Você está na página 1de 46

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

EM PEDIATRIA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 A prescrição pediátrica deve ser precisa, segura e eficaz.

 Na prática clínica, a prescrição racional de


medicamentos deve considerar o emprego de dose
capaz de gerar efeito farmacológico (EFICACIA) com
mínimos efeitos tóxicos (SEGURANÇA).

 Dessa forma, surge a necessidade de se considerar


características fisiológicas da criança, de acordo com
seu nível de desenvolvimento, e parâmetros
farmacocinéticos do fármaco.
FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
INFANCIA 0 -12 ANOS

RECEM-NASCIDO 0 a 28 dias
LACTENTE 29d a 1a 11m e 29d
PRE - ESCOLAR 2 a 5a11m e 29d
ESCOLAR 6 a 9a11m e 29d
ADOLESCÊNCIA 10 a 18ª11m e 29d anos
 A simples extrapolação de doses de
adultos para crianças – baseada
apenas no peso corporal, área de
superfície corporal ou idade – pode
trazer consequências drásticas.
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS EM CRIANÇAS
 ABSORÇÃO

• As drogas administradas por via oral nos primeiros dias de


vida podem sofrer maior absorção no estômago e ser
retardado no intestino por conta do peristaltismo
lentificado. Logo doses usuais pode torna-se TOXICAS.

• A absorção de fármacos administrados por via IM é


afetada pelo reduzido fluxo sanguíneo no musculo
esquelético sobretudo em RN

• A absorção cutânea é maior em RN


ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS EM CRIANÇAS
 DISTRIBUIÇÃO

Prematuros, RN, lactentes de 4 meses e crianças


com um ano de idade tem proporção variável de
gordura (1%, 14%, 27% e 24,55
respectivamente) do peso corporal.
Essa variação pode comprometer a distribuição de
medicamentos lipossolúveis.
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS EM CRIANÇAS
 BIOTRASNFORMAÇÃO

A concentração de hepatócitos
em neonatos corresponde a
menos de 20% da dos adultos

TRADUZ EM TOXICIDADE
MARCANTE EM ALGUNS
FÁRMACOS
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS EM CRIANÇAS
 EXCREÇÃO

•Após a nascimento, a função renal alcança


o padrão observado em adultos no
primeiro ano de vida.

•Os rins de RN apresentam capacidade


reduzida de excretar ácidos orgânicos
fracos como penicilina, sulfonamidas e
cefalosporinas.
ASPECTOS FARMACODINÂMICOS EM
CRIANÇAS

Efeito danoso da
tetracicilina na formação
Crianças em dentária
desenvolvimento acabam
sendo suscetíveis a
certos medicamentos Fluoroquinolonas na
cartilagem do
crescimento
DOSAGENS PARA CRIANÇAS
 Embora muitas bulas afirmem a dosagem correta
para criança não há um consenso em relação a dose
estabelecida.

 É necessário observar a INDIVIDUALIDADE.

 Quanto menor for a criança maior o cuidado na


mensuração da DOSE.

 Esses reajustes são importantes até o peso máximo


de 25 e 30 Kg.
DOSAGENS PARA CRIANÇAS
 A ÁREA DE SUPERFICIE CORPORAL É UM DOS CALCULOS UTILIZADOS
Peso (kg) Idade Área de superficie % da dose aproximada
corporal (m2) do adulto
3 RN 0,20 12

6 3 meses 0,30 18

10 1 ano 0,45 28

20 5,5 anos 0,80 48

30 9 anos 1,00 60

40 12 anos 1,30 78

50 14 anos 1,50 90
DOSAGENS PARA CRIANÇA
 Exemplo com Base na área de superfície
corporal

 Se a dose de um adulto de 70 kg. For


1mg/kg, a dose para lactente de 3 meses
deve ser de aproximadamente 1,4 mg/kg
(18% de 70 kg.)
DOSAGENS PARA CRIANÇA
 REGRAS E FÓRMULAS PARA CALCULO DE DOSE
COM BASE NO PESO DO PACIENTE
NOME DA PARTICULARIDA FORMULA
REGRA OU DA DE
FÓRMULA
Regra de Clark Peso corporal < 30 DP = DA x Peso da criança (kg)
Kg. 70 Kg
Regra de law < 1 ano de idade DP = idade da criança(meses)x DA
150

