Você está na página 1de 16

1

ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico

ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PEDIATRIA, HERBIATRIA E GERIATRIA

Volume V

Vitae Editora
Anápolis (GO), 2021
2
E-book transcrito da aula do professor Edson Luiz

Professor no Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico. Graduado


em Farmácia pela Universidade Estadual de Londrina. Aperfeiçoamento em Farmacologia
na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialização em Fisiologia pela Universida-
de Federal do Paraná (UFPR). Mestrado em Fisiologia na Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Doutoramento em Ciências Médico-Cirúrgicas na Universidade Federal do Ceará
(UFC). Professor de Graduação – Farmácia. Professor de Pós-graduação- Farmácia Clínica e
Prescrição Farmacêutica.

EXPEDIENTE:
Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico
Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso
Produção: Vitae Editora
Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo
Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo
Diagramação: Cynara Miralha

3
ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PEDIATRIA, HERBIATRIA E GERIATRIA

PACIENTES HEBIÁTRICOS

Definição de Hebiatria

A Hebiatria é a especialidade médica (nesse caso, farmacêutica) cujo objetivo central é


acompanhar a adolescência de um paciente, ou seja, o período entre a infância e a fase adulta.
Essa fase é comumente definida pelo rápido início do crescimento biológico e psicológico e
pelo desenvolvimento prévio para a segunda década de vida.

A adolescência é marcada por um complexo processo de maturação que transforma a


criança em adulto. A puberdade reúne os fenômenos biológicos da adolescência, possibilitando
o completo crescimento somático e a maturação hormonal que asseguram a capacidade de
reprodução e de preservação da espécie.

A hebiatria trata diretamente do período da adolescência, bem como suas transformações


somáticas e hormonais, vinculadas à sobrevivência da espécie.

A puberdade tem início baseado nas particularidades genéticas, influenciadas por


elementos ambientais. As particularidades genéticas são a caracterização do gênero
masculino e feminino. Já as características bioquímicas refletem no patrimônio genético
com relação às características genéticas cromossômicas: XX nas mulheres e XY nos meninos.

Nesse caso, há os seguintes eventos:

• A ocorrência da adrenarca, resultante do aumento da produção da secreção dos


andrógenos suprarrenais, situados na parte superior dos rins (ocorre entre 6 e 8 anos de
idade óssea) e parece ser independente da ativação do eixo hipotálamo-hipófise de gônadas.

• A ocorrência da ativação ou desinibição de neurônios hipotalâmicos secretores de


hormônio liberador de gonadotrofinas (LH RH), com consequente liberação dos hormônios
luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela glândula hipófise.

• A ocorrência da gonadarca, ou seja, o aumento dos esteroides sexuais produzidos pelos


testículos e ovários.

ATENÇÃO FARMACÊUTICA
Uma pergunta muito comum é: onde o profissional farmacêutico pode interferir em relação
à atenção farmacêutica?

No cotidiano de atenção farmacêutica, os farmacêuticos precisam ter um cuidado mais


enriquecido sobre as modificações biológicas e sociais, associadas às mudanças do meio
ambiente e à distribuição econômica e étnica, que afetam a previsão dos serviços de saúde
para adolescentes.

4
Um exemplo clássico é o desenvolvimento de espinhas faciais em jovens, sobre as quais
eles procuram orientações do profissional farmacêutico no ambiente da farmácia comuni-
tária.

PUBERDADE
A puberdade é definida como um processo sequencial biológico que conduz à reprodução.
O início e o tempo de puberdade variam de acordo com o sexo, o grupo populacional e o
indivíduo. Nos meninos, tal mudança tem início a partir do nono ano de vida óssea e vai
até, aproximadamente, seus 19 anos. Já no sexo feminino, inicia-se a partir do oitavo ano
até, aproximadamente, os 19 anos. Evidentemente, esse período pode se estender um pouco
mais ou um pouco menos, a depender de outros fatores.

Durante a puberdade, ocorrem alterações no sistema endócrino e nos sistemas nervoso


central e adrenal, que causam mudanças no crescimento esquelético e na massa corporal,
bem como aquisição de características sexuais secundárias. O mecanismo responsável pela
iniciação da puberdade se dá por meio da ativação do eixo pituitário-hipotalâmico.

