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ANTEPROJETO DE CÓDIGO CIVIL

1963

http://bd.camara.leg.br
“Dissemina os documentos digitais de interesse da atividade legislativa e da sociedade.”
PRQJET
.DE
IVIL.·.

Apresentado ào Exmo. Sr; JOÃO-


1\:IANGABEIRA~ Ministro da Justiça
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DE
CÓDIGO CIVIL

Apresentado ao Exmo. Sr. JOÃO


MANGABEIRA, Ministro da Justiça
e Negócios Interiores, em 31 de
març:o J~ 1963, pelo prof. ORLAN-
DOLGOMES.

Rio de Janeiro
1963
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íNDICE

Livro I

DAS PESSOAS

Pcigs.
TÍTULO I

DAS PESSOAS FíSICAS 3

cl~t~/1;::.~ o.·:s c··~PfJ-;tous CAPÍT.ULO I • .. -' o- l


BlBUGTt:.::CA Da Personalidade e da Capacidade. o •• o o o o • o • o o :·. : • o o • o • o : o·-; 3
Seção I - Disposições Gerais . , o.: ..• ·j
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Seção III - Da Emancipação .. o •••• o o •• o o o o o o • o o o • ! -1
Seção IV - Do Fim da Personalidade . o o o o o o o. o o o o :.:-r 4
·CAPÍTULO II -.·· ; ~
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.•i
Do R.egistro Civil
CAPÍTULO III

Dos Direitos da Personalidade . o ••• o o • o o o o o •• o • o o • o o • o •• o 6


CAPÍTULO IV
Do Direito ao Nome 7

3~il2>~) CAPÍTQLO V

Do Domicílio 8
bOME:5 0 CAPÍTULO VI

A~TE.P Da Ausência 9
TÍTULO II

DAS PESSOAS JURíDICAS 10


CAPÍTULO I

Disposições Gerais .. o o o •••• o •• o o •••••••••••••• o •••••• o o. 10


-V-
IV-
Págs.
CAPÍTULO l i
Págs.
Do Desquite 22
CAPÍTULO II
TÍTULO III
Das Associações 11

CAPÍTULO III DAS RELAÇõES PATRIMONIAIS ENTRE OS CôNJUGES


Das Fundações 13
CAPÍTULO I

Livro II Disposições. Gerais


CAPÍTULO l i
DO DIR;EITO DA FAMiLIA
Do Regime da Separação JS.elativa _,
?'
/
TÍTULO I CAPÍTULO III

DO CASAMENTO 15 Do Regime da Comunhão Universal 25


CAPÍTULO I CAPÍTULO IV

Disposições Gerais 15 Do RegimC' .ta Scp[!ração Absolut[l


CAPÍTULO II CAPÍTULO V
Da Capacidade !o;!atrimonial ............................ . 16 Do Bem de Fa;,ília 26
CAPÍTULO III
TÍTULO IV
Dos Impedimentos Matrimoniais ......................... . 16
CAPÍTULO IV
DO PARENTESCO
Das Formalidades Preliminares do Casamento 17- CAPÍTULO I

CAPÍTULO V
Disposições Gerais 27
CAPÍTULO !I
Da Celebração do Casamento ..............•............. 18
Da Filiação Legítima 27
C!\.PÍTULO VI
CAPÍTULO III
Da Prova da Celebração do Casamento 19
Da Legitimação 28
CAPÍTULO VII
Da Invalidade do Casamento ........................... . 19 CAPÍTU!.O IV
Da Filiação l!egitima 29
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO V
Dos Direitos e dos Deveres dos Cônjuges 20
Da Adoção 31
TÍTULO II
CAPÍTULO VI

DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL Da Legitimação Adotiva ............................... . 32

CAPÍTULO I TÍTULO V

Da Dissolução do Vínculo 1V!atrimonial 22


DO PÃTRIO PODER .....................................· ... 32
-VI- -VII-

Págs. Págs.
CAPÍTULO I Seção VI - Das Coisas Singulares e Coletivas ... . 42
Disposil;ões G~rais 32 Seção VII - Das Coisas Compostas .............. . 43
CAPÍTULO li
Seção VIII - Das Coisas Acessórias .............. . 43
Da Suspensão, Destituição e Extinção do Pátrio Poder .... 34 CAPÍTULO Ili
Da Extinção das Coisas ................................ . 44
TÍ;rULO VI
TÍTULO li
DOS ALIMENTOS 35
DA PROPRIEDADE ...................................... · · · · · 44
TÍTULO VII
CAPÍTULO I
DA TUTELA E DA CURATELA ............... : . ........... . 36 Disposições Gerais ..................................... . 44
CAPÍTULO I / CAPÍTULO li
Da Tutela 36 Dos Direitos de Vizinhança ........................... . 45
Seção I - Disposições Gerais .................... . 36 Seção I - Do Uso Nocivo da Propriedade ....... . 45
Seção II - Das Espécies de Tutela ................ . 36 Seção II - Das Arvores Limítrofes ............. . 45
Seção III - Do Exercício da Tutela 37 Seção III - Da Passagem Forçada ................ . 45
Seção IV - Da Escusa dos Tutôres 38 Seção IV - Das Águas ........................ · · 46
Seção V - Da Cessação da Tutela 39 Seção V - Da Energia, Fôrça e Gás ............. . 48
CAPÍTULO II
Seção VI - Dos Limites entre Prédios ............ . 48
Seção VII - Do Direito de Construir .............. . 48
Da Assistência aos Menores .............................. . 39 Seção VIII - Do Direito de Tapagem ............. . 50
CAPÍTULO III Seção IX - Da Busca e Remoção de Animais ..... . 51
Da Curatela 39 Seção X - Do Uso de Prédio Vizinho ......... . 51
CAPÍTULO Ili

Livro III Dos Modos de Aquisição da Propriedade 51


DO DIREITO DAS COISAS Seção I - Disposições Preliminares ............... . 51
Seção II Da Aquisição de Propriedade Imóvel:
TÍTULO I Da Transcrição ....................... . 51
DOS BENS 41 Da Acessão .......................... . 52
Seção III - Da Aquisição da Propriedade Móvel 5-:l
CAPÍTULO I
Seção IV - Dos Modos de Aquisição Comum aos Mó-
Disposições Preliminares 41 veis e Imóveis ............ : ............ . 55
CAPÍTULO l i CAPÍTULO IV

Das Espécies de Bens .................................. . 41 Da Perda da Propriedade 56


Seção I - Dos Bens Móveis e Imóveis ......... . 41 CAPÍTULO V
Seção II - Das Coisas Certas e Genéricas ....... . 42 Do Condomínio ................................ '.' ...... . 56
Seção III - Das Coisas Consumiíveis e Deterioráveis 42 Seção I - Dos Direitos e dos Deveres dos Condôminos 56
Seção IV - Das Coisas Divisíveis e Indivisíveis ... . 42
Seção V - Das Coisas Presentes e Futuras ....... . 42
-VIII- -IX-

Págs. Págs.
Seção II - Da Administração do Condomínio ..... . 58 CAPÍTULO VI

Seção III - Do Condomínio Forçado ................ . 58 Das Rendas Constituídas sóbre Imóveis 72
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VI
Da Promessa Irretratável de .Venda ........................ . 73
Do Condomínio nos Edifícios de Apartamentos 59
TÍTULO IV
Seção I - Disposições Gerais ................... . 59
Seção II - Das Obrigações dos Condôminos ....... . 59
Seção III -
DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA 7-t
Do Regu!amento do Condomínio 60
Seção IV - Da Assembléia dos Condôminos ...... . 61 CAPÍTULO I
Seção V - Da Administração do Edifício ......... . 62 Disposições Gerais
Seção VI - Da Extinção do; Cc;mdomínic ......... . 62
Seção VII - Do Incorporador ..................... . 63 CAPÍTULO II

CAPÍTULO VII
Do Penhor 75
Da Propriedade Temporária ...................... ; ..... . 63 CAPÍTULO III

Dos Penhores Especiais ................................. . 77


TÍTULO III
Seção I - Disposição Geral ..................... . 77
DOS DIREITOS REAIS LIMITADOS 6·1 Seção II - Do Penhor de Crédito e Outros Direitos . 77
Seção III - Do Penhor de Títulos de Y.alor ....... . 78
CAPÍTULO I Seção IV - Do Penhor Industrial 78
Disposições Gerais Seção V - Do Penhor Mercantil ................. . 79
Seção VI - Do Penhor Rural .............. .' ...... . 79
CA{'ÍTULO II
Seção VII - Do Penhor de Automóveis ............ , . 81
Da Enfiteuse 6-t Seção VIII - Do Penhor Legal ..................... . 81
CAPÍTULO III
CAPÍTU:.O IV
Do Direito de Sttperfície ............................... . 65
Da hipoteca .......................................... . 82
CAPÍTULO IV
Seção ~ Disposições Gerais .................... . 82
Do Usufruto, Uso e Habitação ......................... . 66 Seção li Da Constituição da Hipoteca ........... . 8-1
Seção III ~ Da Extinção da Hipoteca .............. . 8-t
Seção I - Do Objeto e da Constituição do Usufruto .. 66
Seção II - Dos Direitos do Usufrutuário ............. . 67 TÍTULO \'
Seção III - Das Obrigações do Usufrutuário ......... . 68
DA POSSE 85
Seção IV - Da Extinção do Usufruto ................ . 70
Seção V - Do Uso e da Habitação ................. . 70 CAPÍTULO I

CAPÍTULO V
Disposições Gerais 85
Das Servidões 70 CAPÍTULO II

Seção I - Da Constituição das Servidões ........... . 70 Dos Efeitos da Posse . 86


Seção II - Da Extinção das Servidões ............. . 71 Seção Da Proteção Possessória ............... . 86
-XII-

Págs.
CAPÍTULO XII

Do Rompimento do Testamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108


CAPÍTULO XIII

Da Execução do Testamento ........................... . 109


TÍTULO IV

DA DIVISÃO DA HERANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110


CAPÍTULO I

Da Administraçãc da Herar..ça .................. :. . . . . . . 110


/
CAPÍTULO II

Da Liquidação das Dividas ............ ·. . . . . . . . . . . . . . . . . 110


CAPÍTULO !!I

Da Colação 1i1
CAPÍTULO IV ANTEPROJETO
Dos Sonegados 112 DE
CAPÍTULO V CóDIGO CIVIL
Da Partilha .............. .............................. .
~ 113
CAPÍTULO VI

Dos Efeitos da Partilha e Garantia dos Quinhões Hereditários 114

CAPÍTULO VII

Da Anulação c Nulidade da Partilha 114

DISPOSIÇõES FINAIS 115


Livro I
DAS PESSOAS
Título I

DAS PEf-SOAS FíSICAS


CAPÍTULO

DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Seção I - Disposições Ge•ais


Art. I Gôzo dos Di,eitos Civis - Tôda pessoa tem o gôzo dos direitos
9

civis, salvo dos que forem excluídos por lei.


Art. 2,° Comêço da Pc<sonalidade - Desde o nascimento até à morte,
todo homt!m é suje~to .de direito.
Parágrafo único. Ao nascituro são assegurados os direitos que seu in-
terêsse exija, se nascer com vida.
Art. 3 9 Capacidade - O homem e a mulher têm igual capa~idade civil.
Art. 4.• Capacidade de Agi, A capacidade :le exercer pessoalmen-
te os atos da vida civil adquire-se com a maioridade, ou pela emancipação.
Art. s.• Maioddade - A maioridade começa aos dezoito anos.

Seção 11 - Dos Incapazes

Art. 69 Incapacidade Absoluta - São absolutamente incapazes:


I - os menores de quinze anos:
II - os que, por enfermidade mental ou fraqueza de espírito, não tiverem
discernimento para a prática dos atos da vida civil e os que não tiverem a livre
disposição de sua vontade para cuidar dos próprios interêsses.
Art. 7.• Incapacidade R.elativa - São incapazes rdativamente à prática je
certos atos, ou ao modo de exercê-los, os maiores de quinze anos, <>nq.:anto
menores de dezoito.
Art. 8• /?.ep•espntação Legal - Os incapazes podem exercer direitos ou
contrair obrigações por intermédio de seus representantes legais.
Art. 99 Assistência - O menor relativamente incapaz. será assistido por
seus país, ou por seu tutor, nos atos da vida civil.
-5-
-4-
Art. 11:1. Declaração de Nascimento - São obri•;~ados a fazer a declara-
Art. 10. Atos Praticados pelo Menor sem Assistência - Só serão anu- ção de nascimento:
láveis os atos praticados pelo menor sem assistência, se importarem prejuízo a I - o pai;
seu patrimônio. li - na sua falta ou impedimento, a mãe;
III - no impedimento ou falta de ambos, os parentes;
Seção Ill - Da Emancipação IV - o médico, a parteira, ou o administrador rle '10spital que tiverem
assistido o parto, na falta ou impedimento dos parentes.
Art. 11. Emancipação Voluntária - Cessará :t 1ncapacidade de menor Parágrafo único. ü registro do exposto será f..!ito pela pessoa que o
se tendo êle dezesseis anos cumpridos, lhe fôr pelos pais concedida emauc;pação. achar, pela autoridade a quem fôr entregue, ou pelo diretor do estabelecimen-
' § 19 O ato de emancipação deve ser homologado pelo juiz e inscritr no to a que fôr recolhido.
registro civil.
§ 2." Se o menor estiver sob tutela, a emancipação só se dará por sen~ Art. 19. Assent.:> do Nascimento O assento de nascimepto deverá
tença do juiz, ouvido o tutor. conter:
§ 3. 0 O ato de emancipação pode ser cassado pelo juiz, a requerim.-nto dos I - o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo
pais, quando o menor emancipado demonstre incapacidade de administrar os pol'sível determiná-la, ou aproximada;
bens. resguardados os direitos ·de terceiros. / li - o sexo e a côr do recém-nascido;
Art. 12. Emancipação Legal - Pelo casamento o menor se emanci!:'a III - o fato de ser gêmeo, quando assil.ll tiver acontecido;
de pleno direito. IV - a declaração de ser legitimo, ilegítimo ou exposto;
V - o nome e o prenome. que forem postos à criança;
Seção IV - Do Fim da Personalidade VI - a declaração de que nasceu morta ou morreu no ato ou logo depois
do parto;
Art. 13. Fim da Pers:>nalidade - A existência da oessoa física termi- VII - a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que existi-
na com a morte. rem ou tiverem existido;
Parágrafo único. Presume-se a morte, quanto aos ausentes nos casos em VIII os nomes e prenomes, a natüralidade, a profissão dos pais; o
que a lei autoriza a abertura de sua sucessão definitiva. lugar e cartório onde casaram e a sua residência atual;
Art. 14. Comoriência - Se duas ou mais pessoas falecerem na mesma IX - os nomes e prenomes de seus avós paternos e maternos;
ocasião, sem que se possa determinar qual delas morreu em primeirc lugm. X - os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas teste-
presume-se que morreram simultâneamente. · munhas do assento.
§ 1.0 Se o filho fôr ilegitimo, não será assentado o nome do pai sem que
CAPÍTULO li êste compareça pessoalmente, ou por procurador com podêres especiais, para
reconhecê-lo.
DO REGISTRO CIVIL § 2• Serão omitidas quaisquer enunciações que fizerem conhecka a fi-
liação, se dai resultar escândalo.
Art. 15. Fatos Sujeitos a Inscrição - Serão in3critos no regisiro ciVll
<i<:1s pessoas físicas: Art. 20. R.egistro de Óbito - Todo óbito que acorrer no território na-
cional deverá ser registrado no lugar em que se der, mediante a apresentação
1 os nascimentos; ao oficial de atestado médico, ou, se não fôr possível obtê-lo, declardção de
li os casamentos; duas testemunhas idôneas.
III os óbitos; § 1. 9 Nenhum sepultamento se fará sem a certidão de registro de óbito,
IV as emancipações voluntárias; salvo se comprovada a impossibilidade de registrá-lo 11as vinte e quatr<: horas
V as interdições; seguintes ao falecimento.
VI as sentenças declaratórias de ausência. § 2• Os óbitos ocorridos onde não possa ser f~ito o assento se;ão co-
Parágrafo único. A escrituração do registro e as formalidades a que deve municados ao oficial mais próximo, para que o lavre.
obedecer serão reguladas em lei especial. Art. 21. Declaração de Óbito - São obrigados a fazer a declaração de
Art. 16. R.egistro de Nascimento - Todo nascimento que ocorrer no óbito:
território nacional deve ser registrado no lugar do. parto, dentro nos &essenta I os pais;
dias que se lhe seguirem, à vista de declaração feita por quem de direito. Il o cônjuge;
Art. 17. R.egistro R.etardado - Se a pessoa obrigada a declarar o nas- III o filho;
cimento não o fizer no prazo legal. será admitida a promover o registro poste- IV o parente mais próximo;
riormente. com multa. V a autoridade policial, a respeito de pessoas c:ncontradas mortas;
Parágrafo único. ü interessado poderá, pessoalm,nte, e isento df multa, VI os que houverem presenciado a morte.
requerer o registro de seu nascimento, mediante jus~ificação.
6- --7-
§ 1.0 As indicações relativas ao assento de óbito devem constar de es~
crito, assinado pela pessoa obrigada a fazer a declaração. Parágrafo único. Se o ato de disposição se justificar por exigêr.cia da
medicina, é admissivel a sua prática.
§ 2• O escrito será entregue ao oficial para que ;:> transcreva no <:ssento
e o arquive. Art. 31. Disposição do Cadáver - É lícito o ato pelo qual uma oessoa
§ 3" Quem apresentar a declaração assinará o assento. dispõe gratuitamente do seu próprio corpo, no todo ou em parte, para depois
Art. 22. Assento do óbito - O assento do óbito deverá conter: de sua mo"rte.
a hora, se possível, dia, mês, ano e lugar do falecimento com indicação Parágrafo único. O ato de disposição pode ser revogado a todo tsmpo,
precisa; o nome, sexo, idade. côr, estado, profissão, naturalidade, domicílio qualquer que seja sua causa.
e residência do morto; se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo A;t. .32. Direito ao Cadáver - O lugar em oue deve ser sepdtacto
quando desquitado; se viúvo, do cônjuge predefunto; '.l cartório do casamento; o _c:adaver, sua remoção, a autópsia e quaisquer prov1d~ncias que digam res-
a declaração de que era filho legítimo ou ilegítimo, de pais incógnitos ou peito aos despojos mortais serão decididos pelo cônjuge sobrevivente, ou, na
expostos; os nomes, profissão, naturalidade e residência dos pais; se faleceu falta dêste, pelos parentes, conforme a ordem da vocação hereditária.
com testamento conhecido; se deixou filhos legítimos ou ilegítimos reconhe- Parágrafo ú_nico. Não se compreendem nessas p.rerrogativas os atos de
cidos, nome e idade de cada um; se a morte foi natural ou violenta e a disposição do cadáver o

causa conhecida, com o nome dos atestantes; o lugar do sepultamento; se


deixou bens e herdeiros menores ou interdito;. Art. 33. Tratamento Médico Ninguém pode ser constrangido '.1
Parágrafo único. Se a identidade do morto fôr desconhecida, o assento submeter~se a tratamento médico, ou cirúrgico, a que se recuse.
deve conter as indicações que possam facilitar posteriormente sua identi.ficação, Parágrafo único. Em caso de oposição infundada, a pessoa não poderá
extraindo-se, quando possível, a individual dactiloscópica. prevalecer-se da enfermidade que o tratamento poderia curar, atenuar, ou
corrigir.
Art. 23. Registro de óbito de Pessoa Desaparecida - O registro de
óbito das pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação. incêndio. tcrremo•.c Art. 34. Exame Médico - Se alguém se opuser a exame médico ne-
ou qualquer outra catástrofe, far-se-á por determinação do juiz, ante a prova cessârio, não terá direito, de aproveitar-se de sua oposição.
de que se não encontrou o cadáver.
Art 35. Perícia Médica - Se a perícia médica fõr ordenada pek juiz
Art. 24 Registro de Emancipação - As sent.!nças de emancipaç;';o em processo contencioso e houver recusa, poderá e:"ta ser admitida como con-
serão registradas mediante inscrição em livro especial. fissão.
Art. 25. Registro de Interdição - As sentenças .le interdição. devem ser
inscritas em livro especial. mediante mandado do juiz. o !u"t.
_36. · Reprodução da Imagem - A publicação, a exposiçao ou Utl'

Art. 26. . Registro da Declaração de Ausência - A inscrição das renten- hzaçao nao autorizada da imagem de uma pessoa podem ser proibidas a sea
ças declaratórias de ausência far-se-á no livro destinado ao registro das sen~ requerimento, sem prejuí::o da indenização a que tizei: jus pelos daPos so-
fridos.
tenças de interdição. ·
Art. 27. Retificação do Registro - O registro que contiver engano, § I• A proibição só se justifica se da reprodu-:ão resultar atentado à
honra, à boa fama ou à respeitabilidade da pessoa. o
êrro ou omissão poderá ser retificado. mediai;Ite justificação processada pe-
rante o oficiaL-de registro e homologada pelo juiz. ouvido o órgão do Minis- § 2• Os direitos relativos . à reprodução da imag•:m podem ser exercidos
tério Público .., pelo cônjuge ou pelos fill;tos, se estiver morta ou ausente a pessoa. .
Art. 28. Anulação ou Reforma do Assento de Nascimento- As questões Art. 37. Direitos Autorais - Ao autor de obra literária científica ou
de filiação devem ser decididas em processo contencioso para anulação ou artística e outras produções da ínteliHêncía é assegurada proteção iur•d1ca nos
reforma do assento. têrmos das leis especiais que regulem os direitos autorais e a propriedade m~
dustrial.
CAPÍTULO lJl
·CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
DO DIREITO AO NOME
Art. 29. Direitos da Personalidade - O direito à vida, à liberdade, à
honra, e outros reconhecidos à pessoa humana são naiienáveis e intransmis- Art. 38. Direito ao Nome - Tôda pessoa tem direito ao nome, nêle
síveis, não podendo seu exercício sofrer limitação voluntária. compreendidos o prenome e o nome patronímico.
Parágr<~fo único. Quem fôr atmgido ,licitamente fm sua personalidade . Parágr~fo úniéo. Aos filhos se atribuirá, se· legítimos, o nome r-atroni-'
pode exigir que o atentado cesse e reclamar perdas e c'anos. sem prejuízo de m1co do pa1 e o da mãe, antecedendo éste àquele; se ilegítimos, o --u1me :lo
sanções de outra natureza a que fique sujeito o ofensor o gentto1 que o tiver reconhecido; se de pais desconhecidos, o nome que lhe fôr
Art. 3!). Atos de DispOsição do Próprio Corpo - Os atos de disposi- dado pelo oficial do registro.
ção do próprio corpo, no todo ('U em parte, sao def2sos quando importem di- Art. 39 · Alteração do Nome - Ninguém pode .1Jterar o nome salvo em
minuição permanente da integridade física, ou contnriem os bons costumes. conseqüência de casamento ou de mudança do estado de filiação, 0 ~ oor· sen-'
-8- -9-
tença judicial que determine a alteração pelos motivos declarados na lei do
Parágrafo único. A mudança de residência não implica a do domicílio
registro civil. se a pessoa continua a ter no lugar dêste a sede de suas ocupações habituais.
Parágrafo único. O prenome é imutável, salvo se lnlamante ou suscetl-
vel de expor ao ridículo seu portador. Art. 51. Domicílio de Eleição - Nos contratos escritos poderão os con-
traentes especrficar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obri-
Art. 40. Nome de Mulher Casada - A mulh~r casada pode romar c gações dêles resultantes.
nome do marido, se manifestar essa intenção no processo de habilitação para
casamento, não o perdendo se enviuvar.
Parágrafo único. Em caso de desquite, a mulh•2r pode ser privada do CAPÍTULO VI
direito de usar o nome do marido.
DA AUSÊNCIA
Art. 41. Proteção do Direito ao Nome A pessoa a quem se ronteste
o direito ao uso do próprio nome ou, intencionalmente, se dê nome incompleto Art. 52. Declaração de Ausência - Quando uma pessoa desaparece-
ou diverso no verdadeiro, pode exigir que cesse o fato lesivo, sem prejuízo da do seu último domicílio, ou residência, sem que dela haja notícia, o juiz a de-
indenização a que faça jus pelo dano sofrido. clarará ausente. mediante requerimento dos interessados, se decorridos :!ois
Parágrafo único. Igual direito assiste àquele que tenha seu nome usur· anos do desaparecimento.
pado por outrem. /
Art. 53. Nomeação de Administrador - Antes da deClaração de au-
Art. 42. Restrições ao Emprégo de Nome Alheio -- O nome da nessoa sência, os interessados, ou o Ministério Público, pod•!rn requerer a nome>ção
não pode ser empregado em publicações ou representações que a exponham de um administrador dos bens da pessoa que desapar.:!ceu, se ela não ·,ouver
ao desprêzo público, ainda quando não haja intenção difamatória. deixado procurador ou representante.
Parágrafo único. Sem autorização da pessoa não se pode usar · do seu
nome em propaganda comercial. § 1" O juiz que nomear o ad'llinistrador fixar-lhe-á os podêres.
§ 29 A nomeação deverá recair no cônjuge e, na sua falta, no filho, no
Art. 43. Proteção do Pseudônimo - O pseudônimo usado por uma pai ou na mãe do desaparecido, sucessivamente.
pessoa, que a identifique como o nome, goza da prote·;ão a êste dispensada.
Art. 54. Legitimados para Requerer as Providências Legais - Podem
Art. 44. Identificação da Pessoa - A identificação da pessoa pode ta-
requerer a .nomeação de administrador, ou a declaração de ausência:
zer-se por qualquer meio de prova.
I - o cônjuge;
li - os presumidos herdeiros legítimos;
CAPÍTULO V
III - quem quer que tenha sôbre os bens do desaparecido um direito de-
pendente de sua morte;
DO DOMICíLIO
IV - os credores de obrigações vencidas;
Art. 45. Domicílio e Residência - O domicílio da pessoa física ê u V - o Ministério Público.
lugar onde ela tem a sede principal da sua atividade, e il residência, onde mora Art. 55. Abertura da S11cessão Provisória - A sentença que declarar
com a intenção de permanecer. a ausência determinará a abertura da sucessão provisória, e, logo passe em
julgado, imitir-se-ão os herdeiros na posse dos bens do ausente.
Art. 46. Domicílio Presumido - A residência "~;uivale ao. domicílio se
§ 1• Os sucessores provisórios prestarão caução antes de se imitirem na
êste é desconhecido, ou incerto.
posse dos bens .
Art. 47. Prevalência da Residência - Prevalecerá a residência sôbre o § 2• Os imóveis do ausente só se poderão alienar quando o ordene o juiz
domicilio nos casos em que a lei determinar. para evitar-lhes a ruína.
Art. 48. Domicílio Necessário - Têm domicílio necessário o incapaz, Art. 56. Efeitos da Imissão de Passe - Imitidos na posse dos bens, os
o funcionário público, o militar, o marítimo e o prêso. sucessores provisórios representarão o ausente ativa e ,::assiva, judicial e extra..
Parágrafo único. O domicílio do incapaz ê o do seu representante legal; judicialmente, passarão a administrar-lhe os bens e farâo seus os frutos catv.-
0 do funcionário público, onde exercer permanentemente suas funções, o do rais e civis_
militar onde estiver servindo, e, sendo da marinha, JU da aeronáutica, a sede § 1.0 Se na posse dos bens forem imitidos descendentes, ascendentes, ·1u
do coii:tando a que estiver imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o o cônjuge do ausente, terão direito a perceber todos os frutos naturais ou civis
navio estiver matriculado; e o do prêso, onde cumprir a sentença. · qu·e a êle caberiam.
. . Art. 49. Domicilio Aparente - O domicílio é! parente equipara-se ao § 2• Os outros sucessores deverão capitalizar metade dêsses lrutos c
verdadeiro, quando alegado em virtude de êrro inescusável. prestar contas, anualmente ao juiz, deduzidas as despesas de custeio.
§ 3• Havendo mais de um sucessor, um dêles ;;erá eleito para represen-
Art. 50. Mudança de Domicílio - Se uma pessoa transfere o centro tar o ausente como procurador comum.
de suas atividades . para outro lugar, muda de domicílio, ainda que continue a
residir. no lugar do domicílio anterior. Art. 57. Reaparecimento do Ausente - Se durante a posse provisória
o ausente reaparecer, ou se lhe provar a existência, .:essam imediatamente os
-10- -11

efeitos da declaração de ausência, devendo os sucessores restituir os bens em Art. 66. Comêço de Existência - A existência 'egal das oessoas jurí-
cuja posse se encontrarem, ou o seu valor. dicas começa com a inscrição do seu ato constitutivo no registro próprio, ou
Art. 58. Morte do Ausc."lte - Provando-se a morte do ausente d~rante com sua aprovação pela autoridade competente.
.a posse provisória, a sucessão definitiva àbre-se em favor daqueles ·ue, à Parágrafo único. O ato constitutivo de uma ressoa jurídica deve re-
época do faleciii_lento, eram seus herdeiros e legatários. vestir a forma escrita.
Art. 59 . Morte Presumida do Ausente - Transcorridos cinco anos do Art. 67. Registro - No registro das pessoas iurídicas se assentará:
dia em que se houver tido a última _noticia do desaparecido. poderão os '"J.te- I - a denominação os fins. a sede, a duração e o fundo social;
ressados requerer ao juiz que declare presumida a sua morte. II - o modo por que se administra e representa, miva e passiva. judicial
Parágrafo único. A declaração também pode ser requerida, provando-se e extrajudicialmente;
contar o ausente oitenta anos de nascido, e datarem de três as últimas noticias III - as condições de extinção e o destino do patr;mônio. nesse _caso;
suas. IV - o nome dos fundadores ou instituidores e dos diretores, bem :orno
Art. 60. Outros Casos de Morte Presumida Pode ser :leclarada a sua individuação.
morte presumida sem decretação da ausência nos cas9s seguintes:_ Parágrafo único. O registro far-se-á pela forma estabelecida na lei pró-
pria.
I - quando a morte de alguém é muitq provável pelo fato de ter desapa-
recido, enquanto se achava em perigo de' viéla; Art. 68. Atuação - A vontade das pessoas i:Jrídicas se expressa oor
li - quando alguém desaparece em campanha, ou é feito prisioneiro, trans- seus órgãos administrativos ou deliberativos.
corridos dois anos da vigência do tratado de paz. Parágrafo umco. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administrado-
Parágrafo único. A declaração de morte presumida nesses casos só oode res, desde que exercidos nos limites de seus podêres.
ser requerida após se terem esgotado as buscas e averiguações, devendo a Art. 69. Administração - Se a pessoa jurídica tiver administração co-
sentença determinar a data provável do falecimento. letiva, as decisões serão tomadas pela maioria de votos dos presentes, ~alvo
Art. 61. Efeitos da Declaração de Morte Presumida do Ausente - Pas- se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
sada em julgado a sentença que declare a morte presumida do ausente, aquêles § 19 Os podêres dos administradores serão definidos no ato constitutivo,
que se imitiram na posse provisória dos bens, ou seus sucessores, poderão le- aplicando-se à sua atuação, por analogia, as disposições concernentes i\ repre-
vantar as cauções prestadas, e requerer a sucessão Jdinitiva. sentação voluntária.
Art. 62. Regresso do Ausente - Regressando o ausente :1os dez anos § 2.• Se a pessoa jurídica ficar acéfala, o juiz, a requerimento de qualquer
seguintes à declaração de morte presumida, ou algum de seus descendentes. ou interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
ascendentes, aquêle ou êstes haverão só os bens existentes no estado em que Art. 70. D::Jmicílio - O domicílio da pessoa jurídica, 'salvo se diversa-
se acharem. os sub-rogados em seu lugar, ou o preço yue os herdeiros e demais mente dispuser o ato constitutivo, é o lugar onde ela tem a sua sede.
interessados houverem recebido pelos alienados depois c! aquele tempo. § 19 Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares dife-
Art. 6J. Nôvo Casamento do Cônjuge - Transcorrido um ano após ter -rentes, cada um será considerado domicílio para os <:~tos nêle praticados.
transitado em julgado a sentença que declare a morte presumida do ausente, § 2• Se a sede da pessoa jurídica fôr no estra<:~geiro, seu domicíiio. será,
pode o seu cônjuge contrair nôvo casamento. para os atos praticados no território nacional, o lugar onde nêle se estabelecer.
§ 1.0 Regressando o ausente, o segundo casamento serâ declarado nuío, Art. 71. Dissolução e Liquidação - Deliberada a dissolução da pessoa
mas produzirá os efeitos do matrimônio putativo. jurídica. ou cassada a autorização para funcionar, ;ubsistirá apenas para os
§ 2• Não se pronunciará a nulidade do segundo casamento se provada a fins da liquidação, até que esta- se conclua.
morte real do ausente em data posterior à sua celebração. § 1.0 As disposições estabelecidas para a liquidação das sociedades apíi-
cam-se às demais pessoas jurídicas.
Título ll § 29 Se o ato constitutivo não dispuser quanto ao destino dos bens, e o
órgão competente da pessoa jurídica não decidir de modo diferente, o rema-
DAS PESSOAS JUIDDICAS nescente do seu patrimônio será recolhido a instituiç3o de assistência social,
designada oelo Prefeito do Município onde tiver sede.
CAPÍTULO I § 3. 0 Dissolvida a pessoa jurídica, promover-se-á o cancelamento da ins-
crição.
DISPOSIÇõES GERAIS
CAPÍTULO 11
Art. 64. Personalidade Jurídica - A organização de pessoas ou de
bens, para determinados fins terá personalidade se pre'!ncher as condições exi- DAS ASSOCIAÇõES
-gidas na lei. _ Art. 72. Constituição - Constituem-se as associações pela umao de
Art. 65. Capacidade - As pessoas jurídicas podem adquirir o.; drei~ pelo menos vinte pessoas que se organizem para fins não lucrativos.
tos e assumir as obrigações que, por sua natureza, não sejam prívatvos da Parágrafo unico. Entre os associados não se estaoelecem direitos e obri-
pessoa humana. gações recíprocos.
12 - 13

Art. 73. Ato Constitutivo - As associações constituem-se ·)ela apr'>- CAPÍTULO lll
vação de seus estatutos em assembléia dos fundador•!s, porém não daquirem
personalidade jurídica antes da sua inscrição no registro próprio, ou ::la apro- DAS FUNDAÇõES
vação pela autoridade competente, se fõr o caso.
Art. 81. Constituição - Para constituir-se uma fundação, é necessano
Art. 71 Estatutos - Sob pena de nulidade, os estatutos das associações que bens livres sejam destinados a um fim especifico sob permanente admi-
devem indicar: nistração.
I - a denominação, os fins e a sede; Art. 82. Forma da Constituição - A fundação pode ser constituída
e
II -· as condições para a admissão, demissão exclusão dos associados; por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
III - a enunciação dos direitos e deveres dos associados; Parágrafo umco. Para a constituição por ato et;tre vivos é necessária
escritura pública.
IV - as fontes dos recursos para a sua manutenção;
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos a Art. 83. Conteúdo do Ato ConstitutzPo - No 3to constitutivo da fun-
dação devem ser especificados O fim a qU<' se destina, a dotação dos benS, E
administrativos; ·
o modo de administrá-la.
VI ~ as condições para a alteração da.!j dis,Posições estatutárias e para "1 § 1° Se o instituidor não baixar· os estatutos por que deve reger-se a fun-
dissolução. · ' ctação, aquêles a quem cometer a aplicação dos bens d:!verão formulá-los sub-
Art. 75. Admissão e Demissão de Associados - Observadas as exigên- metendo-os. em seguida, à aprovação da at:toridade competente. Se 'lão o
cias dos estatutos, a admissão de novos associados é 1ssegurada a tôda pessoa. fizerem, o órgão do Ministério Público incumbir-se-á de redigi-los para apre-
O direito de se retirar da associação não pode ser restringido. sentação ao juiz.
§ 2'' A reforma dos estatutos da fundação só é admitida se não contra-
Parágrafo único. Os estatutos podem limitar o número de associados. riar ou desvirtuar seus fins e fôr deliberada pela unanimidade de seus admi-
Art. 76. Exclusão de Associado - A exclusão dé associado só é per- nistradores.
mitida na forma prevista pelos estatutos ou por motivo grave, reconhecido pela Art. 84 Obrigações do Instituidor - Constituída a fundação por ato
maioria absoluta dos presentes à assembléia convocada, especialmente. para entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade dos bens
êsse fim. dotados, e se não o fizer, serão transcritos por mandado judicial, em nome da-
Art. 77. Igualdade dt:Js Associados - Os associados devem ter direi- quela.
tos iguais, podendo os estatutos instituir categorias t:speciais com vantagens Art. 85. Existência Legal - A existência legal das fundações começa
para os que a elas pertencerem. com a aprovação dos estatJ.ltos pelo juiz competente.
Art. 78. Intransmissibi/idade ela Qualidade de Associado A qualidade Art. 86. Fins - A fundação só se poderá constituir para fins rel:giosos,
de associado não pode ser cedida por negócio entre vivos, nem se transmite assistenciais. morais, ou culturais.
por direito hereditário.
Art. S7. Direito dos Beneficiários - Os benefici'irios de uma h;ndação,
Art. 79. Assembléia Geral - Compete privativamente à assembléia de desde que sejam pessoas determinadas no ato constitutivo, podem ex!Çtir dos
uma associação: administradores o cumprimento das disposições estatutárias.
I eleger e destituir os administradores; Parágrafo único. Se os beneficiários forem pessoas determináveis, cabe
ao Ministério Público fazer a exig.!ncia.
II alterar os estatutos;
III aprovar as contas; Art. 88. Fiscalização - Ao Ministério Público incumbe a fiscalização
das fundações, cumprindo ao seu órgão promover a anulação dos atos prati-
IV excluir os associados nos casos do art. 76, 2.' parte; cados pelos administradores sem observância dos estat:.ttos.
V deliberar a dissolução.
Art. 89. Oposição à Aprovação dos Estatutos - Os credores e os herdei-
§ 1.• A assembléia não pode revogar o mandato conferido aos adminis- ros necessários do instituidor podem opor-se à aprovação dos estatutos cta
tradores, salvo se êles faltarem gravemente a seus deveres. fundação, se instituída em prejuízo de seus direitos.
§ 2" As deliberações da assembléia no exercício de suas atribuições pri- Art. 90. Extinção - Extingue-se a fundação:
vativas só valem se tomadas por d01s terços dos associados, salvo a eleição
dos administradores e a aprovação das contas. I - nos casos previstos no ato constitutivo ou nos estatutos;
II - tornando-se ilícito, impossível ou inútil seu fim;
§ 3.• Se dois terços dos associados subscreverem uma proposta. ter-se-á
esta como deliberação da assembléia, independentemente de reunião. § 1° A extinção poderá ser promovida por qualquer interessado, devendo
Art. 80. Convocaçã.o A convocação da assembléia geral far-se-á ser providenciada pelo órgão do Ministério Público no caso da alínea II.
conforme prescreverem os estatutos, garantido a um quinto dos associados o di- § 2° Antes de declarar extinta a fundação, por se ter esgotado seu fim
reito de promovê-la. ou ser impossível a sua mantença, o juiz poderá determinar sua transformação
14-
para o cumprimento de finalidades que se harmonizem com a vontade do
instituidor.
Art. 91 . Liquidação - Ocorrendo fato extintivo da fundação, ·será esta
liquidada sob fiscalização do órgão do Ministério Público, e os bens transmi-
tidos a instituição congênere designada pelo juiz, salvo disposição em contrário
no ato constitutivo.

