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MATERIAL COMPLEMENTAR
BOA LEITURA!
23 de Novembro de 2018
Artur Coelho
Erros mais comuns nos aspectos
antropométricos
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Omar de Faria
Ciclo circadiano: Expressões
genéticas, alterações metabólicas
e hormonais
O nutricionista Omar de Faria ministrou sua
aula sobre o ciclo circadiano e suas relações
com as expressões genéticas, alterações
metabólicas e alterações hormonais.
Essas alterações do ciclo circadiano e
suas respectivas ações metabólicas estão
relacionadas à exposição da luz solar. Essa exposição acarreta em uma ação
metabólica coordenada, relacionada a toda a produção hormonal, ao controle da
liberação de neuropeptídios, a ativação ou desativação dos sistemas parassimpático
e simpático, entre outros fatores.
Hormônios como o cortisol, a testosterona e a melatonina estão correlacionados
à regulação do ritmo circadiano. Dentre esses, alterações da atividade do Glock
circadiano, como o aumento da produção de cortisol, podem acarretar em alterações
do sono, maior resistência à insulina, alterações do perfil lépido, etc. Esse estresse
provocado está interligado inclusive ao aumento de citocinas pró-inflamatórias, e
entre uma de suas implicações, a disbiose intestinal é frequentemente observada
nos consultórios.
Adriana Meneses
Tipos de suplementação nos casos
de cirurgia bariátrica
Adriana Meneses iniciou sua palestra
caracterizando a grelina e hormônios do
intestino proximal e distal. Alguns hormônios
são capazes de estimular a secreção de
insulina e bloqueia a ação do glucagon, ou
seja, uma incretina, como o GLP1. Temos
receptores tanto no cérebro, quanto no
pâncreas, estômago, entre outros. GLP2 é outro hormônio do intestino distal,
importante para adaptação intestinal após ressecções e hipertrofia da mucosa. Na
síndrome metabólica, o que acontece é um desequilibro entre GIP e GLP1, gerando
uma quebra na cascata de saciedade, menos saciedade, mais insulina e menos
glucagon. A cirurgia bariátrica e metabólica é indicada, de forma errada, a partir do
IMC do indivíduo, porém sabe-se que um indivíduo com IMC de 40 pode não ser
tão beneficiado quanto um indivíduo com IMC de 33, pois deve ser considerado as
alterações metabólicas do paciente, não apenas a perda de peso. Adriana mostrou
os tipos de cirurgia como a inserção de balão no estômago, a gastroplastia
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endoscópica, a banda gástrica e o By-pass gástrico, a cirurgia mais realizada no
Brasil e no mundo. O problema do By-pass é a absorção de ferro e vitamina B12.
O motivo central para a cirurgia bariátrica é a perda de peso sem o reganho e a
melhora das doenças, como é o caso dos diabéticos. Percebe-se que 10% dos
pacientes retornam ao seu peso antigo dentro de 5 anos, principalmente pelo fato
de ele não alterar o seu estilo de vida e não aderir a reposição de micronutrientes.
Não existe pior ou melhor cirurgia, existe aquela que se adequa à condição clínica
do paciente.
Lídia Noé
Acompanhamento nutricional e
psicoterapia no paciente bariátrico
A nutricionista Lídia Noé começou sua
aula mencionando que devemos ter um
olhar diferente com o paciente, buscando
a chamada empatia. Lídia relatou algumas
histórias de pacientes que passaram por essa
intervenção cirúrgica e mencionaram alguns
atos que para boa parte da população são
comuns, mas para eles, no passado, era algo impensável.
Algumas dessas histórias estão diretamente interligadas à psicoterapia, na qual o
controle emocional pode ser trabalhado, quando existe o chamado rapport entre as
duas partes. Uma equipe multiprofissional para este fim é necessária, concomitante
à análise mais eficaz do paciente, no que se refere ao estudo individualizado do
mesmo. Porém, a cirurgia bariátrica é contraindicada à alguns pacientes, como
pessoas com histórico de doença mental e as fases de pré cirúrgico, na tentativa de
redução da gordura visceral, e pós cirúrgico, acompanhado por exemplo de dieta
pastosa, são essenciais para que os benefícios da cirurgia sejam mantidos a longo
prazo.