Formula de Young 1 a 12 anos de idade DP = idade da criança(anos) x DA


idade da criança + 12
 DP= Dose pediátrica
 DA= Dose do adulto
DOSAGENS PARA CRIANÇA
 Exemplo usando a Regra de Clark

 Um fármaco foi prescrito para uma criança com 14


Kg, e, a dose para adulto corresponde a 100 mg.
Qual a dose a ser administrada ?
 Assim, temos
 DP= 100mg x 14 = 20 mg (portanto, a
70 dose corresponde a 20 mg)
DOSAGENS PARA CRIANÇA
 Exemplo usando a Regra de Law

 Qual a dose de um fármaco para um lactente de 6


meses sendo que a dose para adulto é de 50 mg ?
 DP = 6 x 50 mg = 2 mg
 150

(portanto, a dose para o lactente com 6 meses é 2


mg)
DOSAGENS PARA CRIANÇA
 Exemplo usando a Regra de Young

 Qual a dose de fenobarbital (Gardenal) para uma


criança de 3 anos sendo que a dose
 para adulto corresponde a 30 mg ?
 Assim, temos:
DP = 3 x 30 mg = 6mg
3 + 12

(portanto, a dose corresponde a 6 mg)


MEDICAÇÕES COM RESTRIÇÃO POR IDADE
MEDICAMENTO RESTRIÇÃO
Atropina Só em maiores de 3 anos
Azitromicina Só em maiores de 6 meses
Benzoato de Benzila Só em maiores de 2 anos
Cefazolina Só em maiores de 1 mês
Clindamicina Só em maiores de 1 mês
Doxicilina Só em maiores de 8 anos
Fluoxetina Só em maiores de 8 anos
Ibuprofeno Só em maiores de 3 meses
Penciilina procaina Só em maiores de 1 mês
prometazina Só em maiores de 2 anos
Sulfadizina de prata Só em maiores de 2 meses
Tripetropina Só em maiores de 6 meses
FORMULAÇÕES PARA CRIANÇAS: ORIENTAÇÕES E CUIDADOS

PARA USO ORAL

Formulação como elixir (álcool) e


desaconselhada, o fígado pode não metabolizar.

Açúcar presente em alguns medicamentos esta


contra indicado para crianças com diabetes

Os corantes também não são indicados


FORMULAÇÕES PARA CRIANÇAS: ORIENTAÇÕES E CUIDADOS

PARA USO INJETÁVEL

 A Administração IV em
neonatos requer atenção
especial devido ao pequeno
calibre das veias, presença de
maior camada adiposa e
emprego de pequenos volumes.
FORMULAÇÕES PARA CRIANÇAS: ORIENTAÇÕES E CUIDADOS

PARA USO TOPICO


 A aplicação cutânea de alguns fármacos, pela maior
permeabilidade da pele infantil, pode gerar efeitos
sistêmicos, principalmente sob curativos oclusivos.
 É o caso do emprego de corticóides tópicos.
DILUIÇÃO DE MEDICAMENTOS
Diluição de frasco ampola
 1)Lavar as mãos
 2)Aspirar solvente em seringa
 3) Introduzir solvente no frasco ampola
evitando a formação de bolhas na superfície
superior da solução o que dificultará a diluição
correta do medicamento.
 4) Realizar movimentos rotatórios, promovendo
a completa dissolução e homogeneização da
solução.
Observação
 Deve-ser ter especial atenção nas administrações de
medicações em recém-nascidos, crianças pequenas e
pacientes com restrição hídrica, pois grandes volumes podem
levar á hiper-hidratação.
ABORDAGEM CERTA
 Preparar o paciente antes da administração do
medicamento visa diminuir o estresse.
 A abordagem de pacientes que possuem certo
grau de compreensão visam obter sua
colaboração, confiança, tornando o
procedimento menos doloroso.
 Não enganar ou associar o procedimento a um
castigo por mau comportamento.
Diluição de frasco ampola
 5) Escolher a via de administração da droga,
avaliando bem a musculatura do paciente,
calculando o volume máximo de administração,
por vias IM e ID
 6) Controlar gotejamento em medicações IV em
crianças, controlando em bureta ou bomda de
infusão.
 7) Não deixar medicamentos no quarto junto ao
leito do paciente, o que poderá acarretar em
sérios acidentes.
Ex: Em uma ampola de dipirona tenho 2 ml de
solução. Quantos ml de solução tenho em três
ampolas?
 1º Passo – organizar a informação na primeira linha e a
pergunta na segunda linha, com o número de ampolas de um
lado e ml do outro:

 Informação: 1 (ampola) – 2 (ml)


 Pergunta: 3 (ampola) – x (ml)
 2º Passo: multiplique em cruz:
1xX=2x3

 3º Passo: isole a incógnita:


X=(2x3)
1
X = 6 ml
RESPOSTA

 EM TRÊS AMPOLAS HÁ 6 ML DE DIPIRONA.


2º EXEMPLO

 Se em 1 ml contém 20 gotas, quantas gotas há em um frasco


de S.F. 0,9% de 250 ml?
 1º passo: 1 ml – 20 gotas
250 ml - X gotas

 2º passo: 1 x X = 20 x 250
X = 5.000 gotas
Resposta:

 250 ml contêm 5.000 gotas


 Frasco Ampola de Keflin (cefalotina
sódica) 1 g.

 Deve-se diluir de preferência em 5 ml


de solvente. (PADRÃO NA
MAIORIA DAS INSTITUIÇÕES)
 Para saber quanto há do soluto realiza-
se regra de três.
 1g = 1000 mg-----5ml
 X -----1ml

 Cada ml da solução terá 200 mg.


 Frasco ampola de ampicilina de 500 mg.
 Dilui de preferência em 5 ml

Se 5 ml tem 500 mg
Quantos mg há em 1 ml?

A capacidade dos frascos ampolas é de no MÁXIMO 10 ml


PENICILINA CRISTALINA
PENICILINA CRISTALINA
 Diferente da maioria dos medicamentos no solvente da
penicilina cristalina deve-se considerar o volume do soluto
Apresentação
da PENICILINA

5.000.000 UI 10.000.000 UI

SOLUTO: 2 ML SOLUTO: 4 ML
SOLUÇÃO: 10
SOLVENTE: 8 ML SOLVENTE: 6 ML ML
PENICILINA CRISTALINA

FRASCO ÁGUA CRISTAIS RESULTADO


AMPOLA DESTILADA (soluto) (solução)
(solvente)
5.000.000 UI 8 ml 2 mg 10 ml
10.000.000 UI 6 ml 4 mg 10 ml
 1 – Foi prescrito Penicilina Cristalina 4.800.000 UI na unidade tem o
frasco ampola de 10.000.000 UI Como proceder?

 1º PASSO (o que foi prescrito?)


 PM (Prescrição médica) = 4.800.000 UI
 Disponível ( 10.000.000 UI)
 DILUIÇÃO = 6 ml

 RESPOSTA:
 10.000.000 UI ------- 10 ml
 4.800.000 UI --------- X

 DICA:
 1 – faz a Regra de três
 2 – Multiplica
 3 – Divide ou simplifica (cortando as unidades iguais)
Exercícios para fixação:

1)Foi prescrito 1 g de cloranfenicol V.O. Quantos comprimidos de cloranfenicol de 250 mg


devo tomar?
2) Prescritos 2 mg de Dexametasona. Tenho FR com 4 mg/ml. Quanto devo aspirar?
3) Prescrita 100mg de aminofilina. Tenho ampolas de 250mg/10ml. Quanto devo aplicar?
5) Prescrito Cloridrato de Vancomicina 90 mg. Tenho FA de 500mg e diluente de 5 ml.
Quanto devo administrar?
6)Prescrito sulfato de Amicacina de 150 mg. Tenho FA de 500mg/2ml. Quanto devo
administrar?
7) Se tenho FA de Cloranfenicol com 1g, diluente de 10 ml e foi prescrito 0,75g. Quanto
devo administrar?
8) Prescrita Garamicina 25 mg IM. Tenho ampola de 2ml com 40mg/ml. Quanto devo
administrar?
Exercícios para fixação: RESPOSTAS