Livro II

DO DIREITO DA FAMíLIA

Título I

DO CASA.."\ffiNTO

CAPiTULO

DISPOSIÇõES_ GERAIS

Art. 92. Constitúição da Família Legítima - A família legítima é


-constituída pelo casamento.
Art. 93. Gratuidade do Casàmento - Será gratuita a celebração do
•Casamento civil, salvo se em audiência especial.
Parágrafo único. A habilitação para casamento, o registro e a primeira
·certidão, serão isentos de selos, emolumentos ou custas, para as pessoas cuja
.PObreza fõr atestada por autoridade competente.
Art. 94. CasamMto Religíoso - O casamento religioso produzirá todos
.os efeitos do casamento civil se, observadas as exigências da lei para a validade
·da celebração dês te, fõr inscrito no registro próprio. ·
§ 1° O celebrante de casamento religioso é obrigado a promover o seu
Tegistro nos oito dias seguintes à celebração, quando observadas as exigências
para a eficácia civil do casamento. Se não o fizer, qualquer interessado poderá
Tequerê-lo.
§ 29 O registro de casamento religioso realizado sem a observância das
formalidades exigidas para a celebração do casamento civil poderá ser efetuado,
.a todo tempo, desde que o requeira o casal, com a prova de celebração do
.ato religioso e os documentos exigidos para a habilitação.
Art. 95. ·Eficácia da Tnscrição - Os efeitos da inscrição retrotraem à
data da celebração do casamento.
Parágrafo único. A inscrição valida os atos praticados com omissão
.das formalidades exigidas, exceto se o casamento se houver realizado não
obstante a existência de impedimento ou se um dos nubentes era, ao tempo da
.celebração, incapaz para contrair matrimônio.
-17-
- 16
Art. 102. Oposição dos Impedimentos - Os impedimentos matrimoniais
CAPÍTULO li 'Podem ser opostos por qualquer p;:!Ssoa maior que, sob sua assinatura, apresente
.declaração escrita, instruída com as provas do fato que alegar.
DA CAPACIDADE MATRIMONIAL § 1o Se o declarante não puder instruir a oposição com provas, precisará
.o lugar onde podem ser obtidas, ou nomeará, pelo menos, duas testemunhas
Art. 96. Incapacidade Matrimonial Absoluta - Não podem casar: .que, de pronto, atestem o impedimento.
I as mulheres menores de quatorze anos; § 2" Se o juiz, ou o oficial, tiver conhecimento da existência de impedi-
li os homens menores de dezesseis anos; mento matrimonial, será obrigado a declará-lo.
UI os insanos mentais . Art. 103. Ciência aos Nubentes - O oficial dará aos nubentes, ou aos
Parágrafo único. Será permitido o casamento de menor incapaz para :Seus representantes, nota do impedimento oposto, com tôdas as indicações
evitar a imposição de pena criminal, ou para resguardo da honra da mulher necessárias à contestação ;
que não atingiu a maioridade. Art. 104. Oposição de Má-Fé - O oponente :!e má-fé responde civil
Art. 97. Nóvo Casamento - Ninguém pode contrair nôvo casamento, e criminalmente pelo seu ato.
sem ter feito a· prova .de que o anterior foi diss~lvic;lo pela morte, ou declarado
inválido. CAPÍTULO IV
Art. 98. Casamento de Menores - Os menores não podem contrair
casamento sem a autorização dos pais, ou do tutor. DAS FORMALIDADES PRELIMINARES DO CASAMENTO
§ 1° A autorização dos pais, ou do tutor, será declarada por escrito
e apresentada ao oficial para que conste do processo de habilitação. Art. 105. Documentos Para a Habilitação - A habilitação para casa-
§ 2° A denegação do consentimento pode ser suprida pelo juiz. mento será requerida pelos nubentes, instruído o requerimento com certidão de
§ 3° Sendo o casal desquitado, dará o consentimento o cônjuge em cuja idade ou prova equivalente, bem como, quando fõr o caso, com a autorização
companhia estiver o filho. .escrita dos pais, ou do tutor, e a certidão de óbito do cônjuge falecido, ou da
.sentença judicial anulatória do casamento anterior.
Art. 99. Incapacidade Temporária - A viúva, ou a mulher cujo
casamento foi declarado inválido, não pode novamente casar senão depois Parágrafo único. A habilitação far-se-á perante o oficial do registro de
de decorridos trezentos dias a partir do comêço da viuvez, ou da declaração .casamentos e será homologada pelo juiz, ouvido o Ministério Público.
de ·invalidade salvo se antes do transcurso dêsse prazo der à luz algum filhor Art. 106. Proclamas - Recebida a petição, o oficial providenciará a
ou estiver de~quitada. imediata publicação do edital de proclamas, recusando-se a promovê-la se um
Parágrafo único. Esse prazo de espera pode ser encurtado pelo juiz. se .dos pretendentes não tiver capacidade matrimonial, ou existir algum impedi-
se comprovar que a mulher não está grávida. mento legal.
Art. 100. Casamento com Licença Judicial - Podem casar com licença: Art. 107. Dispensa dos Proclamas - A dispensa da publicação poderá
especial do juiz competente: -ser concedida pelo juiz em casos urgentes, ou quando, pelo conhecimento pessoal
I - o tutor, ou curador, e os seus descendentes, ascendentes e irmãos,. que tenha dos noivos, a julgue dispensável, a requerimento dêstes. se três
com a pessoa tutelada, ou curatelada; pessoas idôneas declararem por escrito que nenhum impedimento existe.
II - o juiz e os seus descendentes, ascendentes e irmãos com órfão, ou Art. 108. Efeito da Oposiçãp - A oposição regularmente levantada
viúva sob sua jurisdição. impede a celebração do casamento, a menos que seja julgada improcedénte.
Art. 109. Certificado de Habilitação - Se, nos. dez dias seguintes à
CAPÍTULO lii
publicação do edital de proclamas, não aparecer quem oponha impedimento
legal ao casamento, nem lhe constar a existência de algum, o oficial do registro
DOS IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS .certificará aos nubentes que estão habilitados a casar dentro nos três meses
imediatos.
Art. 101. Impedimentos - Não ê permitido o casamento:
§ 1° Levantada oposição, o oficial do registro dará ciência aos interes-
I - dos ascendentes ou descendentes, legítimos ou não; .-sados para que a respeito se pronunciem e, em seguida, submeterá o caso à
II - do sôgro com a nora, ou do genro com a sogra; .decisão do juiz competente, de cuja sentença caberá recurso quando a oposição
III - entre padrasto e ente<;da e entre enteado e madrasta; fõr julgada procedente.
IV - entre irmãos, legítimos ou ilegítimos, germanos ou não;
v· do adotante com o cônjuge do adotado, ou dêste com cônjuge § 2° Se a oposição fôr rejeitada, o oficial fornecerá o certificado de
daquele; habilitação.
VI entre o adotado e os filhos do adotante, ainda que adotivos.
- 18 -19-

CAPÍTULO V
§ 1° O têrmo será levado a registro nos cinco dias imediatos, e o oficial
procederá às diligências necessárias para averiguar se os nubentes podiam ter-se
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO habilitado ao casamento, na forma ordinária, decidindo o juiz, na hipótese
afirmativa, pela validade do ato.
Art. 11 O. Autoridade Ceiebrante - O certificado de habilitação autoriza § 2• Se o enfêrmo convalescer, confirmará o casamento em presença do
os nubentes a càsar perante a autoridade civil competente, ou ministro religioso. juiz e do oficial do registro.
Parágrafo único. A prova de que estão habilitados a ca~ar na forma da
lei civil será arquivada pelo ministro celebrante quando realizado casamento CAPÍTULO VI
religioso.
DA PROVA DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Art. 111 . Lugar: da Ce/dJração - O casamento deve ser celebrado
pUblicamente, no dia, hora e lugar designados pela autoridade celebrante.
Art. 117. Prova da Celebração - O casamento prova-se pela certidão
Art. 112. For:ma da Ce/ebraçã.o - A solenidade do casamento realizar- do registro.
se-á na casa das audiências, a portas abertas, presentes, pelo menos, duas Parágrafo um co. Justificada a falta ou perda do registro é admissível
testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, em caso de fôrça maior, qualquer outra espécie de prova.
querendo os nubentes, e consentindo o juiz, noutrq edjfício, público ou particular. Art. 118. Posse do Estado do. Casado A posse do estado de casado,
Parágrafo único. Quando o casamento fôr em casa particular, ficará esta uma vez provélda a celebração do casamento, sana qualquer defeito de forma.
de portas abertas durante o ato, e se algum dos contraentes não souber escrever, Art. 119. Posse do Estado de Casado de Pessoas Falecidas - O casa-
serão quatro, no mínimo; as te-stemunhas. mento de pessoas que faleceram na posse do estado de casadas não se pode
Art. 113. Cerimônia do Casamento - Presentes os nubentes, em pessoa. contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do registro
·ou representado um dêles, juntamente com as testemunhas, e o oficial, o juiz, civil, que prove que já era casada alguma delas quando contraiu o matrimônio
ouvida separada e sucessivamente, a declaração de que se querem receber por impugnado.
marido' e mulher, proclamará que estão casados, após lhes ter lido as disposições. Art. 120. Provas Duvidosas, ou Contraditórias - Na dúvida entre as
legais que estatuem os direitos e deveres recíprocos dos cônjuges. Em seguida, o provas pró e contra, julgar-se-á pelo casamento se os conJuges, cujo matri-
oficiante, os cônjuges, as testemunhas e o oficial assinarão o têrmo lavrado mônio se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
no livro de registro, no qual serão exarados:
I - o nome, data de nascimento, profissão, domicílio e residência dos. CAPÍTULO VII
cônjuges, dos seus genitores e das testemunhas;
li - o nome que a mulher passa a ter em virtude do casamento; DA INVALIDADE DO CASAMENTO
III - a relação dos documentos apresentados ao oficial de registro e a
data da publicação do edital de proclamas; Art. 121. Casamento Nulo - É nulo o casamento contraído:
IV - o regime de bens. I por pessoa qu~ não tenha atingido a idade nupcial;
Art. 114. :iuspensão da Cer:imônia - Se algum· dos contraentes respon- II por insano mental;
der negativamente à pergunta do juiz, declarar que sua vontade não é livre e III por pessoas entre as quais haja impedimento;
espontânea, ou manifestar arrependimento. o juiz encerrará imediatamente a IV perante autoridade incompetente.
audiência só admitindo a realização de outra após .retratação por escrito do § 1o Considerar-se-á sanada a nulidade do casamento contraído perante
nubente que deu. causa à suspensão do ato, confirmada em audiência e-special. autoridade incompetente se não fôr alegada dentro em c!ots "'DOs da ceh::bra,ão.
Art. 115. Casamr.-zto por Procuração - O nubente pode ser represen• § 2° Não será nulo o casamento de rrienor do qual resultou gravidez.
tado no ato da celebração do casamento por procurador constituído em. Art. 122. Confirmação de Casamento Nulo - O que contraiu casamento,
instrumento público do qual conste a qualificação do outro nubente. enquanto incapaz, pode confirmá-lo quarido se tornar capaz.
§ t 0 É necessário que ao ato compareça pessoalmente um dos nubentes. Parágrafo único. Os efeitos da confirmação retro traem à data da cele-
§ 2• A procuração para casar é válida nos trinta dias imediatos à sua bração do casamento.
outorga. Art. 123. Legitimação Ativa - A decretação da nulidade de casamento
Art. 116. Casamento Nuncupativo - Quando algum dos contraentes pode ser promovida por qualquer interessado, ou pelo Ministério · Público.
estiver em iminente risco de vida e não fôr possível a presença das autori- Parágrafo úntco. Na ação de nulidade do casamento, nomear-se-á curador
dades competentes, o casamento poderá ser realizado mediante têrmo assinado especial que o defenda, se não houver órgão do Ministério Público com essa
por cinco testemunhas. que não sejam parentes em linha reta dos nubentes, atribuição.
do qual conste a declaração de que um dêles estava em perigo de vida, mas Art. ·124. Sc.-ztença de Nulidade - É necessário o recurso da sentença
em seu juízo, e que ambos declararam, livre e espontãneamente, que Si!:
que decretar a nulidade do casamento.
recebiam por marido e mulher.
-20 -21-

Art. 135. Direitos e Deveres Recíprocos - O casamento impõe nos


Art. 125. Casamento Anulável - É anulável o casamento contraído: cônjuges os deveres recíprocos de coabitação, fidelidade e assistência.
I - pelos menores relativamente incapazes sem a autorização dos pais.
Art. 136. Efeitos Patrrmoniars - Os cônjuges são obrigados a concorrer
ou do tutor;
li - pelos que tenham manife-stado o consentimento sob coação. com os seus bens e seu trabalho para o sustento da família, qualquer que seja
o regime matrimonial.
Parágrafo único. A anulação do casamento de menor, que. depen~e de
..; autorização dos pais, ou do tutor, só por êstes pode ser pr?mov1da. N~o se Art. 137. Dever de Coabitação - Os cônjuges devem ter vida em
~ anulará. porém, o casamento se dêle houver resultado \)ravidez, ou se a sua comum no lar conjugal.
celebração houverem assistido os pais ou o tutor.
,<.1;. ,'
Parágrafo único. O lugar de residência do casal será escolhido de comum
~'
Art. 126. Êrro Essencial - É também anulável o casamento qua~d.o acôrdo, podendo o juiz, por motivo justo, autorizar que residam separadamente.

I
IVry um dos cônjuges 0 houver contraído por êrro sôbre qualidades tão es~enciais Art. 138. Domicílio Conjugal - O domicílio conjugal será escolhido
...,..:. do outro, que o seu conhecimento posterior torne intolerável a vida em pelos cônjuges, decidindo o juiz se houver divergência .
comum, tendo em vista as finalidades do matrimônio. Parágrafo único. Qualquer dos cônjuges pode ausentar-se do domicílio
rJ Art. 127. Anulaçã.o por Êrro ou Co.ação - A anulação do casamento
por êrro essencial, ou coação, só poderá, se~ promovida pelo cônjuge que
conjugal para atender a encargos públicos ou a interêsses particulares de
monta, em beneficio da família, ou por motivos de saúde.
cometeu o êrro ou sofreu a coação. ' ' Art. 139. E:x:!;;-cício de Profissão - Cada cônjuge pode exercer a profis-
Art. 128. Anulação por ·Culpa de um dos Cônjuges - Se o casam:nto são de sua escõlha, a menos que seja prejudicial aos interêsses da família.
fôr anulado por culpa de um dos cônjuges, êste incorrerá na perda_ de todas
Art. 140. Frutos do Trabalho - Cada cônjuge rode dispor livremente
as vantagens havidas do outro cônjuge e ficará obrigado a cumpnr as pro- do fruto de seu trabalho, satisfeita a obrigação de contribuir para as despesas
messa-s que lhe houver feito no pacto antenupcial. _ da família.
Parágrafo único. Havendo filhos comuns, observar-se-ao, quanto a êles,
as disposições que lhes regulam a situação no desquite litigioso. Art. 141. Atos que não Dependem da Outor:ga do Cônjuge - A mulhe1
não predsa da autorização do marido para a prática dos atos que êle pode
Art. 129. Prazo para Anulação do Casamento - Extingue-se em noventa
praticar sem a sua outorga.
dia-s, contados da data em que se torna exercitável, o direito de promover a
anulação de casamento. Art. 142. Atos que Dependem da Outorga do Cônjuge - Nenhum dos
cônjuges pode, sem a autorização do outro, salvo se o regime de bens fôr o
Art. 130. Separação de Corpos - A ação de nulidade do casamento, da separação absoluta:
ou a de anulação, poderá ·ser precedida de pedido de separaç?o de corpos,
ordenando o juiz o afastamento de um dos cônjuges do lar conjugal, prescre- I - alienar, hipotecar. ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou seus
vendo a assistência que um deve dar ao outro, e provendo sôbre a guarda direitos reais sõbre imóvei-s alheios;
dos filhos. li - pleitear, como autor ou réu, acêrca dêsses bens e direitos.
Art. 131 . Sentença de Anulação - A sentença que anula ca-samento Art. 143. Suprimento de Outorga - A outorga de um dos cônjuges
só produzirá efeitos a partir do seu trânsito em julgado. pode ser suprida judicialmente, se denegada sem justo motivo, ou quando
impossível obtê-la.
Art. 132. Casamento Putativo - Embora nulo. ou anulável. o c~sa·
menta, se contraído de boa-fé, por ambos os cônjuges, produz todos os efeitos Art. 144. Atos Praticados Sem . a Outorga do Outro Cônjuge
civis, até que seja anulado ou declarado nulo. . É anulável o ato praticado por um dos ~ônjuge-s sem a outorga do outro, se
Parágrafo único. Se um dos cônjuges estava de boa-fe ao celebrar o a faita não foi suprida pelo juiz.
casamento, 05 seus efeitos civis só a êle aproveitarão. Parágrafo único. Legitimado para promover a anulação é o conjuge a
Art. 133. Legitimidade dos Filhos - A nulidade, ou a anulaçã~ ~o quem cabia autorizar, ou seus herdeiros, desde que a validade do ato seja
casamento não obsta à legitimidade do filho havido antes ou na constanc1a .impugnada no prazo de dois anos, contados da data em que dêle tiverem ciência.
dêle. estivessem, ou não, de boa-fé os pais. Art. 145. Efeitos da Anulação - A anulação dos atos de um cônjuge
por falta de outorga do outro, importa em ficar aquêle obrigado pela vantagem
CAPÍTULO V!ll que, do ato anulado, lhe haja advindo, a êle, ao consorte, ou ao casal.
DOS DIREITOS E DEVERES DOS CôNJUGES Parágrafo único. Se o cônjuge que houver praticado o ato anulado não
tiver bens particulares, que bastem, o dano aos terceiros de boa fé se comporá
Art. 134. Efeitos do Casamento - O casamento cria a família legítima, pelos bens comuns, na razão do proveito que lucrar o casal.
determina o vínculo do parentesco por afinidade entre cada cônjuge e os
parentes do outro legitima o filho havido antes de sua realização, emancipa o Art. 146. Condição da Mulher Casada - Pelo casamento a mulher
cônjuge menor, é' fonte de direito hereditário, e e-stabelece, . entre os cônjuges, assume a condição de consorte, companheira e colaboradora do marido na
direitos e deveres comuns e próprios. direção e nos encargos da família.
-22- -23-
Art. 147. Poder Doméstico da Mulher - À mulher compete, por direito Art. 154. Quando o Adultério Deixa de Ser Motivo para o Desquite
próprio, a direção e administração do lar. O adultrrio deixará de ser motivo para o desquite:
Art. 148. Podêres Subsidiários do Cônjuge - Se qualquer dos cônjuges I - se o autor houver concorrido para que o réu o cometa;
estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de dois an~s, ii - se o cõnjuge inocente lho houver perdoado.
ou interditado judicialmente, o outro exercerá, por si só, a direção da famíha, Parágrafo único. Presume-se perdoado o adultério, quando o cônjuge
cabendo-lhe: _ '. ' ·í inocente, conhecendo-o, coabitar com o culpado.
I - administrar os bens comuns e os do outro cônjuge; Art. !55. Restabelecimanto da Sociednde Conjugal - Seja qual fôr a
Il - praticar. suprida pelo juiz a falta de outorga do outro cônjuge, os causa do desquite, e o modo como êste se faça, é licito aos cônjuges restabelecer
atos que desta dependam; n todo tempo a sociedade conjugal, nos ti!rmos em que f&-a constituída.
III - exercer o pátrio poder. § 1" Para que cessem os efeitos da sentença de desquite basta a decla-
ração escrita dos cônjuges de que se reconciliaram, feita ao oficial para a
competente averbação.
Título li § 2" A reconciliação em nada prejudicará os direitos de terceiros, adqui-
ridos antes e durante o desquite, seja qual fôr o regime de bens.
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIÉDÃDE CONJUGAL Art. 156. Efeitos Secundários do Desquite - No desquite litigioso, sendo
o cônjuge inocente e pobre. prestar-lhe-á o culpado a pensao alimentícia que
CAPÍTULO I o juiz fixar;, a quota com que, para criação e educação dos filhos, deve
concorrer o cônjuge culpado, ou ambos. se um e outro o forem, também será
DA DISSOLUÇÃO DO VíNCULO MATRIMONIAL fixada pelo juiz.
Parágrafo único. Se a mulher fôr o cônjuge culpado, perderá o direito
. Art. 149. Morte de um dos Cônjuges - O vinculo matrimonial só se de usar o nome do marido.
dissolve pela morte de um dos cônjuges.
Art. 157. Efeitos quanto aos Filhos no Desquite Amigável - No des-
Art. 150. Invalidade do Casamento - A sociedade conjugal estabelecida quite amigável, observar-se-á o que os cônjuges acordarem sôbre a guarda
em conseqüência de casamento nulo ou anulado extingue-se por sentença dos filhos.
judicial.
Art. 158. Eleitos quanto aos FilhOs no Desquite Litigioso - Sendo o
desquite litigioso, ficarão os filhos menores com a mãe, salvo se o juiz verificar
CAPÍTULO !I
que tal solução é inconveniente para êles.
Parágrafo único. A guarda dos filhos menores poderá ser deferida ao pai,
DO DESQUITE ou a ascendente, ou irmão do cônjuge inocente, se assim o justificar o interêsse
daqueles.
Art. 151. Desquite - A sociedade conjugal pode terminar pelo desquite,
litigioso ou amigável, separando-se os cônjuges sem quebra do vinculo matri- Art. 159. Podêres do Juiz - Havendo motivos graves poderá o juiz,
monial, e extinguindo-se o regime de bens como se o casamento fõsse anulado. em gualquer caso, a bem dos filhos, regular por maneira diferente da estabelecida
nos artigos anteriores a situação dêles para com os pais.
Art. 152. Causas da Desquite - A ação de desquite só se pode fundar Parágrafo único. Se todos os filhos couberem a um só cônjuge, fixará o
em alguma das causas seguintes: juiz a contribuição com que, para o sustento dêles, haja de concorrer o outro.
- adultério; Art. 160. Direito de Visita - Seja qual fõr a causa do desquite e o
li tentativa de morte; modo por que se regule a situação dos filhos, é assegurado aos pais o direito
de vê-los, visitá-los e recebê-los, nas condições que o juiz determinar.
lll - abandono do lar durante um ano continuo;
Parágrafo único. No desquite amigável é proibida qualquer estipulação
IV - sevícias; que iniba um dos pais de exercer os direitos assegurados neste artigo.
V - injúria grave. Art. 161. Averbação da Sentença - Para valer contra terceiro;;, a sen-
Parágrafo único. Se no curso du processo forem comprovados fatos tença de desquite deve ser averbada no livro de registro do casamento, por
outros que não os argüidos, o juiz decret!'lrá o desquite se tais fatos eviden- determinação do juiz.
ciarem a impossibilidade da vida em comum.
Art. 162. Extinção no Processo de Desquite O processo de desquite
Art. 153. Desquite Amigável - É permitido o desquite por múruo extingue-se pela morte de um dos cônjuges antes de pronunciada a sentença
consentimento dos cônjuges, se forem ~asados há mais de dois anos. definitiva.
Parágrafo único. O desquite amigável deve ser manifestado perante Parágrafo único. A morte de qualquer dos cônjuges não extingue o pro-
juiz, que o homologará se malograr a conciliação que lhe incumbe promover. cesso de desquite ·amigável,' se já proferida a sentença homologatória no pri-
0
meiro grau.
-24 -25-

Título ill II - os bens doados, ou legados, com as cláusulas de inalienabilidade,


ou incomunicabilidade, e os sub-rogados em seu lugar;
DAS RELAÇõES PATRIMONIAIS ENTRE OS CôNJUGES III - os bens de uso pessoal;
IV os proventos do trabalho de cada cônjuge;
CAPÍTULO I V - as obrigações anteriores ao casamento;
VI - as obrigações provenientes de atos ilícitos.
DISPOSIÇõES GERAIS
Parágrafo único. A incomunicabilidade dos bens excluídos não se estende
Art. 163. Relações Patrimoniais entre eis CÔnjuges - As relações natri- aos frutos, quando percebidos ou vencidos na constância da sociedade conjugal.
moniais entre os cônjuges podem ser reguladas em pacto antenupcial. Art. 173. Administração do Patrimônio Comum - A administração do
Art. 164. Validade do Pacto Antenupcial - Não vale o pacto antenup- patrimônio comum deve ser exercida pelo marido. com a colaboração da mulher.
cial que se não estipule por escritura pública, ou quando o casamento não se Parágrafo único. O concurso da mulher é indispensável para os atos
realize nos três meses seguintes à data de sua assinatura. de administração que importem cessão do uso ou gôzo dos bens comuns.
Art. 165. Cláusulas Ineficazes - Ter-se-á como não escrita a cláusula Art. 174 Obrigações Contraídas pelo Marido e pela Mulhr,-,r - Os
de pacto antenupcial que suprima ou restrinjp djreito conjugal, ou paterno, ou bens da comunhão respondem pelas obrigações que contrair o marido ou a mulher
dispense obrigação essencial de cônjuge. para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às decor-
Art. 166. Pacto Antenupcial Estipulado por Menor - O menor que rentes de imposição legal. .
contrair núpcias poderá estipular pacto antenupcial com a assistência dos pais Art. 175. Separação Judicial dos Bens - Se a desordem nos nPgócios
ou do tutor. de qualquer dos cônjuges puser em risco os interêsses da família, o juiz, a
Art. 167. Alteração do Regime Matrimonial - Ressalvados os direitos requerimento do outro, pode determinar a separação de bens, ressalvados os

I de terceiros, o regime de bens do casamento, exceto o de separação obrigatória, direitos de terceiros.


poderá ser modificado, em qualquer tempo, a requerimento dos cônjuges, havendo
decisão judicial permissiva, que será transcrita no registro próprio. CAPÍTULO 1II
Art. 168. Sociedade entre Marido e Mulher - É permitida a sociedade
entre marido e mulher.· DO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL
Art. 169. Regime Legal :_ Se os nubentes não estipularem pacto ante-
f nupcial. ou se êste fôr nulo, vigorará, quanto aos bens, o regime de separação Art. 176. Comunhão Universal - O regime da comunhão universal
importa a comunicação dos bens pertencent~·s a cada cônjuge, ao se casarem, e
~ de bens com a comunhão de aqüestos.
Art. 170. Regime Obrigatório - É obrigatório o regime da separação dos que adquirirem na constância do casamento.
Parágrafo único. Só mediante pacto antenupcial se pode estipular o
de bens. sem comunhão de aqüestos. regime da comunhão universal. tendo-se como não escritas as cláusulas que
I - do maior de sessenta e àa maiot de cinqüenta anos; estabeleçam a comunicação dos bens e obrigações que se excluem no regime
II - dos que dependerem, para casar, de licença especial da autori- legal.
dade judiciária; Art. 177. Dívidas - Comunicam-se as dívidas ~ontraídas na constância
III - do viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto
do casame.nto e as anteriores que provierem de despesas com seus aprestos,
não fizer a partilha dos seus bens; ou reverterem em proveito comum.
IV - da viúva, até dez meses depois do óbito do marido, salvo se, a:ntes
de terminado êsse prazo, der à luz algum filho, ou fõr dispensada do prazo Parágrafo único. As dividas incomunicáveis só se poderão pagar, enquan-
to durar a sociedade conjugal, pelos bens que o devedor trouxer para o casal.
de espera.
Art. 178. Disposições Aplicáveis - Ao regime da comunhão universal
cAPÍTULO ll de bens aplicam-se as disposições do art. 172.
DO REGIME DA SEPARAÇÃO RELATIVA
CAPÍTULO IV
Art. 171. Separação Relativa - O regime da separação relativa importa
na separação dos bens que cada cônjuge possui ao casar e na comunhão dos DO REGIME DA SEPARAÇÃO ABSOLUTA
que lhes sobrevierem na constância do matrimônio. Art. 179. Separação Absoluta - Se os nubentes declararem, no pacto
Art. 172. Bens Excluídos - Excluem-se da comunhão: antenupcial, que adotam o regime da separação absoluta, ou usarem de expres-
I - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um sões equivalentes, conservarão o domínio e a posse dos bens que lhes perten-
ciam no momento da celebração do casamento, e de todos os que adquirirem,
dos cônjuges, em sub-rogação de bens particulares; a titulo gratuito ou oneroso, enquanto durar a sociedade conjugal.
26- -27

Art. 180. Disposição dos Bens - Cada um dos conjuges poderá alienar, Título N
hipotecar ou gravar de ônus real, os bens próprios, independentemente da
outorga do outro, ainda que sejam imóveis. DO PARENTESCO
Art. 181. Administração dos Bens - Os bens de cada cônjuge perma- CAPÍTULO I
necerão sob sua exclusiva administração.
Art. 182. Dívidas Contraídas pelo Marido e pela Mulher - Cada am DISPOSIÇõES GERAIS
dos cônjuges é responsável pelas dividas que assumir, · antes ou depois do
casamento, salvo as contraídas para atender aos encargos da família, pelas Art. 191. Linhas do Parentesc·o - São parente-s, em linha reta, as pes-
quais respondem em partes Iguais. soas que estão umas para com as outras, na relação Jt! ascendentes e descen-
dentes; em linha colateral, as que, tendo tronco comum, não descendem umas
Art. 183. Proibição de Doar - Se o regime da separação fór obriga- das outras.
tório, é nula a doação feita por um cônjuge ao outro.
Art. 192. Graus de Parentesco - Os graus de parentesco contam-se:
CAPÍTULO V I - na linha reta, pelo número de gerações;
/ II - na linha colateral. também pelo número de gerações mas, subindo de
DO BEM DE FAMíLIA um dos parentes até o tronco comum e, descendo, até encontrar o outro.
Art. 193. Limite do Parentesco - O vínculo de parentesco não tem
Art. 184. Constituição - Qualquer imóvel pode ser constituído em bem limite na linha reta; limitando-se, na linha colateral, para os efeitos legais, ao
de família pelo marido. pela mulher, ou por terceiro, seja qual fôr o seu valor. quarto grau.
Art. 185·. Inalienabilidade e Impenhorabilidade do Bem ele Família - O Art. 194. Afinidade - Os parentes de um cônjuge têm parentesco por
imóvel destinado a bem de família é inalienável e impenhorável. Seus frutos
afinidade com o outro.
não podem ser cedidos.
§ !." O parentesco por afinidade limita-se aos .1scendentes, aos descen-
Art. 186. Forma de lnstituiçã.o - O bem de família, instituído por qual- dentes e aos irmãos do cônjuge.
quer dos cônjuges, constitui-se mediante escritura pública pelos dois assinada, § 2." A afinidade, na linha reta, não se extingue rem a dissolução, pela
a qual, para validade da cláusula, deverá ser averbada no registro de imóveis. morte, do casament.c que a originou.
§ 1" O bem de família pode ser instituído por terceiro, em testamento,
CAPÍTULO H
devendo os beneficiados inscrevê-lo em seu nome, feita a devida averbação.
§ 2° Se alguém quiser instituir, por ato entre vivos, bem de família em DA FILIAÇÃO LEGíTIMA
favor de tim casal. ou do cônjuge sobrevivente com filhos menores, doa-lo-á por
escritura pública que será transcrita, averbando-se a cláusula. Art. 195. Filhos Legítimos - São legítimos os filhos nascidos após o
casamento, qualquer que tenha sido a data da concepção.
Art. 187. Administração do Bem de Família - A administração do bem
de família cabe ao cônjuge que fõr seu proprietário, ao marido, se comum, e
§ 19 Presumem-se legítimos os filhos nascidos dentro nos trezentos dias
subseqüentes à dissolução, ou anulação do vínculo matrimonial.
ao cônjuge sobrevivente até extinguir-se. § 2• Se antes de decorrido êsse prazo a viúva contrair novas núpcias,
Art. 188. Sobrevivência à Dissolução da Sociedade Conjugal - A e lhe nascer algum filho, êste se presume póstumo, se nascido cento e oitenta
dissolução da sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges não extingue dias antes do segundo casamento, e do segundo marido, se nascer após êsse
o bem de família. período, salvo prova em contrário.
Parágrafo único. Se os cônjuges se desquitarem, o imóvel passará à Art. 196. Prova da Filiação Legítima - A filiação legítima prova-se
propriedade dos filhos menores com vinculo que se extinguirá quando o filho pela certidão do têrmo do nascimento; na sua falta, ou defeito, por qualquer
mais mêço atingir a maioridade. modo admissivel em direito.
Art. 189. Cancelamento da Cláusula - A cláusula de bem de família Art. 197. Posse de Estado de Filho - A posse de estado de filho
poderá ser cancelada por ordem do juiz, a requerimento do interessado, se configura-se pela conjunção de fatos indicativos do vinculo de filiação,
motivo relevante o justificar. devendo concorrer, para estabelecê-la, as circunstâncias seguintes:
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos I - que a pessoa sempre tenha levado o nome daqueles de quem presu-
cônjuges, o que sobreviver poderá pedir o cancelamento da cláusula, se fôr ma ser filho;
o bem único do casal. II - que o pai e a mãe o tenham tratado sempre como filho legítimo,
Art. 190. Sub-Rogação - Sendo conveniente, os cônjuges poderão, com cuidando, nessa qualidade, de seu sustento e educação;
autorização do juiz. alienar o bem clausulado, sub-rogando-o em outro imóvel. Ill - que tenha sido constantemente reconhecido como tal pela família
e na sociedade. ·
-28- -29-

Art. 198. Vindicação de Outro Estado - Ninguém pode vindicar Parágrafo único. O filho poderá requerer a declaração judicial de legiti-
estado contrário ao que resulte do registro de nascimento, salvo provando midade após a morte dos pais que tenham vivido como se fôssem marido
êrro ou falsidade do registro. e mulher.
Art. 199. Ação de Prova de Filiação Legitima - A ação de prova Art. 207. Legitimação de Filho Pré-Morto - O casamento dos pais
de filiação legitima compete ao filho, passando aos seus herdeiros se êle legitima os filhos pré-mortos, se tiverem filhos legítimos ou ilegítimos reconhe-
morrer menor, ou em estado de insanidade mental. cidos.
Art. 200. Contestação de Paternidade - O marido pode contestar a Art. 208. Efeitos da Legitimação - Os filhos legitimados são em
paternidade, provando: tudo equiparados aos legítimos.
I - que era materialmente impossível ter coabitado com a mulher nos Art. 209. Impugnação da Legitimação A legitimação pode ser
primeiros cento e vinte e um dias dos trezentos precedentes ao nascimento impugnada pelos interessados, a todo tempo, provando-se a falsidade do
do filho; vínculo de filiação.
li - que, a êsse tempo. estavam os cônjuges notàriamente separados:
Ill - que era impotente. CAPÍTULO IV