A suplementação nutricional também pode ser utilizada com a finalidade de suprir
as deficiências nutricionais dos indivíduos, através de doses diárias adequadas de
polivitamínicos e minerais. As deficiências mais comuns são a proteína, o ferro,
o zinco e as vitaminas D e complexo B, que
podem apresentar consequências como a
queda de cabelo, anemia, fraqueza e o déficit
de memória.
Portanto, a partir da integração de uma equipe
multiprofissional no acompanhamento pré
e pós cirúrgico, o paciente pode alcançar os
objetivos almejados e mudar seu estilo de vida,
encontrando a melhor versão de si mesmo.
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Felipe Savioli
Alteração da microbiota intestinal
no atleta de endurance
Uma microbiota adequada evita a
produção de substancias tóxicas, modula
a motilidade intestinal, protege contra
patógenos e está associada com a produção
de neurotransmissores, além do controle da
inflamação e do estresse oxidativo. Sobre
um atleta de endurance, pode-se considerar que a microbiota dele pode ser
alterada por diversos fatores como alimentação e estresse emocional. Estudos
mostram que a alteração de ambiente, em viagens por exemplo, corrobora para
alteração da microbiota e está relacionado com a conhecida diarreia do viajante,
antes considerada como uma infecção. Um atleta de endurance tem seu cortisol
aumentado, o que influencia a depleção de glutamina, leaky gut, maior síntese de
glutationa e produção de radicais livres. Alguns atletas, como ultramaratonistas,
podem ter uma hipertermia, o que também está relacionado com o leaky gut,
caracterizado pela passagem de substancias nocivas ou de forma incorreta no
lúmen intestinal, gerando um processo inflamatório. Um atleta de endurance
que consuma 10-12g por kg de peso de carboidrato provavelmente irá precisar
de suplementos para atingir a meta deste macronutriente. No entanto, surge a
preocupação quanto à composição desses produtos, pois parte deles possuem
açúcares refinados e os demais possuem edulcorantes, ambos com evidências
negativas para a saúde. De maneira prática, a inserção de fibras na dieta é importante,
visto que a fermentação e formação de ácidos graxos de cadeia curta são benéficas
para o organismo. Porém, a adequação da quantidade de fibras pode ser um desafio
em um atleta deste nível, tendo cuidado com quadros de cólicas, por exemplo. Os
géis de carboidratos devem ser de preocupação do nutricionista, pois existe uma
quantidade de carboidratos extremamente concentrada, sendo ideal o consumo
junto de 300ml de àgua para evitar a alteração da osmolaridade do intestino e uma
atração de água para o lúmen, o que causa um desconforto importante.
Pedro Perim
Beta-alanina: metabolismo,
aplicabilidade no esporte e
recomendações
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diversas maneiras elucidadas na literatura, como através de sua função tamponante
e a regulação da sensibilidade do aparato contrátil ao cálcio.
A beta-alanina é o fator limitante para a síntese de carnosina muscular, capaz
de aumentar a capacidade ao exercício físico, principalmente em exercícios de
curta duração e alta intensidade, quando utilizada em dosagens de 3.2-6.4 g por
dia, fracionadas durante o dia e por um período entre 2-24 semanas. Porém, este
aminoácido pode ser utilizado também por praticantes de endurance, devido a
mescla de intensidades decorrentes durante as provas.
Portanto, deve-se avaliar a intensidade e a via energética predominante durante a
atividade física praticada, com a finalidade de escolher a melhor opção para cada
praticante.
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PRÉ-CONGRESSO
SEXTA-FEIRA | 23 DE NOVEMBRO
Rodolfo Peres
Curso prático de prescrição
de dietas
O nutricionista Rodolfo Peres
iniciou o curso mostrando parte
de sua jornada, de seu estágio
em academia até a inauguração
do seu consultório próprio. Além
disso, mostrou as dificuldades
de sustentar um consultório, o
que envolve custos e atração de
clientes. Sobre anamnese existem
4 perguntas importantes: “Qual é o objetivo? Em quanto tempo? É sua prioridade?
Já tentou alguma vez?” Essas perguntas base permitem um norteamento do que
será posto em prática no plano alimentar daquele indivíduo.
