Você está na página 1de 73

DESCRIÇÃO

Glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal: funções e condições; fatores patológicos associados


às alterações e principais achados laboratoriais dos hormônios sexuais, da gravidez,
pancreáticos e metabolismo ósseo. Principais marcadores tumorais.

PROPÓSITO
Conhecer os principais mecanismos de ação e regulação das funções glandulares e seus
marcadores séricos, do metabolismo mineral e ósseo, em seus estados basais e com
alterações em condições patológicas. Conhecer os métodos usados para o diagnóstico de
condições patológicas e apresentar os marcadores tumorais. Tal conhecimento é importante
para que o profissional tenha propriedade de suas atividades exercidas no laboratório clínico,
sendo capaz de realizá-las com caução e qualidade.
PREPARAÇÃO
Tenha em mãos um dicionário médico para consultar as doenças relatadas no tema.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever as funções das glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal, as condições e fatores


patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação laboratorial
desses hormônios

MÓDULO 2

Reconhecer as funções dos hormônios sexuais, da gravidez, pancreático e do metabolismo


ósseo, as condições e fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de
determinação laboratorial desses hormônios

MÓDULO 3

Descrever o perfil dos marcadores tumorais mais comumente determinados no laboratório


clínico

INTRODUÇÃO
A endocrinologia é o estudo das ações fisiológicas e patológicas dos hormônios, que são
moléculas biologicamente ativas que influenciam e controlam diferentes funções metabólicas
no organismo. Qualquer distúrbio no sistema endócrino que provoque um excesso ou
deficiência hormonal pode levar a consequências significativas na fisiologia normal do
organismo. Em tal contexto, o laboratório assume importante papel na avaliação dessas
moléculas, contribuindo para o acompanhamento e diagnóstico dos distúrbios hormonais.

Neste conteúdo, vamos identificar os principais conceitos correlatos às doenças da função


glandular, visitando as principais glândulas endócrinas, seus hormônios e suas funções, além
dos métodos de dosagem hormonal, bem como suas alterações e marcadores em condições
basais e patológicas.

Por fim, conheceremos os marcadores tumorais, moléculas presentes no sangue ou em outros


líquidos biológicos, cujo aparecimento ou alteração em suas concentrações indiquem a
formação ou crescimento de células neoplásicas. Vamos abordar as alterações séricas
detectadas nesses marcadores, estudando o comportamento fisiológico e as correlações com a
enfermidade apresentada. Vamos juntos?

AVISO: orientações sobre unidades de medida

ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE


MEDIDA

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por
questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um
espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais
materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos
números e das unidades.

MÓDULO 1
 Descrever as funções das glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal, as condições e
fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação
laboratorial desses hormônios

HIPÓFISE
A hipófise, ou glândula pituitária, está localizada na base do cérebro e tem a função de
regular o trabalho de outras glândulas, dentre elas a suprarrenal, tireoide, testículos e ovários.
É responsável pela produção dos hormônios fundamentais à lactação (prolactina), o hormônio
do crescimento (GH), o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina, crucial para o trabalho de
parto. Esses hormônios são responsáveis por controlar diferentes glândulas do nosso corpo.
Por este motivo, a hipófise recebe o nome de glândula mestra.

Imagem: Shutterstock.com
 Esquema mostrando os hormônios pituitários e sua ação.

Como podemos observar na figura, a hipófise é dividida anatomicamente em duas porções: a


anterior e a posterior, ambas ligadas ao hipotálamo, que controla a hipófise pelos hormônios
que atingem a hipófise anterior, via vasos sanguíneos, e a posterior, a partir de impulsos
nervosos.
Imagem: Shutterstock.com
 Hipófise (glândula pituitária).

Na hipófise, as enfermidades mais comuns são os tumores benignos, denominados adenomas.


Além disso, outras doenças resultam de defeitos hereditários, alterações congênitas,
traumatismos, sequelas de suprimento sanguíneo ou de tratamentos cirúrgicos, radioterápicos,
sendo bastante raros os tumores malignos.

Qualquer enfermidade que acometa essa glândula afeta diretamente a produção dos diferentes
hormônios hipofisários, o que desregula várias outras glândulas do organismo.

HIPÓFISE ANTERIOR OU ADENO-HIPÓFISE


Hipófise anterior produz diversos hormônios peptídicos, com destaque para o hormônio
estimulante da tireoide (TSH), prolactina (PRL), Hormônio folículo-estimulante (FSH), Hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH) e Hormônio do crescimento (GH). Esses hormônios regulam as
principais glândulas endócrinas periféricas e o crescimento e a lactação. Vamos conhecer um
pouco mais sobre essa glândula?

HORMÔNIO DE CRESCIMENTO (GH) E


SOMATOMEDINA C (IGF-1)

O GH, ou growing hormone , é o hormônio do crescimento, secretado pela hipófise anterior,


responsável por estimular o crescimento corporal durante a infância. Na idade adulta, ele é
produzido em pequenas quantidades, pois, caso um adulto o produza em excesso, poderá
haver crescimento contínuo dos ossos das mãos, pés e face, levando à perda da simetria e
tamanho habituais (acromegalia).

Foto: Shutterstock.com

Pessoa com acromegalia na face.

Foto: Shutterstock.com

Comparação de mão normal e acromegalia na mão.


Na infância, um excesso de produção do GH leva ao gigantismo. Juntamente ao
adrenocorticotrófico, o GH inibe a absorção de glicose pelos tecidos extra-hepáticos, como o
tecido adiposo e o músculo esquelético.

Os efeitos biológicos do hormônio GH no crescimento de órgãos e tecidos moles é mediado


pela produção da somatomedina C ou IGF-1, pelo fígado e tecidos periféricos. Assim, a
hipófise libera um hormônio, o GH, que estimula a produção de outro hormônio, o IGF-1, que
atua no metabolismo, proliferação, crescimento e diferenciação celular.

Imagem: Shutterstock.com
 O GHRH estimula a hipófise a produzir o GH que estimula o fígado a produzir IGF-1.
Imagem: Shutterstock.com
 Baixa estatura/nanismo hipofisário.

A somatomedina C é um extraordinário marcador dessa a condição tanto para o diagnóstico


como na monitoração terapêutica. Além disso, é amplamente dosado para o diagnóstico e
acompanhamento de pacientes com tumores hipofisários que produzem elevadas
concentrações de GH. A dosagem desse hormônio também é usada na avaliação de crianças
com distúrbio de crescimento, como a baixa estatura. Valores baixos de IGF-I confirmam a
deficiência de GH. Nos pacientes com nanismo hipofisário, por deficiência do hormônio de
crescimento, os valores de IGF-1 estão muito abaixo do normal.

A determinação da somatomedina C é realizada a partir de amostras do soro, não sendo


necessário preparo ou jejum, pelos métodos de quimiluminescência ou por radioimunoensaio
(RIA).

 SAIBA MAIS

A liberação de GH durante o dia apresenta grandes flutuações, sendo difícil avaliar se uma
concentração alta é resultado de um aumento de produção desse hormônio ou apenas um pico
hormonal normal. Assim, a dosagem basal de GH apresenta valor diagnóstico limitado, não
eliminando a necessidade de exames adicionais.
PROLACTINA (PRL)

A prolactina é o hormônio associado à estimulação das glândulas mamárias na produção do


leite materno, na gravidez e durante a amamentação. Ele também atua como regulador da
função sexual. É secretado em quantidade que pode apresentar variações, por conta de
estímulos como a amamentação, ovulação, alimentação, cópula e tratamento com estrógeno.

Esse hormônio é produzido na hipófise anterior, mas também em células e tecidos como
fibroblastos da pele, linfócitos, glândula mamária, cérebro, próstata, tecido adiposo e decídua
basal da placenta. Tem influência já conhecida na neurogênese e reparo do sistema nervoso,
bem como em resposta à ansiedade e ao estresse.

A avaliação sérica da prolactina pode ser realizada durante a gravidez, para avalição da sua
produção, e nos homens, para a avaliação da infertilidade e disfunção erétil. Além disso, pode
ser empregada no diagnóstico e acompanhamento de tumores hipofisários e na síndrome de
galactorreia e/ou amenorreia (Default tooltip) .

Imagem: Shutterstock.com
 Prolactina e amamentação.
GALACTORREIA

Produção de leite fora do período pós-parto ou de lactação, podendo ocorrer também em


indivíduos do sexo masculino.

Na avaliação tumoral, normalmente apresentam elevadas concentrações. É importante


ressaltar que a utilização de medicamentos como neurolépticos, antidepressivos e
bloqueadores dos receptores de dopamina aumentam sua concentração.

 SAIBA MAIS

Para determinar a concentração sérica da prolactina, é necessário um jejum de quatro horas e,


em alguns casos, repouso de cerca de 30 minutos antes da coleta. O material coletado é o
soro, e as dosagens são realizadas por diversos métodos, a exemplo de: RIA,
enzimaimunoensaio (ELISA), fluorimetria por tempo resolvido e quimiluminescência.

HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (FSH) E


HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH)

O FSH tem a sua produção controlada pelos hormônios produzidos pelas gônadas (ovários ou
testículos), pela própria hipófise e pelo hipotálamo, atuando em retroalimentação, ou sistemas
de “feedback”.

Nas mulheres, atua para o crescimento e a maturação dos folículos (óvulos) no ciclo
menstrual. O FSH dá início à produção de estradiol pelo folículo (desenvolvimento do óvulo) e
estimula a secreção de progesterona, e estes ajudam a hipófise a controlar a quantidade de
FSH produzida.

Nos homens, o FSH estimula os testículos a produzirem espermatozoides, promovendo a


produção de proteínas ligantes de andrógenos, mantendo-se em níveis constantes após a
puberdade.

É indicada a sua dosagem quando há dificuldade para engravidar ou irregularidade menstrual,


sintomas de distúrbio hipofisário ou hipotalâmico, doença ovariana ou testicular, e nos casos de
criança com puberdade precoce ou atrasada.

O LH, semelhante ao FSH, apresenta o controle da produção por um sistema complexo que
envolve hormônios produzidos pelas gônadas (ovários ou testículos), a hipófise e o hipotálamo.

Imagem: Artoria2e5/Wikimedia commons/ CC BY 3.0.


 Eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.

Nas mulheres, o nível elevado de LH (e FSH) no meio do ciclo menstrual induz a ovulação.
Também estimula os ovários a produzirem esteroides, principalmente o estradiol, e este ajuda a
hipófise a regular a produção de LH. No período da menopausa, os níveis de LH aumentam.