Art. 201 . Legitimação para Contestar .a P,aternidade - O direito de DA FILIAÇÃO ILEGíTIMA


contestar a paternidade compete ao marido, 'passando a seus herdeiros, uma
vêz iniciada a ação. Art. 210. Filhos Naturais - São naturais os filhos de pessoas entre .\
Parágrafo único. Os descendentes ou ascendentes do marido podem as quais não havia impedimento para casar no· momento em que foram
ter a iniciativa de impugnar a legitimidade do filho se aquêle fôr incapaz concebidos.
ou, antes de expirar o prazo para a contestação da paternidade, vier a falecer Art. 211. Reconhecimento - Os filhos naturais podem ser reconhe-
ou se tornar insano mental. cidos pelos pais, conjunta ou separadamente.
Art. 202. Prazo para a Contestação O direito de contestar a Art. 212. Modos de Reconhecimento Voluntário - O reconhecimento
paternidade extingue-se não sendo· exercido nos noventa dias seguintes ao de filho natural só será válido se feito:
nascimento, se presente o marido.
§ 1v Se estava ausente. conta-se o prazo do dia em que chegou à I - no próprio têrmo de nascimento, ainda que por declaração. posterior,
residência do casal. firmada pelo pai, perante duas testemunhas, e averbada pelo oficial do registro;
§ 2. 0 Se o nascimento lhe foi ocultado, do dia em que descobriu a fraude. li - mediante escritura pública;
§ 3" Se foi induzido maliciosamente a reconhecer a paternidade, do dia III - por testamento;
da descoberta do dolo. IV - mediante declaração em processo judicial.
§ 4'' O direito de contestar a paternidade pode ser exercido após o Parágrafo único. O reconhecimento feito por testamento torna-se eficaz
decurso do prazo, se o marido justil:icar sua omissão. ao tempo da morte do testador, valendo ainda que o testamento tenha sido
Art. 203. Confissão d.: Adultério - A presunção legal de legitimidade revogado.
da prole não cede só pelo adultério da mulher que vive sob o mesmo teto
com o marido, nem pela simples conlissão de que o lilho é àdulterino. Art. 213. Irrevogabi/idade do Reconhecimento Ê irrevogável o
reconhecimento.
Art. 204. Impugnação de Legitimidade - Em qualquer tempo pode
ser exercido o direito de Impugnar a legitimidade com fundamento em invali- Art. 214. Cláusulas Defesas - O reconhecimento não pode ser feito
dade do casamento, suposição do parto, substituição do recém-nascido ou sob condição ou a têrmo, nem conter cláusulas que limitem seus efeitos.
nascimento do filho mais de trezentos dias após a dissolução da sociedade Art. 215. Reconhecimento Judicial - O filho natural tem ação contra
conjugal. os pais, ou seus herdeiros, para demandar o reconhecimento da filiação.
Parágrafo único. Êsse direito pode ser exercido contra o filho ou os
pais por todos aquêles a quem aproveitar a declaração de ilegitimidade. § 1• A paternidade será declarada por sentença judicial se fôr provado,
por quaisquer meios, que a concepção do filho ocorreu quando o presumido
pai mantinha relações sexuais com a mãe, ou se conduzira em relação àquele
CAPÍTULO III por forma equivalente a admissão de paternidade.
§ 2• O direito de investigar a paternidade pode ser exercido a todo
DA LEGITIMAÇÃO tempo.
Art. 205. Legitimação de Pleno Direito - A legitimação dos filhos Art. 216. Alimentos - O investigante terá direito a alimentos provi-
verifica-se, de pleno direito, pelo subseqüente casamento dos pais. sionais desde que lhe seja favorável a sentença de primeira instância, embora
se haja desta interposto recurso.
Art. 206. Legitimação por Declaração /udrcial - Se os pais VIVIam
na posse do estado de casado, o que sobreviver poderá pedir ao juiz que Art. 217. Impugnação do Reconhecimento O reconhecimento de filho
de'clare a legitimidade dos filhos comuns. natural pode ser impugnado se fõr contrário à verdade.
--30- 31

Parágrafo único. A impugnação pode ser oposta por qualquer pessoa Art. 230. Responsabilidade do I nvestigante - Responderá por perdas
que tenha justo in terêsse. e danos o investigante que houver proposto a ação por espírito de emulação,
mero capricho, ou êrro grosseiro, reconhecido o abuso na própria sentença
Art. 218. Impugnação do Filho - O filho pode impugnar o reconheci- que julgar improcedente a ação.
mento dentro nos quatro anos seguintes à maioridade, ou à e'mancipação.
Art. 231 . Reconhecimento dos E.ilhos Adulterinos - Os filhos adulte-
Art. 219. Consentimento do Filho - O reconhecimento de filho maior, rinos podem ser reconhecidos após a dissolu ão da sociedade con ·u , nos
mediante escritura pública, depende de seu consentimento. mesmos têrmos e pelos mesmos mo os os filhos simples-
Art. 220. Investigação de Maternidade - A maternidade de mulher mente naturais.
solteira ou viúva pode ser declarada por sentença, a requerimento do filho Art. 232. Disposições Aplicáveis - Ao reconhecimento dos filhos
ou de .seu representante legal. Não se permitirá, porém, a investigação quando adulterinos aplicam-se as disposições que regem o dos filhos naturais.
tenha por fim atribuir à mulher prole incestuosa.
Art. 233. Alimentos - Para efeito de prestação de alimentos, o filho
Parágrafo único. O direito de investigar a maternidade pode ser exerci- adulterino pode acionar o pai em segrêdo de justiça, estando êste casado.
do contra a presumida mãe ou contra seus herdeiros. Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte do que
Art. 221. Proibição de Investigar a Ma~ernidade - Não se permite a .foi condenado a prestar alimentos, quem os obteve não preêisa propor a
investigação de maternidade quando tenha por fim atribuir prole ilegítima ação de investigação de paternidade para ser reconhecido, mas os interessados
à mulher casada, salvo se estiver separada de fato do marido e o filho houver podem impugnar a filiação.
nascido mais de um ano após a separação. Art. 234. Separação de Fato - Se os cônjuges estiverem separados
Art. 222. Nulidade do Reconhecimento É: nulo o reconhecimento de fato e da mulher nascer filho que, pelas circunstâncias, não é do marido,
feito pelo incapaz, ou por forma não permitida. a presunção de paternidade pode ser ilidida por prova em contrário.
Pará grato único. Em tais circunstâncias, dissolvida a sociedade conju-
Art. 223. Reconhecimento Anulável - É: anulável o reconhecimento gal, assiste ao pai o direito de reconhecê-lo em ação proposta juntamente
por vicio resultante de êrro, dolo, ou coação. com a mãe, se viva fôr, e ao filho o de demandar o reconhecimento da
Art. 224. Reconhecimento Antes do Nascimento e Depois da Morte filiação.
O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho, ou suceder-lhe ao
falecimento, se deixar descendentes. CAPÍTULO V

Art. 225. Guarda do Filho - Se o filho menor reconhecido pela mã{' DA ADOÇÃO
vive em sua companhia, e o pai o reconhecer, só se admite que seja separado
da convivência materna se ela concordar em entregá-lo ou, por sentença judi- Art. 235. Quem Pode Adotar - Qualquer pessoa de mais de trinta
cial, no interêsse do próprio menor. perder-lhe a guarda. anos de idade pode adotar, se é pelo menos dezesseis anos mais velha do
Art. 226. Introdução do Filho Reconhecido no Lar Conjugal .,.- O filho que aquêle a quem quer ter como filho adotivo.
reconhecido por pessoa casada não poderá residir no lar conjugal sem o Parágrafo único. Se o adotante é casado, não pode adotar sem o consen-
consentimento do outro cônjuge. Em caso de recusa, caberá ao pai que o timento do cônjuge, salvo se fôr impossível obtê-lo ou se estiver desquitado.
reconheceu prestar-lhe, fora do lar, alimentos correspondentes à condição Art. 236. Pluralidade de Adotantes - Ninguém pode ser adotado por
social em que viva. iguais aos que prestar ao filho legítimo, se o tiver, duas pessoas, salvo se forem marido e mulher.
dando-lhe inteira assistência. Parágrafo único. Em caso de morte do adotante, é permitida nova
Art. 227. Legitimação Ativa e Passiva - A ação de investigação de adoção.
paternidade pode ser proposta pelo filho ou seu representante legal, contra Art. 237. Adoção pelo Tutor - Enquanto não prestar contas de sua
o presumido genitor, e, se êste estiver morto, contra seus herdeiros. administração e entregar os bens do pupilo, não pode o tutor adotá-lo.
Parágrafo único. Iniciada a ação pelo investigante, seus herdeiros podem Parágrafo único. Incorre na mesma proibição o curador.
prossegui-la. Art. 238. Consentimento - Para a adoção é necessário o. consenti-
Art. 228. Efeitos da Sentença Declaratória de Paternidade ou M•ater- mento de quem se quer adotar, ou de seu representante legal, se fôr incapaz.
nidade - A sentença que julgar procedente a ação de investigação de pater- Parágrafo único. Se o adotando tiver mais de doze anos de idade,
nidade, ou maternidade, produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento· volun- deverá ser pessoalmente ouvido .
tário, podendo dispor sôbre o sustento do filho, bem como sôbre a proteção Art. 239. Forma A adoção far-se-á por escritura pública, homolo-
de seus interêsses patrimoniais. gada pelo juiz.
Art. 229. Contestação da Maternidade - Quando a maternidade constar Art. 240. · Efeitos da Adoção - Os direitos e deveres que resultam do
do têrmo de nascimento a mãe não poderá contestá-la, salvo provando a parentesco consanguíneo não se extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder.
falsidade do têrmo ou das declarações nêle contidas. que será transferido ao adotante.
32- 33-

Art. 250. Exercício do Pátrio Poder - O pátrio poder será exercido


Parágrafo único. Dissolvido o vínculo de adoção, os pais recuperam o
em comum pelos pais.
pátrio poder.
Art. 251. Podêres dos Pais Quanto à Peossoa dos Filhos - Compete
Art. 241. Direito ao Nome - O adotado acrescentará ao seu nome o
aos pais em relação aos filhos:
do adotante.
Parágrafo único. Se o adotando quiser, conservará seu nome de família. I - representá-los nos ·atos da vida civil, enquanto absolutamente inca-
pazes;
Art. 242. Efeitos Quanto ao Parentesco - A adoção estabelece entre II - assisti-los nos atos em que forem parte, enquanto relativamente
o adotant~ e o adotado parentesco meramente civil, que não se estende aos incapazes;
parentes de um ou do outro, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais. III - dirigir-lhes a criação e a educação;
Art. 243. Direitos de Sucessão - A adoção não atribui ao adotante IV tê-los em sua companhia e guarda;
direito de sucessão. O adotado será herdeiro necessário do adotante, se êste V - reclamá-los de quem ilegalmt>nte os detenha;
não tiver filhos legítimos, legitimados, ou reconhecidos, anteriores ou super- VI - nomear-lhes tutor;
venientes. VII - exigir que lhes prestem obediência e respeito, bem como os serviços
Art. 244. Extinção da Adoção - O vinculo da adoção pode ser dissol- próprios de sua idade e condição.
vido por mútuo consentimento, pela mesma formá por que se constitui. Parágrafo único. A representação e a assistência serão exercidas pe!o
§ 19 A quem foi adotado ao tempo em que era incapaz, permite-se pai.
dissolver o vinculo de adoção, independentemente do consentimento do adotan- Art. 252. Pátrio Poder na Filiação Ilegítima - Aos filhos ilegítimos
te, no ano imediato à cessação da incapacidade. reconhecidos pelos genitores, simultânea ou sucessivamente, aplicam-se as
Art. 245. Revogação da Adoção - A adoção pode ser revogada disposições concernentes ao exercício do pátrio poder.
mediante sentença judicial, provocada pelo adotante, se o adotado praticar · Art. 253. Direito de Correição - Se o pai não puder corrigir o filho,
qualquer dos atos que justificam a revogação das doações por ingratidão. interná-lo-á em instituto de correição, com autorização do juiz.
Parágrafo único. O Ministério Público poderá promover a revogação da
adoção, se, sendo menor o adotado, -a conduta do' adotante fôr contrária aos Art. 254. Efeitos do Do.~quite Quanto aos Filhos - O desquite não
bons costumes . modifica as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos
primeiros cabe, de terem em sua companhia e sob sua guarda os segundos.
CAPÍTULO VI Art. 255·. Dissolução do Casamento - Dissolvido o casamento pela
morte de um dos cônjuges, o pátrio poder passará a ser exercido exclusiva-
DA LEGITIMAÇÃO ADOTIVA
mente pelo outro.
Art. 246. Legitimação Adotiva - Os menores de menos de sete anos Parágrafo único. A viúva que contrair novas núpcias continuará no
de idade, cujos pais sejam desconhecidos ou estejam mortos, podem ser legiti- exercício do pátrio poder, permanecendo na administração dos bens, que
mados por adoção, desde que a promova, em juizo, um casal sem filhos, exercerá com inteü:a independência do nôvo cônjuge-.
correndo o processo em segrêdo de justiça. Art. 256. Administração dos Bens dos Filhos - A administração dos
Parágrafo único. Se o menor estiver recolhido a estabelecimento de bens pertencentes aos filhos menores será exercida pelo genitor escolhido de
assistência e proteção à infância, será necessária a audiência do encarregado de comum acôrdo, ou pelo pai, se os cônjuges não deliberarem a êsse respeito.
sua guarda.
Art. 257. Exclusão de Bens - Excluem-se. da administração dos pais:
Art. 247. Efeitos da Legitimação Adotiva - A legitimação adotiva
confere ao adotado os mesmos direitos e deveres do filho legitimo, ainda I os bens dos filhos ilegítimos adquiridos antes do reconhecimento;
que sobrevenha prole legítima ou natural. II - os proventos obtidos pelo exercício de atividade profissional;
Art. 248. lrrevogabi/idade da Legitimação Adotiva - A legitimação III - os que forem doados ou legados· ao filho sob a condição de não
adotiva é irrevogável. serem administrados pelos pais;
IV - os que aos filhos couberem na herança de que os pais tenham sido
Título V excluídos por indignidade.
Art. 258. Colisão de lnterêsses Sempre que no exercício do pátrio
PATRIO PODER poder colidirem os interêsses dos pais com os dos filhos, deverão êstes ser
representados por um curador especial.
CAPÍTULO I
Art. 259. Direito aos Frutos - Os pais têm direito aos frutos naturais
DISPOSIÇõES GERAIS e civis dos bens dos filhos, salvo: ·
Art. -249: Sujeição ao Pátrio ~Poder - Os filhos estão. sujeitos, enquanto os dos bens· que sejam doados ou deixados aos filhos sob condição
menores, ao pátrio poder. de que os pais lhes não percebam os frutos;
-34- -35-

II - os dos bens que sejam doados ou deixados aos filhos para fim Art. 267. Disposições Aplicáveis à Suspensão - Aplicam-se à suspen-
certo e determinado; são do exercício do pátrio poder as disposições relativas à perda conjunta, à
III - os dos bens excluídos da administração dos pais. obrigação de prestar alimentos e à reintegração nos casos de destituição.
Art. 268. Extinção do Pátrio Poder - Extingue-se o pátrio poder:
CAPÍTULO I[ I pela morte dos pais, ou do filho;
11 pela emancipação;
DA SUSPENSÃO, DESTITUIÇÃO E EXTINÇÃO DO PÃTRIO I li pela maioridade.
PODER
Título VI
Art. 260. Causas ele Suspensão - Suspender-se-á o exercício do pátrio
poder a quem: DOS ALIMENTOS
I - faltar aos deveres paternos;
li - fõr condenado, por sentença irrecorrível. ao cumprimento de pena Art. 269. Direito a Alimentos - Os parentes podem exigir uns dos
privativa da liberdade por tempo superior a çlois anos; outros os alimentos de que necessitem para subsistir.
III - tiver concorrido para a perversão ; do/ filho, deixando-o em esta de Art. 270. Reciprocidade dos Alimentos - O direito à prestação de
habitual de vadiagem, mendicidade, ou libertinagem; alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
IV - castigar imoderadamente o filho; recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta dos outros,
V - ocupar o filho em atividades ilícitas ou contrárias à moral c aos independentemente da natureza da filiação.
bons costumes. Art. 271. Conteúdo ela Prestação Alimentar - Os alimentos abrangem
Art. 261. Extensão da Medida - O exercício do pátrio poder tanto a alimentação, a cura, o vestuário, a casa, além da educação se o alimentado
pode ser suspenso unicamente em relação ao filho de quem o pai abusa, ou fõr menor.
a quein abandona, como também em relação a todos. Art. 272. Ore/em elas Pessoas Obrigadas. - Na falta dos ascendentes
Parágrafo único. A sentença que decretar· a suspensão do pátrio poder cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem da sucessão e faltando
determinará a extensão da medida. êstes, aos irmãos, assim germanos, como unilaterais. '
Art. 262. Alternativa a Favor do Pai Não se decretará a suspensão A~t. 273. Pluralidade de . Pessoas Obrigadas - Se vária5 pessoas são
do exercício do pátrio poder, se os pais se obrigarem a internar o filho em obrigadas a prestar alimentos a ·um só, devem concorrer na proporção dos
instituto de educação, ou garantirem, sob fiança, que cumprirão o dever de seus recursos.
que se descuraram .
Art. 274. Quando se devem Alimentos São devidos os alimentos
Art. 263. Destituição do Pátrio Poder Será destituído do pátrio quando o parente que os pretende não tem bens, nem póde prover, pelo seu
poder, por sentença judicial. o pai que: trabalho, à própria mantença, e o de quem se reclamam pode fornecê-los sem
I - puser em perigo a saúde do· filho por maus tratos, ou privação desfalque do necessário ao seu sustento.
de alimentos ou de cuidados indispensáveis; Art. 275. Critério para a Fixação dos Alimentos - Os alimentos devem
li deixar o filho em abandono; ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; pessoa obrigada.
IV - fõr condenado por crime praticado em co-autoria com o filho.
Art. 276. Exoneraçãp, Redução ou Agravação do Encargo - Se fixados
Parágrafo único. A destituição abrangerá todos os direitos compreen- os alimentos, sobrevier mudança na fortuna de quem os supre, ou na de quem
didos no pátrio poder e se estenderá a todos os filhos.
os recebe, poderá o interessado reclamar do juiz, conforme as circunstâncias,
Art. 264. Perda Conjun6a e Isolada - Se os cônjuges viverem em exoneração, redução, ou agravação do encargo.
comum, perderão ambos o pátrio poder, ainda que a causa da destituição só Art. 277. Distribuição do Encargo - Se o parente que deve alimentos
a um déles se possa imputar; estando separados, o exercício passará ao outro. em_ primeiro grau não estiver em condições de suportar totalmente o encargo
Art. 265. Obrigação de Prestar Alimentos - A destituição do pátrio serao chamados para concorrer os de grau posterior.
poder não exonera os pais do dever de sustento dos filhos, o qual passará Art. 278. Momento a Partir do qual são Devidos os Alimentos - Os
a ser cumprido mediante o pagamento de pensão arbitrada pelo juiz na alimentos são devidos a partir do dia em que seja citado, na ação própria
sentença que a decretar. quem os deve, podendo o juiz fixar data anterior se comprovado que a açã~
Art. 266. Restituição - · O pátrio poder pode ser restituído: foi retardada devido a obstáculos criados pelo devedor.
I cessada a causa de sua perda; Art. 279. Modo de Cumprir a Obrigação - A pessoa obrigada a
li provada a regeneração do pai; suprir alimentos poderá pensionar o alimentando ou dar-lhe em casa hospe-
IIl não havendo inconveniência na volta do filho ao poder dos pais. dagem e sustento.
.,.--- 36 37-
Parágrafo único. Compete, porém, ao juiz, se as circunstâncias exigirem, ·li - aos tios, irmãos do pai ou da mãe, sendo preferido o materno
fixar o modo de cumprimento da prestação devida. ao paterno, o do sexo masculino ao do feminino, o mais velho ao mais moço;
Art. 280. I ntransmissibilidade da Obrigação - A obrigação de prestar III - aos irmãos, na mesma ordem de preferência pelo sexo e pela idade.
alimentos não se transmite aos herdeiros do devedor. Parágrafo único. A ordem de preferência pode ser alterada pelo juiz
Art. 281. Proteção ao Crédito de Alimentos - O crédito de alimentos se assim o reclamarem os interêsses do menor.
não pode ser cedido. nem penhorado e· é insuscetível de transação, ou compen- Art. 291. Tutela Dativa - Na falta de tutor testamentário, ou legal,
sação. ou quando éstes forem excluídos, escusados ou removidos, o juiz nomeará
Art. 282. Prescrição das Prestações Alimentares - As prestações alimen- pessoa idônea para assumir o encargo.
tares prescrevem em dois anos, a partir da data em que cada prestação seja Art. 292. Tutela de Menores Abandonados - Os menores abandonados
exigível. terão tutores nomeados pelo juiz, ou serão recolhidos a estabelecimentos
Art. 283. Alimentos Provisionais - Antes de fixar definitivamente o públicos a êsse fim destinados. Na falta de estabelecimento adequado, fica-
modo de cumprimento da obrigação alimentar e o valor da pensão, o juiz, rão sob a tutela de pessoas que, voluntàriamente, se encarregarem de sua
ouvida a outra parte, ordenará o pagamento de alimentos provisionais, nestes criação.
compreendidas as despesas do processo. Art. 293. Irmãos sob Tutela - Aos irmãos que devam ser postos em
Art. 284. Alimentos ao Cônjuge Desquitado - Se um dos cônjuges tutela se dará um só tutor.
desquitados tiver necessidade de alimentos, o outro poderá ser obrigado a Parágrafo único. Se fôr nomeado mais de um, por disposição testamen-
concorrer para o seu sustento, mediante o pagamento de pensão alimentar tária, entende-se que a tutela foi deferida ao primeiro nomeado.
fixada pelo juiz, caso não tenha aquêle parentes que possam supri-los.
Art. 285. Irrenunciabilidade do Direito a Alimentos - Pode-se deixar Seção l/I - Do Exercício da Tutela
de exercer, mas não se pode renunciar o direito de alimentos.
Art. 294. Quem não pode ser Tutor - Estão impedidos de exercer
Título VII a tutela:
I os que não tiverem a livre administração de seus bens;
DA TUTELA E DA CURATELA II as pessoas inidôneas;
III os que tiverem incompatibilidade pessoal com o menor, ou com
CAPÍTULO I os pais dêste;
IV - os que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem
DA TUTELA constituídos em obrigação para com o menor, ciu tiverem que fazer valer
direitos contra êste;
Seção I - Disposições Gerais V - aquêles cujos pais, filhos, ou cônjuge tiverem demanda com o
Art. 286. Pessoas Sujeitas à Tutela - Se um menor não estiver subme- menor.
tido ao pátrio poder. será pôs to em tutela. Parágrafo único. Sobrevindo um dêsses impedimentos, o tutor será
exonerado da tutela.
Art. 287. Fim da Tutela - Ao tutor incumbe ;eger a pessoa do menor,
e administrar-lhe os bens. Art. 295. Atribuições do Tutor - Cabe ao tutor, quanto à pessoa do
Parágrafo único. O encargo da tutoria é pessoal e intransmissível. pupilo:
Art. 288. Nomeação de Tutor - O pai do menor e, em sua falta, a I - representá-lo, enquanto fôr absolutamente incapaz, e assisti-lo,
mãe, podem nomear-lhe tutor em testamento. quando adquirir capacidade relativa;
Parágrafo um co. A nomeação ficará sem efeito se qualquer dêles, ao II - prestar-lhe alimentos. conforme os seus haveres e condições;
tempo de sua morte, não tiver o pátrio poder. III - dirigir-lhe a educação;
Art. 289. Investidura do Tutor - O tutor é obrigado a prestar com- IV - exigir-lhe obediência e respeito.
,promisso de bem cumprir o encargo, antes de assumi-lo, oferecendo, nesse Parágrafo único. Se o pupilo possuir bens, será sustentado e educado
ato, garantia suficiente para acautelar os bens do menor qué devam ficar a expensas suas, arbitrando o juiz, para tal fim, as quantias necessárias.
sob sua administração. Art. 296. Atribuições de Ordem Patrimonial - Independentemente de
autorização judicial, compete ao tutor:
Seção li - Das Espécies de Tutela
I - fazer as despesas de sustento do pupilo, bem como as da adminis-
Art. 290. Tutela Legal - Se os pais não nomearem tutor, incumbe a tração dos seus bens;
tutela a outros parentes na ordem seguinte: II - receber os rendimentos dos bens e quaisquer proventos a que
I - ao avô paterno, depois ao materno, e, na falta dêste, à avô paterna tenha direito o pupilo;
ou à materna; Ill - alienar os bens de consumo;
IV - fazer benfeitorias necessárias.
-38 -39
Art. 297. Atos que Dependem de Autorização Judicial - Sem autori- Art. 307. Dispensa - Sobrevindo causa de escusa, o tutor poderá ser
zação do juiz, não pode o tutor praticar atos que excedam a administração dispensado do encargo, contando-se o prazo de dez dias para requerer a
ordinária de bens, nem dêstes dispor, ainda que a título oneroso, sob pena dispensa a partir daquele em que sobrevier o motivo.
de nulidade.
Art. 298. Atos Defesos - O tutor não pode, ainda com autorização Seção V - Da Cessação da Tutela
judicial:
Art. 308. Causas Extintivas - Extingue-se a tutelaf
I - adquirir por si, ou por pessoa interposta, mesmo em hasta pública,
bens imóveis ou móveis do pupilo; I - pela morte do pupilo;
Il - constituir-se cessionário de direito, ou de crédito, contra o menor; li - por sua maioridade, ou emancipação;
III - caindo o menor sob pátrio poder, nos casos de legitimação, adoção
III - dispor dos bens do pupilo, a titulo gratuito. ou reconhecimento.
Art. 299. Responsabilidade do Tutor: - O tutor responde pelos prejuí- Art. 309. Causas de Cessação da Tutoria - Cessa a tutoria:
zos que, por sua culpa, causar ao pupilo.
I - sobrevindo escusa legítima;
Art. 300. Reembolso de Despesas - ,O ~utor tem direito a ser reem- li - sendo o tutor removido.
bolsado do que legalmente despender no exercício da tutela.
Art. 310. Remoção do Tutor: - Será removido o tutor quando fa~tar
Art. 301. Gratificação do Tutor: - O tutor tem direito a perceber, aos deveres do encargo, ou incorrer em incapacidade.
pelo êxercicio da tutela, uma gratificação, . que será arbitrada pelo juiz, até o Parágrafo único. A remoção se decretará por sentença judicial, podendo
limite de dez por cento da renda líquida dos bens, se não houver sido fixada s2r precedida de mandado que suspenda provisõriamente o tutor do exercício
pelos pais do pupilo. da tutela.
Art. 302. Prestação de Contas - O tutor é obrigado a, trienalmente, Art. 311. Pr:escr: 1ção das Ações Relativas à Tutela - As ações do menor
ou quando, por qualquer motivo, deixar o exercício da tutela, prestar contas contra o tutor e as dêste contra aquêle, relativas à tutela, prescrevem em quatro
de sua administração 9erante o juiz, não podendo ser dispensado dessa anos, a partir do dia em que forem aprovadas definitivamente as contas.
obrigação.
Parágrafo único. Transmite-se aos herdeiros do tutor a obrigação de CAPÍTULO II
prestar contas.
Art. 303. Balanço Anual - No fim de cada ano. o tutor submeterá DA AS:3ISTÊNCIA AOS MENORES
ao juiz, para ser aprovado, o balanço de sua administração.
Art. 312. Disposições Aplicáveis - A assistência aos menores abando-
Parágrafo único. O ba1anço da administração pode ser exigido, em nados e àqueles a cuja subsistência não possam prover os pais regular-se-á
qualquer momento, pelo juiz, se o reclamarem os interêsses do pupilo. por leis especiais e pelas regras constantes dês te título.
Art. 304 Quando Cessa a Responsabilidade do Tutor: - Subsiste a res- Parágrafo único. Quem tenha a guarda de menor, não sendo seu pai,
ponsabilidade do tutor até o julgamento .definitivo das ;:antas, não obstante mãe ou tutor, responde por sua direção, educação e vigilância.
quitação que lhe dê o pupilo. Art. 313. Podêres Tutelares - Os estabelecimentos destinados à assis-
tência e protéção da infância exercem, por seus órgãos administrativos, podêres
Seção IV - Da Escusa dos Tutores tutelares sôbre os menores recolhidos, regendo-~hes a pessoa.
Art. 305. Escusa da Tutela - Podem escusar-se da tutela: Art. 314. Guarda do Menor: Abandonado - O menor abandonado jerá
entregue, pela autoridade competente, aos pais, ou a pessoa a quem se encar-
I - os maiores de sessenta e cinco anos; regue de su~ guarda, determinadas as condições que forem julgadas úteis à sua
II - os que tiverem família numerosa; saúde, segurança e moralidade.
III - os impossibilitados de exercê-la devido ao estado de saúde; Parágrafo úniCo. No interêsse do menor, a autoridade competente pode
IV - os militares em serviço; determinar o ~eu internamento em asilo, instituto de educação ou escola de
V os que habitarem longe do lugar onde &e haja de exercê-~a. preservaçãú e reforma.
Art. 306. Prazo para Apresentação da Escusa - A escusa seré'i apre-
sentada nos dez dias seguintes à intimação do nomeado, sob pena de caduci- CAPÍTULO I!I
dade do direito de alegá-la.
DA CURATELA
Parágrafo único. Se a escusa não fôr admitida pelo juiz, o nomeado é
obrigaüo a exercer a tutela, sob pena de indenizar as perdas e danos que o Art. 315. PG.ssoas Sujeitas à Interdição Judicial - Estão sujeitos a in-
menor venha a sofrer. terdição judicial os maiores incapazes.
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Art". 316. Legitimados a Promover a l nterdição - A interdição judicial


pode ser promovida:
I por qualquer dos pais;
li - pelo tutor;
III - pelo cônjug-e;
IV - pelos filhos;
V - pelo Ministério Público.
Parágrafo único. O \.i!.aistério Público só promoverá a interdição se não
existirem outras pessoas !egitimadas, ou, existindo, forem incapazes, e nos Livro III
casos de lou::ura furiosa.
Art. 317. Pronunci~mento da Interdição - A interdição será decretada DO DIREITO DAS COISAS
pelo juiz, comprovada a incapacidade do interditando.
§ 1° Na sentença em que a pronunciar, o juiz nomeará curador ao incapaz. Título I
§ 2• Enquanto se processar a interdição, o juiz poderá nomear admi-
nistrador provisório dos bens do interditando. ; / DOS BENS
Art. 318. Efeito da Sentença - A sentença que decreta a interdição
produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. CAPÍTULO I
Art. 319. Curatela [egal e Dativa - A curatela de pessoa casada é
DISPOSIÇõES PRELIMINARES
deferida, de pleno direito, ao outro cônjuge.
§ 1• Na falta do ::ônjuge, deve ser deferida aos filhos, e. na falta dêstes, Art. 328.
aos pais, estab-elecendo-se a preferência entre aquêles pela idade. Bens - São bens as coisas que podem ser objeto de direitos.
§ 2• Na falta das pessoas mencionadas, ao juiz caberá a escolha ào Art. 329. Coisas Fora do Comércio - Estão fora do comércio as· coisas
curador. insus::etiveis de apropriação e as que a lei declara inapropriáveis por particular.
Art. 320. Extensão da Autoridade do Curador - A autoridade do Art. 330. Bens Públicos - Os bens públicos regem-se por disposições
curador estender-se-á aos filhos do curatelado, sôbre os quais passará a exercer especiais.
tutela, se não ficarem sob c poder do outro cônjuge.
C.J>.PÍTULO Ii
Art. 321. Limitação das Atribuições do Curador - Na sentença que
decretar a interdição, o juiz fixará os !imites da curatela. DAS E&PÉCIES DE BENS
Art. 322. Levantamento da InterdiÇão - Se cessarem as razões determi-
nantes da interdição, será esta levantada por sentença judicial. Seção l - Dos Bens Móveis e [móveis
Art. 323. Disposições Aplicáveis - As disposições relativas à tutela
aplicam-se à curatela, com as modificações introduzidas neste capítulo. Art. 331. Bens Imóveis - São bens imóveis o solo e tudo quanto se
Art. 324. Nomeação de Simples Administrador - Se a perturbação lhe incorporar, natural ou artificialmente, ainda que por união transitória.
mental não excluir inteiramente o uso da razão, o juiz poderá nomear admi- Art. 332. Direitos l mobiliários - As disposições relativas aos bens
nistrador provisório, em vez de decretar a interdição. 1moveis aplicam-se também aos direitos reais que sôbre êles recaem e às res·
pectivas ações .
Art. 325. Doentes Mentais Internados - Os bens da pessoa que, para
tratamento de doença mental. se achar iliternada em casa de ·saúde, serão pro- Art. 333. Imóveis Desinc·Jrporados - Não perdem sua qualidade os
visôrfamente postos sob administração daquele a quem incumbiria o exercicio imóveis que admitirem remoção para serem incorporados a outro, nem os
da curatela, se fôsre interditado o paciente. materiais provisõriamente separados de uma construção para nela mesma se
§ 1• A nomeação. do 1dministrador provisório será feita pelo juiz, cor- reempregarem.
rendo o pro::esso em segrêdo de justiça. Art. 334. Pertences - As coisas destinadas, de modo duradouro, ao
§ 2• Se o internamento durar mais de um ano, o administrador é obri- s-erviço ou à utilização de. outras, ou mantidas intencionalmente em. sua explo-
gado a promover a interdição, sob pena de ser destituído. ração industrial, aformoseamento, ou ·::omodidade, seguem a sorte ·destas, mas
Art. 326. Administração dos Bens do Pródigo - Ao pródigo será dado podeiL· ser objeto de relações jurídicas autônomas.
administrador provisório de seus bens, em processo de inabilitação. ArL 335. Bens Móveis - São móveis os bens suscetíveis de movi-
Art. 327. Podêres do Administrador ProviSório - O administrador pro· mento próprio, ou de remoção por fôrça alheia, sem que se alterem sua
visório terá. quanto aos bens do enfêrmo internado, ou do pródigo, os podêres substância e sua destinação econômico-social.
que são conferidos aos curadores e as obrigações que a éstes incumbem. ~rt. 336. . Energia - Consideram-se bens móveis, para todos os efeitos
Parágrafo único. Cessam os podêr.es do administrador provisório com de le1, as energias naturais que tenham valor econômico.
a alta ao doente, . com a nomeação de curador, ou com o levantamento da
.inabi1itação.
-42- -43-

Art. 337. Direitos Mobiliários Aplicam-se aos direitos reais mobiliários verem destinação unitária, conservando-se como tal enquanto existirem as coisas
as disposições relativas aos bens móveis. singu!ares que a constituem.
§ 19 Se desaparecerem tôdas as coisas agregadas, menos uma, extingue-se
Seção li - Das Coisas Certas e Genéricas a universalidade.
§ 2• O proprietário pode extinguir a universalidade, separando as coisas
Art. 338. Coisas Certas - As coisas que, por sua natureza, se indivi- que tenha agregado, ou retirando-lhes a destinação comum.
dualizam mediante caracteres próprios e as que, p.2la vontade das partes, são § 3• As coisas singulares reunidas numa universalidade podem ser objeto
individualizadas, não podem substituir-se nas relações jurídicas de que são de relações jurídicas separadas.
objeto imediato, ou mediato. Art. 348. Patrimônio 0eparado - Do patrimônio de uma pessoa pode
Art. 339. Coisas Genéricas - As coisas geaéricas podem substituir-se ser se~arado um conjunto de '1ens ou direitos vinculados a um fim determinado,
por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade, se não forem infungíveis seja por mandamento legal, seja por destinação do titular. -
por destinação. Art. 349. Transmissão do Património - Só pelo direito hereditário
se transmite todo o patrimônio de uma pessoa.
Seção lll - Das Coisas Consumíveis e Deterioráveis
/ Seção Vll - Das Coisas Compostas
Art. 340. Coisas Consumíveis e lnconS>~Jmíveis - São consumíveis as
coisas cuja existência termina com o primeiro uso e aquelas cuja destinação é Art. 350. Partes Integrantes Materialmente Separáveis - As coisas que,
serem alienadas. As que são suscetíveis de utilização continuada, sem que embora incorporadas a outra, conservem sua 1dentidade, podem ser objeto de
pereçam. são inconsumíveis. direitos independentes se possível sua desincorporação sem que se destrua ou
Art. 341. Coisas Deterioráveis São deterioráveis as coisas sujeitas deteriore o bem a que ~e tenham unido.
a perecimento progressivo, decorr.ente de sua própria natureza. Art. 351. Partes Integrantes Econômicamente Separáveis As partes
integrantes de um 1móvel podem ser objeto de propriedade separada ou de
Seção IV distinto direito, se formam, de per si, uma unidade econômica separável.
Das Coisas Divisíveis e lndivisíveis

Art. 342. Coisas Divisíveis - _São divisíveis as co!sas que podem e Seção Vlll - Das Coisas Acessórias
indivisíveis as que_ não podem ser reduzidas a partes homogêneas e distintas,
formando cada uma destas um todo perfeito. Art. 352. Frutos Naturais e C i vi::. - Os frutos, produtos e rendimentos
Parágrafo único. As coisas naturalmente divisíveis podem tornar-se indi- pertencem ao dono da coisa, salvo se a sua propriedade tiver sido atribuída
visíveis por sua destin<~ção, por determinação da lei, ou pela vontade das a outrem. ! i~
partes.
Art. 353. Frutos Pendentes e Percipiendos - São pendentes os frutos
Art. 343. Direitos Divisíveis e lndit>isiVeis - Os direitos são divisíveis que ainda não podem ser percebidos ou separados da coisa principal; e per-
ou indivisíveis independentemente da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto cipiendos os que, podendo já ser percebidos ou separados, ainda o não
sôbre que recaiam. tenham sido .
Parágrafo uruco. A divisão de um direito pode verificar-se em partes
ideais ou pela partição material de seu objeto. Art. 354. Acessões - As acessões, desde que se tornem partes inte-
grantes do bem principal, seguem-!.he a sorte, salvo 1s exceções previstas
em lei.
Seção V - Das Coisas Presentes e Futuras
Art. 355. Benfeitori<ls - As obras que se fazem para conservar, -me-
Art. 344. Coisas Presentes - São presentes as coisas que já existem lhorar ou aformosear uma coisa consideram-5~ acessórias, qualquer que seja
err condições de servir à sua destinação. o seu valor.
Art. 345. Coisas Futuras - São futuras as coisas que não têm exis- Parágrafo único. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos e
tência atual ou, tendo-a, não estejam ainda em êondições de servir à sua acréscimos sobrevindos à coisa sem a intervenção do possuidor.
destinação . Art. 356. Qualificação das Benfeitorias - As benfeitorias podem ser
voluptuárias. úteis ou n.ecessárias.
Seção Vi - Das Coisas Singulares e Coletivas § 1• São voluptuárias lS de mero deleite ou recreio, que não aumentam
o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado
Art. 346. Coisas Singuiares - São singulares as coisas que, embora valor.
reunidas, se consideram de per si, independentemente das demais. § 2. 0 São úteis as que aumentam ou facilitam o l'so da coisa.
Art. 347. Universalidades de Fato - As coisas homogêneas, agregadas § 3• São neces~árias as que têm por fim conservar a coisa ou evitar
em um todo p.2la vontade do proprietário, formam uma universalidade, se ti- que se deteriore.
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CAPÍTULO III CAPÍTULO II