A característica sexual primária é o estabelecimento anatômico e anátomo-funcional em


relação à estrutura genital masculina e feminina. Durante a puberdade, as características
sexuais primárias serão acompanhadas pelo desenvolvimento das características sexuais
secundárias. Os meninos desenvolvem alteração na estrutura muscular, alteração da voz,
crescimento do órgão genital ou aumento da estrutura peitoral, desenvolvimento de pelos
pubianos e corporais e, principalmente, o aparecimento de pelos na face. Já as meninas passam
por um processo externo no qual apresentam o desenvolvimento das glândulas mamárias
e a alteração da pilosidade da região genital, marcado também por termos de disposição e
deposição de tecido adiposo na região do quadril. Logo, a silhueta feminina e masculina
apresenta aspectos diferentes, bem como diferenças comportamentais, mudanças importantes
em termos de grupos e de aceitação.

Quando o indivíduo termina a fase da adolescência, ele está diante de um novo universo,
no qual é um jovem-adulto e já está, pelo ponto de vista fisiológico, apto a dar continuidade
à espécie por meio do processo de reprodução. Logo, do ponto de vista fisiológico, encontra-se a
fisiologia da reprodução marcando a modificação da infância para a vida adulta.
5
Esse período de transição, que inclui a puberdade e a adolescência, traz uma modalidade
de cuidados, chamada ‘atenção em hebiatria’.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS
A imagem abaixo mostra a representação do eixo hipotálamo-hipófise:

O hipotálamo é uma estrutura de caráter neural localizada no lado do corpo mamilar,


cabendo a essa estrutura, por meio de seus neurônios, influenciar o funcionamento da
glândula hipófise (pituitary - pituitária).

Derivada a partir do teto da cavidade oral do embrião, a porção anterior da hipófise dará
origem à chamada ‘adeno-hipófise’, a qual produzirá e secretará diversos hormônios, dentre
os quais podem ser destacados os gonadotróficos: o FSH e o LH. A produção e secreção dos
gonadotróficos dependerão da interferência de substâncias peptídicas produzidas por intermédio
da região hipotalâmica.

O hipotálamo interfere no eixo de alça curta com relação à hipófise. Já a hipófise, interfere
nas gônadas, testículos e ovários, por meio do eixo de alça longa.

Na imagem abaixo, observa-se dois jovens em frente a um espelho:

6
É possível perceber que o garoto observa seu rosto, atento à pilosidade facial. Já a garota
observa as alterações que o corpo dela está sofrendo, tendo como preocupação primária a
estrutura da glândula mamária. Esse processo tem uma influência psicossocial muito grande,
pois faz com que o indivíduo carregue consigo elementos importantes. A própria estrutura
fisiológica e psicofisiológica é fortemente influenciada nessa idade.

Dentro do ambiente da farmácia comunitária, o farmacêutico deve orientar os jovens a


respeito, por exemplo, da utilização da pílula do dia seguinte, a qual possui efeito que
desorganiza totalmente o eixo-hipotálamo, a hipófise e o ovário. Ele também deve orientá-los
sobre a importância da vacinação contra o vírus HPV (prevenção contra o câncer de cólon
uterino), bem como orientar sobre a administração de vacinas.

Há muitos jovens nessa faixa etária que buscam orientações de psiquiatras e psicólogos.
Muitas vezes, eles usam medicamentos do grupo dos antidepressivos e procuram orientação
da administração correta dos medicamentos. A juventude é uma etapa da vida pela qual
todos passam e é importante perceber as modificações ocorridas.

PUBERDADE: CRESCIMENTO ESQUELÉTICO


Durante a puberdade, as mulheres ganham cerca de 9,0 a 1,03 cm/ano e alcançam a altura
adulta de 1,63m aos 16 anos; os homens ganham cerca de 10,3 a 1,54 cm/ano e alcançam a
altura de 1,77m aos 18 anos. Entretanto, existem variações de estatura, ou seja, há jovens
de estaturas maiores ou menores. No entanto, não se trata de uma alteração de caráter
endócrino, pois não há uma produção maior do hormônio de crescimento, contudo, trata-se
de variações de caráter individual.

