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UNIVERSIDADE WUTIVI

Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Planeamento Físico


FEAPF

Topografia

CAPÍTULO 4: MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES E


ORIENTAÇÃO

Maputo, 22 a 26 de Agosto de 2022


MRM
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Uma das operações básicas em Topografia é a
medição de ângulos horizontais e verticais.
 No caso de ângulos horizontais, as direcções são
medidas em campo, e apartir destas direcções são
calculados os ângulos.
 Para a realização destas medições emprega-se um
equipamento denominado teodolito.
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Ângulo horizontal: é o ângulo formado por dois
planos verticais que contém as direções formadas
pelo ponto ocupado e os pontos visados.
 É medido sempre na horizontal, razão pela qual o
teodolito deve estar devidamente nivelado.
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Em campo, quando da colimação ao ponto que
define a direção de interesse, deve-se tomar o
cuidado de apontar o retículo vertical exatamente
sobre o ponto, visto que este é que define o plano
vertical.
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Esfera Celeste

 Zênite é o ponto de intersecção da esfera celeste com a


linha de prumo acima do observador.
 Nadir é o ponto de intersecção da esfera celeste com a
linha de prumo abaixo do observador.
 Linha de prumo representa a direcção de gravidade da
localização do observador.
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Ângulo vertical (V): é o ângulo formado entre a
linha do horizonte (plano horizontal) e a linha de
visada, medido no plano vertical que contém os
pontos. Varia de 0º a +90º (acima do horizonte) e 0º
a -90º (abaixo do horizonte).
4.1 ÂNGULOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
 Ângulo zenital (Z): ângulo formado entre a vertical
do lugar (zênite) e a linha de visada. Varia de 0º a
180º, sendo a origem da contagem o zênite.
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES

O Teodolito é um equipamento destinado à


medição de ângulos, horizontais ou
verticais, com objetivo de determinar
ângulos internos ou externos de uma
poligonal, bem como a posição de
determinados detalhes necessários ao
levantamento.
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES
 Atualmente existem diversas marcas e modelos de
teodolitos, os quais podem ser classificados quanto
à:
-Finalidade: topográfico, geodésico e
astronômico;
- Forma: ópticos-mecânicos ou electrónicos;
- Precisão:
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES
 Sistema de eixos
- VV : Eixo vertical, principal ou de rotação do teodolito;
- ZZ : Eixo de colimação ou linha de visada;
- KK : Eixo secundário ou de rotação da luneta.
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES
 Círculos graduados
Quanto aos círculos graduados para leituras angulares os
mesmos podem ter escalas demarcadas de diversas maneiras,
como por exemplo:
- Tinta sobre plástico;
- Ranhuras sobre metal;
- Traços gravados sobre cristal.
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES
 Luneta de visada
Dependendo da aplicação do instrumento a
capacidade de ampliação pode chegar até 80 vezes
(teodolito astronômico WILD T4). Em Topografia
normalmente utilizam-se lunetas com poder de
ampliação de 30 vezes.
4.2 O TEODOLITO E SUAS PARTES
CONSTITUINTES
 Níveis
Os níveis de bolha podem ser esféricos (com menor
precisão), tubulares, ou digitais, nos equipamentos
mais recentes.
4.3 ESTAÇÕES TOTAIS
 De maneira geral pode-se dizer que uma estação total nada
mais é do que um teodolito eletrônico (medida angular), um
distanciômetro eletrônico (medida linear) e um processador
matemático, associados em um só conjunto.
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS
 Em Topografia, normalmente deseja-se determinar o ângulo
horizontal compreendido entre duas direcções, conforme o exemplo
abaixo.

 A pontaria deve ser realizada sempre que possível, o mais próximo do


ponto, como ilustra a figura abaixo.
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS
 Aparelho não orientado: faz-se a leitura da direção AB(L1) e AC(L2).
O teodolito não precisa estar orientado segundo uma direção
específica. O ângulo será obtido pela diferença entre L1 e L2. Se
for negativo soma-se 360º.

= L2 – L1
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS

Azimute: Azimute de uma direção é o ângulo


formado entre a meridiana de origem que
contém os Polos, magnéticos ou geográficos, e
a direção considerada. É medido a partir do
Norte, no sentido horário e varia de 0º a 360º.
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS
 Aparelho orientado na ré zera-se o instrumento na estação ré e faz-se
a pontaria na estação de vante. No caso de uma poligonal fechada,
se o caminhamento do levantamento for realizado no sentido horário,
será determinado o ângulo externo compreendido entre os pontos
ABC.

 Aparelho orientado na vante zera-se o instrumento na estação vante


e faz-se a pontaria na estação de ré.
4.4 MÉTODOS DE MEDIDA DE ÂNGULOS
HORIZONTAIS
 Deflexão neste caso, força-se a coincidência da leitura 180º com o
ponto de ré, o que equivale a ter a origem da graduação no
prolongamento dessa direcção. A deflexão será positiva (leitura a
direita) ou negativa (leitura a esquerda) e vai variar sempre de 0º a
180º.