DA EXTINÇÃO DAS COISAS DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA

Art. 357. Extinção das Coisas - Extinguem-se as coisas: Seção I - Do Uso Nocivo da Propriedade
I - pE'lo seu perecimento, ou consumo; Art. 366. Limitação Ger,.z por Vizinhança - O proprietário ou pos-
li - quando a outras se unem ou incorporam; suidor de um prédio tem o direito de impedir qu.z o ·tso da propriedade vizinha
possa prejudicar a segurança. o sossêgo e a saúde dos que o habitam n:as é
III quando se transformam em especie nova;
obrigado a suportar as emanações de som, ou de calor, que não lhe causem
IV - nos casos previstos na lei. prejuízo substancial, ou as que provenham do uso normal do prédio de onde
sejam propagadas.
Título II Parágrafo úni·::o. Ao proprietário é !Jeito impedir quaisquer construções
ou instalações que possam vir a causar-lhe prejuízos, a menos que tenham sido
DA PROPRIEDADE autorizadas pe!o poder competente ou obedeçam às prescrições espedais da lei.
/ Art. 367. Direitos do Vizinho - O proprietário tem o direito de extgtr
CAPÍTULO I do dono do prédio vizinho, quando .!ste ameace ruína, que promova os meios
necessários para afastar '> perigo.
DISPOSIÇõES GERAIS Parágrafo único. Assiste-lhe, ainda, o direito de exigir que o vizinho
preste caução pelo dano iminente.
Art. 358. Conteúdo do Direito - O proprietário tem o direito de usar,
gozar e dispor da coisa nos limites da lei, reivindicá-la do poder de quem Seção li - Das Árvores Limítr::>fes
injustamente a detenha e repelir tõda intromissão indevida.
Art. 359. Exercício do Direito de Propriedade - O proprietário não Art. 368. Presunção de Condomínio - A árvore cujo tronco estiver na
pode exercer o seu direito em desa::õrdo com o fim econômico e social para linha divisória presume-se pertencer em comunhão aos donos dos prédios con-
o qual é protegido. finantes.
Art. 369. Propriedade dos Frutos - Os frutos caídos de árvores do
Art. 360. Direito aos Frutos e Acessões - O ;>roprietário é d0no dos terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram.
fruto, da coisa e de tudo yue não possa ser separado dela sem destruição,
deterioração, ou transformação. Art. 370. Corte de Raízes e Ramos - As raízes e ramos de árvore
que ultrapassarem a extrema do prédio poderão ser cortados pelo proprietário
Art. 361. Desapropriação - Mediante prévia e justa indenização em
do terreno sôbre que avançam, ;e não fõr atendida a reclamação do prejudicado
dinheiro, o proprietário pode ser privado, no todo ou em parte, dos bens que
para que sejam contidas no plano vertical divisório.
lhe pertencem, se a desapropriação fôr exigida por .ttilidade pública, ou inte-
Parágrafo único. Se o ryroprietário tolera que ramos de árvore do prédio
rêsse social.
vizinho deitem sõbre seu terreno, pertencem-lhe os frutos dêsses ramos.
Parágrafo único. A desapropriação reger-se-á por lei esp·2Cial.
Art. 362. Requisição - Em caso de perigo iminente, a propriedade par- Seção lll - Da Passagem Forçada
ticular pode ser usada, mediante requisição da autoridade competente, asse-
gurada ao proprietário justa indenização. Art. 371. Direito de Passagem - Se o proprietário de um prédio não
tiver saída para a via pública, ou acesso a fonte ou pôrto suficiente às suas
Art. 363. Propriedade sob Forma de Emprêsa - A propriedade, quand0
necessidades, terá direito de reclamar dos vizinhos que The concedam passagem,
exercida sob forma de emprêsa, deve conformar-se às exigências do bem
comum, sujeitando-se às disposições 1E'qrti~ que limitam seu ·conteúdo, que lhe ·.:ontra prévia in~nizaçãc. ·
Parágrafo único. Se por sua culpa perder a passagem, só poderá exigi-la
impõem obrigações e lhe reprimem os abusos.
novamente ressarcindo os danos decorrentes do restabelecimento.
Art. 364. Presunção de Propriedade Plena - A propriedade presume-se Art. 372. Acesso Insuficiente ou lnadequa.do - Se o acesso à via
p!ena e exclusiva até prova em contrário. pública. fonte· ou pôrto, fõr insuficiente ou inadequado, o proprietário que tiver
Art. 365. Extensão Vertical da Propriedade - A propriedade do solo necessidade de passagem, em razão das exigências da sua indústria, ou agri-
compreende o espaço aéreo e subterrâneo correspondentes, até anel.~ houver cultura, poderá obter sentença judicial que o assegure nas condições do
interêsse na sua utilização. O proprietário não pode opor-se às atividades de artigo anterior.
terceiros que sejam empreendidas a uma altura ou profundidade tais que não Art. 373. Passagem ác Veículos - Nos prédios rústicos, onde haja
tenha êle interêsse em obstá-las. A propriedade do subs'>lo não se estende às caminl os utilizados para o trânsito de pedestres, os proprietários não podem
jazidas e riquezas minerais, mas para a exploração destas terá preferência o impedir a circulação de veículos, desde que desta não resulte prejuízo à sua
proprietário do solo, nos têrmos da legislação especial. exploração.
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Art. 374. Passagem sem Encravamento - Não podem ser fechadas as § 1.0 Quando se tratar. porém, de casa de residência. sítio murado, páb.o,
passagens ou atravessadouros particulares por prédios rústicos que constituem jardim, alameda ou quintal. não será o seu proprietário obrigado a permitir
serventia dos vizinhos, ou pessoas indeterminadas, em uso há mais de cinco a canalização.
anos. § 2• A indenização corresponderá ao justo preço do uso do terreno ne~
Lessário ao aqueduto e à sua proteção.
Seção IV - Da-' Águas
§ 3• A direção, a natureza, e a forma do aqueduto devem ser as que
Art. 375. Uso de Águas - O uso de qualquer corrente, ou nascente de menor prejuízo causem ao prédio por onde passe, suportando o ônus o prédio
águas, para as primeiras necessidades da vida, é gratuito, se houver .:aminho no qual seja menos dispendiosa a condução das águas.
público que as torne acessíveis e, não havendo, os proprietários dos terrenos Art. 382. Conservação e Limpeza do Aqueduto - Aquêle que construa
marginais não podem impedir seu aproveitamento, mas têm direito à inde- aqueduto obriga-se a realizar as obras necessárias à sua conservação e ~.impeza
nização do dano que sofrerem com o trânsito pelos seus prédios. e a pagar os prejuízos que resultarem da infiltração ou irrupção das águas.
ParáÇTrafo único. O uso e aproveitamento das águas púb1icas e comuns
de todos reger-se-ão por lei especial. Àrt. 383. Direitos do Dono do Aqueduto - É assegurado ao dono do
aqueduto o direito de trânsito por suas margens para lhe dar ?Ssistência,
Art. 376. Direito sôbre as Águas - O dpno ,do prédio ~uperio;: tem o podendo consolidá-las com relvas, estacadas e muros de pedras sôltas.
direito de servir-se, para -;eus .t..sos, da corrente que' o atravessa ou nêle nasce,
mas não lhe é lícito ~eter ou desviar, em prejuízo dos prédios inferiores, as Art. 384. Edificação no Terreno onde Passa Aqueduro - O dono do
águas que fluem, interrompendo a sua utilização. prédio por onde passe o aqueduto tem direito de edificar sôbre êle e de cer~
cá~lo, desde que não o prejudique, nem impossibilite as reparações neces-
Art. 377. Escoamento ias A.-•ras - Os prédios inferiores são obrigados sárias.
a receber as águas que correm naturalmente dos prédios superiores, brotem do
solo ou provenha:IJJ de chuvas. Art. 385. Extensão do Direito do Dono do Aqueduto - A água, o
álveo e as margens do aqueduto consideram-se partes integrantes do prédio
§ 19 Ao proprietário, ot. possuidor, do prédio superior, é defeso realizar a que as águas servem.
qualquer obra que agrave ·o ônus impôs to ao prédio inferior.
Art. 386. Direito de Ocupar Área Circunvizinha - Se, para a proteção
§ 2 9 O proprietário, ou possuidor, do prédio superior pode impedir que de uma nascente contra a sua poluição, fôr necessária a ocupação de área
o dono ou possuidor do prédio inferior realize obra que embarace o fluxo das circunvizinha, o proprietário que distribui água potável, ou a utiliza para
águas. consumo g"era!, pode exigi:r que lhe seja cedida a área mediante o pagamento
§ 3• Se o dono do prédio superior fizer obras de arte para facilitar o de indenização.
escoamento das águas, procederá de modo que não piore a condição natural Art. 387. Conspurcação de Águas - A ninguém é lícito conspurcar
e anterior do prédio inferior. ou contaminar as águas que não r:onsome.
Art. 378. Direito às Sobras de Águas - Ao proprietário de prédio que § 1• Aquêles, que tiverem necessidade de inquinar águas, ficam abri·
tem necessidade de água é assegurado, mediante pagamento de indenização, o gados a purificá-las, ou a construir esgôto para que escoem sem prejuízo
direito di' exigir a que so~je de prédios vizinhos, provando que seriam anti· de terceiros.
econômicas as obras para obtê-la por outro modo. § 2• Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, industriais ou domiciliares,
Art. 379. Águas Levadas Artificialmente ao Prédio Superior - Quando só p~erão ser lançados às águas quando não implicarem sua poluição.
as águas, artificia!.mente levadas ao prédio superior, correrem dêle para o Art. 388. Escoadouro para Águas Acumuladas - É permitido ao dono
inferior, poderá o dono dêste reclamar que re desviem e exigir indenização de um prédio >brir pelos prédios vizinhos escoadouro para as águas que nêle
dos prejuízos que tenham causado. se acumulem com prejuízo de sua cultura, construindo valas, canais, regos ou
Art. 380. Obrigação de Receber Águas das Nascentes Artificiais - O encanamentos subterrâneos, se não houver saída Fara as águas pelo próprio
prédio inferior é obrigado a re.:eber as águas das nascentes artificiais do prédio prédio.
superior. se nPcessário seu escoamento, mas tem direito a uma indenização· de Parágrafo •íni'co. O dono dos prédios por onde escoarem as águas tem
cujo valor será deduzido o ,..roveito que lhe traga o escoamento. direito a indenização.
Art. 381. Canalização de Águas - É permitido, mediante prévia inde- Art. 389. Águas Pluviais - As águas pluviais pertencem ao dono do
nização ao prejudicado, canalizar as águas a que se tenha direito através de prédio onde caírem, a quem não é lícito, entretanto. desperdiçá-las em prejuízo
prédio alheio, desde que a canalização se destine: dos prédios que possam aproveitá-las, nem desviá-las, no mesmo caso, do
seu curso natural.
I a serviço de agricultura ou indústria;
II ao escoamento das águas supérfluas ou superabundantes; Art. 390. Águas Subterrâneas - As águas existentes no subsolo podem
III ao enxugo ou bonificação dos terrenos; se:ç aproveitadas pelo proprietário do solo, contanto que sua apropriação não
IV às primeiras necessidades da vida . prejudique o direito de terceiro ou o curso natural de águas do vizinho.
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Art. 391. Passagem de Canos de Agua - O proprietário de um prédio
é obrigado a permitir, mediante indenização, a passagem de canos de água. permitirem vtsao lateral. ou oblíqua, a distância mtmma a observar-se será
de setenta e cinco centímetros medidos do ponto mais próximo da linha divisória .
Art. 392. Consórcio de Usuários - Os proprietários de terrenos vizinhos Parágrafo único. Na proibição não se incluem:
podem reunir-se em consórcio para o uso <=omum das águas da mesma nascente,
ou de nascentes contíguas. I - os terraços cercados de paredes tão altas que tornem impossível o
Farágrafo único. O consórcio constituir-se-á por escrito do qual deverá devassamente do predio vizinho;
constar o regulamento do uso comum das águas. II - os óculos contíguos situados a tal altura que a visão se torne extre-
mamente difícil.
Art. 393. Extinção do Consorcio - A todo tempo, qualquer dos usuários
pode pedir a divisão, desde que esta não acarrete grave dano para os outros. Art. 402. Prédios Separados por Passagem Pública - As disposições
do artigo precedente não são aplicáveis a prédios separados por qualquer pas-
Seção V - Da Energia, Fôrça e Gás sagem pública.
Art. 403. Existência de Servidão de Luz - Quando houver servidão de
Art. 394. Passagem de Cabos Elétricos - O oroprietário ?. obriç.ado a luz, pela existência de janela a menos de metro e meio, o proprietário do pre-
permitir que por seu prédio passem cabos elétricos, aéreos ou subterrâneos, ou dio vizinho não poderá levantar construção a menos de três metros drsta.
canos de gás, se fõr isso estritamente nece·ssário, /ou antieconômica a passa-
gem por outro lugar. Art. 404. Abertura de Vãos para Luz - É permitida a abertura de vãos
para luz, não maiores de dez centímetros de largura sõbre vinte de compri-
Art. 395. Normas para a Instalação - A instalação deve ser feita mento, desde que não se acumulem formando abertura que, pelo númer0 c dis-
pelo modo mais apropriado e menos gravoso para o jrédio onerado. posição, permitam o devassamente do prédio vizinho.
Art. 396. Direito a Indenização - Os proprietários dos prédios por Parágrafo único. As frestas, seteiras, ou óculos para luz '1ão impedem
onde passarem os cabos. fios elétricos ou canos de ;Jás têm direito a indeni- que, a todo tempo, o vizinho levante a sua casa, au tontramuro, ainda que
zação. lhes vede a claridade.
Parágrafo umco. O proprietário que deva anuir na passagem dr con- Art. 405. Beiral do Telhado - O proprietário -:.dificará de manetra que
dutos de eletricidade sôbre seu terreno pode exigir que seja adquirida, em ex- o beiral de seu telhado não despeje sôbre o prédio vizinho, deixando de ner-
tensão razoável, a faixa de terra sôbre a qual devam passar. meio dez centímetros, quando menos, para o escoam.! ato das águas.
Art. 406. Decadência do Direito do Proprietáriv - Ao têrmo de ano e
Seção VI - Dos Limites entre Prédios dia caduca 0 direito do proprietário de :Jbrigar o vizinho a desfaze1 ;anela,
eirado, terraço, varanda ou goteira, contado o prazu do momento em que a
Art. 397. Demarcação entre Prédios - Todo proprietário pode obrigar
construção se tenha concluído.
o seu confinante a proceder com êle à <:1-emarcação .-ntre os dois oréd:os, a
aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinadrs, re·· Art. 407. Distância entre Prédios Rústicos - Em prédio rústico, não é
partindo-se proporcionalmente entre os interessados 'IS respectivas desoesas. permitido levantar construções novas ou fazer acréscimos às existentes, a aenos
de metro e meio da linha divisória, exclusive os tdpumes.
Art. 398. Confusão de Limites - No caso de confusão, os limites, em
falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse; e não se Art. 408. Distâncias Necessárias - Devem St!r observadas, quando
achando ela provada, o terreno contestado se repartirá proporcionalmente entre menos, as seguintes distâncias:
os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, adjudicar-se-á a um dêles, I - para a abertura de poços, cisternas ou fossas, dois metros entre a
mediante indenização ao proprietário prejudicado. linha divisória e a borda mais próxima;
Art. 399. Direito de Usar Obra Divisória - Do intervalo, muro, vala, . II - para a construção de estrebarias, currais, pocilgas, estrumeiras. c, em
cêrca ou qualquer outra obra divisória entre dois prédios, têm direito a usar geral, construções que incomodam ou prejudicam a vizinhança, a que fõr ti-
em comum os proprietários confinantes. presumindo-se, até prova em contrá- xada em posturas municipais. ou regulamentos de higiene. e. na sua falta, a
rio, pertencer a ambos. necessária a preservar o proprietário confinante de qualquer dano à salubri-
dade de seu prédio;
Seção VII - Do Direito de Construir Ill - para a escavação de canais ou fossos, a sua profundidade;
IV - para a plantação de árvores, três metros da extrema se não forem
Art. 400. Direito de Construir - O proprietário pode levantar en seu
terreno as construções que lhe aprouver, salvo o .:lireito dos vizinhos e as de grande porte.
restrições estabelecidas na lei. Art. 409. Direito de Travejar na Parede Divisória - Nas cidades, vilas
Art. 401 . Ab.ertura de Janelas - É proibido abrir janelas, ou fazer e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento, o dono de um ter-
eirado, terraço ou varanda, sôbre o terreno do vizinho, sem que haja de per- reno vago pode edificá-lo, travejando na parede divisória do predio contígu",
meio distância de, pelo menos, um metro e cinqüenta centímetros; mas se só se ela agüentar a nova construção; mos terá de embolsar ao vizinho meio
valor da parede e do chão correspondente.
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Art. 410. Direito de Assentar a Parede Divisória - O confinante, que Seção IX - Da Busca e Remoção de Animais
primeiro construir. pode assentar a parede divisória até meia ~spessura no
terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor áela, se Art. 416. Busca e Remoção de Animais - O proprietário é obrigado a
o vizinho a travejar. Neste caso, o primeiro fixará a largura do "licerce, permitir que o dono de animais busque e remova os que penetrarem no seu
assim como a profundidade, se o terreno não fõr de rocha. prédio. mas pode exigir indenização, assegurado o direito de retê-los até que
seja paga.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e
não tiver capacidade para ser travejada pelo outro. T~ão poderá êste lqzer-Ihe Seção X - Do Uso de Prédio Vizinho
alicerce ao pé, sem prestar caução àquele pelo risco a que a insuficiência da
nova obra exponha a construção anterior. Art. 417. Obrigação de Consentir na Entrada do Vizinho - O proprie-
Art. 411. Proibiçã.o de Encostar à Parede-meia - Não é licito encos- tário é obrigado a consentir que entre no seu prédio, .? dêle temporàr·amente
tar à parede-meia, ou a parede do vizinho, sem sua permissão, chammés, fo- use, mediante prévio aviso, o vizinho, quando seja lndispensável à reparação
gões, fornos. canos de esgôto. depósitos de água ou rle substâncias corrosivas ou limpeza, construção e reconstrução da casa dêste. Mas, se daí lhe provier
ou suscetíveis de produzir infiltrações nocivas. dano, terá direito a ser indenizado.
Art. 412. Direito do Condomínio de P.arcfle-mcia - O condômino da § 19 As mesmas disposições apHcam-se aos casos de limpeza ou reparação
parede-meia pode utilizá-la até o meio da espessura, desde que não ponha em dos esgotos, goteiras e aparelhos higiênicos, ·assim como dos poços e fontes já
risco a segurança ou a separação dos dois prédios e avise prêviamente o outro existentes.
consorte das obras que ali tencione fazer. Não pode, porém, sem :onsenu- § 29 Quando fôr preciso decotar a cêrca viva ou reparar o muro divisório,
mento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, cor- o proprietário terá o direito de entrar no terreno do vizinho, depois de o pre-
respondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto. venir. Êste direito. porém, não exclui a obrigação de indenizar ao vizinho todo
o dano, que a obra lhe ocasione.
Art. 413. Escavações e Construções - Não ~ão permitidas escavé'-;ões
ou construções que abalf?m as fundações de prédio vizinho, a menos oue Ee CAPÍTULO lii
façam as obras necessárias de consolidação para evitar que êste venha a so-
frer qualquer dano. DOS MODOS DE AQillSIÇAO DA PROPRIEDADE
Art. 414. Proibição Espf?cial de Construir ou Escavar - São proibidas
construções capazes de poluir ou inutilizar para o uso ordinário a água de Seção I - Disposição Preliminares
poço ou fonte alheia, a elas preexistente.
Parágrafo único. Não é permitido fazer escavações que tirem ao poço Art. 418. Modos de Aquisição - A propriedade adquire-se pelos modos
ou à tonte de outrem a água necessária, mas podem ser feitas as que anenas estabelecidos na lei.
diminuírem o suprimento do poço ou da fonte do vizmho, e não forem mais Parágrafo único. São modos comuns de adquirir a propriedade, móvel ou
profundas que as dês te, em relação ao nível do lençol dágua. imóvel, a sucessão hereditária e a usucapião.
· Art. 419. Aquisição da Propriedade Imóvel - Adquire-se a propriedade
Seção VIII - Do Direito de Tapagem imóvel:

Art. 415 . Direito de Tapagem - O proprietário tem direito de cprca:, I - pela transcrição do titulo translativo no registro próprio;
II - pela acessão.
murar, vaiar, ou tapar de qmrlquer modo o seu prédio, urbano ou rural, con-
formando-se com as disposições seguintes: Art. 420. Aquisição da Propriedade Móvel - Adquire-se a propriedade
§ 1" Os tapumes divisónos entre propriedades ,;Jresumem-se comuns, sen- móvel:
do obrigados os proprietários dos imóveis confinantes a concorrer, eru partes I - pela tradição;
iguais. para as despesas de sua construção e conservação, se necessárias a im- II - pela ocupação;
pedir incursões de semoventes . III - pela invenção;
§ 29 Por «tapumes» entendem-~e as sebes vivas, RS cêrcas de arame ou IV - pela especificação;
de madeira. as valas ou banquetas, ou quaisquer outros meios 1e separação V - pela comistão confusão, ou adjunção.
dos terrenos, observadas as dimensões estabelecidas rm posturas murucinais,
de acôrdo com os costumes de cada localidade, contanto que impeçam a passa-
gem de animais de grande porte, como sejam gado vacum, cavalar e muar. Seção li - Da Aquisição da Propriedade Imóvel
§ 3.9 A obrigação de cercar propriedades que exijam tapumes especiais
para impedir a passagem de animais de pequeno porte :ncumbirá "lo propr'etá- Da Transcrição
rio a quem aproveitem. Nas regiões onde é costume a criação de tais animais
soltos, seus proprietários não podem ser compelidos a construir tapumes es- Art. 421. Eficácia da Transcrição - Antes da transcrição no registro
peciais. próprio, o domínio sôbre imóveis não se transfere do alienante para o adquirente.
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Parágrafo único. A transcrição será feita no registro da comarca onde a qualquer indenização o proprietário do terreno por onde as águas abriram
estiver situado o imóvel, correndo suas despesas por conta do adquirente. nôvo curso.
Art. 422. Atos Sujeitos a Transcrição Estão sujeitos a transcrição os Parágrafo único Se o desvio fôr feito por utilidade pública. o proprietário
atos entre vivos, a título oneroso ou gratuito, .:JUe sejam hábeis para a transmis- .do prédio para o qual foram desviadas as águas terá direito a indenização, pas-
são do domínio, e as sentenças de arrematação ou adjudicação. sando a pertencer ao expropriante o álveo abandonado.

Art. 423. Atos Sujeitos a Inscrição Para permitirem a disponibilidade Art. 435. Álveo. Abandonado - O álveo abandonado do rio, público ou
do imóvel serão inscritos: ;particular. pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que
tenham direito a indenização alguma os donos dos terrenos por onde as águas
I as sentenças de usucapião; abrirem nôvo curso. Entende-se que os prédios marginais se estendem até ao
II os formais e as certidões de partilha; meio do álveo.
III os julgados pelos quais, nas ações divisórias, se puser têrmo à indi-
visão; Art. 436. Avulsão - Quando pela fôrça violenta e brusca das águas se
IV os atos de entrega de legados de imóveis. .destaca uma porção de terra considerável e reconhecível de um prédio, e se
junta a outro, o proprietário dêste adquire a propriedade da parte incorporada,
Art. 424. ContinuidadG do Registro - Para assegurar a continuidade de> devendo pagar justa indenização ao dono do prédio desfalcado.
registro de cada imóvel. nenhuma transcriçãó ou' inscrição se fará sem prévio Parágrafo único. Quando a avulsão fõr de coisa não suscetível de ade-
registro do título anterior, qualquer que seja a causa da transmissão, ou aqui- ;rência natural, o dono do terreno sôbre o qual tenha sido arrojada é obrigado
sição. .a restitui-la a seu proprietário, adquirindo-lhe. porém, a propriedade se não o
Art. 425. Quem Pode Promover a Transcrição - O registro será promo- .conhecer nem fôr a coisa reclamada no prazo de um ano.
vido pelo adquirente, ou pelo alienante, ou pelos sucessores de um ou de outro, Art. 437. Ilhas - As ilhas que se formarem no álveo de uma corrente
independentemente de nõvo consentimento do alienante. .de águas comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fron-
Art. 426. Transcrição após a Morte do Alienante - É válida a transcri- teiros, observadas as seguintes regras:
ção, ainda que. antes de ser feita, ocorra o óbito do alienante. I - as que se formarem no meio do rio, consideram-se acresCtrnos sobre-
Art. 427. Data da Transcrição - A data da transcrição é a do dia em vindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção
que o título fôr apresentado ao oficial do registro e êste o prenotar no protocolo. de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
li - as que se formarem entre essa }inha e urna das margens consideram-se
Art. 428. Presunçã.o de Propriedade - Até prova em contrário, o imóvel acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros dêsse mesmo lado;
pertence àquele em cujo nome estiver inscrito ou transcrito. III - as que se formarem pelo desdobramento de um nóvo braço do rio
Art. 429. Transcrição de Titulo Inválido - Se o título de transmissão .continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se cons-
fôr inválido, será nula a transcrição. tituíram.
Art. 430. Invalidade do Registro - Não é necessária ação direta para Art. 438. Ilhas Formadas C.'11 Águas Públicas - As ilhas situadas em
invalidar registro nulo. águas públicas pertencem ao domínio público corno bens patrimoniais da pessoa
Art. 431. Retificação do Registro - Poderá retificar-se, a requerimento jurídica a quem couberem. As que se formarem pelo desdobramento de um
do interessado, o registro que contiver erros manifestos cometidos na tomada nôvo braço de rio navegável podem entrar para o domínio público mediante
de indicação constantes dos títulos. prévia indenização.
Art. 432. Averbação dos Ônus Reais - A transcrição do título de trans- Art. 439. Construções e Plantações - Tôda construção, ou plantação.
missão deve ser feita com a averbação dos ônus que gravem ou restrinjam o .existente em um terreno se presume, até prova em contrário, pertencente ao pro-
direito do adquirente. bem assim de tôdas as cláusulas que interessem a tercei- prietário dêste.
ros, e devam ter publicidade. Art. 440. Construções ou Plantações Feitas com Materiais 011 Sementes
Alheias - Aquêle que semeia. planta, ou edifica em terreno próprio, com se-
Da Acessão mentes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade dêste, se a separa-
ção, sendo possível. não fôr reclamada pelo dono dos materiais no prazo de
Art. 433. Aluvião - Os acréscimos formados sucessiva e imperceptivel- um ano contado do dia em que houver tido conhecimento da incorporação, fican-
mente ao longo das margens do:s rios pertencem aos donos dos terrenos mar- do obrigado o adquirente, nesse caso, a pagar-lhes o valor.
ginais, a menos que . se produzam em águas públicas ou dominicais. Parágrafo único. Se procedeu de má-fé, o adquirente responderá também
Parágrafo único. Quando a aluvião se formar em prédios de proprietários por perdas e danos.
diversos, far-se-á entre êles a divisão proporcionalmente à testada de cada um Art. 441. Construções 011 Plantações Feitas em Terreno Alheio - Salvo
sôbre a antiga margem. no caso previsto no artigo seguinte, aquêle que semeia, planta ou edifica em
Art. 434. Aluvião Imprópria - Os acréscimo~ formados pelo desvio das terreno alheio, perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e cons-
águas dos rios pertencem ao dono do terreno marginal, sem que tenha direito truções, mas tem direito a indenização. Não o terá, porém, se procedeu a má-
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fé, caso em que poderá ser constrangido a repor as coisas no estado ante!ior § 1" Se o tesouro fõr achado casualmente por alguém na propriedade alheia,
e a pagar os prejuízos. o inventor terá direito a uma recompensa correspondente à metade do seu valor,
§ 1.• Se dos dois houve má-fé, o dono do terreno adquirirá a propriedade podendo retê-lo até que seja paga.
das sementes. plantas ou construções, com a obrigação, porém, de ressarcir o § 2• Se forem achados objetos de valor cientifico ou histórico. pertencerão
valor das acessões. ao Estado, assegurada ao inventor uma recompensa razoável, e ao proprietário
§ 2. 0 Presume-se má-fé no proprietário quando o trabalho de construção do prédio a indenização dos danos provenientes das escavações e do uso da
ou lavoura se féz em sua presença e sem impugnação sua. propriedade.
Art. 442. Atribuição da Propriedade do Terreno - Se a construção, ou § 3• O proprietário do prédio é obrigado a permitir çue ~e façam as esca::'
plantação, exceder consideràvelmente o valor do terreno, aquêle que, de boa-fé, vações necessárias à retirada dos objetos de interêsse arqueológico ou artístico
plantou ou edificou adquirirá a propriedade do solo, mediante o pagamento de onde forem descobertos, mas tem direito a justa indenização.
.jndenizat,.ão fixada judicialmente, se não houver acôrdo. § 4• Se o tesouro fõr encontrado casualmente em prédio aforado, perten-
cerá ao foreiro, assegurada ao inventor a recompensa.
Art. 443. Construções Que Avançam sôbre o Terreno de Outrem - Se
Art. 450. Especificação - Ocorrendo especificação, aquêle que obtiver a
uma construção avança no terreno alheio, sem oposição de seu proprietário, até
nova espec1e adquirirá a propriedade da coisa, a menos que o valor da maté-
a conclusão de sua estrutura, aquêle que, de ;borfé, a levantou, adquirirá a ria-prima exceda consideràvelmente o da mão-de-obra:
propriedade da parte do terreno em que tenha avançado, desde que não exceda
§ 1• O especificador fica obrigado a pagar o preço da matéria-prima a
de meio metro, ficando obrigado a pagar a indenização justa. seu dono.
Art. 444. Construções ou Plantações Feitas por Terceiro com Materiais Ott § 2.0 Se a espécie nova se obtiver de má-fe, pertencerá ao dono da ma-
Sementes Alheias - No caso de não pertencerem as sementes, plantas ou ma- téria.
teriais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio, o dono dêste adquirir-lhes-á § 3• O dono· da matéria é obrigado a pagar o preço da mão-de-obra quan-
a propriedade, mas indenizará a quem semeou, plantou ou construiu. do lhe caiba a espécie nova salvo se o especificador estiver de má-fé.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas, ou materiais poderá Art. 451. Comistão, Confusão e Adjunção - As coisas pertencentes a
cobrar do dono do terreno a indenização devida, quando não puder havê-la do diversos donos. confundidas, misturadas, ou ajuntadas, sem o consentimento dêles,
plantador, ou construtor. continuam a pertencer-lhes, se fôr possível separá-las sem deterioração.
§ 1° Não o sendo, ou exigindo a separação dispêndio excessivo, subsiste
Seção III - Da Aquisiçã.o da Propriedade Móvel indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor
da coisa com que entrou para a mistura, ou agregado.
Art. 445. Tradição - O domínio das coisas móveis, nas alienações entre- § 2• Se, porém. uma das coisas puder considerar-se principal, o seu dono
vivos, só se transfere pela · tradição. se-lo-á do todo, indenizando os outros.
§ 1• A tradição não transfere o domínio quando tiver por título um negócio
inválido. Seção IV - Dos Modos de Aquisição Comuns aos Móveis EO Imóveis
§ 2• Equivale à tradição a aquisição da· po;;se indireta pelo constituto pos-
sessório e pela cessão do direito à restituição da coisa, quando não esteja esta na Art. 452. Sucessão Hereditária - Os herdeiros legítimos, ou testamentá-
posse do alienante. rios. e. os legatários adquirem o domínio da herança, ou do legado, tanto que
Art. 446. Revalidação da Transferência - Feita por quem não seja prQ::' aberta a sucessão.
prietário, a tradição não alheia a propriedade. Mas, se o adquirente estiver de Parágrafo único. A aquisição da herança reger-se-á pelas disposições cons~
boa fé, e o alienante adquirir depois o domínio, considera-se revalidada a trans- tantes do livro das sucessões. .
ferência e operado o efeito da tradição, desde o momento do seu ato_ Art. 453. Usucapião dos Imóveis - l:quêle que, por vinte anos, sem
interrupção nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio,
Art. 447. Ocupação - Adquire-se a propriedade das coisas sem dono
independentemente do título e boa-fé que, em tal caso, se presumem. Adquire
pela apreensão com o ânimo de se tornar seu proprietário.
também o domínio do imóvel aquêle que, _por dez anos entre presentes, ou quinze
§ 1• Também são apropriáveis por ocupação as coisas abandonadas.
entre ausentes, o possuir como seu, continua e incontestadamente, com justo
§ 2• A ocupação de animais será regulada em lei especial. titulo e boa-fé.
Art. 448. Invenção - Quem quer que ache coisa perdida deve restitui-la Parágrafo único. Reputam-se presentes os moradores do mesmo município,
ao proprietário, ou legítimo possuidor, ou, se não o conhece, entregá-la à auto- e ausentes os que habi~m município diverso.
ridade competente, mas adquirir-lhe-á a propriedade se, decorridos seis meses Árt. 454. · Usu~apfão dos Móvéis - Se a posse da coisa móvel se pro-
da entrega, ninguém se houver apresentado provando ser dono. longar por cinco anos, produzirá usucapião independentemente de título e boa-fé.
Parágrafo único. O inventor terá direito de receber do dono da coisa per- Parágrafo único. ·Adquire também a propriedade de coisa móvel acjuêle
dida uma recompensa não inferior à décima parte do seu valor e ao reembõlso que por dois anos a possuir como sua, sem interrupção, com justo titulo e boa-fé.
das despesas que houver feito.
Art. 455. União de Posses - O possuidor pode, para o fim de contar o
Art. 449. Tesouro - O tesouro pertence, por inteiro, ao proprietário do tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a do seu
prédio em que fôr encontrado. antecessor, contanto que ambas sejam· contínuas e· pacíficas. ·
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Art. 456. Impedimento e Interrupção da Posse - As causas que obstam, Art. 463. Divisão da Coisa Comum - A todo tempo será licito ao condô-
suspendem, ou interrompem a prescrição, também se aplicam à usucapião, assim mino exigir a divisão da coisa comum.
como ao possuidor sr estende o disposto quanto ao devedor. § 19 Os condôminos podem estabelecer que a coisa permaneça indivisa
pelo prazo máximo de cinco anos, suscetível de prorrogação, se esta fõr acordada
Art. 457. Usucapião Especial - Todo aquêle que, não sendo proprietário nos três meses anteriores ao têrmo final.
rural nem urbano, ocupar, por dez anos ininterruptos, sem oposição nem reco-
nhecimento de domínio alheio, trecho de terra não superior a vinte e cinco § 2'' Se a indivisão fõr condição estabelecida pelo testador, ou doador,
hectares. tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nêle sua morada, ad- entende-se que o foi sàmente por cinco anos.
quirir-lhe-á a propri<"dade, mediante sentença declaratória devidamente transcrita. § Y Nos casos omissos, apliom-se à divisão do condomínio as regras da
partilha da herança.
CAPÍTULO IV Art. 464. Presunção de Igualdade -los Quinhões - Nos casos de dúvida,
presumem~se iguais os quinhões.
DA PERDA DA PROPRIEDADE Art. 465. Divisão Antecipada - A requerimento de qualquer condômino,
o juiz pode determinar a divisão da coisa comum. antes do prazo convencionado
Art. 458. lí1o dos de Perda - Perde-se: a /propriedade: para a indivisão, se graves circunstâncias a aconselharem:
I pela alienação; Art. 466. Inoportunidade da Divisão - Se fõr inoportuna a divisão exi-
li - pel:a renúncia; gida por um dos condôminos, podem os outros opor-se, pedindo ao juiz que de-
III - pelo abandono; termine a época em que deve ser feita.
IV pelo perecimento do bem;
V - pela desapropriação. Art. 467. Obrigaçõ•?s dos Condôminos - O ..:ondômíno é obri\)ado, na
proporção de sua parte;
Parágrafo único. Nos casos de alienação, ou renúncia, os efeitos da perda
da propriedade dos imóveis subordinam-se à transcrição do titulo transmissivo, I - a concorrer para as despesas de conserva~Jo, ou divisão da coisa;
ou da declaração de renúncia, no registro competente. li - a suportar os encargos a que estiver sujeita a coisa.
Art. 459. Abandono de Coisa Móvel - Volvem a não ter dono as coisas § 1." O condômino pode eximir-se do pagamento, renunciando à res-
móveis quando o proprietário as abandona. pectiva parte indivisa.
Parágrafo único. Consideram-se abandonados o dinheiro e objetos de valor § 2." Se algum dos condôminos, durante dois ~nos, recusar-se ao paga-
depositados nos estabelecimentos bancários se a conta não fõr movimentada e os mento das contribuições a que está obrigado. decorri::los trinta dias da inti-
objetos não ·forem reclamados durante vinte anos. mação para efetuá-lo poderão os outros adquirir sua parte, pagando-lhe a
Art. 460. · Abandono de Imóveis - Se o proprietário de bem imóvel o competente indenização.
abandona com a intenção de renunciar o domínio, o Município arrecadá-lo-á Art. 468. Responsabilidade por Dívidas - Se um dos condôminos contrair
como bem vago, que, transcorridos cinco anos, passará <~ pertencer-lhe. divida em proveito da comunhão, e durante ela, responderá pelo pagamento.
Parágrafo único. Considera-se abanâonado o imóvel que o proprietário mas terá ação regressiva contra os demais.
deixe deserto, por cinco anos consecutivos, em desatenção à sua finalidade ew- Se a divida houver sido contraída coletivamente pelos condôminos. sem
nômica, ou social. se discriminar a quota de cada qual, nem se estipular soiidaríedade, entende-se
que cada um se obrigou proporcionalmente ao seu quinhão.
CAPÍTULO V Art. 469. Frutos da Coisa Comum - Cada condômino responde aos
outros pelos frutos que percebeu da coisa comum.
DO CONDOMíNIO
Parágrafo único. Se os frutos resultam do trab::llho exclusivc de nm

+ Seção I - Dos Direitos e Deveres dos Condôminos

Art. 461. Direitos dos Condôminos - Na propriedade em comum, cada


condômino pode usar livremente da coisa indivisa conforme seu destino, exercer
dos condôminos na parte que explora individualmente, presume-se que lhe
pertencem.
Art. 470. Responsabilidade pelos Danos -
aos outros pelo dano que causar à coisa.
Cada consorte re3 ,onde
os direitos compatíveis com a indivisão e reivindicá-la de terceiro.
Art. 471. Alteração da Coisa Comum - Nenhum dos condôminos pode
Parágrafo único. O condômino pode alienar, ou gravar de ônus real, a
sua parte ideal na coisa indivisa. alterar a coisa comum sem o consentimento dos outros.