7
Com relação à matriz óssea, pode-se dizer que a estatura não está relacionada somente ao
processo de captação e distribuição de cálcio, mas também ao eixo de crescimento, no que
diz respeito à cartilagem epifisária.

Muitas vezes, uma puberdade precoce pode, no caso das meninas, interferir no cresci-
mento máximo e provocar alterações que levam à menarca precoce, ou seja, o início menstrual
antecipado, o qual fará com que o crescimento final possa sofrer uma alteração.

De modo geral, em termos de crescimento, os meninos alcançam 1,77m, aproximadamente,


aos 18 anos, enquanto as meninas alcançarão, aproximadamente, 1,65m aos 16 anos de idade
óssea. Essa é a média mundialmente conhecida.

É possível fazer uma prévia em termos de crescimento, considerando os elementos


maternos e paternos. Pelo fato de a estatura sofrer influência de fatores genéticos, o cálculo
do alvo genético avalia a herança (estatura dos pais) na determinação da faixa de estatura
final. Assim, para calcular o alvo genético, é utilizada a seguinte fórmula:

No caso dos meninos, a estatura paterna é somada à estatura materna mais 13 e ambas
são divididas por dois. O resultado será de mais ou menos 8,5 cm. Por isso, em média, os
filhos são um pouco mais altos que os pais, porém não significa que isso se repete em todas
as famílias.

No caso das meninas, a estatura paterna, subtraindo o 13, é somada à estatura materna
e ambas são divididas por dois. O resultado também será de mais ou menos 8,5 cm.

Dessa forma, faz-se uma previsão da espera da altura alcançada por uma criança quando
ela chegar à vida adulta.

MUDANÇA NA COMPOSIÇÃO CORPORAL


Durante o crescimento, o peso aumenta 40%. A massa magra muscular aumenta em
garotos, em torno de 80% a 90% e diminui em garotas, em torno de 75% a 80%. Em garotos,
a gordura aumenta de 4,3% a 11,2% na puberdade e é distribuída, primariamente, no tronco.
Nas garotas, a gordura aumenta de 15,7% a 26,7% e é depositada na pelve, parte superior
das costas e braços.

SISTEMA ESQUELÉTICO
Durante o período da adolescência, ocorre a mudança da estrutura óssea na qual o cres-
cimento ósseo é rápido, principalmente, considerando os ossos longos e o fechamento das
epífises relacionadas ao crescimento ósseo. Nesse período, é comum observar o desenvol-

8
vimento de alterações ortopédicas, porque o crescimento está sendo acelerado. O rápido
crescimento dos ossos longos e o fechamento das epífises estão associados a alguns proble-
mas ortopédicos. Deslizamentos epifisários da cabeça do fêmur ocorrem, primariamente, no
momento da explosão rápida do crescimento.

HORMÔNIOS
As alterações hormonais são muito intensas. Elas são como uma avalanche que ocorre no
transcorrer desse período, porque, considerando o nascimento até chegar aos oito ou nove
anos de vida, as variações hormonais acontecem, mas não mexem tanto com os hormônios
sexuais. A partir desse período, as variações hormonais são relevantes e alteram o eixo
hipotálamo, hipófise e as gônadas.

Sendo assim, observa-se quatro pontos:

• Apesar de hormônios tireoidianos ainda serem necessários para o crescimento normal,


os hormônios gonadais desempenham um papel de maior significância.

• A puberdade é caracterizada pelo aumento da amplitude dos pulsos de secreção de


hormônio luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), detectáveis já antes que os sinais
externos da puberdade sejam evidentes.