 A deflexão varia 0º a 180º.


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 Medição simples: instala-se o teodolito em A, visa-se a estação B e lê-
se L1. A seguir, visa-se a estação C e lê-se L2.
= L2 – L1

 Uma outra possibilidade é zerar o equipamento em B e obter


directamente o ângulo . Neste caso, L1=0º e L2=
4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 Medição de pares conjugados (PD e PI): as leituras são feitas na
posição directa da luneta e na posição inversa, conforme ilustrado a
seguir
4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 Exercício 1: Foram medidas duas direções A e B para a determinação
do ângulo α. Estas medidas foram feitas em PD e PI.
4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS

a) Leitura da direcção OA (ré)

𝐿𝑃𝐷 + 𝐿𝑃𝐼 0° 00´ 00´´ + 180° 00´ 00´´


𝐿𝑟é = − 90° = − 90°
2 2

→ 𝐿𝑟é = 0° 00′ 00´´


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
b) Leitura da direcção OB (vante)

𝐿𝑃𝐷 + 𝐿𝑃𝐼 1° 46´ 00´´ + 181° 48´ 00´´


𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = − 90° = − 90°
2 2

→ 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = 1° 47′ 00´´

C) Determinação do ângulo

𝜶 = 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐿𝑟é = 1° 47´ 00´´ − 0° 00´ 00´´ = 1° 47´ 00´´


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 Exercício 2: Dadas as observações abaixo:
a) Calcular o ângulo para a primeira serie de observações.
b) Calcular o ângulo para a segunda serie de observações.
c) Calcular o ângulo α.
4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS

Estacão Ré (01) Vante (03) Nº de series

02 PD = 0° 0' 0" PD = 214° 20' 30" Primeira serie

PI = 179° 59' 54" PI= 34° 20' 40"

02 PD = 78° 49' 12" PD = 293° 09' 50" Segunda serie

PI = 258° 49' 10" PI=113° 09' 45"


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 1ª Série

0° 00´ 00´´ + 179° 59´ 54´´


𝐿𝑟é = − 90° → 𝐿𝑟é = −0° 00′ 03´´ + 360°
2

= 𝟑𝟓𝟗°𝟓𝟗´𝟓𝟕´´

214° 20´ 30´´ + 34° 20´ 40´´


𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = + 90° → 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = 214° 20′ 35´´
2

𝜶𝟏ª 𝒔é𝒓𝒊𝒆 = 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐿𝑟é = 214° 20´ 35´´ − 359° 59´ 57´´ = −145° 39´ 22´´ + 360°

= 𝟐𝟏𝟒° 𝟐𝟎´ 𝟑𝟖´´


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 2ª Série

78° 49´ 12´´ + 258° 49´ 10´´


𝐿𝑟é = − 90° → 𝐿𝑟é = 78° 49′ 11´´
2

293° 09´ 50´´ + 113° 09´ 45´´


𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = + 90° → 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 = 293° 09′ 47,5´´
2

𝜶𝟐ª 𝒔é𝒓𝒊𝒆 = 𝐿𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐿𝑟é = 293° 09´ 47,5´´ − 78° 49´ 11´´ = 𝟐𝟏𝟒° 𝟐𝟎´ 𝟑𝟔, 𝟓´´

 Determinação do ângulo

𝛼1ª 𝑠é𝑟𝑖𝑒 + 𝛼2ª 𝑠é𝑟𝑖𝑒 214° 20´ 38´´ + 214° 20´ 36.5´´
𝛼𝐴 = = → 𝜶𝑨
2 2

= 𝟐𝟏𝟒° 𝟐𝟎′ 𝟑𝟕. 𝟐´´


4.5 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE DIRECÇÕES
HORIZONTAIS
 Exercício 3: Dadas as observações abaixo, calcular 1, 2 e 3.

Posição da Ré (A) Vante (B) Vante (C)


luneta
PD 30° 10' 15" 83° 15' 10" 101° 15' 40"

PI 210° 10' 13" 263° 15' 08" 281° 15' 46"


4.6 ORIENTAÇÃO
4.6.1 Norte magnético e geográfico
 O planeta Terra pode ser considerado um gigantesco imã, devido a
circulação da corrente elétrica em seu núcleo formado de ferro e
níquel em estado líquido. Estas correntes criam um campo
magnético.
 Este campo magnético ao redor da Terra tem a forma aproximada do
campo Magnético ao redor de um imã de barra simples.
 Tal campo exerce uma força de atração sobre a agulha da bússola,
fazendo com que mesma entre em movimento e se estabilize quando
sua ponta imantada estiver apontando para o Norte magnético.
4.6 ORIENTAÇÃO
4.6.1 Norte magnético e geográfico
 A Terra, na sua rotação diária, gira em torno de um eixo. Os pontos
de encontro deste eixo com a superfície terrestre determinam-se de
Polo Norte e Polo Sul verdadeiros ou geográficos.