Outra questão que deve ser levada em conta é o bem-estar geral do paciente, no
qual vários aspectos requerem consideração, dentre esses, pode-se mencionar o
sono, o conforto gastrointestinal, a imunidade, a suscetibilidade à lesões, a cognição
e a baixa libido. Tais fatores são associados além da intervenção nutricional, ao
nível de atividade física do paciente.
A modalidade esportiva praticada necessita de estudo por parte do nutricionista,
na qual é necessária a interação treinamento X nutrição. A partir desse estudo,
o atleta pode suportar a intensidade do treinamento e garantir boa recuperação.
Nesse sentido algumas estratégias nutricionais, como o jejum, podem ser aplicadas,
dependendo da situação, adesão, individualidade e modalidade esportiva.
Os dados antropométricos necessitam de reprodutibilidade, isto é, que seja
possível aplicar da mesma maneira em uma segunda consulta, para evitar números
errôneos, visto que uma mudança individual nas pregas, por exemplo, pode afetar
o resultado do percentual de gordura do paciente.
O posicionamento do ISSN sobre proteínas recomenda a quantidade a partir
de 1.4g até 3g por kg de peso, mas diz que isso deve ser porcionado ao longo
do dia entre as refeições, variando de 20g a 40g de proteína. Outro ponto do
posicionamento é que uma proteína de qualidade deve possuir de 700-3000mg
de leucina, o que garante um estímulo de síntese proteica desejado. Após essas
adequações, é importante avaliar os exames laboratoriais, principalmente ureia e
creatinina.
Na questão dos carboidratos, de fato uma dieta low carb gera uma perda de peso
rápida, mas tem a desvantagem da adesão. No entanto, em alguns casos é aplicável,
como por exemplo diabéticos tipo 2 e quando o paciente já tenha tentado outras
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estratégias e consiga aderir a mesma. Além disso, pode ser utilizada também para
a hipertrofia muscular. Ainda sobre esse macronutriente, sua periodização através
da adequada distribuição ao longo do dia é uma pratica com a aderência facilitada
por parte do paciente quando comparada à low carb, enfocando na maior ingestão
de glicídios em horários próximos ao treinamento.
Outro ponto fundamental na estruturação do plano alimentar é a distribuição dos
lipídios, na qual Rodolfo comentou que procura manter normalmente entre 20-
30% das kcals totais diárias de seus pacientes. Sobre as vitaminas e minerais, suas
necessidades variam de acordo com cada pessoa e sua atividade física praticada.
Na parte final de sua aula, a suplementação esportiva foi um dos assuntos
explicados. Para hipertrofia, a suplementação de proteínas pode ser aplicada em
momentos que a alimentação solida seja uma dificuldade.
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SÁBADO | 24 DE NOVEMBRO
Caroline Romeiro
Manejo nutricional no
Crossfit: desempenho físico
e hipertrofia
O Crossfit é uma marca que está
relacionada à volumes de treino
elevado e uma variedade de exercícios
de alta intensidade, sendo o Brasil o
segundo maior mercado do mundo.
Pesquisas mostram que, de fato, o
crossfit é uma tendência mundial e
por se tratar de exercício físico intenso, o nutricionista deve entender no que consiste
o treinamento para o manejo nutricional adequado. Quanto às lesões relacionadas
ao crossfit, existem estudos mostrando que a incidência de injúrias em 1000 horas
de treino de futebol, squash, basquete entre outros é maior que no Crossfit. De
fato, a fadiga excessiva, dor muscular total e limitação de movimentação durante
o treino é maior na modalidade em questão, devido a intensidade de treinamento
e ausência de descanso entre séries, o que também influencia a concentração de
lactato nos praticantes.
No que se refere à alimentação dos praticantes, muitas vezes esses indivíduos
adequam suas refeições com base em informações da internet, seguindo práticas
como a zone diet, na qual busca a redução do processo inflamatório que pode ser
induzido por determinadas praticas alimentares. A dieta paleolítica é ainda menor
em carboidratos, tendo a premissa de que terá maior ingestão de lipídeos, rica
em potássio, baixa em sódio e alimentos processados. No entanto, a melhor das
escolhas é individualizar o plano alimentar, calculando a necessidade energética
do praticante, visto que a variação de gasto calórico varia muito nos praticantes
de crossfit. Caroline mostrou trabalhos que comparam dietas altas e baixas em
carboidrato, sustentando um efeito ergogênico a este macronutriente. Guidelines
tem recomendações de macronutrientes para exercícios de alta intensidade, sendo
que proteínas variam de 1.2 a 2.0g por
kg de peso, carboidratos vão de 6.0 até
cerca de 10g por kg de peso dependendo
da intensidade do exercício. Os recursos
ergogênicos que podem ser pensados
são aqueles com evidências nível A,
como beta-alanina, creatina e nitrato.