Art. 462. Formas de Indivisão Sujeitas a Regime Especial - A comunhão Art. 472. Venda e Repartição do Preço - Quando a coisa fõr natural-
de bens no casamento, a compropriedade nas paredes, muros, cêrcas e valas, a mente indivisível, ou se tornar, pela divisão, imprópria à sua destmação.
propriedade de partes comuns dos edifícios de apartamentos e a indivisão here- será vendida e repartido o preço, se os condôminos não quiserem :'lanter
ditária regem-se por disposições especiais. a indivisão, ou adjudicá-la a um só.
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Art. 473. Direito de Preferência do Condômino - Na venda de coisa ou valados. tê-lo~á igualmente a adquirir meação na parede. muro. vala, va-
comum. o condômino terá preferência sõbre o estranho, em iguais condições lado, ou cêrca do vizinho embolsando-lhe metade do que atualmente valer
de oferta, seja a coisa indivisível ou divisível. a obra e o terreno por ela· ocupado.
§ 1. • Entre os condôminos, a preferência cabe 20 que tiver acessões § 1." Não convindo os dois no preço da obra, será êste arbitrado pcir
ou benfeitorias mais valiosas. e, não as havendo. ao de quinhão maior. peritos, a expensas de ambos.
§ 2.• Se os condôminos tiverem quinhões iguais. observar-se-á o pro- § 2.• Qualquer que seja o preço da meação, '!nquanto o que pretender
cesso da licitação. a divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer da parede,
Art. 474. Atribuição de Posse a Estranho - Sem prévia aquiescência muro, vala, cêrca, ou qualquer outra obra divisória.
dos outros, nenhum condômino pode dar posse, uso, ou gôzo da coisa a
estranhos. CAPÍTULO VI

Seção ll - Da Administração do Condomínio DO CONDOl\liNIO NOS EDIFíCIOS DE APARTAMENTOS

Art. 475. Escolha de Administrador - Se os c:ondôminos, por maioria, Seção 1 - Disposições Gerais
deliberarem que a coisa deva ser administrada. escolherão o administrador,
que ficará investido nos podêres da administraçáo ordinária. Art. 483. Propriedade de Apartamen6:J - Os ::;partamentos de uo edi-
Parágrafo único. O administrador poderá ser ;::.essoa estranha ao con- fício podem pertencer a diferentes proprietários, tendo cada qual direito exclu-
domínio. sivo sôbre êles e condomínio sôbre as partes comuns.
Art. 476. Cálculo da Maioria - Para as deliberacôes relativas ao uso Art. 484. Noção de Apartamento - Para os efeitos legais. apartamento
e gôzo da coisa comum, a: maioria se:rá calculada :Jelo · valor dos quinhões. é tôda dependência de um edifício que constitua propriedade autônoma, oualquer
§ 1." A validade da deliberação requer: que seja o número de peças, ou a destinação.
I - maioria de votos que rt>presentern mais da metade do valor total Art. 485. Objeto do Condomínio - Se um edifício é dividido em aparfa·
dos quinhões; mentos autônomos, pertencentes a proprietários diversos, tudo o que fõr comum
II - aviso, por escrito, a todos os condôminos, do objeto da deliberação. será objeto de condommio regido pelas disposições ;espe{:iais dêste título.
§ 2." Havendo empate, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer con- Art. 486. Partes Comuns - Pertencem em comum aos donos dos apar-
dômino. ouvidos os outros.
tamentos as partes do edifício necessárias à sua <!Xistência e ao uso dos
§ 3." Se não fõr possível formar <' maioria exigida. decidirá o JUIZ, ocupantes, bem como as obras e instalações que servem a todos.
a requerimento do condômino interessado, podendo nomear um adrnini;;trador, Parágrafo único. As partes comuns são inalienáveis e indivisíveis, ~endo­
se tal providência fôr conveniente.
se por nula tôda convenção que disponha em contrário, ou prive qualquer
Art. 477. Direito de Impugnar a Deliberação - Qualquer condômino condômino de seu uso.
dissidente pode impugnar a deliberação da lll...'lioria, nos trinta dias que se the Art. 487. Alienação de Apartamento - O dono de apartamento pode
seguirem, se fôr consideràvelmente prejudicial à coisa comum, ou estiver aliená-lo, ou hipotecá-lo, independentemente de interv~nção dos proprietários
em desacôrdo com as prescrições legais.
dos outros apartamentos.
Art. 478. Obrigatoriedade das Deliberações - Para a administração do Art. 488. Propriedade do Solo - O solo sôbre o qual se levante edi-
condomínio as deliberações da maioria obrigam a minoria dissidente. fício pode pertencer em comum a todos os donos de apartamentos, a um dêles,
Art. 479. Autorização Tácita - O condômino que a.1ministrar sem ou a terceiros.
opos1çao dos outros é havido corno procurador comum. § 1.0 Se pertenc-er a tcdos, cada um terá direito a uma fração ideal do
Art. 480. Locação da Coisa Comum - Deliberando-se -alugar a coisa terreno, calculada proporcionalmente à área construída do seu apartamento.
comum, preferir-se-á, em condições iguais o condômino ao estranho, regulando-se § 2 9 Se pertencer ao dono de um ou mais apartamentos, os outros terão
a preferência pela forma prescrita para a· adjudicação. direito de superfície correspondente aos apartamentos que lhes pertencerem.
§ 3. 0 Se fôr propriedade de terceiro, os donos de apartamentos terão sôbre
o solo o direito de superfície.
Seção lll - Do Condomínio Forçado

Art. 481 . Condomínio de Paredes, Cércas, Muros e Valas - O con- Seção {f - Das Obrigações dos Condôminos
domínio por meação de paredes, cêrcas, muros e valas regula-se pelas dispo-
sições dêste Cõdigo, relativas aos limites entre prédios e ao condomínio vo- Art. 489. Repartição das Despesas - Os donos de apartamentos são
luntário, que com êle não sejam incompatíveis. obrigados a concorrer na proporção do valor de sua propriedade para as
despesas de conservação do edifício e de suas partes, para as obras neces-
Art. 482. Direito de Adquirir Meação na Parede O proprietário sárias ao uso comum, e à prestação dos serviços de ;nterêsse geral dos mora-
. que tiver direito a extremar um imóvel com paredes, cêrcas, muros. ·alas dores.
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Parágrafo único. Aquêle que deixar de contribuir por seis meses corr- Art. 495. Limites ao Poder Regulamentar O regulamento não pode·
secutivos, para as despesas de condomínio, regularmente fixadas, será obrigado privar qualquer condômino do direito de usar. gozar e dispor do seu próprio
a pagá-las em dõbro, não podendo alienar o seu apartamento, nem gravá-lo. apartamento. nem conter norma que modifi'}ue as dis[Josições legais relativas
sem a quitação dada pelo síndico. ao cálculo da maioria na assembléia, à indivisibilidade das coisas comuns e
à obrigação de concorrer para as despes1s c0muns.
Art. 490. Rateio entre alguns Condôminos - As despesas feitas com
obras ou serviços que só interessem a alguns dos condôminos serão rate·ddas Art. 496. Eficácia do Regulamento - O regulamento obriga aos que·
entre êles. o votarem e a quantos vierem a integrar o condomínio.
. Parágrafo único. O dono de apartamento a quem não aproveitem obras
e serviços comuns a outros, não está obrigado a contribuir para as despesas Seção IV - Da Assembléia rios Condôminos
com a conservação e reparos, ou com a prestação dos :erviços referidos
Art. 491. Atos Defesos - É defeso a qualquer dono de apartamento: Art. 497. Assembléia dos Condôminos - A gestão das coisas e S< rviçr:-s,
comuns compete ao conjunto dos condôminos, reunidos em assembléia deliberativa ..
I - alterar a forma da fachada;
li - decorar as paredes e esquadrias exterm;ls com tonalidades ou cõres Art. 498. Atribuições da Assembléia - A assembléia dos condôminos·
diversas das empregadas no conjunto do edifícip; , compete:
III - instalar ou destinar o apartamento a' fins que tornem seu uso nocivo I - elaborar e alterar o regulamento do condominio;
ou perigoso ao sossêgo, à salubridade, e à segurança dos demais condôminos;
IV - embaraçar o uso das partes comuns. li - escolher o síndico e revogar sua nomeação;
§ 1.0 O transgressor ficará sujeitei ao pagamen:o de multa prevista no III - fixar-lhe a eventual retribuição;
regulamento do condomínio, além de ser compelido a desfazer a obra ou abster- IV -:- votar, anualmente, a verba para as despesas comuns, no curso do··
se da práttca do ato, cabendo ao síndico. com autorização judicial. mandar primeiro mês do ano, e sua repartição entre os condôminos;
desmanchá-la às custas do transgressor, se êste não a desfizer no prazo que V - aprovar a prestação de contas do síndico;
lhe fõr assinado.
VI - decidir sõbre a realização de despesas exm10rdinãrias, ou de ino-
§ 2." O dono de apartamento poderá fazer obra que altere a (·strutura
do edifício ou modifique sua fachada, se obtiver a aquiescência da unan;midade vações no edifício;
dos condôminos. VIl - fixar a quota a ser arrecadada mensalmente para a constituição do:
fundo de reserva e determinar sua aplicação.
Seção Ill - Do Regulamento do Cond0mínio Art. 499. Deliberação Supletiva do Tuiz - Se a 'tssemblé:a não se reunir
para exercer qualquer dos podêres que lhe competem, oito dias após o pedido'
Art. 492. Ato Constitutivo - O condomínio nos edifícios de aparta- de convocação feito por qualquer dos condôminos, o ituz decidirá a requeri-
mentos deve ser estabelecido por escritura pública, devidamente inst:-rita no mento dêste.
registro de imóveis.
§ 1. 0 Se qualquer dos condôminos se recusar a a!;siná-la, o \ncor~orador Art~ 500. Convocação e. Instalação da Assembléia - A assembiéia ins-
obterá o suprimento judicial do seu consentimento. tala-se, em primeira convocação, com a ptesent.a de condôminos que repre-
§ 2." Sem o ato constitutivo, não é possível votar ou expedir o r~gula­ sentem, pelo menos, a metade do valor total dos apartamentos c a metade
mento do condomínio. de seus donos, e, em segunda convocação, com um quarto do mesn:o valor.
e um quarto das mesmas pessoas.
Art. 493. Obrigatoriedade do Regulamento - Nos edifícios com mais
de quatro apartamentos, é obrigatório o regulamento do condomínio. § 1." A convocação da assembléia far-se-á por convite escrito. no qual
§ 1." Se o regulamento fõr preestabelecido pelo m.:orporador, deverá ser se mencionem os assuntos que devem ser objeto de deliberação. o local .. o dia
inserido no contexto do contrato de promessa de venda, ou de alienação, do e a hora da reunião, com a antecedência de oito dias, ~nlvo nos casos urgentes.
apartamento. § 2." Compete ao síndico a convocação da assecnbléia; se não o fizet.
§ 2." Se fõr elaborado pela assembléia, será necessário, para sua apro- um oitavo dos condôminos poderá promover sua realização no prazo de dez
vação, o voto da maioria, calculada nos têrmos do art. 501. dias, contado da data do pedido de convocação feito em carta registrada..
§ 3." Qualquer condômino pode exigir a elabm·ação do regulamento. § 3." A presença dos condôminos à assembléia registrar-se-á pe 1as res-
impugnar o que fõr aprovado, e pleitear a reforma do que estiver em vigor. pectivas assinaturas em livro próprio.
Art. 494. Conteúdo Obrigatório do Regulamento - O regulamento dis- Art. 501 . Deliberações da Assembléia - As deliberações da assembléia·
porá, obrigatôriamen~e. sõbre o. modo de uso das coisas e serviços comu:1~. serão tomadas pela maioria dos presentes, observado o critério adotado para·
a repartição das despesas, a administração do condomínio e as sanções a que a constituição, sendo entretanto necessária a maioria de dois terços de va!or
estarão sujeitos os condôminos ou ocupantes. dos apartamentos e dois terços dos condôminos para as que decidirem repare•&
Parágrafo único. O valor dos apartamentos será indicado em . tabela extraordinários no edifício, inovações e 'Jualquer alteração do regulamento.
anexa ao regulamento. quer em primeira, quer em segunda convocação.
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§ 19 Nas deliberações que exijam dois terços dos votos, a ausência do Art. 507. Desapropriação do Edifício - No caso de desapropriação de
·condômino à assembléia reunida em terceira convocaç3o, importa aceitação do todo o edifício, a indenização será dividida entre os donos dos apartamentos,
-que fôr decidido pela maioria dos presentes. na proporção do valor declarado no ato constitutivo do condomínio.
§ 2."' Das reuniões de assembléia se lavrará uma ata em livro próprio, Parágrafo umco. Na desapropriação de um apartamento proceder-se-á
·que ficará sob a guarda do síndico. como se fôsse casa isolada.

Seção V - Da Administração do Fidi[icio Seção VII - Do In~orporador

Art. 502. Administração do Edifici:J - Todo ~dHício de apart<:me.1tos Art. 508. Incorporação - A construção de edifícios de apartamentos
·-deve ser administrado por um síndico, escolhido pela assembléia dos condô~ para que sejam entregues, após a conclusão da obra, em plena propriedade
minas para exercer a função durante um ano. ou sob promessa de venda. só é permitida a incorporador devidamente egis-
trado para realizar o empreendimento, ou exercer profissionalmente essa ati-
§ 1." O síndico pode ser um dos condôminos ou pessoa estranha ao vidade .
•condomínio. admitindo-se que seja pessoa jurídica. § 1." Se o incorporador fôr o dono do terreno ~ôbre o qual orcten1e
§ 2." Se o regulamento do condomínio o. autorizar. a assembléia atri- levantar o edifício, será obrigado, antes de anunciar a venda de apartamentos
'buirá ao síndico uma remuneração mensal por ~eu' :rabalho. mediante o pagamento do preço em prestações periódicas e sucessivas, a depo-
sitar no cartório do registro de imóveis da respectiva circunscrição:
§ 3." A todo tempo poderá a assembléia, por •::laioria de votos. revogar
:a nomeação do síndico. I - um memorial que contenha a prova da cadeia sucessória do clomínio
.do terreno. desde vinte anos, as características e limites do mesmo, e a planta
Art. 503. Atribuições do Síndico - Compete ao síndico: e o projeto do edifício a ser levantado, com tôdas as especificações;
I - observar o regulamento do condomínio e cumprir as deliberações da II - um exemplar do contrato-tipo de promessa de venda dos aparta-
.. assembléia; mentos.
II - zelar o edifício. promovendo os meios para assegurar o gôzo das § 2." O memorial e os documentos exigidos serão depositados .te re-
·partes de uso comum e velando por que sejam prestados os serviços de inte- .gistro imobiliário. decorridos oito dias da publicação do edital no órgão ,ficial
rêsse de todos os condôminos; do Estado para tornar pública a incorporação.
IH - receber as contribuições devidas pelos condôminos, e efetuar as
despesas com a conservação do edifício e execução dos serviços de mterêsse § 3." Se o incorporador não fôr o dono do t<'rreno juntará é.Os do-
·comum; cumentos exigidos no artigo anterior a prova de que <stá autorizado pelo pro-
IV - prestar contas de sua gestão à assembléia. prietário a promover a incorporação.
Art. 504. Representação do Condomínio - O ·:indico é considerado re- Art. 509. Resp::msabilidade do Incorporador - Cabe ao incorporador
-presentante de todos os condôminos para praticar, em juízo e:>U fora dêle. dirigir e administrar o empreendimento, sendo responsável pela entrega dos
·os atos necessários à defesa dos interêsses· comuns, nos limites das atribui~ .apartamentos e construção do edifício.
ções conferidas por lei ou pelo regulamento do condomínio. ·Parágrafo único. A título de caução, deverá êle depositar, em con-
ta bloqueada, dez por cento das quantias que receber dos condôminos, levan-
Art. 505. Impugnação aos Atos do Síndico - Dos atos praticados pelo
tando-a quando obtiver o certificado de conclusão da obra.
·síndico cabe recurso para a assembléia, sem prejuízo da cção judiciaL
Art. 510. Destituiçii.o do Incorporador - O incorporador que, sem justo
motivo, paralisar a obra por trinta dias ou diminuir-lhe o ritmo de construção,
Seção VI - Da Extinção do Condomínio
a ponto de prejudicar consideràvelmente seu andamen~o. poderá ser afastado
Art. 506. Perecimento do Edifício - Se o edifício fôr totalmente des- da direção e admini-stração do empreendimento e responsabilizado pela incúria,
. truido. cada um dos condôminos poderá requerer a veuda do terreno nara a se o decidirem dois terços dos que adquiriram ou prometeram adquirir os
.apartamentos, sem prejuízo de sua responsabilidade por perdas e danos.
•Tepartição do preço, assegurado a qualquer dêles o direito de preh::êncta
-previsto no art. 4:73.
CAPÍTULO VII
§ 1." A reconstrução do edifício poderá ser deliberada pela maioria de
-:dois terços dos donos dos apartamentos destruídos, ficando o que nã9 quiser
DA PROPRIEDADE TEMPORARIA
participar da reconstrução obrigado a ceder seus direitos aos outros condô--
•minos, contra justa indenização. Art. 511 . Propriedade Resolúvel - A propriedade que contenha no
§ 2." Se o terreno fôr vendido. a indenização correspondente ao [~fluro :próprio título de sua constituição uma condição resolutiva ou um têrmo
..das partes comuns será repartida proporcionalmente entre os condômi11os; caso extintivo, resolve-se, automàticamente, com o implemento daquela, ou o
.,contrário, será destinada à reconstrução. .advento dêste.
-64- -65-
·§ 1." Resolvido o domínio, entende-se também resolvidos os direitos: Parágrafo único. Ocorrendo a alienação, a título oneroso, do bem afo-
reais constituídos na pendência da condição, ou do têrmo. rado, o senhorio pode aumentar a anuidade até o limite de cento e vinte
§ 2." Aquêle em cujo favor se opera a resolução pode reivindicar a <Cinco milésimos do valor da alienação.
coisa do poder de quem a detenha.
Art. 518. Direito de Preferência - O foreiro i·em direito dt ·>refe·
Art. 512. Resolução por Superveniente Causa - Se o domínio vem rência se o senhorio qui·ser alienar, a titulo oneroso, o bem que lhe aforou;
a ser resolvido por uma causa superveniente, a resolução só rroduz c. seus. igual preferência assiste ao senhorio se aquêle ceder seu direito.
efeitos a partir do fato que a determinou.
§ J.o São válidos os atos praticados em relação à coisa ant<::s de sobrevir Parágrafo único. Se o foreiro não der ao senhorio aviso para que, no
a causa da resolução. prazo de . trinta dias, exerça a preferência, poderá êste usá-la nos seis meses
§ 2." A pessoa a quem aproveita a resolução terá ação contra aquêle seguintes a alienação, havendo do cessionário o prédio pelo preço da cessão;
cujo dpminio se resolveu, para haver a própria coisa. ou o seu valor, se tem o mesmo direito o foreiro em relação ao senhorio.
foi alienada. Art. 519. Extinção do Aforamento - Extingue-se o aforamento:

Título ID I - pelo comisso judicialmente decretado, deixando o foreiro de pagar


·o fóro por três anos consecutivos;
' li - falecendo o foreiro sem herdeiros;
DOS DIREITOS REAIS LIMÍTADOS
III - pelo resgate.
CAPÍTULO I Art. 520. Resgate Todo aforamento constituído há mais de vinte
anos e resgatável mediante o pagamento de quantia correspondente a vinte
DISPOSIÇõES GERAIS anuidades. se o fõro houver sido majorado nos têrmos do art. 517; parágrafo
·único. Se o. fõro não houver sido majorado. o resgate corresponderá à quadra-
Art. 513. Enumeração dos Direitos Reais Limitados - São direitos reais gésima parte do valor do bem.
limitados:
§ 1." Nas sub-enfiteuses, o direito de promover o resgate compete ao
I - a enfiteuse: sub-enfiteuta.
li - a superfície; § 2. 0 O direito de resgatar o aforamento é assegurado ao foreiro qualquer
Ill - o usufruto, o uso e a habitação; . .que tenha siçlo o regime vigente à época de sua constituição.
IV - as servidões; § 3." O resgate só é admissivel se o foreiro estiver em dia com os foros
V - as rendas expressamente constituídas sõbre imóveis; .e tributos que oneram o prédio.
VI - a promessa. irretratável de venda; Art. 521. Transmissão pelo Direito Hereditário - Os bens enfitêuticos
VII - o penhor; · transmitem-se por herança, na mesma ordem estabelecida neste Código para
VIII - a hipoteca. os alodiais.
Art. 514. Aquisição dos Direitos Reais sóbre Imóveis - Os direitos· Ar. t 522. Pagamento dos Tributos - O foreiro é obrigado a pagar os
reais sõbre imóveis constituídos, ou transmitidos, por atos entre vivos, só tributos que recaem sõbre o prédio.
se adquirem depois da transcrição, ou da inscrição, no registro de imóveisr Art. 523. Di!sapropriação - Em caso de desapropriação, é assegurada ·
dos respectivos títulos. · ao senhorio. deduzida da indenização devida ao foreiro, a quadragésima parte
Art. 5!5. Aquisição dos Direitos Reais sóbre Coisas Móveis - Os di- do respectivo preço.
reitos reais sõbre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos, por·
atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. CAPÍTULO lll

CAPÍTULO li DO DIREITO DE SUPERFíCIE

DA ENFITEUSE Art. 524. Constituição do Direito de Superfície - O proprietário pode


conceder a outra pessoa o direito de construir ou plantar no seu terreno, por
Art. 5!6. Proibição de C.::mstituir Novos Aforamentos. - É proibida a· tempo determinado, mediante escritura pública devidamente inscrita no registro
constituição de novas enfiteuses ou aforamentos. imobiliário.
Art. 517. Limitações aos Aforamentos Existent•?s Nos aforamentos· Art. 525. Transferência do Direito de Superfície - O titular do direito
existentes, é defeso: de superfície pode transferi-lo por negócio entre vivos, a título oneroso ou
gratuito, bem como, por disposição de última vontade.
I - cobrar laudêmio, ou prestação análoga, nas transmissões do bem•
Art. 526. Objeto do Direito de Superfície - O direito de superfície pode
aforado;
recair sôbre qualquer construção, ou plantação, susc·~tivel de ser adquirida.
li - constituir sub-enfiteuse.
por acessão, pelo dono do solo.
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Art. 527. Concessão gratuita ou onerosa A concessão do direito Art. 538. Quase-Usufruto - Se o usufruto compreende coisas que não•
de superfície será gratuita ou onerosa. podem ser usadas sem se consumirem. o usufrutuário adquire-lhes o domínio,
§ 1." A remuneração do concedente pode ser ·stipulada para ser paga mas fica obrigado a restituir, findo o usufruto, o equivalente em gênero, quan-
de uma só vez. ou em prestações periódicas. tidade e qualidade, ou, não sendo possível, o seu valor pelo preço corrente ao.
§ 2.o Na falta de pagamento, o concedente não tem outro direito, ainda tempo da extinção, se não houverem sido avaliadas no ato da constituição.
que o estipule, senão o de haver as prestações devidas e j1;1ros da mora. Art. 539. Extensão do Usufruto - O usufruto compreende as partes'
Art. 528. Reversão ao Concedente - Se fôr estipulado que a construção integrantes da coisa e os acréscimos.
passará ao domínio do concedente após o decurso de certo prazo, não inferior Art. 540. Usufruto de Universalidade - O usufruto que recair sôbre
a- v'inte e cinco anos, nenhuma indenização ou compensação lhe poderá ser uma universaiidade, ou sôbre uma quota parte de be!ls, entende-se que recai.
exigida pelo superficiário, salvo estipulação em contrário. sôbre cada um dos bens que a compõem.
Art. 529. Tributos e Encargos - O titular do direito de superfície res-
ponde pelos encargos e tributos que recaírem sôbre o vrédio. Seção li - Dos Direitos do Usufrutuário
Art. 530. Direito de Preferência - Se p cpncedente quiser alienar o Art. 541 . Direito de Fruir o B,em - O usufruto tem direito à posse·
imóvel, o superficiário tem direito de preferência ém igualdade de condições; do bem e à percepção dos frutos, naturais ou civis. Nos limites estabelecidos na.
o mesmo direito é assegurado ao concedente, na hipótese inversa. lei ou no título, pode tirar da coisa tôdas as suas utilidades.
Parágrafo único. Se a construção, ou plantação, ~ôr penhorada, o conce-
dente, sob pena de nulidade, deverá ser intimado para exercer seu direito de Art. 542. Frutos Naturais - Os frutos naturais pendentes ao começ:1r·
preferência na hasta pública. o. usufruto pertencerão ao usufrutuário, cabendo ao proprietário os ex·.stentes·
Art. 531. Proibição de Cobrar Taxa de Transferência - Não ooderá ao tempo de sua extinção.
Parágrafo único. Nem o usufrutuário nem o ;:>roprietário tem direito a·
ser estipulado, a nenhum titulo, o pagamento de qualquer quantia pela transfe-
rência da acessão. qualquer compensação pelas despesas de produção dêsses frutos.
Art. 543. Frutos Civis - Os frutos civis, vencidos na data de aqmstçao
CAPÍTULO IV do usufruto, pertencem ao proprietário. e ao usufrutuário os vencidos na data·
em que se extingüir o usufruto.
DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO Art. 544. Florestas, Bosques e ÁrvOres - Se o usufruto rec.ai em·
florestas ou bosques, o usurrutuário pode fazer nas árvores os cortes ordinários-
Seção I - Do Objeto e da Constituição do Usufruto que faria o proprietário, de acôrdo com os costumes do lugar, devendo cuidar,.
porém, do reflorestamento.
Art. 532. Conteúdo do Direito de Usufruto - Pelo usufruto. seu titular Parágrafo umco. Se recai em árvores, isoladas ou em conjunto, o usu-.
adquire o direito de usar e fruir a coisa, temporàriamente, respeitando sua frutuário tem o direito a seus frutos e a empregar, em seu uso, as que
destinação econômica. · morrerem.
Art. 533. Aquisição do Usufruto por Testamento - O usufruto consti-
tuído por disposição de última vontade adquire-se independentemente de ins- Art. 545. Máquinas e lnstalaçõc.s - Se o usufruto compreende máquinaS-'
crição, mas não valerá contra terceiros se não fôr averbado. e instalações destinadas à produção, o usufrutuário é obrigado a conservá-las,
substituindo, inclusive, as peças que se desgastarem, de modo a assegurar o
Art. 534. Constituição - O usufruto pode ser constituído em favor de
funcionamento da indústria, mas tem o direito ·de receber, quando cessar o.
uma ou mais pessoas, separada ou conjuntamente, contando que existam ao
usufruto, a competente indenização das despesas que excederem as repara-
tempo da constituição.
Parágrafo único. Constituído o. usufruto em favor de duas ou mais ções ordinárias.
pessoas conjuntamente, a parte daquele em relação a quem se extinguir só Art. 546. Crias de Animais - As crias de animais pertencem ao usu--
acrescerá à dos demais se assim fôr determinado no lto constitutivo. frutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças existentes ao•
Art. 535. Proibição de Sucessão Hereditária do Usufruto - Os direitos começar o usufruto.
do usufrutuário não se transmitem .por sua morte a .seus sucessores. Art. 547. Tesouro -·o usufrutuário não tem direito ao tesouro achado
Art. 536. Usufruto de Pessoa Jurídica - O usufruto constitudo em por· outrem durante o usufruto.
favor de pessoa jurídica extingue-se com esta, e terá a duração máxima de Art. 548. Preço pela Meação em Parede - O usufrutuário não tem direito·
vinte anos. ao preço pago pelo vizinho do prédio que usufrui, para obter meação em·
Art. 537. Objeto do Usufruto - Podem ser ·:->bjeto de usufrutos: parede, cêrca, muro, ou vala, salvo se o usufruto recair sôbre universalidade.
I as coisas, móveis ou imóveis, isoladas ou em conjunto; · · ou quota-parte de bens.
II as universalidades; Art. 549. Usufruto de Coisas Deterioráveis - Se o usufruto recai ou.
ill os direitos. compreénde coisas que se deterioram pelo uso, o usufrutuário tem o direito.•
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Parágrafo único. O inventário será fetto à sua custa, mas da obrigação


<de utilizá-las, empregando-as no uso a que são destinadas e. findo o usufruto,
jpode ser dispensado no título 'de constituição do usufruto, ou pela renúncia
é obrigado apenas a restitui-las no estado em que se encontrem.
do proprietário.
Art. 550. Acessões - O usufrutuário, findo o :.1sufruto, tem o direito Art. 561. Obrigação de garantia - Quando o proprietário tenha jmto
de levantar as acessões que haja feito, desde que com isso não se altere o :receio de ser prejudicado em conseqüência do exercício irregular do usufruto.
destino da coisa. mas o proprietário poderá retê-las, se o preferir, ficando pode exigir do usufrutuário que preste fiança ou .Jfereça garantia de velar
. obrigado a pagar uma indenização correspondente à valorização do bem ipe)a conservação dos bens e restituí-los, findo o usufruto.
por efeito da acessão. § 1." Se o usufruto recair em coisas consumíveis, a garantia deverá ser
<Jferecida antes de sua entrega ao usufrutuário.
Art. 551. Benfeitoria-s - O usufrutuário faz jus a indenização das ben- § 2." Não está obrigado a dar garantia o doador que se reservar o
feitorias necessárias ou úteis, com direito de retenção.
.usufruto da coisa doada.
Art. 552. Usufruto de Direitos - Se o usufruto tiver por objeto um Art. 562. Falta de garantia Se o usufrutuário não quiser ou não
direito rege-se pelas normas aplicáveis à cessão dêsse d;reito. ;puder cumprir a obrigação de dar garantia idônea, será privado da adminis-
Art. 553. Usufruto de créditos - Se o usufruto tiver por objeto um tração dos bens sujeitos ao usufruto.
direito de créidto, aplicam-se às relações entre; o )!Sufrntuário e o devedor as Parágrafo único. Nesse caso, será a coisa deixada sob a administração
, regras que regem as relações entre cessionário e obrigado. .do proprietário, que ficará obrigado, nas mesmas condições. a entregar ao
usufrutuário os frutos e rendimentos, deduzidas as despesas; ou, não querendo
Art. 554. Usufruto de Títulos de Crédito - Quando o usufruto ·:ecair administrá-la. arrendá-la-á a terceiro, por ordem do juiz, com a cláu~ula de
em títulos de crédito, o usufrutuário terá direito, não fÓ a cobrar as respectivas -ser o aluguel pago ao usufrutuário .
. dividas, mas ainda a empregar-lhes a importância recebida. Essa aplicação,
Art. 563. Reparações Ordinárias - Incumbem :o: o usufrutuário.
porém, corre por sua conta e risco; e, cessando o usufruto, o proprietário
·,pode recusar os novos titulas, exigindo em espécie o dinheiro. I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que
.as recebeu;
Art. 555. Usufruto de títulos de valor - Qu'Olndo o usufruto recair
II - as prestações e os tributos que recaiam sôbre a coisa e o rendimento
sõbre títulos de valor. a alienação dêstes só se efetuará mediante prévio
.dos bens usufruídos .
. acõrdo entre o usufrutuário e o dono.
Art. 564. Reparações Extraordinárias - O usufrutuário 1ão é obrigado
Art. 556. Exercício do direito - O usufrutuário pode usar e fruir a coisa ;a fazer os reparos extraordinários na coisa que usufrui.
·pessoalmente ou mediante cessão do exercício do seu direito, mas sem mudar
Art. 565. Reparos feitos pelo proprietário - Se o proprietário fizer
. o seu destino, salvo se autorizado no titulo, ou se obtiver licença do pro-
ma coisa reparos necessários à sua conservação, ou que lhe aumenttm c
·prietário. !l'endimento. terá direito de cobrar os juros do capital .jue despender.
Art. 557. Direito de preferência do usufrutuário -- O usufrutuário, pelo Art. 566. Seguro dos bens - O usufrutário é obrigado a segurar, às
, mesmo preço e nas mesmas condições, tem preferência na alienação a titulo ·suas custas, ·o bem que usufrui, se essa providência se compreend<. entre
oneroso da nua-propriedade. .as que usualmente toma o administrador diligente.
Parágrafo único. O direito de preferência deve ser exercido nos seis § 1.0 Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutário pagar os
•.meses seguintes à transmissão da propriedade, se a alienação se der sem •prêmios do seguro enquanto o usufruto durar.
prévio aviso ao usufrutuário. § 2-" A indenização paga pelo segurador cabe ao nu-proprietário, ficando
·sub-rogado no seu valor o direito de usufrutuário.
Art. 558. Cessão de direito - O usufrutuário pode ceder o próprio
. direito ou seu exercício, se o título não o .proibir. Art. 567. Reconstrução do edificio Se um edifício sujeito
.a usufruto fõr destruido, sem culpa do proprietário, não será êste obrigado a
Parágrafo único. A cessão deve ser notificada 'lO nu-proprietário para ·reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à
que exerça o direito de preferência nos trinta dias seguintes à notificação. Eua custa o prêdio; mas, se êle estava segurado, a indenização paga ficará
' Se a cessão do direito se der sem a prévia notificação, o nu-proprietário poderá :sujeita ao ônus do usufruto.
-exercer a preferência no prazo de seis meses.
Art. 568. Desapropriação do Bem - Se o bem fõr desapropriado,
Art. 559. Arrendamento do Prédio - Se o prédio dado em usufruto ·O nu-proprietário é obrigado a substituí-lo por outro de igual valor e da
· fõr arrendado, o arrendamento só prevalecerá enquanto durar o usufruto. mesma natureza, se não preferir que a indenização paga fique sub-rogada
no ônus do usufruto, hipótese esta na qual dará caução fideijussória, ou
real, do pagamento dos juros.
Seção lll - Das Obrigações do Usufrutuário
Art. 569. Obrigação de Restituir os Bens - Terminado o usufruto,
Tevertem os bens ao nu-proprietário, salvo o direito de retenção que caiba
Art. 560. Obrigação de Inventariar os bens Antes de entrar no
;ao usufrutuário, ou a seus herdeiros, pelos desembolsos que devam ser pagos
·exercício do seu direito. o usufrutuário é obrigado a fazer o inventário dos
mo momento da restituição.
f bens sujeitos ao usufruto, determinando o estado em que se acham.
-70- - 71'-
Seção IV - Da Extinção do Usufruto
Art. 576. Aquisição pela Usucapião - Pela posse incontestada e continua
Art. 570. Extinção do Usufruto - Extingue-se o usufruto: de uma servidão, durante o tempo e nas condições estabelecidas para a
aquisição da propriedade pela usucapião, o possuidor a estabelece em seu
I -pela morte do usufrutuário; f-avor.
II pelo têrmo de sua duração;
UI pela destruição da coisa, não sendo consumível; Art. :J/ I . Extensão do Direito de Servidão O direito de servidão
IV pela consolidação, ou confusão; compreende tudo o que é necessário a seu uso.
v pelo não uso durante cinco, ou vinte .anos, conforme recaia sõbre Parágrafo único. Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de
móveis ou imóveis; menor ônus, e esta exclui a mais onerosa.
VI pela culpa do usufrutuário no exercício do seu direito;
Art. 578. Uso das Servidõr.s O uso das servidões restringe-se às
VII - pela resolução do direito do proprietário.
necessidades do prédio dominante.
§ I. • Constituída para certo fim, a servidão não pode ser ampliada
SeçãO V - Do Uso e da Habitação a outro.
§ 2." Se as neçessidades da cultura do prédio dominante impuserem à
Art. 571. Dirr./.tos de Uso e Habitaçã,o T Os direitos reais de uso servidão maior largueza. o dono do prédio serviente, sendo indenizado pelo
e habitação constituem-se do mesmo modo que o usufruto, aplicando-se-lhes excesso, é obrigado a sofrê-la, salvo se o acréscimo do encargo fõr devido
as disposições a êste relativas, que lhes não contrariarem a natureza. a mudança na maneira de exercê-la.
Art. 572. Conteúdo do Direito de Uso - O direito de uso de umé'J Art. 579. Remoção - Pode o dono do prédio serviente remover, à
coisa alheia não fungível, móvel ou imóvel. corresponde ao de fruição, sua custa, de um local para outro a servidão, contanto que não diminua
no limite das necessidades pessoais do usuário e de sua família. as vantagens do prédio dominante.
Art. 573. Conteúdo do Direito de Habitação - O direito de habitação Parágrafo único. Igual prerrogativa tem o dono do prédio dominante se
restringe-se ao uso gratuito de casa alheia, por tempo determinado, não comprovar que a remoção lhe é consideràvelmente vantajosa e não prejudica
podendo seu titular alugá-la, ou emprestá-la. o prédio serviente.
Parágrafo único. Se o direito de habitação é constituído em favor de Art. 580. Obras de Conservação - As obras necessárias à conservação
dois ou mais titulares, qualquer dêles que, sôzinho, m~e IL:'1 casa não é e uso de uma servidão devem ser feitas pelo dono do prédio dominante, não
obrigado a pagar aluguel ao outro ou aos outros, mas se por aquêle forem podendo impedi-las o do prédio serviente.
êstes impedidos de morar na casa, poderão exigir indenização de perdas e § 1." Se a servidão pertencer a mais de um prédio, as despesas serão
danos. rateadas entre os respectivos donos.
§ 2. 0 Se a obrigação de fazer as obras incumbir ao dono do prédio
CAPÍTULO V serviente, êste pod~;rá exonerar-se, abandonando a propriedade ao dono
do predio dominante.
DAS SERVIDõES
Art. 581. Obrigação de Não Embaraçar o Uso da Servidão - O dono,
ou possuidor, do prédio serviente não poderá embaraçar, de modo algum, o
Seção I - Da Constituição das Servidões
uso legitimo da servidão.
Art. 574. Conteúdo do Direito - S~ entre prédios pertencentes a Art. 582. Indivísibilidada das Servidões - As servidões subsistem, no
diversos donos se estabelece uma servidão para utilidade de um dêles, o caso de partilha, em proveito de cada um dos quinhões do prédio dominante,
proprietário do prédio serviente não pode exercer alguns de seus direitos .e continuam a onerar cada um dos prédios servientes, salvo se, por natureza
dominicais, ou fica obrigado a tolerar que o dono .do p·rédio dominante o ou destino, só se aplicarem a certa parte de um, ou de outro.
utilize para certo fim.
Parágrafo único. Um prédio pode ser onerado cQrn servidão constituída Seçã.o li - Da Exlinção das Servidõc..s
em favor de uma ou mais pessoas. desde que essa servidão pessoal limitada
tenha o conteúdo de uma servidão predial. Art. 583. Modos de Extinção - As servidões extinguem-se:
Art. 575. Inscrição no Registro de Imóveis - As servidões constituídas I pela renúncia;
por testamento, ou escritura pública, só se estabelecem por meio de inscrição II pelo abandono;
no registro imobiliário. III pelo resgate;
Parágrafo único. As servidões estabelecidas por destinação do proprie- IV pela cessação permanente da vantagem, ou utilidade;
tário, ou por usucapião, devem ser regist1'adas para conhecimento de terceiras,. V pela confusão;
bem assim as que resultarem de sentença judicial. VI pelo não uso. durante dez· anos contínuos;
VII - pela destruição de qualquer dos prédios.
-72- -73-

