Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Volume IV
Vitae Editora
Anápolis (GO), 2021
2
E-book transcrito da aula do professor Edson Luiz
EXPEDIENTE:
Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico
Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso
Produção: Vitae Editora
Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo
Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo
Diagramação: Cynara Miralha
3
ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PEDIATRIA, HERBIATRIA E GERIATRIA
FARMACOCINÉTICA PEDIÁTRICA
A partir deste ponto, destacam-se alguns aspectos importantes sobre a Farmacocinética,
ou seja, o que o organismo irá fazer com determinada substância. Analisando a questão
temporal já mencionada, apresenta-se, no quadro abaixo, as diferenças entre termos
(prematuro, termo, pós-termo, recém-nascido, infante, criança e adolescente).
Em geral, o pH gástrico de um adulto gira em torno de 3 ou 3,5. Isso significa dizer que
as células parietais das glândulas gástricas, por meio da bomba de prótons, transferem H+,
ou seja, o próton, para a luz gástrica, fazendo com que o pH alcance esse valor. Contudo, o
ambiente gástrico é um ambiente ácido. Ao reportar para o mundo infantil, percebe-se que o
pH fica entre 6 e 8, ou seja, o recém-nascido tem pH alcalino, que sofre diminuição ao longo
do tempo.
4
Caso pH não tenha alcançado os valores de um adulto, mediante uma substância que
gosta de ambiente com variações de pH, essa substância pode ser mais bem absorvida ou
não.
5
Essas substâncias gostam e resistem aos ambientes ácidos, tendo a capacidade de sobreviver a
ambiente estomacal mais alcalino, ou menos ácido, sendo, portanto, rapidamente absorvidas.
De modo geral, fármacos são absorvidos em neonatos e infantes mais lentamente que em
crianças e adultos.
A atividade das enzimas pancreáticas, processo de formação de bile, síntese dos ácidos
biliares e absorção intestinal são menores no nascimento.
6
Devido ao menor fluxo sanguíneo nos músculos esqueléticos em neonatos e infantes, a
taxa de absorção por via muscular é menor.
Às vezes, a diferença de 4ml pode ser mais que suficiente para o desenvolvimento de um
evento adverso.
As formas farmacêuticas líquidas são mais apropriadas para crianças com idade inferior
a sete anos. A Farmacoterapia eficaz e segura requer a administração precisa de fármacos,
e muitas vezes, o frasco graduado que acompanha os medicamentos não oferece as condições
ideais para administração de líquidos. Nesse caso, o uso de uma seringa proporciona uma
administração controlada e segura à correta mensuração da dose.
7
O processo depende, principalmente, do fluxo sanguíneo (adultos e crianças), não sendo
ideal para prematuros e recém-nascidos.
O fato de os prematuros apresentarem uma pequena massa muscular e uma pobre perfusão
sanguínea em vários músculos, em comparação com infantes e crianças, faz com que a
absorção de fármacos administrados por essa via seja errática.
DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS
A distribuição de uma substância, por meio da corrente circulatória, é importante para
que o fármaco ocupe diferentes compartimentos, saia do compartimento central e distribua-se
para os compartimentos laterais ou compartimentos periféricos, onde efetivamente pode
ser seu sítio de ação. Isso depende das propriedades físico-químicas das substâncias e da
quantidade de proteínas plasmáticas hepaticamente produzidas, lembrando que ela tem
sua concentração passiva de ser aferida por meio de testes específicos.
8
No exemplo acima, são apresentadas duas crianças que necessitam da substância teofilina.
Ao considerar o volume de distribuição parente, ele mostra a fração livre do fármaco e a
fração do fármaco que está ligada às proteínas plasmáticas. Para um infante, o VDA
(Volume de Distribuição Aparente) tem o valor de 1L por kg. Então, ele tem a dose de ataque
da teofilina de 5mg por kg e a dose de manutenção em 6mg por kg em 24h, dividida em
tomadas que podem ser de 6h – 6h ou 8h – 8h. A teofilina é uma substância mais hidrofílica,
com grupamentos na estrutura química que favorecem a sua solubilidade em meio aquoso.