• Além do aumento do hormônio de crescimento e dos esteroides sexuais, há aumento


na resistência à insulina. Esse ponto é nevrálgico. O aumento da resistência à insulina terá
influência direta no futuro do indivíduo em termos de alteração de função pancreática e
armazenamento de substâncias lipídicas pelo corpo. Muitos indivíduos que desenvolvem
aumento da resistência à insulina acabam tendo picos de hiperglicemia, podem ter alterações
da formação de triglicerídeos, ganho de massa gorda e deflagração de um evento de obesi-
dade. É importante lembrar que, além da alteração em termos de produção de FSH e de LH,
existe o aumento da resistência ao hormônio da insulina.

• A testosterona estimula a eritropoiese. Por isso, há aumento de células vermelhas no


sexo masculino.

MUDANÇAS CARDIORRESPIRATÓRIAS
Na puberdade, ocorrem mudanças cardiorrespiratórias. Nesse período, a produção
cardíaca (débito cardíaco) e a pressão arterial sistêmica passam por processo de modificação.
9
Há um ganho real em termos de débito cardíaco e de pressão arterial sistêmica, sendo
necessário acompanhamento. Na maioria das vezes, pensa-se em hipertensão em indivíduos
adultos e idosos e não há tanta atenção ao indivíduo nessa fase de transição. Porém, todos
os cuidados que ocorrem na pediatria e adolescência irão refletir na vida adulta.

O perfil de dieta do indivíduo, os processos de deposição lipídica no organismo, alterações


que podem ocorrer em relação à parede dos vasos, a interferência em termos de funciona-
mento pancreático hepático e a alteração da atividade cardíaca irão refletir na vida adulta.
Ao iniciar os cuidados farmacêuticos, focando no controle, haverá um reflexo positivo,
ou seja, é necessário cuidar da puberdade para ter uma boa saúde na vida adulta.

A laringe masculina, sob influência de androgênios (testosterona), desenvolve um ângulo


de 90º na cartilagem tireóidea anterior; as pregas vocais são três vezes mais compridas que
as femininas. Essa mudança torna a voz mais grave.

MATURIDADE SEXUAL
As taxas/proporção (SMR) da maturidade sexual de Marshall e Tanner são úteis na
monitoração do desenvolvimento das características sexuais secundárias, que somatizam
as manifestações da atividade adrenal e gonadal. Para garotas, as SMR ocorrem com
o desenvolvimento dos seios e pelos pubianos. Para garotos, as mudanças ocorrem com o
desenvolvimento dos órgãos genitais e pelos pubianos.

O que se percebe nesses estudos é que a maturidade sexual é marcada por alterações de
caráter clínico.

• Clinicamente, a maturidade sexual é avaliada em cinco estágios, levando-se em consideração:


desenvolvimento mamário e pelos pubianos no sexo feminino, aspecto dos órgãos genitais
e pelos pubianos no masculino.

• A sequência de eventos puberais é ordenada, sendo controlada por fatores neuroendócrinos,


responsáveis por seu início e progressão. Exemplo: se houver um grupo de 10, 50 ou 100
jovens, todos eles passarão pelas mesmas transformações.

• O primeiro sinal de puberdade masculina é o aumento do volume testicular (9-14 anos


- volume de 4 ml), seguido do aparecimento de pelos pubianos e aumento de pênis.

• A semenarca (primeira ejaculação) ocorre com volume testicular em torno de 10 a 12


ml, e o sêmen dos dois primeiros anos costuma ter baixa concentração de espermatozoides.

• Considerando o gênero feminino, as pilificações axilar e facial coincidem com o estágio


III de pelos pubianos, enquanto a mudança no timbre de voz, com o estágio V.

• A ginecomastia puberal surge em mais de metade dos adolescentes do sexo masculino


e em 90% desaparece em três anos.

• A telarca (aparecimento do broto mamário entre 8 e 13 anos) é o primeiro sinal da


puberdade feminina, seguido do surgimento de pelos pubianos (pubarca) e axilares,
e posteriormente da menarca. A telarca pode ser assimétrica ou unilateral no início do de-
senvolvimento puberal (vale lembrar de uma imagem mostrada anteriormente, na qual dois
jovens se olhavam no espelho).
10
• A menarca ocorre de dois a cinco anos após a telarca, e os primeiros ciclos menstruais
costumam ser irregulares, frequentemente anovulatórios e mais prolongados.