Nos homens, por sua vez, o LH estimula as células de Leydig testiculares a secretarem
testosterona, permanecendo em níveis constantes após a puberdade.
 Gráfico: Atuação do LH e FSH no ciclo menstrual.
Extraído de: Shutterstock.com.

A dosagem sérica de LH é utilizada para averiguação da ovulação, da puberdade precoce e de


casos de hipogonadismo primário.

A verificação plasmática do LH e FSH é realizada pelo método de ensaio imunofluorométrico


não competitivo com anticorpos, em amostras de soro, urina (única amostra) ou urina de 24
horas.

HIPOGONADISMO PRIMÁRIO

Termo empregado para descrever doenças nas gônadas (feminina ou masculina) que
leva a alteração na produção de hormônios gonadotróficos, desencadeada por infecção
nos testículos, como a cachumba, obesidade e traumas.
Imagem: Shutterstock.com
 Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide.

HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE (TSH)

O hormônio estimulante da tireoide (TSH), também conhecido como tireotropina, é o


responsável pela função tireoidiana. A sua produção é regulada pelo hipotálamo que produz o
hormônio liberador de tirotrofina (TRH), que circula pelo sangue e que, pelo sistema porta
hipotálamo-hipofisário, é conduzido à adeno-hipófise, ligando-se aos receptores específicos,
promovendo a síntese e secreção do TSH.

A dosagem desse hormônio auxilia o diagnóstico dos distúrbios da tireoide. Estudaremos mais
sobre esses hormônios no tópico destinado à glândula tireoide.

HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO (ACTH)

O ACTH, ou corticotrofina, é um hormônio hipofisário crítico no diagnóstico de doenças das


glândulas suprarrenais e hipófise, como síndrome de Cushing, doença de Addison, tumores
nas suprarrenais e hipófise. Sua dosagem é realizada quando há sintomas associados à
produção excessiva ou deficiente de cortisol, suspeita de um desequilíbrio hormonal nessas
duas glândulas.

O ACTH estimula a produção de cortisol nas glândulas suprarrenais, que é um hormônio


esteroide importante e regulador do metabolismo da glicose, de proteínas e de lipídios, pois
suprime a resposta imunológica e mantém a pressão arterial. A produção de ACTH aumenta
quando os níveis de cortisol estão baixos e diminui quando estão altos.

Imagem: Shutterstock.com
 Eixo hipotalâmico da hipófise adrenal (HPA).

Para a determinação dos níveis séricos de ACTH, as amostras de sangue devem ser coletadas
às oito horas da manhã, podendo ser necessário jejum, e dosadas pelo método de ensaio
eletroquimioluminométrico. A determinação sérica do cortisol será abordada no tópico de
glândulas suprarrenais.

 SAIBA MAIS

Hipopituitarismo é uma doença endócrina marcada pela redução da secreção de um ou mais


hormônios secretados da hipófise, mas se ocorre a diminuição da maioria dos hormônios
hipofisários, é chamada de pan-hipopituitarismo.
HIPÓFISE POSTERIOR
A hipófise posterior ou neuro-hipófise secreta os hormônios vasopressina e ocitocina que são
produzidos pelo hipotálamo. Vamos conhecê-los?

Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura do néfron.

HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (HAD)


(VASOPRESSINA)

Produzido quando há desidratação e diminuição da pressão arterial, que leva os rins a


reabsorverem a água, concentrando e reduzindo o volume de urina. O HAD também é
chamado de vasopressina, pois aumenta a pressão sanguínea ao induzir uma vasoconstrição
moderada sobre as arteríolas, agindo diretamente nos néfrons.

O diabetes insípido resulta de falta de produção de HAD pela hipófise ou pela falta de resposta
dos rins a ela, reduzindo a capacidade de reabsorção da água, o que pode causar desidratação
severa e elevação dos níveis de sódio.
A determinação do HAD é feita em amostra de sangue, coletado após jejum de, no mínimo, 12
horas. O paciente deve manter-se deitado, sem qualquer estresse, num ambiente tranquilo,
pelo menos uma hora antes da coleta de sangue.

OCITOCINA

Hormônio do parto e do amor, tem a função de promover as contrações uterinas durante o


parto, assim como a lactação e ejeção do leite materno durante a amamentação, e está
associado a sentimentos como o amor, união social e bem-estar. É produzido, frequentemente,
quando estamos perto de nossos entes queridos e tem relação com a redução dos níveis de
cortisol, ligada ao estresse. Ela é medida no plasma congelado, a partir de amostras coletadas
sem jejum ou com necessidade de jejum prévio pelo ELISA.

Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura química da ocitocina.
Imagem: Shutterstock.com

GLÂNDULA TIREOIDE
A tireoide é a maior glândula endócrina do organismo e possui dois tipos de células: as
foliculares, que produz os hormônios tiroidianos (T3 e T4), que estão relacionados a inúmeras
funções corporais (metabolismo, crescimento e desenvolvimento) e as células C, que
produzem a calcitonina, importante para o metabolismo ósseo e mineral. A partir de agora
vamos conhecer melhor esses hormônios.

MECANISMO DE AÇÃO E REGULAÇÃO DA


FUNÇÃO TIREOIDIANA

Como aprendemos anteriormente, o TSH é produzido pela hipófise após a estimulação do TRH
produzido pelo hipotálamo. O TSH, uma vez liberado, interage com receptores das células
foliculares tiroidianas, estimulando o cotransporte de sódio e iodeto, a síntese e proteólise de
tireoglobulina em tiroxina e triiodotironina, que atuam no controle do metabolismo, sendo
responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento, maturação sexual dos tecidos, respiração,
contração cardíaca, metabolismo de carboidratos, aumento da síntese e degradação dos
triglicerídeos e colesterol, entre outras funções.

A partir da imagem, vemos que a glândula tireoide regula por feedback negativo, ou
retroalimentação negativa, a produção dos hormônios pelo hipotálamo e pela hipófise, ou seja,
um aumento na concentração plasmática do T3 e T4 sinaliza para a diminuição da produção do
TRH e TSH.

A glândula tireoide produz, predominantemente, o T4, em relação ao T3, que, por sua vez, é
sintetizado pela desiodação (perda de iodo) do T 4. É importante ressaltar que o hormônio T3

apresenta atividade biológica maior (mais ou menos 5x mais) que o T4. A maior parte do T3 e
T4 circulantes encontram-se ligados a proteína plasmáticas, como a albumina, pré-albumina e
globulina ligadas a proteína T4.

Imagem: Shutterstock.com
 Hormônios da tireoide e controle via mecanismos de feedback .

DISFUNÇÕES DA TIREOIDE

As disfunções na tireoide ocorrem muitas vezes em idosos e devem ser consideradas quando
houver ganho de peso, sensação de frio, lentidão, prisão de ventre, distúrbios menstruais,
mixedema, bradicardia, casos suspeitos de hipotireoidismo e de hipertireoidismo, quando há
diarreia, perda de peso em apetite normal, distúrbios menstruais, palpitações, nervosismo e
oftalmopatia.
Imagem: Shutterstock.com
 Desordens na glândula tireoide.

Falamos em hipotireoidismo e hipertireoidismo, mas você sabe o que é?

HIPOTIREOIDISMO
Ocorre quando a tireoide produz menos hormônios do que deveria. Pode ser causada pela
doença de Hashimoto, doença autoimune, tireoidite silenciosa (hipotireoidismo ou
hipotireoidismo temporário), iatrogênica (após a radioterapia/cirurgia, por drogas como
lítio/amiodarona).


HIPERTIREOIDISMO (TIREOTOXICOSE)
É quando a tireoide produz mais hormônios do que deveria. Pode ser causada pela doença de
Graves, doença autoimune, bócio difuso, bócio multinodular: nódulos produtores de hormônios
tireoidianos, com pouca tendência à remissão; tireoidite subaguda (infecção viral); adenoma
tóxico: nódulo solitário produtor de hormônios tireoidianos; iatrogênica: por drogas
(lítio/amiodarona) e uso de contraste iodado.
DOSAGENS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS E
DO TSH

Como mencionado anteriormente, a dosagem sérica do TSH serve para avaliar disfunções na
tireoide. Além disso, podemos verificar indiretamente a função hipofisária, uma vez que
qualquer alteração em tal glândula leva a alteração nesse hormônio.

Nos casos de hipotireoidismo relacionados a hipofunção da tireoide, o TSH encontra-se


elevado no sangue, já o inverso acontece no hipertireoidismo. Essas variações acontecem
antes da alteração dos níveis plasmáticos de T3 e T4 livres.

T4
Permite a avaliação da função da glândula tireoide, auxiliando no diagnóstico do
hipotireoidismo ou hipertireoidismo, e na triagem de recém-nascidos para hipotireoidismo,
verificado durante o teste do pezinho.

T3
É o hormônio auxiliar no diagnóstico do hipertireoidismo, sendo necessária à sua dosagem
quando uma pessoa apresenta resultados anormais de TSH ou T4, ou tem sintomas de
hipertireoidismo.

Tanto o T3 como o T4 podem ser dosados em sua forma total ou livre. Entretanto, é importante
ressaltar que, como o T3 e o T4 encontram-se quase totalmente ligados a proteínas
plasmáticas, qualquer alteração nestas, como por exemplo, na gravidez e hepatite aguda, afeta
diretamente a dosagem de T3 e T4 totais, sendo preferível a avaliação de T3 e T4 livres e o
TSH.

Para a avaliação plasmática de T3, T4 e TSH são utilizadas amostras de soro, coletadas após
jejum de quatro horas, e empregadas algumas metodologias, como RIA,
enzimoimunifluorescência ou quimioluminescência.

 ATENÇÃO

Alguns medicamentos podem alterar as provas de função tiroidiana.


Os glicocorticoides em altas concentrações reduzem os níveis séricos de T3 e inibem TSH, a
dopamina inibe a secreção do TSH, a Fenitoína e a carbamaxepina inibem a produção de TSH,
e o propranolol aumenta os níveis de TSH, pois inibe a conversão de T4 em T3. Por isso, é tão
importante perguntar sobre as medicações utilizadas antes da realização do exame!

Você já ouviu falar em dosagem de anticorpos antiperoxidase (Anti-TPO),


antitireoglibulina (Anti-Tg)? Sabe para que elas servem?

Essas dosagens permitem avaliar a presença de doenças tiroidianas autoimunes, como a


doenças de graves e tireoidite de Hashimoto. Como essas duas doenças são as causas mais
comuns de hipo e hipertireodismo, é muito importante sua verificação para avaliar se essas
doenças são responsáveis pela disfunção tireoidiana.