Art. 584. Cancelamento da l nscrição - Uma vez inscrita, a servidão CAPÍTULO VII
só se extingue quando cancelada.
Parágrafo único. O cancelamento da servidão, quando o prédio dominante DA PROMESSA IRRETRATÃVEL DE VENDA
estiver hipotecado, só poderá ser feito com a aquiescência do credor, expres-
samente declarada. · Art. 597. Aquisição do Direito Real - Pela promessa irretratável de
Art. 585. Cancelamento por !Ylandado Tudicial - Nos casos de renúncia, venda feita por escritura pública e devidamente inscrita no registro de imóveis,
resgate ou cessação permanente da utilidade ou vantagem o dono do prédio o promitente-comprador adquire direito real sôbre o bem que se comprometeu
serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento da inscrição, embora a adquirir, contanto que o preço seja pago em presta·;ões, em período nunca
o dono do prédio dominante lho impugne. Nos demais casos, o cancelamento inferior a um ano.
se dará mediante a prova da extinção. Art. 598. Antecipação do Pagamento do Preço - O promitente-com-
prador pode antecipar o pagamento das prestações, para se tornar imediata-
CAPÍTULO VI mente proprietário do imóvel, antes de decorrido um ano da inscrição do
titulo.
DAS RENDAS CONSTITUíDAS SôBRE IMóVEIS Art. 599. Restrições ao Direito do Promitente-Vendedor - O promi-
'' tente-vendedor não pode alienar ou gravar de ônus real o imóvel que se
Art. 586. Conteúdo do Direito - A renda constituída sôbre um imóvel comprometeu a vender, nem retomá-lo do promitente-comprador.
obriga seu proprietário ao pagamento de prestações periódicas a quem a
constituiu, ou a terceiro. Art. 600. Cessão do Direito do Promitente-Comprador - O direito do
· Parágrafo único. Não é permitida a constituição de renda perpétua, nem promitente-comprador pode ser cedido, a titulo gratuito ou oneroso, por simples
para pagamento ·em uma só prestação. traspasse, a menos que a cessão tenha sido expressamente proibida no título,
feita a devida averbação.
Art. 587. Eficácia da Constituição - A renda constituída por disposiçães Parágrafo único. Em caso de cessão, o promitente-vendedor tem o direito
de última vontade começa a ter efeito desde a ·morte do constituinte, mas de preferência ao estranho, nas mesmas condições.
não valerá contra terceiros adquJrentes, enquanto não inscrita no competente
registro. Art. 601. Direitos do Promitentc.-Comprador - Inscrito o titulo, o
Art. 588. l nscrição no Registro de Imóveis A renda sôbre imóvel promitente-comprador investe-se na posse do bem. podendo praticar os atos
constituída por ato entre vivos só se estabelece com a inscrição do título compatíveis com o seu direito, conservatórios, ou não.
no registro imobiliário. Art. 602. Transmissão Hereditária - Os direitos e obrigações dos
Art. 589. Conteúdo das Prestações - A obrigação de pagar renda promitente-vendedor e comprador transmitem-se por sucessão hereditária.
constituída sôbre imóvel pode consistir em prestações pecuniárias, ou de coisas. Art. 603. Obrigação de Pagar os Tributos - O promitente-comprador
Art. 590. Prestações Devidas pelo Alienante - Se o imóvel gravado é obrigado a satisfazer os tributos que gravem o imóvel.
fôr alienado, o adquirente fica obrigado pelas prestações devidas pelo alienante, Art. 604. Aquisição da Propriedade - A aquisição da proprit>dade do
mas tem direito regressivo contra êle. imóvel prometido irretratàvelmente à venda independe de nova escritura, trans-
Art. 591. Resgata do Imóvel - O imóvel pode ser resgatado se seu crevendo-se em nome do promitente-comprador com a üpresentação, por êste
proprietário pagar ao credor da renda um capital em espécie que lhe assegure ou por qualquer interessado, do documento comprobatório da quitação, ciente
renda equivalente. o promitente-vendedor.
Art. 592. Desapropriação do Imóvel - No caso de desapropriação do Art. 605. Extinção - A promessa irretratável de vend;;~ extingue-se:
imóvel, a renda fica constituída sôbre ·o preço. I - pela execução do contrato, averbada a :;uitação do promitente-
Art. 593. Perecimen6Ó do Imóvel Segurado - Em caso de sinistro, vendedor; '
estando o imóvel segurado, a renda fica constituída sôbre a indenização. II - pelo distrato;
Art. 594. Responsabilidade Solidária - Se o imóvel gravado passar Ill - pela resolução do contrato.
a vários proprietários. respondem solidàriamente pelo cumprimento da obrigação Art. 606. Resolução de Pleno Direito - Se o ~romitente-comprador. no-
os condôminos, permanecendo o ônus sôbre todo o prédio. tificado, não pagar as prestações atrasadas no prazo de trinta dias, o contrato
Art. 595. Transmissão do Imóvel a Muitos Sucessores - No caso de se resolve de pleno direito, decorrido o prazo da notificação.
transmissão do prédio gravado a mais de um sucessor, o ônus real da renda Art. 607. Cancelamento da Inscrição - Cancela-se a inscrição:
continua a gravá-lo em tôdas as suas partes.
I - pela transcrição do imóvel em nome do :Jromitente-compraàor, com
Art. 596. Responsabilidade do Devedor - A responsabilidade do devedor a prova de quitação:
é limitada ao imóvel gravado, mas, após o transcurso de três anos do ven- li a requerimento dos interessados;
cimento das prestações, passa a dívida a ser pessoal. III - por mandado judicial.
-71- -75-
Art. 608. Desapropriaçã.o do Imóvel - Ficam sub-rogados no preço os Art. 616. VenCimento Antecipado da Dívida - Considera-se vE.ncida a
direitos do promitente-comprador que recaiam sôbre o bem desapropriado.
divida:
Parágrafo único. Se o promitente-comprador tiver acessões no terreno
prometido à venda, o promitente-vendedor será obrigado a indenizá-lo pro-. I - se. deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dndo em garant;a, des-
porcionalmente ao preço da desapropriação. · fulcar-se esta. com ou sem culpa do devedor, e êste intimado, não a rekrçor:
II - se o devedor falecer;
III - se as prestações não forem pontualmente pagas, importando re-
Título N núncia do credor ao seu direito de execução imediata o recebimento ce . pres-
tação atrasada;
DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA IV - se o bem dado em garantia fôr desapropriado;
V - se perecer o bem hipotecado ou empenhado.
CAPÍTULO I
§ 1" Se o bem dado em gurantia estiver segurado, a indenização se
DISPOSIÇõES GERAIS sub-rogará na coisa destruída, em benefício do credor, n quem assistirá sobre
ela preferência até o seu completo reembôlso.
Art. 60~. Vinculação Real do Bem ao Curhprimento da Obrigação - § 2.0 Em caso de desapropriação, será depositada em juízo a parte do
N?s. dividas ~arantidas por penhor ou hipoteca, o bem dado em garantia fica preço que fôr necessária para pagamento integral do credor;
SUJeito, por vmculo real, ao cumprimento da obrigação. § 3° Nos casos dos ns. IV e V só se vencerá a hipoteca no· prazo
estipulado se esta não abranger outros bens além do que foi destruido. dani-
Art. 610. Legitimados a Prestar Garantia R~al - Só aquêle que pode ficado ·ou desapropriado: em caso contrário, subsiste a divida reduzida, :om
alienar, tem o direito de hipotecar, ou empenhar. a garantia sôbre os remanescentes.
Parágrafo único. O domínio superveniente revalida, desde a inscrição, § 4." O vencimento antecipado da dívida por efeito de sinistro, ou :esa-
as garantias reais estabelecidas por quem possuía a coisa a título de pro- propriação, não importa o dos juros correspondentes ao prazo por decorrer.
prietário.
Art. 617. Garantia Prestada por Terceiro - Salvo cláusula expressa,
Art. 611. Objeto da Garantia Real - Só os bens alienáveis pudem ser o terceiro que presta garantia real por dívida alh~ia não fica obriç;<do a
dados em hipoteca, ou penhor. substitui-la, ou reforçá-la quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou des-
valie.
Art. 612. Garantia Real pela Vinculação de Coisa Comum - A coisa
comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real. Art. 618. Proibição do Pacto Comissório - É nula a cláusula que auto-
na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode, individual~ rize o credor pignoratício, ou hipotecário, a apropriar-se do bem dado em
mente, dar em garantia a parte que tiver, se fôr divisível a coisa e só a -garantia,· se o devedor não cumprir a obrigação garantida, seja o pacto
respeito dessa parte vigorará a indivisibilidade da garantia. ' estipulado no momento da celebração do contrato. seja posteriormente.
Art. 613. Redução da Garantia - O pagamento de prestações da dívida Art. 619. Remição Proibida - Os sucessores úo devedor não p'"ldem
importa redução correspondente da garantia, ainda que ~:sta compreenda vários remir parcialmente o penhor, ou a hipoteca, na proporção dos seus quinhões;
bens, salvo disposição expressa no titulo, ou na quitação. qualquer dêles, porém, pode fazê-lo no todo.
Parágrafo único. O herdeiro ou suc~ssor que fizer a remição fica sub-
Art. 614. Direito de Preferência do Credor - O credor hipotecário e rogaçlo nos direitos do credor pelas quotas que houver satisfeito.
o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada, ou empenhada,
e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipot~ca, a Art. 620. Obrigação Pessoal do Devedor - Quando, excutido o penhor,
prioridade na inscrição. ou executada a hipoteca, o produto não bastar para t·agamento ia :Hvida e
despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente oelo rfstante.
Parágrafo único. Excetuam-se dessa regra as dívidas que, por 0utras
leis, devem ser pagas preferencialmente a quaisquer outros credores.
CAPÍTULO 1!
Art. 615. Requisitos para Validade do Direito Contra Terceiros - Não
vale contra terceiro o contrato de penhor, ou de hipoteca, em que se não DO PENHOR
declare:
I - o valor da dívida garantida; Art. 621. Objeto do 1?en11ar Podem ser objeto de penhor:
li - o prazo para seu pagamento; I - as coisas móveis;
III - a taxa de juros, se houver; II - as universalidades de ·ooisas móveis; ·
IV - a individuação dos bens dados em garantia. UI - os créditos e outr0s direitos mobiliários.
Parágrafo único. Se a dívida fôr líquida, seu valor será prefixado por Art. 622. Constituição - O penhor constitui-se por escrito firmado pelas
acôrdo expresso entre o credor e o :levedor em -:Jmmtia que represente o partes. que deverá ser levado ao re.gistro competente pelo credor. t'U pelo
máximo da garantia. devedor.
-76- -77-

§ 1." O penhor comum, o de créditos e o de quaisquer titules ao portador CAPÍTULO. UI


se transcreverão no registro especial de títulos e docum,!ntos.
DOS PENHôRES ESPECIAIS
§ 2." O penhor agrícola, o pecuário, o mercantil e o industrial serão
inscritos no registro de imóveis. Seção I - Disposição Geral
§ 3." O de títulos de bõlsa averbar-se-á na reparaçao competente, ou nu
livro próprio das sociedades que os tiverem emitido, se forem nominativos. Art. 629. Disposições Aplicáveis aos Penhõres Espc.:iais Reger-se-ão'
por disposições especiais dêste Capitulo e leis tomplementares:
Art. 623. Preferência do Credor Pignoratício - O credor pignoratício
tem preferência para obter o pagamento de seu crédito sôbre o valor do bem I - o penhor de créditos e outros direitos;
dado em garantia, esteja na posse, ou não. li - o penhor de títulos de valor;
III - o penhor industrial;
Art. 624. Vício da Coisa Empenhada - O credor pignoratício pode IV - o penhor mercantil;
exigir do devedor o ressarcimento do prejuízo que houver sofrido· por vício V - o penhor rural;
da coisa empenhada. VI o penhor de automóveis;
Art. 625. DireitOs do Credor Pignoratício -:- )J credor tem direito de VII - o penhor legal.
possuir o bem dado em garantia e de o reter, após o ;:>agamento, para haver
indenização de despesas efetuadas com a sua conservação. Seção ll - Do Penhor de Créditos e Outros Direitos
Parágrafo único. Se o bem dado em penhor fôr confiado, de comum Art. 630. 'nisposições Aplicáveis - O penhor de créditos e outr.os di ..
acôrdo, à guarda de terceiro, conservará êste a posse em nome do credor. reitos subordina-se às regras constantes desta seção e às do penhor comum•
Art. 626. Obrigações do Credor Pignoratício - O credor pignoratício que lhe forem dplicáveis.
é obrigado: Parágrafo único. Só os direitos transmissíveis podem ser objeto -:ie
penhor.
I - a empregar na guarda do bem a diligência ~xigid'a por sua natureza,
com a responsabilidade de depositário; Art. 631. Constituição do Penhor - O penhor de créditos para v<..ler,
constitui-se por escrito, do qual deve ser cientificado o devedor da ubrigaçãc •
Il - a restituir o bem, ao devedor ou à pessoa de quem o recebeu, com
seus frutos e acessões. paga a dívida; principal. se não tiver também assinado o instrumento.
III - a entregar o ·que sobre do preço, quando a dívida fõr paga, sej,a Art. 632. Tradição do Título de Crédito - ~e o crédito dado em ga-
por execução judicial, ou venda amigável, se lha permitir expressamente o título, rantia estiver consubstanciado em um titulo, o penhor só se estabelece com·
ou Iha autorizar o devedor, mediante procuração com poderes especiais; sua tradição ao credor pignoratício.
IV - a indenizar o valor da· coisa empenhada se esta pereceu ou se Art. 633. DireitOs do Credor Pignoratício - <\o· credor pignoratício
àeteriorou. por sua culpa, podendo compensar-se na dívida, até a concorrente compete:
quantia, a importância da· sua responsabilidade. I - conservar a posse dos títulos e recuperá-Ia de quem quer que os de-·
tenha; I
Art. 627. Extinção do Penhor - Extingue-se o penhor:
li - usar dos meios judiciais convenientes para a5segurar seu5 direitos,
I - com a extinção da dívida que garante; bem assim os do credor do titulo empenhado, atuando como gestor d., nerõciOs·
II - com o perecimento da coisa empenhada; alheios, neste último caso;
Ill - receber a divida consubstanciada no titulo e r estitui-)a a seu •Jeved,>t.
III - pela renúncia do credor, declarada ou pre::mmiáa•;
quando êste solver a obrigação por éle garantida;
IV - pela confusão; IV - receber os juros do titulo.
V - pela venda, judicial ou amigável, do bem, ou por sua adjudicação; Art. 634. Exceções do Devc•ior do Crédito O devedor do crédito dado,
VI - pela remição. em garantia pode opor ao credor pigno~aticio as !X<:eções cabíveis contr, seu
próprio credor.
§ 1." Se a divida se extingue em conseqüência de ato que acarrete a
sub-rogação, legal ou contratual, ao nõvo credor se t»ansfe!em todos os di- Art. 635. Responsabilidade do Devedor do Crédito Empenhado - O
reitos, ações e garantias que, sôbre a coisa empenhada, assistiam ao primitivo. devedor do crédito empenhado que aceitar quitação do credor que o empehou,.
responderá solidàriamente com êste pelas perdas e danos que sofrer o credor
§ 2. 0 A renúncia é presumida quando o credor ronsentir na vendá par- pignoratício.
ticular do bem empenhado, sem reserva de preço; quandGJ restituir a sua posse Art. 636 . Responsabilidade do Credor do Crédito Empenhado - O cre~­
ao devedor; ou quando anuir à sua substituição por ,,utra garantia. dor de crédito empenhado que quitar o devedor fica obrigado a saldar imedia-
Art. 628. Cancelamento da Inscrição - Ocorrido o fato extintivo do tamente a dívida em cuja garantia constituiu o penhor, respondendo ainda por,· ·
.penhor, o interessado deve promover o cancelamento do reg.istrQ_ perdas e danos.
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Art. 637. Título ao Portador - Se o objeto do penhor fõr um título Art. 617. Vencimento Antecipado da Dívida - Considera-se vencida a
.ao portador, ou que se transfere por simples endê~so, o credor pignoratício divida:
tem o direito de perceber os juros que produzir, antes mesmo do vencimento I - se o devedor impedírque o credor inspecione, sempre que lhe convier,
. da divida, não sendo permitido ao devedor pagá-los a seu credor. · <OS bens empenhados;

Parágrafo único. Os juros recebidos serão deduzidos da importância da II - se sobrevier a morte do devedor.
divida no seu pagamento. Art. 618. Guarda dos Bens- Vencida a dívida antecipadamente, o credor
.tem o direito de requerer que os bens empenhados ;ejam confiados à guarda
Art. 638. Penhor de Créditos Garantidos - Os c.réditos garantidos por .de depositário por êle indicado.
·hipoteca, ou penhor, podem ser empenhados considerando-se para êsse efeito,
.direitos mobiliários.
Seção V - Do Penhor iVlercantil
Parágrafo único. Ao credor pignoratício é assegurado o direito de exe-
cutá-los diretamente para seu pagamento. Art. 619. Constituição - O penhor de mercadorias em garantia de obri-
Art. 639. Penhor de Outros Direitos - O penhor de outros direitos que .gação mercantil pode ser constituído por instrumento particular, ou público.
não os de crédito constituir-se-á pela forma req11erisla i='ara a transferência do Art. 650. Direitos e Obrigações do Devedor - Q objeto do penhor pode
.direito dado em garantia, sendo obrigatória a éiênéia <Jo titular do direito de continuar na posse do devedor ou ser entregue à guarda de depositário.
propriedade. Parágrafo único. Se as mercadorias forem "ntregues ao credor, terá
·êle a condição de depositário.
Seção !li - Do Penhor de Títulos de Valor Art. 651. Warrant - A mercadoria depositada em armazém geral pode
-ser objeto de penhor, mediante endõsso do warrant emitido, no qual se declare
Art. 610. Penhor de Apólices da Dívida Pública - As apólices da dí- a importância do crédito garantido, a taxa dos juros e a data do vencimento.
·vida pública podem ser objeto de penhor. Parágrafo único. O ·penhor de mercadoria representada pelo conhecimento
Parágrafo único. Se as apólices forem ao portador, é necessária a sua -do depósito e warrant regular-se-á pelas disposições relativas às emprêsas de
'tradição ao credor. .armazéns gerais.
Art. 611 . Penhor de Ações de Sociedades Anônimas - As ações de Seção VI - Do Penhor Rural
sociedades anônimas e outros títulos de valor também podem ser obJeto de
penhor. Art. 652. Constituição - O penhor rural compreende o penhor agrícola
Art. 612. Direito Reservado ao Acionista - No penhor de ações no- ·e o penhor pecuário, devendo constituir-se por escritura pública, ou particular.
zminativas de uma sociedade, o acioni-sta não perde o direito de participar e Art. 653. Direitos e Obrigaçõc.s do Devedor - No penhor - No penhor
votar nas assembléias gerais. Tural. o devedor continua na posse dos bens empenhados, respondendo por
sua guarda e conservação como se fõsse depositário.
Seção IV - Do Penhor Industrial Parágrafo único. Quando o penhor rural fõr constituído para garant:r
·obrigação de terceiro, os bens permanecem na posse direta do proprietário,
Art. 643. Constituição - O penhor de máquinas e aparelhos empregados sob sua responsabilidade. ·
,na indústria instalados ou em funcionamento, com seus pertences, pode ser Art. 651. Inspeção dos Bens Empenhados - Sempre que lhe convier, o
constituído por instrumento particular ou público. ·credor pode verificar o estado dos bens empenhados, inspecionando-os onde
Art. 611. Direitos e Obrigações do Devedor - No penhor industrial. c se acharem, por si ou por pessoa a quem autorize.
devedor continua na posse das coisas empenhadas. responsável pela sua çmarda Art. 655. Remoção dos bens - O credor tem o direito de exigir que
. e conservação, com o direito de usá-las conforme seu destino, mas não pode ·os bens empenhados sejam confiado~ à guarda de depositário nomeado pelo
alterá-las ou mudar-lhes a situação sem consentimento escrito do credor. juiz, se sobrevier o falecimento do devedor, ou do terceiro que houver dado
-os bens em garantia.
Art. 615. Consentimento do Proprietário do Prédio - Para a consti- Art. 656. Prédio Hipotecado Se o prédio estiver hipotecado, não é
tuição do penhor de máquinas instaladas em prédio qu~ não seja de proprie- necessária a anuência do credor hipotecário para sõbre êle se constituir penhor
..dade do devedor, é necessário, sob pena de nulidade, o consentimento escrito rural. mas êste não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a
.do proprietário, expresso no próprio instrumento do contrato. ·extensão da hipoteca, ao ser executada.
Art. 616. Sub-Rogação nos Direitos do Locador - Se as máquinas em- Art. 657. Objeto do Penhor Agrícola - Podem ser objeto do penhor
penhadas estiverem em prédio do qual seja o devedor Jc,catário. a impontuali- :agrícola:
dade no pagamento dos aluguéis determinará o vencimento antecipado da divida,
:se o credor não preferir pagar os aluguéis vencidos, caso em que ficará sub- I colheitas pendentes, ou futuras;
~ogado em todos os direitos do locador. II - frutos armazenados;
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Ill - madeira das matas, preparada para o corte, ou em toras; Art. 670. Efeitos da expedição da cédula - Desde que expedida a cé-
IV - lenha cortada, ou carvão vegetal; dula rural pignoratícia. os bens empenhados não poderão ser objeto de penhora,
V - máquinas e instrumentos agrícolas. arresto, seqüestro ou de outra medida judicial.

Art. 658. Consentimento do Proprietário do Imóvel - A constituição de Art. 671. R.esgate - A cédula rural pignoratícia é resgatável, a todo·
penhor agrícola pelo po,suidor que não é proprietário do prédio depende, para tempo, com o pagamento do cap:tal que representa, acrescido dos juros devidos
valer, do prévio consentimento dêste. até o dia da liquidação.

Art. 659. Prazo - O penhor agrícola não admite prazo maior de dois Art. 672. Cancelamento - Para o cancelamento da inscrição do penhor
anos, mas pode ser prorrogado por igual período. de que foi expedida cédula rural. é necessana a sua apresentação ao oficial
do registro, que fará as anotações devidas e a devolverá à pessoa que J.
§ 1." A prorrogação do prazo da garantia dada pelo penhor agrícola apresentar.
faz-se por simples escrito, assinado pelas partes. e averbado à margem da
inscrição. Seção VII - Do Penhor de Automóveis
§ 2.o Enquanto subsistirem os bens empenhados, subsiste a garantia,
embora esteja vencido o prazo. / Art. 673. Penhor dt< Automóveis - Pode ser objeto de penhor o auto-
móvel cujo título de aquisição estiver transcrito no registro· próprio.
Art. 660. Colheita Pendente O penhor agrícola que tiver por objeto
colheita pendente estende-se à que se lhe seguir no caso de frustrar-se a pri- Parágrafo único. Por automóvel entende-se, para os efeitos legais, todo
meira, ou ser insuficiente. veiculo de propulsão própria, destinado à condução de pessoas ou de carga
por via terrestre.
Art. 661. Objeto do Penhor Pecuário Podem ser objeto de penhor Art. 67 4. Constituição - O penhor de automóveis constituir-se-á por
pecuário os animais destinados à indústria pastoril, agrícola, ou de laticínios. instrumento particular, ou público, inscr;lo no registro próprio, no qual. além
Art. 662. Conteúdo Obrigatório do Instrumento - No penhor pecuário das indicações exigidas para a constituição do penhor comum, devem constar
o instrumento designará os animais com a maior precisão, mencionando todos. tôdas as necessárias à individuação do veiculo empenhado, inclusive o número
os característicos que os identifiquem, o lugar onde se encontrem e o destino do motor.
que tenham, sob pena de nulidade. Art. 675. Seguro Obrigatório do Automóvel - Não se fará penhor de
Art. 663. Venda dos Animais - O devedor nao poderá vender o gado automóvel sem a prova de que está segurado, inclusive para os casos de
nem qualquer dos animais empenhados, sem prévio consentimento do credor. responsabilidade civil para com terceiros, derivada de dano que causar.
Parágrafo único. Em caso de destruição ou deterioração, a indenização
Art. 664. R.emoção - Quando o devedor pretenda vendê-los ou, por do seguro sub;rogar-se-á no automóvel, em benefício do credor.
negligente, ameace prejudicar o credor, poderá êste requerer se depositem Art. 676. Posse do Automóvel - O devedor continua na posse do
os animais sob a guarda de terceiro, ou txigir que, incontinenti, se lhe pague automóvel empenhado, equiparado ao depositário para os efeitos de guarJa e
a dívida. conservação.
Art. 665. Sub-rogaçã:J - Os animais da mesma espécie, comprado:; Art. 677. Cédula Pignoratícia - Da inscrição do penhor poderá ser
para substituir os mortos, ficam sub-rogados no penhor. extraída uma cédula pignoratícia transferível por cndôsso em prêto.
Parágrafo único. A substituição só valerá contra terceiros se constar de Art. 678. Vencimc-.rzto Antecipado da Dívida - Considerar-se-á vencida
menção adicional ao respectivo contrato, devidamente averbada. a divida se o devedor, sem cosentimento do credor, alienar o automóvel, ou,
Art. 666. Prazo - O penhor pecuário não admite prazo maior de três. por negligente, deixar que se estrague, ou que, por qualquer forma, diminua
anos, mas pode ser prorrogado por igual período, averbando-se a prorrogação a garantia.
à margem da inscrição. Vencida a prorrogação, e não sendo reconstituído, será Parágrafo único. Quando a diminuição da garantia se der por culpa do
executado. devedor. o credor pode requerer o seqüestro do automóvel.
Art. 667. Cédula R.ural Pignoratícia - Inscrito o instrumento de penhor Art. 679. Prazo - O penhor de automóveis não admite prazo maior
rural, o credor pode solicitar do oficial do registro que lhe entregue uma de dois anos, prorrogável por igual período, averbada a prorrogação à margem
cédula rural pignoratícia, que conterá as indicações previstas a lei dos re- da inscrição .
gistros públicos.
Art. 668. Circulação do Título - A cédula rural pignoratícia é título Seção VIl! - Do Penhor Legal
negociável por endôsso total em prêto, puro e simples, reputando-se não
escrita qualquer cláusula condicional ou restritiva. Art. 680. Credores Pignoratícios - São credores pignoratícios, inde-
pendentemente de convenção:
Art. 669. Dirc.:tos do Endossatário - Expedida a cédula rural pigno-
ratícia, os direitos do credor se exercem pelo endossatário em cujo poder ::e os hospedeiros. estalajadeiros ou fornecedores de pousada ou alimento,
encontre, só valendo o pagamento feito pelo devedor se o título lhe fôr restituído. sõbre as bagagens, móveis, jóias ciu dinheiro que os seus consumidores ou
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fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas. Art. 689. Hipoteca do Direito ds Superfície - Se a hipoteca tiver pore
despesas ou consumo que aí tiverem feito; objeto o direito de superfície, não sobreviverá à sua extinção, a me.Jos que q-
superficiário tenha adquirido a propriedade do solo, hipótese em que a êste
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sõbre os bens móveis qu~ o
rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelas aluguéis ·ou se estenderá.
rendas. Art. 690. Hipoteca do Direito de Usufruto - A hipoteca constituída,
sôbre o direito de usufruto extingue-se com êle.
Art. 681. Conta das Dívidas Garantidas - A conta das dívidas enume-
Parágrafo único. Se o usufrutuário adquirir a nua-propriedade, persistirá.
radas no inciso primeiro do artigo antecede;,_te será extraída conforme a
a hipoteca até quando se verifique o fato que determinaria a extinção do,
tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa, dos preços da
hospedagem, da pensão ou dos g.Sneros fornecidos, sob pena de nulidade · do usufruto.
penhor. Art. 691. Segunda Hipoteca - Pode-se constituir sõbre o imóvel hipo--
tecado, mediante nõvo titulo, outra hipoteca. em tavor do mesmo, ou de outro
Art. 682. Coisas Introduzidas - O hospedeiro e o senhorio têm, para
seus créditos, penhor sõb<·e as coisas introduzidas pelo hóspede, ou inquilino. credor.
Parágrafo único. O credor da segunda hipoteca, embora vencida, não·
Parágrafo um co. O credor pode liberar do penhor coisas que julgue poderá executá~la antes de vencida a primeira.
dispensáveis à garantia do seu crédito. /
Art. 692. Pagamento pelo Segundo Credor - A dívida proveniente da,
Art.. 683. Homologação [ridicial - Tomado o penhor, requererá o primeira hipoteca pode ser paga, no vencimento, p~lo credor da segunda, S('
credor, ato contínuo, a homologação judicial. o devedor não se oferecer para remi-la.
§ 1." O hospedeiro apresentará, com a conta por menor das despesas do § 1." O credor da segunda hipoteca tem o direito de e te tua r o pagamento,.
hóspede, a tabela dos preços e o rol dos objetos retidos; consignando a importância da divida, acrescida à das despesas judiLiais,
§ 2" O locador, a nota dos aluguéis yencidos. se estiver sendo promovida a execução.
Art. 684. Efetivação do Penhor - Os credores compreendidos no artigo
§ 2.o Se o credor da segunda hipoteca pagar a primeira, ficará sub-·
680, inciso I, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade rogado nos direitos desta, sem prejuízo dos que lhe competirem contra o
ujdiciária, sempre que haja perigo na demora. devedor.
Art. 693. Remição pelo Adquirente do Imóvel - O adquirente do>
Art. 685. Caução do Locatário - O locatário pode impedir a constituição
do penhor, prestando caução idônea. imóvel hipotecado tem o direito de remi-lo.
§ 1." Se qmser evitar os efeitos da execução da hipoteca, o adquirenti!
proporá a remição do credor, oferecendo, no mínimo, o preço por que adquiriu.
CAPÍTULO IV o imóvel. e assinando-lhe, em juízo, o prazo de trinta dias para manifestar-se ..
§ 2." Não aceitando a proposta, pode o credor requrrer a licitação do·
DA HIPOTECA imóvel.
§ 3° Se a licitação não fõr requerida no prazo .assinàdo,. o. preço da1
Seção I - Disposições Gerais aquiSiçao, ou aquêle que tenha sido oferecido, haver-se-á por definitivamente
fixado para a remição do imóvel, que ficará liberado, tanto que pago ou.
Art. 686. Objeto da Hipoteca - Podem ser objeto de hipoteca: consignado o dito preço.
I - os imóveis, com suas acessões e benfeitorias; Art. 694. Pessoas Admitidas a Licitar - São .admitidos a licitar os cre-
Il - os direitos reais de enfiteuse, superfície e usufruto. dores hipotecários, os fiadores e o próprio adquirente.
Parágrafo único. · A hipoteca pode ter por objeto bens do devedor, ou Art. 695. Efeitos da Falta de Proposta de Remição - O. adquirente d<Y-
de terceiro. imóvel hipotecado que não quiser remi-lo, sujeitar-se-á aos efeitos da execução,
Art. 687. Acessões do Imóvel - A hipoteca abrange as construções, não lhe sendo permitido pagar o preço da aquisição, ou da avaliação, se não
melhoramentos e outras acessões do imóvel hipotecado. salvo se oneradas houver feito a proposta de remição nos trinta dias seguintes à aquisição.
pelo direito de superfície, ou se constituírem propriedade separada. Art. 696 . Quando a Remição é Desnecessária - A remição não será'
Art. 688. Hipoteca de Imóvel Aforado - Tanto o senhorio corno o necessária se o credor assinar a escritura de alienação do imóvel com o
foreiro podem dar em hipoteca, isoladamente, o direito que têm sõbre o prédio adquirente.
aforado. Art. 697. Prorrogação da Hipoteca - A hipoteca pode ser prorrogadat
§ 1.11 No caso de resgate, a hipoteca que grava o direito do senhorio mediante simples averbação requerida por ambas as partes, enquanto a obri-
se sub-roga no preço, estendendo-se à plena propriedade se gravar o direito gação perdurar.
do foreiro. · Parágrafo único. Decorridos dez anos da constituição, só subsistirá se.·
§ 2." Se a enfiteuse se extinguir por outra causa, extingue-se a hipoteca, iõr reconstituída por nõvo título e nova inscrição, e, nesse caso, lhe serã.
a ·menos que a extii1Ção se dê pela cónfusão. mantida a precedênlia que então lhe competir.
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. Art. _69~. Red'!~ão da Hipoteca - A hipoteca pode ser reduzida tanto Parágrafo único. Qualquer que seja a causa extintiva, é necessário o
.na Importancia da divida como na. quantidade dos bens hipotecados. cancelamento da inscrição, que se fará a requerimento de ambas as partes,
§ 1° O devedor que tenha pago um têrço da dívida pode obter a ou à vista de prova da ocorrência do fato extintivo .
.redução proporcional do. seu montante.
§ 2~' Se o vaio: dos bens hipotecados excede às necessidades da garantia Título V
.. por efeito de ~mort1za~ões _ da dívida, o devedor pode requerer a liberaçã~
.de alguns, se tais amort!zaçoes forem superiores à metade do crédito declarado. DA POSSE
Art. 699. Cessão do Crédito Hipotecário - A cessão do crédito hipote- CAPÍTULO
•cário implica a da hipoteca.
Art. 700. Hipoteca legal - A lei confere hipoteca: DISPOSIÇõES GERAIS
I - aos descendentes, sôbre os imóveis do ascendente que lhe administra Art. 706. Possuidor - B possuidor aquêle que exerce de fato todos
•·os bens;
ou alguns dos podêres inerentes à propriedade.
. ~I - aos filhos, sôbre os imóveis do pai, ,ou da mãe, que passar a outras Parágrafo únilo. Quem se acha em relação de dependência para com
nupCias. antes de partilhar os bens do casal anterior. outra pessoa, conservando a posse em nome desta e em cumprimento d'
ordens ou instruções suas, pode agir na defesa da posse pelo desfôrço imediato.
Art. 7~1. lns:riçã.o e Especialização - As hipotecas legais, de qualquer
rnaturez~. _nao valerao em caso algum contra terceiros, se não forem inscritas Art. 707. Posse Direta e Indireta - A posse exercida diretamente por
e especializadas. fôrça de obrigação, ou em virtudE' de um direito temporário a outrem con-
ferido por seu titular, não anula a posse dêste.
Seção li - Da Constituição da Hipoteca Parágrafo único. O possuidor direto pode conceder a outrem, temporà-
riamente, o exercício dos podêres que tem sôbre a coisa, tornando-se, em
Art. 702. Constituição da Hipoteca - Constitui-se a hipoteca pela ins- relação a êste, possuidor indireto.
•.crição no registro de imóveis. Art. 708. Presunção de Propriedade- Até prova em contrário, o possui-
~rt. 703.. Procr.;so_ de Inscrição - O processo de inscrição é regulado dor é presumido proprietário da coisa, mas não pode opor essa presunção
ri!la lei dos registros pubhcos, mas obedecerá aos princípios seguintes: àquele de quem a recebeu.
I - o pedido de inscrição pode Sf'r feito por qualquer interessado· Art. 709. Posse de Partes Distintas da Coisa Se alguém
.II - a apresentação do título determinará a prioridade e esta a ~refe- possui, sem compossessão, parte de uma coisa, tem sôbre ela todos os direitos que
rrência entre as hipotecas; ' competem ao possuidor.
III - não se inscreverão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca Art. 710. Compossessão - Se duas ou mais pessoas possuírem em co-
e outro direito real sõbre o mesmo imóvel. mum uma coisa indivisa poderá cada uma exercer a posse sôbre esta, contanto
q•le não exclua a dos outros possuidores.
. :Art. 704 · . A quem Incumbe a Especialização - A especialização da § 19 A compossessão pode ser voluntária ou necessária, estabelecendo-se
..l11poteca legal mcumbe aos que são obrigados a prestar essa garantia podendo entre possuidores diretos oti indiretos, ou entre uns e outros.
ser requerida por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público: § 2° Verifica-se também a compossessão entre os que estiverem no gôzo
Parágrafo único· As pessoas a quem incumbe a especializacão das hipó- de direito comum.
rtecas legais ficarão sujeitas a perdas e danos pela omissão. · Art. 711. Obstáculo ao Exercício da Posse- A posse conserva-se mesmo
que o seu exercício esteja impedido por obstáculo de natureza passageira.
Seção lll - Da Extinção da Hipoteca Art. 712. Posse de Boa-Fé - B possuidor de boa-fé quem está na con-
vicção de ser legitima a sua posse.
,Art. 705. Causas da extinção - A hipoteca extingue-se: § t• O possuidor com justo titulo tem por si a presunção de boa-fé, salvo
prova em contrário.
I pela extinção da obrigação;
II com o perecimento da coisa; § 2• O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da
. III pela resolução do domínio; coisa, a que não der causa.
IV pela renúncia do credor; Art. 713. Quando Cessa a Boa-Fé - Cessa a boa-fé desde o momento
V - pela remição; · em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não pode mais crer
VI - pela arrematação, ou adjudicação; na legitimidade de sua posse.
VI - pela prescrição da dívida•
\VIII - pela sentença passada e:U julgado. Art. 714. Conservação do Caráter da Posse- Salvo prova em contrário,
a posse conserva o caráter com que foi adquirida.
-86- -87-
Art. 715. Como se Adquire a Posse- Adquire-se a posse com a obtenção os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles
do poder de fato sôbre a coisa e pelo constituto possessório. de quem êste o houve.
Parágrafo único. Não obsta à aquisição da pos_se a c_U"~unstância de ~ão
ter 0 adquirente a possibilidade imediata e atual de dispor fisicamente da cmsa, Art. 727. Exceção de Domínio - Não obsta à manutenção, ou reintegra-
se êle estiver em situação de, com exclusão de qualquer outro, exercer sôbre ção da posse, a alegação de domínio, ou de outro direito sôbre a coisa.
esta o poder de fato.
Seção ll - Da Percepção dos Frutos
Art. 716. Por Quem Pode Ser Adquirida a Posse - A posse pode ser
adquirida pela própria pessoa que a pretende, por outrem que a represente, ou, Art. 728. Percepção dos Frutos - O possuidor de boa-fé tem direito aos
ainda, por terceiro sem poder de representação, contanto que o ato seja rati- frutos da coisa. colhidos ou percebidos.
ficado. § 1• Reputam-se colhidos os frutos naturais logo que podem ser separados,
Art. 717. Atos de Tolerância - Os atos de mera permissão ou tolerância e percebidos os frutos civis, dia por dia.
não induzem posse. § 2• Devem ser restituídos os frutos pendentes ao tempo em que cessa a
boa-fé, deduzidas as despesas da produção e custeio. Devem também ser res-
Art. 718. Atos Violentos, ou Clandestinos Os atos violentos, ou clan- tituídos os frutos colhidos com antecipação.
destinos, não autorizam a aquisição da posse, senão depois de cessada a vio-
lência, ou a clandestinidade. / Art. 729. Responsabilidade do Possuidor de Má-Fé - O possuidor de
má-fé responde por todos os frutos colhidos, ou percebidos, e, se não existirem,
Art. 719. Extensão da Posse de Imóvel - A posse de um bem imóvel e obrigado a pagar seu valor estimado ao tempo em que os separou, ou deveria
faz presumir a de suas partes integrantes e pertences. tê-los separado.
Art. 720. Posse do Sucessor a Título Universal - O sucessor a título Art. 730. Direito ao Reembôlso de Despesas - O possuidor obrigado
universal continua de pleno direito a posse do seu antecessor, que a êle se trans- a restituir frutos tem direito à indenização das despesas normais da produção e
mite com os mesmos caracteres. custeio.
Art. 721. Soma de Posses - O sucessor a título singular pode unir sua Seção lll - Do Direito às Benfeitorias
posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Art. 731. Indenização das Benfeitorias Necessárias e ateis - O possuidor
CAPÍTULO I! de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, e ao
reembõlso das despesas com a satisfação dos encargos da coisa.
DOS EFEITOS DA POSSE Parágrafo único. Enquanto não fõr indenizado ou reembolsado, poderá
exercer sôbre a coisa o direito de retenção.
Seção I - Da Protc.;ão Possessória Art. 732. Benfeitonas Voluptuárias - Não sendo indenizadas as benfeito-
rias voluptuárias, o possuidor de boa-fé tem direito a levantá-las, se puder fa-
Art. 722. Defesa da Posse - O possuidor tem direito a ser mantido na zê-lo sem detrimento da coisa.
posse. em caso de turbação, e restituído, no de esbulho. Art. 733. Benfeitorias ateis e Voluptuárias Feitas pelo Possuidor de Má-Fé
Art. 723. Defesa da Posse pelo Possuidor Direto A posse pode ser - O possuidor de má-fé não tem direito à indenização das benfeitorias úteis,
defendida pelo possuidor direto contra atos de turbação ou de esbulho de ter.- nem de levantar as benfeitorias voluptuárias.
ceiros, ou do próprio possuidor indireto. Art. 734. Ressarcimento ao Possuidor de Má-Fé - Ao possuidor de má-fé
serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias e reembolsadas as despesas
Art. 724. Desforço - O possuidor turbado, ou esbulhado. poderá man- com os encargos da coisa, mas não poderá êle exercer o direito de retenção pelo
ter-se, ou restituir-se. por sua própria fôrça, contanto que o faça logo. seu valor.
Parágrafo único. Os atos de defesa, ou de desfôrço, não podem ir além
do indispensável à manutenção ou restituição da posse. Art. 735. Compensação das Benfeitorias com os Danos - Compensam-se
as benfeitorias com os danos, e só devem ser indenizadas as que, ao ser resti-
Art. 725. Posse Disputada por Diversas Pessoas - Quando várias pes- tuída a posse. ainda existam.
soas invocarem a posse da mesma coisa. disputando-a, será mantida. ou reinte-
Art. 736. Valor da indenização - Aquêle que é obrigado a indenizar
grada, aquela cuja possE> se fundar em justo título; na falta de título ou sendo benfeitorias tem o direito de optar entre seu valor atual e seu custo.
os títulos iguais, a que fôr mais antiga; se da mesma data, a de quem detiver
a coisa.
CAPÍTULO UI
Art. 726. Direito às Ações Possessórias - Todo possuidor pode intentar
as ações possessórias para segurar-se da violência iminente, manter-se na posse, DA PERDA DA POSSE
ou recuperá-la.
Parágrafo único. As disposições concernentes à proteção da posse não se Art. 737. Perda da Posse - Perde-se a posse das coisas desde quando não
aplicam às servidões continuas não aparentes, nem às descontínuas, salvo quando se pode exercer o poder de. fato em que consiste.
-88-