Na figura abaixo, observa-se os cinco estágios do gênero feminino e masculino no que se


refere ao desenvolvimento da estrutura na puberdade:

A tabela abaixo mostra os eventos mais relevantes com relação à região genital e os pelos
pubianos para cada um dos cinco estágios. No caso do gênero feminino, observa-se:

11
No caso do gênero masculino, observa-se:

Supondo que, por algum motivo, haja o uso hormonal inapropriado e que um jovem
resolva fazer o uso de endógenos estimulado por terceiros, haverá uma forte influência em
termos de desenvolvimento gonadal do órgão genital. Supondo também que, nesse período
de desenvolvimento, uma jovem faça uso inapropriado de hormônio, haverá uma alteração.
Por isso, os estágios de 1 a 5 ficarão fortemente afetados, seja em termos de desenvolvimento
da estrutura gonadal, desenvolvimento da estrutura mamária nas mulheres ou distribuição
de pilosidade corporal.

É preciso ter essa atenção e foco porque, às vezes, há uma puberdade precoce provocada
pela formação de um tumor, ou seja, de uma estrutura anômala na glândula suprarrenal
e uma avalanche de hormônios é lançada na corrente circulatória. Nesses casos, deve-se
orientar a procura de um endócrino pediatra e cabe ao profissional farmacêutico dar a
devida orientação.

Uma alteração em termos de estrutura ovariana pode provocar uma Síndrome de Ovário
Policístico (SOP).

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Observando o quadro abaixo, é possível perceber uma mudança de comportamento:

12
Observação: trata-se de uma média e pode ser influenciada facilmente pelo ambiente à
sua volta.

O relacionamento em grupos também é importante. Muitas vezes, observa-se os jovens


sempre andando em grupos e surge o questionamento: Por que eles andam em grupo? Isso
é natural e importante para o desenvolvimento. Tanto o grupo quanto sua identidade são
importantes e o farmacêutico precisa se atentar a isso. O farmacêutico deve não apenas
promover a dispensação do medicamento, mas também dar as devidas orientações a esses
jovens, como orientações quanto ao risco de gravidez precoce, preocupação com a saúde do
órgão genital, com a saúde emocional, com a alimentação etc.

CONDIÇÕES PATOLÓGICAS/ENFERMIDADES
Morbidade e mortalidade

Os maiores problemas enfrentados pelos adolescentes são:


• Violência (acidentes automobilísticos), homicídios e suicídios;
• Uso de substâncias entorpecentes, atividade sexual (executadas sem nenhuma proteção)
e acidentes.
Problemas reprodutivos da mulher

Causas mais comuns de morbidade em mulheres jovens:

• Ciclos anovulatórios: o sangramento uterino disfuncional (DUB) é caracterizado por


menstruações irregulares com ou sem presença de cólicas menstruais – oscilação nos níveis
de estrogênio (sem progesterona, endométrio torna-se frágil e afilado – descamação
intermitente – excessivo sangramento;

• Dismenorreia: dismenorreia (cólica menstrual) primária ou secundária é a queixa prin-


cipal das adolescentes, sendo a maior causa de falta à aula – dismenorreia primária (contra-
13
ção do miométrio estimuladas por PGs) – dismenorreia secundária (infecções pélvicas, DIU
e anormalidades congênitas). Exemplo: a jovem vai à farmácia comunitária pedindo orien-
tações sobre o uso de medicamentos que possam fazer uma redução da cólica menstrual. Há
vários grupos terapêuticos que podem ser utilizados. Muitas vezes, é feita uma orientação
para o acompanhamento junto à ginecologista, pois, às vezes, a cólica pode ser uma condição
fisiopatológica e não isolada. É necessário orientar sobre medidas não farmacológicas que
podem ser tomadas.