 SAIBA MAIS

T3 reverso (rT3) é sintetizado a partir da conversão do hormônio T4, ocorrendo


majoritariamente no fígado, com o objetivo de eliminar o T4 em excesso. Em pessoas
saudáveis, a produção de rT3 é normal. No entanto, ele pode estar elevado em situações de
estresse, doenças sistêmicas graves, inflamações crônicas, pós-parto, doenças hepáticas e
pacientes que façam uso de medicações como corticoides, amiodarona e propranolol.

Os três motivos fisiológicos que levam ao aumento da produção de rT3 são: cortisol baixo ou
elevado, e os níveis de ferro. Raramente, pode derivar-se de falta de vitamina B12, inflamações
crônicas e outros problemas de saúde.

CALCITONINA

Como já mencionado, além do T4 e T3, a glândula tireoide também é responsável pela


produção da calcitonina, um hormônio que auxilia no diagnóstico e monitoramento da
hiperplasia de células-C e do câncer de tireoide. Produzida pelas células especiais da tireoide,
ou células-C, está relacionada com a regulação dos níveis de cálcio no sangue e inibição da
degeneração óssea.

Essa dosagem é bastante solicitada para a investigação dos indivíduos em risco para o
desenvolvimento da neoplasia medular múltipla tipo 2 (Default tooltip) (NEM 2). Nos casos de
hiperplasia de células-C e no carcinoma medular de tireoide, a calcitonina é produzida em
excesso. No entanto, está diminuída após a cirurgia de retirada da tireoide.

A dosagem desse hormônio é realizada no soro pelo método de quimiluminescência e o


paciente não precisa estar em jejum.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de tireoide.

GLÂNDULAS ADRENAIS
As glândulas adrenais, localizadas na parte anterior e superior de cada rim, são divididas em
córtex e medula e responsáveis pela produção de uma série de hormônios, como demostrado
na imagem abaixo.
Imagem: Shutterstock.com
 Hormônios da glândula adrenal.

MEDULA ADRENAL

A medula suprarrenal ou adrenal é responsável pela síntese das catecolaminas, uma


monoamina produzida a partir da tirosina e fenilalanina. Nesse grupo de substâncias, fazem
parte a epinefrina, norepinefrina e a dopamina.

Em resposta ao estresse, as catecolaminas são liberadas na corrente sanguínea, como


auxiliares na transmissão dos impulsos nervosos no cérebro, disparando a liberação de ácidos
graxos e glicose para conversão em energia, dilatando bronquíolos e pupilas. A norepinefrina
promove vasoconstrição, aumentando a pressão arterial; a epinefrina eleva a frequência
cardíaca e o metabolismo.
Imagem: Shutterstock.com
 Resposta do organismo ao estresse.

Após atuações efetoras, esses hormônios são metabolizados em compostos inativos, a


dopamina (responsável pelo controle motor, prazer, cognição etc.) é convertida em ácido
homovanílico (HVA), a norepinefrina é metabolizada em normetanefrina e ácido vanilmandélico
(VMA), e, por fim, a epinefrina se torna metanefrina e VMA.

 SAIBA MAIS

A adrenalina e a noradrenalina são quase sempre liberadas pela medula adrenal como parte da
ativação generalizada do sistema nervoso simpático, conseguindo atingir locais do corpo que
não são inervados pelas fibras simpáticas.

As catecolaminas e seus metabólitos são normalmente encontrados em pequenas quantidades


flutuantes no sangue e na urina e conhecer suas dosagens é muito importante:

METABÓLITOS
CATECOLAMINAS
ÁCIDOS VANILMANDÉLICO (VMA) E HOMOVANÍLICO
METABÓLITOS

A dosagem do metabólito metanefrina é usada para auxiliar o diagnóstico ou exclusão do


feocromocitoma, um tumor raro que pode produzir grandes quantidades de catecolaminas.

Pacientes com esse tumor apresentam concentrações significativamente aumentadas de


metanefrina e normetanefrina, tanto no sangue quanto na urina, e podem apresentar o
aumento da hipertensão arterial persistente ou episódica, dores de cabeça, aumento da
frequência cardíaca e sudorese. O exame para dosagem de metanefrinas livres no plasma
mede a quantidade de metanefrina e normetanefrina no sangue.

CATECOLAMINAS

A dosagem das catecolaminas permite a confirmação ou exclusão do diagnóstico da


feocromocitoma e de outros tumores neuroendócrinos. As catecolaminas podem ser dosadas a
partir de amostras como o sangue e/ou urina pelo teste de supressão com clonidina, uma
substância que atua inibindo a liberação destas moléculas. Esse teste permite avaliar se as
catecolaminas são produzidas de forma normal ou pelas células do tumor, pois, na
feocromocitoma, a liberação de catecolaminas é autônoma e intermitente, não ocorrendo
supressão após a ingestão de clonidina.

ÁCIDOS VANILMANDÉLICO (VMA) E HOMOVANÍLICO

São também empregados no diagnóstico ou exclusão de feocromocitomas e outros tumores


neuroendócrinos. Na presença desses tumores, há grandes concentrações dos hormônios
(dopamina e noradrenalina) e seus metabólitos, tanto no sangue quanto na urina.

CÓRTEX SUPRARRENAL

O córtex da suprarrenal é responsável pela produção dos hormônios cortisol, aldosterona e


andrógenos adrenais. Vamos estudar agora o cortisol e a aldosterona. É importante destacar
que os andrógenos adrenais são responsáveis pela produção do estrogênio e testosterona que
serão estudados de forma separada.

Cortisol

Como mencionado anteriormente, o cortisol, estimulado pelo ACTH liberado pela hipófise, é
responsável por uma série de funções metabólicas, conforme ilustrado a seguir:

Imagem: Shutterstock.com
 O papel do cortisol no organismo humano.

A dosagem do cortisol é utilizada para o diagnóstico da síndrome de Cushing


(hipercortisolismo), na qual há excesso na liberação do cortisol. Também é importante para o
diagnóstico da doença de Addison, condição que apresenta uma produção excessiva de ACHT
e deficiente do cortisol (hipocortisolismo).

 SAIBA MAIS

O hipercortisolismo pode causar aumento da pressão arterial, hiperglicemia, obesidade, pele


frágil, estrias roxas no abdômen, fraqueza muscular e osteoporose, além de promover nas
mulheres períodos menstruais irregulares e aumento de pelos faciais; nas crianças, pode haver
atraso no desenvolvimento e baixa estatura. Já o hipocortisolismo, ou deficiência de cortisol,
acarreta sintomas como a dificuldade em acordar pela manhã, cansaço sem motivo, oscilações
nos níveis de energia ao longo do dia, apatia, além de dificuldade de concentração.

Fatores exógenos ou endógenos, como calor, frio, infecção, trauma, estresse, exercícios,
obesidade e doenças debilitantes podem influenciar as concentrações de cortisol. Ele é
secretado num padrão diário com pico por volta das oito horas e atenuando à noite, chamado
de ritmo circadiano.

A determinação do cortisol plasmático é feita pelo método colorimétrico, em amostras coletadas


no período da manhã após a ingestão de dexametasona 1,0 a 2,0mg, por via oral, entre 23
horas na noite anterior ou à meia-noite.

No plasma, a maior concentração de cortisol está ligada a proteínas plasmáticas e apenas 1%


dele é secretado de forma intacta na urina e, assim, a dosagem de cortisol urinário livre (CLU)
reflete a concentração de cortisol livre, que é biologicamente ativo. Para isso, pode ser utilizada
urina de 24 horas ou de uma única amostra coletada pela manhã. A excreção urinária de 24
horas de cortisol na urina é o índice mais direto e confiável de secreção cortical.

Imagem: Shutterstock.com
 Ritmo circadiano.

Aldosterona

A aldosterona estimula a retenção de sódio e a excreção de potássio pelos rins, com papel
fundamental na manutenção das concentrações de sódio e potássio normais no sangue e no
controle do volume sanguíneo e da pressão arterial. Esse hormônio está integrado no sistema
renina-angiotensina-aldosterona, que consiste em uma série de reações envolvidas no controle
da pressão arterial e no volume de líquido extracelular, conforme observamos na figura a
seguir:

Imagem: WOtP/wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0.


 Sistema renina-angiotensina-aldosterona.

A avaliação plasmática desse hormônio permite verificar a produção insuficiente ou


comprometimento do funcionamento da aldosterona (hipoaldosteronismo) ou o aumento da sua
produção. O hiperaldosteronismo (Síndrome de Conn), ocasiona baixa concentração
plasmática de potássio e o aumento na pressão arterial pelo aumento da produção de
aldosterona. Ele pode ser primário, ocasionado por um tumor na glândula suprarrenal, ou
secundário, pelo aumento da produção de renina.

Para a determinação da aldosterona são coletadas amostras de sangue venoso, urina de 24


horas, ou sangue das veias renais ou adrenais, e o paciente deve ficar de pé ou deitado por um
determinado período (por exemplo, 15 a 30 minutos) antes da coleta.

HORMÔNIOS X DOPING
Neste vídeo, a especialista aborda a questão do doping e a detecção de hormônios e quando
podemos considerar ou não que se trata de um caso de doping.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. VIMOS QUE OS HORMÔNIOS PRODUZIDOS PELA HIPÓFISE SÃO


RESPONSÁVEIS POR CONTROLAR DIFERENTES GLÂNDULAS DO
NOSSO CORPO, E, POR ESSE MOTIVO, ELA RECEBE O NOME DE
GLÂNDULA MESTRA. O GH, SECRETADO PELA HIPÓFISE ANTERIOR, É
RESPONSÁVEL POR ESTIMULAR O CRESCIMENTO CORPORAL
DURANTE A INFÂNCIA. SOBRE O GH ANALISE AS AFIRMATIVAS A
SEGUIR:

I. NOS ADULTOS A PRODUÇÃO EXCESSIVA DE GH LEVA A UMA


CONDIÇÃO CONHECIDA COMO GIGANTISMO.

II. A DOSAGEM DE IGF-1 É UTILIZADA PARA O DIAGNÓSTICO DA


ACROMEGALIA.

III. A DOSAGEM DE IGF-1 PODE SER UTILIZADA PARA O DIAGNÓSTICO,


MAS NÃO PARA O ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES COM TUMORES
HIPOFISÁRIOS PRODUTORES DE GH.

