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Volume III
Vitae Editora
Anápolis (GO), 2021
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E-book transcrito da aula do professor Edson Luiz
EXPEDIENTE:
Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico
Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso
Produção: Vitae Editora
Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo
Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo
Diagramação: Cynara Miralha
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ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PEDIATRIA, HERBIATRIA E GERIATRIA
FISIOLOGIA PEDIÁTRICA
Do ponto de vista fisiológico e anatômico, uma criança não pode ser observada como
sendo um adulto em condições reduzidas. Os bebês têm a fisiologia diferente dos adultos.
A maturidade do trato gastrointestinal é distinta, assim como a variação de pH estomacal,
o trânsito gastrointestinal, as secreções pancreáticas. Observando a atividade hepática no
processo de biotransformação, percebe-se que existem diferenças ao considerar enzimas
participativas do processo de biotransformação. Nesse caso, deve-se perceber que existem
diferenças relativas à farmacocinética.
Para além da discrepância entre o tamanho, a criança possui suas próprias proporções
e, nessa lógica, opera seu corpo. Assim, destacam-se os parâmetros para que seja possível
orientar o cálculo de uma dose com segurança.
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DEFINIÇÕES DE FAIXAS ETÁRIAS EM PEDIATRIA
Conforme a criança cresce e os anos passam, haverá curvas de crescimento que relacionam
a altura, considerando peso ou volume. A curva segue um processo ascendente até se
estabilizar. Quando as dimensões de volume são consideradas, é perceptível que esse
volume possa ser influenciado por duas massas (magra e gorda). Essas diferenças são
importantes em termos de distribuição e armazenamento de substâncias.
Considerando duas crianças da mesma idade, com o mesmo cumprimento corporal, mas
com volumes diferentes e uma delas com massa lipídica maior, percebe-se o risco de substâncias
que sejam lipofílicas, ou seja, mais solúveis em material lipídico e que elas permaneçam
depositadas no organismo. Assim, quando o profissional se debruça sobre um prontuário,
ou mesmo quando prescreve alguma medicação, precisa estar atento às diferenças em relação
ao tempo, altura, volume e distribuição tecidual da criança.
Uma dose pode ser calculada na massa corporal, assim como pode ser calculada no BSA.
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As três fórmulas foram desenvolvidas por meio de estudos populacionais, considerando
a média da população e um apanhado de um número expressivo de crianças. Cada uma
traz uma expressão para calcular o BSA, expresso em m².
Uma forma simples de calcular o BSA é por meio da altura expressa em cm e a massa
expressa em kg. Faz-se, então, o produto da massa, considera a altura e realiza a multiplicação.
Depois, divide por 3.600 e extrai a raiz quadrada. Essa é a formulação geral para calcular o
BSA.
Porém, ao imaginar que esse paciente está na ponta da curva gaussiana, considerando
4ml como um excesso. Logo, ele deveria usar 16ml, sendo esse o limite para ele. Porém,
nessa dose, foi administrada 20ml. Ressalta-se que, eventos adversos podem acontecer rapida-
mente, ou seja, em poucas horas podem aparecer questões tópicas, ocasionadas quando a
dose deveria ser calculada pelo BSA e não foi.
Isso prova que o ponto crucial para o estudo em pediatria é o cálculo das doses. Ao analisar
uma prescrição, o profissional irá pensar nas interações, obviamente, uma vez que as inte-
rações são responsáveis pelos eventos adversos. Mas, antes, é imprescindível observar as
doses.
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Essas diferenças sugerem algumas particularidades, por exemplo: diante de dois tipos de
massas (cerebral e corporal), percebe-se que, no transcorrer da vida, à medida que a massa
corporal vai sofrendo um processo de ganho, o crescimento é acompanhado também pelo
crescimento da massa cerebral. Existem diferenças de cunho fisiológicos e de cunho anatômico,
que vão interferir mediante a diferença entre o funcionamento das células.
Alguns aspectos precisam ser lembrados quando se fala sobre particularidades anatômicas
e particularidades fisiológicas em pediatria. O primeiro dado importante, ao observar uma
criança, é que existe uma relação de proporção entre a cabeça e os demais elementos corpo-
rais. Existe um volume craniano maior.
