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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTORIA

RESENHA DO TEXTO “DOSSIÊ: TRABALHO,


POLÍTICA E EXPERIÊNCIAS INDÍGENAS”

NOME: VICTOR OLIVEIRA FONTOURA

MATRÍCULA: 2015.1.04814.11

DISCIPLINA: RIO DE JANEIRO COLONIAL

PROFª: RENATA MORAES

RIO DE JANEIRO

2017
ALMEIDA, M. Regina Celestino de. “Dossiê: Trabalho,
política e experiências indígenas”. Revista Mundos do
Trabalho/ Vol.6/ n.12/ julho-dezembro de 2014/ p.11-25.

Escrito e publicado por Maria Regina Celestino de


Almeida, doutora em ciências sociais pela Unicamp e
especialista em história indígena brasileira, o artigo
“Dossiê: Trabalho, política e experiências indígenas”
ressaltar o trabalho indígena, tanto o escravo como o
compulsório, dentro da capitania do Rio de Janeiro nos
séculos XVI e XVII.

Segundo Maria Regina, o processo de escravidão


indígena somente viera a diminuir com a maior utilização
da mão de obra escrava. A autora afirma que relatos sobre
o tema são escassos, e que políticas indigenistas da Coroa
Portuguesa constantemente se anulavam, permanecendo a
possibilidade de escravidão indígena somente através de
resgates e da chamada guerra justa. (p.11-12)

É evidenciado que a utilização de mão-de-obra


escrava indígena se dava devido a menor necessidade de
investimentos capitais, sendo comum a existência de
indígenas inimigos, que se tornavam escravos, e aliados,
que cumpriam funções a serviço da Coroa. Ocorrera
constantemente a resistência indígena frente a sua
incorporação no mercado de trabalho da capitania, onde a
sua participação se dava por maio de interesses de
barganhar. (p.13)

O artigo afirma que a escravização de indígenas


ocorria com maior frequência na Capitania de São Paulo,
onde a quantidade de escravos negros era muito pequena
no século XVII, sendo que esta os meios de administração
acabavam por disfarçar a escravidão forçada de indígenas.
A partir do século XVII fora cada vez mais se proibindo a
escravização de indígenas, como a Carta Régia de 1706,
mas a pratica perdurou até a proibição definitiva na época
pombalina. (p.13-14)

Era bastante comum que se utilizasse do serviço de


grupos de índios como guarda pessoal, o que causara uma
série de problemas no decorrer dos séculos XVI e XVII,
como o conflito entre Dona Catarina Ugarte e Martim de
Sá, Governador do Rio de Janeiro, que teria perseguido
indígenas que haviam se refugiado no engenho de D.
Catarina. A utilização desses indígenas como guarda
pessoal evidencia uma fidelidade mútua, uma vez que para
os indígenas lhe garantiriam algumas vantagens, e para o
senhor o controle sobre os próprios indígenas. (p.15-16)

Durante a chamada União Ibérica, mais precisamente


em 1640, ocorrera uma grande revolta contra os jesuítas
no Rio de Janeiro, causada pela proibição da escravização
de indígenas, revolta que segundo Vivaldo Coaracy é
justificada pela possibilidade de desorganizar a economia
colonial, uma vez que nas capitanias de São Vicente e Rio
de Janeiro a presença de escravos negros era muito
pequena, diferentemente das regiões mais ao norte, onde
eram encontrados em maior quantidade. (p.16)

No mesmo período, passou a vigorar o comércio


triangular entre Rio de Janeiro, Luanda e Buenos Aires,
que por meio do contrabando de prata pelo Rio da Prata
trouxe em maior quantidade escravos negros para a região,
principalmente para nas minas de prata, porém, com a
restauração da Coroa Portuguesa o acesso destes escravos
as minas de prata se dificultou, o que causou um aumento
significativo do contrabando e da procura por novas
minas, que utilizavam de escravos negros e indígenas em
grande quantidade. (p.17)