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Luciano Bruno
Estratégias cetogênicas no
gerenciamento do peso
A estratégia cetogênica pode ser
utilizada para reprogramar diversos
genes, para, assim, tecer o material
biológico com os melhores nutrientes
e interações de acordo com os
momentos. A reprogramação da
expressão gênica é relacionada à
geração de um fenótipo tolerogênico,
no qual pode resultar na perda de peso corporal.
A dieta cetogênica funciona a partir do baixo consumo de glicídios, concomitante
à elevação do consumo de lipídios. Essa estratégia resulta no baixo nível de glicose
sanguíneo e na produção de corpos cetônicos pelo fígado. Dentre uma de suas
consequências, a modulação do PPAR, envolvido em todas as funções metabólicas,
principalmente as associadas à comportamentos compulsivos. Contudo, deve-se
avaliar qual gordura está sendo ingerida predominantemente. Por exemplo, um
excesso de ácidos graxos saturados pode acarretar na maior expressão de genes,
como os relacionados à FABP2.
O grande foco desta prática dietética é a produção de beta-hidroxibutirato,
que pode ser gerado e transportado rapidamente quando o indivíduo entrar em
cetoadaptaçao, obtida a partir de estratégias dietéticas como o jejum. Quando
necessário, esse corpo cetônico pode ser suplementado em quantidades de até
5g por dia.
Luciano finalizou sua aula aconselhando os profissionais a utilizarem um ciclo de
estratégias, nas quais abrangem um ciclo de artifícios composto por dietas como a
low carb, a plant based, entre outras.
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Felipe Donatto
Mitos e verdades sobre
proteínas
A digestão proteica se inicia com a
mastigação mecânica. A passagem
pelo estômago com ação de pepsina
e ácido clorídrico, os peptídeos no
intestino delgado sofrem atividade
das enzimas pancreáticas, em
seguida mais enzimas são ativadas e
ocorre a absorção pelo enterócito
no lúmen intestinal, passando
apenas aminoácidos para corrente sanguínea, isso em condições fisiológicas. A
aminoacidemia é a concentração de aminoácidos na corrente sanguínea. Parte
dos aminoácidos são utilizados pelo fígado e para a síntese de diversas enzimas do
organismo. O mito de que o excesso proteico prejudica rins e fígado foi desmitificado
com base em revisões sistemáticas e meta-análises, assim como a premissa de
que Acetil-Coa oriundo da oxidação de aminoácidos pode ser transformado em
gordura, mas que proteínas são responsáveis por aumento da TMB e sinalização de
síntese proteica. Um exemplo clínico disso é uma dieta hipocalórica mantendo 2.5g
por kg de peso onde, provavelmente, ocorrerá manutenção da massa muscular e
perda do tecido adiposo. Felipe mostrou as evidências sobre o mito de que 30g de
proteína é o máximo absorvido por refeição, comprovando que isso dependerá dos
exames bioquímicos de seu paciente, ingestão hídrica, plano alimentar e exercício
físico, tendo uma variação interindividual grande. Portanto, padronizar 25g-35g
para todos os pacientes não parece ser a melhor conduta. De fato, os adeptos ao
veganismo e vegetarianismo cresceu nos últimos anos, sendo de suma importância
o nutricionista compreender que é possível atingir as metas de macronutrientes,
inclusive proteína, mas que isso deve ser adequado de forma correta, levando
em consideração os carboidratos das leguminosas e a combinação delas. Alguns
trabalhos mostram efeitos positivos no estímulo de síntese proteica no blend de
proteínas vegetais e animais. Sobre
novas fontes de proteínas, existe
um mercado novo de pós e snacks
de insetos, inclusive com estudos
científicos comparando com outras
fontes como whey protein e soja.