Art. 738. Coisa Furtada ou· Perdida - O possuidor de coisa móvel que
tenha sido furtada, ou perdida, pode reavê-la de quem a detiver, no prazo de
cinco anos. Igual possibilidade é assegurada ao possuidor de título ao portador.
Parágrafo único. Se a coisa furtada, ou perdida, fôr comprada, de boa-fé,
em leilão, feira ou mercado, não poderá ser retomada sem reembôlso, ao com-
prador, do preço pago.

Livro IV

DO DIREITO DAS SUCESSõES


Título I

DÁ. SUCESSÃO EM GERAL

.··· CAPÍTULO I

dll DISPOSIÇõES GERAIS


i'lll
'illi Art. 739. Transmissão da Herança - Os direitos e obrigações de uma
::J!i pessoa transferem-se, por sua morte, a seus herdeiros legítimos e testamentários,
<!lii
;'li• transmitindo-se-lhes, desde rogo, a propriedade e a posse da herança.
Art. 740. Abertura da Sucessão - A sucessão abre-se no momento da
morte do seu autor, onde tenha sido seu último domicílio.
Art. 741. Espécies .de Sucessão - A sucessão dá-se por lei ou por dis-
posição de última vontade.
Art. 742. Limitação à Liberdade de Testar - Havendo herdeiros neces-
sários, o autor da sucessão não poderá dispor de mais da metade da herança.
Parágrafo único. Na hipótese do art. 78i, não poderá dispor de mais de
um quarto da herança.
Art. 743. Herança de Pessoa Viva - São nulos os atos entre vivos pelos
quais uma pessoa dispõe de sua própria sucessão, ou dos direitos que lhe pos-
sam vir a caber em sucessão ainda não aberta.
Art. 744. Capacidade Para Suceder - A capacidade para suceder é a do
tempo da abertura da sucessão.
Art. 745. Existência da Pessoa Sucessível - A pessoa chamada a suce-
der deve existir no momento da abertura da sucessão, salvo se o testador su-
bordinar a condição suspensiva a nomeação dE' herdeiro, ou legatário, ou deter-
minar a constituição de pessoa jurídica ;ob a forma de fundação.
Art. 746. Pluralidade de Herdeiros - Se duas ou mais pessoas forem
chamadas simultâneamente à sucessão de outra, será indivisível o seu direito,
quanto à posse e à propriedade da herança, até se ultimar a partilha.
Parágrafo único. Qualquer dos co-herdeiros pode reclamar a universalidade
da herança ao terceiro que indevidamente a possua.
-90- -91-

CAPÍTULO li Art. 758. E[eito da Renúncia - Na sucessão legítima, ou testamentária, a


parte do renunciante acresce à dos co-herdeiros da mesma classe.
DA ACEITAÇÃO DA HERANÇA Art. 759. Devolução aos Herdeiros da Classe Imediata - Se o herdeiro
renunciante fôr 0 único de sua classe, a herança devolve-se aos herdeiros ime-
Art. 747. Formas - A aceitação da herança pode ser expressa ou tácita.
§ 1• É expressa quando se faz em declaração escrita, e tácita quando re- diatos.
sulta de atos sõmente compatíveis com a qualidade de herdeiro. CAPÍTULO IV
§ 2• A cessão da herança implica aceitação, ainda que feita gratuitamente
em benefício de um ou de alguns herdeiros. DA EXCLUSÃO DA HERANÇA
§ 3• Os atos oficiosos, os meramente conservatórios e os de administração
e guarda provisória não presumem aceitação. Art. 760. Indignidade - Não são legitimados a suceder os herdeiros ou
Art. 748. Transmissão do Direito de Aceitar Herança - Falecendo o her- legatários:
deiro, antes de aceitar a herança, transmite-se a seus sucessores o direito de I - que houverem sido condenados por crime de homicídio doro:o._ ou
aceitá-la. tentativa dêste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, ou contra o conJuge
Parágrafo único. O direito de aceitar a heránça não se transmite se o ou descendente dela:
herdeiro fôr instituído sob condição suspensiva, e esta não se verificar. II - que houverem sido condenados por crime contra a honra do autor
Art. 749. Eficácia da Aceitação A aceitação da herança torna-se eficaz da herança, ou do seu cônjuge; _ . .
desde o momento da declaração, e é irrevogável. III _ que, em proveito próprio, por dolo ou coaçao, mduzirem o autor. d:a
herança a fazer, modificar ou revogar testamento, ou lhe obstarem o exerciCIO
Art. 750. Aceitação Presumida - O interessado em que o herdeiro de- do direito de testar.
clare se aceita, ou não, a herança poderá requerer a intimação judicial dêste, Parágrafo único. A exclusão do herdeiro. ou legatário, por indignidade,
para que se pronuncie no prazo que lhe fôr marcado. O silêncio, no prazo fi- será declarada por sentença.
xado, importa aceitação. Art. 761. Eteitos da Exclusão - O indigno é obrigado a restituir ~s ~rut~s
Art. 751. Aceitação a Beneficio de Inventário - A aceitação da herança naturais e civis aue dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a
entende-se a benefício de inventário. indenização das despesas e encargos feitos com a conservação dos bens here-
Parágrafo único. Incumbe ao herdeiro a prova da existência de encargos ditários. Os descendentes do herdeiro excluído por indignidade suce~em como
superiores às fôrças da herança salvo se houver inventário em que esteja apu- se êlP morto fôsse, mas êste não terá direito à suc:ssão _eventua! _desse~ bens.
rado o valor dos bens. Sendc a sucessão devolvida a s<>us filhos menores, nao tera a adm1mstraçao nem
Art. 752. Aceitação Parcial - Não se pode aceitar a herança em parte, o usufruto dos bens que êstes herdarem.
sob coiiâiÇãõ-ou·a têrmo. Art. 762. Reabilitação do 1ndigno - Aquêle que incorreu em i':l~ignidade
Parágrafo único. O herdeiro a quem se testarem legados pode aceitá-los, será admitido a suceder, se o ofendido u tiver expressamente reabilitado em
renunciando à herança, ou renunciar a êles, aceitando-a. testamento ou por outro ato autêntico.

CAPÍTULO lii CAPÍTULO V

DA RENúNCIA DA HERANÇA DA HERANÇA JACENTE

Art. 753. Forma - A renúncia à herança deve constar, expressamente, Art. 763. Administração da Herança !acente Falecendo alguém sem
de instrumento público, ou têrmo judicial. deixar testamento ou herdeiro sucessível notõriamente conhecido os bens here-
Art. 754. Irrevogabilidade da Renúncia - A renúncia da herança é irre- ditários, depois de arrecadados, ficarão s?b a guarda e admin_istração de ~
vogável. curador, até que sejam entregues aos herde1ros ou sucessores devidamente habili-
tados, ou declarados vagos.
Art. 755. ~nulação - A renúncia da herança não pode ser anulada com
fundamento em erro. Art. 764. Devolução aos Herdeiros - Se aparecerem herdeiros, os bens
kt. 756. Anulação a Pedido dos Credores - Quando o herdeiro preju- da herança jacente lhes serão entregues. por determinação do juiz, no processo
dicar os seus credores· com a renúncia da herança, poderão êstes promover sua de habilitação, salvo se forem notõriamente conhecidos, e não houver, nesse
anulação, nos trinta dias seguintes ao conhecimento do fato e aceitá-la em nome caso oposição do órgão do Ministério Público.
do renunciante. ' Art. 765. Declaração de Vacância - Serão declarados vacantes os ~ens
Parágrafo único. Pagas as dívidas do renunciante, o remanescente da he- da herança jacente se, praticadas :::- diligências legais. não aparecerem herdeiros.
rança será devolvido aos herdeiros a quem aproveitaria. § 1• A sentença que declarar vagos os be~s da ~eran~'!_ devolvê-los-~. ~o
Art. 757. Renúncia Parcial - Não se pode renunciar à herança em parte, Estado onde era domiciliado o autor da sucessao, ou a Umao, se o domiCilio
sob condição, ou a têrmo. era em território federal.
92 _:_ -93 ~

§ 2• A declaração de vacância não se fará antes de um ano a contar da Art. 774. Equiparação dos Filhos Ilegítimos aos Legítimos - Os
conclusão do inventário. descendentes da mesma classe, sejam legítimos ou ile · · • mesriiõs'
Art. 766. Eteitos da Declaraçãc de Vacância- A declaração de vacância irei tos à sucessão do ascen ente comum.
não obsta a que os herdeiros peçam o reconhecimento do seu direito hereditário \ · Art. 775. Sucessão do Filho Adotivo - O filho adotivo terá direito à
e a entrega dos bens existentes, nos têrmos da lei processual. sucessão dos pais, se não concorrer com legítimo ou ilegítimo, havido antes
Parágrafo único. Igualmente têm os credores o direito de pedir o reconhe- ou depois da adoção.
cimento de seu credito e o pagamento da dívida.
Art. 776. Sucessã.o dos Ascendentes Não havendo herdeiros da
classe dos descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes.
CAPÍTULO VI
§ 1.0 Na classe dos ascendentes o grau mais próximo exclui o mais
DA PETIÇÃO DA HERANÇA remoto, sem distinção de linhas.

Art. 767. Direito de Pedir a Herança - O herdeiro pode pedir que se llie § 2.0 Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes
reconheça essa qualidade e lhe sejam restituídos ,os l;lens que estiverem na posse da linha paterna herdam pela metade, caber:do a outra aos ascendentes da
de quem os recebeu como se herdeiro fôsse. ' ' linha materna.
Parágrafc único. O direito de petição de herança pode ser exercido a todo Art. 777. Exclusão do Adotante - Falecendo sem descendência o filho
tempo, sem prejuízo da aplicação das regras concernentes à usucapião de cada adotivo, a herança tocará a seus genitores.
um dos bens possuídos pelo herdeiro aparente.
Parágrafo único. Em falta de genitores o adotante recolherá a herança,
Art. 768. Exercício do Direito por um sô dos Herdeiros - Se o direito se o filho adotivo não houver deixado cônjuge.
de pedir a herança fôr exercido pôr um só dos herdeiros, poderá êle exigir que
lhe sejam entregues todos os bens da herança. Art. 778. Sucessão do Cônjuge - Em falta de parentes em linha
reta, será deferida a sucessão ao cônjuge, se ao tempo da morte do outro
Art. 769. Alienação de Bens pelo Herdeiro Aparente - São válidas as não estavam desquitados.
alienações feitas de boa-fé, a título oneroso, pelo herdeiro aparente.
Art. 779. Sucessão dos Parentes Co/atc.:ais - Se não houver cônjuge
Art. 170. Pagamento de Legados - O pagamento de legado feito de boa-fé sobrevivente, serão chamados a suceder os parentes colaterais até o terceiro
pelo herdeiro aparente não dá ao herdeiro verdadeiro o direito de exigi-lo da- grau. excluídos os mais afastados pelos mais próximós, salvo o direitn de
quele, mas poderá agir contra o legatário. representação concedido aos fililos de irmãos.
Art. 780. Sucessão de Irmãos - Concorrendo à herança irmãos germanos
Título fi com irmãos consanguineos ou uterinos do falecido, cada um dêstes herdará
a metade do que herdar cada um daqueles .
DA SUCESSÃO LEGAL
Parágrafo único. Não concorrendo à herança irmão germano, os consan-
CAPÍTULO I güíneos e uterinos herdarão em partes iguais.
DISPOSIÇõES GERAIS Art. 781. Sucessão de Sdbrinhos e Tios - Em falta de irmãos, herdarão
os filhos dêstes e, :gão os havendo, os tios do falecido.
Art. 771 . Quando há Sucessão Legal - A herança ê deferida· aos her- § 1,0 Se só concorrem à herança sobrinhos do falecido, herdarão POI'
deiros designados na lei: direito próprio.
I - Quando não há testamento; § 2. 0 Se todos forem filhos de irmãos germanos do finado ou todos de
II - Se o testamento caducar, ou fôr julgado nulo; irmãos consangüíneos ou ·uterinos, herdarão por igual.
III - Quando o testador não houver disposto de todos os seus bens.
Art. 772. Ordem da Vocação Hereditária - A sucessão legal defere-se § 3. 9 Se concorrerem filhos de irmãos germanos com filhos de irmãos
na seguinte ordem: consangüíneos ou uterinos, cada um dêstes herdará a metade do que herdar
I - Aos descendentes; cada um daqueles.
Il - Aos ascendentes; Art. 782. Devolução da Herança ao Estado - Na falta de todos os
III - Ao cônjuge; parentes sucessíveis e do cônjuge, a herança será devolvida ao Estado com
IV - Aos parentes colaterais.
a declaração de vacância.
Art. 773. Sucessão dos Descendentes Os descendentes mais proxunos
em grau excluem os mais remotos, salvo os que são chamados por direito Art. 783. Declaração de Vacância - A declaração de vacância devolve
de representação. os bens hereditários ao Estado, mas não o investe na condição de herdeiro.
-94 -95

CAPÍTULO 11 Art. 790. Legítima em Legados - Se o legado instituído com a


declaração de que integrará a legítima exceder o valor desta, será imputado,
DA SUCESSÃO DA COMPANHEIRA pelo excesso, na cota disponível.
Art. 791. Proibição de Cláusulas· Restritivas - A legitima não pode
Art. 784. Sucessão da Companheira - A companheira do homem ser clausulada de inalienabilidade, ou sujeita a quaisquer encargos ou condiçõe-s
solteiro, desquitado ou viúvo que em sua companhia tenha estado nos cinco restritivas, inclusive a conversão em outras espécies dos bens que a constituam.
anos precedentes à sua morte, ou de quem tenha prole, participará de sua
sucessão, nas condições seguintes: . Parág~afo. ?nico. Ao autor da herança é facultado, entretanto, impor
a mcomumcab1hdade dos bens que constituem a legitima do herdeiro.
I - Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma cota equiva-
lente à que por lei é atribuída ao filho: Art. 792. Parentes Colaterais Para excluir da sucessão os parentes
colaterais, basta que o testador disponha de seus bens sem os contemplar.
II - Se concorrer com de-scendentes do autor d~ herança, dos quais
não seja ascendente, tocar-lhe-á sõmente a metade do que couber a cada
um da_queles; / CAPÍTULO IV
III Se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito à
metade da herança; DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
IV - Não havendo parentes sucessíveis, terá direito a dois terços
da herança,
Art. 793. Âmbito da Reprruentação - O direito de representação tanto
se verifica na sucessão legal como na testamentária, mas nesta só se dá
CAPITULO Ill se o testador nada dispuser a respeito da substituição do herdeiro ou legatário.
Art. 794. Representação na Linha Reta - Os descendentes de uma
DA. LEGíTIMA pessoa serão chamados a suceder em todos os direitos em que ela sucederia,
se essa pessoa houver falecido antes da abertura da sucessão, ou fôr excluída
por indignidade.

-
Art. 785. Herdeiros Necessários - São herdeiros necessários os des-
\ cendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Parágrafo único. Não se dá a representação na linha reta ascendente.
Art. 786. Reserva Obrigatória - N.o! herc-eiros necessários pertence,
de pleno_dir_ejto, a metade dos bens da her..mça. Art. 795. Representação na Linha Colateral - Na linha colateral só
se dará representação em favor dos filhos de irmãos do finado, quando 'com
§ Lo Os bens que a lei lhes reserva formam a legítima. Irmãos dêste concorrerem .
0
§ 2. As disposições testamentárias que excederem a parte disponível Art. 796. Direitos dos Representantes - Os representantes herdam, nessa
serão reduzidas aos limites dela, nos têrmos dos arts. 742 e 787. qualidade, o que herdaria o representado, se vivo fôsse, mas não se inve-stem
Art. 787. Concorrência do Cônjuge com Descendentes ou Ascendentes nos direitos, nem respondem pelas obrigações puramente pessoais daquele.
Se o falecido não fôr casado pelo regime da comunhão universal de bens, Art. 797. Direito de Representação do Renunciante O renunciante
o cônjuge sobrevivente será chamado a recolher um quarto da herança: à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra.
I - Se só houver deixado filhos de que o 'outro não seja também Art. 798. Partilha por Cabeça - Quando a sucessão se verifica por
ascendente: direito próprio, na linha reta descendente ou na linha colateral, partilha-se a
herança por cabeça .
II - Se forem chamados à sucessão os ascendentes.
Parágrafo único. Havendo o concurso, a parte disponível será reduzida Art. 799. Partilha por Linhas Havendo igualdade em grau e diversi-
a um quarto da herança . dade em linha, a herança partir-se-á meio a meio entre as duas linhas.
Art. 788. Cálculo da Legítima - Calcula-se a legítima sôbre a totalidade Art. 800. Partilha por Estirpe - Dando-se a sucessão por direito de
dos bens existentes no momento da abertura da sucessão, depois de abatidas representação, partilha-se a herança por estirpe, cabendo aos representante-s
as dívidas e as despesas do funeral. e, em seguida, adicionando-se à metade o que tocaria ao representado.
o valor dos bens sujeitos a colação. Parágrafo único. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre
os representantes.
Art. 789. Conservação do Direito à Legítima - Não perderá o direito
à legítima o herdeiro nece-ssário a quem o testador deixar a sua parte Art. 801. Pluralidade de Estirpes - A partilha por estirpe far-se-á,
disponível, ou algum legado sem menção de que êste deve ser imputado qualquer que seja o número de herdeiros pré-mortos ou excluídos, se houver
naquela. desigualdade de graus.
-96- -97-

Título ill Art. 812. Testemunhas Instrumentárias - Não podem ser testemunhas
em testamentos o herdeiro instituído e o legatário, bem como seus ascendentes,
DA SUCESSÃO TESTAMENTAR.IA descendentes, cônjuge e irmãos, nem as pessoas absolutamente incapazes.
Parágrafo único. O testamento público e o cerrado exigem a presença
CAPÍTULO de duas testemunhas instrumentárias. O testamento hológrafo, o minimo
de cinco.
DO TESTAMENTO EM GERAL
Seção li - Do Testamento Público
Art. 802. Disposições de última Vontade - Por testamento, tôda
pessoa capaz pode dispor, para depois de sua morte, de todos os seus bens. Art. 813. Requisitos Essenciais - O testamento escrito por oficial
ou de parte dêles. público no seu livro de notas deve satisfazer os requisitos seguintes:
Parágrafo único. As disposições de caráter extra patrimonial admitidas
sob a forma testamentária são válidas. ainda que o testamento a elas se I - o oficial lavrá~lo-á de acôrdo com as declarações do testador ou
conforme a minuta que êste lhe apresente, em vernáculo;
limite.
11 - lavrado o testamento, será hdo em voz alta, para que lhe ouçam
Art. 803. Caráter Pc.ssoal do Testamento; -->' O testamento não pode· a leitura o testador e as testemunhas, a um só tempo, podendo, entretanto,
ser feito por meio de representante, nem deixado ao arbítrio de outrem. ser lido pelo próprio testador, em presença destas e do oficial;
Art. 804. Revogabilidade do Testamento - O testamento pode ser Ill - em seguida à leitura, o testamento será assinado pelo testador,
pelas testemunhas e pelo oficial.
revogado a todo tempo.
Parágrafo único. Se o testador não souber, ou não puder assinar, por
Art. 805. Testamento Conjunto - Duas ou mais pessoas não podem êle assinará, a seu rôgo, uma das testemunhas instrumentárias, declarando
testar em conjunto, no mesmo instrumento, quer em proveito recíproco, quer o oficial a causa da impossibilidade.
em benefício de terceiro.
Art. 814. Quem pode fazer Testamento Público - O testamento público
Art. 806. Interpretação do Testamento - Na interpretação das dispo~ pode ser preferido por tôda pessoa capaz de fazer, de viva voz, as suas
sições testamentárias, observar~se~á o que mais se conforme à intenção do declarações e verificar, pela sua leitura, haverem sido fielmente exaradas.
testador. § 1° O testamento público do cego ser-lhe-á lido, em alta voz, duas
Art. 807. Momento de Determinação da Capacidada - A capacidade vêzes, uma pelo oficial e a outra po~ uma das testemunhas instrumentárias,
para testar é a do tempo em que o testador pratique o ato, ou, se fõr cerrado designada pelo testador, de tudo fazendo o tabelião circunstanciada menção
" testamento, a do tempo em que se dê sua aprovação. · na escritura.
Parágrafo único. A incapacidade superveniente não invalida o testamento § 2, o À pessoa inteiramente surda só é permitido testar pUblicamente
eficaz, nem ~-testamento do incapaz se valida com a superveniência da se souber ler, sendo necessário que leia no ato o seu testamento, o que
capacidade. o oficial, na própria escritura, portará por fé.
Art. 808. Incapacidade de Testar -- Além dos incapazes, não podem Art. 815. Proibição de Fornecer Certidão Do testamento público
fazer testamento os que, ao testar, não estejam em seu perfeito juízo. não pode ser fornecida certidão antes da morte do testador, salvo se êste
o requerer.
Art. 809. Capacidade Especial Podem testar os maiores de quinze
anos e os surdos-mudos que estiverem em .condições de exprimir a sua vontade. Seção III - Testamento Cerrado