Segundo Maria Regina Celestino de Almeida, a


utilização dessa mão-de-obra escrava indígena nos séculos
XVI e XVII se dava pelo fato de que no Rio de Janeiro o
mercado de escravos negros não era de quantidade
expressiva, além de o escravo indígena possuir um preço
mais acessível, o que Ciro Cardoso e Jacob Gorender,
somente foram substituídos pelos escravos negros com o
esgotamento das possibilidades da exploração da mão-de-
obra indígena. Sendo que, este período fora marcado pela
grande mortandade de indígenas, principalmente por causa
de guerras e epidemias. (p.18)

A respeito do trabalho compulsório de aldeados, a


autora afirma que este o emprego de indígenas era
mediado pela legislação e por conflitos dentro da colônia
em relação aos serviços, salários e repartição, sendo
incluso o interesse dos próprios índios nesses conflitos,
onde as aldeias eram vistas como refúgio para os
indígenas, o que despertava diferentes expectativas por
parte de missionários, colonos, autoridades locais e a
metrópole portuguesa. (p.19-20)

Dentro do contexto hierárquico do Antigo Regime, os


índios aldeados possuíam uma jurisdição própria, com
direitos e deveres, sendo que, mesmo sendo súditos
cristãos da Coroa, não tinham a mesma condição de
igualdade com os demais colonos. Os indígenas deveriam
atender aos serviços do monarca, principalmente quanto à
defesa, sendo também empregado em obras publicas,
como a manutenção de fortificações. Também serviram às
ordens religiosas, como os jesuítas e os beneditinos. (p.20-
21)

Segundo Maria Regina, com o assentamento no vale


do Paraíba, a mão-de-obra indígena era cobiçada,
principalmente nas lavouras e no corte de madeiras.
Apesar de compulsório, este trabalho indígena possuía leis
apoiadas pelos jesuítas, que para assegurar sua
manutenção e serviços ao rei tinham de manter o menor
número de indígenas nas aldeias, o que criara um sistema
rodizio no trabalho dos aldeados, que dependendo das
necessidades dos interessados no emprego de mão-de-obra
indígena poderiam ter a contratação de índios dificultada
ou facilitada pela Coroa Portuguesa. (p.21-22)

Por vezes este rodizio do trabalho compulsório de


índios causara uma serie de problemas em relação a
quantidade máxima e ao tempo de utilização da mão-de-
obra indígena, que causara também uma serie de
acusações aos inacianos, de que não distribuíam
devidamente os índios para o trabalho compulsório. Sendo
que, até o governador Francisco Soutomaior havia se
queixado dos padres por terem retirado os indígenas dos
serviços da cidade. (p.22-23)

Para Maria Regina, era evidente que o governador se


queixava de que os índios tomavam as decisões sobre o
seu trabalho fora dos aldeamentos, a qual a organização
ficava a cargo dos líderes indígenas, que se tornaram
verdadeiros capitães mores de suas aldeias, porém, isso
trouxera uma resistência por parte de seus subordinados.
Apesar de mal pago, a pouca remuneração acabava por
atrais cada vez mais o interesse dos indígenas, sendo que,
este pagamento poderia ser feito em dinheiro, em rolos de
algodão, ou espécie. (p.23-24)

Todo o envolvimento dos indígenas em trabalhos


compulsórios acabara por revelar aos mesmos sua
condição no contexto em que viviam, que apesar de
subordinados, possuíam um papel fundamental dentro da
colônia, principalmente servindo ao rei. Esta forma de
trabalho fora superada no século XVIII pelos escravos
indígenas, que fora diminuindo a medida que os escravos
negros se tornavam cada vez mais acessíveis. Porém, a
utilização da força de trabalho indígena continuaria ate o
século XIX, onde somente se poderia escravizar índios por
meio de guerras ou por expedições de resgate. (p.24)

Portanto, conclui-se que Maria Regina Celestino de


Almeida utilizou em seu artigo “Dossiê: Trabalho, política
e experiências indígenas” diversos argumento que
enfatizam a complexidade da utilização da mão-de-obra
indígena na capitania do Rio de Janeiro entre os séculos
XVI e XIX, apresentando as formas de trabalho escrava e
compulsória. Ao analisar o artigo, evidencia-se também
que a autora utilizou da pesquisa de outros historiadores,
como Vivaldo Coaracy e Ciro Cardoso, para elaborar a sua
publicação, o que enriquecera as argumentações de seu
artigo.

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