É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:

A) I

B) II
C) III

D) I e II

E) I e III

2. FOI AVALIADA A RESPOSTA FISIOLÓGICA PARA A AÇÃO DE UM


DETERMINADO HORMÔNIO, LIBERADO POR CERTA GLÂNDULA, PARA O
DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DA HIPERPLASIA DE CÉLULAS-C E
DO CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE. O HORMÔNIO E A GLÂNDULA
SÃO, RESPECTIVAMENTE:

A) Somatotrófico, hipófise.

B) Adrenalina, suprarrenal.

C) Calcitonina, tireoide.

D) Prolactina, tireoide.

E) ADH, hipófise.

GABARITO

1. Vimos que os hormônios produzidos pela hipófise são responsáveis por controlar
diferentes glândulas do nosso corpo, e, por esse motivo, ela recebe o nome de glândula
mestra. O GH, secretado pela hipófise anterior, é responsável por estimular o
crescimento corporal durante a infância. Sobre o GH analise as afirmativas a seguir:

I. Nos adultos a produção excessiva de GH leva a uma condição conhecida como


gigantismo.

II. A dosagem de IGF-1 é utilizada para o diagnóstico da acromegalia.

III. A dosagem de IGF-1 pode ser utilizada para o diagnóstico, mas não para o
acompanhamento de pacientes com tumores hipofisários produtores de GH.

É correto o que se afirma em:


A alternativa "B " está correta.

O GNRH é responsável por estimular a hipófise a produzir GH, o hormônio do crescimento,


que, por sua vez, estimula a produção do IGF-1 nos tecidos e no fígado, com ação sobre o
metabolismo, induzindo a proliferação, crescimento e diferenciação celular. O IGF-1 é um
excelente marcador da acromegalia, que indica uma produção elevada de hormônio GH no
adulto. Além disso, as dosagens de IGF-1 são uteis para o diagnóstico e acompanhamento de
tumores hipofisários que levam ao aumento da produção de GH.

2. Foi avaliada a resposta fisiológica para a ação de um determinado hormônio, liberado


por certa glândula, para o diagnóstico e monitoramento da hiperplasia de células-C e do
carcinoma medular de tireoide. O hormônio e a glândula são, respectivamente:

A alternativa "C " está correta.

O TSH estimula a tireoide a produzir os hormônios T3, T4 e calcitonina. A calcitonina é um


hormônio que atua como marcador da hiperplasia de células-C e do carcinoma medular de
tireoide. Esse hormônio atua na regulação dos níveis de cálcio no sangue e inibição da
degeneração óssea.

MÓDULO 2

 Reconhecer as funções dos hormônios sexuais, da gravidez, pancreático e do


metabolismo ósseo, as condições e fatores patológicos que alteram o seu
funcionamento e os métodos de determinação laboratorial desses hormônios

ANDROGÊNIOS
São hormônios denominados esteroides, que atuam especialmente para o desenvolvimento e
manutenção das características masculinas e da função reprodutiva, mas também são
produzidos por mulheres. Também colaboram com a fisiologia dos ossos e do sistema
musculoesquelético. Como são responsáveis pelas características sexuais, são chamados de
hormônios sexuais.

Esses hormônios são produzidos nas gônadas, suprarrenal e placenta a partir do colesterol,
após estímulo do hipotálamo, que, ao liberar GnHR, ativa a hipófise para produzir FSH e LH. O
esquema a seguir mostra de forma resumida os hormônios esteroidais:

Imagem: Hoffmeier e Settersr/Wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0, adaptada por Helena Horta
Nasser.
 Síntese dos hormônios a partir do colesterol.

A dosagem desses hormônios é importante para avaliar diferentes condições patológicas,


avaliação da maturação sexual e da fertilidade. Para entender melhor, vamos estudar os
principais hormônios sexuais.

TESTOSTERONA TOTAL E LIVRE

A testosterona, produzida pelas células de Leydig e estimuladas pela LH, é o hormônio


responsável pelo desenvolvimento dos caracteres secundários masculinos, como a presença
de barba, engrossamento da voz e aumento da massa muscular. Além disso, estimula o
crescimento dos órgãos sexuais masculinos, a produção de espermatozoides e a função erétil,
estando atrelado a fertilidade masculina. Entretanto, esse hormônio também é produzido (ainda
que em valores diminutos) pelas mulheres, nos ovários e na suprarrenal, e apresenta função de
auxiliar o processo de reprodução.

Imagem: Shutterstock.com
 Efeitos da testosterona no corpo.

A produção de testosterona no homem apresenta um pico na adolescência, mas, ao longo dos


anos, diminui gradativamente devido ao lento declínio da função gonadal, conforme podemos
observar no esquema a seguir:

Imagem: Shutterstock.com
 Níveis de testosterona no homem.
A dosagem da testosterona sérica é importante para o diagnóstico de disfunções das gônadas
e da glândula adrenal, e na avaliação do desenvolvimento puberal. A maior fração desse
hormônio circula no plasma, ligada à albumina e à globulina ligadora de hormônios sexuais
(SHBG), e a testosterona livre corresponde a apenas 1-3% de sua concentração total.

Assim, qualquer alteração na concentração das proteínas plasmáticas, como hepatite aguda,
afeta a concentração de testosterona total, sendo mais interessante a dosagem da fração livre.

 SAIBA MAIS

Estudos atuais mostram que a fração livre e a ligada à albumina exercem a ação biológica
desse hormônio. A ligação da testosterona com albumina é mais fraca em relação a ligação
com SHBG, assim, apenas a testosterona livre e ligada à albumina é capaz de ligar-se aos
receptores desse hormônio nas células, sendo essas duas formas consideradas como
testosterona biodisponível.

A fração total pode ser dosada no soro ou plasma por RIA ou quimiluminescência, a fração
livre, por diálise de equilíbrio e a testosterona biodisponível, após precipitação com sulfato de
amônio. É importante ressaltar que esses métodos são caros, e a fração livre pode ser
calculada por uma equação tendo como base as dosagens de SHBG (dosada pelo RIA) e
testosterona total.

A testosterona livre, fração da testosterona que é biodisponível, é um marcador mais


exato do hipogonadismo.
Foto: Shutterstock.com
 Estrutura química da androstenediona.

ANDROSTENEDIONA

Esse é um hormônio de natureza esteroide, sendo um dos mais extraordinários precursores da


testosterona e da estrona, e está comumente elevada em casos de hirsutismo e virilização.
Diferente de outros andrógenos suprarrenais, origina-se nas suprarrenais e nos ovários. Os
níveis séricos se elevam constantemente a partir do sétimo ano de vida, e diminuem
gradualmente após os 30 anos. Possui oscilação diurna, aumentada de manhã, variando
durante o período menstrual, e mais elevada perto do meio do ciclo, também aumentada
durante a gravidez.

A determinação da androstenediona é realizada no sangue total, pelo método da


quimiluminescência.

ESTRONA
É um hormônio estrogênico secretado pelos ovários e é o principal estrogênio circulante
após a menopausa.

HIRSUTISMO

Hirsutismo é um aumento da quantidade de pelos na mulher em locais comuns ao


homem.

VIRILIZAÇÃO

Virilização é o surgimento de características masculinas exageradas, normalmente em


mulheres, frequentemente causado pela superprodução de andrógenos.

 ATENÇÃO

Baixas taxas séricas podem indicar doença de Addison. Índices elevados desse hormônio
estão ligados à hiperplasia adrenal congênita por deficiência da enzima 21-hidroxilase,
síndrome do ovário policístico, tumores virilizantes, síndrome de Stein-Leventhal, hiperplasia
ovariana estromal, síndrome de Cushing, tumores ectópicos produtores de ACTH.

ESTROGÊNIOS E PROGESTERONA

Os estrogênios e a progesterona são os hormônios esteroides sexuais femininos. Formados


a partir do colesterol em múltiplos tecidos endócrinos, ligam-se a proteínas carreadoras e são
transportados pelo sangue até suas células-alvo. Afetam o desenvolvimento e o
comportamento sexual, além de várias funções reprodutivas e não reprodutivas, atuando em
receptores celulares no núcleo que causam a modificação da expressão de genes específicos.

O estrogênio, na verdade, agrupa muitos compostos químicos que se diferenciam entre si na


estrutura química e nas propriedades gerais, porém todos demonstram a capacidade de
estimular o desenvolvimento e a manutenção das características sexuais femininas. Os
principais são estradiol e estriol, que são produzidos pelos ovários, placenta e, ainda, podem
ser derivados da reação de aromatização dos androgênios nos tecidos periféricos.

ESTRADIOL (E2)
Também denominado 17-beta-estradiol é o hormônio sexual mais ativo e importante na mulher
em estágio reprodutivo, encontrado em níveis baixos no hipogonadismo primário e secundário.
Geralmente, é dosado nos casos de amenorreia e monitoração do desenvolvimento folicular,
durante indução da ovulação. Também pode ser secretado pelas glândulas adrenais, testículos
e pela conversão periférica da testosterona. Índices elevados são detectados nos tumores
ovarianos, tumores feminilizantes adrenais, puberdade precoce feminina, doença hepática e
ginecomastia (homens). Como as dosagens do estradiol podem apresentar enorme variação
entre diferentes laboratórios, sugere-se seu controle em um único laboratório. A determinação
da concentração plasmática é feita em amostra de sangue, após jejum de quatro horas, pelo
método do RIA ou quimiluminescência.

ESTRIOL (E3)
É um estrogênio de baixa atividade produzido pelas células trofoblásticas da placenta.
Imagem: Shutterstock.com
 Anatomia da placenta humana.

Suas indicações para dosagem se fazem necessárias nas seguintes situações: gravidez para a
triagem de síndrome de Down e trissomia do cromossomo 18 e 13, e suspeita de diversas
síndromes genéticas com defeitos de fechamento do tubo neural.

Imagem: Shutterstock.com
 Cariótipo da síndrome de Down (note a trissomia do cromossomo 21).

Seu aumento ocorre no primeiro trimestre de gestação, decaindo a partir da 40ª semana de
gestação e sendo útil entre a 15ª e a 22ª. Encontra-se diminuído nos casos de qualquer defeito
do tubo neural (até mesmo a anencefalia), bem como no retardo de crescimento intrauterino e
doença hipertensiva da gravidez; condições de uso de diuréticos, corticosteroides, penicilinas,
cáscara-sagrada, sene, fenolftaleína, anemia, hepatopatia e altitudes elevadas também podem
baixar seus níveis séricos. Aumentos do estriol são notados na hiperplasia adrenal
congênita. A avaliação da sua concentração plasmática é feita em amostras de sangue,
coletadas após o jejum obrigatório, sendo dosado pelo método de RIA ou quimiluminescência.
Pacientes devem informar se estão grávidas e o tempo de gestação.