Quando há o avanço na idade, o VDA para uma criança com seis anos de vida é de 0,48L
por kg. Ou seja, foi reduzido pela metade, no entanto, com essa redução, a dose de ataque
cai pela metade. Logo, a dose de ataque passa para 2,5, sendo que era 5.
A dose de manutenção cai uma unidade, passando a ser administrada de 6h – 6h. A dose
de manutenção fica em terno de 5mg/kg em doses administrada de 6h – 6h.
9
Na imagem acima, existem duas crianças com tempos de vida diferentes e com taxas
de distribuição de gordura corporal distinta. Uma das crianças tem menor concentração
de gordura tecidual e outra possui maior quantidade de gordura tecidual. Ao analisar as
substâncias que são depositadas em tecidos adiposos, tais sustâncias não ficarão depositadas
em crianças com menor teor de gordura. Já em crianças com maior teor de gordura, essas
substâncias ficarão depositadas, ou seja, vai haver um maior volume de distribuição aparente.
A variação das proteínas plasmáticas é distinta em crianças e adultos. Existe uma variação
para albumina e outra para a alfa-1-glicoproteína. A concentração de albumina é de 40g/L,
sendo que baixos níveis podem ser observados na gestação e condições patológicas (disfun-
ção renal e hepática). Já a alfa-1 glicoproteína apresenta valores normais de 400-1000 mg/L.
Ocorre aumento dessas proteínas em condições de inflamação, CA e estresse. Em condições
de disfunção hepática e renal ocorre a redução dessa proteína.
10
BIOTRANSFORMAÇÃO
A taxa de biotransformação nos recém-nascidos e infantes é mais lenta que em adultos, pois
a atividade enzima nessas fases da vida gira em torno de 20-70% do adulto.
EXCREÇÃO
11
A formação da urina depende da filtração glomerular, da secreção e da reabsorção tubular.
Em recém-nascidos, esses valores são menores e, à medida que os meses vão se passando, os
valores vão se estabilizando e alcançando a maturidade do processo de clearance.
DOSES EM PEDIATRIA
Existem alguns medicamentos na pediatria que são comumente empregados, como os
antimicrobianos, betalactâmicos, macrolídeos, medicamentos de uso tópico, anticonvulsivante
(em casos específicos), anti-hipertensivos (raramente utilizados), medicamentos para con-
trole de bronquite e asma, antitérmicos, antiparasitários, polivitamínicos, nutracêuticos,
anti-inflamatórios, entre outros. Nesse cenário, diante da necessidade de uma prescrição,
é preciso verificar a dose. Isso porque, muitos medicamentos não são testados em crianças,
apesar de todo o controle dos órgãos nacionais e internacionais sobre o uso de medicamentos
em crianças, que orientam para o uso off-label. Compete ao profissional farmacêutico a neces-
sidade de reavaliar o cálculo da dose, sempre orientado pela literatura específica.
Crianças são mais sensíveis que adultos em relação ao uso de medicamentos, pois apresentam
diferenças em relação à massa corporal, comprimento, condições físicas, sistemas imaturos e
padrão de metabolismo.
É necessário que haja dosadores específicos para que seja respeitada a dose segura para
a criança.
12
CÁLCULO BASEADO NO BSA
O método de cálculo da dose com base na área de superfície corporal (BSA) é extensamente
empregado em dois tipos de pacientes: pacientes com câncer que recebem tratamento quimio-
terápico e pacientes pediátricos, com exceção dos recém-nascidos, cuja dose é, normalmente,
determinada com base em seu peso, considerando a idade e uma série de fatores bioquímicos,
fisiológicos, funcionais, patológicos e imunológicos.
Calcular dose é a regra básica para que haja precisão no tratamento e não ocorra nenhum
risco de administração inapropriada de medicamentos para crianças com idade entre 0 e 12
anos de vida.
O que deve ser lembrado na pediatria é que criança não é adulto em miniatura.
13