Outro dado relevante que pode ser adequado à realidade de todas as crianças é a di-
mensão facial. A face da criança é menor em comparação ao volume craniano. Isso tem
interferência na aplicação tópica. Existem cálculos, chamados de FTU, específicos para ad-
ministração em pediatria. Não se usa o volume de um creme, pomada ou loção de forma
desproporcional, será sempre colocado de forma proporcional. O FTU está relacionado à
parte distal do dedo, em que é colocado um pequeno volume. Existem partes do corpo da
criança que carecem do uso de apenas um FTU para a região toda, como por exemplo, a
face. Não existe a necessidade de aplicar mais, pois o medicamento já estará presente por
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meio da aplicação de um FTU.
Se a permeabilidade das membranas celulares da criança é maior, significa que uma subs-
tância ingressa facilmente. Considerando a passagem de substâncias por meio da barreira
hematoencefálica, membrana que separa o plasma dos fluídos existentes no tecido neural,
percebe-se que essa membrana impede e dificulta a livre passagem de substâncias. Obvia-
mente, algumas substâncias passam mais facilmente e outras passam menos. Assim, é pre-
ciso considerar uma classe em relação aos chamados agentes anticonvulsivantes. Relem-
brando: em crianças, a razão cérebro/plasma, com relação aos anticonvulsivantes, é maior
que nos adultos. Ou seja, uma dose de anticonvulsivante administrada na criança ocasiona
a possibilidade de um processo de bloqueio de alguns receptores e leva a um risco maior de
sedação. Isso porque o medicamento ultrapassa facilmente, por isso, a dose administrada
precisa ser menor.
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Em estudos, percebeu-se que o gênero feminino tem volumes de pressão menor comparado
ao gênero masculino.
Outro dado importante é o esqueleto da criança, ou seja, por ter o corpo frágil, qualquer
traumatismo é mais que suficiente para levar a danos cerebrais, neurais, sangramento
pulmonar ou hemorragia pulmonar, hemorragia hepática e hemorragia renal. Logo, a queda
para um adulto pode ter um significado, mas para uma criança pode ser diferente.
Se as vias aéreas são mais estreitas, existe um risco maior de uma criança com um quadro
de inflamação manifestar uma broncoconstrição de maneira mais rápida que um adulto.
Uma crise de broncoconstrição em uma criança exige uma consulta urgente ao médico.
Os músculos abdominais são imaturos e com menor capacidade de proteção. Uma contusão
abdominal pode levar a um quadro de hemorragia no baço, hemorragia hepática e, dependendo
da magnitude, pode evoluir para um quadro severo e uma consequência irreversível.
O processo de desidratação em uma criança possui rápida evolução. Por isso, a criança
é prioridade em qualquer atendimento, uma vez que precisa de um cuidado especial por
parte dos seus cuidadores.
Vale ressaltar que a atividade enzimática no neonato e infantes é menor que adultos.
A atividade das enzimas metabólicas em neonatos, infantes e crianças é cerca de 20%-70%
da atividade em adultos. Como resultado, muitos fármacos são eliminados lentamente em
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neonatos e infantes. Assim que o tempo passa, esse valor aumenta, até que alcança a porcen-
tagem semelhante ou idêntica ao valor no adulto. Mas, os valores só serão iguais quando a
criança for um adulto.
Embora a relação da massa renal em relação à massa corporal total em recém-nascido ser
duas vezes que no adulto, a função renal é um pouco menor que nos adultos. O fluxo
plasmático renal e a taxa de filtração glomerular, normalizado em relação à área da superfície
corporal em neonatos, são somente 30-40% do adulto. Por esse motivo, a excreção renal de
fármacos é mais lenta no neonato que em adultos.
Pensando em uma substância hidrofílica, que seja altamente filtrada e altamente excretada
em excesso como o anti-inflamatório, ela pode trazer o desenvolvimento de uma insuficiência
renal aguda pré-filtração ou pós-filtração, resultando em riscos para a criança.
OBESIDADE NA PEDIATRIA
A distribuição de massa corporal e o ganho de massa em pediatria são questões que
influenciam o BSA. A obesidade pode estar associada com enfermidades como hipertensão,
diabetes, doença cardiovascular e osteoartrite. Também se associa às alterações fisiológicas
com aumento do débito cardíaco e do volume sanguíneo.
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