 O eixo magnético não coincide com o eixo geográfico. Esta diferença


entre a indicação do Polo Norte magnético (dada pela bússola) e a
posição do Polo Norte geográfico denomina-se de declinação
magnética.
4.6 ORIENTAÇÃO
4.6.2 Azimute e rumo

 Azimute: Azimute de uma direção é o ângulo


formado entre a meridiana de origem que
contém os Polos, magnéticos ou geográficos,
e a direção considerada. É medido a partir
do Norte, no sentido horário e varia de 0º a
360º.
4.6 ORIENTAÇÃO
4.6.2 Azimute e rumo
4.6.2 Azimute e rumo
 Rumo: Rumo é o menor ângulo formado pela
meridiana que materializa o alinhamento Norte
Sul e a direção considerada.

 Varia de 0º a 90º, sendo contado do Norte ou


do Sul por leste e oeste. Este sistema expressa
o ângulo em função do quadrante em que se
encontra.
4.6.2 Azimute e rumo

 Além do valor numérico do ângulo


acrescenta-se uma sigla (NE, SE, SW, NW)
cuja primeira letra indica a origem a partir
do qual se realiza a contagem e a segunda
indica a direcção do giro ou quadrante.
4.6.2 Azimute e rumo
4.6.3 Conversão entre rumo e azimute
 Sempre que possível é recomendável a
transformação dos rumos em azimutes,
tendo em vista a praticidade nos cálculos de
coordenadas, por exemplo, e também para a
orientação de estruturas em campo.
4.6.3 Conversão entre rumo e azimute
4.6.3 Conversão entre rumo e azimute
4.6.3 Conversão entre rumo e azimute
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento

 Qualquer alinhamento tem um azimute e


contra azimute. Por exemplo, o tem
como contra-azimute ..

O contra-azimute do alinhamento 1-2 é o


azimute do alinhamento 2-1, como mostra a
figura abaixo.
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
 O contra-azimute de um alinhamento pode ser
determinado ou encontrado de duas formas:

1. Adicionando 180º ao azimute do alinhamento,


se o azimute for inferior a 180º ou subtraindo
180º ao azimute do alinhamento, se o azimute for
superior a 180º. A figura ao lado ilustra esta
situação.
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
Exemplo:

 Parao azimute de 40º, o contra azimute =


40º + 180º = 220º
 Parao azimute de 140º, o contra azimute =
140º + 180º = 320º
 Parao azimute de 220º, o contra azimute =
220º - 180º = 40º
 Parao azimute de 320º, o contra azimute =
320º - 180º = 140º
4.6.4 Azimute e contra azimute de um alinhamento

2. Adicionando 180º ao azimute do


alinhamento e verificar o valor resultante do
contra-azimute, se o contra-azimute
resultante for maior de 360º, então subtraia
360º
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
4.6.4 Azimute e contra azimute de um
alinhamento
Exemplo:

 Parao azimute de 40º, o contra azimute =


40º + 180º = 220º

 Parao azimute de 320º, o contra azimute =


320º + 180º = 500º,

Então = 500º- 360º = 140º


4.6.5 Cálculo do azimute de um
alinhamento
O azimute de um alinhamento calculado
com base nas coordenadas extremas do
mesmo.

∆E = E2 – E1= Di.SenAz
∆N = N2 – N1= Di.CosAz

Az = arctan(∆E/∆N)
4.6.5 Cálculo do azimute de um
alinhamento

∆E ∆N Az Quadrante Az Final

+ + + I Az

+ - - II Az + 180º

- - + III Az + 180º

- + - IV Az + 360º
4.6.5 Cálculo do azimute de um alinhamento

Exemplo:

Considere a figura abaixo. Calcule o


comprimento e o azimute dos alinhamentos
CD, DC, FA, AF, BA, CB, ED, e FE, usando as
coordenadas dadas na tabela seguinte.
Expressa os azimutes em (º ´ ´´). Faça todos
os procedimentos preenchendo a tabela
abaixo.
4.6.5 Cálculo do azimute de um alinhamento

Estações X (m) Y(m)


A 101,79 282,18
B 177,01 466,90
C 866,37 578,52
D 993,42 371,55
E 695,71 75,98
F 400,23 258,72
4.6.5 Cálculo do azimute de um alinhamento

∆X = XD – XC = 993,42 – 866,37 = 127,05 m

∆Y = YD – YC = 371,55 – 578,52 = -206,97 m

Az = arctan(∆E/∆N)
4.6.5 Cálculo do azimute de um alinhamento
Ponto inicial Ponto Final Ajustament
Alinha Compriment Azimute
Xi Yi Xf Yf ∆X ∆Y Arctan (∆X/∆Y) o do
mento o Ajustado
quadrante
CD 866,37 578,52 993,42 371,55 127,05 -206,97 242,85 -31º 32’ 38,32’’ 180º 148º 27’ 21,6’’

DC
FA
AF
BA 177,01 466,90 101,79 282,18 -75,22 -184,72 199,45 22º 09’ 24,08’’ 180º 202º 09´ 24,08’’

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