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Lia Jiannine
A relação entre a aptidão física e a
função sexual
As disfunções sexuais estão presentes em
31% dos homens e 43% das mulheres, sendo
que no caso dos homens, 79% são indivíduos
obesos. A prática sexual pode provocar
melhoras cardiovasculares e redução de dores,
além de ser relacionada à redução dos níveis
de estresse e a otimização da função imune.
Com benefícios similares, a atividade física frequente e bem orientada pode ser
associada à prática sexual, na qual estudos apresentam que o comportamento
sexual está relacionado à porcentagem de gordura corporal e os indivíduos
mais autoconfiantes realizam mais relações sexuais. Lia abordou ainda sobre
alguns suplementos interligados com a melhora da libido, como a Maca. A
mesma demonstra, entre outros benefícios, a maior fertilidade, memória, humor
e a atenuação da fadiga em homens. Porém, essas consequências não foram
observadas em mulheres.
Finalizando sua aula, Lia citou algumas recomendações para pesquisas futuras
recomendando a associação entre a atividade física e libido, principalmente no que
se refere a regulação hormonal e consequências provenientes da mesma.
Bruno Gualano
Avanços na Nutrição para o
suporte do anabolismo muscular
Na área da nutrição esportiva, temos
uma lista de suplementos considerados
efetivos muito menor do que os que
estão disponíveis no mercado. Aqueles
de evidência nível A são os de eficácia
comprovada cientificamente. Essa escala
chega até a letra D, os quais não funcionam
ou que são considerados doping. Sobre
proteínas, algumas importantes questões aparecem, como a necessidade de
suplementar, em quais casos, quanto ao timing e a fonte proteica. A hipertrofia
muscular depende de um balanço proteico. Em um indivíduo normal espera-
se que a relação entra síntese e degradação muscular seja neutra, mas quando
pensamos em uma pessoa treinada os picos de síntese proteica são maiores, o que
corrobora para um quadro anabólico. O contrário também é verdadeiro, quando
maior a degradação proteica teremos um quadro catabólico. De fato, atletas
de força precisam de mais proteína, porém menos do que imaginam. Quanto à
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necessidade de suplementação de proteína, parece que a partir de 1.6g por kg de
peso, a capacidade de síntese proteica entra em um platô. Moore et al. demonstrou
que o consumo de 40 g de proteína por refeição não eleva de forma significativa a
síntese proteica quando comparada a 20g-30g, portanto, existe um limiar da SPM.
Sobre a fonte de proteína, a ciência vem mostrando que não existe diferença entre
elas quando se trata do ganho de massa muscular e força. Assim como a utilização
de leucina, não apresentando diferença entre um grupo placebo e um grupo
suplementado com este aminoácido. Existem diversas condutas de distribuição de
proteínas, porém faz sentido, do ponto de vista biológico, que uma divisão proteica
de forma similar ao longo do dia contribui para uma maior síntese proteica. Mas a
orterexia deve ser levada em consideração, visto que não se ganha ou perde massa
muscular num único dia. Sobre HMB, estudos dos anos 90 demonstram um suporte
na massa muscular em indivíduos não treinados, mas alguns dados controversos
com população treinada surgiram na ciência nos últimos anos. Portanto, a visão
crítica de artigos deve ser realizada e neste caso, novos estudos não atribuem efeito
a esta suplementação em indivíduos treinados. A creatina tem nível de evidência A,
com um corpo de evidências forte no ganho de massa e força muscular, apesar de
que a resposta de vegetarianos é maior devido ao baixo consumo via dieta.
Guilherme Artioli
Interface genética, fisiologia,
nutrição e suas implicações
para o exercício
Diferenças nas sequências do
DNA podem explicar variações
comuns em características comuns.
A base disso está nas mutações e
polimorfismos genéticos, sendo
que os polimorfismos podem ser
conceituados como mutações que
afetam mais de 1% da população.
Tais alterações genéticas podem ter consequências fisiológicas muito pequenas
ou devastadoras, dependendo da individualidade biológica da pessoa, podendo
inclusive ter fortes efeitos fisiológicos sem alterar a estrutura da proteína, fato esse
que pode ser atenuado através da regulação de seu genoma, pela ativação ou
inibição da expressão de determinadas proteínas.