PROGESTERONA

Foto: Shutterstock.com
 Causa do aumento e diminuição da progesterona.

É o principal hormônio que afeta o desenvolvimento sexual durante a puberdade,


compreendido na reprodução feminina. Como ensaio laboratorial, auxilia bastante no
diagnóstico de causas de infertilidade, indicando quando e se a ovulação ocorre e/ou
monitorando uma ovulação induzida, identificando gravidez ectópica ou aborto espontâneo,
monitorando gravidez de alto risco e acompanhando a reposição hormonal de progesterona (do
início da gravidez). A determinação da progesterona é realizada com amostras de sangue,
coletadas após jejum mínimo de três horas, pelo método do RIA ou quimiluminescência.

HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ
Durante a gravidez, a mulher sofre várias alterações endócrinas, para implementação da
placenta e manutenção da vida do feto. A placenta é responsável pela síntese dos hormônios
esteroidais (que estudamos) e dos hormônios peptídicos, como a gonadotrofina coriônica
humana (hCG) e lactogênio placentário humano (hPL).
Você certamente já conhece o exame de βhCG para avaliar uma possível gravidez, mas sabe
para que dosamos o hPL? Vamos entender?

GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (HCG)

A gonadotrofina coriônica humana (hCG) é formada pela combinação não covalente de duas
subunidades, alfa (αhCG) e beta (βhCG). Essas subunidades são sintetizadas em separado
pelo tecido trofoblástico normal e células hipofisárias e, em seguida, glicosiladas em várias
etapas, o que resulta na secreção plasmática de moléculas heterogêneas, são elas: hCG
intacta, as subunidades nas formas livres e as variantes hCG hiperglicosilada (H-hCG), hCG
clivada (N-hCG) e fragmento-núcleo de bhCG (CF-bhCG).

Na gravidez, esse hormônio é sintetizado pela placenta e liberado nas formas intactas e nas
subunidades alfa e beta, estimulando a produção dos hormônios esteroidais, a manutenção do
corpo lúteo durante as dez primeiras semanas e evitando a rejeição fetal. Sua produção
começa no momento da implementação e pode ser detectado no plasma a partir de 8-10 dias
de gestação, permanecendo alto até dois meses e meio, conforme ilustra a imagem abaixo.

Foto: Shutterstock.com
 Modificações hormonais durante a gravidez.
A hCG e suas variantes podem ser encontradas no soro, urina e líquido amniótico de grávidas;
soro, urina e vesículas em pacientes com coriocarcinoma e em fluidos biológicos de mulheres
(não grávidas) e homens saudáveis ou com tumores de variada origem embrionária. Sendo
aplicadas para a detecção precoce da gravidez ectópica, na avaliação do risco do aborto,
anomalias cromossômicas êmbrio-fetais, pré-eclâmpsia ou crescimento intrauterino restrito. Na
ausência de gravidez, são importantes marcadores laboratoriais de tumores com diferentes
tipos histológicos e seguimento após a terapia inicial. Nos homens, são indicativos de câncer
nos testículos.

A determinação de hCG é feita a partir de amostras de urina ou de sangue, sem necessidade


de jejum, dosado pelo método fluorimétrico automatizado, por ensaio imunocromatográfico e
imunoenzimático.

 ATENÇÃO

Como a subunidade alfa é semelhante aos hormônios LH e FSH e a beta está presente apenas
na hCG, sua detecção é mais específica e sensível, por isso, o exame de βhCG é tão famoso!

LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (HPL)

Esse hormônio, produzido pela placenta, com estrutura química bastante similar à do GH, à da
prolactina e da somatotrofina hipofisária, é encontrado no plasma da gestante a partir da 4ª
semana, e é muito importante na preparação das mamas para a amamentação. Além disso,
estimula a lipólise, aumentando os níveis de ácidos graxos livres, a gliconeogênese e aumenta
a insulina plasmática (Default tooltip) , o que disponibiliza para o feto uma maior concentração
de glicose e nutrientes para o seu crescimento. Ele é dosado no plasma congelado pelo
método de ELISA.


DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO E
SÍNDROMES HEREDITÁRIAS PELA
DOSAGEM DE HORMÔNIOS
Neste vídeo, saiba mais sobre os hormônios utilizados para o diagnóstico da gestação e de
síndromes hereditárias.

PARATIREOIDE E METABOLISMO ÓSSEO


Durante a vida, o tecido ósseo encontra-se em constante remodelamento, pela atividade
osteoblástica, responsável pela síntese de matriz orgânica e mineralização óssea e atividade
osteoclástica, que produz enzimas proteolíticas que hidrolisam essa matriz. O remodelamento
ósseo regula a concentração de cálcio e fósforo no sangue e é controlado pelo paratormônio
(PTH) e calcitonina, conforme observamos na imagem a seguir.
Imagem: Shutterstock.com
 Mecanismo de homeostasia do cálcio.

Como estudamos a calcitonina quando visitamos a glândula tireoide, vamos aprender sobre a
importância da dosagem do paratormônio. Além disso, vamos entender a importância da
dosagem da osteocalcina, uma proteína produzida pelos osteocblastos, vamos lá?

PARATORMÔNIO

O paratormônio é um hormônio produzido pelas glândulas paratireoides que ajuda a manter


os níveis séricos de cálcio. Ele é controlado via mecanismo de feedback pelo próprio PTH, pela
Vitamina D, pelo fósforo (fosfatos), magnésio e cálcio.

É dosado quando se deseja determinar a causa do desequilíbrio nos níveis do cálcio, avaliando
a função dessas glândulas. Usado largamente a fim de diagnosticar e diferenciar o
hiperparatireoidismo primário, secundário e terciário. No quadro a seguir, conseguimos verificar
algumas características dessas desordens. É importante ressaltar que, além do PTH, devemos
dosar cálcio sérico.

Hiperparatireoidismo Hiperparatireoidismo Hiperparatireoidismo


primário secundário terciário
Quando a alta
produção de PTH é
Evolução do
Produção excessiva devida à hiperplasia
hiperparatireoidismo
de PTH em uma ou das paratireoides, em
Defeito secundário para um
mais glândulas da consequência de
estado de evolução
paratireoide. hipocalcemia, devido
autônoma de PTH.
a insuficiência renal
crônica.

PTH Elevado Elevado Elevado

Cálcio Elevado Reduzido Elevado

Reduzido, normal ou
Fósforo Reduzido ou normal Reduzido ou normal
elevado

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Quadro: Característica do Hiperparatireoidismo.


Elaborado por: Mila Muraro de Almeida.

Essa avaliação também é empregada no diagnóstico de hipoparatireoidismo. Nesses casos, há


uma diminuição dos níveis de PTH e cálcio. Além disso, quando se realiza o tratamento
cirúrgico para o hiperparatireoidismo, o PTH deve ser dosado para confirmar se a glândula ou
glândulas retiradas eram as responsáveis pela produção excessiva desse hormônio.

O PTH é um peptídeo de meia-vida biológica bastante curta e extremamente frágil. A coleta


requer condições especiais, que incluem refrigeração imediata (2°C-8°C), centrifugação, rápida
separação e congelamento do soro. Caso essas condições não sejam seguidas, podem ser
obtidos resultados falsamente baixos. A determinação é feita em amostra de soro pelo método
da quimiluminescência. Como as taxas de PTH variam durante o dia, as amostras deverão ser
colhidas por volta das 8 horas da manhã.

 SAIBA MAIS
Para a realização do diagnóstico diferencial das hipercalcemias, é feita a dosagem do
paratormônio relacionado à proteína (PTH-rP), pois ela é produzida e liberada por tecidos
neoplásicos, como o carcinoma de células escamosas do pulmão, provocando um pseudo-
hiperparatireoidismo, com hipercalcemia grave e níveis baixos ou indetectáveis de PTH. Sua
determinação é feita por radioimunoensaio em amostra de sangue.

OSTEOCALCINA

A osteocalcina, ou BPG, é uma proteína da matriz óssea produzida exclusivamente pelos


osteoblastos durante o processo de síntese da matriz óssea. Além disso, a BPG está ligada
também a diversas ações hormonais associada à homeostase de glicose e metabolismo
energético, atuando nas células β-pancreáticas e no tecido adiposo. A isoforma hormonalmente
ativa é a decarboxilada, responsável por estimular a secreção e sensibilidade à insulina, nos
adipócitos e músculos. A insulina e a leptina agem nos ossos e modulam a secreção da
osteocalcina, fazendo com que o esqueleto se torne um órgão endócrino.

 SAIBA MAIS

A osteocalcina é a principal proteína não-colágena presente no osso e funciona como marcador


de formação óssea, sendo importante sua dosagem para o melhor controle do processo de
remodelação óssea, como nos tratamentos da osteoporose. Ela está elevada na Doença de
Paget, hiperparatireoidismo primário e insuficiência renal.

A determinação da BGP é feita pelo método eletroquimioluminescência em amostras de soro


obtidos após jejum de oito horas, pois a lipemia afeta a dosagem dessa substância.

HORMÔNIOS PANCREÁTICOS
INSULINA

A dosagem desse analito hormonal serve para avaliar a produção de insulina, diagnosticar
insulinoma e investigar a causa de hipoglicemia. Esse hormônio é sintetizado e armazenado
nas células β-pancreáticas, sendo crucial para transporte e armazenamento da glicose nas
células, e regulando o nível sérico de glicose e controle do metabolismo de lipídios.

Níveis de glicose elevam-se após a ingestão de alimentos e promovem a liberação de insulina,


permitindo que a glicose entre nas células para a produção de energia. Também estimula o
armazenamento da glicose em excesso no fígado como glicogênio, e no tecido adiposo, como
ácidos graxos. Sem esse hormônio, a glicose não atingiria a maioria das células do corpo.

Imagem: Shutterstock.com
 Hormônios pancreáticos e insulina.

 ATENÇÃO

A falta de glicose nas células e em demasia na circulação pode causar alterações do


metabolismo, como doença renal, doença cardiovascular e problemas neurológicos e visuais;
diante disso, o diabetes, associado à diminuição da função da insulina, pode causar problemas
que envolvem risco de vida.
Pode ser solicitada a sua dosagem quando há hipoglicemia documentada, sintomas sugestivos
de liberação ou utilização inadequada da insulina pelo corpo, monitorando pacientes diabéticos
e identificando a resistência à insulina. Sua determinação é feita em amostra de sangue, com
oito horas de jejum, ou com um jejum mais longo, conforme determinação médica, pelo método
de radioimunoensaio com duplo anticorpo.

