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Marciel Henrique Carneiro da Silva

Domésticas criadas entre texto e práticas sociais: recife e salvador

Marciel Caneiro ao tratar do mundo dos trabalhos domésticos, no


cenário de Salvador e Recife (1870-1910), faz referência a diversidade
socioprofissional dos postos de trabalhos nas cidades. Diante de que no século
XIX, por conta da abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior, as
cidades passam a aumentar suas dinâmicas comerciais. Desse modo, essa
pulsão do mercado atrai para as cidades altas taxas de migrações, em que
estes agentes migrantes são diversos. Além dos profissionais liberais, grandes
proprietários de terras, comerciantes ricos e militares, as cidades eram palcos
para os trabalhos de natureza doméstica:

dar recados, fazer compras nos mercados públicos,


cozinhar, lavar roupas, buscar água, amamentar seus filhos e
demais atividades domésticas. Para as famílias ricas, uma
criadagem numerosa servia como sinal de elevado status, para
as famílias menos abonadas uma ou duas criadas no máximo
livravam seus senhores e patrões de todo o trabalho manual.
(pg. 39)
Essas ocupações domésticas urbanas, segundo o autor, eram preenchidas
principalmente pela mão de obra de libertos e imigrantes. Esses últimos, refugidos das
rigorosas secas da segunda metade do século do XIX no Ceará. As relações de
trabalho reiteravam as dinâmicas e a estrutura do período escravista colonial, cujas
relações eram pautadas na subordinação dos pobres que traziam marcas e efeitos de
cor, raça e gênero. Os trabalhos domésticos de mulheres pobres, foram postos
ocupados por escravas, forras e libertas. As suas funções giravam em torno dos
trabalhos de "governantas, amas de criação, amas de leite, cozinheiras, copeiras,
mucamas, lavadeiras e engomadeiras" (pg. 35)

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