Um exemplo de interação farmacogenética é a relação entre a dosagem da
Varfarina e polimorfismo nos genes VKORC1 e CYP2C9. Outro aspecto abordado
foram as respostas à perda de peso e sua relação ao papel da genética. Embasado
por estudos, o professor demonstrou que há uma variação entre as pessoas e o
componente genético, e isso acarreta em uma suscetibilidade maior ou menor
ao ganho de peso. Porém, a correlação genética X obesidade não é determinista,
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assim todos são capazes de responder a um tratamento a obesidade, na qual é
regulada por diversos genes.
Um dos genes associados ao ganho de peso é o FTO. A expressão dele no
hipotálamo está correlacionada a desmetilação do DNA e do RNA e acarreta, entre
outros resultados, o maior consumo de alimentos, aumento da fome e redução da
saciedade.
Portanto, perfis poligênicos são hábeis de influenciar na composição corporal do
indivíduo, mas a obesidade é uma síndrome multifatorial, na qual não somente a
genética do paciente deve ser levada em consideração, e sim todo o ambiente no
qual o mesmo vive.
Tânia Rodrigues
Traduzindo a nutrição baseada
em evidências na prática clínica
A orientação nutricional esportiva deve
partir de alimentos e não de suplementos
como está sendo levada nos últimos
anos. Nesse sentido, Tânia selecionou
fortes diretrizes que recomendam certas
quantidades, de acordo com situações,
para a esperada adaptação ao stress do
exercício físico, peso total e composição corporal. No dia a dia clínico, a anamnese
bem-feita é essencial, tal como a avaliação corporal do paciente para poder traçar
recomendações eficientes de acordo com o objetivo dele. A determinação do gasto
calórico é importante para o plano alimentar, visto que uma dieta hipocalórica
indevida pode aumentar o risco de fadiga, lesões e até mesmo prejuízos ao
sistema imunológico. O ISSN fornece recomendações energéticas para indivíduos
a partir do peso corporal e estilo de vida. O ACSM reconhece o efeito térmico
dos alimentos e o exercício físico, sendo necessário aferir o VO2max do paciente.
Tânia mostrou exemplos de dietas e cardápios para diferentes composições
corporais, demonstrando cálculos de macronutrientes. Sobre carboidratos, temos
recomendações do ISSN de acordo com os treinos (intensos = 5-8g por kg de peso
por dia e alto volume 8-10g por kg
de peso por dia). Alguns exemplos de
refeições pré treino foram mostradas,
buscando reduzir os desconfortos
gastrointestinais durante o exercício.
Algo interessante demonstrado na
palestra foi a alimentação intratreino
de atletas aquáticos e como
fazer isso, por exemplo, alimento
plastificados que serão consumidos
durante a prova.
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Chad Kerksick
Nutrient timing /Proteínas:
diário, necessidades,
distribuição, fontes e doses
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DOMINGO | 24 DE NOVEMBRO
Annie Bello
Nutrição de precisão e
aplicabilidade no emagrecimento
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Marcelo Carvalho
O impacto do estresse na
composição corporal
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Claudio Ferrarezi
Estratégias de suplementação e
exercícios nas disfunções
hormonais da mulher
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Rodolfo Peres
Nutrição esportiva do atleta
de bodybuilding ao paciente
comum
A nutrição conjunta com o treinamento
são práticas interdependentes. No que
se refere ao atleta, o talento e a genética
são os principais fatores responsáveis
por seus resultados, sobrepondo-se, por
exemplo, a suplementação ou a utilização
de hormônios a níveis supra fisiológicos. Um dos esportes onde esse fato é mais
evidente é o bodybuilding, no qual apresenta diversas categorias separadas de
acordo com a individualidade biológica de cada praticante. Essa prática esportiva é
uma das que os esteroides anabolizantes, por exemplo, estão mais presentes, sendo
extremamente válido o entendimento do nutricionista sobre as interações droga-
nutriente, para compreender as consequências desta prática ao metabolismo do
paciente. No consultório, muitas vezes as pessoas, por conta das mídias sociais,
almejam o físico desses atletas. Porém, não tem o estilo de vida necessário para
tal e mesmo abusando de recursos ergogênicos, não atingem os resultados
buscados. Um dos aspectos mais negligenciados é o treino. Muitas vezes as
pessoas são influenciadas por informações não embasadas cientificamente e por
isso se frustram com o esporte. A inadequada periodização nutricional, aspectos
fisiológicos, excesso do consumo de álcool e a falta de paciência também são
outros fatores subvalorizados pelos pacientes.