PRÓ-INSULINA E PEPTÍDEO C

A insulina é sintetizada nas células β das ilhotas pancreáticas, sendo formada por duas cadeias
de polipeptídeos ― A e B ― ligadas por pontes de dissulfeto. No entanto, a insulina é,
primeiramente, produzida pelo pâncreas como pré-pró-insulina. Ainda nas células pancreáticas,
no retículo endoplasmático rugoso, um pequeno resíduo peptídico de sinalização é clivado e a
pró-insulina é formada, apresentando as duas cadeias A e B conectadas pelo peptídeo C. Após
ser enviada para o complexo de Golgi, a pró-insulina é clivada por enzimas que liberam o
peptídeo-C, e as duas cadeias ficam ligadas por pontes dissulfeto. Então, a molécula madura
de insulina é formada, empacotada em grânulos maduros, para ser liberada na circulação.

Normalmente, uma pequena concentração escapa para a corrente sanguínea (2-3%), antes da
conversão da insulina. A determinação de pró-insulina reflete a produção de insulina no
pâncreas. Em qualquer aumento na estimulação das células β, como na obesidade, na
resistência periférica à insulina, ocorre um aumento sérico da pró-insulina. Além disso, ela é
empregada no diagnóstico de insulinomas, nos quais a secreção dessa molécula é muito maior.
Imagem: Shutterstock.com
 Insulina e Pro-insulina.

A determinação da pró-insulina é feita em amostras de sangue (soro), coletadas após jejum de


oito a dez horas, pelo método de quimiluminescência. O paciente não pode fazer atividade
física e as medicações para o tratamento da diabetes devem ser, preferencialmente,
suspensas, mas recomenda-se seguir a orientação médica.

Assim como a pró-insulina, o peptídeo C é usado a fim de monitorar a produção de insulina


pelo pâncreas. Como mencionado anteriormente, o peptídeo C é uma cadeia curta de
aminoácidos, sintetizada quando a pró-insulina, molécula inativa, se divide para formar insulina.
Esse peptídeo é liberado para a corrente sanguínea, não apresentando atividade biológica,
mas meia vida alta, e sendo excretado pelos rins. Sua dosagem é empregada quando houver
suspeita de resistência à insulina, nos casos de o paciente ter hipoglicemia, para a investigação
da produção da insulina em um paciente com diabetes e para estabelecer a melhor hora de
administração da insulina. Ela é feita em amostra de sangue ou urina de 24 horas pelo método
de quimiluminescência. Para as amostras de sangue, é obrigatório o jejum de oito a dez horas.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO HOMEM, O HIPOGONADISMO É UMA CONDIÇÃO QUE SE
CARACTERIZA PELA DIMINUIÇÃO DO DESEJO SEXUAL, DA EREÇÃO
MATINAL, DIMINUIÇÃO DA MASSA E FORÇA MUSCULAR, E AUMENTO
DA GORDURA ABDOMINAL, TUDO ISSO ASSOCIADO À QUEDA DOS
NÍVEIS DE TESTOSTERONA. SOBRE A DOSAGEM DESSE HORMÔNIO,
ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR:

I. A FRAÇÃO LIVRE PODE SER DOSADA PELO MÉTODO DE DIÁLISE POR


EQUILÍBRIO.

II. A FRAÇÃO LIVRE PODE SER CALCULADA A PARTIR DOS VALORES


DE TESTOSTERONA TOTAL E DA FRAÇÃO LIGADA A ALBUMINA.

III. A DOSAGEM DE TESTOSTERONA TOTAL É UM MARCADOR MAIS


EXATO DO HIPOGONADISMO.

É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:

A) I

B) II

C) III

D) I e II

E) I e III

2. VIMOS QUE A DOSAGEM DO PARATORMÔNIO É IMPORTANTE NA


AVALIAÇÃO DA CAUSA DO DESEQUILÍBRIO NOS NÍVEIS DO CÁLCIO,
AVALIANDO A FUNÇÃO DA GLÂNDULA PARATIREOIDE. UM AUMENTO
DOS NÍVEIS DE CÁLCIO, SEGUIDO DE UM AUMENTO DO HORMÔNIO PTH
E DIMINUIÇÃO DE FÓSFORO É INDICATIVO DE:

A) Carcinoma de células escamosas do pulmão.

B) Insuficiência renal crônica.

C) Hiperparatireoidismo secundário.
D) Hipoparatireodismo.

E) Hiperparatireoidismo primário.

GABARITO

1. No homem, o hipogonadismo é uma condição que se caracteriza pela diminuição do


desejo sexual, da ereção matinal, diminuição da massa e força muscular, e aumento da
gordura abdominal, tudo isso associado à queda dos níveis de testosterona. Sobre a
dosagem desse hormônio, analise as afirmativas a seguir:

I. A fração livre pode ser dosada pelo método de diálise por equilíbrio.

II. A fração livre pode ser calculada a partir dos valores de testosterona total e da fração
ligada a albumina.

III. A dosagem de testosterona total é um marcador mais exato do hipogonadismo.

É correto o que se afirma em:

A alternativa "A " está correta.

A testosterona é encontrada no plasma, na forma livre, em baixas concentrações e em maior


concentração, ligada à albumina ou à SHBG. Apenas a fração livre e a ligada a albumina são
capazes de exercer o efeito sobre o organismo, pois a ligação à albumina é fraca e
rapidamente revertida, em comparação à ligação com a SHBG. Assim, essas duas frações
(livre e ligada a albumina) são marcadores mais exatos do hipogonadismo. A fração livre pode
ser dosada pelo método de diálise por equilíbrio ou estimada por cálculos matemáticos,
utilizando por bases os valores de testosterona total e da fração ligada a SHBG.

2. Vimos que a dosagem do paratormônio é importante na avaliação da causa do


desequilíbrio nos níveis do cálcio, avaliando a função da glândula paratireoide. Um
aumento dos níveis de cálcio, seguido de um aumento do hormônio PTH e diminuição de
fósforo é indicativo de:

A alternativa "E " está correta.


A avaliação do PTH deve ser feita concomitante à avaliação de cálcio, pois no
hiperparatireoidismo primário ocorre uma produção excessiva de PTH, em uma ou mais
glândulas da paratireoide e, consequentemente, a hipercalcemia. Já no hiperparatireoidismo
secundário, o aumento da produção de PTH é devido a outra doença, como a insuficiência
renal crônica, que gera uma diminuição dos níveis de cálcio e estimula a glândula a produzir
mais hormônios, na tentativa de elevar os níveis de cálcio. No hipoparatireodismo, os níveis de
cálcio e PTH estão diminuídos.

MÓDULO 3

 Descrever o perfil dos marcadores tumorais mais comumente determinados no


laboratório clínico

MARCADORES TUMORAIS
Os marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros
fluidos biológicos, cujo presença ou alterações estão relacionados com a formação e o
desenvolvimento de células neoplásicas. São normalmente substâncias (proteínas,
glicoproteínas, receptores celulares etc.) normais ou anormais e até mesmo mutações
genéticas, induzidas pelas células cancerígenas, que aumentam sua expressão ou, então,
passam a ser detectadas na presença das neoplasias.
Imagem: Shutterstock.com
 Formação e desenvolvimento das células cancerosas

Elas são dosadas no sangue e nos demais líquidos corpóreos por diferentes metodologias e
auxiliam na avaliação do prognóstico, na resposta terapêutica em casos de recidiva ou doença
residual. Quando dosados direto dos tumores, podem ser úteis para indicar o estadiamento,
estimar o prognóstico e o tipo de tratamento, e, nesse caso são dosados a partir de testes
imuno-histoquímicos.

A partir de agora, vamos conhecer os principais marcadores tumorais. Vamos juntos?

ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA)

Este marcador tumoral é considerado como um dos que apresentam maior utilidade clínica,
sendo produzido no interior dos ductos prostáticos, abundante no líquido seminal e cuja função
tem sido associada a liquefazer o coágulo seminal, após a ejaculação. Normalmente, o PSA
encontra-se em concentrações muito baixas na corrente sanguínea, sendo a maior
concentração ligada à alfa-1-antiquimotripsina (ACT) e alfa-2-macroglobulina, inibidores
das serina-proteases, de modo que apenas uma pequena fração encontra-se livre na forma
circulante.

 ATENÇÃO
A hiperplasia benigna prostática leva a um aumento do PSA. Assim, a dosagem de PSA é
específica do tecido prostático, mas não específica para uma neoplasia. Desta forma, para o
diagnóstico devemos correlacionar os valores encontrados com os dados clínicos (toque retal)
para confirmar a neoplasia.

Sua avaliação plasmática é bastante indicada como auxiliar no diagnóstico do câncer de


próstata, elevando a sua sensibilidade quando realizado junto ao exame de toque retal, e com
um valor preditivo positivo de 20% com valores levemente elevados (entre 4,0ng/mL e
10,0ng/mL), e de 60% quando se detectam índices maiores do que 10ng/mL.

Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama da ilustração do câncer de próstata.

A avaliação do PSA é muito importante para o estadiamento do paciente com carcinoma de


próstata; no entanto, exceto para valores extremos, esse marcador não é suficientemente
preciso para indicar sozinho o estadiamento da doença. Os valores séricos variam
severamente nas diferentes faixas etárias, e os pontos de corte podem oscilar de 2,5 a
4,0ng/mL para a indicação de biópsia e 5,0ng/mL para aqueles com idade superior a 50 anos,
empregando como valores de referência (VR) de 2,5ng/mL para homens até 50 anos.

Ao longo dos anos, para melhorar o diagnóstico do câncer de próstata, foram introduzidos
novos parâmetros utilizando-se isoformas do PSA, nível sérico, volume prostático, ajuste pela
idade e cinética de elevação.

 EXEMPLO
A relação PSA livre sobre PSA total acrescenta especificidade ao diagnóstico de câncer de
próstata, pois pacientes com hiperplasia benigna da próstata produzem mais PSA encontrados
na forma livre do que os com processos neoplásicos. Dessa forma, a relação PSA livre/total é
menor em casos de adenocarcinoma. Para entender mais sobre a dosagem do PSA, não deixe
de visitar o Explore +!

Α-FETOPROTEÍNA/ALFAFETOPROTEÍNA (AFP)

A síntese dessa proteína, abundante no soro fetal, ocorre no fígado, saco vitelino e intestino do
feto. Ela está associada ao transporte plasmático e de manutenção da pressão oncótica. No
adulto, as taxas séricas estão entre 5ng/mL e 15ng/mL, e níveis acima de 500ng/mL são
altamente sugestivos de malignidade, e, quando superam 1000ng/mL, são indicativos de
presença de neoplasia.