1)Foi prescrito 1 g de cloranfenicol V.O. Quantos comprimidos de cloranfenicol de 250 mg


devo tomar? 4cp
2) Prescritos 2 mg de Dexametasona. Tenho FR com 4 mg/ml. Quanto devo aspirar? 0,5
3) Prescrita 100mg de aminofilina. Tenho ampolas de 250mg/10ml. Quanto devo aplicar?
4 ml
4) Prescrito Cloridrato de Vancomicina 90 mg. Tenho FA de 500mg e diluente de 5 ml.
Quanto devo administrar? 0,9 ml
5)Prescrito sulfato de Amicacina de 150 mg. Tenho FA de 500mg/2ml. Quanto devo
administrar? 0,6 ml
6) Se tenho FA de Cloranfenicol com 1g, diluente de 10 ml e foi prescrito 0,75g. Quanto
devo administrar? (7,5 ml )
7) Prescrita Garamicina 25 mg IM. Tenho ampola de 2ml com 40mg/ml. Quanto devo
administrar? (0,62 ml)
8) Prescrito Rocefim
09) Prescrito P cristalina
10) Prescrito Benzetacil
REDILUIÇÃO

Se diluir significa DISSOLVER (adiciona-se a ela


solvente não alterando o SOLVENTE)

Então o que é REDILUIR?


REDILUIÇÃO
É diluir mais ainda o
medicamento aumentando o
volume do solvente (SF, SG ou
diluente para injeção) com o
objetivo de dosagens pequenas
ou seja concentrações menores
de soluto (pediatria,
neonatologia e clínicas
especializadas)
Exemplo 1
 Foi prescrita Garamicina 5,2 mg EV. Temos ampola de 40
mg/2ml:
1) Saber quanto devo aspirar.
40 mg - 2 ml
5,2mg – X ml
X = 5,2 x 2
40
X = 0,26 ml
Considerando que o volume necessário é difícil de ser
aspirado e administrado, deve se efetuar a rediluição.

• 1º Passo: aspiro 1 ml da ampola ( 40 mg/2 ml), que


contém 20 mg de soluto.
• 2º Passo: Acrescentar 9 ml de água destilada
(1+9ml) 10 ml – 20 mg
X ml – 5,2 mg
X = 2,6 ml
Resp: Devo aspirar 2,6 ml e aplicar.
OPCIONAL PARA DIMINUIÇÃO DO
VOLUME
• 1º Passo: aspiro 1 ml da ampola ( 40 mg/2 ml), que
contém 20 mg de soluto.
• 2º Passo: Acrescentar 4 ml de água destilada
(1+4 ml) 5 ml – 20 mg
X ml – 5,2 mg

X = 1,3 ml
Resp: Devo aspirar 1,3 ml e aplicar.
 Se a concentraçaõ do fenobarbital é de
200 mg/ml, quanto tem na ampola de 2 ml?

 Utilizando este mesmo medicamento, a prescrição médica


solicita 78 mg IV, para ser administrado, quanto terei que
aspirar?

 Prescrição médica solicita 4 mg IV, quanto aspiro?

 Agora aspire!
Seleção do local de aplicação de IM e
volume máximo a ser administrado.
Idade Deltóide Ventro Dorso Vasto
glúteo glúteo lateral
Prematuro - - - 0,5
Neonatos - - - 0,5
Lactentes - - - 1,0
3 a 6 - 1,5 1,0 1,5
anos
6 a 14 0,5 1,5-2,0 1,5-2,0 1,5
anos
Adolescen 1,0 2,0-2,5 2,0-2,5 1,5-2,0
te
Adulto 1,0 4,0 4,0 4,0
REFERÊNCIAS
 LIBERATO, E. SOUZA, P.M. SILVEIRA, C.A.N. LOPES,
L.C. Fármacos em Crianças. Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos estratégicos/MS-FTN.
 http://enfermagemeumaarte.blogspot.com.br/2011/03/m
anual-de-diluicao-e-administracao-de.html

 COREN – SP. Boas práticas: cálculo seguro – Volume II


(Cálculo e diuição de medicamentos) São Paulo, 2011.

Você também pode gostar