CAPÍTULO ll Art. 816. Requisitos Essenciais - O testamento escrito e assinado


pelo testador ou por outra pessoa a seu rôgo, ou escrito por outra pessoa,
DA FORMA DOS TESTAMENTOS a rõgo do testador, e por êste assinado será válido se fõr aprovado pelo
oficial, observadas as seguintes formalidades:
Seção I - Disposições Gerais I - Entrega ao oficial, pelo testador, em presença de duas testemunhas,
com a declaração de querer que seja aprovado;
Art. 810. Formas Comuns- São reconhecidos, como testamentos comuns: 11 - Lavratura imediata do auto de aprovação e leitura pelo oficial,
I - o público; assinando êste, as testemunhas e o testador, ou a pessoa que, a seu rôgo,
11 - o cerrado; assinou o testamento.
III o hológrafo. Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser dactilografado, rubricadas
tôdas as suas fõlhas.
Art. 811 . Formas Especiais - O testamento militar. o marítimo e o
aeronáutico são permitidos nas circunstâncias especiais em que a lei os Art. 817. Auto de Aprovação - O tabelião deve começar o auto de
reconhece. aprovação imediatamente depois da última palavra do testamento, declarando
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nêle que o testador lho entregou na presença das testemunhas, cerrando-o § 3.° Faltando até três das testemunhas, por morte ou porque estejam
e cosendo-o em seguida. em lugar não sabido. o testamento poderá ser confirmado, se as restantes
Parágrafo único. Se o auto de aprovação não puder começar no lugar forem contestes nos têrmos do parágrafo anterior.
indicado por falta absoluta de espaço na última fõlha escrita, o tabelião porá Art. 826, Uso da Língua Estr:angeir:a - O testamento hológrafo pode
nêle o seu sinal público e declarará porque o começou em outra fôlha . ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam.
Art. 818. Testamento em Língua Estr:angeir:a - O testamento cerrado
pode ser escrito em língua estrangeira, pelo próprio testador ou pcir outra Seção V - Dos Testamentos Especiais
pessoa, a seu rôgo.
Art. 819. Incapacidade par:a fazer: Te-stamento Cer:r:ado - Não poderá Art. 827. Testamento Militar: - O militar e assimilados, quando se
dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler. encontrem em campanha ou em lugar com o qual estejam interrompidas as
comunicações, podem fazer testamento perante duas testemunhas, escrito do
Art. 820. Entrega do Testamento - Depois de aprovado e cerrado, seu próprio punho, ou por oficial designado pelo comandante para lavrá-lo,
será o testamento entregue ao testador, e o oficial lançará, no seu- livro, se não estiverem em condições de escrever, ou assinar. ·
nota do lugar, dia, mês e ano em que o testaJ?ento foi entregue.
Parágrafo único. O testador pode conservar o /testamento em seu poder, Art. 828. Formalidades Complementares O oficial militar que tenha
cometer a outrem sua guarda ou depositá-lo no próprio cartório. lavrado o testamento. ou ao qual tenha sido êste entregue, remetê-lo-á à
repartição competente, para que o deposite num dos cartórios da comarca
Art. 821. Apresentação do Testamento - A pessoa que tiver em sua onde o testador residia, ou reside, e, no caso de vir a falecer o testador,
guarda o testamento é obrigada a apresentá-lo ao juiz competente nos oito o oficial público o apresentará ao juiz.
dias seguintes ao falecimento do testador, ou ao conhecimento do óbito, se
residir em outra circunscrição, respondendo se não fizer a apresentação nesse Parágrafo único. Se o testamento fõr do próprio punho do testador, o
prazo pelos prejuízos a que der causa. oficial a quem seja apresentado anotará, em qualquer parte dêle, o lugar,
Parágrafo único. O testamento será imediatamente aberto pelo juiz, que dia, mês e ano em que o recebeu, assinando a anotação com as testemunhas.
o fará registrar e arquivar, ordenando que seja cumprido, se lhe não achar Art. 829. Testamento Nuncupativo - Se o militar, ou pessoa assimilada,
vício externo que o torne suspeito de nulidade, ou de falsidade. estiver empenhado em combate, ou ferido em ação, poderá testar, confiando
sua última vontade a duas testemunhas, ou lhes entregando documento assinado
Seção IV - Do Tc.stamento Hológr:afo que contenha disposições testamentárias.
Art. 830. Caducidade do Testamc.nto - Caduca o testamento militar
Art. 822. Testamento Hológr:afo - O testamento hológrafo deve ser decorridos três meses da cessação do motivo que impedia o emprêgo das
escrito_ do_pr_QQrio punho do testador e, por êle, datado e assinado. formas ordinárias .
Art. 823. Requisitos Essenciais São requisitos essenciais do testa- Parágrafo único. O testamento nuncupativo ficará sem efeito se o testador
mento hológrafo: não morrer na guerra.
I - o reconhecimento da letra e firma do testador e da assinatura Art. 83>1. Testamento Marítimo - Quem estiver em viagem, a bordo
das testemunhas; de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar ante o comandante,
II - a assinatura das te-stemunhas no instrumento, com a menção expressa em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento
de que o leram; público ou cerrado.
III - a inexistência de emendas, rasuras ou borrões não ressalvados. Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo.
Art. 824. Anotação do Oficial - Depois de reconhecer a firma do Art. 832. Testamento Aeronáutico Quem estiver em viagem, a bordo
testador e das testemunhas. o oficial lançará, no seu livro, nota do dia, de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo
mês e ano em que o testamento foi feito, e do nome das te-stemunhas comandante, em p"resença de duas testemunhas, observada a forma admitida
instrumentárias. para o testamento marítimo.
Art. 825. Homologação do Testam&:1to :- Morto o testador, publicar- Art. 833. Formalidades Complemantares - O testamento marítimo e
se-á em juizo o testamento, citando-se os herdeiros a quem caberá, por lei, o aeronáutico ficarão sob a guarda do comandante, que os entregará às
a sucessão, e notificando-se as testemunhas, e, após a homologação pelo juiz, autoridades administrativas do primeiro pôrto, ou aeroporto, contra recibo,
será o testamento registrado, inscrito e cumprido. que averbará no diário de bordo.
§ 1.0 A confirmação judicial do testamento só se dará se as testemunhas 0
forem contestes sêbre o teor das disposições testamentárias, ou, ao menos, § 1. Se o navio entrar em pôrto estrangeiro a entrega far-se-á ao
sôbre a sua leitura perante elas. . agente consular, e, não havendo, ao agente da companhia de navegação.
§ 2. 0 O testamento não será confirmado se houver qualquer divergência § 2. 0 Quem receber o testamento marítimo, ou o aeronáutico, será
com as anotações do oficial. obrigado a remetê-lo ou entregá-lo ao juiz competente para a sua execução.
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Art. 834. Caducidade do Testamento - Caducará o testamento marítimo, Art. 841 . Disposições Testamentárias Anuláveis - São anuláveis as
ou o aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos três meses disposições testamentárias determinadas por dolo, êrro, ou coação.
subseqüentes ao seu desembarque.
§ 1.0 O dolo e a coação viciam a disposição testamentária, ainda que
Art. 835. Testamento no· Estrangeir-o - O nacional que se encontrar provenham de quem não seja herdeiro, ou legatário.
em. país estrangeiro pode fazer seu testamento perante o agente consular, § 2. 0 Prescreve em quatro anos a ação para anular a disposição viciada,
ou diplomático, observadas as exigências dêste Código quanto à forma do ato. contados do momento em que o interessado tiver conhecimento do vicio.
Parágrafo único. O agente consular, ou diplomático, fará as vêzes de
oficial público. Art. 842. Érro na Designação da Pessoa ou da Coisa O êrro na desig~
nação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada, não determina
CAPÍTULO lii a anulação da verba testamentária, se. pelo contexto do testamento, por outros
documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa, ou a
DA NULIDADE DO TESTAMENTO coisa, a que o testador quis referir-se.
Art. 843. Érco no Motivo - O êrro no motivo pelo qual uma dispo·
Art. 836. Nulidade por Defeito de Forma - O testamento é nulo pela sição é determinada só a vicia se fôr expresso sob a forma de condição.
O!JlÍSSão OU inobservância de qualquer das splenidades prescritas.
Parágrafo único. A validade do testa~ento pode ser impugnada por Art. 844. Modalidadc.s da Nomeação de Herdeiro ou Legatário - A
qualquer interessado até quatro anos após a data em que foi ordenada a nomeação de herdeiro, ou legatário, pode ser feita pura e simplesmente, sob
sua execução. condição, para certo fim, com encargo ou por motivo expresso.
Art. 837. Validade do Testamento Cerrado como Testamento Particular Art. 845. Nomeação de Vários Herdeiros- Se o testador nomear vários
- Se no testamento cerrado não forem observadas suas formalidades peculiares, herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar~se-á a herança por
êle valerá como testamento particular, se tiver os requisitos dêste. todos, em partes iguais. Se nomear alguns individualmente e outros coleti~
vamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indiví~
Art. 838. Responsabilidade do Oficial Público - Se a nulidade do duas e os grupos nomeados. Se forem determinados os quinhões de uns e
testamento decorrer de culpa do oficial, responderá êste civil e criminalmente.
não os de outros, partilhar~se~á, por igual, entre êstes últimos o que restar,
Art. 839. Inexistência do Reconhecimento de Firma - Se o reconheci~ depois de preenchidos os quinhões dos primeiros·.
menta da letra e da firma do testador e da assinatura das testemunhas, no
testamento hológrafo, não se verificar pela recusa do oficial, poderão os Art. 846. Proibição de Nomear Herdeiro a Têrmo - Ter-se~á por não
interessados obter a declaração judicial de autenticidade. escrita a disposição pela qual seja designado o tempo em que deva começar,
ou cessar, o direito do herdeiro.
CAPÍTULO IV Art. 847. Disposições a favor dos Pobres - As disposições a favor
dos pobres. sem outra indicação, consideram-se feitas em beneficio dos pobres
DAS DISPOSIÇõES TESTAMENTARIAS EM GERAL do lugar em que o testador residia à data da sua morte.
Art. 840. Nulidade das Disposições Testamentárias - São nulas as Art. 84·8. Devolução do Remanescente - Se o testador determinar os
disposições testamentárias: quinhões de cada herdeiro. e êstes não absorverem tôda a herança, o rema~
nescente pertencerá aos herdeiros legais, segundo a ordem da vocação hereditária.
I - que instituam herdeiro, ou legatário, sob a condição captatória
de que êste disponha também por testamento em benefício do testador, ou Art. 849. Cláusula de Inalienabilidade - O testador pode determinar
de terceiro; que os bens da herança se conservem inalienáveis, temporária ou vitaliciamente,
II - que se refiram a pessoa incerta, cuja identidade se não possa desde que a restrição ao poder de dispor não atinja a legitima e seja justi~
averiguar, ou deva ser determinada por terceiro; ficada por motivos dignos de proteção jurídica. ·
III - que deixem a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, a fixação do § 1. 0 Só aos bens deixados a descendentes ou ao cônjuge pode o testador
valor do legado; impor a inalienabilidade.
IV - que favoreçam a quem lavrou o testamento público, bem como a § 2. 0 Não havendo motivo justo, a cláu:u);:~ poderá ser invalidada por
auem escreveu o testamento cerrado, ou lhe lavrou o auto de aprovação e sentença provocada pelo herdeiro, ou legatário.
às testemunhas instrumentárias;
V - que favoreçam pessoa com a qual o testador casado tenha vivido Art. 850. Condições de lna/ic,,abilidade - O testador pode estabelecer
em concubinato. as condições da inalienabilidade, mas se terá por não escrita a cláusula que,
Parágrafo único. As disposições testamentárias em benéfício das pessoas na inalienabilidade vitalícia, prejudique a livre disposição dos bens por
que não podem ser favorecidas são nulas, ainda quando feitas em nome de testamento.
pessoa interposta, presumindo-se tais os parentes consangüíneos ou afins Art. 851. Alienação dos Bens C-lausulados - Os bens clausulados pode~
em linha reta e os irmãos. rão ser alienados por ordem judicial, mas o produto da alienação se converterá
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obrigatàriamente em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos pri- Art. 862. Disposições Modais - Nas disposições que instituem herdeiro
meiros. ou legatário, pode o testador impor modo ou encargo.
Art. 852. Cláusula de Incomunicabilidade - O testador pode determinar Art. 863. Cump;imento do Encargo - Se o cumprimento do encargo fõr
livremente a incomunicabilidade dos bens deixados a herdeiros que institua, a causa determinante da disposição, o interessado que não o obtenha poderá
e dos bens que formam a legítima. promover a resolução da deixa, como, também, se tiver sido prevista pelo
testador.
CAPÍTULO V Parágrafo único. Nos outros casos, o interessado poderá apenas exigir
o cumprimento da obriga~ão.
DAS DISPOSIÇõES CONDICIONAIS, MODAIS E A TÊRMO
Art. 864. Prazo para o Cumprimento - Se o testador não fixar prazo
Art. 853. Condição Suspensiva e R.c.solutiva - As disposições testamen- para cumprimento do encargo, o juiz o fixará, a pedido do interessado, de
tárias podem ser feitas sob condição suspensiva ou resolutiva. acôrdo com a vontade presumida da que !e.
§ 1." Se a disposição testamentária fõr feita sob condição suspensiva, o
herdeiro ou legatário a quem incumbir satisfazê-la deverá . dar ao interessado CAPÍTULO VI
uma garantia idônea, se êste a pedir.
§ 2." Se fõr feita sob condição resolutiva, o herdeiro ou legatário pres- DOS LEGADOS
tará caução em favor da pessoa a quem, se ro. condição se verificar, deva
devolver a herança, ou legado. Art. 865. Legado dc. Coisa Alheia - É ineficaz o legado de coisa indi-
viduada que não pertença ao testador, ainda que êste ignorasse que era alheia.
Art. 854. Condição Potestativa - Se a condição suspensiva aposta
à deixa do legado fõr potestativa, e não estiver fixado prazo dentro no qual
§ 1." A disposição será eficaz se a coisa legada fõr adquirida, a qualquer
deva verificar-se, o interessado P?derá pedir ao juiz que o fixe. titulo, depois do testamento, pelo testador, e no seu patrimônio se conservar
atê à morte.
Art. 855. Efeito da· Condição Resolutiva - No caso de condição reso- § 2" Se a coisa legada pertencer a herdeiro instituído ou legatário, e
lutiva. 0 herdeiro ou legatário não é obrigado a restituir os frutos da coisa declarar o testador que deve ser entregue a legatário que designar, a dispo-
percebidos até o momento em que a condição se verifica. sição terá eficácia, e não a cumprindo aquêles, entender-se-á que renunciaram
Paragrafo único. Prescreve em três anos a ação para obrigá-lo a à herança ou legado.
restituir os frutos percebidos após o implemento da condição.
§ 3." Se a coisa legada pertencer em parte ao herdeiro, os outros serão
Art. 856. Condições Defesas e Impassíveis - Nas disposições testamen- obrigados a satisfazer-lhe. em dinheiro, ou em bens da herança, a parte· que
tárias-têm~se por inexistentes as condições ilícitas ou fisicamente impossíveis.
lhes tocar no valor dela, proporcionalmente aos seus quinhões hereditários,
Art. 857. Condição de não Fazer ou· de não Dar - Se o testador dispôs sa!'vo disposição diversa do testador.
sob a condição de que o herdeiro, ou o legatário, não faça ou não dê qualquer Art. 866. Legado de Coisa Genérica - O legado de coisa indeter-
coisa por tempo indeterminado, a disposição considera-se feita sob condição minada, pertencente a certo gênero, é válido, ainda que tal coisa não exista
resolutiva. entre os bens deixados pelo testador.
Art. 858. Obstáculo ao Implemento da Condição - Considera-se verifi- Parágrafo único. Se determinar o testador que a quantidade seja tirada
cada a condição cujo implemento fõr maliciosamente obstado por aquêle a de certo lugar, o legatário terá direito tão sõmente à quantidade que ali se
quem desfavorecer. ache.
Art. 859. Disposição a T êrmo - Ter-se-á por não escrita a designação Art. 867. Legado de Coisa Singularizada Se o testador legar coisa
do tempo em que deva começar, ou cessar o direito do herdeiro. sua, individuando-a, só valerá o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela
se achar entre os bens da herança, ou não houver sido objeto de promessa
Parágrafo único. A aposição- do têrmo vale nas disposições que estabe- irretratável de venda.
lecem a substituição fideicomissária.
§ 1." Se a coisa legada existir entre os bens da heranÇa, mas em quan-
Art. 860. Instituição de Legatáf'io a Têrmo - O testador pode sujeitar tidade inferior à do legado. êste só valerá quanto à _existente.
a têrmo inicial a instituição de legatário. § 2.o Se o lrgado consistir em coisa que deva tirar:se de certo lugar,
§ t.o O têrmo inicial suspende a exe·cução da disposição, mas não impede só valerá se nêle fõr achada, a menos que tenha sido removida a titulo tran-
que o legatário adquira o direito que lhe é deferido. sitório.
§ 2• Ter-se-á por não escrita a declaração de têrmo final na instituição
de legatário, salvo se a disposição versar sôbre direito temporário. Art. 868. Legado de Coisa Pertencente ao Legatário - É nulo o legado
de coisa certa que, na ·data do testamento, já era do legatário, se também lhe
Art. 861. Presunção Q!lanto ao Prazo - Nos testamentos, o prazo se pertencer à data da abertura da sucessão, valendo, porém, se nesse momento,
presume em favor do herdeiro. era do testador.
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Parágrafo único. Se o legatário, após a feitura do testamento, adquirir
ao testador a coisa que tiver sido objeto do legado, êste não produzirá efeito. Art. 878. Encargos Impostos ao Legatário - Nos legados com encargo,
Art. 869. Legado de Crédito, ou de Quitação de Divida - O legado o legatário responde por seu cumprimento até o valor dil coisa legada.
de crédito, ou de quitação de dívida, ·só produz efeito até a importância Art. 879. Cumprimento dos Encargos pelos Legatál:ios - Se o testador
desta. ou daquele, ao tempo da abertura da sucessão. distribuir todos o:. seus bens em legados, os encargos e as dívidas 'serão supor-
Parágrafo único. O herdeiro cumprirá êsse legado, entregando ao lega- tados por todos os legatários, na proporção de seus legados.
tário o título respectivo.
Art. 880. Despesas com o Cumprimento do Legado - As despesas da
Art. 870. Legado a Favor do Credor - Se o testador faz a credor seu entrega do legado correm por conta do legatário, mas o testador pode deter-
um legado, sem se referir à dívida, o legado não se considera destinado a minar que corram à conta da herança .
satisfazê-la, ou compensá-la.
Art. 881. Insuficiência da Herança para Pagamento dos Legados - Se
Art. 871. Legado de Alimentos - O legado de alimentos abrange o os bens da herança forem insuficientes para o pagamento de todos os legados,
sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o kgatário necessitar. e, se serão êstes distribuídos proporcionalmente.
êste fôr menor, a educação.
Pará grato único. O legado deixado em recompênsa de serviços não fica
Art. 872. Legado de Usufruto - EnterÍde-s'e vitalício o legado de usufruto sujeito ao rateio_
deixado sem fixação de tempo.
Art. 882. Caducidade dos Legados - Caducará o legado:
Art. 873. Direito do Legatário - Desde a abertura da sucessão, per-
tence ao legatário a coisa legada com os frutos e rendimentos que produzir; I - se o testador alienar, por qualquer título, a coisa legada;
mas o legatário não entra, por autoridade própria, na sua posse. que deverá II - se o testador prometer, irretratàvelmente, a venda da coisa legada;
ser pedida ao herdeiro. III - se o testador, depois do testamento, modificar a coisa legada ao
§ 1." O direito de pedir o legado não se exercerá enquanto se litigue ponto de perder a forma que tinha ou a própria designação;
sóbre a validade do testamento ou da deixa, e, nos legados condicionais ou IV - se a coisa perecer, ou fõr evicta, vivo ou morto o testador, salvo se
a prazo, enquanto pendente a condição, O!J não vencido o prazo. houver culpa do herdeiro após a abertura, da sucessão; ·
§ 2. 0 O legado em dinheiro vence juros desde o dia em que fõr ordenado V - se o legatário fêJ: excluído da sucessão por indignidade;
o cumprimento do testamento. VI - se o legatário falecer antes do testador sem deixar descendentes.
Art. 874. Extensão do Legado - O legado abrange as benfeitorias e Art. 883. Caducidade do Legado Al~emativo - Se o legado fõr de duas
acessões do prédio, bem como as aquisições posteriores ao testamento que . ou mais coisas alternativamente, e algumas perecerem, ~ubsistirá quante; às res-
se lhe ajuntem, salvo expressa declaração do testador em contrário. tantes, valendo, ainda, sõbre o remanescente, se perecer parte de uma.
Art. -875-. Cumprimento do Legado O cumprimento do legado incumbe
aos herdeiros. · CAPÍTULO VII

§ 1.0 Instituindo o testador mais de um herdeiro, ~em designar os que hão


de cumprir os legados, por êstes responderão, proporcionalmente ao que DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE CO-HERDEIROS OU CO-
herdarem, todos os herdeiros instituídos. LEGATARIOS
§ 2• Se o testador incumbir designadamente a certos herdeiros o cumpn- Art. 884. Direito de Acrescer entre co-Herdeiros - Quando vanos her-
mento dos legados, por êstes só êles responderão.
deiros são instituídos pela mesma disposição de um testamento, sem determi-
Art. 876. Cumprimento do Legado de Coisa GenéTica - Quando o le- nação de quinhõe_s e qualquer dêles não possa, ou nãc queira aceitar a
gado fôr de coisa genérica, tocará a escolha a quem deva prestá-la, se c tes- herança, a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros conjuntos, salvo o direito do
tador não houver atribuído a opção ao legatário, ou a terceiro. substituto.
§ 1.• Aquêle a quem tocar a escolha não poderá preferir a de pior qua- Parágrafo único. Se o co-herdeiro nomeado morrer antes do testad_or,
lidade, nem a melhor coisa. renunciar à herança ou dela fõr excluído, s<>us descedentes serão· chamados a
§ 2.0 Se a escolha fõr deixada ao arbítrio de terceiro e se êste não quiser representá-lo, salvo se o testador houver designado ~ubstituto ou determinado
ou não puder fazê-la, ao juiz competirá realizá-la, guardado o disposto no pa- que o quinhão acresça à parte dos nomeados na disposição conjunta.
rágrafo anterior.
§ 3• Se o herdeiro ou o legatário, a quem couber a opção falecer antes Art. 885. Direito de Acrescer entre co-Lc.;Jatários - O direito de acres-
de exercê-la. êsse direito se transmitirá a seus herdeiros. cer verifica-se, nas mesmas condições, entre co-legatários, quando nomeados
. § 4• A escolha, uma vez feita, é irrevogável. conjuntamente, ou em disposições diversas a respeito :le uma .coisa certa. ou
quando não se possa dividir o objeto do legado sem risco de se deteriorar.
Art. 877. CumpdmCof'lto do Legado Alternativo No legado alternativo
a escolha cabe ao herdeiro, ou, se êste falecer antes de exercê-la, a seus her- Art. 886. Direito de Acrescer no Legado de Usufmto - Legado um só
deiros, sendo irrevogável, uma vez feita. usufruto conjuntamente a diversas pessoas, a parte daquele que faltar acrescerá
à dos co-legatários.
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Parágrafo único. Se não houve conjunção entre os co-legatários, ou se, Art. 896. Direitos e Obrigações do Fiduciário - O fiduciário tem a pro-
apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do u~ufruto, consolidar-se-ão priedade restrita e resolúvel da herança, ou legado.
na propriedade as pa.-tes dos que faltarem, à medida que forem faltando.
Parágrafo untco. O fiduciário é obrigado a <:onservar e :!ntregar, com
Art. 887. Efeitos do Acréscimo - Os co-herdeiros ou os co-legatários os acréscimos, os bens fideicometidos, a proceder ao seu inventário, e a pres-
que houverem o acrescido fk"lm sujeitos 3s obrigações e encargos que cabe- tar caução d~: devolvê-los ao fideicomissário, se exigida.
riam ao que deixou de herdar.
Art. 897. Rc.'lúncia de Fiduciário -
No caso de renunciar o fiduciário
Art. 881'.. Quota vaga - Quando se não verifica o direito de auescer, à herança, ou não aceitar o legado. os bens gravados <trão confiados 2
·mr-
a quota vaga do nomeado se devolve aos herdeiros legais, e a parte do lega- da e administração ·de um curador especial, se, ao tempo da -enúnci; não
tário ao herdeiro incumbido de satisfazer o legado, ou, se o legado se deduzir existir ainda fideicomissário.
da herança, a todos os herdeiros, na proporção dos setis quinhões.
Art. 898. Renúncia do Fideicomissário - Se o fideicomissário renunciar
à herança ou ao legado, caducará o fideicomisso, consolidando-se a vropriE•
CAPÍTULO VIIJ, dade do fiduciái'io.
I
Art. 899. Caducidade do Fideicomisso - Verificada a impossibilidade
DAS SUBSTITUIÇõES
da existência de fideicomissários, ou se fálecerem êstes -:~ntes do fidu<.iãrio, ou
Seção I - Disposiçõe-s Gerais antes de se realizar a condição suspensiva do seu direito, ou o têrmo extinti-
vo, caJuca o fideicomisso e a propriedade se consolida no fiduciário.
Art. 889. Substituição Vulgar - O testador pode dar substituto ao Art. 900. Nulidade da Substituição - A nulidade da substituição fidei-
herdeiro instituído, ou ao legatário, para o caso de um ou outro não querer, comissária não prejudica a instituição. que valerá sem c encargo reso!utiirio.
ou não poder aceitar a herança, ou o legado.
Art. 890. Substituição Plural - O testador pode substituir muitas pes-
soas a uma só, ou vice-versa. CAPÍTULO IX

Art. 891 . Substituição Recíproca - Os co-herdeiros pedem ser substi-


tuídos reciprocamente. DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇõES TEST AMENT ÃRIAS
§ 1'' Se forem instituídos em partes desiguais, P-ntender-se-á, no silêncio
do testador, que são substituídos na mesma proporção. Art. 901. Rc.:iução das Liberalidades Inoficiosas - As disposições que
·§-~_Se_fõr incluída mais uma pessoa na substituição, o quinhãc vago excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites cela, prooorcionalmeJ;-
pertencerá, em partes iguais, aos substitutos. te às quotas dos herdeiros instituídos. até onde baste, c•, não bastando, também
Art. 892. Direitos e Obrigações dos Substitutos - Os substitutos suce- os legados, na proporção do seu valor.
dem nos direitos e obrigações dos substituídos quando 'lão fõr diversa a intenção Art. 902. Disposições que Previnem o Excesso - Se o testador, preve~
manifestada pelo testador, ou não forem aquêles direitos e obrigações de na- nindo o excesso. deliberar que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e le-
tureza puramente pessoal. gatários, a redução far-se-a nos outros quinhôes ou tegados, observando-se a
ord<-m estabelecida no artigo anterior.
Seção li - Da substituição fideicomissária Art. 903. Indivisibilidade dos Legados - Quando o legado sujeito a re-
ducão fõr de coisa indivisível e a importãncia da redução exceder de um
Art. 893. Quando se Configura - Há substituição fideicomissária quan- quinto do valor da coisa, ficará ela na herança, e o :egatário haverá o resto
do o testador impõe ao herdeiro, ou legatário, o encargo de conservar 1'1
em dinheiro. Na hipótese inversa. o legatário licará c-um a coisa, e pagará
herança, ou o legado. para que reverta, por sua morte, a certo tempo, uL sob aos herdeiros necessários. em dinheiro. o excesso.
certa condição, ao substituto nomeado.
Art. 894. Quando é Permitida - A substituicão fideicomissária só se CAPÍTULO X
permite em favor de descendentes do testador não· c>mcebidos ao tempo de
sua morte.
DA DESERDAÇÃO
§ 19 Se ao tempo da morte do testador os fideicomissários já existirem,
êstes adquirirão a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em
usufruto o direito do fiduciário. Art. 904. Motivos de Deserdação - O testador, com expressa declara-
. § 2• Estender-se-á a nua propriedade, na hipótese do parágrafo anterior, ção de causa. pode privar o herdeiro necessário de ~ua legítima, em todos os
aos filhos snpervenientes do usufrutuário. casos em que possa éste ser excluído da sucessão oor indignidade.
Art. 895. . Proibição além do S/~gundo Grau - T l!r-se-á por não escrita Art. 905. Prova da Veracidade do Motivo - Incumbe provar a vera-
a instituição do fideicomisso além do segundo grau. cidade da causa invocada pelo testador aquêle a quem aproveite a deserdação.
-108- -109-

Não provada a causa, ficarão sem efeito as disposições que prejudiquem a le- CAPÍTULO XIII
gítima do herdeiro que dela for privado.
Art. 906. Ação do Deserdado - O direito do deserdado a impugnar a DA EXECUÇÃO DO TESTAMENTO
deserdação deve ser exercido no prazo de um ano, contado do dia em que
fõr ordenada a execução do testamento. Art. 914. Nomeação de Testamenteiros - O testador pode nomear,
conjunta ou separ<~damente, uma ou mais pessoas que se encarreguem de fazer
cumprir o seu testamento, e, se não houver cônjuge ou herdeiros necessários.
CAPÍTULO XI
ccnceder aos testamenteiros a administração da herança.
DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO § 1• A nomeação de testamenteiro pode recair em herdeiro ou legatário,
se o testador não preferir estranho à herança.
Art. 907. R.evogabilidade do Testamento - O testador não pode renun-
§ 2• Se ao testamenteiro fõr confiada a administração da herança, incum-
ciar a faculdade de revogar, no todo ou em parte, o testamento.
be-lhe promover o inventário, e bem assim se tõda a herança estiver distribuída
Art. 908. Revogação Expressa - A re~oga~ão expressa de um testa- em legados.
mento só se pode fazer declarando-a o testador 'em 'outro testamento válido, ou Art. 915. Pluralidade de Testamenteiros - Sendo vários os testamen-
em escritura pública. teiros nomeados ,devem agir conjuntamente, salvo se o testador os nomeou su-
Parágrafo único. Se parcial a revogação, o testamento anterior subsiste cessivamente, ou dividiu entre ê!es as atribuições, ou se impuser a prática
em tudo que não fõr contrário ao posterior. urgente de algum ato conservatório.
Art. 909. Revogação tácita - A revogação tácita de um testamento § 1" Se dois ou mais testamenteiros forem nomeados sucessivamente,
verifica-se com a existência de testamento posterior que não contenha clfusu- cada um dêles só será chamado a aceitar o encargo na falta do anterior.
la revogatória expressa, mas o anterior subsiste em tudo que não fôr contrá- § 2• Se houver desacõrdo entre vários testamenteiros que devam agir
rio ao posterior. em conjunto, o juiz nomeará um dê!es para fazer cumprir o testamento.
§ 1• Se aparecerem dois testamentos da mesma data, sem que se possa Art. 916. Aceitação ou Recusa da Testamentaria - O nomeado ·pode
averiguar qual tenha sido o posterior haver-se-ão por não escritas as dispo- aceitar ou recusar a testamentaria.
sições contraditórias.
§ P A aceitação do encargo pode ser expressa ou tácita, mas não
§ 2• Haver-se-á como revogado d testamento cerrado que o testador abrir admite condição nem têrmo.
ou dilacerar, ou fõr aberto ou rlilacerado com o seu consent:mento. § 2• A recusa deve fazer-se por têrmo judicial.
Art. 910. Efeitos da Revogação - A revogação produzirá seus efeitos, § 3• Aceito o encargo, o testamenteiro só poderá escusar-se dêle em caso
ainda-- qu'ãii:aõ- o- testamento que a encerra seja por sua vez revogado, ou de dcença. ausência prolongada ou incompatibilidade .:om o exercido de alguma
caduque. função pública.
Parágrafo único. Não valerá a revogação se o testamento revogatório Art. 917. lntrasmissibi/idade da Testamentaria - O encargo da testa-
fõr anulado por omissão ou infração de solenidades essenciais, ou por defeitos mentaria não se transmite aos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável,
intrínsecos . mas pode .êle fazer-E.~ representa•, em juízo ou fora dêle, por procurador com
podêres especiais.
C'\pÍTULO XJT
Art. 918. Atribuições do Testamenteiro - Compete ao testamenteiro:
DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO I levar a registro o testamento, ou requerer que o detentor o leve;
II cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo
Art. 911. i:iuperveniêncir de Descendente - Rompe-se o testamento em testador;
têdas as suas disposições ~obrevindo descendente, !egítimo ou ilegítimo. ao III dar contas do que recebeu e despendeu, e responder por elas
testador que não o tenha ou não o conhecia, quando testou, se êsse descendente enquanto durar a execução do testamento;
lhe sobreviver. IV - propugnar a validade do testamento, com ou sem o concurso
Parágrafo único. O testamento "!ão se romperá E·~ nêle o testador houver do inventariante e dos herdeiros instituídos.
previsto a existência ou superveniência de descendentes. Art. 919. Prazo de Cumprimento do Testamento - Se o testador não
Art. 912. Ignorância de Herdeiros Necessários - Rompe-se o testa- -;:onceder prazo maior, o testaml'nteiro devera cumprir o testamento no lapso
mento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessár:os. de um ano, conta-lo do dia em que aceitar o encargo, sob pena de remoção.
Parágrafo único. '1\fão se aplicará a pena se o testamenteiro provar
Art. 913. Disposição da Legítima - O testamento não se rompe se
que não teve cu!pa no retardamento.
o testador dispuser da metade, não contemplando os herdeiros necessários de
cuja existência tenha conhecimento, ou deserdando-os, nessa parte, sem Art. 920. Gratificação do Testamenteiro - O encargo de testamenteiro
menção de ..:a usa !ega!. é remunerado, salvo se o testador dispuser em contrário.
-110- - 111

Parágrafo único. A retribuição do testamenteiro. que não poderá exceder § 2• O juiz mandará reservar. em poder do inventariante, bens suficientes
de três por cento, calcular-se-á sôbre a parte disponível e dela será deduzida. para a so!ução da dívida impugnada, quando esta constar de documento que
Art. 921. Despesas - As despesas feitas pelo testamenteiro no cum- seja prova bastante da nbrigacão e a impugnação não se fundar em prova de
primento do seu encargo serão levadas à conta da herança. pagamento. Nesse caso, o credor iniciará a ação de cobrança no prazo de
§ 1• Se o testamenteiro não prt>star contas no lapso de um ano. contado trinta dias, sob pena de tornar-se de nenhum efeito a providência indicada
neste artigo.
da aceitação do encargo, será removido.
§ 2• Se as despesas não se justificarem, o testamenteiro, além de ser Art. 928. Preferência dos Credores da Herança Os creáores da
removido, será obrigado a cobri-las, respondendo ainda pelos prejuízos a que herança gozam de preferência sôbre os credores pessoais dos herdeiros quanto
der causa. aos bens que a constituem.
Art. 922. Remoção do Testamenteiro - A requerimento de qualquer Parágrafo único. Podem êle·s extgtr, bem como os legatários, que, do
interessado, o testamenteiro será removido por decisão judicial se proceder patrimônio do falecido, se discrimine a divida do herdeiro, para exercer a
culposamente na execução da testamentaria, ou revelar manifesta incompetência preferência em concurso com os credores dês te.
para desempenhá-la.
Art. 929. Preferência dos Legatários - Têm a mesma preferência os
Art. 923. Execução do Testamento na Falfa de Testamenteiros - Na legatários, ~>alvo quanto aos credores do. autor da herança e aos credores
falta de testamenteiros, a execução do testamento incumbe ao inventariante, pelas despesas funerárias.
que ext>cutará o encargo sem direito a qua~quer retribuição.
Art. 930. Remição de Dívida Hipotecária ou Pignoratícia - Os her-
deiros do devedor .J.ão podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na
Título N propcrção de seus quinhões; qualquer dêles, porém, pode fazê-lo no todo.
Parágrafo único. O herdeiro que fizer a remição fica sub-rogado nos
DA DIVISAO DA HERANÇA direitos ·do credor.
CAPÍTULO I Art. 931. Herdeiro Devedor ao Espólio - Se o herdeiro fôr devedor
ao espólio, sua dívida será )Jartida igualmente entre todos. salvo, se a maioria
DA ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA ..:onsentir seja imputada inteiramPnte no quinhão do devedor.
Art. 932. Ação Regressiva - St>mpre. que houver ação regressiva de
Art. 924. Administração Provisória da Herança - Cabe a administração um contra outros herdeiros, a parte do co-herdeiro insolvente dividir-se-á, em
da herança até o compromisso do 'nventariante: proporção, ~ntre os demais.
-I-=-aQ cônjuge, se estava convivendo com o outro ao rempo da
abertura da sucessão; Art. 933. Despe~>as Que Saem do Monte - Haja, ou não, herdeiros
II - ao herdeiro maior que residia com o autor da sucessão. e, se necessários, sairão do mont~-mor da herança:
mais de um residia, ao mais velho; as despesas funerárias;
rn - aos demais herdeiros, na ordem da idade, conforme a vocação I! as despésas judiciais;
hereditária, se nenhum residia com o autor da sucessão;
IV - ao testamenteiro. III as despesas com o tratamento médico da doença de que faleceu
o finado.
Art. 925. l nventariante - A administração da herança passará a ser
exercida, .até à partilha, pdo inventariante, logo que firmado o compromisso. CAPÍTULO III

CAPÍTULO !I DA COLAÇÃO

DA LIQUIDAÇÃO DAS DíVIDAS Art 934. Herdeiros Sujeitos à Colação - Os descendent.:::s que con-
correrem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para o fim de
Art. 926. Separ3ção ;la Herança - A herança responde pelas dividas igualar as legitimas, a conferir as doações que dêle em vida receberam.
do finado e pelas despesas de administração, liquidação e partilha.
§ 1• Se ao tempo do falecimento do doador, os bens doados não mais
Art. 927. Separação de Bens Para Pagamento de Dívidas Feita a pertencerem ao donatário, trará êste à colação o seu valor.
partilha, cada co-herdeiro só responde na proporção da parte que na herança
lhe cabe.
§ 29 ovalor dos bens doados será, para efeito de colação, o que êles
tiverem à data da abertura da sucessão, deduzido o valor, a êsse tempo, das
§ 1• Antes da partilha, os co-herdeiros podem dt>liberar que o paga-
acessões e benfeitorias feitas pelo donatário.
mento seja efetuaào ::om bens que> separem para êsse f:m, obrigando ta) deli-
beração os credores e legatários, ressalvado o direito dêstes sôbre outros bens. Art. 935. Perda da, Coisa Doada - Não será objeto de colação a
se os que forem separados não bastarem ao pagamento integral. -coisa doada que pereceu em vida do doador por fato não imputável ao donatário.
-113-
-112-
Art. 947. ReStituição dos Bens Sonegados - Os bens sonegados serão
Art. 936. Dispensa de Co/ação - São dispensados da colação as doações r. stituidos, e se não m~is estiverem no poder do sonegador, pagará êlt> o seu
que não constituírem adiantamento de legítima, por expressa declaração do valor, mais as perdas e danos.
doador no testamento ou no próprio título da liberalidade.
Par;'igrafo único. As doações dispensadas de co! ação poderão sofrer
redução na medida em que excedam a parte disponível. CAPÍTULO V

Art. 937. Gastos do Ascendente Com o Descendente - Não virão à DA PARTILHA


colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto menor,
na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, Art. 948. Faculdade de Requerer a Partilha - O herdeiro pode requerer
enxoval e despesas de casamento, bem como as que fizer para defendê-lo em a partilha, ainda que o testador o proíba.
processo-crime. Parágrdo único. Igual faculdade têm os cessionários de quinhõts here-
Art. 938. Doações Rem~neratórias - Não estão sujeitos à colação as ditários e os credores do herdeiro.
doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente. Art. 949. Partilha Determinada Pelo Testador - O testador pode indicar
Art. 939. Frutos e Rendimentos Quem; é ç>brigado a trazer à colação os bens t. valores que dev2m constituir ou encher os quinhões hereditários, deli-
bens doados deve entregar seus frutos ou rendimentos produzidos ou vencidos berando êle próprio a partilha, que deve ser respeitada pelos ·herdeiros, salvo
desde o dia da abertura da sucessão. se o valor dos bens não .::orresponc!er às quotas estabelecidas.
Parágrafo ún;co. Se o testador dispuser sôbre bens comuns, a partilha
Art. 940. Colação de Bens Consumíveis ou Deterioráveis Se a colação
versar sõbre bens consumíveis, "1:1 deterioráveis, far-se-á pdo valor estimado ao não prevalecerá se o outro cônjt:ge se opuser.
tempo da abertura da sucessão. Art. 950. Partilha Amigável - Se todos os herdeiros forem capazes,
poderão fazer a partilha amigúvd, por instrumento público, têrmo nos autos
Art. 941. Caiação do Herdeiro Renunciante, ou Excluído - O que
d.~ iLventário, ou cs·.::rito particular homologado pelo juiz.
renunciou à herança, 0u dela fni exc!.uido, deve, não obstante, conferir a doação
recebida, para o fim de repor a parte inoficiosa. Art. 951. Partilha Judicial - A partilha será judicial se os herdeiros
Art. 942. Colação de Netos Os netos são o!Jrigados a trazer à colação divergirem, assim como se L!lgum dêles fôr inca:JaZ.
os bens ou valores que o avô lhes tiver doado quando já seriam chamados a P.-rágmfo único. Ao :ieliberar a partilha, o juiz determinará o quinhão
suceclê-!o por direito próprio. Serão taml:t:m obrigados a fazê-lo, se sucederem de c?da herdeiro ou legatário.
por dire:to de representação ·unda que não hajam herdado os bens ou valores Art. 952. Partilha Per Ato 'Entre Vivos - É válida a partilha feita
que os pais ter!am de conferir. pelo pai por ato entre vivos, contanto que não prejud:que a legitima de seus
herdeiros.
Ar"f:-9iT:· Colação de Doaçries Feitas por Ambos os Cônjuges - Confe-
rir-se-á, por metad.?, no inventário de cada qual. a doação feita por ambos § 1• Se os pais forem casados em comunhão de bens, só conjuntamente
os cônjuges. poderão fazê-la.
Art. 944. Colação em Substância ou em Valor ·- A colação faz-se pela § 2° Se na partilha não forem compree~didos todos os bens, serão êstes
restituição ao herdeiro dos bens que lhe foram doados. depois de avaliá-los, partilhados conforme a. lei.
salvo se ê1.e preferir que, em sua legítima, seja imputado o valor dos mesmos. Art. 953. Venda Judicial de Bens da Herança - Os bens não SL~cetiveis
de divisão cômoda, e que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente, ou
CAPÍTU:.O IV no quinhão àe t:m só herdeiro, serão vendidos judicia~.mente, partilhando-se o
preço.
DOS SONEGADOS § 1• Não se fará a venda judicial:
Art. 945. Pena Cominadc ao Sonegador Perderá o direito sõbre os I - se os interessados preferirem mantê:-los em condomínio;
bens que lhe caberiam o herdeiro: II - se qualquer herdeiro, ou o cônjuge sobrevivente, ·os adjudicarem,
I - que 1ão os C.escrever no inventár:o, quando estejam no seu poder, repondo, em dinheiro, a diferença.
ou, com ciPncia sua, no de outrem; § 2• Se mais de um herdeiro requerer a adjudicação, sem que seja pos-
li - que os omitir na colação a que os deva levar; sível acôrdo entre êles, observar-se-á o processo da licitaç•o.
III - que deixar de restitui-los
Art. 954. Frutos, Despesas e Danos - Os que estiverem na posse ou
Art. 946. Imposição da Pena - A pena do sonegador será imposta administração de bens da herança_ são obrigados a trazer ao acervo os frutos
por sentença judiei a! profcrirla na ação movida pelo interessado. percebidos desde a abertura ia sucessão, tendo direito ao reembôlso das des-
Parágrafo único. A - ~ão não poderá ser proposta contra o herdeiro pesa" necessárias que fizeram, mas respondem pelos danos a que, por dolo ou
antes que êste declarf', no processo de inventário, que não possui os bens de culpa, deram causa.
cuja sonegação é :1cusado.
- 114 -115-

Art. 955. Formação dos Quinhões - Na partilha deve-se observar a DISPCSIÇõES FINAIS
maior igualdade possível. seja quanto ao valor, seja quanto à natureza e
qua!Jdade dos bens, prevenindo-se litígios futuros L atendendo-se ainda à maior Art. 963. Prescrevem em cinco anos as ações para as quais não foi
comodidade dos co-herdeiros. previsto o prazo em que devem ser propostas.
Parágrafo único. A desigualdade em bens nos quinhões hereditários se
compensa com o valor equivalente em dinheiro. Art. 964. Podem ser exercidos a todo tempo os direitos para os quais
não foi fixado prazo de caducidade.
An. 956. Sobrepartilha - Serão reservados para sobrepartilha:
I - os bens situados (m luqar remoto da sede do juízo onde se pro-
cessar o inventário;
li - os bens litigiosos;
III - os bens de liquidação difícil.
§ 1• Tais bens ficarão sob a guarda do mesmo inventariante, ou de
outro, conforme deliberar a maioria dos herdeiros.
§ 2• Os bens sonegados e os que se \iesc;obrirem depois da partilha
ficarão também sujeitos à sobrepartilha.

CApÍTULO VI

DOS EFEITOS DA PARTILHA E GARANTIA DOS


QUINHõES HEREDIT ARIOS

Art. 957. Direito do Herdeiro ;:;,ôbre Seu Quinhão - Julgada a partilha,


o direito d~ cada um dos herdeiros fica circunscrito aos bens de seu quinhão.
Art. 958. Garantia Entre Co-Herdeiros - Os co-herdeiros são recipro-
camente obrigados a indenizar-se no caso de evicção dos bens aquinhoados.
§ 1• C.essa a garantia se foi excluída expressamente no ato da partilha
ou se o herdeiro sofrer a evicção por sua culpa.
§ 2' O co-herdeiro que fõr evicto, será indenizado pelos outros na pro•
porçãodesei.is ~~quinhões, ca1.culado o valor do bem no momento da evicção.
§ 3• Se algum dos co-herdeiros se achar insolvente, responderão os de-
mais pela sua parte, na mesma proporção.

CAPÍTULO VII

DA ANULAÇÃO E NULIDADE DA PARTILHA

Art. 959. Anulação da Partilha - A partilha pode ser anu!ada quando


viciada por dolo, coação ou êrro essencial.
Parágrafo 1ínico. Prescreve em um ano a ação para anular a partilha,
contado do dia em que foi descoberto o dolo ou o êrro, ou do dia em que cessar
a coação.
kt. 960. Partilha Nula - :é nula a partilha:
I se feita com preterição das formalidades legais;
li - se, sendo amigável, existir herdeiro incapaz.
Art. 961. Preterição de Herdeiro - A preterição de herdeiro ou a
inclusão de quem o não seja, torna a partilha nula.
Art. 962·. Inexatidão d. Partilha - Se houver inexatidão material na
partilha, será l:Orrigida, a qualquer tempo, pelo juiz, a requerimento do inte-
ressado.

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