Esse marcador pode estar elevado em casos de tumores gastrintestinais, hepatite, cirrose,
hepatocarcinoma e tumores intestinais. Abaixo, ilustramos os estágios da lesão hepática.

Imagem: Shutterstock.com

Estágio 1 - Fígado saudável.


Imagem: Shutterstock.com

Estágio 2 – Fígado gorduroso.

Imagem: Shutterstock.com

Estágio 3 – Fibrose hepática.

Imagem: Shutterstock.com
Estágio 4 – Cirrose hepática.

Imagem: Shutterstock.com

Estágio 5 - Câncer no fígado.

Como a AFP é utilizada para detectar vários tumores, outros exames devem ser solicitados
para confirmar o local de desenvolvimento da doença.

Nos tumores de intestino, sua dosagem é contraindicada para rastreamento da doença, mas é
amplamente adotado na monitorização da terapia para o carcinoma de testículo. A sua
detecção indica persistência da doença e a sua concentração sérica ajuda no cálculo da
estimativa do tempo de crescimento tumoral.

Imagem: Shutterstock.com
 Carcinoma de testículo.
 SAIBA MAIS

A AFP também pode ser coadjuvante como teste de gravidez, pois detecta gravidez normal
após sete dias de implantação embrionária.

ENOLASE NEURÔNIO-ESPECÍFICA (NSE)

Este marcador tumoral é, de fato, uma enzima catalisadora da via glicolítica anaeróbia, estando
distribuída em todos os tecidos do corpo, que é empregada para o diagnóstico e no tratamento
dos tumores neuroendócrinos. Além disso, tem importância no diagnóstico de carcinoma de
pulmão, normalmente muito mais elevado na doença disseminada do que na localizada.

Imagem: Shutterstock.com
 Carcinoma de pulmão.

A dosagem desse marcador apresenta grande sensibilidade, ligada ao estágio da doença, e


funciona como monitor terapêutico da resposta do paciente à quimioterapia, em que suas taxas
podem aumentar ou diminuir, conforme a resposta ao tratamento e a fim de prever a recidiva da
doença.
CALCITONINA

Como já aprendemos, a calcitonina é produzida pela glândula tireoide, além do T3 e T4, após
estimulação com o TSH hipofisário. Esse hormônio é produzido pelas células C parafoliculares,
sendo estimulado pelo cálcio, e funciona, fisiologicamente, como um antagonista do
paratormônio, inibindo a reabsorção óssea pelo controle do número e atividade dos
osteoblastos. Apresenta como VR 19pg/mL (homens) e 14pg/mL (mulheres). A sua dosagem é
empregada no acompanhamento e rastreio dos casos de carcinoma medular da tireoide, e
apresenta uma sensibilidade de 90% nos indivíduos com história familiar e/ou síndrome de
neoplasia endócrina múltipla tipo II. A calcitonina pode se tornar aumentada em pacientes com
altos índices de reposição óssea por causa de metástases esqueléticas.

 SAIBA MAIS

Elevações nas taxas desse marcador também podem ser devidas a: anemia perniciosa,
insuficiência renal crônica, cirrose alcoólica, hiperparatireoidismo, doença de Paget e síndrome
de Zollinger-Ellison.

HORMÔNIO CORIÔNICO GONADOTRÓFICO


(HCG)

Esse marcador tumoral também é utilizado como como teste indicativo de gravidez, como
mencionado anteriormente. A fração β (β -HCG) é bastante utilizada para diagnóstico,
monitorização e prognóstico de tumores de testículo e ovário, encontrando-se elevada no
coriocarcinoma.

ANTÍGENO CARCINOEMBRIONÁRIO (CEA)


Inicialmente, o CEA foi descrito como um marcador de adenocarcinoma de cólon e reto, e em
cólon fetal, entretanto, estava ausente no tecido colônico de um adulto saudável. No entanto,
sabemos, atualmente, que ele é produzido pelas células da mucosa gastrintestinal, sendo parte
da família das imunoglobulinas e apresentando uma maior produção em fumantes (VR =
7ng/mL) quando comparados a não fumantes (VR = 3,5ng/mL).

Nas neoplasias malignas, altos níveis de CEA são encontrados em 9% dos teratomas de
testículo, e em cerca de 85% dos casos de carcinoma colorretal metastático, além de câncer de
pulmão, pâncreas, trato gastrintestinal, trato biliar, tireoide, cérvice e mama, e em distúrbios
como a cirrose alcoólica, doença de Crohn, doenças hepáticas e intestinais, bronquite,
tabagismo e insuficiência renal. Assim, é útil para a detecção de malignidade em estágio inicial,
e níveis em elevação podem indicar recidiva.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de cólon.

 SAIBA MAIS

O CEA pode ser encontrado também em outras neoplasias, como pulmão, pâncreas, trato
biliar, tireoide e mama.
ANTÍGENO TUMORAL DA BEXIGA (BTA)

Essa proteína é sintetizada por diversas células tumorais nas vias urinárias, sendo utilizadas
para o rastreio de câncer de bexiga. Ela raramente é expressa em células normais, mas pode
estar presente em pacientes com litíase urinária, irritação da bexiga e uso de sonda vesical.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de bexiga.
Imagem: Shutterstock.com

CA15.3 (ANTÍGENO DO CÂNCER 15.3)

O CA15.3 é marcador tumoral do câncer de mama. Esse é um antígeno do tipo glicoproteína


secretado pelas células epiteliais glandulares, com VR de 25U/mL. Na maioria dos casos, já
são observados nos estágios iniciais da doença aumento na concentração plasmática do
CA15.3. Ele é empregado também no prognóstico da doença, uma vez que valores muito
elevados tem relação com a menor sobrevida dos pacientes, e a diminuição é associada à
regressão em cerca de 80% dos pacientes.

O CA 15.3 pode estar aumentado em outras condições, são elas: câncer de ovário, pulmão,
colo uterino, hepatocarcinoma e linfomas, além de enfermidades variadas, como hepatite
crônica, tuberculose, sarcoidose e lúpus eritematoso sistêmico. Assim, sua especificidade e
sensibilidade relativamente baixas fazem com que essa dosagem sozinha não seja utilizada
como ferramenta de diagnóstico, rastreamento, estadiamento ou acompanhamento após
tratamento primário do câncer de mama.

CA-125 (ANTÍGENO DO CÂNCER 125)


Esse marcador tumoral é uma glicoproteína empregada como uma das ferramentas para o
diagnóstico do câncer de ovário, na avaliação da resposta ao tratamento e presença de
recaídas do câncer epitelial de ovário, pois sua elevação plasmática ocorre de 2 a 12 meses de
qualquer evidência clínica de recorrência da doença.

Seu VR é de 35U/mL e além de importante para o diagnóstico, prognóstico e avaliação de


recaídas nos tumores ovarianos, sua dosagem auxilia na avaliação do estadiamento da
doença. Há muitas situações clínicas nas quais esse marcador se mostra alterado, são elas:
cirrose, cistos de ovário, endometriose, hepatite, pancreatite, carcinoma gástrico, câncer de
mama e linfoma não Hodgkin.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer epitelial de ovário.

CA19.9 (ANTÍGENO DO CÂNCER 19.9)

CA 19.9 é carboidrato de superfície celular, denominado antígeno de Lewis, que é excretado


superficialmente pela célula cancerosa, alcançando a circulação, e, assim, pode ser detectado.
Normalmente, o VR tido como normal é de 37U/mL. Esse marcador auxilia a avaliação do
estadiamento da doença e acompanhamento da resposta terapêutica dos cânceres de
pâncreas e demais tumores do trato biliar e do câncer colorretal.
No entanto, sua sensibilidade pode ser variada, de acordo com o local do tumor: pâncreas:
70% a 94%; vesícula biliar: 60% a 79%; hepatocelular: 30% a 50%; gástrico: 40% a 60%; e
colorretal: 30% a 40%. Pode ser um marcador positivo para o câncer do ovário, de mama, de
pulmão e de cabeça e pescoço, ainda que raramente elevado nesses casos.

 SAIBA MAIS

Outras enfermidades como a cirrose hepática, pancreatite, doença inflamatória intestinal e


doenças autoimunes podem elevar o CA 19.9. Atualmente, é um dos marcadores tumorais com
sensibilidade mais elevada e especificidade no diagnóstico diferencial do câncer de pâncreas e
de vesícula, com quase 80% de sensibilidade e especificidade, se maior do que 20U/mL.
Aplicável na avaliação da resposta à quimioterapia no câncer de pâncreas.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de pâncreas.

CA72.4 (TAG 72)

O CA 72.4 é altamente sensível para o câncer, mas sem ser órgão-específico, não sendo
utilizado para um tipo específico de neoplasias. Por exemplo, seus níveis encontram-se
elevados em 55% dos casos de câncer de cólon, 50% dos casos câncer de estômago, 45%
para pâncreas e trato biliar e 63% para carcinoma mucinoso de ovário. O VR é 6U/mL, sendo
utilizado frequentemente no controle de remissão e recidiva de carcinomas de trato
gastrintestinal (gástrico, cólon, pâncreas e trato biliar). Cerca de metade dos pacientes com
câncer gástrico apresentam níveis elevados de CA 72.4, tornando-o, portanto, mais sensível do
que o CEA e o CA 19.9 nessa enfermidade.

Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de mama.

CA27.29 (ANTÍGENO DO CÂNCER 27.29)

Esse antígeno não tem sensibilidade e especificidade satisfatórias para ser aproveitado para o
diagnóstico de câncer. Entretanto, é um marcador tumoral disponível para a detecção de
recorrência de câncer mamário, com sensibilidade de 58% e especificidade de 98%,
considerando um VR de até 38U/mL. Diante disso, a sua indicação fica limitada ao segmento
de pacientes com diagnóstico de câncer de mama, com maior vantagem em permitir a
detecção precoce de recorrências, viabilizando tempo aceitável para decisões terapêuticas
adequadas.
CA50 (ANTÍGENO DO CÂNCER 50)

Uma glicoproteína utilizada como marcador tumoral em uma variedade de carcinomas epiteliais
(câncer gastrintestinal e de pâncreas). A maioria dos pacientes com câncer de pâncreas e
pacientes com câncer colorretal em estágios mais avançados também apresenta elevação
plasmática desse marcador.