• Dismenorreia primária: supressão de produção de PGs e/ou inibição da ovulação.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST)

• Neoplasia cervical, intraepitelial, doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica,


infertilidade, câncer genital, infecção neonatal e AIDS;

• Massas testiculares atípicas e varicoceles podem tornar-se evidentes durante a puberdade


e normalmente são descobertas durante exame físico de rotina. Normalmente, é necessário
a orientação pediátrica ou do médico urologista;

• O câncer testicular é raro em adolescentes, mas é possível aumentar a identificação


precoce de tumores ensinando homens jovens a se autoexaminar.

Vacina HPV

• O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza a vacina para meninas de 9


a 14 anos de idade. A vacina é importante porque determinará a não ocorrência de câncer
de cólon uterino e o profissional farmacêutico deve orientar os jovens sobre a importância
da vacinação.

• A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)


e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam
a vacinação de meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e jovens de 9 a 26
anos.

• A vacinação deve iniciar a partir dos nove anos de idade.

• Esquema padrão de três doses (para todas as idades): a segunda dose ocorre dois meses
após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira.

• Nas Unidades Básicas de Saúde, a vacina está disponível em duas doses para meninas
de 9 a 14 anos: a segunda, seis meses após a primeira. Esse esquema é válido e exclusivo
para menores de 15 anos.

14
• Também na rede pública, meninas e mulheres portadoras de HIV com idade entre 9 e
26 anos podem ser vacinadas nas Unidades Básicas de Saúde ou nos Centros de Referência
para Imunobiológicos Especiais (Cries), com esquema de três doses: a segunda, dois meses
após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose.

Na tabela abaixo, observa-se as vacinas que devem ser utilizadas em cada faixa etária,
bem como suas doses e quais as doenças a serem evitadas:

Muitas vezes, percebe-se que a carteira de vacinação está adequadamente preenchida


somente até o sétimo ano de vida. A partir daí, surge a impressão de que não há mais riscos
de outras patologias.

Uso de drogas

Atualmente, o uso de drogas é um ponto alto em relação à adolescência. Nesse caso, a


participação dos responsáveis, bem como a participação dos profissionais da área de saúde,
volta-se para:
• Aumento do uso de substâncias ilícitas;
• Uso de álcool e tabaco;
• Consumo excessivo de álcool;
• Iniciação de drogas na adolescência tem grande consequência na vida adulta;
• Prevalência do uso de drogas depende: região, idade e etnia;
• Aumento da prevalência de tabaco, álcool e drogas ilícitas.
Nesses casos, é necessário ter uma preocupação muito grande, porque o adulto de ama-
nhã é o jovem de hoje. A curiosidade da experimentação começa na adolescência e isso é
muito perceptível. O indivíduo inicia o uso dessas drogas na adolescência e sofre várias
complicações cardiovasculares e pulmonares na vida adulta. Ele busca orientação e aten-
dimento, porém, o farmacêutico deveria ter tomado as medidas profiláticas e orientativas
para evitar que o adolescente consumisse o tabaco, tornando-se um tabagista.

15
Na vida adulta, o indivíduo passa a mostrar uma dependência de etanol. No entanto, ao
fazer uma retrospectiva temporal, percebe-se que o consumo começou na adolescência. Por
isso, as orientações devem ser dadas para evitar que, no futuro, haja um adulto etilista.
De modo marcante, há o consumo de drogas, de abuso, ou seja, substâncias dos mais variados
grupos (drogas ilícitas).

Dessa forma, percebe-se que a adolescência é um período frágil. Há muita preocupação


com a pediatria e com a geriatria, mas existe o período da adolescência em que os jovens
circulam pela farmácia e o farmacêutico tem a importante função de dar orientações.

PAPEL DO FARMACÊUTICO
• O farmacêutico deve orientar em termos de acesso a diagnóstico patológico e psicológico,
os quais devem ser efetuados pelo profissional médico (não ocorrer conflitos);

• O principal trabalho do farmacêutico no acompanhamento dos pacientes hebiátricos


deve ser baseado nas orientações de saúde pública e prevenção primária, utilizando as
diretrizes da OMS (Organização Mundial de Saúde) e da OPAS (Organização Panamericana
de Saúde);

• O farmacêutico também deve orientar sobre risco de gravidez na adolescência, sexo


sem proteção e consumo de drogas.

16

Você também pode gostar