = Vm2 g km − (a kmVk )Vm ( g km cosθ km − bkm sen θ km )
Pmk = −(a kmVk )Vm bkm sen θ mk = (a kmVk )Vm bkm sen θ km
−1
Introduzindo as mesmas aproximações anteriores Vk ≈ Vm ≈ 1 pu; sen θ km ≈ θ km ; bkm ≈ , o fluxo de
xkm
potência entre duas barras pode ser aproximado por:
a km θ −θm
Pkm = θ km = akm k
xkm xkm
a km θ −θ
Pmk = θ mk = akm m k
xkm x km
Adicionalmente, pode-se considerar a km ≈ 1 o que torna a expressão igual a das linhas de transmissão.
Para um defasador puro, o fluxo de potência ativa entre duas barras é dado por:
sen (θ km + ϕ km )
1
Pkm =
x km
sen(θ mk + ϕ mk )
1
Pmk =
x km
θ mk + ϕ mk θ km + ϕ km θ ϕ
Pmk = =− = − km + km
x km x km x km x km
Nas expressões anteriores, observar que existem duas parcelas independentes: uma depende da diferença
de fase entre as tensões nodais, θ mk , e outra da abertura angular do defasador ϕ mk . No caso da abertura
angular do defasador ser considerada constante, o fluxo de potência relativo a esta parcela pode ser
−1
representado por injeções adicionais nas suas barras terminais: uma carga adicional de x km ϕ km na barra k e
−1
uma geração adicional de x km ϕ km na barra m.
Para uma rede de transmissão sem transformadores em fase ou defasadores os fluxos de potência ativa são
dados por:
1
Pkm = θ km
xkm
Para satisfazer a Primeira Lei de Kirchhoff, a injeção de potência ativa na barra k tem de ser igual à soma dos
fluxos que saem da barra, ou seja:
1 1 −1
Pk = ∑
m∈Ω k xkm
θ km = ∑
m∈Ω k x km
θk + ∑
m∈Ω k x km
θm k = 1,2, , NB
Exemplo VIII.1 – Considere o sistema de 4 barras, cujos dados encontram-se na Figura VIII.1 e nas Tabelas
VIII.1 e VIII.2. Utilizando o modelo linearizado, determinar o estado da rede e comparar com a solução
obtida para o modelo completo.
1 2
3 4
G
Observar que a solução obtida é bastante próxima da solução do fluxo de carga que é dada por:
θ 2 − 0,976
θ 3 = − 1,872
θ 4 1,523
Assim, para a resolução do modelo linearizado considerando as perdas, pode-se adotar o seguinte
procedimento:
1. Calcular a solução temporária sem considerar as perdas P = B ′θ
tmp
.
como cargas adicionais nas barras extremas determinando novo vetor de injeções líquidas
P−P
perdas
.
Exemplo VIII.2 – Considere o sistema de 4 barras empregado no Exemplo VIII.1. Determinar o estado da
rede utilizando o modelo linearizado com perdas.
( )
P12perdas ≈ g12 θ12tmp
2
=
0,01008
0,010082 + 0,05040 2
(0 − (− 0,0185))2 = 3,8156 ⋅ 3,4225 × 10 −4 = 0,0013
• Linha 1-3:
( )
P13perdas ≈ g13 θ13tmp
2
=
0,00744
0,00744 2 + 0,03720 2
(0 − (− 0,0355))2 = 5,1696 ⋅ 12,6025 × 10 −4 = 0,0065
• Linha 2-4:
P24perdas ≈ g 24 θ 24( )
tmp 2
=
0,00744
0,00744 + 0,03720
2 2
(− 0,0185 − (0,0311))2 = 5,1696 ⋅ 24,6016 × 10 −4 = 0,0127
• Linha 3-4:
P34perdas ≈ g 34 θ 34( )
tmp 2
=
0,01272
0,01272 + 0,06360
2 2
(− 0,0355 − (0,0311))2 = 3,0237 ⋅ 44,3556 × 10 −4 = 0,0134