MCA (ANTÍGENO MUCOIDE ASSOCIADO AO


CARCINOMA)

O MCA é um marcador de natureza glicoproteica usado para monitorar o carcinoma de mama.


Seu VR é de 11U/mL, mas não há indicação para o diagnóstico de doença. Valores
aumentados desse marcador também são encontrados nas doenças benignas de mama,
tumores de ovário, de colo uterino, endométrio e próstata.

CROMOGRANINA A (SECRETOGRANINA I)

É um grupo de proteínas comuns em diversos tecidos neuroendócrinos, sendo empregado em


diferentes neoplasias que acometem o sistema endócrino, como feocromocitoma, síndrome
carcinoide, carcinoma medular da tireoide, adenoma hipofisário, carcinoma das células das
ilhotas pancreáticas, carcinoma pulmonar de células pequenas e neoplasia endócrina múltipla.
O intervalo dos valores de referência séricos é de 10ng/mL a 50ng/mL.
Imagem: Shutterstock.com
 Câncer de tireoide.

NMP 22 (PROTEÍNA DA MATRIZ NUCLEAR)

Esse marcador é uma proteína da matriz nuclear com importante função de regulação do ciclo
celular. Assim, fica fácil entendermos que pacientes com recidiva de tumor ou com a doença
invasiva apresentarão índices mais elevados deste marcador tumoral. Empregado para câncer
de bexiga e avaliado em amostras de urina.

CATEPSINA D

O marcador catepsina D é uma endoprotease lisossomal ácida, distribuída em todas as células,


bastante analisada em câncer de mama. Sua atuação na carcinogênese parece estar
associada à estimulação da síntese de DNA e mitose, durante a regeneração dos tecidos e
facilitar a dispersão das células cancerígenas pelo corpo, devido ao seu poder proteolítico,
permitindo e facilitando o início e a progressão da metástase. Dessa forma, o aumento da
concentração plasmática desse marcador tem associação direta com a capacidade invasiva
tumoral e metástases para linfonodos axilares, e ligação com o pior prognóstico de câncer de
mama.

Imagem: Shutterstock.com
 Metástase.

P53

Você, certamente, já escutou que a proteína p53 é sintetizada pelo gene de mesmo nome, que
funciona como supressor tumoral. Essa proteína atua impedindo a divisão celular de células
danificadas e estimulando o reparo e indução da apoptose nas células com danos ao DNA. Já
é conhecido que vários tumores apresentam mutações nos genes que codificam a p53, levando
a perda de função dessa proteína.

A detecção dessas mutações nos genes é medida diretamente pelos ensaios de biologia
molecular ou, indiretamente, pelos ensaios de imuno-histoquímica e pela dosagem da proteína,
sendo relacionadas com os piores prognósticos e a presença de tumores mais agressivos.

Β2-MICROGLOBULINA A
A β2-Microglobulina é um glicoproteína presente em todas as células nucleadas e em
pequenas concentrações no soro 2,0µg/mL (até 60 anos) e 2,6µg/mL (após os 60 anos de
idade). Uma elevação nas concentrações plasmáticas deste marcador está presente em
pacientes com linfomas não Hodgkin e mieloma múltiplo. Além disso, no mieloma múltiplo ele é
o mais importante fator de prognóstico.

 ATENÇÃO

Como percebemos, esses marcadores podem, muitas vezes, estar aumentados em diferentes
tipos de neoplasias, e sozinhos não indicam a presença de câncer, sendo necessários exames
adicionais e complementares para auxiliar o diagnóstico, como biopsias e diagnóstico de
imagem.

CÂNCER DE MAMA: UMA QUESTÃO DE


SAÚDE PARA HOMENS E MULHERES
Assista a este vídeo em que a especialista trata do câncer de mama, os seus principais
marcadores tumorais e o diagnóstico empregado nesta neoplasia.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS MARCADORES TUMORAIS NÃO PODEM SER USADOS DE FORMA
ISOLADA, A FIM DE PERMITIR UM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER; PORÉM,
QUANDO É DIAGNOSTICADA UMA NEOPLASIA QUE ESTÁ,
COMPROVADAMENTE, ASSOCIADA A NÍVEIS ELEVADOS DE UM
MARCADOR TUMORAL, ESTE PODE SER UTILIZADO PARA AVALIAR A
RESPOSTA TERAPÊUTICA. DIANTE DE TAL ASSERTIVA, PODE-SE
AFIRMAR QUE A ASSOCIAÇÃO CERTA ENTRE OS MARCADORES E OS
CÂNCERES ESTÁ EM:

A) Calcitonina – feocromocitoma.

B) CEA– câncer de próstata.

C) Alfafetoproteína – câncer medular de tireoide.

D) PSA – câncer de mama.

E) Alfafetoproteína – hepatocarcinoma.

2. UM PACIENTE CHEGOU AO MÉDICO COM RELATOS DE DORES


DURANTE A MICÇÃO, MICÇÃO FREQUENTE E URINA COM RAIAS DE
SANGUE. APÓS O EXAME, O MÉDICO SOLICITOU UMA BATERIA DE
EXAMES, DENTRE ELES, A DOSAGEM DO MARCADOR TUMORAL PARA
O CÂNCER DE BEXIGA. A SEGUIR, SÃO LISTADOS ALGUNS
MARCADORES TUMORAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA O
MARCADOR EMPREGADO NO RASTREIO DO CÂNCER DE BEXIGA:

A) CEA

B) AFP

C) BTA

D) PSA

E) β2-Microglobulina A

GABARITO
1. Os marcadores tumorais não podem ser usados de forma isolada, a fim de permitir um
diagnóstico de câncer; porém, quando é diagnosticada uma neoplasia que está,
comprovadamente, associada a níveis elevados de um marcador tumoral, este pode ser
utilizado para avaliar a resposta terapêutica. Diante de tal assertiva, pode-se afirmar que
a associação certa entre os marcadores e os cânceres está em:

A alternativa "E " está correta.

A alfafetoproteína é uma proteína produzida no fígado, saco vitelino e intestino, durante a vida
fetal, estando presente em altas concentrações plasmáticas. No entanto, após um ano de vida,
ela passa a não ser mais detectada. O aumento na sua concentração plasmática está
associado a neoplasias gastrintestinais e hepatocarcinoma, mas também na hepatite e cirrose.

2. Um paciente chegou ao médico com relatos de dores durante a micção, micção


frequente e urina com raias de sangue. Após o exame, o médico solicitou uma bateria de
exames, dentre eles, a dosagem do marcador tumoral para o câncer de bexiga. A seguir,
são listados alguns marcadores tumorais. Assinale a alternativa que indica o marcador
empregado no rastreio do câncer de bexiga:

A alternativa "C " está correta.

O antígeno tumoral da bexiga (BTA) é utilizado para o rastreio do câncer de bexiga, pois essa
proteína é sintetizada apenas pelas células neoplásicas da bexiga, não sendo detectadas em
condições normais. Entretanto, sua detecção também pode ocorrer em casos de litíase
urinária, irritação da bexiga e uso de sonda vesical, sendo assim necessário exames adicionais
para confirmação diagnóstica.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A homeostase em animais é mantida por dois sistemas de controle: o neural e o endócrino. O
controle endócrino é feito a partir da produção de hormônios pelas diferentes glândulas
existentes no corpo humano. Vimos, ao longo deste conteúdo, que os hormônios exercem
efeitos impressionantes nos processos de reprodução, desenvolvimento e metabólicos, mas
que, em algumas condições de baixa ou alta produção, podem desencadear diferentes
doenças e o desequilíbrio dessa homeostase.

Além disso, aprendemos que os marcadores tumorais são bons indicadores para o diagnóstico,
prognóstico, monitoramento e critério para cura de alguns tipos de neoplasias. Pacientes que,
inicialmente, possuem um marcador tumoral em nível aumentado, que se normaliza com
tratamento, têm uma resposta favorável. Porém, quando persistentemente elevado, está ligado
à alta probabilidade de recorrência ou doença progressiva, altamente suspeito de metástase.

Esses analitos laboratoriais são críticos na avaliação do processo de saúde-doença do


indivíduo, sendo exames fundamentais em uma série de processos patológicos, ou mesmo
indicativos de momentos únicos, como a transição para a adolescência ou gravidez.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
CHAMHUM, J. R., et al . Marcadores tumorais: revisão de literatura. In : Revista Brasileira
de Cancerologia, vol. 53, n. 3, p. 305-316, 2007. Consultado na internet em: 23 jun. 2021.

DALPAI, D.; BARSCHAK, A. G. Bioquímica médica para iniciantes. Porto Alegre: UFCSPA,
2018.
NUNES, M. T. Hormônios tiroideanos: mecanismo de ação e importância biológica. In :
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, vol. 47 n. 6, São Paulo, 2003.
Consultado na internet em: 23 jun. 2021.

MEDEIROS, S. F.; NORMAN, R. J. Formas moleculares da gonadotrofina coriônica


humana: características, ensaios e uso clínico. In : Revista Brasileira de Ginecologia
Obstetrícia, vol. 28, n. 4, p. 251-63, 2006. Consultado na internet em: 23 jun. 2021.

EXPLORE+

Veja como o canal do YouTube TV Oncoguia aborda os marcadores tumorais, sob o ponto
de vista do câncer de pulmão, no vídeo intitulado Marcadores tumorais para o câncer
de pulmão .

Um outro vídeo interessante sobre a relevância do estudo desses marcadores está no


mesmo canal, com o nome de O que é CA 125 .

Para conhecer mais sobre a gonadotrofina coriônica humana, leia o artigo Formas
moleculares da gonadotrofina coriônica humana: características, ensaios e uso
clínico , de MEDEIROS & NORMAN (2006).

Para conhecer mais sobre o diagnóstico da deficiência de GH, leia os artigos:


Diagnóstico da deficiência de hormônio de crescimento, a rigor de IGF-1 , de
JÚNIOR e colaboradores (2002), e Ensaios para a medida de hormônio do
crescimento (GH) e IGF-I: aspectos metodológicos e suas implicações no
diagnóstico e seguimento da acromegalia , de CASAGRANDE & CZEPIELEWSKI
(2007).

Para explorar a função tiroidiana e os principais testes de diagnóstico, leia Função


tiroidiana: principais testes laboratoriais e aplicações diagnósticas, de LOPES
(2002).

Leia o capítulo de REIS & CASSINI, intitulado Antígeno prostático específico (PSA) ,
que aborda os novos parâmetros para dosagem de PSA.
CONTEUDISTA
Mila Muraro de Almeida

Você também pode gostar