Sobre a estratégia nutricional preferível a atuar junto com o esporte, a melhor
alimentação é aquela que o paciente obtenha a aderência de maneira mais
simples, de modo que ele seja capaz de seguir como um estilo de vida a longo
prazo e que respeite suas características metabólicas. A administração dos micro e
macronutrientes é essencial e ao longo do dia e deve ser manipulada caso a caso,
levando em consideração fatores como o horário do treinamento e do sono.
Flávio Cadegiani
Atualizações em Overtraining
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à depleção de energia, mecanismos de reparo e ambiente hostil, corroborando
para adaptações forçadas aberrantes e disfuncionais. O último guideline de 2013
prevê que o diagnóstico é principalmente a redução inesperada da performance,
porém, são poucos os marcadores bioquímicos que sustentam um diagnóstico. Os
estudos possuem algumas limitações, com exercícios inadequados do ponto de
vista endocrinológico e a indução de um overtraining no lugar de sua ocorrência
natural. O estudo EROS comparou diversos marcadores bioquímicos e hormonais
entre grupos de indivíduos com síndrome de overtraining, saudáveis e sedentários,
sendo o maior estudo sobre endocrinologia do esporte, gerando cerca de 10
publicações. Em overtraining, existe uma redução da relação neutrófilos: linfócitos,
reforçando a teoria imunológica da doença, e CPK e lactato são, como esperado,
aumentados. O aumento das catecolaminas pode ser uma tentativa do corpo
com overtraining manter o funcionamento. O EROS encontrou que overtraining
não apresenta disfunções e sim perda dos benefícios adquiridos pelo esporte.
Será que pode-se considerar uma síndrome hipermetabólica? A combinação de
undereating, undersleeping e underresting também influenciam uma síndrome de
overtraining. Alguns novos marcadores elucidados pelo estudo são os aumentos
desproporcionais do CPK e lactato, redução da oxidação de gordura e da TMB.
EROS-risk são os fatores de risco para overtraining baseados em pontuações, no
entanto, não é aplicável a diversas condições clínicas também previstas pelo EROS.
Métodos de prevenção também foram apresentados, como uma dieta balanceada
com quantidades estabelecidas de macronutrientes, evitar o treinamento intenso
e de grande volume sem a devida recuperação, inclusive em períodos de estresse
social, familiar ou profissional, além de variar o estilo de treinamento, evitando a
monotonia. Flávio propõe uma nova nomenclatura para a síndrome de overtraining:
síndrome de descondicionamento paradoxal.
Bruno César
Análise de GH e sua relação na hipertrofia
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acarreta na maior retenção hídrica, no que se refere principalmente ao conteúdo
de água extracelular. Esse hormônio está relacionado à síntese proteica, porém, a
proteína que dispõem de sua síntese mais otimizada é o colágeno e não a proteína
muscular em si. Para a prática clínica, tais resultados são extremamente válidos,
principalmente para pacientes com lesões devido a superior recuperação do
tecido conjuntivo relacionada a essa proteína. Já para a prática esportiva, devido ao
melhor perfil do tecido conjuntivo, um maior volume e intensidade de treinamento
poderia ser administrado, sendo esse um dos únicos motivos reais que justificariam
o banimento do hormônio do crescimento, pois ele é considerado como DOPING
internacionalmente. Para que ocorra o estímulo endógeno do GH, o treinamento
é essencial, mas há na literatura evidências que demonstram que a produção
induzida pelo exercício gera um efeito mínimo, e ainda relata fatores muito mais
importantes, como a manipulação proteica e a periodização do treinamento do
indivíduo. Portanto, a administração deste peptídeo para fins terapêuticos parece
ser de maior utilidade.
Antônio Minuzzi
Anabolizantes e repercussões
negativas no sistema nervoso
central
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Eleonora Comucci
A sabedoria milenar
contemporânea da medicina
tradicional chinesa (MTC) em
favor do esporte
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PLUS
OBRIGADO!
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